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APOSTILA DE HISTÓRIA DA LITERATURA ANGLÓFONA

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HISTÓRIA DA LITERATURA ANGLÓFONA 
Me. Daniela dos Santos Domingues 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 
 
1 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. BEOWULF E OS FUNDAMENTOS DA LITERATURA ANGLÓFONA 
 
Objetivo 
Conhecer os períodos literários das culturas anglófonas e compreender como o 
desenvolvimento e a difusão de sua literatura se deu a partir de obras fundadoras como 
Beowulf. 
 
Introdução 
O desenvolvimento e a difusão da literatura anglófona estão diretamente ligados à 
História da Inglaterra e de como a língua inglesa passou a ser adotada em diversos países 
devido ao avanço da colonização promovida pelo país, que se tornou comercialmente e 
religiosamente muito influente com sua expansão marítima a partir do século XV. 
 
 
No entanto, o primeiro registro do que seriam as primeiras palavras inglesas já 
escritas, integra um códice (conjunto de placas de pedra ou madeira onde eram escritos 
manuscritos antes do advento do papel) com inúmeros manuscritos, mas cujas data de 
confecção e autoria, não são conhecidas. Um desses manuscritos, que é o material em 
língua inglesa mais antigo que se tem registro, é o poema épico Beowulf. 
 
Rotas iniciais da colonização dos EUA pela Inglaterra. Fonte: http://www.virginiaplaces.org 
 
 
2 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.1. A importância de Beowulf: primeiro marco do inglês antigo 
Primeira página do poema Beowulf, disponível no catálogo digital da Biblioteca Britânica: 
http://www.bl.uk/manuscripts/Viewer.aspx?ref=cotton_ms_vitellius_a_xv_f132r 
 
Ainda que grande parte dos estudiosos não consiga entrar em um consenso sobre a 
data precisa de confecção do poema Beowulf, muitos estudiosos acreditam que ele possa 
ter sido escrito entre os séculos III e XII, o que é uma janela de quase mil anos. Porém, em 
uma conferência dedicada exclusivamente ao estudo desse poema, que ocorreu em 1986, 
em Toronto, Canadá, um dos acadêmicos participantes foi categórico ao afirmar que 
Beowulf teria sido escrito entre os anos de 927 e 9311. 
 
1 https://www.jstor.org/stable/pdf/43343721.pdf?seq=1 
 
 
3 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Independentemente das evidências que esse estudo apresente, o fato é que sua 
relevância como a principal obra fundadora da literatura anglófona foi destacada a partir 
dos estudos do islandês Grímur Jónsson Thorkelin, pesquisador que viajou à Inglaterra 
para registrar marcas das influências escandinavas na cultura inglesa e se deparou com o 
manuscrito de Beowulf por acaso, catalogado na Biblioteca britânica de Londres junto a 
outros poemas de origem dinamarquesa. 
 
Assim, Thorkelin foi o primeiro estudioso a transcrever o poema publicado pela 
primeira vez em 1815 e, em seguida, vieram as traduções para diversas línguas, inclusive 
para o inglês moderno, já que o poema original está escrito em uma versão antiga da língua, 
muito mais próxima do alemão. 
 
Ou seja, a importância de Beowulf como uma obra fundadora da língua inglesa e da 
literatura anglófona está primordialmente em sua descoberta como o primeiro registro 
escrito do que viria a se tornar a língua inglesa, ainda que, muito possivelmente, assim 
como ocorre com grande parte das obras mais antigas, o poema seja um apanhando de 
histórias e lendas de tradições orais que teriam sido passadas ao longo de gerações até 
ser encontrado em solo britânico. 
 
Por isso, por mais que tradicionalmente o que se entende por obra fundadora remeta 
à ideia de uma publicação que influencia não só a formação de uma língua, como também 
de suas estruturas literárias, a verdade é que se não fosse por J.R.R. Tolkien (autor de O 
Senhor dos Anéis), é possível que Beowulf não tivesse sido elevado à condição de arte e 
não integrasse o cânone da literatura britânica. Isso porque até meados de 1930, 
pouquíssimos autores tinham conhecimento da obra, o que significa dizer que nem 
Shakespeare e nem Chaucer, por exemplo, teriam sido influenciados pelo poema, mas a 
partir da publicação de um artigo acadêmico de Tolkien, muitos escritores contemporâneos 
a ele e outros que viriam depois, passaram a valorizar a obra épica como uma importante 
referência para seus trabalhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Apenas um único manuscrito de Beowulf sobreviveu à era anglo-saxônica. Por 
muitos séculos, o manuscrito foi praticamente esquecido e, na década de 1700, 
foi quase destruído em um incêndio. Não foi até o século XIX que o interesse 
generalizado pelo documento emergiu entre estudiosos e tradutores do inglês 
antigo. Nos primeiros cem anos de destaque de Beowulf, o interesse no poema 
foi principalmente histórico - o texto foi visto como uma fonte de informação 
sobre a era anglo-saxônica. Somente em 1936, quando o estudioso de Oxford 
JRR Tolkien (que mais tarde escreveu O Hobbit e O Senhor dos Anéis, trabalha 
fortemente influenciado por Beowulf) publicou um artigo inovador intitulado 
"Beowulf: Os Monstros e os Críticos" que o manuscrito ganhou reconhecimento 
como uma obra de arte séria. (Fonte: www.sparknotes.com/lit/beowulf) 
 
1.2. A trama de Beowulf 
Com uma combinação de narrativas de tradição anglo-saxã e cristã, Beowulf traz 
uma perspectiva histórica dos valores e cultura de sua época, como o heroísmo e códigos 
de honra, presentes em nossa cultura até os dias de hoje. 
 
A trama começa com o rei Hrothgar da Dinamarca, descendente do rei Shield 
Sheafson, desfrutando de um reinado próspero e bem-sucedido. Ele constrói um grande 
salão de hidromel, chamado Heorot, onde seus guerreiros podem se reunir para beber, 
receber presentes de seu senhor e ouvir histórias cantadas pelos bandidos ou bardos. Mas 
o barulho de Heorot irrita Grendel, um demônio que vive nos pântanos do reino de Hrothgar. 
Grendel e que aterroriza os dinamarqueses todas as noites, matando-os e derrotando seus 
esforços para revidar. Os dinamarqueses sofrem muitos anos de medo nas mãos de 
Grendel. Eventualmente, no entanto, um jovem guerreiro chamado Beowulf ouve a situação 
difícil de Hrothgar. Inspirado pelo desafio, Beowulf navega para a Dinamarca com uma 
pequena companhia de homens, determinado a derrotar Grendel. 
 
Hrothgar, que já fez um grande favor ao pai de Beowulf, Ecgtheow, aceita a oferta 
de Beowulf de lutar contra Grendel e realiza um banquete em homenagem ao herói. 
Durante o banquete, um dinamarquês invejoso chamado Unferth provoca Beowulf e o 
acusa de ser indigno de sua reputação. Beowulf responde com uma descrição orgulhosa 
de algumas de suas realizações passadas. Sua confiança alegra os guerreiros 
dinamarqueses, e o banquete dura alegremente até a noite. Por fim, porém, Grendel chega. 
http://www.sparknotes.com/lit/beowulf
 
 
5 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Beowulf luta contra ele desarmado, provando ser mais forte que o demônio, que está 
aterrorizado. Enquanto Grendel luta para escapar, Beowulf arranca o braço do monstro. 
Mortalmente ferido, Grendel volta para o pântano para morrer. O braço cortado é pendurado 
alto no salão de hidromel como um troféu da vitória. 
 
 
Muito feliz, Hrothgar leva a Beowulf presentes e tesouros em um banquete em sua 
homenagem. As canções são cantadas em louvor a Beowulf, e a celebração dura até altas 
horas da noite. Mas outra ameaça está se aproximando: a mãe de Grendel, uma bruxa do 
pântano que vive em um lago desolado, chega a Heorot em busca de vingança pela morte 
do filho. Ela mata Aeschere, um dos conselheiros mais confiáveis de Hrothgar, antes de 
fugir. Para vingar a morte de Aeschere, a companhia viaja para o pântano escuro, onde 
Beowulf mergulha na água e luta contra a mãe de Grendel em seu covil subaquático.Ele a 
mata com uma espada forjada por um gigante, então, encontrando o cadáver de Grendel, 
decapita-o e leva a cabeça como prêmio a Hrothgar. 
 
Os dinamarqueses estão novamente felizes, e a fama de Beowulf se espalha pelo 
reino. Beowulf volta para Geatland, onde ele e seus homens se reúnem com seu rei e 
rainha, Hygelac e Hygd, a quem Beowulf relata suas aventuras na Dinamarca. Beowulf 
então entrega a maior parte de seu tesouro a Hygelac, que, por sua vez, o recompensa. 
 
Com o tempo, Hygelac é morto em uma guerra contra os Shylfings e, depois que o 
filho de Hygelac morre, Beowulf ascende ao trono dos Geats. Ele governa sabiamente por 
 Cenas da animação A Lenda de Beowulf (2007) 
 
 
6 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
cinquenta anos, trazendo prosperidade para Geatland. Quando Beowulf fica mais velho, no 
entanto, um ladrão invade sua mina, onde um grande dragão guarda seus tesouros. 
Enfurecido, o dragão emerge da mina e começa a desencadear uma destruição sobre os 
Geats. Sentindo sua própria morte se aproximando, Beowulf vai lutar contra o dragão. Com 
a ajuda de Wiglaf, ele consegue matar a fera, mas a um custo alto. O dragão morde Beowulf 
no pescoço, e seu veneno o mata momentos após o encontro. Os Geats temem que seus 
inimigos os ataquem agora que Beowulf está morto. De acordo com os desejos de Beowulf, 
eles queimam o corpo do rei que partiu em uma enorme pira funerária e o enterram com 
um enorme tesouro em um mausoléu com vista para o mar.2 
 
 
 
Para conhecer melhor a história de Beowulf, vale assistir à animação de 2007 
que conta com atuações de grandes atores como Angelina Jolie e Anthony 
Hopkins. 
 
