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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERONTOLOGIA KELEM QUEIROZ MOREIRA ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO AO IDOSO COM ALZHEIMER FORTALEZA 2007 KELEM QUEIROZ MOREIRA ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO AO IDOSO COM ALZHEIMER Monografia submetida à Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Gerontologia. Orientadora: Ms. Lucila Bomfim Lopes Pinto. FORTALEZA 2007 AGRADECIMENTOS À Nosso Senhor Jesus Cristo, filho Unigênito de Deus, que junto ao Espírito Santo concedeu-me serenidade, discernimento e compreensão; a Nossa Senhora, que me carregava no colo nas horas em que eu não mais conseguia caminhar; aos meus familiares que me apoiaram nesta caminhada, e por terem compreendido as minhas ausências; a Profª. Ms. Lucila Bomfim Lopes Pinto, que muito contribuiu para a realização deste trabalho com toda dedicação, insistência e paciência; a coordenadora Maria Queiroz, por acreditar em cada um de seus alunos, sempre com uma palavra de incentivo e carinho; a todos os colegas e amigos da especialização. Eu tenho estado zangado, mas não estou em agonia; Eu tenho estado frustrado, mas não estou com medo; Eu tenho estado solidário, mas não estou perdido; Eu tenho sido combatido, mas não estou desanimado; Eu tenho sido desencorajado, mas não estou desesperado; Eu tenho minha fé e isso prevalecerá sobre tudo mais; Nós cuidadores, vivemos um dia de cada vez e Agradecemos ao Senhor por nosso grupo de apoio. Paul A. Schratwieser Associação Americana de Alzheimer – Capítulo Norte da Virginia RESUMO A atuação da Terapia Ocupacional junto ao idoso com alzheimer surgiu diante da convivência e do significativo aumento da população idosa, que sofrem com as alterações físicas e psicológicas causadas pelo processo fisiológico ou patológico do envelhecimento. Os objetivos do estudo foram: compreender o processo do envelhecimento; pesquisar as causas do alzheimer, buscando compreender a problemática vivenciada pelo homem; analisar o significado do comportamento do idoso com alzheimer e identificar na literatura como a Terapia Ocupacional contribui para a reabilitação do idoso com alzheimer. A natureza do estudo é do tipo bibliográfica. O material para coleta dos dados foi obtido em sites científicos e livros da área. Quanto aos critérios de exclusão, definiu-se por documentos que não tinham relação com a temática da investigação. Os textos selecionados foram analisados de acordo com os pressupostos: leitura flutuante, leitura exaustiva, fichamento, descrição das temáticas. Conclui-se que, é cada vez mais crescente o número de idosos com alzheimer, ocorrendo alterações físicas e mentais entre outras, mudando assim a vida do idoso e de seus familiares, e é por isso que a Terapia Ocupacional surge para facilitar para o mesmo a possibilidade de viver de forma sadia seu processo de envelhecimento. Palavras-chave: Alzheimer. Idoso. Terapia Ocupacional. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................7 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................10 2.1 Processo de envelhecimento...............................................................................................10 2.2 Modificações fisiológicas ...................................................................................................10 2.3 Processos psíquicos do envelhecimento .............................................................................13 2.4 Exclusão social do idoso ....................................................................................................15 2.5 A perda do papel social: aposentadoria e suas conseqüências ...........................................16 2.6 Demência ............................................................................................................................17 2.7 Terapia ocupacional............................................................................................................24 2.8 Proposta terapêutica ocupacional na prática do idoso ........................................................25 3 METODOLOGIA..................................................................................................................32 3.1 Tipo de estudo ....................................................................................................................32 3.2 Critérios de inclusão ...........................................................................................................32 3.3 Critérios de exclusão ..........................................................................................................33 4 RESULTADOS .....................................................................................................................34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................36 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................38 1 INTRODUÇÃO Viver mais tempo e ter uma velhice melhor é, em grande parte, um cuidado que devemos ter, uma prevenção. Doenças freqüentes após os 60 anos, como hipertensão, diabetes e reumatismo, entre outras decorrem, em grande parte, de fatores de risco, como obesidade, sedentarismo e estresse. Uma providência básica é o acompanhamento médico. Está se constatando, em diversos países, o envelhecimento populacional. As estatísticas do Instituto Brasileiro de geografia e Pesquisa (IBGE), apontam que o Brasil terá no ano de 2025, 15,6% da