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Saúde do Idoso Política Nacional do idoso. O idoso no contexto social. Processo de envelhecimento. Síndromes e doenças prevalentes. Assistência de enfermagem ao idoso. Maus tratos na velhice. Estratégias de intervenção na assistência ao idoso. Legislação do idoso; lei 8842/90, Lei 1948/96, port. 280/97, Lei 10048/00. Assistência de enfermagemdomiciliária (home care). Manutenção da capacidade funcional e integração sociofamiliar. Avaliação funcional. Enfermagem em Prof. Tácyo Lima APRESENTAÇÃO O envelhecimento populacional é uma realidade, desta forma, os serviços de saúde, bem como os seus profissionais, necessitam preparar-se para atender à demandas existentes. O entendimento do processo de alterações orgânicas, morfológicas e funcionais que ocorrem com o envelhecimento (senescência) e das modificações determinadas pelas afecções que frequentemente acometem a pessoa idosa (senilidade) é fundamental para a prestação de uma assistência de qualidade nos níveis de promoção, proteção e recuperação da saúde. Este é um material pedagógico que corresponde a disciplina, Enfermagem em Saúde do Idoso, tendo uma carga horária de 60 horas/aulas do quarto ciclo do curso. Este material do Curso Técnico em Enfermagem, tem por objetivo orientar as ações de enfermagem na atenção à Saúde da Pessoa Idosa nos diferentes locais de atendimento deste público, apontando peculiaridades a serem abordadas, visando um atendimento diferenciado, promovendo o máximo da autonomia e independência desta população. Sei que a expectativa é imensa em relação à disciplina, imaginando quais os conhecimentos serão trabalhados para a aquisição das competências para atuar na área de geriatria e gerontologia. Convido-o (a) a folhear o manual! Nele irá encontrar os objetivos de aprendizagem referentes ao tema que serão trabalhados. Com o intuito de qualificar o processo de ensinoaprendizagem, este material é um instrumento pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar o processo de estudo em sala de aula. Embasado em métodos dinâmicos e em situações problema que aborda os conteúdos de forma participativa, o que desenvolve no aluno o senso critico e facilita o aprendizado por meio da metodologia de estudo ativo. Espero colaborar para a consolidação do conhecimento e para a formação de Técnicos em Enfermagem qualificados para exercer sua prática profissional orientada pelo saber técnico, fundamentado no conhecimento científico consolidado e capaz de acompanhar os avanços das pesquisas na área da saúde. Allan Tácyo Souza Lima. Professor. SUMÁRIO Introdução......................................................................................... 6 Epidemiologia.................................................................................... 7 Avaliação Multidimensional............................................................... 10 Caderneta de Saúde da Pessoas Idosa........................................... 16 Comunicação ................................................................................... 21 Atividades de Vida Diária.................................................................. 32 Depressão......................................................................................... 34 Delirium............................................................................................. 40 Doença de Alzheimer........................................................................ 44 Demências ....................................................................................... 47 Quedas ............................................................................................ 51 LEI 10.741 -Direito a Vida................................................................ 55 LEI 10.741 – Direito a Saúde............................................................ 58 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa................................... 61 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar as alterações fisiológicas que caracterizam o processo de envelhecimento. Identificar o idoso no ambiente social. Reconhecer os fatores de risco a saúde e ao bem estar do idoso. Reconhecer as alterações consideradas patológicas no idoso. Conhecer as medidas de promoção da saúde e prevenção de agravos ao idoso. Identificar as estratégias de intervenção na assistência ao idoso. Conhecer o estatuto do idoso. Reconhecer a capacidade funcional do idoso. Conhecer os programas de atividades físicas e sociais voltadas para a saúde do idoso. Conhecer os cuidados higiênicos respeitando os sentimentos do idoso relativos ao pudor. Conhecer as necessidades nutricionais do idoso, levando em consideração as suas características pessoais. Descrever medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças do idoso. Identificar a assistência de enfermagem ao idoso acamado; Conhecer as intercorrências que signifiquem maus tratos. Descrever orientação ao idoso e seus familiares para o auto cuidado. Reconhecer a importância da humanização nos procedimentos de enfermagem. Demonstrar respeito o corpo humano de forma holística. CONTEÚDO Política Nacional do idoso. O idoso no contexto social. Processo de envelhecimento. Síndromes e doenças prevalentes. Assistência de enfermagem ao idoso. Maus tratos na velhice. Estratégias de intervenção na assistência ao idoso. Legislação do idoso; lei 8842/90, Lei 1948/96, port. 280/97, Lei 10048/00. Assistência de enfermagem domiciliária (home care). Manutenção da capacidade funcional e integração sociofamiliar. Avaliação funcional. 6 INTRODUÇÃO Com o crescimento da população idosa no Brasil é preciso buscar soluções para os anseios e necessidades da pessoa idosa, conhecendo de que maneira o indivíduo encara a velhice sob o aspecto biopsicossocial, com suas esperanças e desilusões, e sua família precisa ser instruída quanto à convivência e os cuidados, pertinentes ao idoso. A inversão da pirâmide etária nacional, chamada de transição demográfica, traz consequências diretas ao sistema de saúde, pois, com a população envelhecendo, se faz necessário o desenvolvimento de novas estratégias de promoção a saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação. A redução das taxas de mortalidade é uma conquista da humanidade. As explicações para essa inversão são as melhorias do padrão de vida da população e o desenvolvimento das forças produtivas, as contribuições da inovação médica, os programas de saúde pública, o acesso ao saneamento básico e a melhoria da higiene pessoal. O Brasil não está preparado para a inversão da pirâmide etária, e são indispensáveis mudanças para acolher essa faixa etária que vem acendendo a cada dia, no entanto, o mapa epidemiológico de doenças e inaptidões que provocam sequelas e são imprescindíveis políticas de saúde que abonem à atenção integral a saúde da pessoa idosa. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa veio agregar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) que garantem à atenção integral a saúde de todas as pessoas, visando requerer a autonomia e a independência dessa faixa etária, não exclusivamente na prevenção e controle de agravos, mas também sua saúde por completo: mental, física, social e funcional, propiciando assim sua autonomia. O Técnico de Enfermagem faz parte da equipe de Enfermagem, e está alicerçado pela qualidade da assistência e segurança do paciente, com as habilidades necessárias que essa demanda de saúde requer, a fim de garantir o bem-estar e qualidade de vida dos idosos. Com objetivo de demonstrar a importância da equipe de enfermagem na assistência ao paciente idoso, estudaremos as ações para melhorar a qualidade de vida, baseando-se na humanização segundo a Política deNacional de Atenção Básica. 7 EPIDEMIOLOGIA A Transição do Perfil Demográfico e Epidemiológico Brasileiro: O Brasil passa por um rápido e intenso processo de envelhecimento da sua população. De acordo com dados do IBGE, a expectativa de vida ao nascer dos brasileiros tem aumentado progressivamente e, em 2016, alcançou uma média de 75,72 anos. Uma pessoa nascida no Brasil em 2017 tinha expectativa de viver, em média, até os 76 anos. Isso representa um aumento de três meses e 11 dias a mais do que para uma pessoa nascida em 2016. Em torno de 29 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais, o que equivale a 14,3% da população total (IBGE, 2015) e as projeções apontam que, em 2030, o número de idosos superará o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos em cerca de 2,28 milhões. Em 2050, a população idosa representará cerca de 30% da população brasileira, enquanto as crianças, 14%. À medida que envelhece, a população passa a apresentar um perfil epidemiológico diferenciado, caracterizado pelo aumento progressivo da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. Contudo, a população não envelhece da mesma forma: há pessoas idosas que permanecem absolutamente capazes de realizar as suas atividades cotidianas por si mesmas, ainda que apresentem doenças crônicas ou outras condições importantes de saúde. A presença de múltiplos problemas de saúde e a idade avançada não implicam, necessariamente, dependência para a realização das suas atividades da vida diária, ou dependência funcional. Discriminação etária é a visão estereotipada da velhice que pode levar à discriminação contra indivíduos ou grupos simplesmente com base em sua idade. Não existe idoso “típico”, nem processo de envelhecimento igual para todos. Fatores que interferem no processo de envelhecimento: 8 Herança genética Ambientes físicos e sociais Condições socioeconômicas Condições culturais Relação familiar Gênero Identidade étnico-racial. No Brasil, 30,1% das pessoas com 60 anos ou mais apresentam limitação funcional, definida pela dificuldade para realizar pelo menos uma entre dez atividades básicas ou instrumentais da vida diária. As atividades da vida diária (AVD) são tarefas cotidianas no ambiente onde vivemos, sejam nos domicílios ou fora deles, e tarefas de cuidado com o próprio corpo. Atividades de vida diária (AVD): Atividades instrumentais da vida diária (AIVD) envolvem habilidades para administrar o ambiente e aspectos relacionados à gerência da vida, que também se relacionam com a integração da pessoa na comunidade. São consideradas atividades como administrar as próprias finanças, fazer compras, usar o telefone, tomar medicamentos na hora e dose corretos, sair de casa sozinho, utilizar vários tipos de transporte e outras atividades que demandam atuação familiar, social e na comunidade. Atividades básicas de vida diária (ABVD): envolvem os cuidados diários com o próprio corpo, como tomar banho, fazer a higiene pessoal, vestir-se, alimentar-se, usar o vaso sanitário e ter o controle de fezes e urina (controle esfincteriano). Além dessas, também compõem as atividades da vida diária: fazer e receber visitas; participar de atividades culturais, de recreação e de lazer; dirigir; viajar; fazer trabalhos voluntários ou remunerados; participar de atividades da vida comunitária e cidadã (reuniões, organizações, associações e grupos sociais), sendo denominado Atividade de Vida Diária Avançada. A perda de capacidade para a realização de atividades fundamentais para a vida diária indica um processo de declínio funcional. O referido guarda certa hierarquia: primeiramente a pessoa apresenta dificuldades para realizar as atividades mais complexas para, depois, experimentar dificuldades na realização das atividades mais básicas da vida diária. 