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Governador Vice Governador Secretária da Educação Secretário Adjunto Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Cid Ferreira Gomes Domingos Gomes de Aguiar Filho Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Andréa Araújo Rocha FRUTICULTURA SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA .................. 01 CAPÍTULO 2 - PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS ................................ 12 CAPÍTULO 3 – MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO .................................................. 29 CAPÍTULO 4 - PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS ................................................. 42 CAPÍTULO 5 - PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS EM FRUTICULTURA........... 48 CAPÍTULO 6 – COLHEITA, PÓS-COLHEITA E ARMAZENAMENTO.................. 108 CAPÍTULO 7 – PERDAS PÓS-COLHEITA DE FRUTAS............................................ 119 CAPÍTULO 8 – MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS......................... 124 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 136 1 CAPÍTULO 1 - IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA A cadeia da fruticultura está emergindo e sendo chamada no resto do mundo – e também no Brasil – como a “indústria das frutas” e não mais “fruticultura”. Por quê? Se hoje visitarmos um pecking house (as instalações onde são beneficiadas, por exemplo, as maçãs no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), verificaremos que são instalações que já superaram a era da mecanização, e encontram-se na era da robotização. Irei restringir a minha palestra à produção de frutas in natura devido ao tempo escasso mas, por analogia, o que for abordado sobre as frutas frescas, refere-se também às frutas secas, como as castanhas, além das polpas de frutas e os sucos. O Brasil é hoje um dos três maiores produtores de frutas no mundo. Só perde para a China e para a Índia. A produção brasileira superou 35 milhões de toneladas em 2005, o que representa 5% da produção mundial. A fruticultura emprega hoje 5,6 milhões de trabalhadores, ou seja, 27% da mão- de-obra agrícola. Para cada US$ 10 mil investidos, geram-se três empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. A agricultura de exportação necessita de recursos humanos qualificados e com conhecimento específico, em outras palavras, oferece bons empregos. A fruticultura está fundamentada em pequenas e médias propriedades e este aspecto é extremamente importante para um país em desenvolvimento, onde se busca o crescimento do setor rural, o aumento de renda e a fixação do homem à terra. Hoje um produtor, produzindo frutas adequadas, na hora certa e de forma correta, tem uma rentabilidade financeira suficiente não apenas para a sua sobrevivência, mas também para a sua evolução socioeconômica e de sua família. Para se ter uma ideia, um produtor de uvas sem sementes hoje, no Vale do São Francisco, pode conseguir com a sua produção, em um hectare, renda bruta anual de US$ 20 mil. A fruticultura está em constante evolução, sendo que a base agrícola deste setor já ultrapassou os 2,3 milhões de hectares, gerando oportunidades de 2 a 5 postos de trabalho na cadeia produtiva por hectare cultivado. O Quadro 1 apresenta a produção de frutas no Brasil. Através dele, é possível se verificar que a produção de citros mais a de banana, representam 77% da produção total de frutas brasileiras. O país tem muito o que caminhar ainda. 2 Fonte: Fernandes in 8º Congresso de Agribusiness Apesar de serem produzidas frutas em todo o Brasil, frutas de clima temperado, de clima sub tropical, frutas tropicais, de clima equatorial úmido, o grande consumo deste produto ocorre na Região Sudeste brasileira que absorve 48,3% das frutas produzidas no país. O estado de São Paulo consome os 25,53% da produção (Ilustração 1). Este fenômeno é devido a dois fatores: o primeiro, é claro, pelo alto poder aquisitivo, mas o outro motivo é extremamente importante: a fruticultura gera frutas, frutas são alimentos e alimentos são consumidos proporcionalmente ao número de pessoas. Consequentemente, há uma distribuição de consumo bastante concentrada nesses grandes centros urbanos. Este aspecto é relevante para que haja competitividade quando as frutas são produzidas longe desses centros de consumo. É preciso que se cuide da logística para que se chegue aos mercados do Sudeste de forma competitiva. 3 O Gráfico 1 apresenta a curva de evolução da exportação brasileira de frutas frescas entre 1998 e 2000. Verifica-se que o Brasil chegou em 2005 com mais de 800 mil toneladas, equivalendo a US$ 440 milhões. E as perspectivas são de que, nos próximos seis anos, o país atinja o patamar de 1 bilhão e 300 mil toneladas e ultrapasse o patamar de US$ 1 bilhão, somente em frutas frescas. 4 Com relação às exportações, o Gráfico 2 mostra que o Brasil exporta hoje para 55 países. Porém, gostaria de indagar: perante esse gráfico, qual é o país que mais consome frutas frescas? É o Brasil? Colocamos esse gráfico para mostrar algumas armadilhas da estatística e esta é uma delas. Realmente o maior mercado brasileiro hoje é a Comunidade Europeia e a maior parte dos países que funcionam como entrada para as frutas nacionais são dois: Inglaterra e Holanda. Porém, o maior consumidor de frutas brasileiras e o qual temos mantido com muito carinho, é o alemão. Porque a maior parte das importações alemãs são feitas indiretamente. Este é um viés que estamos procurando modificar, porque se conseguirmos deixar essa intermediação por nossa conta, iremos, além de uma melhor rentabilidade, termos um maior controle sobre odestino das nossas frutas. Hoje é possível se encontrar melão na Rússia, cujo produtor, o Rio Grande do Norte, nem imagina que seu produto esteja sendo vendido lá. É necessário que passemos a controlar o destino e a forma como os produtos nacionais são comercializados, pois precisamos valorizá-los. O alvo brasileiro para os próximos anos não é nenhum desses países do Gráfico 2. Dentro dos próximos seis a oito anos, o futuro grande mercado para as frutas brasileiras é o constituído pelos países árabes, os países do Leste Europeu, os do Sudoeste Asiático, mais a China. 5 O Quadro 2 lista as estrelas das exportações brasileiras. Verificarmos que, por esta tabela, em termos de faturamento, a grande estrela brasileira é a uva de mesa também seguida pelo melão. Mas, com relação ao volume exportado, a banana é a vedete, seguida também pelo melão. Estamos vivenciando uma nova estratégia da fruticultura de exportação, ou seja, a substituição de frutas de menor valor agregado pelas de maior valor agregado, o que permite que seja alcançado maior faturamento com menor volume de produção. Para se ter uma ideia, a uva sem semente produzida hoje no Vale do São Francisco, está valendo na cotação de ontem em Rotterdam, cerca de US$ 3.200 a tonelada o que não é nada ruim. O crescimento da fruticultura nacional Alguns indicadores dos gráficos anteriores mostravam o crescimento médio anual da fruticultura desde 1998 a patamares de 32%, em volume exportado, e 42% em valor. Se olharmos a avaliação de 2005 a 2004, verificaremos que esse crescimento não foi brilhante, mas isso não deve nos preocupar, porque a fruticultura, como qualquer outra atividade agrária, é um negócio de risco. E, normalmente, a maior parte das frutas provêm de plantios perenes e tem ocorrido, durante estes últimos dois/três anos, problemas bastante sérios de adversidades climáticas. Há três anos a maçã não consegue alcançar seu potencial de produção no Rio Grandedo Sul por causa de secas, e agora por conta do granizo. O Vale do São Francisco inundou onde não chovia. Aconteceram problemas com a uva relacionados a chuvas fora do tempo. A consequência é que foram 6 obtidos, em 2005, menos 3% em volume (827,7 mil toneladas), em comparação com o ano de 2004. Porém, houve um aumento de 19,5% em valor (US$ 440,1 milhões) que é justamente o diferencial de valor agregado que estamos considerando. O saldo da Balança Comercial de Frutas Frescas é crescente (US$ 315 milhões em 2005). É evidente que a valorização do Real está desfavorecendo a fruticultura de exportação como qualquer outro setor. Mas a fruticultura brasileira está começando a mudar seu posicionamento negocial com uma nova filosofia de que não devemos mais nos abater contra as adversidades, mas sim tentar contorná-las. Realmente, é com ações pró-ativas e procurando-se conhecer melhor os mercados externos, suas atitudes e costumes e também sabendo como negociar com cada um dos povos, inclusive com o nosso – que precisa ser negociado para consumir mais frutas –, que teremos dias melhores. O Gráfico 3 apresenta as perspectivas do comércio exterior até 2008. Verifica- se, pela cor mais escura, o crescimento médio anual do mercado internacional de frutas como a maçã, o papaia, o melão, a manga, etc. E na cor mais clara, o crescimento médio anual esperado para as exportações das frutas brasileiras. Constata-se que há perspectivas de crescermos – ou de aumentarmos as nossas exportações – acima do crescimento médio do comércio internacional. Isto significa que estamos ganhando share de mercado e não exportando mais porque existe um mercado crescente, o que não é verdade. O mercado europeu, por exemplo, já há alguns anos, está saturado em termos de consumo per capita de frutas e a única forma de conseguirmos nele entrar é com a diferenciação, exportando para lá frutas diferentes, frutas brasileiras e tropicais. A nossa estrela deverá continuar sendo a uva. Neste ano de 2006, já mais da metade dos parreirais de uva de mesa para a exportação do Vale do São Francisco são de variedades sem sementes. O produtor brasileiro está reagindo rapidamente às demandas do mercado internacional. Hoje os melões – que inclusive estão disponíveis nos supermercados brasileiros – são tão diferenciados que é até difícil reconhecê-los. Conhecíamos o velho melão valenciano amarelo, e hoje o Brasil está exportando melões nobres de todas as variedades demandadas e apreciadas no mercado internacional. 