população com mais de 60 anos, ou seja, aproximadamente 30,3 milhões de pessoas (RICARTES; HOLSBACH, 2001). A sociedade capitalista a qual pertencemos, dá ao idoso o status de inválido, pois o indivíduo é visto pelo que produz. Porém, a mesma sociedade pode marginalizar o idoso no trabalho, obrigando-o a aposentar-se em algumas ocasiões. O indivíduo com doença de alzheimer enfrenta dificuldades e, geralmente é chamado de esquecido porque já está velho, “tá ficando doido, esclerosado”. Desta forma, além de todas as dificuldades encontradas e a perda da autonomia, o individuo encontra-se fragilizado, o que muitas vezes o impede de realizar situações mais simples do seu dia-a-dia, além de muitas vezes, isolar-se das pessoas vivendo em um mundo só seu. A proposta de intervenção terapêutica ocupacional surgiu diante da convivência e do significativo aumento da população idosa, que sofrem com as alterações físicas e psicológicas causadas pelo processo fisiológico ou patológico do envelhecimento. De acordo com Ricartes e Holsbach (2001), a Terapia Ocupacional tem muito a contribuir na terceira idade principalmente quando se trata de alzheimer, proporcionando atividades adequadas que possibilitem ao idoso viver de forma sadia. Isso significa a realização de forma mais independente possível, das Atividades de Vida Diária (AVD), Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD), atividades produtivas e de lazer. 8 As atividades servem de espaço onde os idosos podem falar, experimentar, refletir sobre sua vida. ‘A atividade funciona principalmente como facilitadora da expressão e da comunicação dos idosos, além de lhes dar oportunidade de criar algo a partir de sua própria cultura, conhecimento e história’. (LIBERMAN, 1998, p. 12). A presente pesquisa surgiu pelo trabalho desenvolvido com os idosos no município de Aquiraz e também da necessidade de refletir sobre o idoso com alzheimer, especificamente àqueles que estão na fase inicial da doença, por esse interesse a pesquisadora buscou esta especialização procurando contribuir com significativas possibilidades de minimizar a problemática. E o propósito do objeto de estudo são: pesquisar as causas do alzheimer, buscando compreender a problemática vivenciada pelo homem; analisaro significado do comportamento do idoso com alzheimer; identificar na literatura como a Terapia Ocupacional no processo da saúde contribui para a reabilitação desse idoso. Considerando a problemática estudada é que o terapeuta ocupacional aparece, como o profissional que está habilitado a avaliar e a intervir sobre a saúde ocupacional do idoso com alzheimer, adaptando suas atividades e seu ambiente às suas demandas e disfunções, bem como orientando o próprio cliente, seus familiares, e demais membros da equipe quanto à importância de estimulá-lo na realização de suas atividades de vida diária, e de outras atividades significativas, preservando, sempre que possível, sua independência, autonomia, satisfação e qualidade de vida. Na introdução, capítulo um deste trabalho, será abordada a problemática sobre o crescente aumento da população idosa e sua repercussão na sociedade. No capítulo dois será contemplada a revisão de literatura, onde o processo de envelhecimento será enfatizado na sua dimensão fisiológica, psicológica e social, suas implicações e as principais patologias que podem surgir durante essa etapa da vida, dentre as quais detalha-se a demência, finalizando com a intervenção terapêutica ocupacional. No terceiro capítulo abordamos o método utilizado no estudo e os critérios de inclusão e exclusão dos textos. 9 O capítulo quatro irá apresentar os resultados obtidos sobre a doença de alzheimer na fase inicial e como a Terapia Ocupacional pode contribuir para minimizar a problemática junto aos cuidadores e familiares. E finalizando este trabalho, foi feita uma explanação sobre a temática no quinto capítulo. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Processo de envelhecimento A velhice, como as outras fases da vida, se caracteriza por mudanças físicas e mentais. É uma etapa onde, muitas vezes, há angustias e inquietações. A fragilidade conseqüente do envelhecimento é uma realidade. Não existe uma concepção única de velhice. Por certo, que esta fragilidade pode se apresentar em formas e níveis diferentes. Papaléo Netto (2002, p. 60) diz que “o envelhecimento pode ser conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, que vão alterando progressivamente o organismo”. A definição de quais indivíduos são considerados idosos se faz de forma arbitrária. Segundo Stoppe Jr. e Louzã (2000), de forma geral, convencionou-se chamar idosos aqueles indivíduos com idade acima de 65 anos, embora alguns autores utilizem o referencial a partir dos 55 ou 60 anos. Essa faixa etária é denominada “terceira idade”. O envelhecimento é um processo universal, é um termo geral que, segundo a forma em que aparece, pode-se referir a um fenômeno fisiológico, de comportamento social, ou ainda cronológico, isto é, de idade. É um processo em que ocorrem mudanças nas células, nos tecidos e no funcionamento dos diversos órgãos. O homem em desenvolvimento durante o ciclo da vida é um ser biopsicossocial, podendo sofrer influências e influenciar o ambiente em que vive, num processo de adaptação, em suas relações com o mundo. O ambiente físico, político e cultural em que o homem estiver situado pode facilitar ou dificultar o processo de adaptação, acelerando ou retardando o envelhecimento. (RODRIGUES; DIOGO, 2004, p. 12). Várias são as alterações biofisiológicas que ocorrem no homem durante o processo de envelhecimento, variando de pessoa para pessoa e dependendo do contexto no qual estão inseridos. 