6,8% das pessoas idosas possuíam limitação funcional para realizar, sozinhas as ABVD 17,3% dos idosos possuíam limitação funcional para realizar, sozinhas, as AIVD. 9 A atenção às pessoas idosas considera, principalmente, a limitação funcional e o nível de dependência de familiares ou de outros cuidadores para o exercício de suas atividades de vida. Implicam para uma perspectiva de cuidado de longa duração, a qual traz para os sistemas de saúde – público e de assistência suplementar – demandas crescentes por procedimentos de média e alta complexidade, por serviços de reabilitação e de internação: Maior prevalência das doenças crônicas não transmissíveis Multimorbidades Dinâmica das condições de independência e autonomia As limitações funcionais Datas Importantes no Envelhecimento: 15 de Junho – Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa; 23 de Junho – Dia Mundial de Prevenção a Quedas; 26 de Agosto – Dia do Cuidador Voluntário; 21 de Setembro - Dia Mundial da Doença de Alzheimer; 01 de Outubro – Dia Internacional da Pessoa Idosa - Instituído pela Lei nº 11.433 de 28 de Dezembro de 2006. ANOTAÇÕES 10 AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL “Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde (OMS, 2015) O envelhecimento saudável é processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avançada”. A capacidade funcional, por sua vez, é definida como a interação entre os recursos físicos e mentais do próprio indivíduo (a capacidade intrínseca da pessoa) e os ambientes (físicos e sociais) em que este indivíduo está inserido, para a realização de atividades consideradas importantes para si e para sua sobrevivência. Aproximadamente 25% da capacidade intrínseca, ou seja, dos recursos físicos e mentais das pessoas, na velhice se explica pelos fatores genéticos e 75% se deve em grande parte aos efeitos acumulados dos hábitos da pessoa e aos fatores ambientais a que foi exposta; isto é, há um forte impacto dos determinantes sociais no funcionamento da pessoa na velhice (OMS, 2015). O envelhecimento é um processo fisiológico (normal) do ser humano e universal, pois atinge todos os indivíduos que vivem mais de 60 anos. Caracteriza-se por uma perda gradual nas reservas do organismo, com aumento do risco de contrair doenças e declínio na capacidade física e mental. Vale ressaltar que esse processo, apesar de universal, varia de um indivíduo para outro, ou seja, uns envelhecem "melhor" que outros, dependendo de fatores genéticos e ambientais. Todos que chegam à velhice experimentam as alterações fisiológicas (normais) desse processo, o que denominamos SENESCÊNCIA. Por exemplo, temos a leve perda auditiva (presbiacusia), diminuição da visão (presbiopia), leve alteração da memória, entre outras mudanças que não caracterizam doenças. Diferentemente da SENESCÊNCIA, o termo SENILIDADE abrange processos patológicos (doenças) “típicos da velhice” que podem acometer alguns indivíduos, como doença do coração, câncer, demências (por exemplo, a Doença de Alzheimer), depressão etc. Autonomia X Independência As ações e as intervenções de saúde e das demais políticas públicas devem ser planejadas, organizadas e implementadas de modo que possibilitem às pessoas alongarem o máximo possível a sua independência e autonomia, podendo cuidar de si mesmas e realizar atividades consideradas importantes para sua sobrevivência, em trajetórias positivas de envelhecimento, considerando os múltiplos aspectos que as afetam. 11 Autonomia É a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com suas próprias regras e preferências. Exemplo: o idoso pode decidir o horário em que vai realizar uma refeição; a roupa que vai vestir etc. Independência É entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária, a capacidadede viver de forma independente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outrem. Limitações: Doenças agudas ou crônicas: Agravos como quedas ou outros acidentes; Questões relativas a processos psicológicos; Situações sociais, econômicas e culturais. As quedas são as principais causas de dependências em idosos. Um idoso em processo de depressão também pode levar a um processo de dependência. Observe abaixo o gráfico que demonstra as atribuições dos serviços de saúde no que tange aos cuidados com o idoso de acordo com a sua capacidade funcional. 12 Idoso: Capacidade Funcional Alta e Estável Promoção de hábitos de alimentação saudáveis; Incentivo à realização de atividades físicas; Controle do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas, medicamentos e outras drogas; Promoção de atividades coletivas de socialização; Prevenção de doenças transmissíveis (como as infecções sexualmente transmissíveis – IST e as doenças pneumocócicas); Prevenção e controle de doenças não transmissíveis (como diabetes e hipertensão); Práticas integrativas e complementares: yoga, meditação e acupuntura, entre outras, que oferecem diferentes recursos terapêuticos da medicina tradicional e complementar/alternativa. Idoso em Declínio Funcional Ofertar cuidados que revertam, diminuam ou retardem ao máximo possível a continuidade desse curso. 13 Além de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos e de doenças, são necessárias ações de tratamento, reabilitação e controle estrito de condições crônicas estabelecidas. Situações agudas que demandem serviços de urgência e emergência ou internação hospitalar devem ser acompanhadas muito proximamente, em especial no regresso ao lar, pós-alta, para prevenir o agravamento do declínio funcional e do quadro geral de saúde. Avaliação Multidimensional Avaliação multidimensional permite a compreensão ampliada e integral do estado de saúde de um determinado indivíduo, buscando identificar e intervir nas áreas mais comprometidas e que podem afetar sua funcionalidade. Dimensões Dimensão Clínica É considerado o histórico de saúde-doença por meio de uma anamnese ampliada e centrada no idoso, e o exame físico tradicional, buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas etc.), doenças crônicas e 14 agudas, as intervenções médicas já sofridas ao longo da vida, hábitos, antecedentes familiares, a quantidade e os tipos de medicamentos utilizados. Dimensão Psicossocial Enfatiza os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos e à saúde mental de forma geral, atentando tanto para situações de sofrimento psíquico quanto de transtornos mentais estabelecidos. A avaliação psicossocial compreende o entendimento da dinâmica familiar, do suporte familiar e social, de questões econômicas, culturais, ambientais, étnico-raciais, de gênero, por tratar de aspectos que frequentemente interferem nas condições de saúde das pessoas. O desempenho físico e social do idoso depende da integridade de suas funções cognitivas e o humor tem uma função indispensável para a preservação da autonomia do indivíduo, sendo essencial para a realização das atividades de vida diária. Depressão e ansiedade são os principais transtornos de humor que trazem importantes impactos para a saúde e para a capacidade funcional nas idades avançadas, além de serem importantes fatores de risco para o suicídio. As mortes relacionadas ao suicídio, no período de 2011 a 2016, foram prevalentes entre pessoas com mais de 70 anos (taxa de 8,9/100 mil habitantes). Fatores que estão associados ao risco de suicídio: Depressão, de outros distúrbios psiquiátricos; Doenças degenerativas que causam dependência ou sofrimentos físicos insuportáveis; Perda da autonomia; Isolamento/solidão; Falta de suporte social e inatividade combinados com outros fatores como baixa autoestima, abuso de bebidas alcoólicas, vivência em ambiente familiar conflituoso, entre outros. 15 O sofrimento psíquico e os transtornos mentais podem tanto estar ligados a: Causas endógenas. Isolamento. Perdas próximas significativas. Situações de violência. Insegurança ou exploração econômica. Privação de direitos básicos, como ir e vir e fazer suas próprias escolhas, por imposições de familiares e/ou outros cuidadores. Estresse e risco de adoecimento de cuidadores. Ainda na avaliação psicossocial, é fundamental avaliar sinais de comprometimento cognitivo, da comunicação, da memória e alterações comportamentais, uma vez que podem ser indicativos da presença de demências. Demência é um termo genérico que se refere a várias enfermidades, em sua maioria progressivas, que afetam a memória e outras capacidades cognitivas e comportamentais, interferindo na capacidade das pessoas de realizarem suas atividades diárias. A doença de Alzheimer é uma das formas frequentes de demência, no entanto, existem outras formas comuns como a demência vascular, a demência de corpos de Lewy e a demência frontotemporal. Dimensão Funcional Considera de forma objetiva se uma pessoa é capaz ou não de realizar atividades da vida diária. Esta dimensão busca averiguar o grau de dificuldade e a necessidade de auxílio de outras pessoas para a realização das atividades da vida diária, detectando se são parciais, em maior ou menor grau, ou totais. O aspecto funcional da avaliação multidimensional também considera o ambiente físico em que a pessoa está inserida, seja na sua própria residência, em instituições de acolhimento, no seu bairro ou comunidade, buscando identificar os elementos que impõem obstáculos ou promovem condições para o desempenho das ABVD e AIVD. 16 CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA Neste capitulo, falaremos de duas ferramentas existentes para elaborar planos de cuidados relacionados à saúde do idoso. Falaremos da avaliação multidimensional, onde utilizaremos a caderneta de saúde do idoso e o plano singular terapêutico. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um documento que possibilita o rastreio de eventos e contextos importantes para a identificação das reais necessidades de saúde, bem como do potencial de risco e graus de comprometimento da autonomia e independência do indivíduo. Autonomia é quando o idoso tem a sua capacidade cognitiva preservada, autonomia de escolher os seus afazeres. E independência é quando ele não tem necessidade de auxílio para suas atividades de vida diárias. A caderneta permite avaliar os graus de autonomia e independência do idoso, bem como avaliar os fatores de risco que possam estar contribuindo com esses pontos ou a falta deles. Aspectos que são avaliados na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa: Reconstituição do histórico clínico dos indivíduos; ele irá procurar saber o histórico clínico do idoso, quais doenças preexistentes ele possui, quais são seus hábitos de vida, quais são os seus históricos de doença para poder ajudar na construção do seu projeto terapêutico. Condições de saúde; ele irá procurar saber em quais condições esse paciente vive, se é um ambiente insalubre, que não possui água encanada, um ambiente onde há muito poeira e não há asfaltamento, as condições ambientais e econômicas em que aquele idoso está inserido. Identificação de hábitos de vida (alimentação, atividade física e outros); fazemos um link principalmente com as doenças crônicas não 17 transmissíveis, o tabagismo, o etilismo, o sedentarismo, a obesidade. São fatores de risco que aumentam as chances de o indivíduo desenvolver diabetes, hipertensão ou insuficiência renal aguda. Contextos familiares, sociaise econômicos que possam contribuir para melhores ou piores prognósticos; este contexto é avaliado quando falarmos do cuidados do idoso, da depressão, fatores que podem prejudicar ou não o andamento da saúde desse idoso, se ele é aposentado, se possui renda, se vive dependendo da renda de terceiros, como é sua relação familiar e com a sociedade, pois todos esses critérios trazem possíveis agravos ou não, principalmente à sua saúde mental. A Caderneta permite o acompanhamento longitudinal, ou seja, por um longo tempo. Esse acompanhamento de forma contínua permite a elaboração de estratégias e cuidados que se adeque a possíveis alterações no decorrer desse processo. A caderneta não é focada em um determinado momento, mas sim todo o processo. Avalia Condições crônicas como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus; Monitorar dados antropométricos como peso, índice de massa corporal e o perímetro da panturrilha. A caderneta permite a orientação dos indivíduos para o autocuidado, na medida em que a pessoa idosa pode visualizar e registrar sua própria trajetória de saúde, tomando decisões para alterá-la ou mantê-la da melhor forma possível. Uma das possíveis vantagens da caderneta é proporcionar ao paciente este autocuidado, através do seu poder de ser longitudinal, avalia todo o processo, todas as etapas do histórico de saúde do idoso. Possibilitando a percepção de uma melhora ou piora na saúde do idoso. A caderneta permite aos familiares e cuidadores qualificação do cuidado diário para: 18 Prevenção de doenças e agravos; pois traz diversas informações. Orientações sobre prevenção de quedas; muito importante para os idosos. Vacinação; quais são as vacinas e o momento adequado de se vacinarem. Alimentação saudável; quais são os melhores alimentos para a dieta. Saúde sexual; é necessário orientar pois os idosos possuem as vezes mais de um parceiro, e a idade média da vida sexual ativa tem aumentado. Por isso, a importância de informar as necessidades e os riscos. saúde bucal. Muito importante pois os idosos possuem maior fragilidade, com muitas perdas dentárias. A má higienização pode desencadear inclusive doenças cardíacas. Por isso, contamos com odontólogos na estrutura básica. A avaliação multidimensional deve se dar, inicialmente, no nível da atenção primária, mas espera-se que possa ser realizada em todos os pontos de atenção da RAS. Cuidado! As provas costumam falar que a avaliação multidimensional acontece apenas/ exclusivamente na fase primária, mas não, ELA SE INICIA NA FASE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA, MAS CONTINUA POR TODOS AS OUTRAS FASES. A Caderneta, por ser um documento que fica com a pessoa idosa, favorece a comunicação entre as diferentes equipes dos pontos de atenção das RAS – Redes de Atenção à Saúde, uma vez que permite o registro de todas as informações importantes a respeito do indivíduo e sua trajetória clínica, psicossocial e funcional. É possível registar o aspecto clínico, doenças que aquele idoso tem (hipertensão, diabetes, insuficiência renal, déficit auditivo ou visual), ele já foi internado, possui alguma fratura, possui depressão, faz tratamento. Na trajetória psicossocial, ele já fez algum acompanhamento com terapeuta, frequenta o psiquiatra, faz uso de ansiolíticos, tem um bom convívio com a 19 família, como é a relação dele com a família e com a sociedade, com quantas pessoas ele mora, é casado, separado ou viúvo. No aspecto funcional, será avaliado se ele tem independência e autonomia. Ou se ele tem uma dependência, mas não é total, é uma dependência parcial. Depende de uma supervisão de terceiros, mas consegue realizar suas atividades sozinho. Ou depende totalmente de um terceiro para realizar suas atividades. A caderneta possibilita ver todos esses pontos, inclusive a evolução, se um mês atrás ele não dependia de ninguém e agora depende. Porque isso aconteceu. Esta é a chamada avaliação longitudinal. Considerando que as condições de saúde da pessoa idosa e sua capacidade funcional podem ser alteradas, no acompanhamento realizado, é necessário observar a necessidade de repetir a avaliação multidimensional, buscando identificar fatores e sinais que possam indicar o risco de declínio funcional. Repetir a avaliação multidimensional, significa realizar uma avaliação longitudinal. Ao refazer a avaliação multidimensional, é possível encontrar novos dados que possibilitarão uma reconstrução do projeto terapêutico. Projeto Terapêutico Singular (PTS) O PTS pode ser definido como uma estratégia de cuidado que articula um conjunto de ações resultantes do diálogo e da construção coletiva de uma equipe multidisciplinar. Um dos grandes desafios do projeto terapêutico singular é a necessidade da equipe multidisciplinar, ou seja, vários profissionais diferentes montando uma visão macro do processo para que seja traçada a melhor estratégia, o melhor planejamento. É necessária a visão do médico, do enfermeiro, do agente de saúde, do odontólogo, do técnico de enfermagem, do nutricionista, do fisioterapeuta, do assistente social para traçar um plano adequado para cada indivíduo. 20 Deve levar em conta as necessidades, as expectativas, as crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está dirigido. Desafio: Maior articulação entre os profissionais e a utilização de reuniões de equipe como um espaço coletivo e sistemático de encontro, reflexão, discussão, compartilhamento e corresponsabilização das ações com a horizontalização dos poderes e conhecimentos. O maior desafio é conseguir reunir todos os profissionais e harmonizar as considerações de todos eles, através de reflexões e discussão. Todos são responsáveis pelo projeto terapêutico. O PTS deve prever intervenções no campo clínico, psicossocial e funcional que permitam preservar ou recuperar a autonomia e a independência, bem como identificar eventos que possam indicar riscos de piora nas condições gerais dos indivíduos. Etapas do PTS: 1. Avaliação: histórico e avaliação das condições clínicas, psicossociais e funcionais do paciente (Estado de saúde, Estado funcional, Estado cognitivo, Ambiente). 2. Planejamento do cuidado: elaborar ações a serem executadas (Listagem de problemas, Metas dos serviços de curto, médio e longo prazo, Organização dos serviços). 3. Coordenação e Implementação de soluções: implementar as ações planejadas (fase de execução do plano). 4. Monitorização e Avaliação do plano de Cuidados: se as ações estão sendo executadas como planejado (monitoramento contínuo, r flexíveis e adaptáveis às mudanças, periódico, propiciar a adequação do planejamento inicialmente estabelecido). 21 COMUNICAÇÃO – LINGUAGEM Nesse modulo trataremos sobre o processo de comunicação com o idoso: quais são os principais aspectos que devem ser abordados pelo profissional de saúde quando se discute o processo de comunicação com o idoso? Quais são os aspectos avaliados quanto à linguagem, à audição, à fala, à comunicação não verbal? Esse processo é muito importante no cuidado, na prevenção e na promoção da saúde da pessoa idosa. Um dos cuidados de prevenção refere-se à questão da depressão, tema de uma das aulas sobre a saúde da pessoa idosa. Aoabordar da comunicação com a pessoa idosa, primeiramente, pergunta-se: o que é a comunicação? A comunicação é considerada uma necessidade fundamental, cuja satisfação envolve um conjunto de condições biopsicossociais. Abordar-se-á as dimensões da comunicação no caso da pessoa idosa. Observa-se que existem cinco dimensões envolvidas no processo de comunicação. Essas dimensões estão ligadas aos fatores biológicos e fisiológicos, mas também aos fatores sociais e religiosos, interferindo no processo de aproximação de comunicaçãoentre paciente e idoso. A comunicação é mais do que uma troca de palavras, trata-se de um processo dinâmico que permite que as pessoas se tornem acessíveis umas às outras por meio do compartilhamento de sentimentos, opiniões, experiências e informações. Isto é, compartilhar, junto com a pessoa idosa, as questões relacionadas à sensação de tristeza, de alegria ou de medo. No que se refere à questão das opiniões, deve-se respeitar as opiniões da pessoa idosa, até porque as opiniões e as experiências vão estar ligadas a questões culturais. Há experiências vividas em cada época, em cada curso de vida do paciente. Então, quando se fala em um processo dinâmico, o que se destaca é que cada idoso vai exigir um processo de comunicação diferente. O processo não é estático, nem homogêneo. Ou seja, a depender das características da criação cultural, religiosa e educacional desse idoso, desenvolve-se a linguagem correta para esse paciente. 22 Ademais, a comunicação é essencial na área de saúde, pois, por meio dela são obtidas informações valiosas para a condução terapêutica. Quando o enfermeiro vai executar a Sistematização da Assistência à Enfermagem (SAE), o primeiro passo é o levantamento do histórico de enfermagem. Isso é feito através da anamnese, etapa importante porque é nesse momento que se conversa com o idoso e se coleta informações sobre a sua história pregressa de saúde – individual e familiar –, bem como sobre a sua história pregressa educacional, colhendo informações sobre o seu processo de saúde atual. Então, procura-se saber quais são as suas doenças, as suas comorbidades, o seu estilo de vida, as suas condições de moradia, as suas condições financeiras e educacionais. Todas essas informações, juntamente com o exame físico, facilitam o raciocínio clínico para que seja possível planejar os cuidados do paciente. Portanto, é fundamental uma boa comunicação, com o intuito de obter o maior número de informações valiosas para o planejamento clínico de saúde. A comunicação vai além da fala – ela utiliza outros recursos: a escrita, as expressões faciais, o corpo e a postura corporal, a distância mantida entre as pessoas, a capacidade e o jeito de tocar e o silêncio em uma conversa. A escrita pode ser utilizada na aproximação com o paciente, através de palavras, de desenhos, de frases ou de um poema. Através do recurso da escrita, é possível se comunicar e se expressar, quando, por exemplo, o idoso tem um processo de comunicação ineficaz devido à fala. Então, nesse caso, utiliza-se a escrita para se aproximar desse paciente. Outro recurso comunicativo usado é a expressão facial. Com o objetivo de identificar possíveis diagnósticos, o desafio é saber identificá-la. Através dela é possível saber se o paciente está sentindo dor, através do choro é possível detectar ansiedades e medos, além de possíveis angústias do paciente. Essa expressão se estende, também, para o corpo. Enquanto fala, o interlocutor pode estar gesticulando, movimentando os braços e a cabeça. O idoso pode expressar-se através de movimentos, tais como: aceno de sim ou de não com a cabeça ou, ainda, aceno de talvez, quando ele ergue os ombros. Logo, através da expressão corporal, estabelece-se a comunicação. De igual 23 modo, a comunicação dá-se por meio da postura corporal: seja uma postura mais ereta ou mais curvada; seja a preferência em ficar sentado ou se ele marcha adequadamente. Esses elementos levam a um raciocínio de que o paciente possui um estilo de vida não sedentário, faz atividade física, possui uma boa mobilidade (ou não). No processo de linguagem, há, ainda, a questão da distância que se mantém entre o profissional de saúde e o paciente. Quando há a possibilidade de um contato mais próximo, outro tipo de linguagem é praticado: a capacidade do toque. Assim, quanto mais perto o profissional de saúde fica do paciente, mais ele consegue tocá-lo e fazer com que ele tenha uma sensibilidade tátil. Essa aproximação gera confiança, que, por sua vez, gera informação. Se no processo de comunicação são gestadas a confiança e a segurança, o idoso consegue expor mais as suas angústias, os seus processos de saúde e de doença. Por fim, tem-se o silêncio, que também é uma forma de comunicação. O silêncio é uma forma de estar falando um sim ou um não, aceitando ou desconcordando com o que o idoso está falando. Portanto, além da fala, há esses processos de comunicação com o idoso: escrita, expressões faciais, movimentação do corpo, postura corporal, gestos, distância corporal, capacidade de tocar e o silêncio. Abaixo, consta uma lista de procedimentos para que a comunicação com a pessoa idosa aconteça e seja mais efetiva, buscando conquistar a confiança 24 do idoso e tornar a distância entre paciente e profissional de saúde a menor possível. 