7 Peculiaridades do comércio exterior da fruticultura Vamos agora entender um pouco o comércio exterior, que é muito falado, mas que para a fruticultura existem uma série de peculiaridades que merecem ser tratadas e discutidas. Como indicador referencial, a produção mundial de frutas hoje é de aproximadamente 633 milhões de toneladas (em 2005). Qual é o destino dessa produção? Cerca de 91,5% permanece nos mercados domésticos, ou seja, a maior parte da produção de frutas são consumidas nos países onde são produzidas. O mercado internacional de frutas representa apenas de 8,5% a 9% da produção. Nos mercados externos, 30% vão para a industrialização e 70% para o mercado in natura. No Brasil, se for feita essa análise, ela não baterá muito bem, porque grande parte de nossa produção de laranja vai para produção de suco. Mas, se desconsiderarmos este case, verificaremos que a regra também se aplica ao nosso país. Portanto, o comércio internacional apresenta um volume de 53,7 milhões de toneladas, e o valor é de aproximadamente US$ 31,5 bilhões. As características estruturais são interessantes para a fruticultura (Gráfico 4). Dentro do comércio internacional existem dois tipos de mercados: os de proximidade, que hoje equivalem a 24,8 milhões de toneladas; e os mercados de longa distância, que representam 28,9 milhões de toneladas. Infelizmente, o Brasil não tem muitos mercados de proximidade. Os nossos mercados de proximidade se resumiriam aos nossos vizinhos territoriais, que não compram muito os nossos produtos. Assim, os grandes mercados de proximidade são entre os países compradores do Hemisfério Norte, do Canadá para os 8 Estados Unidos; dos Estados Unidos para o Canadá; da Alemanha para a França; da França para a Espanha; e, consequentemente, se fecham as nossas perspectivas de entrada. O que nos resta? Os mercados de longa distância, que se subdividem em apenas um mercado, o de banana. Só a banana representa 29,6% da comercialização mundial de frutas, o que explica a famosa “guerra das bananas”, para a conquista desse mercado, que não é nada desprezível. As frutas exóticas e tropicais representam somente 8,4%. Assim, temos que nos concentrar nos mercados de contra-estação, que representam 15,8%. Que mercados são esses? Na Europa, quando começa a esfriar, não há mais disponibilidade de frutas, sendo necessário importá-las, se a população quiser continuar comendo frutas. Por exemplo, a Espanha hoje é o maior produtor do mundo de melões mas, paradoxalmente, é o nosso maior importador do produto na Europa, justamente nos meses mais frios, ou seja, em novembro, dezembro e uma parte de janeiro. As uvas que estamos exportando, além de uma série de outras frutas, como a maçã são produtos de contra-estação. Salvo a manga, as nossas estrelas de exportação têm como estratégia buscar esse mercado de contra-estação. Por quê? Porque são produtos normalmente já conhecidos naqueles mercados, como a uva e a maçã não sendo necessário se investir em marketing, em promoção de forma substancial para que as pessoas se acostumem com essas frutas. Isso já não acontece com as frutas tropicais, apesar de termos um mercado de 8,4%, e sermos hoje o terceiro exportador mundial de manga e o primeiro de mamão papaia. O Brasil tem 70% do mercado europeu em suas mãos, mas ele consome pouco e precisamos ensiná-los a consumir melhor. Para isso, precisamos aperfeiçoar nossos sistemas de promoção e nossas estratégias de divulgação das frutas brasileiras. 9 Oportunidades O Brasil tem um grande potencial de crescimento no setor da fruticultura com o aumento, por exemplo, do cultivo de melões nobres (outras variedades); de frutas orgânicas – se há um país que poderá realmente abastecer, não só o Brasil, como todo o mundo, com frutas orgânicas, esse país chama-se Brasil, não tenham dúvidas sobre isso. Outro fator de indução desse crescimento será o aumento do cultivo de uvas sem sementes, que hoje predominam no mercado americano; com as uvas sem sementes voltamos também a comercializar e a vender frutas para os Estados Unidos. Há também a possibilidade de habilitação de mais packing houses para mangas, ou seja, sistemas de manipulação de frutas para mangas. Não sei se todos sabem mas, para vendermos para o Japão, para os Estados Unidos, os exportadores de manga têm que fazer um tratamento quarentenário que pressupõe colocar a manga em temperatura de 58ºC durante tantos minutos. Então, por favor, não comam manga nos Estados Unidos ou no Japão porque elas já estão meio cozidas. Mas é o único jeito de se vender. Precisamos mudar este tipo de mentalidade através de negociações internacionais, porque não vamos matar nenhuma criancinha vendendo manga tirada do pé. Mais uma oportunidade de crescimento do setor é a expansão do cultivo de banana no Rio Grande do Norte e no Ceará, com qualidade e logisticamente mais competitiva. Os grandes produtores de banana estão vindo para o Brasil, aliás, já estão aqui e os 10 estados para exportarmos para a União Européia chamam-se Rio Grande do Norte e Ceará. Por quê? Os custos de produção são menores e, consequentemente, logisticamente estão mais perto da Europa, que recentemente abriu um mercado para a banana e todos agora deverão concorrer em igualdade de condições, desde que paguem E$ 176 por tonelada. Mascomo são todos, creio que teremos vantagens. Outro fator é o aumento das áreas certificadas de mamão no Nordeste, que vão nos permitir entrar nos Estados Unidos que são, sem sombra de dúvidas, o maior mercado de papaia. Outras frutas, a médio prazo, poderão entrar nos Estados Unidos como o limão, as laranjas e as tangerinas. Obviamente, o Brasil pode aumentar a produção de frutas o quanto quiser. Existem também oportunidades em novos mercados, como, por exemplo, o Leste Europeu, países árabes, Sudeste Asiático e China. A potencialidade de aumento de competitividade internacional é real, mas temos muito a melhorar em termos de custos e podemos melhorar nossa competitividade mais ainda. Para se ter uma ideia, se considerarmos o custo “SIF” da uva sem semente colocada no mercado de Rotterdam, com os economistas fazendo detalhamento da planilha de custos, verificar-se que 80% dos custos provêm do custo de produção e de embalagem, ou seja, se me derem o transporte de graça, ótimo, porque o meu problema está com a produção e com as embalagens. Barreiras e dificuldades Não são poucas as barreiras que dificultam a expansão da competitividade da fruticultura brasileira. Os custos de produção altos e pouca tradição no mercado internacional estão entre elas. Normas e exigências diferentes são mais outras barreiras. As diversidades de exigências são realmente significativas, não só as advindas das legislações agro-alimentares, como agora, mais modernamente, as dos compradores e consumidores. Quem pretende exportar para determinada rede de supermercados precisa cumprir os requisitos exigidos. Outra barreira enfrentada pela fruticultura é a baixa capacitação dos pequenos produtores, apesar de o setor estar fundamentado em pequenas propriedades, há muito o que se fazer para transformá-los de produtores em empresários, porém é um trabalho gigantesco. Mais uma dificuldade é a ausência de sistemas de organização competitivos para a comercialização. Este é realmente o nosso grande “calcanhar de Aquiles”: sabemos produzir, sabemos beneficiar, mas, na hora de comercializar, somos extremamente 11 individualistas e não temos a mínima capacidade de organização. Precisamos melhorar porque, de repente, alguém liga informando que chegaram dez contêineres juntos, ou dez navios com contêineres de manga em Rotterdam, por exemplo, e ninguém soube. E o que acontece na prática? Exatamente o que os intermediários querem: o preço vai lá para baixo e os produtores vão receber talvez até menos do que o custo de produção que eles tiveram. O conhecimento insuficiente dos mercados e nichos é outra barreira bastante importante e hoje é fundamental este conhecimento. Os nichos estão muito relacionados com produtos diferenciados. Atualmente, para se ganhar mercados, existem três alternativas no setor de fruticultura: produzir mais barato, o que não é muito fácil; produzir com a mesma, ou com uma melhor qualidade que os demais, que também é complicado; e, a terceira, competirmos com produtos diferenciados e é exatamente por este caminho que iremos atingir nichos em outros segmentos. Continuando a relacionar as dificuldades, é preciso haver uma análise empresarial para a competitividade, além do aumento da concentração dos agronegócios no mercado interno e externo. É uma realidade a fusão das grandes empresas, é um fato com o qual temos que começar a conviver e traçar estratégias porque veio para ficar. E, finalmente, a existência de barreiras fitossanitárias e também o baixo consumo de frutas comercializadas no Brasil. É preciso se consumir mais frutas. Finalizando, se eu perguntar a cada pessoa se considera as frutas um alimento, creio que unanimamente a resposta será afirmativa. Porém, na prática não é o que acontece. O brasileiro considera a fruta não como um alimento principal, mas sim como um complemento. Se o Joãozinho passar na fruteira e pegar uma maçã antes do almoço, provavelmente, sua mãe irá dizer: “coloque esta fruta aí na fruteira porque, senão, você não almoça, Joãozinho”. E depois ele vai comer uma feijoada ou uma rabada, coisa leve! Então, para nós brasileiros as frutas ainda são um complemento alimentar. Existem muitos fatores que dificultam, falácias, preconceitos, como, por exemplo, “não se pode dar abacaxi para crianças porque dá aftas”. Alguém já viu frutas tropicais na fruteira de uma mãe que acabou de ter neném? Não, apenas algumas frutas mais conhecidas tradicionalmente. Eu mesmo venho de um berço onde meus avós sempre me ensinaram que “chupar laranja de manhã é ouro, à tarde é prata, e à noite mata”. 