2.2 Modificações fisiológicas Segundo Luders e Storani (2002), o declínio das funções fisiológicas do processo de envelhecimento, assim como todos os órgãos do organismo, o cérebro envelhecido apresenta 11 diminuição de suas funções, como o raciocínio mais lento, esquecimentos, empobrecimento da linguagem, habilidade psicomotora prejudicada, entre outras funções diminuídas. Percebe-se que a função cognitiva é marcada por diferenças individuais, pois as perturbações cognitivas interferem muito nas atividades de vida diária (AVD’S) e social do idoso, além de sobrecarregar as tarefas de seus familiares ou cuidadores. Os órgãos que apresentam alterações são citados a seguir: Visão Opacidade do cristalino e diminuição da acuidade visual, geralmente com presença de presbiopia (diminuição da capacidade de focar objetos próximos), olhos mais fundos, diminuição da produção de lágrimas devido à perda de gordura ao redor do globo ocular e miose senil (diminuição do diâmetro pupilar). Audição Aumento da produção de cera causando o engrossamento do tímpano, degeneração do ouvido interno e do nervo auditivo levando a presbiacusia (perda na percepção de sons mais agudos e da capacidade de discriminar sons - ouve, mas não consegue compreender) e declínio da quantidade do fluxo sanguíneo. Olfato Diminuição das terminações olfativas dificultando o reconhecimento de odores. Paladar Diminuição do número de papilas gustativas, produção de saliva e capacidade de discriminar odores. Pele Diminuição da tonicidade e elasticidade (rugas), lentificação da renovação celular, diminuição das glândulas sebáceas e sudoríparas (ressecamento e aspereza), manchas escuras 12 (hiperpigmentação causada por alterações no funcionamento dos melanócitos) e palidez (devido à diminuição dos melanócitos – pele clara ou melhor sem cor - e alças capilares). Ossos Perda de lâminas e diminuição da espessura óssea, desequilíbrio do metabolismo de cálcio e perda de minerais aumentando a probabilidade de fraturas e instalação da osteoporose. Músculos Diminuição na velocidade da contração muscular, força e tônus (Identificação dos movimentos), degeneração de fibras, perda de massa corpórea e aumento de tecido adiposo (gordura). Sistema respiratório Perda da elasticidade pulmonar e atrofia dos músculos acessórios da respiração, redução da capacidade de expansão da caixa torácica, diminuição dos componentes da capacidade vital (ar corrente, ar de reserva e ar complementar) e dilatação dos bronquíolos respiratórios, causando uma insuficiência respiratória. Sistema cardiocirculatório Aumento do peso do coração e espessura da parede do ventrículo esquerdo, espessamento e calcificação nas válvulas infiltração de gordura, aumento do conjuntivo e diminuição das células musculares do nodo sinoatrial, diminuição da força de contração e capacidade máxima do coração, diminuição do débito cardíaco, aumento da espessura da parede e diminuição da luz das arteríolas, maior rigidez da parede das artérias, devido ao aumento do colágeno e diminuição da elasticidade. Sistema nervoso Diminuição do peso e volume cerebral, dos neurônios e dos neurotransmissores, da velocidade da condução dos estímulos e deficiência na manutenção da homeostase. 13 Segundo Carvalho Filho (apud PAPALÉO NETTO, 2002), O indivíduo reduz cerca de 1 (um) cm por década, acentuando-se após os 70 anos de idade. Essa diminuição ocorre devido aos seguintes fatores: – Achatamento das vértebras; – redução dos discos intervertebrais; – cifose dorsal; – arqueamento dos membros inferiores; – achatamento do arco plantar. Para o mesmo autor (2002, p. 63): Diversas estruturas do organismo apresentam modificações morfológicas no envelhecimento. Dentre estas destacam-se: aumento da circunferência do crânio; aumento da amplitude do nariz e dos pavilhões auditivos, originando a conformação facial típica do idoso; aumento do diâmetro-posterior e redução do diâmetro transverso do tórax, constituindo o chamado tórax senil; aumento do diâmetro antero-posterior do abdome e do diâmetro bílico; redução da prega cutânea tricipital e manutenção da subescapular, conseqüência da distribuição centrípeta do tecido adiposo. Como se pode observar são várias as alterações que o individuo sofre, desde a tonalidade dos cabelos até a elasticidade das veias e artérias. Essas modificações influenciam não somente o funcionamento do corpo, mas são de relevante importânciatambém no funcionamento psíquico do idoso, estabelecendo um ciclo em que o corpo altera a mente e a mente altera o corpo. 