 
 
1.3. A estrutura de Beowulf 
Beowulf é um poema épico, ou seja, narra ações e feitos heroicos de personagens 
históricos ou mitológicos ao longo de vários atos. Embora a obra não apresente rimas em 
sua versão original, ela faz bastante uso de aliteração, ou seja, repetição de sílabas e letras 
com o mesmo som em forma de versos, de maneira que a primeira metade de cada verso 
esteja ligada a segunda metade por meio da similaridade dos sons produzidos, isso porque 
 
2 https://www.sparknotes.com/lit/beowulf/summary/ - tradução nossa. 
Exemplo de aliteração em Beowulf em inglês moderno. Fonte: https://study.com/academ 
https://www.sparknotes.com/lit/beowulf/summary/
 
 
7 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
grande parte desses poemas são resultado de uma tradição oral (como apontado 
anteriormente), onde o poeta precisa interpretar e dar vida às ações que narra: 
Prólogo: História Antiga dos Dinamarqueses 
 
Escute: você ouviu falar dos reis dinamarqueses nos velhos tempos e como eles 
eram grandes guerreiros. Shield, filho de Sheaf, assumiu muitas cadeiras de inimigos, 
aterrorizou muitos guerreiros depois que ele foi encontrado órfão. Ele prosperou sob o céu 
(...) Grain governou a Dinamarca muito tempo após a morte de seu pai, e para ele nasceu 
o grande Healfdene, feroz em batalha, que governou por muito tempo. Healfdene teve 
quatro filhos - Heorogar, Hrothgar, Halga, e uma filha que se casou com Onela, rei dos 
suecos.3 
 
 
 
 
FERRO, Jeferson. Introdução às literaturas de língua Inglesa. InterSaberes, 
2014. 
Site: Britannica escola. Artigo: Beowulf. Disponível em: 
https://escola.britannica.com.br/artigo/Beowulf/483111 
Acesso em Dez. 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 O poema de domínio público tem muitas versões em inglês moderno e sua aliteração se perde 
quando traduzimos para o português livremente. Já as adaptações, buscam manter as caraterísticas 
principais da obra principal. 
https://escola.britannica.com.br/artigo/Beowulf/483111
 
 
8 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. GEOFFREY CHAUCER E OS CONTOS DA CANTUÁRIA 
 
Objetivo 
Entender como se formou a ideia de literatura canônica anglófona e seus períodos e 
conhecer um importante representante dessa arte. 
 
Introdução 
Tendo estabelecido que Beowulf seria o ponto de partida para a formação da 
literatura anglófona, é preciso agora seguir em frente e entender como essa produção 
evoluiu, foi consumida e difundida ao longo da História e como podemos dividi-la em seus 
períodos. 
 
Não só isso, é preciso também que façamos uma distinção antes de prosseguirmos, 
pois nossa ementa transcende o conceito de cânone ao apresentar obras cuja relevância 
determinou a produção de livros que, embora nem sempre sejam referenciados como 
clássicos, influenciaram e influenciam o pensamento ocidental de tal maneira que seria 
injusto que as deixássemos de lado. Por isso, vamos entender a diferença entre cânone, 
best-seller e literatura de massa para que a escolha dos autores de nossa disciplina possa 
ser justificada. 
 
Segundo Lourenço (2017, pg. 9)4, a diferença que existe entre literatura canônica e 
literatura de massa se deve à ideia de que os textos clássicos ou canônicos integram uma 
coleção de obras que não só exigem mais do leitor, como também o toquem e o modifiquem 
profundamente, fazendo com que ele reflita e vivencie suas experiências a partir de sua 
leitura. 
 
Ainda que o termo cânone tenha origem grega e filósofos como Aristóteles tenham 
se dedicado arduamente à classificação de diversas obras em uma tentativa de hierarquizar 
o valor de cada uma, foi apenas no século XIX que as listas literárias passaram a se 
estabelecer na Europa. Essas listas não são fixas e nem sempre são formalmente 
registradas. Na maioria das vezes, tratam-se de obras escolhidas por críticos e 
especialistas e que formam uma coleção que é legitimada e reconhecida ao longo dos anos 
 
4 LOURENÇO, Thiago Luiz Jamaites. Literatura Canônica e Literatura de Bestseller: Aplicações na Educação 
Básica. 
 
 
9 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
a partir de critérios como métrica, ritmo, estética...ou seja, uma coleção que se baseia em 
critérios subjetivos para determinar o que é bom, belo e deveria ser consumido. 
 
Já em relação à literatura e massa e aos best-sellers, quando as teorias culturais se 
firmaram na primeira metade do século XX, muitos críticos acreditavam que a literatura de 
massa, ou seja, aquela produzida em larga escala para um grande número de pessoas com 
o intuito de obtenção de lucro, era vazia de valores e incapaz de produzir mudanças 
significativas em seus leitores. No entanto, com o desenvolvimento dos Estudos Culturais 
depois dos anos 1960, por exemplo, os teóricos começaram a perceber que nenhuma obra 
é desprendida de um contexto e que mesmo os livros produzidos como “entretenimento” 
poderiam gerar reflexões e influenciar seus leitores de diversas maneiras. 
 
Assim, os autores e obras apresentados em nossa disciplina partem da 
compreensão de que cânone e literatura de massa podem influenciar e modificar seus 
leitores de maneira significativa, afinal, o consumo e a compreensão de suas mensagens 
não dependem exclusivamente do livro que se lê, mas da experiência e repertório prévios 
de cada leitor. Acima de tudo, a leitura deve ser uma atividade prazerosa e listas são, por 
natureza, excludentes, pois priorizam determinados trabalhos em detrimento de outros. Por 
isso, no final dessa unidade, deixaremos algumas sugestões de listas de cânones de 
acordo com estudiosos renomados, para que, havendo interesse em se aprofundar o 
assunto, cada aluno possa conhecer os autores e obras que constam nas coleções de livros 
que “devem ser lidos” da história da literatura anglófona. 
 
2.1. Períodos literários da cultura anglófona 
Os marcos de formação e desenvolvimento da literatura anglófona, assim como 
ocorre na maioria das culturas, estão ligados ao processo civilizatório e à Históriados 
países de língua inglesa. Portanto, os períodos literários são diferentes entre países, assim 
como as obras que constituem seus acervos. 
 
Porém, a título de informação, os períodos literários ingleses determinaram 
fortemente os períodos literários dos demais países anglófonos, principalmente após a 
 
 
 
10 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
expansão marítima inglesa e seu processo de colonização. Observe como os marcos 
históricos se relacionam com cada período5: 
 
Uma breve cronologia da literatura Inglesa 
55 A.C. Invasão romana da Grã-Bretanha por Júlio César 
Habitantes locais 
falavam celta 
43 D.C. Ocupação e início do domínio romano na Grã-Bretanha 
436 Retirada total dos romanos 
449 Estabelecimento da Bretanha como domínio germânico 
450-480 Primeiras inscrições em inglês 
Inglês antigo 
(450 – 1066) 
1066 William, o Conquistador, Duque da Normandia, invade e 
conquista a Inglaterra 
1150 Primeiros manuscritos em inglês medieval 
Inglês medieval/ 
Médio (1066- 1500) 
1348 Inglês substitui o latim na maioria das escolas 
1362 Inglês substitui o francês como língua do poder legislativo e é 
usada no Parlamento oficialmente pela primeira vez 
1388 Chaucer começa a escrever os contos da Cantuária 
1400 A primeira reforma ortográfica começa 
1476 William Caxton estabelece a primeira imprensa inglesa escrita. 
Início do Inglês 
Moderno 
 
Renascença 
(1500 – 1660) 
 
Período 
Neoclássico 
(1600 – 1785) 
1564 Shakespeare nasce 
1604 Table Alphabeticall, o primeiro dicionário inglês é publicado 
1607 O primeiro assentamento inglês permanente no Novo Mundo 
(Jamestown) é estabelecido 
1616 Shakespeare morre 
1623 As primeiras peças de Shakespeare são publicadas 
1702 O primeiro jornal diário da língua inglesa, The Daily Courant, é 
publicado em Londres 
1755 Samuel Johnson publica seu dicionário 
1776 Thomas Jefferson escreve a declaração de independência dos 
Estados Unidos 
1782 Grã-Bretanha abandona suas colônias nos Estados Unidos 
1828 Webster publica seu dicionário de inglês americano Inglês moderno 
Romantismo 
(1785 – 1832) 
Era Vitoriana 
(1832 – 1901) 
Era Eduardiana 
(1901 – 1914) 
Era Georgiana 
(1910 – 1936) 
1922 A corporação de transmissão britânica é fundada 
1928 Dicionário de Oxford é publicado 
 
 
 
 
5 Tabela confeccionada pelo site English club. Tradução nossa. Disponível em: 
https://www.englishclub.com/history-of-english/ 
 
 
11 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Resumindo: 
 
2.2. Geoffrey Chaucer: um representante do inglês medieval 
Considerado o primeiro grande escritor na história da literatura produzida em inglês, 
Geoffrey Chaucer escreveu uma das obras mais importantes do período medieval durante 
o séc. XIV: Os contos da Cantuária. Essa coletânea de contos é também um reflexo de seu 
contexto histórico, marcado por incidências da peste negra que dizimou uma grande parte 
da população da Europa e de uma época em que a língua inglesa passou a ser usada como 
língua oficial dos tribunais de justiça na Inglaterra. 
 
Graças ao seu talento reconhecido ainda em vida, Chaucer frequentou nobres 
círculos sociais, atuou como diplomata e viajou para diversos lugares, o que, de acordo 
com Ferro (2014, pg. 24), lhe conferiu uma amplitude de horizontes invejável para a época. 
 
Foi graças à sua dedicação às Letras e à carreira diplomática que em uma de suas 
viagens à Itália conheceu a obra Decameron, de Bocaccio, que, posteriormente, serviria de 
inspiração para a confecção de Os contos da Cantuária (1387). 
 