12 CAPÍTULO 2 – PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS Para se perpetuarem, as espécies se multiplicam. Os vegetais superiores multiplicam-se naturalmente por duas vias: pelo ciclo sexuado e assexuado. No ciclo sexuado, também denominado de ciclo reprodutivo a multiplicação ocorre pela união do gameta masculino (grãos de pólen) com o gameta feminino (oosfera) gerando um embrião que está presente nas sementes. Nesse processo há recombinação genética, ocorrendo variabilidade no genoma. Por essa razão, a nova planta que se origina da germinação da semente é denominada indivíduo, pois será geneticamente diferente da planta matriz. Pelo ciclo assexuado também denominado vegetativo, a nova planta gerada é oriunda de estruturas vegetativas (propágulos) como brotos, e nesse caso não ocorre recombinação genética, ou seja, elas possuem a mesma carga genética da planta matriz. Essas novas plantas são denominadas clones, que são cópias perfeitas, ou seja, geneticamente iguais à planta que lhe deu origem. Em fruticultura, que é uma atividade com enorme potencial de crescimento, o Brasil encontra-se em posição privilegiada em decorrência da extensão territorial, posição geográfica e condições de clima e solos, que permite a produção de uma grande diversidade de frutas, em diferentes regiões, o ano inteiro. Nesse aspecto, a produção de mudas ou a multiplicação de plantas controlada pelo homem representa um dos requisitos de maior importância para o sucesso econômico da implantação de um pomar. Como a maioria das espécies frutíferas são plantas perenes, que produzem por um longo período, é de suma importância que as mudas sejam de qualidade, pois terão influência direta na produtividade e rentabilidade do empreendimento agrícola. Diversas técnicas são utilizadas na produção de mudas de árvores frutíferas. O desenvolvimento dessas técnicas permite que as mudas sejam obtidas com as mesmas características da planta que se deseja multiplicar, o que garante a uniformidade das mesmas em campo. Como cada espécie apresenta uma particularidade, é necessário conhecer suas formas de propagação e, assim, utilizar o melhor método para formação das mudas. A produção de mudas de árvores frutíferas pode ser realizada pelo uso de sementes, cujas plantas originárias não serão idênticas. É bastante utilizada na produção de porta- enxertos de algumas espécies, em árvores silvestres que ainda não possuem cultivares 13 melhoradas e em algumas fruteiras que apresentam vantagens na produção de mudas como maracujazeiro, mamoeiro e coqueiro. Porém, os métodos mais adequados para se produzir mudas de plantas frutíferas são os propagativos, pois eles garantem à nova planta as características desejáveis da planta matriz. Razões do uso da propagação A propagação deve ser utilizada para: • Manter as características da variedade que se deseja propagar, como produção e qualidade dos frutos e homogeneidade entre as plantas; • Multiplicar em larga escala uma única planta, selecionada como planta matriz; • Combinar duas espécies para formar uma só planta, pelo uso do método de enxertia; • Produção precoce de frutos por evitar a fase juvenil da planta, devendo-se selecionar propágulos de plantas adultas; • Produção de mudas de espéciesem que a propagação é o único meio de multiplicação. Como exemplo, temos a bananeira, cujo método de propagação é por meio de rizomas. Outras espécies como a lima ácida tahiti, laranja-de-umbigo e figueira também dependem de alguma técnica de propagação, pois as sementes que produzem não são viáveis; • Multiplicar espécies em que a propagação é mais fácil, rápida e econômica. Métodos de propagação Os principais métodos de propagação, que proporcionam a clonagem de plantas com características desejáveis são: estaquia, alporquia, mergulhia, enxertia e estruturas especializadas. O que vai definir a escolha de um ou outro método será a adaptação e facilidade de formação de mudas em cada espécie. Um dos principais fatores para o sucesso na produção de mudas, por meio da propagação, é a escolha da planta matriz que deve ser representativa da variedade, ter boa sanidade, ou seja, sem pragas e doenças, ser produtiva e esteja sendo conduzida com todos os tratos culturais recomendados para a cultura, principalmente adubação e irrigação. A seleção adequada do material vegetativo que será retirado da planta matriz, o substrato, a disponibilidade de água e as condições apropriadas de luz, aeração, temperatura e umidade são elementos fundamentais para o sucesso de qualquer método de propagação que se deseja utilizar. Estaquia 14 A estaquia é um método de propagação simples que consiste na retirada e utilização de partes da planta matriz que deseja-se propagar. Esse método consiste na capacidade de regeneração dos tecidos da estaca e emissão de raízes adventícias e brotações. Pode ser utilizada na produção direta de mudas ou para a produção de porta- enxertos. As estacas, ou seja, partes da planta podem ser obtidas de órgãos aéreos ou subterrâneos, tais como, folhas, ramos e raízes. Tipos de Estacas A preferência por um ou outro tipo de estaca irá depender da espécie, da facilidade de enraizamento e da infraestrutura do local. Em fruticultura, as estacas de ramos com pelo menos uma gema, são as mais utilizadas, pois precisam apenas formar novas raízes adventícias visto que já possuem um ramo em potencial, a gema. Com exceção de algumas espécies como figo da índia e framboesa, as estacas de folhas e de raízes, não são utilizadas na produção comercial de mudas de espécies frutíferas (Figura 1). Figura 1: Tipos de estacas São diversos os fatores que afetam o enraizamento das estacas de ramos, tais como: condições fisiológicas da planta matriz, juvenilidade, condições do ambiente de enraizamento, posição e graus de lignificação dos ramos. Quanto ao grau de lignificação, pode-se classificar as estacas de ramos em herbáceas, semilenhosas ou lenhosas (Figura 2). 15 As estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão lignificados, ou seja, estão com tecidos tenros e de coloração verde. São retiradas da parte apical dos ramos no período de primavera/verão, épocas em que ocorrem os fluxos de crescimento vegetativo. Como é um material sensível à desidratação, a coleta deve ser feita preferencialmente pela manhã. As folhas (inteiras ou pela metade) devem ser mantidas. A função da manutenção das folhas é a continuação do processo fotossintético que fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto para a formação das raízes. A utilização de estacas herbáceas é muito utilizada na produção de mudas de goiabeira. Estacas semilenhosas são obtidas de ramos parcialmente lignificados, após o mesmo ter completado seu crescimento. Para enraizar, essas estacas ainda com folhas, devem ser mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente com umidade relativa alta para reduzir a perda de água pelas folhas. É bastante utilizada na propagação de algumas espécies tropicais e subtropicais. As fruteiras que perdem as folhas no outono (caducifólias), como figo e uva, por exemplo, apresentam seus ramos lenhosos com boa capacidade de enraizamento. As estacas são obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados, sem folhas, com idade superior a um ano, sendo coletadas geralmente no período de dormência da planta (inverno). A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais barata, pois são mais resistentes e não exigem ambiente com controle de temperatura e umidade. Figura 2 - Graus de lignificação de ramos de seriguela 16 Após a coleta das estacas da planta matriz, faz-se o preparo das mesmas, colocando-as para enraizar em substrato adequado que possua boa capacidade de retenção de água, drenagem satisfatória e esteja livre de patógenos de solo, planta daninha e nematóide. Um dos principais substratos utilizados para o enraizamento de estacas é a vermiculita. Nessa etapa é importante garantir que o substrato esteja bem aderido à estaca. Então se faz uma leve compactação do substrato ao redor das estacas, para evitar a permanência de bolsões de ar, que impeçam a aeração na base das mesmas. É importante lembrar que para algumas espécies frutíferas o uso de reguladores vegetais auxilia no enraizamento, principalmente os produtos com ação auxínica comercializados no mercado com os nomes de ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético (ANA). Por apresentarem difícil diluição em água, esses produtos podem ser dissolvidos em solução alcoólica ou hidróxido de potássio para serem aplicados na forma líquida ou misturados em talco para serem aplicados em pó. Depois de prontas, as estacas são levadas para ambientes propícios ao enraizamento. Ambiente para enraizamento Devido à evapotranspiração, estacas semilenhosas e herbáceas requerem instalações com sistema de nebulização intermitente, que permite a emissão de pequenas gotículas de água, de tempo em tempo, mantendo a superfície das folhas molhadas. No caso de estacas lenhosas, essas instalações não são necessárias, podendo ser colocadas em canteiros de areia ou saquinhos contendo substrato com no máximo uma tela de sombreamento para evitar os efeitos do excesso de radiação solar e chuva (Figura 3 a, b, c). 