2.3 Processos psíquicos do envelhecimento Juntamente com as alterações biofisiológicas pode-se evidenciar também mudanças no que diz respeito à questão emocional do individuo que atinge a velhice. De acordo com Destéfani (2000, p. 50): O idoso tem dificuldade de aceitar o presente, de adaptar-se a ele, tende a se agarrar ao passado, na fuga pela memória. Enquanto não consegue mais reter os 14 acontecimentos recentes, recorda com clareza os fatos da infância e juventude, podendo chegar a assumir atitudes que refletem as que foram vividas em tempos longínquos. As modificações que ocorrem durante o processo de envelhecimento, são peculiares a cada um. As adaptações podem acontecer de forma adequada, saudável ou patológica, dependendo da história anterior, da saúde física, do bem estar sócio-econômico e da vivência atual das modificações, perdas e medos. No decorrer dos anos, o homem depara-se com uma série de perdas significativas; o surgimento de doenças crônicas e a deterioração da saúde, morte de parentes e amigos, ausência de papéis sociais valorizados, dificuldades financeiras, afetando sua auto-estima e culminando, na maioria das vezes em crise. (GATTO apud PAPALÉO NETTO, 2002). Destéfani (2000) descreve, de forma mais sucinta, as várias perdas sofridas pelo idoso: Perda gradual das pessoas queridas: pai, irmãos, cônjuge e amigos vão se distanciando ou mesmo desaparecendo pelas diversas causas como: morte, doenças, limitações, entre outros motivos, surgindo um vazio e a solidão. Perda dos papéis sociais: principalmente após a aposentadoria, quando perdem trabalho, status e amizades, passando a ter a sensação de abandono e inutilidade. Perda da saúde: vão surgindo as limitações e diminuição da vitalidade, devido às alterações no organismo. Perda da habitação: devido às condições econômicas e ou físicas, muitas vezes a pessoa idosa é obrigada a abandonar sua casa, onde viveu por muitos anos, levando a um grande sofrimento. Stoppe Jr. e Louzã (2000, p. 49) citam: Com o envelhecimento, ocorre a redução da dimensão psicológica de futuro. O idoso tem uma vivência de tempo passado, há mais tempo passado, do que tempo por vir. Diferente do jovem, que pode adiar ou tentar novamente, os sonhos e esperanças não realizados permanecerão assim, não realizados. A proximidade com a morte é percebida, não só pelo declínio, mas pela observação da morte de parentes e amigos da mesma faixa etária. 15 Essas alterações emocionais influenciam diretamente na forma que o idoso irá enfrentar essa fase da vida. Envelhecer é um processo que não acontece da noite para o dia, mas sim um processo gradativo. Para melhor viver esta fase é preciso que a mente aprenda a se adaptar as mudanças do corpo e vice-versa. 2.4 Exclusão social do idoso Hoje há uma maior conscientização acerca do desrespeito e preconceito com o idoso, mas a prática de exclusão ainda acontece por terceiros e principalmente por ele mesmo. Em sua obra, Lorda e Sanchez (2001) dizem que apesar do processo de envelhecimento ser uma experiência universal, que ocorre em todos os tempos, o idoso tem sido altamente estereotipado. A história retrata a forma preconceituosa com que se tem tratado o tema da velhice e como se têm perpetuado até os dias atuais. Essas idéias pré-concebidas estabelecem uma distância entre as gerações, onde emanam as diversidades de problemas enfrentadas pelos indivíduos até hoje. Contudo, os aspectos mais relevantes dos estigmas e estereótipos da velhice, pode ser considerado o seu caráter negativo e incapacitante. Habitualmente, os idosos são desvalorizados pela sociedade. O rótulo que carregam consigo são de pessoas fisicamente incapacitadas, com perda progressiva das faculdades mentais, dependentes e de alto custo econômico. A não ser com poucas exceções, àqueles que se mantêm funcionalmente e economicamente independentes, sofrendo com menos intensidade do estigma e da hostilidade da velhice. O resultado dessas falsas crenças acerca da velhice acarreta em grande parte, no isolamento social, processo pelo qual os indivíduos gradualmente se excluem da vida em sociedade. Muitos idosos tomam esta decisão por vontade própria ou porque são forçados pelas atitudes da sociedade. Mas se deve esclarecer que a tomada desta postura pode, muitas vezes, ser criada pelas mesmas atitudes e valores porque tiveram uma vida isolada quando jovem. Há pessoas que desfrutam da solidão e isso não implica que estejam isoladas socialmente. Adaptar-se ao processo de mudanças e perdas da velhice é um processo difícil para alguns, mas isto não deve resultar em isolamento, pois se pode fazer ajustes que permitam levar uma vida em comunidade saudável e satisfatória. 16 Pont Geis (2003, p. 31) cita a solidão como um dos maiores problemas da sociedade contemporânea, podendo causar doenças de ordem física e emocional. O principal problema não é tanto viver só ou estar só, mas sentir-se só. O ser humano deve estar em constante relação, pois vive em uma sociedade, e deve sentir-se vinculado a ela, sejam quais forem às vias e os meios necessários. Cada faixa etária, cada grupo social faz parte da sociedade e está unido a ela por diferentes vínculos e razões. No momento em que uma pessoa envelhece e começa a fazer parte do grupo de idosos, de aposentados, desvincula-se do nexo de união social que tinha até então. Com isso, será necessário criar outros vínculos, outras situações que lhe ajudem a integrar-se a um grupo social. Afirmar que o idoso perde sua capacidade de criar, aprender, reciclar com o passar dos anos, é outra idéia equivocada, que não corresponde à realidade. Com a chegada da velhice ainda é possível realizar grandes feitos. Ao olharmos para o crescimento da humanidade como um todo, sempre teremos referenciais de pessoas acima dos 65 anos que realizaram grandes obras e marcaram a história. A idade não determina a criatividade das pessoas, nem limita suas possibilidades de aprendizagem ou de execução. Algumas das crenças e estereótipo explicitados podem modificar de cultura para cultura. Mas o fundamental é analisar os efeitos negativos que o preconceito da velhice implica a estes indivíduos. Portanto devemos ficar atentos e atuantes na batalha em romper com essas falsas crenças, ajudando a construir uma sociedade mais democrática. Para isto, criar grupos de idosos, encontros, passeios entre pessoas de diversas faixas etárias facilita a quebra desses paradigmas, fazendo com que cada um, ao seu modo, contribua para a inclusão do idoso na sociedade de forma participativa e atuante. 