A relevância de Chaucer para a literatura anglófona se deve ao fato de sua maior 
obra ter apresentado personagens verossímeis do cotidiano da cultura inglesa, ressaltados 
 Linha do tempo da literatura inglesa. Fonte: www.thoughtco.com 
 
 
http://www.thoughtco.com/
 
 
12 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
por passagens que contém humor e paixão. Tendo sido escrita antes do advento da 
imprensa, suas primeiras cópias eram manuscritas, mas sua popularização veio 
posteriormente, quando as versões impressas passaram a ser distribuídas. 
 
Canterbury Tales (Os contos da Cantuária) originalmente deveria ter 120 histórias. 
Foi completado apenas em 24 histórias, e seus personagens não chegaram a Canterbury. 
O trabalho nunca foi concluído. 
 
A fio narrativo que conecta todos os contos é uma peregrinação ao santuário de 
Thomas à Becket, em Canterbury, Kent. Os 30 peregrinos que empreendem a jornada se 
reúnem no Tabard Inn em Southwark, do outro lado do Tamisa, em Londres. Eles 
concordam em participar de um concurso de contar histórias enquanto viajam, e Harry 
Bailly, apresentador do Tabard, serve como mestre de cerimônias para o concurso. A 
maioria dos peregrinos é apresentada por esboços breves e vívidos no “Prólogo Geral”. 
Entre os 24 contos, intercaladas, há cenas dramáticas curtas (chamadas links) que 
apresentam trocas animadas, geralmente envolvendo o anfitrião e um ou mais peregrinos. 
Chaucer não completou o plano completo de seu livro: a viagem de volta de Canterbury 
não está incluída e alguns dos peregrinos não contam histórias. 
 
O uso de uma peregrinação como dispositivo de enquadramento permitiu que 
Chaucer reunisse pessoas de várias esferas da vida: cavaleiro, prioresa, monge; 
comerciante, homem de direito, escriturário acadêmico; moleiro, vigário; esposa de Bath e 
muitos outros. A multiplicidade de tipos sociais permitiu a apresentação de uma coleção 
altamente variada de gêneros literários: lenda religiosa, romance cortês, vida de santo, 
história alegórica, fábula de animais, sermão medieval, alquímica conta e, às vezes, 
misturas desses gêneros. Nem todos os contos estão completos; vários contêm seus 
próprios prólogos ou epílogos: 
 
“A maior parte das narrativas são versões de histórias populares da Europa 
Medieval. Por exemplo, “The knight’s Tale”, é baseado no romance Il Teseda (A história de 
Teseu) de Boccaccio. Apenas “The Canon’s Yeoman Tale” pode ser a única ou uma das 
poucas histórias de Chaucer. 
 
Os prólogos e epílogos ligam as narrativas dando um tom cômico ao texto e 
oferecendo os estilos literários populares na Idade Média, vemos os exemplos a partir do 
 
 
13 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
conto do cavaleiro que narra uma história heroica típica dos romances de cavalaria da 
época, com os valores do amor cortes, a coragem e a honra, por outro lado o relato do 
moleiro que é de caráter mundano e erótico, com uma linguagem de baixo calão, assim é 
encontrado os seguintes estilos literários, a fábula, o conto exemplar, a sátira, o romance 
de cavalaria entre outros. Chaucer pode ser considerado o primeiro escritor realista da 
literatura inglesa já que usa o ser humano para fazer parte da estrutura de sua obra. As 
histórias são contadas de acordo com a hierarquia social medieval, mas nem sempre a 
ordem é seguida para manter o interesse do público. A sociedade medieval é representada 
da seguinte maneira: O médico, o jovem clérigo, o advogado e o poeta Chaucer 
representam a classe erudita. O cavaleiro, seu filho e a ordenança a classe guerreira. O 
moleiro, o lavrador, o capataz e o pequeno proprietário de terras a terra. O mercador, o 
tecelão, o tintureiro, o carpinteiro, o tapeceiro, o comerciante, o cozinheiro, o capitão, a 
mulher da cidade de Bath, o despenseiro e o dono da hospedaria representam a classe 
econômica. E a madre, a freira, o padre, o monge, o frei, o humilde vigário, oficial de justiça, 
o absolvido e o cônego fugitivo representam a classe religiosa. 
 
A Esposa de Bath contraria as convenções de Idade Média, pois declara que a 
cortesia e boas maneiras não sãovirtudes apenas dos nobres podendo ser alcançada pelo 
homem comum. Enquanto, Franklin carrega uma bolsa de seda, o que implica o seu desejo 
de riqueza. Nos dois casos, a "bagagem" do personagem é o seu 'pecado'. Cada um dos 
peregrinos revela, através de sua aparência exterior ou na hora de contar o seu conto, o 
fardo do pecado que tem de renunciar antes de ganhar a entrada em Jerusalém Celestial. 
 
Cada peregrino tem suas falhas expostas. Ao criar um heterogêneo grupo de 
pessoas com os seus problemas o autor permite que o leitor reconheça o personagem a si 
próprio.”6 
 
 
FERRO, Jeferson. Introdução às literaturas de língua Inglesa. InterSaberes, 
2014. 
PERÍODOS: https://www.thoughtco.com/british-literary-periods-739034 
CÂNONE: https://www.listchallenges.com/canonical-english-literature 
https://www.listchallenges.com/the-english-literary-canon-according-to 
 
 
6 Portal da educação. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/analise-the-
canterbury-tales/13909 - Acesso em dez. 2019. 
https://www.thoughtco.com/british-literary-periods-739034
https://www.listchallenges.com/canonical-english-literature
https://www.listchallenges.com/the-english-literary-canon-according-to
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/analise-the-canterbury-tales/13909
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/analise-the-canterbury-tales/13909
 
 
14 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. WILLIAM SHAKESPEARE: PERÍODO ELISABETANO NA 
INGLATERRA 
 
Objetivo 
Conhecer um dos autores mais importantes da cultura ocidental por meio de suas 
principais obras. 
 
Introdução 
Ainda que muitas pessoas possam nunca ter lido uma única peça de Shakespeare, 
é quase impossível que alguma de suas narrativas não tenha chegado até elas mesmo em 
forma de adaptação. Um bom exemplo do alcance das obras do autor mais proeminente do 
período elisabetano é a história de Romeu e Julieta: recontada nas mais variadas versões, 
tem um apelo entre pessoas de diversas idades, gêneros, classes sociais que é inegável. 
 
3.1. Shakespeare e a popularização da língua inglesa 
Considerado o autor mais influente e pai da língua inglesa moderna, William 
Shakespeare nasceu em 1564, em uma época de grandes mudanças culturais, políticas e 
econômicas na Inglaterra. Na Europa iniciava-se o Renascimento, época de grande 
profusão artística possibilitada pela expansão marítima e pelos progressos na área da 
ciência. Um desses progressos foi certamente o advento da prensa de Gutemberg, que 
proporcionou maior difusão da literatura que já não dependia apenas dos manuscritos para 
ganhar as ruas. 
 
No entanto, ainda que hoje estejamos mais familiarizados com a palavra escrita, foi 
graças ao teatro que as peças de Shakespeare ganharam notoriedade, pois era a forma 
mais acessível de se adquirir cultura naquela época: 
 
Antes de Shakespeare entrar em cena, o teatro já havia, pois, começado a dar 
passos mais ousados na Inglaterra. O desenvolvimento de peças religiosas nas ruas 
havia passado pelas peças de moralidade (moralities), que tinham um enredo mais 
complexo, culminando em uma moral, e interlúdios (interludes), que eram peças 
mais curtas, geralmente cômicas, apresentadas como forma de entretenimento 
durante uma festa ou algum outro tipo de celebração. (FERRO, 2014, pg. 29) 
 
 
 
 
15 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Ou seja, o teatro vivia um momento de ascensão e muita popularidade na Inglaterra 
elisabetana. Muitas companhias eram financiadas por famílias nobres e viajavam para 
apresentações públicas com textos cada vez mais elaborados. 
 
A maior parte da obra de Shakespeare foi produzida entre os anos de 1589 e 1613, 
somando um total de 38 peças, 154 sonetos e diversos outros poemas. Sua estreia no 
teatro se deu em 1592 com a peça “Henrique VI” no Rose Teathre de Londres. Em 1594, 
já considerado um dramaturgo prestigiado, ficou ainda mais conhecido ao se juntar à 
companhia Lord Chamberlein’s Men, onde escreveu Hamlet, Rei Lear, Macbeth e Otello. 
 
Porém, como destaca Ferro (2014, pg. 31), Shakespeare não foi o único 
representante de destaque na literatura anglófona do período elisabetano: Thomas More e 
Francis Bacon também são autores de extrema relevância e cujas obras não devem deixar 
de ser mencionadas. 
 
More escreveu o clássico Utopia em 1516. Com forte conteúdo crítico, político e 
filosófico. O livro retrata a vida perfeita em uma ilha onde a organização social seria a ideal, 
em um contraponto à organização e aos valores vigentes em sua época. Já Francis Bacon, 
foi um pensador muitas vezes chamado de “pai da ciência moderna” e cujo interesse pela 
investigação científica nos proporcionou obras filosóficas como Novo Organum, sobre a 
metodologia científica. 
 William Shakespeare 
 
 
16 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3.2. As principais obras de Shakespeare 
Shakespeare apresentou grande parte de suas peças no Globe Teathre de Londres 
em uma época que era vedado às mulheres se apresentarem no palco. Por isso, suas 
personagens femininas eram performadas por homens. Os temas de suas peças também 
eram muito diversos, mas em grande maioria elas eram versões de histórias tradicionais 
europeias que eram transmitidas oralmente e podem ser divididas em comédias, 
romances históricos e tragédias. O conceito de direito autoral não era conhecido na 
época, por isso, o que tornou as obras de Shakespeare clássicos enquanto outros autores 
já haviam apresentado várias dessas obras anteriormente, foi o enriquecimento dos 
personagens por meio de versos e rimas, além do aprofundamento de suas personalidades, 
que conferia a cada um deles toda complexidade que os tornou tão facilmente identificáveis 
para pessoas de diferentes idades, gêneros e classes sociais. 
 