17 Figura 3 - Nebulizador com alta umidade relativa (a); canteiros de areia com estacas lenhosas (b e c). Alporquia A alporquia é um método de propagação em que se faz o enraizamento de um ramo ainda ligado à planta matriz (parte aérea), que só é destacado da mesma após o enraizamento. O método consiste em selecionar um ramo da planta, de preferência com um ano de idade e diâmetro médio. Nesse ramo, escolhe-se a região sem brotação e faz-se um anelamento, de aproximadamente dois centímetros, retirando toda a casca (floema) e expondo o lenho. Depois disso, deve-se cobrir o local exposto com substrato umedecido, a base de fibra de coco e envolvê-lo com plástico, cuja finalidade é evitar a 18 perda de água, amarrando bem as extremidades com um barbante, ficando com o aspecto de um bombom embrulhado. Os fotoassimilados elaborados pelas folhas e as auxinas pelos ápices caulinares deslocam-se pelo floema e concentram-se acima do anelamento, promovendo a formação das raízes adventícias nesse local. Recomenda-se que a alporquia seja feita de preferência na época em que as plantas estejam em plena atividade vegetativa, após a colheita dos frutos, com o alporque mantido sempre úmido. A separação do ramo que sofreu alporquia da planta matriz, depende da espécie e da época do ano em que foi feito o alporque. Após a separação, o ramo enraizado é colocado num saco plástico contendo substrato e mantido à meia sombra até a estabilização das raízes e a brotação da parte aérea. Quando isso ocorrer, as mudas estarão prontas para serem plantadas no campo. A alporquia é utilizada na propagação de muitas espécies frutíferas, e um exemplo do sucesso do método ocorre na cultura da lichia. Mergulhia A mergulhia é um método de propagação semelhante à alporquia. A única diferença é que na mergulhia, o enraizamento do ramo aindaligado à planta matriz ocorre no solo (Figura 4). Figura 4 - Mergulhia natural em cajueiro/ Natal-RN Assim como ocorre no processo de alporquia, na mergulhia a planta a ser formada fica unida a planta matriz até o enraizamento. A mergulhia é feita no solo, vaso ou canteiros, quando os ramos das espécies são flexíveis e de fácil manejo. O método de mergulhia consiste em enterrar partes de uma planta, como ramos, por exemplo, com o objetivo de que ocorra o enraizamento na região coberta. É um processo usado na obtenção de plantas que dificilmente se propagariam por outros métodos. 19 O enraizamento ocorre devido ao acúmulo de auxinas (hormônios endógenos) pela ausência de luz na região enterrada ou coberta, que promove a formação das raízes adventícias e também pelo aproveitamento do fornecimento contínuo de água e nutrientes da planta matriz. É muito importante que o local para a realização da mergulhia esteja isento de patógenos, pois como é utilizado o solo para o enraizamento, há sempre o risco de contaminação das novas plantas por doenças e/ou pragas. A mergulhia é um método bastante utilizado na obtenção de porta-enxertos de macieira, pereira e marmeleiro. Tipos de mergulhia Há vários tipos de mergulhia, mas em fruticultura utiliza-se principalmente a mergulhia de cepa, também chamada de amontoa. Mergulhia de cepa A mergulhia de cepa é muito utilizada na produção de porta-enxertos de macieira. Inicialmente faz-se uma poda drástica da planta matriz do porta-enxerto, deixando somente uma pequena parte do tronco, chamada de cepa. Essa poda irá favorecer a emissão de inúmeras brotações jovens a partir da cepa. Após o desenvolvimento dessas brotações, realiza-se a amontoa com terra, cobrindo a parte inferior das mesmas. Será nessa região enterrada que irá ocorrer o enraizamento de cada brotação individualmente. Após o enraizamento, cada brotação será destacada da planta matriz, formando um novo porta-enxerto. A planta matriz do porta-enxerto será novamente podada drasticamente para iniciar um novo ciclo de produção, podendo ser utilizada por muitos anos, dependendo de como as plantas são cuidadas. Enxertia A enxertia é um método de propagação que consiste em unir partes de plantas, de tal maneira, que continuem seu crescimento como uma só planta. A parte superior que formará a copa da nova planta recebe o nome de enxerto ou cavaleiro e a parte inferior que formará o sistema radicular recebe o nome de porta-enxerto ou cavalo. Cada uma das partes possui suas características próprias. O porta-enxerto tem a função de dar suporte mecânico à planta, retirar água e nutrientes do solo, e em muitos casos beneficiar a copa pela resistência a pragas e doenças de solo, seca ou a solos encharcados. O enxerto ou copa é responsável pela fotossíntese que irá alimentar toda a planta para a produção. 20 A enxertia deve ser realizada para propagar espécies que não podem ser facilmente multiplicadas por outros métodos, para obter benefícios do porta-enxerto, mudar a cultivar copa em plantas adultas (sobreenxertia) ou substituir o porta-enxerto (subenxertia). O sucesso da cicatrização entre as partes após a prática da enxertia dependerá da espécie que se estará trabalhando; da habilidade do enxertador; da atividade fisiológica do enxerto e do porta-enxerto; das condições a que as plantas serão submetidas durante e após a enxertia; dos problemas de pragas e doenças e da incompatibilidade que possa ocorrer entre as partes. É importante destacar também que existem alguns limites na enxertia relacionados à combinação copa e porta-enxerto. A maior facilidade da enxertia ocorre entre plantas de um mesmo clone, aumentando o grau de dificuldade à medida que se enxertam diferentes cultivares da mesma espécie, diferentes espécies e diferentes gêneros. O sucesso da enxertia intergenérica (entre gêneros) é bastante limitado, sendo conhecidos alguns casos como o de pereira sobre marmeleiro, por exemplo. Em fruticultura não se conhece sucesso de enxertia entre plantas de famílias botânicas diferentes. Tipos de enxertia São três os tipos de enxertia: borbulhia, garfagem e encostia. No primeiro caso, o enxerto é uma borbulha, ou gema; no segundo, um pedaço de ramo ou garfo destacado da planta matriz com uma ou mais gemas e no terceiro, a união de duas plantas inteiras. Borbulhia A borbulhia consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta-enxerto enraizado. Embora haja vários tipos de borbulhia, serão descritas as formas em “T” normal, “T” invertido, placa ou janela aberta e janela fechada. Cada denominação varia em função do tipo de corte efetuado e na forma de fixação das gemas (borbulhas) no porta-enxerto (Figura 5). 21 Figura 5 - Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em placa ou janela aberta(c); Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002) As borbulhias em “escudo” e em “T” referem-se a uma mesma técnica (“T” designa a aparência do corte no cavalo, onde a gema será introduzida e o “escudo” refere-se ao formato dessa gema). O corte em “T” no porta-enxerto é feito abrindo uma incisão transversal e outra longitudinal, onde será inserida a borbulha. A borbulha é um fragmento de forma triangular, retirada da planta matriz após o corte do ramo que a contém, também chamado de ramo porta-borbulha. Esse fragmento deve ter dimensões proporcionais ao corte em “T” efetuado no porta-enxerto. Com a ponta do canivete de enxertia, abre-se a região da casca abrangida pelas incisões, levantando-a para inserção da borbulha que é introduzida com a gema voltada para o lado externo. Em seguida, deve-se amarrá-la de cima para baixo, com o auxílio de um fitilho plástico ou fita biodegradável. Toda essa operação deve ser rápida, para que não ocorra ressecamento das regiões de união dos tecidos ou cicatrização dos cortes antes que ela seja finalizada. O “T” invertido é muito parecido, apenas o sentido do corte que o difere do anterior, sendo o corte horizontal feito na extremidade inferior do corte perpendicular do porta-enxerto. O escudo retirado da planta matriz agora tem sua base invertida. O objetivo da variação na técnica é evitar a infiltração de água na região da enxertia. É importante observar que a posição da borbulha não muda. A amarração do escudo deve iniciar-se de baixo para cima no porta-enxerto. A facilidade operacional é maior, além de impedir o acúmulo de água nos cortes, por isso é o tipo mais utilizado quando 22 comparado ao corte em “T” normal. O “T” invertido é amplamente utilizado por viveiristas, principalmente os produtores de mudas de citros. Na produção de mudas de pessegueiro pode-se utilizar o método de borbulhia por janela aberta ou placa, onde a gema é retirada da variedade copa com um segmento retangular e encaixada num porta-enxerto previamente preparado com a mesma abertura. São feitos dois cortes perpendiculares paralelos e outros dois transversais, formando um retângulo. O pedaço da casca é retirado, com o auxílio de um canivete. Toma-se o cuidado para que os dois retângulos sejam de tamanhos bem próximos. Depois o escudo encaixado é amarrado com fitilho plástico ou fita biodegradável, sempre deixando a gema do pessegueiro exposta, pois ela é muito sensível e pode se quebrar. Na borbulhia tipo janela fechada, o corte da copa deve permitir a abertura da casca em duas partes, como as folhas de um portão, que serão fechadas sobre a borbulha após sua inserção. Duas incisões transversais e paralelas são feitas no porta-enxerto, e um corte perpendicular une as duas pelo ponto central de seu comprimento. Levanta-se a casca entre os cortes e a borbulha retangular semelhante à janela aberta é introduzida, ficando em estreito contato com os tecidos internos do caule. A casca deve ser fechada contra o escudo e amarradacom fitilho plástico, aumentando o contato entre os tecidos. Garfagem Garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada e transferência de um pedaço de ramo da planta matriz (copa), também denominado garfo, que contenha uma ou mais gemas para outra planta que é o porta-enxerto. Embora haja várias denominações, os tipos mais comuns de garfagem são: meia-fenda, fenda cheia; fenda dupla, fenda lateral, inglês simples e inglês complicado (Figura 6). 