2.5 A perda do papel social: aposentadoria e suas conseqüências Em todas as etapas da vida as pessoas se deparam com crises, perdas, escolhas, fracassos, que podem ou não ser superados. No entanto, temos um tempo maior para superar ou tentar resolve-los. Na velhice, época de mudanças e transformações, a adaptação e aceitação são menos toleráveis, pois o tempo é imprescindivelmente menor para superá-las. Socialmente considerou-se o papel do aposentado como um papel sem papel, porque, a sociedade contemporânea não reconheceu, para o aposentado, um papel social, como 17 acontecia em muitas sociedades primitivas ou na medieval [...] A solução para os aposentados contemporâneos consiste em transformar esse ‘papel sem papel’ na sociedade industrial em um ‘papel com papel’, que lhe atribua responsabilidades, status e prestígio social. Para isso é necessário desmistificar a importância do trabalho durante a vida ativa e dignificar socialmente o descanso dos aposentados, reconhecendo a validade do lazer em sociedades que idolatram o trabalho, suas conseqüências econômicas e seu prestígio social. (MORAGAS, 2000, p. 145-146). Stuart (2002) descreve alguns estudos com adultos mais velhos em atividade ou semi-aposentados, e relata que o bem-estar não estavarelacionado a quanto eles trabalhavam, e sim ao fato de o trabalho ser o que eles gostariam de fazer. Com relação à aposentadoria, foi observado que as pessoas que delas se aproximam tendem a um estado de maior apreensão e auto depreciação. Há também alguns casos de pessoas com problemas psicológicos por já não se sentirem tão úteis. O despreparo total quanto à aproximação desta etapa da vida, sendo comum o surgimento de doenças e uma forte depressão, são conseqüências da não preparação para o fechamento do ciclo trabalhista. As perdas de ordem econômico social aproximam-se juntamente com a chegada da aposentadoria. Além da perda do vínculo profissional e do papel social pode haver uma considerável perda dos rendimentos, comprometendo o padrão de vida anterior. (GATTO apud PAPALÉO NETTO, 2002). 2.6 Demência À medida que o número de idosos aumenta, a prevalência de doenças crônico- degenerativas crescem significativamente e, entre essas, a demência se destaca, compondo o sexto grupo de doenças mais relevantes em relação ao impacto na funcionalidade e na mortalidade de idosos. São comuns, na população idosa, queixas sobre o declínio da cognição e da dependência nas atividades funcionais, sendo forte a relação entre nível cognitivo e habilidade funcional. (MARRA, 2007). A demência é uma síndrome caracterizada pelo declínio progressivo e global das funções cognitivas, na ausência de um comprometimento agudo do estado de consciência, e que seja suficientemente importante para interferir nas atividades sociais e ocupacionais do indivíduo. 18 De acordo com Green (2001, p. 13) a demência “é uma síndrome adquirida na qual o prejuízo das habilidades cognitivas é ser o suficiente para interferir nas atividades sociais e ocupacionais costumeiras do indivíduo”. Segundo Chaves (1998 apud ANGHINAH; CARAMELLI, 2006, p. 4) as demências são didaticamente divididas em dois grandes grupos: as demências primárias e as secundárias. Demências primárias – são desordens degenerativas do SNC, com curso progressivo e que se manifestam clinicamente por declínio cognitivo acompanhado ou não de outras alterações do exame neurológico ou por transtornos de comportamento (Doença de Alzheimer, Demência com corpos de Lewy e a Demência fronto-temporal). Demências secundárias – são conseqüências de desordens não degenerativas que acometem o SNC, acompanhadas ou não de outras alterações neurológicas (Demência vascular, Demência hidrocefálica, Demência secundária a tumores, entre outras). Segundo os mesmos autores, a demência pode ser classificada quanto ao grau em: Leve: acometimento das capacidades de trabalho e sociais, mas mantém grau de independência para AVDs. Moderada: Necessita supervisão para AVDs. Grave: Incapacidade para AVDs, necessita supervisão permanente. Cada fase apresenta os seguintes cuidados: Leve: – Comprometimento de memória recente. – Estimular independência, estabelecer rotinas com atividades repetitivas. – Não dirigir, cuidados com questões financeiras e jurídicas. Moderada: – Perigo em sair sozinho – Supervisão para higiene – Prevenção de acidentes – Estimular a fazer o que consegue 19 Grave: Cuidados permanentes Quanto a classificação clínica as demências se dividem em: Demências corticais: – Doença de Alzhiemer – Doença de Pick Demências subcorticais: – Síndromes extrapiramidais: (Doença de Parkinson, Doença de Huntington, Paralisia Supranuclear Progressiva, Doença de Wilson, Degenerações espinocerebelares, Calcificação Idiopática dos Gânglios da Base). A população mundial, em especial a brasileira, está envelhecendo. Com isso, surge não apenas uma maior preocupação da classe médica, mas um novo interesse da população em geral com doenças da velhice. Nesse contexto, o mal de alzheimer, mais comum no idoso, apresenta maior incidência de casos, requerendo tratamentos e cuidados adequados a esses indivíduos. A origem do nome alzheimer vem do médico alemão, Alois Alzheimer (1864- 1915), um psiquiatra e neuropatologista, que em 1906, ao fazer uma autópsia, descobriu no cérebro morto algumas lesões que ninguém nunca tinha visto. Tratava-se de um problema nos neurônios, que apareciam atrofiados dentro do cérebro, e cheios de placas estranhas, fibras retorcidas, enroscadas umas às outras. A partir daquele momento, esse tipo de degeneração ficou conhecida por “placas senis”, característica fundamental da doença de alzheimer. (AZEVEDO; RIBAS, 2004). Segundo Sayeg (2000, p. 75), [...] a doença de alzheimer é a mais freqüente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem, mudança da personalidade e da capacidade de julgamento. 