Entre as comédias podemos citar: Trabalhos de amor perdido; Sonhos de uma noite 
de verão; O mercador de Veneza; Muito barulho por nada; Como gostais; Noite de reis; Os 
dois fidalgos de Verona; As alegres comadres de Windsor; Medida por medida; A comédia 
dos erros; A megera domada e Tudo está bem quando bem termina. 
 
Nesse gênero, o amor é geralmente o tema central das peças, que focam nos 
personagens que são constantemente vítimas de desencontros e confusões, como ocorre 
em Sonhos de uma noite de verão, onde uma série de trapalhadas leva os personagens a 
serem vítimas de um feitiço do amor que dá muito errado; ou a Megera Domada, peça que 
inspirou diversas versões como a novela o Cravo e a Rosa e a comédia adolescente As 10 
coisas que odeio em você. 
 
Os romances ou dramas históricos trazem de fato bastante carga dramática ao 
retratarem momentos históricos vivenciados por reis ingleses e são eles: Rei João; Ricardo 
II; Ricardo III; Henrique IV, Parte 1; Henrique IV, Parte 2; Henrique V; Henrique VI, Parte 1; 
Henrique VI, Parte 2; Henrique VI, Parte 3; Henrique VIII; Eduardo III. 
 
Para Ferro (2014, pg. 37), esse gênero marcadamente inglês teria se desenvolvido 
em um contexto relacionado à dramaturgia ligada à Igreja, cujas peças representavam os 
santos como heróis. Assim, a “evolução” do tema de “santo-herói” para “homem-herói” 
protagonizado por reis, seria naturalmente lógica considerando o a percepção da época de 
que reis eram escolhidos por Deus. Então, mesmo que ainda não houvesse uma noção de 
 
 
17 História da Literatura Anglófona 
 
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democracia que viabilizasse as liberdades artísticas integralmente, Shakespeare trazia 
algumas críticas em suas peças ao retratar seus governantes por meio de parábolas sobre 
“a natureza do bom governante e dos danos causados pelas lutas que sejam produto da 
sede de poder” (HELIODORA apud FERRO,2014, pg. 38), indicando que nem todas as 
peças sobre a nobreza e a realeza devem ser resumidas a obras de bajulação aos reis e 
rainhas. 
 
 
Quanto às tragédias, são elas: Romeu e Julieta; Macbeth; Rei Lear; Hamlet; Otelo; 
Titus Andronicus; Júlio César; Antônio e Cleópatra; Coriolano; Tróilo e Créssida; Timão de 
Atenas; Cimbelino. Ainda que Romeu e Julieta seja uma de suas histórias mais populares 
do autor, Hamlet, Otelo e Macbeth foram adaptadas tantas vezes para o teatro e outras 
mídias que muitos de seus diálogos já fazem parte do inconsciente coletivo: “Ser ou não 
ser, eis a questão! (Hamlet)” 
 
A história do príncipe dinamarquês é um clássico exemplo de tragédia e vingança. 
Essa é a peça mais longa de Shakespeare e objeto talvez do maior número de 
 Rei Ricardo III. Fonte: FERRO, 2014, pg. 41 
 
 
18 História da Literatura Anglófona 
 
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críticas e debates sobre a forma definitiva do texto, já que coexistiram várias versões 
impressas. Hamlet é um dos textos literários mais estudados de toda a história da 
literature – em sua fortuna crítica constam textos de autores famosos, como Hamlet 
ans His Prolemas de T.S. Eliot (1921). (FERRO, 2014, pg. 46) 
 
 
Logicamente, tentar resumir um dos autores mais importantes do ocidente e cuja 
obra é estudada com afinco em cursos de graduação dedicados exclusivamente a ele a um 
capítulo de poucas páginas, seria uma tarefa inglória e também impossível. Por isso, é 
extremamente importante que o aprofundamento sobre Shakespeare e seus textos seja 
feito por meio das referências elencadas ao longo desse capítulo, principalmente por meio 
do material de apoio e das publicações disponíveis em nossa biblioteca virtual. 
 
 
 
O período Elisabetano: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/teatro-
no-renascimento-2-inglaterra-de-shakespeare-se-destaca.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
FERRO, Jeferson. Introdução às literaturas de língua Inglesa. InterSaberes, 
2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/teatro-no-renascimento-2-inglaterra-de-shakespeare-se-destaca.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/teatro-no-renascimento-2-inglaterra-de-shakespeare-se-destaca.htm
 
 
19 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. EDGAR ALLAN POE E H.P. LOVECRAFT (ESTADOS UNIDOS) 
 
Objetivo 
Conhecer autores estadunidenses que influenciaram e influenciam fortemente o 
cinema e a literatura de terror e ficção até os dias atuais. 
 
Introdução 
Ainda que alguns dos autores que serão apresentados a partir de agora não 
pertençam ao cânone da literatura anglófona (na verdade, não existe um cânone da 
literatura anglófona, existem, informalmente, listas de cânones de cada país), não podemos 
deixar de mencioná-los devido à forte influência que exercem na cultura ocidental, 
principalmente no cinema e na literatura. Por isso, sugerimos que esses escritores sejam 
compreendidos como tópicos ou exemplos de uma produção muito maior do que estamos 
apresentando aqui, ou seja, são pinceladas que servem para aguçar o seu interesse em 
conhecer mais sobre o contexto histórico e outros nomes da literatura anglófona 
relacionados aos períodos de nossa disciplina. Vamos lá? 
 
4.1. Edgar Allan Poe e o Romantismo sombrio 
Entre as várias funções da arte, podemos citar a fuga da realidade e a possibilidade 
de nos ajudar a lidar com os mais variados problemas como algumas delas. Nietzsche dizia 
que a arte nos salva da verdade, mas e quando optamos por conhecer obras de terror cujas 
narrativas são capazes de nos render os piores pesadelos, estamos buscando salvação do 
quê, exatamente? 
 
Talvez Edgar Allan Poe (Boston, 1809 – 1849) pudesse responder à pergunta, dado 
o alcance que sua obra ainda tem nos dias de hoje. Poe foi um grande representante do 
Romantismo estadunidense, no entanto, não da mesma maneira que outros autores 
contemporâneos a ele: se uma das principais características desse movimento literário era 
a manifestação da individualidade, Poe fez isso destacando o lado mais sombrio dos seres 
humanos. 
 
Proveniente de família pobre, Edgar Allan Poe conheceu a miséria e as mazelas 
humanas muito cedo e, quando tinha idade o suficiente, se alistou no Exército como uma 
 
 
20 História da Literatura Anglófona 
 
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forma de garantir sua sobrevivência após ter largado os estudos. Expulso do serviço militar 
e deserdado pelo pai, Poe se mudou para Nova York em 1831 para viver com uma tia: 
 
À época, Poe já havia publicado alguns poemas, sem, contudo, ter atraído a atenção 
do público ou da crítica. Passou então a dedicar-se com afinco à carreira de escritor, 
vivendo de textos publicados em jornais e revistas literárias. Ao final da década de 
1830, o autor já era conhecido entre os literatos e gozava de boa reputação. Sua 
vida profissional, no entanto, era muito inconstante por causa do alcoolismo, o que 
fazia com ele raramente conseguisse manter-se em um emprego por muito tempo, 
apesar do talento como escritor. (FERRO, 2014, 183) 
 
Graças aos seus contos macabros, Poe ficou conhecido como o “pai” da literatura 
Gótica. Não só isso, foi um dos primeiros autores a focar sua produção majoritariamente 
em contos e poemas em vez de romances, ainda assim, apesar de sua fama, morreu jovem 
e pobre, mas sua obra influenciou grandes nomes como Sir. Arthur Conan Doyle (autor de 
Sherlock Holmes) e foi estudado por autores como Machado de Assis. 
 
Sobre suas obras podemos dizer que em relação aos contos, a morte era 
presença constante em praticamente todos eles e os cenários descritos eram sempre 
lúgubres. Já as suas poesias eram concebidas para serem lidas em voz alta devido à 
 Edgar Allan Poe 
 
 
21 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
métrica rígida e extremamente musical de seus versos (FERRO, 2014, pg.185). Entre 
seus principais trabalhos podemos citar: 
 
Contos 
• Berenice (1835) 
• Os Assassinatos da Rua Morgue (1841) 
• O Gato Preto (1843) 
• O Demônio da Perversidade (1845) 
• O Barril de Amontillado (1846) 
 
Poesia 
• Tamerlane (1827) 
• O Verme Vencedor (1837) 
• Silêncio (1840) 
• O Corvo (1845) 
• Um Sonho Dentro de um Sonho (1849) 
 
Trecho de O gato preto 
"Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito 
que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia 
a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. 
Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato. 
 
Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e 
excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não 
era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que 
considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse 
deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo 
especial, mas apenas porque me veio à ideia. 
 
Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predileto e companheiro de 
brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era 
até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua. 
 
 
22 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
(...) Certa noite, ao regressar a casa, completamente embriagado, de volta de um 
dos tugúrios da cidade, pareceu-me que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, 
horrorizado com a violência do meu gesto, feriu-me ligeiramente na mãocom os dentes. 
Uma fúria dos demónios imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia 
que a minha alma original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do 
que demoníaca, saturada de Genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. 
Tirei do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, 
deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo eu 
estremeço ao escrever esta abominável atrocidade."7 
 
4.2. H.P. Lovecraft e o sobrenatural 
Assim como Edgar Allan Poe, Howard Phillips Lovecraft (1890 – 1937) teve seu 
reconhecimento póstumo e morreu na pobreza, ainda que sua obra de estilo gótico e 
sobrenatural tenha influenciado de forma significativa diversas produções da cultura pop 
em todas as mídias. Além de H.P. Lovecraft, Howard também assinou seus trabalhos com 
outros pseudônimos, como Lewis Theobald, Humphrey Littlewit, Ward Phillips e Edward 
Softly. Além de contos, também produziu poesias sombrias e macabras. 
 