23 Figura 6 - Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem inglês simples (c); Garfagem inglês complicado (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002) Na garfagem em meia fenda, o garfo é cortado em bisel duplo. O porta-enxerto é cortado transversalmente, fazendo-se, em seguida, uma incisão igual a largura do bisel. Aprofunda-se a incisão para baixo, por meio de movimentos com o canivete de enxertia, então introduz-se o garfo na fenda, de tal modo que as camadas das duas partes fiquem em contato em pelo menos um dos lados. Esse tipo de garfagem é utilizado quando os garfos são de diâmetros diferentes do porta-enxerto, sendo necessário que pelo menos um dos lados esteja em contato com os tecidos para que ocorra o processo de cicatrização e sobrevivência do enxerto. Já na garfagem em fenda cheia, a obtenção do garfo é idêntica ao caso anterior. O porta-enxerto é cortado transversalmente à altura desejada, praticando-se em seguida uma fenda cheia, do mesmo tamanho do garfo que será introduzido nessa fenda, de maneira que os dois lados desse garfo coincidam por completo com o diâmetro do porta-enxerto. Para a prática da enxertia por inglês simples é necessário que o garfo e o porta-enxerto tenham o mesmo diâmetro. Corta-se o porta-enxerto a uma altura conveniente do solo, talhando-o em um bisel simples enquanto o garfo também é cortado em bisel, exatamente para encaixar no porta-enxerto, a fim de que possam coincidir em toda sua extensão. 24 A garfagem por inglês complicado é realizada como no caso anterior, mas com um encaixe mais perfeito. Coloca-se a lâmina do canivete um pouco acima do meio do bisel do porta-enxerto e, a partir deste ponto, em sentido longitudinal e paralelo ao eixo, fende-se o próprio cavalo, até que a fenda atinja o nível da base do seu bisel. Faz-se o mesmo no bisel do enxerto. Então encaixa-se o garfo no porta-enxerto, tomando o cuidado de fazer com que as cascas de ambos se coincidam. Os instrumentos utilizados para a prática da garfagem são tesoura de poda e canivete. Após a realização da garfagem, é importante amarrar bem forte o garfo no porta- enxerto para manter as partes perfeitamente unidas. Depois, cobre-se o enxerto com um saquinho plástico, os mesmos utilizados para sorvetes, para evitar que ocorra perda ou infiltração de água na região de enxertia. Quando iniciar a brotação do enxerto, retira-se o saquinho plástico o que deve ocorrer por volta de 30 dias, dependendo da espécie. Já o fitilho plástico será retirado após 60 dias, para garantir a união das partes enxertadas. Então é só esperar o desenvolvimento da brotação para que as mudas possam ser plantadas em campo. Encostia A encostia é um método de enxertia usado para árvores frutíferas que dificilmente se propagam por outros métodos. Em resumo é uma técnica que consiste na junção de duas plantas inteiras, que são mantidas dessa forma até a união dos tecidos (Figura 7). Figura 7 - Enxertia por encostia. Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002) Após essa união, uma será utilizada somente como porta-enxerto e a outra como copa. Para fazer essa enxertia, o porta-enxerto deve ser transportado em um recipiente até a planta que se quer propagar sendo geralmente colocado na altura da copa, através da utilização de suportes de madeira que o sustentarão. 25 Corta-se uma porção do ramo de cada uma das plantas, de mesma dimensão, e encostam-se as partes cortadas, amarrando-as em seguida com fita plástica para haver união dos tecidos. O enxerto é representado por um ramo da planta matriz, sem dela se desligar até que ocorra a soldadura ao porta-enxerto. Após 30-60 dias, havendo a união dos tecidos, faz-se o desligamento da nova planta, cortando-se acima do ponto de união do porta- enxerto. Nessa fase, retira-se o fitilho plástico que estava amarrado e destaca-se o ramo da planta original, formando uma nova copa. Tem-se, assim, a muda, constituída de copa e porta-enxerto. A primavera é a estação mais adequada para a prática da encostia e as que são realizadas no outono desenvolvem-se muito lentamente. Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto A compatibilidade pode ser definida como a capacidade que duas plantas ou parte de plantas enxertadas possuem de se desenvolverem satisfatoriamente como se fossem uma única planta. Já a incompatibilidade pode ocorrer devido a diferenças fisiológicas, bioquímicas e anatômicas entre as plantas que podem ser favoráveis ou desfavoráveis à união do enxerto. Os problemas de incompatibilidade ocorrem principalmente em função da enxertia entre espécies de diferentes famílias e gêneros. Os principais sintomas associados à incompatibilidade de enxertia são: • expansão da união do enxerto quando ocorre o super crescimento do diâmetro do tronco acima ou abaixo do ponto de enxertia; • quebra ou ruptura do enxerto na ocorrência de ventos fortes ou até mesmo quando a produção de frutos na planta for muito grande; • morte prematura da planta; • amarelecimento e queda prematura das folhas no outono; • aparecimento de uma linha escura na região da enxertia pela morte dos tecidos. A presença de um ou mais desses sintomas não significa necessariamente, que a combinação seja incompatível. Podem ser resultantes de condições ambientais desfavoráveis, tais como falta de água ou nutrientes, ataques de pragas, doenças ou inclusive, enxertia mal sucedida. 26 Micropropagação A propagação “in vitro” ou micropropagação, consiste na aplicação da técnica de cultura de tecidos para a produção de plantas idênticas a planta matriz. Este tipo de propagação permite produzir mudas com alta qualidade genética e fitossanitária. É feita em laboratórios a partir de pedaços de tecido vegetal. Estes fragmentos retirados de vegetais são chamados de explantes e multiplicados em meio artificial (sem solo), o qual fornece nutrientes e outras substâncias necessárias à multiplicação e regeneração de novas plantas. A base para o cultivo de pequenas partes de plantas só é possível pela propriedade da totipotência, que é a capacidade que toda célula vegetal tem de regenerar uma planta completa, a partir de informações genéticas contidas na mesma. As técnicas de propagação “in vitro” permitem multiplicar vegetativamente espécies de difícil propagação pelos métodos convencionais. Além disso, permite a produção de um grande número de plantas a partir de um explante em menor tempo que os métodos tradicionais de propagação. Possibilitam também, a produção de mudas livres de patógenos causadores de doenças que pelos métodos convencionais de propagação, podem ser transmitidos pelas mudas. Entre as fruteiras tropicais multiplicadas pela cultura de tecidos destacam-se as culturas do abacaxizeiro e da bananeira que estão sendo produzidas em maior escala por algumas empresas do setor (Figura 8). Figura 8 - Mudas de bananeira micropropagadas. Estruturas especializadas Algumas espécies possuem processos naturais de propagação por meio de estruturas especializadas. Essas estruturas são caules, folhas ou raízes modificadas que 27 além de funcionarem como órgãos de reserva de alimentos podem também ser utilizadas na propagação. Em condições adversas são esses órgãos que possibilitam a sobrevivência das plantas. Vários tipos de estruturas especializadas podem ser utilizadas na produção de mudas. Em espécies frutíferas,as principais estruturas são estolões, rebentos e rizomas que são úteis na propagação de algumas espécies, como, por exemplo, o morangueiro, a bananeira, o abacaxizeiro, a framboeseira e a amoreira-preta. Os estolões são definidos como caules aéreos especializados, muito comuns na propagação do morangueiro; já os rizomas são caules subterrâneos que possuem gemas para formação de novas brotações, as quais originarão novos pseudocaules e passarão a ter o seu próprio sistema radicular. É o principal método de multiplicação das bananeiras. As mudas de bananeira são obtidas a partir do desenvolvimento das gemas do rizoma. A denominação das mudas é dada de acordo com o desenvolvimento e peso do rizoma. As mudas obtidas de rizoma inteiro são denominadas popularmente de: • Chifrinho – apresentam de 20 a 30 cm de altura e têm unicamente folhas lanceoladas (em forma de lança) com até 1,5 kg; • Chifre – apresentam de 50 a 60 cm de altura e folhas lanceoladas, com peso variando de 1,5 a 2,5 kg; • Chifrão: apresentam de 60 a 150 cm de altura, com uma mistura de folhas lanceoladas e folhas características de planta adulta, com peso superior a 2,5 kg. 28 Figura 9 - Mudas do tipo chifrão, chifre e chifrinho com folhas (a), sem folhas (b); Pedaços de rizoma (c) Essas mudas podem ser obtidas diretamente do bananal, tomando o cuidado de selecioná-las de plantas vigorosas, que represente a variedade a ser propagada, esteja isenta do ataque de pragas e doenças e com idade que não seja superior a quatro anos. Embora a propagação por rizomas seja muito utilizada, nos últimos anos tem crescido muito a produção de mudas de bananeira utilizando a técnica de cultura de tecidos, ou micropropagação, como visto anteriormente. 