1) Use frases curtas e objetivas; 2) Chame-o pelo próprio nome ou da forma como ele preferir; 3) Evite infantilizá-lo utilizando termos inapropriados como “vovô”, “querido”, ou ainda, utilizando termos diminutivos desnecessários (“bonitinho”, “lindinho” etc.); 4) Pergunte se entendeu bem a explicação, se houve alguma dúvida; 5) Repita a informação, quando essa for erroneamente interpretada, utilizando palavras diferentes e, de preferência, uma linguagem mais apropriada à sua compreensão; 6) Fale de frente, sem cobrir sua boca e, não se vire ou se afaste enquanto fala; 7) Aguarde a resposta da primeira pergunta antes de elaborar a segunda, pois a pessoa idosa pode necessitar de um tempo maior para responder; e 8) Não interrompa a pessoa idosa no meio de sua fala, demonstrando pressa ou impaciência. É necessário permitir que ele conclua o seu próprio pensamento. As cinco dimensões do processo de comunicação com a pessoa idosa são: a dimensão biológica, a dimensão fisiológica, a dimensão social, a dimensão cultural e a dimensão espiritual. Identifica-se aqui quais as principais características de cada dimensão no processo de comunicação. 25 São dimensões biológicas e fisiológicas: Os critérios da dimensão psicológica são: As características avaliadas na dimensão social são: Na dimensão espiritual e cultural, leva-se em consideração: Durante o processo de envelhecimento ocorre a diminuição das capacidades sensório-perceptivas, que pode afetar a comunicação das pessoas idosas. Tais alterações são manifestadas pela diminuição da capacidade de receber e tratar a informação proveniente do meio ambiente. Os idosos muitas vezes tardam em perceber, aceitar e tratar suas dificuldades e, em consequência disso, acabam se afastando do convívio familiar e social para evitar situações constrangedoras. 26 Se não forem adequadamente administradas, as falhas na comunicação com a pessoa idosa poderão levar ao isolamento do indivíduo, resultando na depressão, por exemplo. Abordaremos agora as alterações sensório-motoras do idoso, como a audição, a visão, a fala, a comunicação não verbal, a identificação de maus- tratos. Durante a senescência, normalmente, há uma diminuição das capacidades sensório- -perceptivas e o idoso tem uma dificuldade de aceitar e comunicar essa situação, que, muitas vezes, o leva ao isolamento, podendo, inclusive, desencadear processos depressivos. Durante o processo de envelhecimento, ocorre a diminuição das capacidades sensório- -perceptivas, que pode afetar a comunicação das pessoas idosas. Tais alterações são manifestadas pela diminuição da capacidade de receber e tratar a informação proveniente do meio ambiente. Então, o idoso tem as alterações sensório-perceptivas que afetam a comunicação e essa diminuição é natural do processo de envelhecimento. Os idosos, muitas vezes, tardam em perceber, aceitar e tratar suas dificuldades e, em consequênciadisso, acabam se afastando do convívio familiar e social para evitar situações constrangedoras. Se não forem adequadamente administradas, as falhas na comunicação com a pessoa idosa poderão levar ao isolamento do indivíduo e desencadear um processo de depressão. Audição: A deficiência auditiva gera no idoso um dos mais incapacitantes distúrbios de comunicação, impedindo-o de desempenhar plenamente o seu papel na sociedade. Assim, os distúrbios de comunicação podem ser gerados por uma deficiência auditiva, sendo comum observarmos o declínio da audição acompanhado de diminuição na compreensão da fala por parte do idoso, dificultando sua comunicação com outrem. É comum que à medida que se tem diminuição da audição do idoso, tenha-se, também, uma diminuição da compreensão da fala. Se possui dificuldade em ouvir, possui dificuldade em entender; muitas vezes, o paciente com déficit auditivo possui diminuição da compreensão da fala. Em razão disso, é importante falar em frente à pessoa que possui problemas auditivos, para que ela possa realizar a leitura labial da articulação das palavras. Algumas medidas simples que podem auxiliar a comunicação com as pessoas idosas que possuem declínio auditivo são: 27 Evite ambientes ruidosos que possuam televisão ou rádio ligados, às vezes aquele barulho excessivo de uma construção ou barulhos de muitos carros, por exemplo. É importante a utilização de ambientes calmos e tranquilos. Evite submeter as pessoas idosas a situações constrangedoras, quando essas não entenderem o que lhes foi dito ou pedirem para que a fala seja repetida. Exemplo: Pede-se para um paciente, com déficit auditivo (fato conhecido), participar de um grupo operativo que terá uma palestra em um ambiente aberto e nessa palestra ele não consegue identificar muito bem a questão da comunicação devido a um déficit auditivo. Quando eles não entenderem o que foi dito, é necessário pedir para que seja repetido. Procure falar de forma clara e pausada e aumente o tom de voz somente se isso realmente for necessário. É importante procurar falar de forma clara e pausada, para que o paciente com déficit auditivo possa ler a articulação das palavras, fazendo uma leitura labial. Ele pode ter um processo de audição difícil e prejudicado, mas um processo visual adequado com uso de correção, como óculos, e enxergar muito bem. Fale de frente, para que a pessoa idosa possa fazer a leitura labial. Voz: Com a voz, a pessoa se faz ouvida e respeitada, garantindo seu lugar na sociedade. Então, é a voz que o idoso impõe, a entonação, a altura da voz da pessoa que faz ela ser ouvida e respeitada. Então, é importante verificar se ele tem a preservação dessa percepção sensorial. A alteração vocal é inerente à idade e deve ser compreendida como parte do processo de envelhecimento normal do indivíduo e não como um transtorno, embora, muitas vezes, seja difícil estabelecer o que é normal e o que é doença. É normal que o idoso diminua o tom de voz, tenha uma voz mais arrastada e baixa, porque é inerente à idade. As pregas/cordas vocais que são as responsáveis pela emissão do som e da voz. Com o tempo, as musculaturas dos idosos ficam mais relaxadas e se tornam mais fracas e, com isso, tem-se o processo de voz lentificado e diminuído. Minimizando Alterações: Quais são as ações que se pode propor para o idoso para minimizar alterações na voz? 1. Evitar gritar ou falar com esforço; 2. Evitar competir com outras vozes ou ruídos do ambiente; 28 3. Evitar falar durante caminhada intensa, corrida ou ginástica, pois isso dificulta a respiração solta e livre; 4. Articular bem as palavras; 5. Verificar a necessidade e condições de próteses dentárias e/ou auditivas; 6. Fazer atividades que estimulem o uso da voz como a conversação e o canto; 7. Beber água quando falar muito ou cantar, pois a água hidrata o corpo e faz as pregas vocais funcionarem melhor; 8. Evitar o pigarro e a tosse, exceto quando for reação a algum distúrbio; 9. Manter uma alimentação saudável; 10. Evitar álcool em excesso e cigarro; 11. Evitar mudanças bruscas de temperatura; 12. Diminuir a distância entre os falantes; 13. Falar em ambiente iluminado para facilitar a leitura labial; e 14. Manter o convívio social e familiar minimiza alterações na voz. Linguagem: O tipo de linguagem que estabelecemos com os idosos é definido a partir da observação da sua habilidade cognitiva e de seu nível de orientação, considerando seus déficits sensoriais e o uso de medicações. Quando se fala em processo de linguagem, seja a linguagem falada, escrita ou a corporal, tem-se que levar em consideração o processo cognitivo, ou seja, saber se ele possui um processo de memória preservado, se possui um processo emocional envolvido, se consegue fazer cálculos, se possui compreensão matemática, de português, geografia, história e qual o nível educacional desse paciente. Levar em consideração, além do nível cognitivo, qual o seu nível de orientação. Isso, muitas vezes, está relacionado à sua cultura, à experiência de vida e ao seu nível de escolaridade. Então, o processo de linguagem é muito importante durante o processo de comunicação. É necessário avaliar o contexto e individualizar as informações; não é toda pessoa que tem diminuição na capacidade auditiva ou que pensa mais lentamente. Isso quer dizer que a comunicação é dinâmica, tem-se que respeitar as peculiaridades, as individualidades. A linguagem que se terá com o idoso que mora, por exemplo, numa instituição de longa permanência é diferente da linguagem do idoso que mora sozinho e do que mora com a família. Com isso, é necessário levar essas individualidades e peculiaridades para o processo de comunicação. Se por um lado as pessoas idosas podem apresentar algumas dificuldades na comunicação verbal, por outro elas podem estar muito atentas e treinadas na decodificação da comunicação não verbal, por já terem vivenciado inúmeras experiências ao longo da vida. 29 Essas experiências possibilitam ao idoso saber mais a linguagem não corporal ou a interpretar melhor as expressões sociais do profissional, da família, a questão dos gestos utilizados e a postura. Então, essas questões, às vezes, são mais bem interpretadas do que a linguagem verbal. Para alguns idosos, a decodificação da comunicação não verbal é mais fácil devido às suas experiências acumuladas ao longo da vida. O profissional deve estar atento à sua postura corporal, à forma como toca a pessoa e à emoção ou ao sentimento expresso durante o atendimento. O idoso pode ter uma compreensão não verbal muito boa, então, se transparecer que está inquieto, apressado, que possui outro paciente, se expressar sua emoção, que não está satisfeito com o que está fazendo naquele atendimento, vai resultar em um processo de distanciamento, porque será possível interpretar a sua comunicação não verbal. A pessoa idosa pode ter perdido a capacidade de escrever, falar, ler ou entender o que os outros dizem em consequência de alterações neurológicas. A falta dessas habilidades prejudica o seu desempenho social, comprometendo a sua identidade, autoestima e qualidade de vida. A questão de não entender a linguagem ocasiona uma perda de identidade, fazendo com que o idoso não se reconheça mais e, com isso, não conseguirá entender qual é o seu papel na sociedade, na família e no trabalho. Isso leva a uma autoestima diminuída, uma vez que o idoso não consegue compreender a sua importância dentro do processo de saúde, levando a uma qualidade de vida diminuída e, consequentemente, ao isolamento social e à depressão. Assim, quando se perde esse processo de escrever, falar, ler ou entender, ocasiona uma perda de identidade, autoestima e qualidade de vida. O que pode auxiliar no processo de comunicação? 