Mesmo sua produção sendo ficcional, obras como Necronomicon (O livro dos 
Mortos) são referenciadas não só no meio literário, como também no universo das artes 
ocultas, demonologia e áreas afins, o que rendeu a produção de franquias de filmes de 
terror Uma noite alucinante e a morte do demônio. 
 
Tendo produzido mais de 30 obras entre contos e 
romances, os constantes pesadelos de Lovecraft produziram um 
dos mais aterrorizantes monstros da literatura mundial, o Cthulhu, 
do conto o chamado de Cthulhu (1926), história sobre uma criatura 
assustadora que é uma entidade cósmica maligna, adorada por 
uma seita milenar que busca trazê-la de volta ao nosso plano astral 
– o que desencadearia o apocalipse: 
 
 
7 Leia o texto na íntegra: https://www.netmundi.org/home/2017/o-gato-preto-de-edgar-allan-poe-um-conto-
autobiografico/ 
 
H. P. Lovecraft 
https://www.netmundi.org/home/2017/o-gato-preto-de-edgar-allan-poe-um-conto-autobiografico/
https://www.netmundi.org/home/2017/o-gato-preto-de-edgar-allan-poe-um-conto-autobiografico/
 
 
23 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“(...)Como herdeiro e executor do meu tio-avô, que morrera viúvo e sem filhos, 
esperava-se que eu examinasse seus papéis cuidadosamente, e com esse propósito levei 
todos os seus arquivos e caixas para minha residência em Boston. Grande parte do material 
que organizei será publicado mais tarde pela Sociedade Arqueológica Americana, mas 
havia uma caixa que eu achei extremamente enigmática e que me senti um tanto avesso a 
mostrá-la a outros olhos. Havia sido fechada com cadeado e não encontrei a chave até que 
me ocorreu examinar o chaveiro pessoal que o professor levava sempre no bolso. 
Consegui, de fato, abri-la, mas então pareceu-me que foi só para dar de cara com outro 
segredo ainda maior e mais impermeável. Pois qual poderia ser o significado do estranho 
baixo-relevo de argila e das esparsas anotações, comentários e recortes que achei? Teria 
o meu tio, nos últimos anos de vida, se tornado crédulo das mais superficiais imposturas? 
Resolvi que procuraria o excêntrico escultor responsável por essa aparente perturbação da 
paz de espírito de um velho. 
 
O baixo-relevo era um tosco retângulo com menos de dois dedos de espessura e 
uns doze a quinze centímetros de comprimento, obviamente de origem moderna. O seu 
desenho, contudo, nada tinha de moderno na atmosfera e no que sugeria; pois, embora os 
caprichos do cubismo e do futurismo sejam muitos e desvairados, não reproduzem com 
frequência aquela regularidade críptica que se insinua na escrita pré-histórica. E a maior 
parte daqueles desenhos com certeza parecia algum tipo de escrita, ainda que a minha 
memória, bastante familiarizada com os papéis e coleções do meu tio, não conseguisse 
identificá-la ou sequer suspeitar de suas afiliações mais remotas. 
 
Acima desses hieróglifos aparentes havia uma figura de evidente intenção pictórica, 
embora sua execução impressionista impedisse uma ideia muito clara de sua natureza. 
Parecia um tipo de monstro, ou de símbolo representando um monstro, cuja forma só uma 
mente doentia poderia conceber. Se eu disser que minha algo extravagante imaginação lhe 
atribuía ao mesmo tempo os traços de um polvo, de um dragão e de uma caricatura 
humana, não estarei sendo infiel ao espírito da coisa. Uma cabeça polpuda e tentaculada 
encimava um corpo grotesco e escamoso dotado de asas rudimentares; mas era o contorno 
geral do todo que chocava. Atrás da figura havia uma vaga sugestão de cenário de 
arquitetura ciclópica. 
 
Essa singularidade era acompanhada, além de uma pilha de recortes de jornal, por 
escritos com a caligrafia mais recente do professor Angell, sem qualquer pretensão a estilo 
 
 
24 História da Literatura Anglófona 
 
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literário. O que parecia ser o documento principal tinha por título “CULTO DE CTHULHU” 
em letras de fôrma, para evitar a leitura incorreta de palavra tão inaudita. Esse manuscrito 
estava dividido em duas seções, a primeira das quais intitulada “1925 -Sonho e 
Interpretação do Sonho de H. A. Wilcox, Rua Thomas, 7, Providence, R. L”, e a segunda, 
“Narrativa do Inspetor John R. Lagrasse, Rua Bienville, 121, Nova Orleans, La., na reunião 
de 1908 da S. A. A. – Notas do Mesmo, & Relato do Prof. Webb”. Todos os demais 
manuscritos eram notas breves, sendo algumas delas relatos de sonhos esquisitos de 
diferentes pessoas, citações de livros e revistas teosóficas (principalmente de A Atlântida e 
a Perdida Lemúria de W. Scott-Elliott) ou ainda comentários sobre antiquíssimos e ainda 
remanescentes sociedades secretas e cultos proibidos, com referências a trechos de 
compêndios de mitologia e antropologia tais como O Ramo de Ouro, de James G. Frazer, 
e Culto às Bruxas na Europa Ocidental, de Miss Murray. Os recortes referiam-se 
basicamente a doenças mentais raras e surtos de alucinações coletivas na primavera de 
1925. 
 
A primeira metade do manuscrito principal narrava uma estória muito peculiar. 
Aparentemente no dia 1 ° de março de 1925, um moço magro, moreno, de aspecto 
neurótico e excitado, visitou o professor Angell trazendo consigo o singular baixo-relevo de 
argila, que estava então recente e úmido. Seu cartão trazia o nome de Henry Anthony 
Wilcox e meu tio reconhecera-o como o filho mais novo de uma excelente família que ele 
conhecia superficialmente, e que estivera estudando escultura na Escola de Desenho de 
Rhode Island e vivendo sozinho no edifício Fleur-de-Lys perto daquela instituição. Wilcox 
era um jovem precoce de reconhecido talento, porém grande excentricidade, e desde a 
infância despertara atenção devido às estórias esdrúxulas e aos sonhos bizarros que tinha 
o hábito de contar. Ele chamava a si mesmo de “psiquicamente hipersensível”, mas a gente 
convencional da antiga cidade comercial considerava-o apenas “esquisitão”. Sem nunca se 
misturar muito com os seus, gradualmente afastara-se do convívio social e só era 
conhecido de um pequeno grupo de estetas de outras cidades. Mesmo o Clube de Arte de 
Providence, ansioso por preservar seu conservadorismo, desistira de tê-lo entre seus 
membros(...).”8 
 
 
 
8 Trecho extraído do site Contos do covil: https://contosdocovil.wordpress.com/2008/10/04/o-chamado-de-
cthulhu/ 
 
 
25 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Além de O Chamado de Cthulhu, essas são algumas das histórias que influenciaram 
muito da produção cinematográfica e de histórias em quadrinhos de terror nos anos 1950: 
Dagon; O Cão de Caça; Ar Frio; A Música de Erich Zann; Os Gatos de Ulthar; Celephaïs; 
A Cor Que Caiu do Espaço; O Modelo de Pickman; Navio Branco; A Sombra Vinda do 
Tempo. 
 
 
 
 
 
FERRO, Jeferson. Introdução às literaturas de língua Inglesa. InterSaberes, 
2014.The Poe Museum: www.poemuseum.org 
Melhores histórias de Lovecraft: https://hobbylark.com/fandoms/the-top-10-
lovecraft-stories 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.poemuseum.org/
https://hobbylark.com/fandoms/the-top-10-lovecraft-stories
https://hobbylark.com/fandoms/the-top-10-lovecraft-stories
 
 
26 História da Literatura Anglófona 
 
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5. JANE AUSTEN, MARY SHELLEY, OSCAR WILDE E JAYMES JOYCE 
(REINO UNIDO) 
 
 
Objetivo 
Avançar no conhecimento sobre autores relevantes da literatura anglófona a partir 
do Reino Unido em períodos diversos. 
 
Introdução 
Seguimos nossa viagem literária agora de volta ao Reino Unido com autores 
representantes de gêneros e períodos diferentes. Embora as obras dos autores elencados 
nessa unidade não tenham relação entre si, uma vez que apresentam de estilos de escrita 
completamente diversos, todos eles influenciaram e influenciam a produção de várias 
adaptações, versões para todas as mídias imagináveis. Jane Austen com suas 
personagens femininas destemidas, Mary Shelley com umas das principais obras da ficção 
científica e terror, Oscar Wilde com o aprofundamento de características como narcisismo 
e vaidade de personagens como Dorian Gray e Jaymes Joyce com exploração de recursos 
narrativos como o fluxo de consciência em uma das obras mais emblemáticas e estudadas 
do mundo da Letras. Grupos de literatura no mundo todo se dedicam a discutir esses 
autores, portanto, como alunos de Letras e futuros professores, conhecer ao menos uma 
obra de cada um desses escritores é mais que um dever, é um pré-requisito básico para a 
construção de um repertório necessário para quem ama e trabalha com literatura. 
 
5.1. Jane Austen 
 
https://rhondablogsaboutbooks.com/2019/10/23/author-itinerary-jane-austen/ 
 
 
27 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É possível que você nunca tenha lido um livro de Jane Austen (1775 – 1817), mas, 
tal qual ocorre com as obras de grande relevância mundial, é quase impossível que não 
tenha cruzado com alguma produção inspirada em seus livros. Só para citar um exemplo, 
se em algum momento você parou para assistir ao Diário de Bridget Jones (2001) tendo 
que decidir se mantinha um relacionamento com o incorrigível Daniel Cleaver ou com o 
introvertido Mark Darcy, enquanto narra suas aventuras e desencontros ao longo de seu 
diário, bom, então talvez este tenha sido seu primeiro contato com a obra de Austen. 
 