29 CAPÍTULO 3 - MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO O manejo do solo envolve todos os tratos culturais aplicados à camada de solo utilizada pelas plantas frutíferas, desde o momento do plantio até a colheita. Deve ser o mais eficiente possível quanto ao controle da erosão do solo, regulação da disponibilidade de água, manutenção de um bom nível de matéria orgânica, redução da competição com ervas daninhas, manutenção da fertilidade do solo, facilidade no trânsito do homem e máquinas no pomar, levando em consideração a economicidade, equipamentos e máquinas disponíveis na propriedade. O manejo do solo e a sua execução estão intimamente ligados ao sistema de plantio, espaçamento adotado, dimensão da área, espécie cultivada, clima e topografia. Preparo do solo antes do plantio As plantas frutíferas apresentam um sistema radicular que se concentra numa faixa de 0 a 40cm, entretanto é possível que algumas espécies atinjam até alguns metros de profundidade. O solo, portanto, deve ser profundo, bem drenado e conter nutrientes e água em quantidades adequadas para que a planta alcance um bom desenvolvimento. O solo deve ser preparado até uma profundidade de 40 a 50cm, para que seja possível incorporar os fertilizantes e corretivos. Para isso, é utilizada subsolagem seguida de lavração profunda, quando as condições do terreno permitirem. Para plantas frutíferas, o solo deve ser corrigido até uma profundidade de 40cm, portanto a quantidade de corretivos deve ser duplicada, uma vez que a análise de solo prescreve os corretivos para uma faixa que vai até 20cm de profundidade. Durante o preparo do solo, antes do plantio, é a melhor ocasião para incorporar os corretivos em profundidade, tendo-se em vista que os mesmos são pouco móveis no solo; e que, depois de implantado o pomar, as dificuldades para colocá-los a disposição do sistema radicular seriam aumentadas. O preparo do solo de maneira superficial dificulta a penetração do sistema radicular da planta e limita a disponibilidade de nutrientes e água, provocando menor crescimento das mesmas, podendo, em algumas situações, aumentar o risco de erosão pela menor retenção de água das chuvas. Deve-se levar em conta o tipo de solo e a declividade do terreno, condições climáticas, recursos do fruticultor, espécie cultivada, condução da planta e área do pomar. Em terrenos pedregosos ou muito acidentados o preparo normalmente é feito em covas. 30 Preparo do solo com subsolagem e lavração profunda A subsolagem é uma prática realizada a uma profundidade de 40 a 50cm no solo, seguida de lavração e gradagem. Este sistema permite colocar os nutrientes em maiores profundidades e a disposição das raízes das plantas, melhorando a aeração do solo, e a infiltração de água, além de romper camadas adensadas existentes, facilitando a penetração e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Esta forma de cultivo não pode ser utilizada em solos rasos, pedregosos ou que apresentem horizonte com adensamento. Exige máquinas apropriadas e apresenta um custo inicial mais elevado. O calcário e os demais corretivos podem ser aplicados em duas etapas; metade da quantidade antes da subsolagem e a outra metade antes da lavração. Quando for usado um fosfato natural, como fonte de P2O5, deve-se aplicá-lo antes da aplicação do calcário, pois em meio ácido esta fonte de fósforo se solubiliza mais facilmente, aproveitando, desta forma, a acidez natural do solo. Os corretivos são aplicados em toda a área e, por ocasião do plantio, faz-se abertura de pequenas covas, com tamanho suficiente para acomodar o sistema radicular da planta, não havendo necessidade de adubação nas covas. O plantio das mudas, dependendo da declividade, poderá ser: a) Em nível, quando a declividade do terreno for menor do que 3%; b) Com construção de terraços, quando a declividade for menor do que 20% e; c) Em patamares, quando a declividade for superior a 20%. Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, em seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes são utilizados de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo. Este sistema pode ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do solo, devido à presença de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado, ou quando a espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular profundo. Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de água e morte das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na cova cria um ambiente propício ao desenvolvimento da planta e não permite que haja uma expansão lateral, quer por problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos (maior disponibilidade de nutrientes na cova). 31 Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, em seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes são utilizados de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo. Este sistema pode ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do solo, devido à presença de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado, ou quando a espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular profundo. Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de água e morte das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na cova cria um ambiente propício ao desenvolvimento da planta e não permite que haja uma expansão lateral, quer por problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos (maior disponibilidade de nutrientes na cova). Preparo convencional seguido da construção de terraços tipo camalhão O solo é preparado até uma profundidade de 20 a 40cm, ao mesmo tempo em que é realizada a correção de acordo com os resultados da análise do solo. Sobre o solo previamentepreparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com 2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas sobre o solo previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com 2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas as mudas, conforme indica a Figura. Figura: Corte de um terraço, mostrando sua localização, bem como a do canal. Pode ser utilizado em terrenos de até 20% de declividade. Permite um bom desenvolvimento radicular da planta, pois aumenta a quantidade de solo arável a ser 32 explorado; preparo totalmente mecanizado; contribui para o controle da erosão e auxilia a drenagem em solos planos. Preparo do solo em faixas Consiste em preparar apenas uma faixa do terreno, na qual será plantada a espécie frutífera. A faixa de preparo, dependendo do terreno, pode ser em nível e ter uma largura de até 2,5m. Nesta faixa são aplicados todos os corretivos e a muda é plantada sobre solo preparado. A medida que a planta vai crescendo, a faixa de cultivo pode ser ampliada. Entre as duas filas de plantas pode permanecer uma faixa de vegetação nativa ceifada periodicamente. O preparo do solo pode ser com subsolagem e lavração profunda ou ainda lavração convencional seguida da construção de camalhões. Este sistema tem um custo menor na instalação do pomar e permite um bom controle da erosão do solo. A desvantagem seria que ele não permite a instalação de culturas intercalares no pomar. Figura: Sistema de cultivo onde as linhas de plantas são mantidas limpas e as entrelinhas com cobertura vegetal. Foto: José Carlos Fachinello Plantio em terraços tipo patamar Este sistema envolve grande movimentação de solo e é restrito a áreas que apresentam riscos de erosão, com declividade superior a 20%, e para culturas de alto rendimento econômico, devido ao elevado custo da construção. Deve-se dar preferência para o plantio em solos planos e com outros sistemas de preparo do solo. Este sistema é utilizado na região da serra do RS, com viticultura. Existem três tipos de terraços em patamar: patamar contínuo, utilizado em culturas permanentes; patamar descontínuo ou "banquetas individuais", construído para cada 33 planta do pomar a ser formado e; por último, o patamar de irrigação. Este sistema é muito oneroso, pois implica em grandes movimentações de solo. Outros sistemas e disposição dos carreadores É possível, ainda, o cultivo de plantas em trincheiras, banquetas individuais, entre outras. A escolha do melhor sistema ficará na dependência da espécie frutífera, espaçamento, condições climáticas, solo, topografia, disponibilidade de equipamentos e recursos financeiros. Os carreadores, sempre que possível, devem ser planejados e em nível. Toda água que sai do pomar deve ser canalizada para escoadouros protegidos, para evitar-se problemas com erosão em voçorocas, principalmente. Características do uso de máquinas no pomar A utilização de equipamentos com tração mecânica permite grande rendimento do trabalho e a execução das atividades dentro do menor espaço de tempo. Para que as máquinas diminuam os riscos de erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas, recomenda-se: a) Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo e danificam as plantas; b) Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as enxadas rotativas, pois contribuem para aumentar a erosão do solo; c) O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizado nas épocas adequadas para cada cultura; d) Os equipamentos devem ser apropriados para as atividades dentro do pomar. Sistemas de cultivo do pomar depois do plantio das mudas O sistema de cultivo ou manejo do solo refere-se às práticas culturais aplicadas à superfície do solo e deve levar em conta: a) Conservação da umidade e aeração do solo; b) Adição de matéria orgânica e fertilizantes; c) Conservação das características físicas do solo; d) Facilitar o trânsito de máquinas e homens no pomar; e) Controle de erosão e plantas daninhas; f) Economicidade e possibilidade de efetuação com mão-de-obra e equipamentos disponíveis; g) Dimensão da área, espécie e espaçamento utilizado; h) Topografia e clima. 