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Figuras de linguagem PAS I - Literatura Figuras de sintaxe/construção • Elipse: omissão que pode ser deduzida pelo contexto. ▫ No céu, dois fiapos de nuvem. (há/existem) • Zeugma: omissão de termos já citados. ▫ Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (entendemos) ▫ Temos visões diferentes. Você, romântica. Eu, realista. (visão) Interferem na construção e organização sintática do enunciado. • Pleonasmo: repetição de um termo ou ideia óbvia. Reforça a expressão. ▫ Resta-me a mim somente a solução. ▫ Assim, é possível ver com os olhos. ▫ Ele desceu escada abaixo! (pleonasmo vicioso) • Polissíndeto: repetição da mesma conjunção (síndeto), normalmente “e”. Nessa situação, a repetição contínua do “e” (conjunção aditiva) permite o uso de vírgulas. ▫ Ela corre, e anda, e fala, e joga, e treme, e canta. ▫ e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? (Carlos Drummond de Andrade) • Assíndeto: ausência, omissão da conjunção. ▫ Subira à janela, sondava os arredores, gritava a plenos pulmões. ▫ Repensou seus conceitos, largou seus vícios, encontrou um novo amor, reconstruiu sua vida. • Anáfora: repetição da mesma palavra ou expressão no início de frases ou versos. ▫ Era a mais cruel das cenas. Era a mais cruel das situações. Era a mais cruel das missões...“ • Repetição: repetição da mesma palavra ou expressão ao longo do texto ou do poema (início = anáfora). O que será, que será? Que vive nas ideias desses amantes Que cantam os poetas mais delirantes Que juram os profetas embriagados Que está na romaria dos mutilados Que está na fantasia dos infelizes Que está no dia a dia das meretrizes No plano dos bandidos dos desvalidos Em todos os sentidos... Será, que será? O que não tem decência nem nunca terá O que não tem censura nem nunca terá O que não faz sentido... O que será (À flor da Terra) – Chico Buarque A n á fo r a Repetição Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse… Mas você não morre, você é duro, José! José – Carlos Drummond de Andrade (trechos) A n á fo r a E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio – e agora? Seu/sua -> pronome possessivo (não é conjunção) Conjunção, mas a repetição é de toda a expressão “se você”, não apenas da conjunção (síndeto). Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã (Álvares de Azevedo) A n á fo r a Que sol! que céu azul! que dove n'alva Acorda a natureza mais loucã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã! • Hipérbato: inversão da ordem normal de termos ou orações. ▫ “... que arcanjo teus sonhos veio Velar, maternos, um dia?” (Fernando Pessoa) ▫ “Que arcanjo veio velar teus sonhos maternos um dia?” • Anástrofe: inversão entre determinante e determinado (inversão de regência). ▫ Vingai a pátria ou valentes Da pátria tombai no chão! (Fagundes Varela) ▫ “Tombai no chão da pátria”. Determinante Determinado S-V-C Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Hino Nacional do Brasil (Letra: Joaquim Osório Duque Estrada ) • Anacoluto: quebra, interrupção sintática da oração, interferindo em sua ordem lógica. ▫ Vós que ateaste a guerra, o sangue derramado cairá sobre vossas cabeças. ▫ O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto. (Carlos Drummond de Andrade) ▫ Aquele homem, você não sabe como me dói pensar assim. ▫ Esses alunos, não podemos duvidar deles. ▫ A compreensão de tudo, eu gostaria de entender como chegamos ao mundo. • Silepse: concordância ideológica. ▫ de Gênero (feminino/masculino): Santos é muito poluída. (cidade = feminino, Santos = masculino) Vossa majestade é muito generoso. (pronome de tratamento sempre no feminino) ▫ de Número (singular/plural): O povo pediu para que o governante cedesse, por isso saíram em uma passeata. (povo = singular) ▫ de Pessoa (1ª, 2ª, 3ª): Todos os brasileiros somos assim, distraídos. As pessoas, em todos os tempos, entendemos o significado do ciúme, mas o amor ainda é um mistério. • Aliteração: repetição de sons consonantais. ▫ O vento veio e virou a voz da verdade. ▫ Acho que a chuva ajuda a gente a se ver. • Assonância: repetição de sons vocálicos. ▫ Amar abre a alma, alcança o ar, amassa o mar. • Onomatopeia: reprodução dos sons na escrita. ▫ Toc toc. Quem é? ▫ O tique taque do relógio irritava-o. ▫ A bomba veio e boom, tudo foi pelos ares. Figuras de som > Fonéticas Figuras de pensamento • Antítese: oposição evidenciada de palavras ou ideias, também pela sua proximidade. ▫ Depois da luz, segue-se a noite escura Em tristes sombras morre a formosura. • Paradoxo: oposição de ideias em um só pensamento, quase uma contradição. ▫ O amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente. ▫ Nasce o sol, e não dura mais que o dia. Realçam e recriam significados • Hipérbole: exagero. ▫ Ela chorou um rio de lágrimas. ▫ Pode parecer perto, mas acho que a cidade fica a um zilhão de quilômetros daqui! ▫ Estou morrendo de fome • Eufemismo: suavização, abrandamento. ▫ Ele bateu as botas, vestiu o terno de madeira. ▫ Vou pendurar as chuteiras, assim não dá mais! • Ironia: sugerir o contrário do que foi colocado, como forma de sarcasmo ou sátira. ▫ Você não acertou nenhuma questão, como é inteligente! ▫ Meu filho, pare de fazer arte pela casa! A tinta não sai das paredes. • Gradação: dispõe ideias em ordem crescente ou decrescente. ▫ Ide, correi, voai, que por vós chama o rei, a pátria, o mundo, a glória. ▫ Não já lutando, mas rendido, enfermo, desfalecido, morrendo, morto. • Apóstrofe: interrupção da frase para invocar algo ou alguém. ▫ Eu queria, meu deus, entender esse rapaz. ▫ Rogo por ti, ó Liberdade, rogo por nós. • Prosopopeia: atribuir características de seres animados a inanimados e vice-versa. Personificação: atribuição de características humanas a seres não humanos. ▫ As árvores são imbecis: despem-se justamente quando chega o inverno. ▫ Juliano rugiu de furioso. Figuras de palavra • Metáfora: comparação implícita. ▫ Murcharam-lhe os entusiasmos da mocidade. ▫ Meu irmão é mesmo uma anta, não entende! • Comparação: comparação explícita. ▫ Sua boca é como um pássaro vermelho. ▫ Ela me beija a boca, assim como as abelhas bebem das flores. • Catacrese: emprego impróprio de uma expressão. ▫ Sentei-me sobre o pé da mesa. ▫ Embarquei no avião às 9h. ▫ Enterrar a agulha no dedo deve ser dolorido! Substituição de uma palavra por outra, dentro do mesmo sentido ou tentando atribuir-lhe um que seja semelhante. • Metonímia: substituição de um termo por outro, desde que entre eles exista alguma relação de significado ou dependência. ▫ O autor pela obra: Adoro ler Nicholas Sparks. ▫ A causa pelo efeito: Esta casa é fruto do meu suor. ▫ Continente pelo conteúdo: Tomei uma lata de refri. ▫ Instrumento pela pessoa: Ele é bom de garfo. ▫ A parte pelo todo: O bonde andava cheio de pernas. • Antonomásia/Perífrase: substituição de um nome por outro, geralmente aquilo pelo que ficou conhecido ▫ A cidade maravilhosa está magnífica hoje! (Rio de Janeiro) ▫ O poeta dos escravos foi de grande importância para nossa literatura. (Castro Alves)
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