Estudada com afinco em cursos e grupos de estudos de literatura, a obra de Jane 
Austen foi produzida durante o Romantismo Inglês e permanece atual até hoje, como 
podemos observar por meio das diversas adaptações cinematográficas recentes de seus 
livros. Austen escreveu 7 Romances, entre eles: Razão e Sensibilidade (1811); Orgulho e 
Preconceito (1813); A Abadia de Northanger (1817); Persuasão (1817) e Lady Susan 
(1817). “Seu universo é a burguesia rural da Inglaterra: famílias que vivem 
confortavelmente, sobretudo de renda proveniente de dotes e propriedades herdadas, sem 
grandes preocupações com a vida” (FERRO, 2014, pg. 126). 
 
“Suas tramas, embora fundamentalmente cômicas, destacam a dependência das 
mulheres do casamento para garantir posição social e segurança econômica. Seus 
trabalhos, ainda que muito populares, foram publicados pela primeira vez anonimamente e 
trouxeram sua pequena fama pessoal e apenas algumas críticas positivas durante sua vida, 
mas a publicação em 1869 de A Memoir of Jane Austen, de seu sobrinho, a apresentou a 
um público mais amplo e por volta da década de 1940, ela se tornou amplamente aceita na 
academia como uma grande escritora inglesa. A segunda metade do século XX viu uma 
proliferação de bolsas de estudos sobre Austen e o surgimento de uma cultura de fãs da 
autora. A necessidade de fazer um bom casamento é um dos principais temas de Orgulho 
e Preconceito, mas isso não significa que o romance seja antiquado. De fato, você pode 
achar que pode argumentar que Jane Austen é feminista e seu romance é feminista. É um 
romance sério de várias maneiras, mas também muito engraçado. Todos os parágrafos 
iniciais de Jane Austen e a melhor de suas primeiras frases têm dinheiro neles; essa pode 
ser a primeira coisa obviamente feminina de seus romances, pois o dinheiro e sua produção 
eram caracteristicamente femininos, e não masculinos, na ficção inglesa ... desde seus 
 
 
28 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
primeiros anos, Austen teve o tipo de mente que perguntou de onde vinha o dinheiro no 
qual as mulheres jovens estavam. viver, e exatamente quanto disso havia.”9 
 
Para conhecer melhor a obra de Austen, além da bibliografia sugerida, vale consultar 
os sites e pesquisas dedicados a ela, além de assistir aos filmes inspirados em sua obra. 
Uma das maiores contribuições da escritora foi a de retratar mulheres com complexidade, 
que não se conformavam com o status quo e questionavam as normas sociais vigentes em 
sua época. Observe abaixo um trecho odo diálogo entre Elizabeth e Mr. Darcy no Filme 
Orgulho e Preconceito (2015)10: 
 
Elizabeth: Eu acredito que nós deveríamos conversar um pouco, Mr. Darcy. Pouco 
já seria bastante. Você diria algo sobre a dança, talvez. Eu poderia fazer uma observação 
sobre o número de casais. 
Mr. Darcy: Você tem por norma conversar quando está dançando? 
Elizabeth: Sim, às vezes é melhor. Desse modo podemos desfrutar a vantagem de 
dizermos o mínimo possível. 
Mr. Darcy: Você consulta seus próprios sentimentos neste caso ou busca gratificar 
os meus? 
Elizabeth: Ambos, eu creio. Nós dois somos de natureza antissocial e taciturna, 
avessos a conversas a menos que esperemos dizer algo que surpreenderia a todos na sala. 
Mr. Darcy: Isto, estou certo, não tem a menor semelhança com seu próprio caráter. 
Você vai muito a Meryton? 
Elizabeth: Sim, com frequência. Quando você nos encontrou, nós tínhamos acabado 
de fazer novos conhecidos. 
Mr. Darcy: As boas maneiras de Mr. Wickham fazem com que faça amigos 
facilmente. Se é capaz de mantê-las, não se tem certeza. 
Elizabeth: Ele tem sido desafortunado por perder sua amizade de uma forma que o 
prejudicará por toda sua vida. 
Sir. William Lucas: Permita cumprimentá-lo, Senhor! Tamanha superioridade em 
dançar é raramente vista. Tenho certeza que seu par é tão valoroso quanto você. Espero 
 
9 https://wordsonexpressions.wordpress.com/2014/09/07/jane-austen-and-her-contribution-to-british-literature/ - 
Tradução nossa 
10 https://www.janeausten.com.br/dialogo-de-elizabeth-e-mr-darcy-no-baile-em-netherfield/ 
https://wordsonexpressions.wordpress.com/2014/09/07/jane-austen-and-her-contribution-to-british-literature/
 
 
29 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
que esse prazer se repita frequentemente. Especialmente quando um “’certo’ e desejável 
evento” acontecer. Hein, Miss Lizzy? Quantas congratulações veremos! 
Elizabeth: Senhor, eu acho… 
Sir. William Lucas: Eu entendo! Não deterei você por mais tempo, privando-a de 
seu par encantador! Um grande prazer, Senhor. Excelente! Excelente! 
Elizabeth: Eu lembro de ouvi-lo dizer, uma vez, que você dificilmente perdoa. Que 
seus ressentimentos uma vez suscitados eram implacáveis. Você é cuidadoso, não é, 
quando permite que um ressentimento se forme? 
Mr. Darcy: Eu sou. 
Elizabeth: E nunca se permite ser cegado pelo o preconceito? 
Mr. Darcy: Eu espero que não. Posso perguntá-la onde quer chegar com estas 
questões? 
Elizabeth: Meramente para ilustração de seu caráter. Eu estou tentando vislumbrá-
lo. 
Mr. Darcy: E está sendo bem-sucedida? 
Elizabeth: Não em todos os aspectos. Tenho ouvido relatos tão diferentessobre 
você que me intrigam sobremaneira. 
Mr. Darcy: Eu espero, Miss Bennet, que você não tente esboçar meu caráter neste 
presente momento. O resultado não seria proveitoso para nenhum de nós. 
Elizabeth: Se eu não retratá-lo agora, eu poderei nunca mais ter outra oportunidade! 
Mr. Darcy: De maneira alguma eu a privaria de qualquer um de seus prazeres. 
 
 
 
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5.2. Mary Shelley 
Mary Shelley (1797 – 1851) também é uma representante do Romantismo inglês 
conhecida como a criadora da ficção-científica por ter escrito Franskstein (ou o Prometeus 
Moderno) (1818). O livro, que narra a busca do cientista Victor Frankstein por dar vida a um 
monstro criado a partir de tecidos e órgãos humanos remendados, é reflexo do contexto 
científico e histórico que Mary Shelley vivenciava: na época, circos e atrações de 
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30 História da Literatura Anglófona 
 
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entretenimento traziam experimentos feitos a partir de eletricidade, que era uma novidade, 
tentando reanimar rãs e outros pequenos animais com descargas elétricas em seus corpos. 
Era uma época de bastante progresso científico e filosófico, quando autores refletiam sobre 
questões como ética e moralidade. 
 
Shelley escreveu vários outros romances, incluindo Valperga (1823); As fortunas de 
Perkin Warbeck (1830); Lodore (1835) e Falkner (1837); O último homem (1826), um relato 
da futura destruição da raça humana por uma praga, é frequentemente classificado como 
seu melhor trabalho e que inspirou uma história em quadrinhos muito premiada de mesmo 
nome. 
 
Seu livro de viagens History of a Six Weeks 'Tour (1817) narra a turnê continental 
que ela e Shelley fizeram em 1814 após a fuga e depois relata o verão perto de Genebra 
em 1816. Por isso, vale dizer que Mary Shelley era uma mulher à frente de seu tempo e 
cuja obra merece ser mais bem apreciada por meio de seus livros e das adaptações para 
outras mídias. Conheça um pouco do seu pensamento nesse parágrafo do prólogo de 
Frankstein11: 
 
“O evento a partir do qual se criou esta ficção foi considerado, pelo Dr. Darwin e 
alguns escritores da medicina alemã, como não totalmente impossível. Não desejei de 
modo algum que se tomasse meu relato imaginário por algo que aconteceu; todavia, 
assumindo este trabalho como uma obra de fantasia, não me limitei a concatenar uma série 
de terrores supernaturais. O fato do qual depende o interessa da história está livre das 
desvantagens de um simples conto de fantasmas ou mágica. Ele foi sugerido pela própria 
novidade das situações que desenvolve; e, ainda que impossível como realização física, ao 
delinear as paixões humanas oferece um ponto de vista mais compreensivo e verdadeiro 
para a imaginação do que qualquer forma de relato de fatos reais. 
 
Dessa forma, esforcei-me em preservar a verdade dos princípios elementares da 
natureza humana, ainda que não tenha procurado inovar em suas combinações. A Ilíada, 
a poesia trágica da Grécia, Shakespeare, em A Tempestade e Sonhos de uma noite de 
verão, e especialmente Milton, em Paraíso perdido, obedecem a esta regra; assim a mais 
humilde romancista, que busca proporcionar ou receber algum deleite de seu trabalho deve, 
 
11 FERRO,Jeferson. Introdução às literaturas de língua Inglesa 2014, pg. 122 
 
 
31 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
sem presunção, aplicar à prosa ficcional uma licença, ou melhor, uma regra, a partir da qual 
tantas combinações de sentimentos humanos originais resultaram nas melhores obras de 
poesia. ” 
 
5.3. Oscar Wilde 
Oscar Wilde (1854-1900) foi um dos mais polêmicos representantes da era vitoriana. 
Após se graduar na Universidade de Oxford, ele atuou como poeta e crítico de arte. Em 
1891, ele publicou O Retrato de Dorian Gray, seu mais famoso trabalho, e que foi 
considerado imoral por muitos críticos da época. Wilde também escreveu muitas peças de 
teatro que foram muito bem recebidas, incluindo as satíricas como Lady Windermere's 
Fan (1892), A Woman of No Importance (1893), An Ideal Husband (1895) and The 
Importance of Being Earnest (1895). 
 