20 A demência de alzheimer é a mais prevalente entre as demências. Pois, segundo Sayeg (2000, p. 76) a doença de alzheimer “é uma enfermidade devida a degeneração neuronal de caráter progressivo, manifestada por perda inexorável da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e alterações comportamentais”. A DA é caracterizada pelo déficit na memória episódica de longo termo (devido à baixa performance na evocação) e na memória de curto prazo que pode estar relacionada com a gravidade do quadro. (IZQUIERDO apud ABREU; FORLENZA; BARROS, 2005). Ainda não descobriram exatamente qual é a causa da doença de alzheimer. O que se sabe é que a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no interior do cérebro. E a idade é o maior fator de risco para a doença. Quanto mais idade maior o risco. Caramelli (2005, p. 7) diz que “a idade é o fator de risco mais importante” conhecido e aceito universalmente. Mas sabemos que existem outros, tais como: história familiar, sexo feminino, traumatismo crânio encefálico (com perda de consciência), depressão e infarto do miocárdio. Sayeg (2000) refere que o início é insidioso, lento e gradual, em períodos de vários anos. O curso é progressivo, sem fase de melhoria. E a memória e o intelecto estão comprometidos. De acordo com Sayeg (2000), os sintomas mais comuns são: Perda de memória, confusão e desorientação; Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança; Alteração da personalidade e do senso crítico; Dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se; Dificuldade em reconhecer familiares e amigos; Dificuldade em tomar decisões; Perder-se em ambientes conhecidos; Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal; Dificuldades com a fala e a comunicação; e Movimentos e fala repetitiva. 21 Damasceno (2000) afirma que existe o diagnóstico por probabilidade que é estabelecido por um feixe de argumentos clínicos, avaliados por meio de escalas (Miniexame do Estado Mental; Clinical Dementia Rating – CDR; Escala de Blessed, Tomlinson e Roth – BTR, entre outras escalas que permitem definir estágios da doença. Podendo ser realizado também o diagnóstico por exclusão, para descartar as possibilidades de demência reversível (depressão, intoxicação medicamentosa, infecções, etc.). Conforme observa-se, a doença de alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza através do exame microscópico do tecido cerebral por biópsia ou necropsia, para demonstrar a presença das lesões características: as placas neuríticas e os novelos neurofibrilares em certas áreas do cérebro. A doença de alzheimer “divide-se em quatro fases” (inicial, intermediária, final e terminal ). Nesta monografia a ênfase será somente na fase inicial. Pessoas nas fases iniciais da doença de alzheimer freqüentemente apresentam comprometimento da memória, podendo ter dificuldades em lembrar de eventos recentes, de pessoas familiares e de objetos, interferindo seriamentena execução das atividades da vida diária. Segundo Forlenza (2000 apud CAOVILLA; CANINEU, 2002, p. 11) ocorre “a perda de memória recente, do que se viveu ou o que se aprendeu há menos tempo, sendo preservada a memória antiga, aquela que contém fatos acontecidos há muitos anos atrás na vida do indivíduo”. Geralmente na fase inicial o portador apresenta boa qualidade de vida pessoal, principalmente pelo aparente vigor físico e condições de manter uma conversa social. Quanto a auto-estima, quando incentivados relatam fatos que consideraram importantes, principalmente no campo profissional ou na afetividade familiar. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas corretamente, retardando a evolução da doença e assim oferecer uma oportunidade digna para a pessoa portadora da doença de alzheimer poder inclusive, tomar parte nas decisões que lhe diz respeito, especialmente na fase inicial da enfermidade. Green (2001, p. 83) afirma “ainda não existir uma droga que seja realmente eficaz no combate da D. Alzheimer”. 22 Em relação ao tratamento da D. Alzheimer é importante considerar que há outras medidas que podem ser úteis, principalmente quando se pode contar com uma equipe multidisciplinar. Intervenções terapêuticas psicológicas e ocupacionais com terapias específicas, treinamento das AVD’S (Atividades da Vida Diária) e AIVD’S (Atividades Instrumentais da Vida Diária) que podem retardar relativamente a evolução da doença, melhorando sua qualidade de vida bem como de sua família e de seu cuidador. A manutenção da qualidade de vida do paciente resulta de incentivos, habilidades e capacidade do cuidar em amar aos outros como a si mesmo e, quando o ser humano de quem cuida é acometido de fatores que reduzem o “curso” de sua vida, a auto-estima do cuidador também é afetada. Por esse motivo, é recomendável a presença de um terapeuta para o apoio psicológico aos familiares