1. Falarmais pausadamente; 2. Não mudar o assunto bruscamente; 3. Utilizar gestos e objetos enquanto fala ou orienta; 4. Estimular a manutenção de hábitos sociais, atividades profissionais e/ou cotidianas; 5. Estimular a participação nas decisões familiares; e 6. Executar atividades que estimulem a linguagem. Comunicação Não Verbal: Às vezes, o idoso que não consegue ler, entender e compreender, mas consegue, através da comunicação não verbal, expressar tudo aquilo que ele sente e pensa. A comunicação não verbal é tudo aquilo que a pessoa sente, pensa e expressa por meio de sua movimentação corporal, gestos e postura. Objetivo: 30 O objetivo da comunicação não verbal é completar, substituir ou contradizer a comunicação verbal, além de demonstrar os sentimentos das pessoas. Às vezes se quer dizer uma coisa e está com uma expressão facial totalmente contrária, contradizendo-se. Quando se fala em expressão facial, muitas vezes, trata-se de demonstrar sentimentos. Então, a comunicação não verbal completa substitui ou contradiz a comunicação verbal. Distância: A distância mantida entre as pessoas ou espaço interpessoal representa outra dimensão da comunicação não verbal. No processo de comunicação, essa "distância" não deve ser ultrapassada sem permissão, pois pode provocar reações de defesa, tais como: 1. Desviar os olhos e virar a cabeça; 2. Virar o corpo em outra direção; 3. Enrijecer a musculatura; 4. Cruzar os braços; 5. Dar respostas monossilábicas às questões feitas; e 6. Afastar-se, se o espaço permitir. Ambiente: É importante considerar as necessidades das pessoas idosas em delimitarem seu próprio espaço e o meio em que ele vive. Por exemplo, por meio do ambiente, o idoso sabe demonstrar que aquele momento é dele. Às vezes, ele utiliza de imagens religiosas, da Bíblia ou de algum objeto específico para se comunicar ou se expressar de como ele se sente. Por meio do ambiente, a pessoa idosa também pode expressar o que ele valoriza – quadros, imagens, animais, plantas – que pode propiciar o início de um diálogo, quebrando-se algumas resistências. Quando se faz uma visita ao idoso e a casa dele possui bastante plantas, observando-se isso, já é possível iniciar uma comunicação não verbal, em que ele está demonstrando o que gosta, sobre os aspectos e assuntos que provavelmente vai gostar de conversar. Então, na linguagem, a primeira barreira ou distância a ser quebrada é a observação do ambiente que, muitas vezes, traz uma comunicação não verbal. Assim, por exemplo, se ele possui muitos artigos religiosos, esportivos ou de cozinha, é através da observação desse ambiente que se inicia a comunicação, porque o ambiente traz uma comunicação não verbal. Toque: O toque pode demonstrar a intenção e a valorização que se dá à pessoa a quem está sendo tocada. As mensagens transmitidas pelo toque são influenciadas: 31 1. Duração do contato; 2. Pela região tocada; 3. Pela intensidade e frequência do toque; 4. Pela velocidade de aproximação. Está relacionada à duração do toque; 5. Pela resposta provocada, tanto por quem toca quanto por quem é tocado. Identificando Sinais de Maus-Tratos: A pessoa idosa encontra, muitas vezes, dificuldades em verbalizar que sofre maus-tratos, negligência ou alguma outra forma de violência intrafamiliar. Muitas vezes, o cuidador ou a pessoa da família é quem faz essa forma de violência e está ao lado do idoso. Por isso que, durante o processo de comunicação, falou-se da questão dos fatores sociais, das dimensões e, em relação à dimensão social, observar onde ele está e o ambiente. Em muitos casos, o idoso demonstra medo ou ansiedade na presença do cuidador ou de familiar. Deve-se observar, durante a comunicação, se o idoso possui medo ou ansiedade em conversar, se ele impõe muita distância e é importante observar se isso não é devido à presença do cuidador ou familiar. Os maus-tratos podem ser identificados por meio da observação de lesões, equimoses, úlceras de decúbito, desidratação ou ainda nas demonstrações de não aceitação em responder às perguntas relacionadas ao assunto violência. ANOTAÇÕES 32 ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA Perfil de Funcionalidade do Idoso: Considerando a heterogeneidade dos processos de envelhecimento, a necessidade de planejar e organizar as respostas que precisam ser dadas pelo sistema de saúde, de acordo com os níveis de funcionalidade apresentados pelas pessoas idosas, apresenta-se a estratificação de três perfis de funcionalidade. Perfis de Funcionalidade do Idoso: 1. Pessoas idosas independentes e autônomas para realizar as atividades da vida diária. 2. Pessoas idosas com necessidade de adaptação ou supervisão de terceiros para realizar as atividades da vida diária. 3. Pessoas idosas dependentes de terceiros para realizar as atividades da vida diária. Atividades de Vida Diária: AVDs Básicas Trata-se da capacidade do indivíduo de: 1. Alimentar-se; 2. Banhar-se; 3. Vestir-se; 4. Mobilizar-se; 33 5. Deambular; 6. Ir ao banheiro; 7. Continência fecal e urinária. As AVDs Básicas podem ser divididas em duas categorias: Vegetativa Simples Influenciada pela Cultura e Aprendizado Transferência Continência Alimentação Banhar-se Vestir-se Ir ao banheiro Gravidade do Declínio Funcional: 1. Independência: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _____________________________________________________________ 2. Semidependência: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _____________________________________________________________ 3. Dependência incompleta: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _____________________________________________________________ 4. Dependência completa: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _____________________________________________________________ ANOTAÇÕES 34 DEPRESSÃO A depressão em idosos é um assunto bastante recorrente na assistência de enfermagem, além de ser muito comentado na sociedade, porque dentre as doenças crônicas não transmissíveis, sabe-se que as doenças mentais são as principais doenças que acometem a população. Depressão e ansiedade são os principais transtornos de humor que trazem importantes impactos para a saúde e para a capacidade funcional nas idades avançadas, além de serem importantes fatores de risco para o suicídio. Observa-se que, muitas vezes, o índice de suicídios em idosos é quase proporcional ao número de suicídios em jovens. Quais são os aspectos que levam a essa depressão e que têm como consequência o suicídio? Quais são as características que essa depressão manifesta? Quais são os sintomas do idoso depressivo? Um estudo desenvolvido nos anos 90 apontou a depressão como a quarta causa específica de incapacitação em idosos. Muitas vezes o idoso que está em um quadro depressivo não consegue executar as suas atividades básicas, instrumentais ou avançadas da vida diária, principalmente essas duas últimas, que estão relacionadas aos processos intradomiciliar e extradomiciliar. Nas avançadas, que são aquelas de relações sociais e interpessoais, o paciente depressivo muitas vezes possui uma dificuldade no processo de relação interpessoal e se isola. Esse isolamento leva, também, à dificuldade em arrumar a casa ou de fazer a própria comida, por exemplo. Assim, a depressão está relacionada à questão da incapacitação. Em 2020, a depressãofoi a segunda causa de incapacitação nos países desenvolvidos e a primeira causa nos países em desenvolvimento. Nos anos 90, era a quarta causa específica de incapacitação. Observa-se uma progressão durante os anos na década de 90 e a projeção para 2020. Nos países desenvolvidos se fala em segunda causa porque a primeira causa é a demência. A prevalência da doença na população em geral varia de 3 a 11% e é duas vezes maior entre as mulheres do que entre os homens. Nas instituições de longa permanência, cerca de 50% (cinquenta por cento) dos residentes são portadores de algum problema psiquiátrico, sendo que os quadros demenciais são os mais comuns, seguidos por problemas comportamentais e de depressão. A metade dos idosos moradores de abrigos, também conhecidos como asilos, possuem um processo demencial que, juntamente com as quedas, são as principais causas de internação de idosos, além da incontinência urinária. 35 As demências levam à internação, então, assim, a metade dos idosos têm um quadro demencial ou um processo de alteração comportamental, que engloba a ansiedade e a depressão. A depressão é mais frequente nos anos que precedem a aposentadoria, diminui na década seguinte e, outra vez, sua prevalência aumenta após os 75 anos. Normalmente, quando o idoso se aposenta, ele não faz um planejamento e, quando isso ocorre, ele sofre as consequências da diminuição das relações interpessoais. Muitas vezes, a depressão acontece nessa fase e o idoso também não se planeja em relação à questão financeira, já que durante a aposentadoria o seu rendimento normalmente diminui. Como o idoso não se programa para todos esses fatores, ele entra em um quadro de isolamento e de ansiedade que o leva ao quadro depressivo. Esse quadro geralmente melhora quando ele começa a se acostumar; no entanto, após os 75 anos, novamente o quadro depressivo chama atenção, principalmente por causa das perdas familiares e de amigos. A depressão é a doença psiquiátrica mais comum que leva ao suicídio, e os idosos formam o grupo etário que mais se suicida, conforme informação do Caderno de Atenção Básica n. 19, de tratamento ao idoso. Os idosos costumam utilizar os meios mais letais, ainda que não se possa ignorar os chamados suicídios latentes ou passivos (abandono de tratamento e recusa alimentar, por exemplo). Estima-se que a maioria (75%) das pessoas que se suicidam tiveram consulta com seu médico no mês anterior, e entre um terço e a metade, na semana anterior, por outro motivo que não seja a depressão. Isso mostra que os idosos tiveram contatos com os profissionais de saúde antes de cometerem suicídio. A maioria teve seu primeiro episódio depressivo não diagnosticado e, portanto, não tratado. Assim, relembrando a comunicação com a pessoa idosa, observa-se uma dificuldade na aceitação