 
A partir de 1888, Wilde entrou em um período de sete anos de muita criatividade, 
durante o qual produziu quase todas as suas grandes obras literárias. Em 1888, sete anos 
depois de escrever poemas, Wilde publicou O príncipe feliz e outros contos, uma coleção 
de histórias infantis. Em 1891, ele publicou Intentions, uma coleção de ensaios discutindo 
os princípios do esteticismo, no mesmo ano que publicou o romance O Retrato de Dorian 
Gray. A história é um conto de advertência sobre um jovem bonito, Dorian Gray, que deseja 
(e recebe seu desejo) que seu retrato envelheça enquanto ele permanece jovem e vive uma 
vida de pecado e prazer. No entanto, nenhuma sinopse faz jus à obra, que deve ser 
Oscar Wilde 
 
 
32 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
apreciada a partir dos diálogos que Gray desenvolve com seu amigo Henry e cujas frases 
se tornaram famosas citações entre as diversas que são atribuídas a Oscar Wilde12: 
[…] Hoje em dia, as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se do mais 
elevado de todos os deveres, o dever que tem cada um de nós consigo mesmo. Claro que 
são caridosos. Dão de comer a quem tem fome e vestem os mendigos. Mas suas próprias 
almas andam famintas e nuas […]” (p.24) 
 
“[…] A única maneira de uma pessoa livrar-se da tentação é ceder a ela. Se resistir, 
a alma adoecerá por ansiar pelas coisas que proibiu a si própria, por desejar aquilo que 
suas leis tornaram monstruoso e ilícito. Alguém disse que os grandes acontecimentos do 
mundo têm lugar no cérebro. É também no cérebro, e apenas no cérebro, que têm lugar os 
grandes pecados do mundo […]” (p.25) 
 
“Posso simpatizar com tudo, menos com o sofrimento. Com isto não é possível 
simpatizar. É excessivamente feio, horrível, deprimente. Há algo de intensamente mórbido 
na maneira moderna de simpatizar com a dor. Deveríamos simpatizar com a cor, a beleza, 
a alegria de viver. Quanto menos se falar dos males do mundo, melhor”. (p.48) 
 
“Hoje em dia as pessoas, conhecem o preço de tudo e o valor de nada.” (p.54) 
 
“Quando nos sentimos felizes sempre somos bons, mas quando somos bons nem 
sempre somos felizes.” (p.87) 
 
12 Frases extraídas do livro O Retrato de Dorian Gray. 
Fonte: https://bibliotela.wordpress.com/2014/01/10/trechos-o-retrato-de-dorian-gray-oscar-wilde/ 
 
 Algumas capas de O Retrato de Dorian Gray 
https://bibliotela.wordpress.com/2014/01/10/trechos-o-retrato-de-dorian-gray-oscar-wilde/
 
 
33 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“Cada êxito que obtemos nos traz um inimigo. Para uma pessoa ser popular é preciso 
ser medíocre.” (p.209) 
 
“[…] Cada vez que uma pessoa ama, é a única vez que amou. A diferença de objeto 
não altera a singularidade da paixão. Apenas a intensifica. Na vida podemos ter, no máximo 
uma experiência, e o segredo da vida é reproduzir essa experiência o mais frequentemente 
possível”. (p.210) 
 
Apesar do reconhecimento, sua fama não o impediu de ser preso durante dois anos 
por homossexualidade em 1895, pois o envolvimento com pessoas do mesmo gênero era 
considerado crime grave contra a decência e a moral. Ele acabou morrendo na pobreza 3 
anos após ser solto. 
 
5.4. James Joyce 
Como já destacado anteriormente, nenhuma produção humana é desprendida de um 
contexto. Isso significa dizer que também a literatura desempenha importante papel como 
elemento ativo nos processos de mudanças culturais, seja por meio da reflexão que 
proporciona, seja por meio dos experimentos com a linguagemou como uma forma de 
retratar um determinado período histórico. Assim, alguns nomes do período pós-vitoriano 
tiveram importância significativa para a história da literatura mundial e um deles foi James 
Joyce. 
 
Ferro (2014, pg. 240) ressalta que Joyce (1882-1941) é provavelmente o autor mais 
cultuado depois de Shakespeare nas letras inglesas, aparecendo, obrigatoriamente, nas 
listas dos escritores mais importantes de toda a história da literatura mundial. O autor 
irlandês escreveu romances e poesias, chamando a atenção de grandes nomes da crítica 
literária da época. Seu livro Ulisses, que explora o recurso do fluxo de consciência13, o 
tornou uma celebridade literária. Seu vasto repertório era proveniente de uma vida dedicada 
aos estudos literários: apaixonado por línguas e livros, aprendeu norueguês, além de outras 
15 línguas, para ler as peças do dramaturgo Henrik Ibsen e passava seu tempo livre 
analisando obras de Aristóteles e Thomás de Aquino. 
 
 
13 Técnica literária que busca transcrever o processo de pensamento e raciocínio de um personagem. 
 
 
34 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Representante do modernismo inglês, Joyce publicou seu primeiro livro em 1914, 
Dublinenses, uma coleção de 15 contos, dois anos antes de publicar o romance O Retrato 
do Artista quando jovem. Também em 1914 que Ulisses foi publicado, estabelecendo então 
um grande marco para a literatura mundial. A história reconta um único dia em Dublin, 16 
de junho de 1904, e envolve 3 personagens centrais: Stephen Dedalus, Leopold Bloom, um 
pregador judeu, e sua esposa Molly Bloom, além da vida cotidiana que se desenrola diante 
deles. Porém, Ulisses também é uma versão moderna da Odisséia, de Homero, com seus 
personagens Telemaco, Ulisses e Penélope repaginados. 
 
O maior trunfo de Joyce foi certamente o de explorar com propriedade o monólogo 
interior, de forma que o leitor se aprofunde nos pensamentos e na mente de Bloom por 
meio do fluxo de consciência do personagem, o que influenciou significativamente a forma 
de se escrever romance a partir de então. Ainda que muito reconhecido por seu estilo, a 
leitura de Ulisses ainda e um grande desafio para estudantes de Letras no mundo todo, 
devido à complexidade da obra. 
 
Devido a parte de seu conteúdo ter sido considerado obsceno em alguns países, ele 
sofreu censura e foi impedido de ser publicado no Reino Unido e nos Estados Unidos por 
alguns anos até ser publicado na França e, posteriormente, após briga judicial, nos EUA. 
 
Seu livro seguinte, Finegans Wake, publicado em 1939, se tornou sucesso imediato, 
permanecendo nas listas de melhores livros da semana por muito tempo após seu 
lançamento. Nessa história, Joyce “brinca” com as palavras ao misturar realidade com um 
universo onírico de forma experimental, o que o torna um livro considerado de difícil leitura: 
 
Trata-se de um sonho (ou seria um delírio) de Joyce. A História do mundo 
juntamente com vários elementos da história nacional irlandesa surge 
inesperadamente durante a narrativa. Como já havia dito sobre Ulisses, parece que 
Joyce está em uma sessão de psicanálise, onde ele simplesmente coloca para fora 
todas as suas idiossincrasias pessoais. 
A história de Finnegans Wake não é linear. Joyce reproduz em sua história do 
mundo a narrativa cíclica do grande filósofo italiano Giambattista Vico (citado várias 
vezes no livro). Em sua obra máxima de filosofia, A Ciência Nova, Vico dividiu a 
história humana entre a Idade dos Deuses, a Idade dos Heróis e a Idade dos 
Homens. Vico toma como paradigma de sua narrativa o poeta grego Homero. Para 
ele, Homero foi um Teólogo-Poeta, que criou a base de uma civilização a partir de 
sua narrativa. A língua dos heróis, que veio antes da linguagem humana, é uma 
 
 
35 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
língua feita por símbolos. O principal, para Vico, que mesmo que a história seja 
cíclica, ou seja, com períodos gloriosos seguidos da barbárie (Antiguidade-Idade 
Média), há sempre a presença de providência divina guiando os Homens. Através 
das línguas e das religiões dos diferentes povos, podemos ter uma noção da 
HISTÓRIA IDEAL ETERNA. (PIMENTA, 2016) 
 
Como muitos autores informam, Finnegans Wake mistura diversas línguas em uma 
narrativa não linear, o que confere à obra uma autenticidade inegável. No entanto, por ser 
tão desafiadora, acaba afastando muitos leitores. Você tentaria vencer esse desafio? Quais 
outros livros considerou muito complicados, mas conseguiu terminar? 
 
 
 
 
FERRO, Jeferson. Introdução às literaturas de língua Inglesa. InterSaberes, 
2014. 
PIMENTA, Felipe. Resenha: Finnegans Wake, de Jaymes Joyce. Disponível em: 
https://felipepimenta.com/2016/05/18/resenha-finnegans-wake-de-james-
joyce/ Acesso em dez. 2019 
ROYOT, Daniel. A literatura Americana. Ática, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://felipepimenta.com/2016/05/18/resenha-finnegans-wake-de-james-joyce/
https://felipepimenta.com/2016/05/18/resenha-finnegans-wake-de-james-joyce/
 
 
36 História da Literatura Anglófona 
 
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6. ARTHUR CONAN DOYLE, CHARLES DICKENS, AGATHA CHRISTIE 
E BRAM STOKER (REINO UNIDO) 
 
Objetivo 
Aprofundar conhecimento sobre autores relevantes da literatura anglófona a partir 
do Reino Unido em períodos diversos. 
 
Introdução 
Seguimos nossa trajetória no Reino Unido explorando autores de fantasia, suspense, 
terror que produziram obras icônicas em diversos estilos que também influenciaram muitos 
escritores, dramaturgos e cineastas que vieram depois deles. Ainda que nossa ordem de 
apresentação não seja cronológica e nem necessariamente suas produções tenham 
relação entre si, todos eles são extremamente relevantes independentemente do contexto 
em que tenham publicado seus livros. Vamos lá? 
 
6.1. Arthur Conan Doyle 
Responsável pela construção de um dos personagens mais icônicos da cultura pop 
mundial, o médico escocês Sir Arthur Conan Doyle (1859 – 1903) escreveu o que seria a 
primeira história do famoso detetive Sherlock Holmes quando ainda estava na faculdade. 
Um estudo em vermelho, publicado em 1887, era o primeiro de uma coleção de 60 contos 
sobre os casos policiais desvendados a partir da dedução analítica de Holmes e seu fiel 
assistente, Watson. 
 