34 Pomar em formação Nos primeiros anos de vida do pomar, recomenda-se manter uma faixa de solo limpa periodicamente ao longo da linha das plantas. Esta faixa deve ser um pouco maior que a projeção da copa das plantas. A área entre as filas de plantas é mantida com cobertura vegetal nativa ceifada ou, principalmente, com culturas intercalares de porte baixo, tais como: feijão, soja, amendoim, aveia, trevo, entre outras. Este cultivo intercalar deve receber adubação apropriada e não deve competir com a muda em luz, umidade e nutrientes. O cultivo intercalar é uma prática muito utilizada, pois, mantém uma cobertura do solo, evitando problemas de erosão e propiciando melhorias nas condições físicas e químicas do solo. Quando bem sucedidas, as culturas intercalares contribuem para custear as despesas do pomar na fase de implantação. É importante que o solo permaneça sempre com algum tipo de cobertura, assim diminui-se as perdas pela erosão. Pomar em produção As plantas frutíferas para se desenvolverem necessitam encontrar, no solo, água, ar e nutrientes minerais. Estas condições são básicas e precisam ser consideradas quando se pretende estabelecer um bom sistema de manejo do solo. Pomar permanentemente limpo Neste sistema, toda área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou invasoras, por meio de mobilizações periódicas e superficiais ou mesmo com uso de herbicidas. Apesar desta forma de manejo evitar a concorrência das plantas daninhas, facilitar a incorporação de nutrientes e demais tratos culturais, expõe o solo à erosão; provoca compactação, pelo trânsito de máquinas e implementos agrícolas; além de diminuir a matéria orgânica, deixando o solo mais sujeito às variações de temperatura durante o dia e a noite. O uso freqüente de equipamentos que pulverizam o solo, tais como enxadas rotativas, além de desagregar o solo, facilita, enormemente, a erosão. A manutenção do solo limpo, com aplicações sucessivas de herbicidas, provoca um endurecimento na camada superficial, contribuem para aumentar os riscos de intoxicação dos aplicadores e podem poluir os mananciais de água. Pomar com cultivo intercalar Neste sistema de cultivo, o pomar é mantido na entrelinha com um cultivo intercalar, que pode ter um caráter temporário ou permanente. As espécies cultivadas 35 devem ser de porte baixo e, normalmente, leguminosas ou associação com gramíneas e têm o objetivo de melhorar as propriedades físicas e químicas do solo, porém deve-se considerar que, em períodos de seca, as leguminosas causam maiores prejuízos às plantas do que as gramíneas, pois apresentam sistema radicular mais desenvolvido e, com isso, uma maior capacidade de absorção de água do solo. Quando se mantém a vegetação espontânea, a mesma é mantida ceifada periodicamente. Ao longo das filas é mantida uma faixa limpa, do tamanho ou um pouco maior do que a projeção da copa das plantas, através do uso de capinas ou aplicações de herbicidas. Este sistema combina as vantagens do sistema que mantém o solo limpo na linha da planta e da cobertura vegetal na entrelinha como auxílio no controle da erosão. Esta modalidade de sistema pode ser alterada ao longo do ciclo vegetativo da planta, no caso específico de plantas frutíferas de clima temperado. Depois que as frutas foram colhidas pode-se deixar a vegetação espontânea crescer também ao longo da linha de plantas, até o início da primavera seguinte. No caso de algumas espécies de folhas permanentes, como é o caso de plantas cítricas no estado de São Paulo, recomenda-se, na época das águas, manter a faixalimpa periodicamente e a entrelinha ceifada ou discada através de grades. Se for utilizada uma planta intercalar para exploração econômica, deve-se realizar a adubação da planta independente da adubação da frutífera. Pomar com cobertura vegetal permanente O solo todo do pomar é mantido com uma cobertura vegetal rasteira, nativa ou cultivada de forma permanente. Oferece vantagens para a proteção do solo no que diz respeito à melhoria na estrutura, proteção contra erosão, trânsito de máquinas e diminui a compactação. Entretanto, é um sistema que a vegetação dentro do pomar concorre com a plantafrutífera em água e nutrientes, podendo causar prejuízos em épocas de estiagem. Este sistema pode ser utilizado em solos com grande declividade, apenas realizando um pequeno coroamento na projeção da copa durante o ciclo vegetativo da planta, através do uso de capinas ou herbicidas. Pode ser utilizado em plantas que apresentem um sistema radicular profundo, como é o caso da nogueira-pecan. Pomar com cobertura morta permanente O solo é mantido com uma cobertura de restos vegetais, cortados de espécies forrageiras, palha ou casca de arroz, serragem, palha de leguminosas, entre outras. A espessura da cobertura varia de 10 a 20cm, conforme o material utilizado. 36 Através de experimentos, verificou-se que é necessário cortar até 3m2 de área de capim gordura para cobrir 1m 2 do pomar com folha seca, numa espessura de 20cm. Apesar deste sistema ser oneroso e limitado à pequenas áreas, traz vantagens para o desenvolvimento das plantas, tais como: a) Redução das perdas de água, pois funciona como uma válvula que permite a penetração da água, opondo-se, no entanto, a sua perda por evaporação direta; b) Evita que a gota da chuva cause desagregação das partículas pelo impacto direto; c) Aumenta as taxas de N, S, B e P no solo; d) Contribui para o controle das ervas daninhas, possibilitando que as plantas possam desenvolver o sistema radicular na superfície do solo. As limitações para uso deste sistema de cultivo seriam: a) Em solos mal drenados os problemas de aeração são acentuados; b) Em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns anos, o abandono da prática pode trazer sérias consequências, pois o sistema mantém as raízes da planta na superfície do solo; c) A cobertura morta aumenta o risco de geadas por impedir a irradiação do calor do solo para o ar; d) Favorece o risco de incêndio e ataque de roedores; e) O custo é significativo, pois necessita-se adicionar matéria seca anualmente; f) Não deve ser estabelecida antes de três anos de vida da planta, pois estimula o desenvolvimento superficial das raízes da planta. A adição periódica de restos vegetais faz com que se necessite de uma adubação suplementar de nitrogênio, na base de 50 kg/tonelada de cobertura morta, uma vez que a mesma altera a relação C/N. Variantes para combinar sistemas de cultivo do pomar Na prática os sistemas de cultivos citados anteriormente são pouco utilizados isoladamente, o que se utiliza são as combinações deles durante o desenvolvimento da cultura, baseados na espécie vegetal, regime hídrico, declividade, disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e custos. Em algumas situações, pode-se utilizar: a) Cobertura vegetal permanente e cobertura morta na linha das plantas; b) Cobertura com vegetal ceifado na entrelinha e limpo na projeção da copa, através de herbicidas e/ou capinas periódicas; c) Cultivo do solo com planta leguminosa durante parte do ano para posterior incorporação ao solo; 37 d) Vegetação nativa na entrelinha, mantida rasteira através do uso de grades que atingem pequenas profundidades do solo; e) Vegetação natural ceifada no período das chuvas e limpo, na época da seca, com máquinas ou herbicidas; f) Vegetação natural ceifada quando necessário e plantas coroadas com herbicidas. Escolha do sistema de cultivo É difícil recomendar um ou outro sistema de cultivo apenas a partir de considerações teóricas, pois a escolha do sistema deverá levar em conta: a) Aspectos relativos à planta (espécie, espaçamento); b) Aspectos relativos ao solo (profundidade, textura, estrutura, topografia); c) Aspectos relativos ao clima (chuvas, geadas); d) Aspectos econômicos (custo operacional, equipamentos disponíveis); IRRIGAÇÃO EM FRUTICULTURA As regiões tradicionais produtoras de frutas de todo o mundo utilizam a irrigação como um insumo importante para garantir produtividade e qualidade das frutas. Isto acontece na Argentina, Chile, Estados Unidos, Espanha, Itália, Egito, Israel, região nordeste do Brasil, onde se produz um grande volume de frutas tropicais e temperadas sob irrigação. No Sul e Sudeste do Brasil, normalmente ocorrem precipitações em torno de 1.500mm, porém nem sempre há uma boa distribuição das chuvas durante o ano. É comum acontecerem estiagens durante os meses de dezembro e janeiro e no período de inverno, respectivamente. Estes períodos com falta de umidade do solo, ocasionam perdas nas colheitas, pois provocam rachaduras nas frutas e diminuição do tamanho das frutas, além de diminuir a absorção de nutrientes do solo. Os sistemas de irrigação disponíveis permitem que se tenham projetos eficientes, com economia hídrica e permitindo que sejam aplicados os fertilizantes através da água de irrigação, a chamada fertirrigação. A fertirrigação é o processo pelo qual os fertilizantes são aplicados junto com a água de irrigação. Esta prática se converteu em rotina e é um componente essencial dos modernos sistemas de irrigação. Neste sistema são aplicados os macro e