do paciente, para entendimento dos problemas naturais decorrentes da situação indesejada e que pode afetar a auto-estima de seus membros. Sabe-se que a D. Alzheimer promove alteração progressiva da cognição e do temperamento. O papel do cuidador “cai” em suas mãos sem que para isso tenha sido preparado. Ele surge de acordo com a dinâmica familiar e a sua disponibilidade de “amar”, se dedicando em tempo integral, não priorizando mais suas atividades. O cuidador deve ser alguém que deve auxiliar e estimular a concretização das tarefas simples e quando o paciente não mais corresponda estas tarefas. Por isso, é necessário que receba informação suficiente para que possa enfrentar esse desafio diário e que seja visto e respeitado como elemento de função imprescindível quando surge esse quadro na família. Caovilla e Canineu (2002, p. 130) enfatizam que “cuidar de uma pessoa com a D. Alzheimer é um teste de AMOR e em exercícios de PACIÊNCIA. Esse cuidar requer amor maternal, protetor e acolhedor”. De acordo com Aisen, Marin e Davis (2001, p. 68) as tarefas dos cuidadores são: Dar ou proporcionar supervisão adequada; Garantir o bem-estar médico do paciente; 23 Proporcionar segurança financeira para o paciente; Ajudar o paciente em suas atividades domésticas; Ajudar o paciente na higiene e nos cuidados pessoais; Dar apóio e fazer companhia. Os cuidadores são as pessoas que dedicam a maior parte de seu tempo aos idosos com alzheimer, e estes devem estar atentos aos cuidados que devem ter com os mesmos (quanto as AVD’s, apoio, companhia, visitas constantes aos profissionais de saúde que acompanham o idoso, e “zelar” em relação a parte financeira, não gastando o dinheiro desnecessariamente, mas sim no que for melhor para o bem estar do mesmo), por isso que é necessário que os profissionais da saúde orientem os familiares e/ou cuidadores quanto a importância de todos os itens referidos acima. Conforme Cameron et al. (2000, p. 889) para lidar com o idoso com alzheimer é preciso: Ter calma e tolerância. Falar lentamente com o paciente. Dar-lhe tempo para pensar e responder. Estabelecer rotinas diárias. Estimular tarefas de acordo com sua capacidade. Ambiente agradável e sereno. Estimular sua independência. Integração social. Mantê-lo orientado por um calendário. Treinamento de memória por leitura, palavras cruzadas, associações visuais e sensoriais (nos pacientes ainda com bom contato). Auxílio psicológico. Terapia ocupacional. Fisioterapia. Fonoaudiologia. Atendimento multidisciplinar. Treinamento de cuidadores e familiares. Esses passos são fundamentais para que o cuidador e/ou o familiar esteja realmente preparado para conviver com esse idoso, procurando manter o bem estar físico e mental do idoso com alzheimer. 24 2.7 Terapia ocupacional Compreende-se a Terapia Ocupacional como intervenção sócio-psicoterapeutica, que se define como a arte de adequar atividades e recursos às necessidades de cada indivíduo, buscando a sua melhor funcionalidade nos aspectos físico, emocional, social, cultural e educacional, com objetivo de integrar indivíduos excluídos a sociedade. Ferrari (2002, p. 87) diz: O terapeuta ocupacional atua, portanto, no desempenho funcional, cognitivo e social de indivíduos que apresentam problemas em algumas dessas áreas, reestruturando o cotidiano destes indivíduos de modo que possam se inserir normalmente na vida social, de comunidade. A Terapia Ocupacional através da atividade, oferecerá a oportunidade para o desenvolvimento de habilidades, dispondo na produção de mudanças que possibilitarão um comportamento mais funcional e adaptativo. É importante ressaltar que para haver processo terapêutico é indispensável os elementos terapeuta - indivíduo - atividade e contexto social, pois a atividade é o instrumento técnico que especifica o campo de trabalho da Terapia Ocupacional. Observa-se que a Terapia Ocupacional abre caminhos para novos estudos e sugestões, objetivando minimizar o sofrimento dos portadores de alzheimer, a partir do respeito, da adaptação e valorização do indivíduo, pois se acredita que através de um processo terapêutico satisfatório pode-se atingir objetivos que ajudem a minimizar o comportamento disfuncional desses indivíduos. Pois, através das diversas atividades terapêuticas ocupacionais que visam desenvolver o máximo do potencial criativo e de produtividade desses sujeitos, alicerçando a identidade e atentando para as necessidades e os processos afetivos-emocionais, espera-se que os idosos com alzheimer possam ser reconhecidos como indivíduos assegurados de cidadania e com melhores oportunidades de recuperação. Willard e Spackman (2002, p. 3) trazem a seguinte definição: Terapia Ocupacional é a arte e a ciência de pessoas realizarem atividades diárias que são importantes para elas, apesar de debilidades, incapacidades, ou deficiências. 