Fortemente influenciado por Edgar Allan Poe, seus primeiros textos aceitos para 
publicação em revistas eram contos de mistério como o Mistério do vale Sasassa,sem 
imaginar que quando estivesse no terceiro ano da faculdade de medicina, uma grande 
aventura o esperava: ele foi convidado a atuar como médico no navio baleeiro Hope, que 
seguia para o círculo polar Ártico e lhe rendeu uma história sobre o mar chamada o Capitão 
da Estrela do Norte. 
 
 
37 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Após ter iniciado sua prática médica enquanto tentava se destacar como escritor, 
Doyle chegou a enfrentar dificuldades financeiras, mas como o lançamento de Um estudo 
em vermelho, quando apresentou Holmes e Watson, a fama de excelente escritor comercial 
o alcançou e isso lhe gerou um certo dilema, pois apesar do sucesso do detetive mais 
famoso do mundo, ele também produziu uma série de romances históricos, poemas e peças 
teatrais que ele esperava que lhe rendessem crédito como um escritor “sério”. 
 
Com o destaque que havia alcançado, Doyle foi requisitado por uma grande editora 
a escrever um novo conto sobre Holmes. Assim, O signo dos quatro, publicado em 1890, 
foi responsável pelo estabelecimento de Doyle e Holmes nos anais da literatura mundial de 
uma vez por todas. 
 
Mesmo com o sucesso de seus contos, Doyle insistiuna prática médica e abriu 
consultório em Londres, mas não era procurado pelos pacientes, o que o deixava com 
bastante tempo livre para escrever. Foi devido ao “fracasso” de sua carreira médica que ele 
acabou tomando a decisão de escrever uma série de contos apresentando o mesmo 
personagem. 
 
Página do diário que Doyle mantinha enquanto estava a bordo do Hope. Fonte: 
https://www.arthurconandoyle.com/biography.html 
 
 
38 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Apesar de ter ficado conhecido por Sherlock Holmes, sua produção não resumiu aos 
casos do detetive. Entre peças, romances, ensaios e textos sobre espiritualismo, suas 
obras são inúmeras e entre as principais, podemos citar: Um Estudo em Vermelho (1887); 
O Signo dos Quatro (1890); Um Escândalo na Boêmia (1891); O Mistério do Vale Boscombe 
(1891); As Aventuras de Sherlock Holmes (1892); Ritual Musgrave (1893); O Problema 
Final (1893); O Arquivo Secreto de Sherlock Holmes (1902); O Cão de Baskervilles (1902); 
A Volta de Sherlock Holmes (1905); O Mundo Perdido (1912); O Detetive Moribundo (1913); 
O Vale do Terror (1915); A Vampira de Sussex (1924). 
 
Tendo influenciado as histórias de detetive que viriam a seguir, Sherlock Holmes 
encantava e encanta leitores do mundo todo devido ao seu método de dedução analítica 
que o levava às maiores aventuras para resolver seus casos. A quantidade de filmes, peças, 
séries e adaptações de suas histórias são incontáveis. 
 
“Não há nada mais enganoso que um fato óbvio” (Sherlock Holmes) 
 
Fonte: https://www.seekpng.com/ipng/u2t4u2a9t4a9i1i1_sherlock-holmes-quote-
wall-sticker-sherlock-holmes-silhouette/ 
 
 
39 História da Literatura Anglófona 
 
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Conan Doyle modelou os métodos e maneirismos de Holmes a partir dos do Dr. 
Joseph Bell, que havia sido seu professor na Faculdade de Medicina da Universidade de 
Edimburgo. Em particular, a capacidade misteriosa de Holmes de reunir evidências com 
base em suas habilidades aprimoradas de observação e raciocínio dedutivo é equivalente 
ao método de Bell de diagnosticar a doença de um paciente. Holmes ofereceu algumas 
dicas sobre seu método, alegando que "Quando você exclui o impossível, o que resta, por 
mais improvável que seja, deve ser a verdade". Suas habilidades de detecção se tornam 
claras, embora não menos surpreendentes, quando explicadas por seu companheiro, Dr. 
John. H. Watson, que relata os casos criminais que perseguem em conjunto. Embora 
Holmes rejeite elogios, declarando que suas habilidades são "elementares", a frase 
frequentemente citada "Elementar, meu querido Watson", nunca aparece de fato nos 
escritos de Conan Doyle14. 
 
6.2. Charles Dickens 
Charles Dickens (1812- 1870) foi um representante do realismo crítico. Ele viu os 
males da sociedade burguesa de seu tempo e suas obras se tornaram uma grande crítica 
do sistema burguês como um todo. 
 
Dickens nasceu em 1812, perto de Portsmouth. Era o filho mais velho de um 
balconista de um grande escritório naval, e a família vivia com o pequeno salário de seu 
pai. O pai era frequentemente transferido de um lugar para outro e seus pais sempre 
conversavam sobre dinheiro, contas. e dívidas. Charles e sua irmã mais velha foram para 
a escola e, depois das aulas, ele costumava correr para as docas e observar navios e 
pessoas trabalhando. Muitas fotos foram guardadas em sua memória, que o escritor usou 
mais tarde em seus romances. Charles gostava de ler livros. Além disso, ele gostava de 
cantar, recitar poemas e atuar. 
 
Estabelecer a origem de Dickens é de extrema importância, pois seu contexto 
determinou a criação dos cenários e situações vividas pelos personagens de suas histórias, 
que lhe alçariam ao posto de um dos mais importantes escritores de prosa da Era Vitoriana 
com seu estilo “romântico-realista”: 
 
 
14 https://www.britannica.com/topic/Sherlock-Holmes. 
 
 
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Filho de família modesta, Charles Dickens sofreu na pele as dores que em sua obra 
os personagens encarnariam. Aos 12 anos de idade, viu-se obrigado a trabalhar 
para ganhar o sustento de sua família, pois seu pai fora preso por causa de dívidas. 
Apesar da infância atribulada e sofrida, a muito custo ele conseguiu se matricular 
em uma escola, onde não apenas receberia alguma educação, mas também 
inspiração para retratar em sua obra o cruel sistema de repressão aplicado às 
crianças pobres na Era Vitoriana, universo bem retratado em Oliver Twist (1837). 
(FERRO, 2014, pg. 132) 
 
 
 
 
Dickens criou um tipo de estilo chamado de romance social, pois era capaz de 
retratar o grande abismo existente entre ricos e pobres na sociedade inglesa da época, 
além de retratar a vida cotidiana das pessoas que viviam nas grandes cidades do século 
XIX, como políticos, advogados, padres, jornalistas, professores, operários, aristocratas, 
moradores de rua, crianças abandonadas... 
 
Entre suas principais obras estão: Os papéis póstumos do Pickwick Club (1837); 
Oliver Twist (1838); Os livros de Natal (1843-48); Tempos difíceis (1854) e Grandes 
expectativas (1861), sendo Oliver Twist seu trabalho mais conhecido, onde ele explora a 
vida das pessoas em situação de rua em uma narrativa focada no protagonista de 11 anos: 
 
 Artful Dodger batendo carteira para a surpresa de Oliver Twist 
(extrema direita); ilustração de George Cruikshank para Oliver Twist, 
de Charles Dickens. Fonte: https://www.britannica.com/topic/Oliver-
Twist-novel-by-Dickens 
 
 
41 História da Literatura Anglófona 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“Oliver, órfão desde o nascimento, passa grande parte de sua infância em um 
orfanato com muitas crianças e pouca comida localizado a cerca de 70 milhas fora de 
Londres. Uma noite, depois de receber sua porção de mingau, Oliver pede uma segunda 
porção. Isso é inaceitável, e Oliver é enviado para trabalhar como aprendiz de um agente 
funerário. Eventualmente, depois de sofrer repetidos maus-tratos, Oliver foge e segue para 
Londres. Ele logo se encontra na presença do Artful Dodger, que diz para ele ficar na casa 
de um "velho cavalheiro" (chamado Fagin) com vários outros meninos. Oliver descobre que 
esses meninos são batedores de carteira treinados. Em uma excursão, Oliver testemunha 
os meninos pegando um lenço do Sr. Brownlow, um homem idoso, que leva Oliver a fugir 
com medo e confusão. O homem idoso confunde o comportamento de Oliver por culpa e o 
prende. No entanto, depois de aprender mais sobre Oliver, Brownlow percebe seu erro e 
se oferece para cuidar dele em sua casa. 
 
Oliver presume estar livre de Fagin e dos batedores de carteira, mas Fagin o 
encontra e o envia em uma missão de roubo com outro membro do grupo para o interior de 
Londres. Nesta tarefa, Oliver leva um tiro no braço e é levado pela família (os Maylies) que 
ele tentou roubar. Enquanto ele está lá, Fagin e um homem chamado Monks planejam 
recuperá-lo. Rose Maylie, em uma viagem a Londres com sua família, se reúne com 
Brownlow para conversar com Nancy, que se afastou de Sikes para explicar os planos feitos 
por Monks e Fagin para recuperar Oliver. Ela descreve Monks e diz a eles quando ele pode 
ser mais facilmente apreendido. Infelizmente para Nancy, as notícias de sua traição chegam 
a Sikes, e ele bate nela até a morte. Sikes acidentalmente se enforca logo depois. Os 
Maylies reúnem Oliver com Brownlow, que obriga Monks a se explicar. O leitor e Oliver são 
informados de que Monks é o meio-irmão de Oliver e que Oliver tem direito a uma grande 
fortuna. Ele recebe sua parte do dinheiro, Fagin é enforcado e os Maylies, Oliver e Brownlow 
se mudam para o campo, onde passam o resto de seus dias juntos.”15 
 
6.3. Agatha Christie 
Criadora do detetive Poirot, Agatha Christie (1890 – 1976) manteve

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