micronutrientes para as plantas frutíferas, para isso é necessário que os mesmos sejam solúveis em água. O consumo de água depende de fatores como o solo, a cultura, a umidade do ar, entre outros. A umidade do solo é determinada por tensiômetros. Por exemplo, quando os 38 tensiômetros chegam a uma tensão de 15 a 20 centibares, em solos leves, deve-se renovar a irrigação, pois a maior parte da água disponível no solo já foi aproveitada. A retirada de água do solo pela planta aumenta à medida que se desenvolvem os ramos e se amplia a área foliar. A multiplicação de células nessa fase (35 a 40 dias após a floração) é muito grande, diminuindo após o fim da polinização. Como o número de células irá determinar o tamanho final das frutas, a falta de água nesse período reduz o número de células, diminuindo o tamanho da fruta e a produção. Após a divisão celular, inicia-se a fase de aumento de volume da célula. Nesse período, a etapa mais crítica ocorre durante a aceleração máxima do crescimento da fruta, duas a três semanas antes da colheita. Pode-se manejar a água ao longo desse estágio, antes da etapa crítica, reduzindo o teor de umidade do solo na fase que se inicia com a fruta no tamanho de uma azeitona até o período de seu crescimento rápido, visando-se à economia de água e melhoria da qualidade da fruta, sem comprometimento da produtividade. Sistemas de Irrigação em Pomares A escolha do sistema deve considerar o tipo de solo, clima, disponibilidade e qualidade da água, sistema de cultivo, manejo do solo e custo da energia. Irrigação por inundação Este sistema requer um bom nivelamento do terreno, normalmente declives inferiores a 1% e um grande fluxo de água, na ordem de 1,6 L seg. ha-1. É pouco utilizado nas condições do Brasil, pois normalmente os pomares são implantados em terrenos com declividade superiores. É um sistema que exige grandes volumes de água e, mesmo em solos nivelados, dificilmente se consegue uma boa distribuição da água no solo (70%). Irrigação em sulcos Como no sistema anterior, a irrigação em sulcos requer uma nivelação do terreno, normalmente é recomendado para declives até 2%. Em declives superiores, pode causar sérios problemas de erosão. O fluxo de inundação nos sulcos é da ordem de 1,2 a 1,5 L seg. ha-1e a eficiência do sistema é da ordem de 40 a 70%. A principal vantagem é o baixo custo de instalação em solos nivelados. Irrigação por aspersão Este sistema pode ser utilizado em terrenos onde os custos para nivelamentos são elevados, em solos com topografia irregular, para controle de geadas e permite uma boa uniformidade de distribuição da água. 39 A irrigação por aspersão pode ser de dois tipos: sobrecopa e sub-copa, quando feita por cima ou por baixo da copa das plantas. A irrigação sobrecopa apresenta como principais desvantagens o molhamento das folhas, o que aumenta a incidência de doenças, e maiores perdas por evapotranspiração e pela ação dos ventos. Já a aspersão sub-copa apresenta como desvantagem principal a interferência do tronco e copa das plantas, o que dificulta o molhamento uniforme do terreno. Na aspersão, as vazões e pressões são, normalmente, de média a alta, exigindo motobombas de maior potência e demandando maior consumo de energia em relação ao gotejamento e à microaspersão. Por outro lado, os aspersores não necessitam de equipamentos de filtragem e apresentam uma menor necessidade de manutenção. Figura: Irrigação por aspersão em videira. Foto: Marco Antônio Fonseca Conceição. Irrigação por microaspersão A irrigação por microaspersão é bastante usada em videiras e outras frutíferas, diferindo da aspersão, basicamente, pela vazão menor dos aspersores. Este sistema requer filtros, sendo comum, porém, empregar-se somente filtros de discos (ou tela). Nesses sistemas podem ocorrer problemas com a entrada de insetos e aranhas nos microaspersores, causando entupimentos e, com isso, prejudicando a aplicação de água. Por isso deve-se optar, sempre que possível, por microaspersores com dispositivos anti- insetos. Na microaspersão os emissores são, normalmente, posicionados individualmente ou a cada duas plantas, não havendo problemas de interferência dos troncos, como na aspersão sub-copa. 40 Figura: Irrigação por micraspersão em videira. Foto: Jair Costa Nachtigal Irrigação por gotejamento Trata-se de um sistema moderno de irrigação e consiste, basicamente, na aplicação frequente de água a um volume de solo limitado e com um consumo inferior a qualquer outro sistema. A água é aplicada em pontos localizados na superfície do terreno, sob a copa das plantas. O solo é mantido próximo à capacidade de campo (CC), o que proporciona condições mais adequadas ao desenvolvimento e à produção. O gotejamento é uma instalação permanente, isto é, não pode ser deslocada de uma área para outra e os gotejadores são distribuídos sob a planta ou enterrados no solo. Este sistema utiliza pouca mão-de-obra e apresenta uma eficiência de 95% em zonas tropicais, porém requer o uso de água de boa qualidade e de filtros eficientes, normalmente filtros de areia. Os gotejadores são peças especiais que dissipam a pressão da água de irrigação, a fim de manter a vazão homogênea ao longo da linha de gotejamento. Tal dissipação de energia se dá pela passagem da água por delgadas secções. Por essa razão ela deve ser limpa e livre de impurezas em suspensão. Este sistema é muito utilizado na fruticultura moderna e, normalmente, associado à fertirrigação. 41 Figura: Irrigação por gotejamento em pereira. Foto: José Carlos Fachinello. 42 CAPÍTULO 4 - PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS A poda, muito embora seja praticada para dirigir a planta segundo a vontade do homem, em fruticultura, é utilizada com o objetivo de regularizar a produção e melhorar a qualidade das frutas. A poda é uma das práticas culturais realizadas em fruticultura que, juntamente com outras atividades, como fertilização, irrigação e drenagem, controle fitossanitário, afinidade entre enxerto e porta-enxerto e condições edafoclimáticas, torna o pomar produtivo. Para que a poda produza resultados satisfatórios é importante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade. 4.1. Conceitos Existem diversos conceitos referentes à poda, dentre eles: a) Poda é a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto de interesse do fruticultor; b) É a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo compatível com o fim que se tem em vista. c) É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação. 4.2. Importância da poda A importância da poda varia com a espécie, assim para uma ela é decisiva, enquanto que, para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância da poda, as espécies podem ser agrupadas da seguinte maneira: a) Decisiva - Videira, pessegueiro, figueira. b) Relativa - Pereira, macieira, caquizeiro. c) Pouca importância - Citros, abacateiro, nogueira-pecan. 4.3. Objetivos da poda Os principais objetivos da poda são: a) Modificar o vigor da planta; b) Manter a planta dentro de limites de volume e forma apropriados; c) Equilibrar a tendência da planta de produzir maior número de ramos vegetativos ouprodutivos e vice-versa; d) Facilitar a entrada de ar e luz no interior da planta, com a abertura da copa; e) Suprimir ramos supérfluos, doentes e improdutivos; f) Facilitar a colheita das frutas e os tratos culturais dentro do pomar; 43 g) Evitar a alternância de safras, de modo a proporcionar anualmente colheitas médias com regularidade. 4.4. Fundamentos da poda Sob o ponto de vista fisiológico, a poda pode ser fundamentada pelo que segue: a) A seiva se dirige com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta; b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos retos e verticais; c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva, maior será o vigor nos ramos, maior será a vegetação e, ao contrário, quanto maior a dificuldade na circulação de seiva mais gemas de flor serão formadas; d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes remanescentes, aumentando-lhe o vigor vegetativo; e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo, retardando a frutificação; f) Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a maturação das frutas, verifica-se uma correspondente maturação de ramos e de folhas. Nesse período, acumulam-se grandes quantidades de reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas; g) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos, geralmente as gemas terminais são mais vigorosas; h) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e edáficas; i) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas. Numerosos trabalhos têm demonstrado que a poda tem um efeito ananizante sobre o crescimento vegetativo, ou seja, as plantas podadas, além de terem uma menor longevidade, apresentam um porte menor. Geralmente a poda reduz os pontos de crescimento da planta, aumentando, assim, a provisão de nitrogênio aproveitável e de outros elementos essenciais para os pontos de crescimento que permaneceram e isto, por sua vez, aumenta o número de células que podem ser formadas. Desta maneira, a poda da copa favorece a formação de células e a utilização de carboidratos. Por conseguinte, favorece a fase vegetativa e retarda a fase reprodutiva. O estímulo à fase vegetativa pode ser ou não desejável, depende da espécie frutífera que se está trabalhando. A redução do sistema aéreo pela poda, qualquer que 44 seja o método utilizado, leva consigo uma perda mais ou menos importante das reservas contidas na madeira suprimida e na diminuição
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