pelo paciente de algumas doenças e em falar como está se sentindo, dificultando o diagnóstico. Fatores de risco Isolamento, dificuldades nas relações pessoais, problemas de comunicação e conflitos com a família ou com outras pessoas podem contribuir ou desencadear a depressão. As dificuldades econômicas e outros fatores de estresse da vida diária têm, igualmente, um efeito importante. Então, para a depressão, o isolamento é um fator de risco. O idoso, quando se aposenta, geralmente fica mais sozinho e se torna menos ativo. Os 36 conflitos com a família ficam mais evidentes, pois ele começa a conviver mais com a família e, consequentemente, começa a ter mais conflitos com ela. A quantidade e a qualidade do apoio que a pessoa recebe de suas relações pessoais podem dar um maior suporte. Por outro lado, a ausência de uma relação estreita e de confiança, combinada com outros fatores, como a violência intrafamiliar, aumentam o risco de depressão. Lembra-se, aqui, sobre a questão dos maus-tratos. Muitas vezes o idoso tem dificuldade em falar que sofre maus-tratos, pois isso normalmente acontece por parte do familiar ou do cuidador do idoso. Essa dificuldade para fazer esse processo de comunicação ocasiona a submissão aos maus-tratos por um período de tempo e leva o idoso a um processo de depressão. É importante a investigação do consumo de bebidas alcoólicas na população idosa, apesar do seu impacto ser reduzido se comparado com as pessoas mais jovens. O uso abusivo do álcool pode mascarar os sintomas depressivos, agravando a depressão. É importante saber se o idoso já fazia uso de álcool, se esse uso era social, era aos finais de semana, se começou bruscamente a ser repetido ou abusivo. Esse é um possível sinal de que ele está tentando se esconder de alguma forma, de se refugiar em um outro processo, que é o etilismo. O uso abusivo de álcool muitas vezes dificulta o reconhecimento pelo próprio idoso dos sintomas depressivos. Além da dificuldade do ambiente familiar, das dificuldades financeiras, são fatores de risco que podem desenvolver a depressão: 5. Antecedentes depressivos prévios; 6. Doença incapacitante; 7. Doença dolorosa; 8. Abandono e/ou maus tratos; 9. Institucionalização; 10. Morte de cônjuge, familiar ou amigo próximo. Situações que podem agravar o quadro de depressão: Sintomas psicóticos como alucinações; Uso de álcool; 1. Risco ou tentativa de suicídio; 2. Repercussão grave sobre uma doença somática associada; 3. Não responde às doses habituais de um fármaco no tempo esperado; 4. Transtorno de personalidade; 5. Ausência de apoio social (isolamento); 37 6. Efeitos secundários que impedem a continuação do uso do medicamento; 7. A pessoa não aceita o diagnóstico e por isso não adere às recomendações terapêuticas; 8. Presença de pluripatologias psiquiátricas. Situações que, quando associadas, sugerem um perfil suicida na pessoa idosa: 1. Sexo masculino; 2. Viver só; 3. Doença depressiva severa; 4. Insônia persistente; 5. Inquietude psicomotora importante; 6. Doença médica severa, dolorosa, incapacitante; 7. Perda recente do cônjuge; 8. Institucionalizado ou dependente de cuidados de longa duração; 9. Etilista; 10. Ter sentimento de culpa excessiva. Diagnóstico A depressão não é provocada por um só fator. Há um entrecruzamento de vários fatores: psicológicos, biológicos, sociais, culturais, econômicos, familiares, entre outros que fazem com que a depressão se manifeste em determinado sujeito. A depressão é multifatorial, ou seja, é um conjunto de fatores. As pessoas cujos parentes próximos sofreram de depressão são mais propensas a desenvolvê-la. Nesse aspecto, a genética está envolvida. Os idosos que tiveram pessoas na família com depressão têm maior propensão de desenvolver a doença. É necessária uma investigação apurada e uma escuta qualificada quanto a: História de vida do sujeito, atual e pregressa; Contexto familiar; Contexto social. Cerca de 50 a 60% dos casos não são detectados, tornando a depressão subdiagnosticada e subtratada. Os fatores relacionados a esse comportamento são: Falta de treinamento; Falta de tempo; Falta de escuta; Descrença em relação à efetividade do tratamento; Reconhecimento apenas dos sintomas físicos da depressão. 38 O profissional que faz o diagnóstico reconhece, muitas vezes, apenas os sintomas físicos, pois ele não é um psiquiatra e ignora os sintomas psicológicos, sociais, econômicos. Considera-se aqui apenas um fator ou desconsidera-se a multifatoriedade da doença. Identificação dos sintomas de depressão como uma reação “compreensível”. Sinais e sintomas: I. Fadiga matutina. II. Retardo psicomotor (mobilidade). III. Redução da afetividade (sentimentos). IV. Intranquilidade ou nervosismo (impaciente, nervosismo). V. Ansiedade. VI. Alteração do ciclo sono-vigília (insônia, alteração do dia pela noite). VII. Alteração do apetite (habitualmentecom anorexia – falta de apetite). VIII. Múltiplas queixas somáticas mal sistematizadas (paciente não sabe identificar a causa, o motivo, o porque ele está com aquela dor). IX. Falta de interesse nas coisas que antes lhe agradavam. X. Queixas acentuadas de anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e de distúrbio cognitivo. XI. Distúrbios do comportamento e da conduta (era calmo, agora se tornou agressivo). XII. Etilismo de início recente (início do uso de álcool). Depressão X Demencia: 39 Apraxia – É uma desordem neurológica que se caracteriza por provocar uma perda da capacidade para executar movimentos e gestos precisos, que exigem padrões de lembrança ou sequências de movimentos, como exemplo, vestir-se, alimentar-se e fazer uma ligação. Afasia – É a perda da capacidade para utilizar a linguagem, que acarreta uma incapacidade parcial ou total para compreender ou expressar palavras, nomear pessoas e objetos. Agnosia – Consiste na deterioração da capacidade para reconhecer ou identificar objetos, pessoas, sons, formas, apesar de manterem a função sensorial intacta. A pessoa não consegue associá-los ao papel que eles geralmente desempenham nem à sua função. Tratamento: I – À promoção da saúde e a reabilitação psicossocial (tratamento com a psicoterapia); II – À prevenção de recorrências (reaparecimento da doença); III – A piora de outras doenças presentes e do suicídio; IV – A melhora cognitiva e funcional; V – Ajudar para que a pessoa idosa possa lidar com suas dificuldades. 40 DELIRIUM Cognição: A cognição é um conjunto de capacidades mentais que permitem ao indivíduo compreender e resolver os problemas do cotidiano. É responsável pela nossa capacidade de decidir. É formada pela: 1. Memória; 2. Função executiva; 3. Linguagem; 4. Praxia; 5. Gnosia/percepção; 6. Função viso espacial; 7. Humor. Para que se tenha uma correta avaliação da habilidade de cálculo, é preciso levar em consideração a escolaridade da pessoa avaliada, pois este fator pode influenciar o teste realizado. A perda da capacidade cognitiva não está associada, apenas, à perda de memória, mas também às funções motoras, táteis e à função da percepção viso-espacial. 41 O Miniexame do Estado Mental (MEEM) é uma das escalas mais comuns para avaliar o estado cognitivo, por sua rapidez e facilidade de sua aplicação. Como complementação dessa avaliação, pode-se utilizar o Desenho do Relógio, o Teste de Fluência Verbal por Categorias Semânticas e o Questionário Pfeffer (QPAF – Questionário Pfeffer de Avaliação Funcional). Caso, ao final dos testes, ainda haja dúvidas acerca do diagnóstico, a pessoa idosa deverá ser encaminhada para testes neuropsicológicos mais elaborados. Utilizar aqui o sistema público de saúde de referência e contra referência para avaliação geriátrica. Incapacidade Cognitiva: A incapacidade cognitiva restará configurada quando estivermos diante de um caso no qual a funcionalidade global da pessoa esteja prejudicada. É necessário que se faça uma dupla avaliação, avaliando-se a funcionalidade, bem como as atividade de vida diárias. Quais são as possíveis causas de incapacidade cognitiva (etiologias)? 42 Estado Confusional Agudo: Causas Do Delirium: Diagnóstico: Segundo o manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Americana de Psiquiatria em sua 5ª edição (DSM-5), são necessários quatro critérios para caracterizar um estado confusional como delirium: I. Ocorrem alterações na atenção (redução na capacidade de direcionar, focar, manter ou desviar a atenção) e orientação para o ambiente. II. O distúrbio surge de forma aguda em relação ao quadro clínico basal, em um curto espaço de tempo (horas a dias) e tende a flutuar ao longo do dia e não pode ser atribuído a outra doença neurocognitiva. III. A confusão mental deve estar associada à alteração em outros domínios cognitivos como déficit de memória, distúrbio da linguagem, distúrbio na percepção e desorientação, sem relação com doenças neurocognitivas prévias. IV. As alterações relatadas nos itens 1 e 3 não devem ocorrer em um contexto de alterações graves do nível de consciência (escala de Glasgow 4). 43 Os idosos, devido à redução de sua reserva cerebral, são muito vulneráveis ao aparecimento de delirium, que pode se manifestar nas formas de delirium hiperativo, hipoativo e misto. a) Hipoativo é definido pela presença de apatia e redução da capacidade de respostas. Paciente fica quieto demais. b) Hiperativo caracteriza-se por inquietação, agitação e labilidade emocional, sendo mais facilmente detectado. É mais fácil de detectar do que o paciente hipoativo. c) Misto é caracterizado pela alternância entre os tipos hipo e hiperativo. Tratamento: O tratamento específico inclui a remoção da causa básica ou fator precipitante, além do controle da sintomatologia. I. Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos; II. Promover a nutrição adequada; III. Retirar a contenção; IV. Estimular a mobilidade e a mudança de decúbito; proteger a via aérea; V. Promover a reorientação espacial e temporal do paciente. ANOTAÇÕES 44 DOENÇA DE ALZHEIMER A doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta por deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A principal característica dessa doença é a perda de memória. O indivíduo perde a sua autonomia, a sua independência. A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família. Essa doença não tem cura. É possível, no entanto, retardar o seu avanço, proporcionando-lhe qualidade de vida. Estudos têm demonstrado uma possível forma de diagnóstico através da dosagem dessas proteínas (beta-amiloide e proteína tau). Isso é algo novo que tem ganhado bastante destaque, posto que atualmente o diagnóstico do Alzheimer é clínico por exclusão, haja vista que ainda não existem marcadores para esse diagnóstico. Existe um diagnóstico certo do Alzheimer que é pós-morte, com a análise do encéfalo com substâncias brancas e cinzentas. Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. É importante fazer um teste de rastreamento da doença, testes cognitivos adequados, fazer os exames laboratoriais, para exclusão de outras doenças e possível diagnóstico de Alzheimer. A idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de demência da Doença de Alzheimer (DA). Após os 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos. 45 Principalmente nos idosos acima de 85 anos. Não se pode dizer que todo idoso terá Alzheimer, mas os riscos de desenvolver a doença são maiores à medida da idade. Pessoas com histórico de complexa atividade intelectual e alta escolaridade tendem a desenvolver os sintomas da doença em um estágio mais avançado da atrofia cerebral, pois é necessária uma maior perda de neurônios para que os sintomas de demência comecem a aparecer. Por isso, uma maneira de retardar o processo da doença é a estimulação cognitiva constante e diversificada ao longo da vida. Fatores de risco: As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea, porque isso depende dos fatores de risco modificáveis e imodificáveisde cada um. Cada caso é um caso. As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas. Por isso o indivíduo precisará de cuidados para execução de atividades do seu cotidiano. 46 Estágios: Estágio Leve: Estágio Moderado: Estágio Avançado: 47 DEMÊNCIAS REVERSÍVEIS E IRREVERSÍVEIS Demência, para fins diagnósticos, é uma síndrome caracterizada pelo comprometimento de múltiplas funções corticais superiores. Entre os déficits cognitivos incluem-se os da memória, do pensamento, da orientação, da compreensão, da linguagem, do cálculo, da capacidade de aprendizagem, do pensamento abstrato e do julgamento. O comprometimento das funções cognitivas é usualmente acompanhado e, às vezes, antecedido por alterações psicológicas, do comportamento e da personalidade. Por isso muitas das vezes o diagnóstico das demências é muito difícil, posto que ele pode vir associado a estes quadros. Estudos apontam alguns fatores relacionados ao modo de vida que vinculam a demência a outras doenças não transmissíveis e agravos, como: Inatividade física Obesidade Dietas desequilibradas Tabagismo Consumo nocivo do álcool Diabetes mellitus Hipertensão Depressão em pessoas mais velhas Nível de instrução baixo Isolamento social Inatividade cognitiva A demência é uma das principais causas de incapacidade e dependência entre idosos e tem forte impacto nas pessoas, seus familiares e cuidadores. Demências Reversíveis: 48 Uso de medicamentos (psicotrópicos e analgésicos narcóticos) Metabólica (distúrbio hidroeletrolítico, desidratação, insuficiência renal ou hepática e hipoxemia) Neurológica (hidrocefalia de pressão normal, tumor e hematoma subdural crônico) Infecciosas (Meningite crônica, AIDS, neuro sífilis) Colágeno-Vascular (lúpus eritematoso sistêmico, artrite temporal, vasculite reumatoide, sarcoidose e púrpura trombocitopenia trombótica) Endócrinas (doença tireoidiana, doença paratireoidiana, doença da adrenal e doença pituitária Nutricionais (deficiência de vitamina B12, ácido fólico, tiamina e niacina) Alcoolismo crônico Outras (DPOC, insuficiência cardíaca congestiva e apneia do sono) Tipos de Demências: Demência Vascular: A demência vascular não é uma doença, mas sim, um grupo heterogêneo de síndromes com vários mecanismos vasculares e mudanças cerebrais relacionados a diferentes causas e manifestações clínicas. É o segundo tipo mais prevalente de demência. O termo demência vascular tem conotações amplas, referindo-se a qualquer demência causada por doença cerebrovascular. Etiologias: Lesões Tromboembólicas Múltiplos infartos lacunares Lesões únicas em territórios nobres (tálamo, giro angular) Múltiplos infartos em vasos de grandes calibres Infarto único em localização estratégica Alterações crônicas da circulação cerebral Lesões extensas da substancia branca (Doença de Binswanger) Angiopatia amiloide 49 Angiopatias hereditárias Hemorragias cerebrais hipertensivas Sequelas de hemorragia subaracnoidiana e de hematomas subdurais Vasculites. Fatores de risco: O diagnóstico precoce da demência vascular e a identificação dos fatores de riscos permitem a elaboração de estratégias preventivas, que podem retardar e/ou melhorar a evolução da pessoa, ou até mesmo prevenir a instalação da doença. A prevenção de novos eventos cerebrovasculares é a única medida comprovadamente eficaz, para promover estabilização e talvez regressão das alterações cognitivas e comportamentais nessas pessoas. O diagnóstico é feito com base no quadro clínico e em exames complementares de neuroimagem, com auxílio de escalas específicas. A ocorrência de sinais e/ou sintomas neurológicos focais, contribuem de maneira importante para o diagnóstico de demência vascular. Demências dos Córpusculos de Lewy: 50 Demência Frontotemporal: Doença de Pick: Início pré-senil (a partir de 45 anos); Apresenta mudanças na personalidade e no comportamento e/ou alteração da linguagem como características iniciais bem marcantes; É comum alterações do comportamento sexual, com desinibição, jocosidade e hipersexualidade, além de hiperoralidade, hiperfagia com ganho de peso e obsessão em tocar objetos. O comprometimento da memória é geralmente mais tardio. Tratamento: O tratamento das pessoas com demência deve ser iniciado assim que é feito o diagnóstico, havendo maior possibilidade de resposta. A pessoa idosa com suspeita de demência, após avaliação na Unidade Básica de Saúde, deverá ser encaminhada para a atenção especializada, respeitandose os fluxos de referência e contra referência locais e mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento. ANOTAÇÕES 51 QUEDAS As principais características e fatores de risco de quedas em idosos têm sido pesquisadas e abordadas em trabalhos cientificos, pois são um dos fatores de segurança e qualidade do paciente. Por isso, foi criada a escala de Morse, que avalia o risco de queda do idoso na área de internação hospitalar. A queda representa um grande problema para as pessoas idosas em razão das suas consequências (injúria, incapacidade, institucionalização e morte) que são resultado da combinação da alta incidência com a alta suscetibilidade às lesões, entre elas, principalmente, a fratura do quadril e a fratura do colo do fêmur. Isso leva a um aumento na taxa de internação hospitalar e, consequentemente, na estadia, além da dependência funcional do idoso. Dados epidemiológicos: Cerca de 30% das pessoas idosas caem a cada ano; Essa taxa aumenta 40% entre os idosos com mais de 80 anos e 50% entre os que residem em uma instituição de longa permanência; As mulheres tendem a cair mais que os homens, mas a partir dos 75 anos de idade as frequências se igualam. Isso porque a maior parte das quedas ocorrem dentro do domicílio e, por fatores culturais, as mulheres ainda são as maiores responsáveis pelo cuidado familiar; Dos que caem, cerca de 2,5% requerem hospitalização, desses apenas metade sobreviverá após um ano. A maioria das quedas acidentais ocorre dentro de casa ou nos seus arredores, independentemente da condição socioeconômica, geralmente durante o desempenho de atividades cotidianas, como caminhar, mudar de posição e ir ao banheiro. Ademais, cerca de 10% das quedas ocorrem em escadas, sendo que descê-las apresenta maior risco que as subir. Causas relacionadas às quedas: O ambiente; Fraqueza/distúrbios de equilíbrio e marcha; Tontura e vertigem; Alteração postural e hipotensão ortostática; Lesão no sistema nervoso central, como acidentes vasculares cerebrais sistêmicos e hemorrágicos, demências etc.; Síncope; Redução da visão. 52 Fatores de Risco: Fatores intrínsecos: decorrem das alterações fisiológicas relacionadas ao avançar da idade, da presença de doenças, de fatores psicológicos e de reações adversas de medicações em uso. Fatores extrínsecos: relacionados aos comportamentos e atividades das pessoas idosas e ao meio ambiente. Ambientes inseguros e mal iluminados, mal planejados e mal construídos, com barreiras arquitetônicas representam os principais fatores de risco para quedas. Fator de risco Intrínseco: Idosos com mais de 80 anos; Sexo feminino; Imobilidade; Quedas precedentes; Equilíbrio diminuído; Marcha lenta e com passos curtos; Baixa aptidão física; Fraquezamuscular de MMII e MMSS (hand grip); Alterações cognitivas; Doença de Parkinson; Polifarmácia; Uso de sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. Fator de risco Extrínseco: Presença de tapetes pequenos e capachos em superfíces lisas; Carpetes soltos ou com dobras; Bordas de tapetes, principalmente, dobradas; Pisos escorregadios (encerados); Cordas, cordões e fios no chão; Ambientes desorganizados com móveis fora do lugar, móveis baixos ou objetos deixados no chão; Móveis instáveis ou deslizantes; Degraus de escada com altura e largura irregulares, piso muito desenhado; Degraus sem sinalização de término; Uso de chinelos, sapatos desamarrados ou mal ajustados; Roupas cumpridas, arrastando pelo chão; Má iluminação; Cadeiras, camas e vasos sanitários muito baixos; Cadeiras sem braço; Animais entulhos e lixo em locais inapropriados. 53 Fatores de agravo: Ausência de reflexos de proteção; Densidade mineral óssea reduzida; Osteoporose; Desnutrição; Idade avançada (80 anos); Resistência e rigidez da superfície sobre a qual se cai; Dificuldade para levantar-se após a queda. É necessário sinalizar na avaliação de queda onde o idoso caiu, como, qual a superfície, possível causa e se estava sozinho ou acompanhado. Quedas com impacto direto sobre quadril e punho têm maior probabilidade de resultar em fraturas. Quando há uma superfície intermediária, a probabilidade de ocorrer fratura diminui, bem como naqueles que conseguem reduzir a energia da queda, segurando-se. Avaliação das Quedas: A instabilidade postural e as quedas são importantes marcadores de diminuição de capacidade funcional e fragilidade em pessoas idosas. A avaliação da queda visa: Identificar sua causa e tratá-la; Reconhecer fatores de risco para prevenir futuros eventos, implementando intervenções adequadas. A avaliação da queda envolve aspectos biológicos, físicos, funcionais, cognitivos e psicossociais. Devem ser levantados dados relacionados: Ao contexto e mecanismo das quedas; Às condições clínicas da pessoa idosa, considerando as doenças crônicas e agudas presentes; À medicação em uso (prescritas ou automedicadas). Complicações: Lesões de partes moles; Restrição prolongada ao leito. O idoso que tenha uma fratura no fêmur, por exemplo, terá um tratamento mais difícil do que um adulto. Isso leva à imobilidade, que poderá ocasionar lesões pela pressão, complicações psicológicas e outros; 54 Hospitalização; Institucionalização; Risco de doenças iatrogênicas; Fraturas, hematoma subdural; Incapacidade e morte. Minimizando o Risco de Quedas: a) Educação para o autocuidado. b) Utilização de dispositivos de auxilio à marcha (quando necessário) como bengalas, andadores e cadeiras de rodas. c) Utilização criteriosa de medicamentos evitando-se, em especial, os que podem causar hipotensão postural. d) Adaptação do meio ambiente (residência e locais públicos): Acomodação de gêneros alimentícios e de outros objetos de uso cotidiano em locais de fácil acesso, evitando-se a necessidade de uso de escadas e banquinhos. Orientação para a reorganização do ambiente interno à residência, com o consentimento da pessoa idosa e da família. Sugerir a colocação de um diferenciador de degraus nas escadas bem como iluminação adequada da mesma, corrimãos bilaterais para apoio e retirada de tapetes no início e fim da escada. Colocação de pisos antiderrapantes e barras de apoio nos banheiros, evitar o uso de banheiras, orientar o banho sentado quando da instabilidade postural e orientar a não trancar o banheiro. ANOTAÇÕES 55 DIREITO À VIDA – LIBERDADE, RESPEITO, DIGNIDADE – ALIMENTAÇÃO – ART. 1º AO ART. 14 Iniciaremos o estudo do Estatuto do Idoso, a Lei n. 10.741/2003, a qual regulamenta os direitos do idoso. LEI 10.741 DE 1º DE OUTUBRO DE 2003 Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. TÍTULO I- DISPOSIÇÃO PRELIMINARES Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando- se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1º A garantia de prioridade compreende: I. atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II. preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; III. destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; IV. viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; V. priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; VI. capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; VII. estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; 56 VIII. garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. IX. prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. § 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso. § 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Art. 5º A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento. Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei. TÍTULO II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Capítulo I Do Direito À Vida Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vigente. Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade. Capítulo II Do Direito À Liberdade, Ao Respeito E À Dignidade Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. § 1º O direito à liberdadecompreende, entre outros, os seguintes aspectos: 57 I. faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II. opinião e expressão; III. crença e culto religioso; IV. prática de esportes e de diversões; V. participação na vida familiar e comunitária; VI. participação na vida política, na forma da lei; VII. faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. § 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. § 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Capítulo III Dos Alimentos Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil. Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores. Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social. ANOTAÇÕES 58 DIREITO À SAÚDE – ART. 15 AO ART. 19 Capítulo IV Do Direito À Saúde Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. § 1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de: I. cadastramento da população idosa em base territorial; II. atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; III. unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social; IV. atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural; V. reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das sequelas decorrentes do agravo da saúde. § 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. § 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. § 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei. § 5º É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o seguinte procedimento: I. quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com o idoso em sua residência; ou (Incluído pela Lei n. 12.896, de 2013). II. quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador legalmente constituído. § 6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre 59 o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária. § 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial sobre os demais idosos, exceto em caso de emergência. Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico. Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito. Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável. Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita: I. pelo curador, quando o idoso for interditado; II. pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil; III. pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; IV. pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério Público. Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda. Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: I. autoridade policial; II. Ministério Público; III. Conselho Municipal do Idoso; IV. Conselho Estadual do Idoso; V. Conselho Nacional do Idoso. 60 § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. ANOTAÇÕES 61 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA Ao longo do tempo houveram vários nomes de políticas relacionadas à saúde do idoso, e que, atualmente, a portaria vigente no que diz do interesse da política do idoso é a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Essa portaria é diferente de decreto e Lei. Estes apresentam artigos, parágrafos e capítulos. A portaria é escrita em forma de tópico, de leitura de texto, para que seja entendível como ela deve ser implementada. Portaria n. 2.528/2006 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa: Marcos Históricos 1990- No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. 1994 - Com o objetivo de reorganizar a prática assistencial é criado pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família (PSF). 1994 / 1996 Política Nacional do Idoso, assegura direitos sociais à pessoa idosa, cria condições para promover autonomia, integração e participação efetiva do idoso na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS (Lei nº 8.842/94 e Decreto nº 1.948/96). 1999 – Portaria Ministerial nº 1.395 anuncia a Política Nacional de Saúde do Idoso. Essa política assume que o principal problema que pode afetar o idoso é a perda de sua capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária. 2002- Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso (Portaria nº 702/SAS/MS, de 2002), tendo como base as condições de gestão e a divisão de responsabilidades definida pela Norma Operacional de Assistênciaà Saúde (NOAS). Como parte de operacionalização das redes, são criadas as normas para cadastramento de Centros de Referência em Atenção à Saúde do Idoso (Portaria nº 249/SAS/MS, de 2002). 2003 - Estatuto do Idoso. Amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa, mas não traz consigo meios para financiar as ações propostas. O Capítulo IV do Estatuto reza especificamente sobre o papel do SUS na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma integral, em todos os níveis de atenção. 2006 - Portaria nº 399/GM, o documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida. Neste documento, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo sendo apresentada uma série de ações que visam, 62 em última instância, à implementação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso. 2006 – Politica Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) – Portaria 2.528/2006. Finalidade: Recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. Considerou: a) o contínuo e intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro; b) os inegáveis avanços políticos e técnicos no campo da gestão da saúde; c) o conhecimento atual da Ciência; d) o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica; e) a necessidade de buscar a qualidade da atenção aos indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde; f) o compromisso brasileiro com a Assembleia Mundial para o Envelhecimento de 2002, cujo Plano de Madri fundamenta-se em: a) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; b) fomento à saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; c) criação de um entorno propício e favorável ao envelhecimento; e g) escassez de recursos socioeducativos e de saúde direcionados ao atendimento ao idoso; Desafios: a) a escassez de estruturas de cuidado intermediário ao idoso no SUS, ou seja, estruturas de suporte qualificado para idosos e seus familiares destinadas a promover intermediação segura entre a alta hospitalar e a ida para o domicílio; b) número insuficiente de serviços de cuidado domiciliar ao idoso frágil previsto no Estatuto do Idoso. Sendo a família, via de regra, a executora do cuidado ao idoso, evidenciase a necessidade de se estabelecer um suporte qualificado e constante aos responsáveis por esses cuidados, tendo a atenção básica por meio da Estratégia Saúde da Família um papel fundamental; c) a escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa; d) a 63 implementação insuficiente ou mesmo a falta de implementação das Redes de Assistência à Saúde do Idoso. Justificativa: O Brasil envelhece de forma rápida e intensa; Na transição epidemiológica brasileira ocorrem incapacidades resultantes do nãocontrole de fatores de risco preveníveis; O sistema de saúde brasileiro tradicionalmente está organizado para atender à saúde materno-infantil e não tem considerado o envelhecimento como uma de suas prioridades; A população idosa, que hoje representa cerca de 9% da população, consome mais de 26% dos recursos de internação hospitalar no SUS; É notável a carência de profissionais qualificados para o cuidado ao idoso, em todos os níveis de atenção; A saúde para a população idosa não se restringe ao controle e à prevenção de agravos de doenças crônicas não-transmissíveis. O Grande Desafio: o Envelhecimento Populacional em Condição de Desigualdade Social e de Gênero: Nos últimos 60 anos, o número absoluto de pessoas com 60 anos ou mais de idade aumentou nove vezes; Não só a população brasileira está envelhecendo, mas a proporção da população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos ou mais de idade; O envelhecimento é também uma questão de gênero. A predominância feminina se dá em zonas urbanas. Nas rurais, predominam os homens, o que pode resultar em isolamento e abandono dessas pessoas ; Quanto ao local de moradia, os idosos podem estar no ambiente familiar ou em instituições de longa permanência para idosos (ILPI); A heterogeneidade do grupo de idosos, seja em termos etários, de local de moradia ou socioeconômicos, acarreta demandas diferenciadas, o que tem rebatimento na formulação de políticas públicas para o segmento. Diretrizes: a) promoção do envelhecimento ativo e saudável; b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; c) estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; d) provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; e) estímulo à participação e fortalecimento do controle social; f) formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; g) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; 64 h) promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. Agora para exercitar, fale sobre cada tópico das diretrizes da PNSPI: a) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ b) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ c) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ d) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________65 e) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ f) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ g) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ h) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ i) __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________