25 ‘Ocupação’ em Terapia Ocupacional não se refere simplesmente a profissões ou treinamentos profissionais; ocupação em Terapia Ocupacional refere-se a todas atividades que ocupam o tempo das pessoas e dão sentido a suas vidas. As atividades auxiliam no trabalho de organização e cuidado do cotidiano, chegando mesmo apresentar a função de sua estruturação, e ao mesmo tempo favorecem uma instrumentalização técnica dos sujeitos, capacitam pra a vida, configuram-se como redes de sustentação para a construção da autonomia e da independência, promovendo a convivência e a contextualização do sujeito na cultura e na sociedade. Através das atividades, o homem direciona os seus impulsos internos em direção à exploração e ao domínio do seu meio ambiente, satisfazendo suas necessidades pessoais de auto-suficiência e favorecendo sua integração à sociedade. Estas atividades são significativas e colaboram para que o indivíduo desenvolva seus papéis, deveres sociais e satisfação com a vida. (TAMAI, 2003, p. 104). A atividade é um meio no qual se vivencia um significado existencial através daexpressão de valores, da (re) descoberta de competências e habilidades, do compromisso, e da sistematicidade, podendo envolver ainda convívio social pautado por bem-estar. Segundo Tamai (2002, p. 110), “o idoso tem necessidade de sentir-se útil, ser respeitado, satisfazer-se com o que faz”. É procurando atender às expectativas desse idoso, que o terapeuta ocupacional atua, contribuindo para a melhoria na sua qualidade de vida. 2.8 Proposta terapêutica ocupacional na prática do idoso As condições sócio-econômicas-culturais e grau de dependência é que dão subsídios para uma análise, adaptação e indicação da atividade ao idoso de acordo com sua necessidade. O foco de estudo do terapeuta ocupacional é a ocupação humana, utilizando como recurso terapêutico o universo das atividades. Na prática com idoso, um dos objetivos da terapia ocupacional é compreender e intervir na dinâmica ocupacional deste sujeito e suas implicações. Borsoi (1996, p. 348), define a atuação terapêutica ocupacional na gerontologia como: 26 Um tratamento dado ao idoso objetivando facilitar para o mesmo a possibilidade de viver de forma sadia seu processo de envelhecimento. 1550 significa para o idoso a realização, se acordo com seu grau de independência das atividades da vida diária (AVD), atividades da vida prática (AVP), atividades produtivas (remuneradas ou não) e atividades de lazer. A terapia ocupacional na gerontologia objetiva “manter, restaurar e melhorar a capacidade funcional, mantendo o idoso ativo e independente o maior tempo possível” (BARRETO; TIRADO, 2002, p. 866). A Terapia Ocupacional no tratamento com o idoso adapta o ambiente devido o processo de envelhecimento e suas conseqüências (redução da acuidade visual, auditiva, diminuição da resistência física, possíveis seqüelas, dentre outras), aplicando também atividades de acordo com as necessidades específicas de cada caso. É função da Terapia ocupacional restabelecer as perdas físicas e sociais que causam desajustes no idoso. Na atuação com o idoso a TO age como facilitador que capacita o mesmo a fazer o melhor uso possível das capacidades remanescentes, a tomar suas próprias decisões e lhe assegurar uma conscientização de alternativas realistas. No dicionário Houaiss e Villar (2001, p. 335), encontra-se como definição de atividade: “1. qualidade do que é ativo 2. faculdade ou possibilidade de agir, de se mover, de fazer, empreender coisas 3. exercício dessa faculdade; ação 4. realização de uma função específica 5. processo natural”. O desenvolvimento do ser se dá através da motivação intrínseca em realizar atividades significativas, influenciando de forma direta sua saúde física e mental. A gama de atividades da qual se utiliza a Terapia Ocupacional são caracterizadas de acordo com suas propriedades como as psicofísicas, psicomotoras, cognitivas, auto-expressivas, laborativas, lúdicas, sociabilizantes, automanutenção, dentre outras. O fazer é um processo complexo e é esta complexidade que é explorada pela Terapia Ocupacional. No tratamento, o idoso é colocado em frente a um material a ser trabalhado, o essencial é um pensar específico sobre um fazer concreto, como se a atividade 27 fosse a concretização de um pensamento. Como terapeutas ocupacionais tem-se que entender esse fazer e a riqueza do momento de cada indivíduo. Segundo Ricartes e Holbach (2001, p. 38): Presume-se que a contribuição da terapia ocupacional, por meio de estudos e uma prática com atividades, possa desenvolver a sociabilização, proporcionar a elevação da auto-estima, favorecer o relacionamento interfamiliar e a reinserção à vida funcional na terceira idade. A atividade é o instrumento do terapeuta ocupacional na tentativa de resgatar e/ou manter sua funcionalidade. É através dela que tratamos, é por ela que encontramos caminhos para nos vincularmos ao indivíduo, tirando-o de uma situação de exclusão para uma de inclusão ou de uma condição de disfuncionalidade para a funcionalidade Muitas são as atividades que podem ser desempenhadas, para o idoso com DA, as atividades propostas mais indicadas são: Atividades auto-expressivas São aquelas que possibilitam a livre expressão do inconsciente, possibilitando catarse emocional e alívio de tensões e ansiedades. Funciona como linguagem simbólica, onde os recursos plásticos e/ou primitivos proporcionam gratificação e ação reparadora dos conflitos emocionais. São os desenhos, pinturas, modelagem com argila, dança, produção de textos, colagens, etc., possibilitando ao idoso expressar todas as suas angústias e medos. É um tipo de atividade livre, onde não existem modelos, formas certas ou erradas, existindo apenas a livre expressão do indivíduo. Atividades lúdicas São atividades que envolvem a descontração, o “brincar”. Promovem a socialização envolvendo as funções psíquicas como: a atenção, concentração, volição, memória, pensamento lógico, dentre outras. O aspecto criativo também pode ser explorado quando é proposto que o jogo seja feito com materiais de sucata pelo próprio paciente. São jogos de dominó, memória, baralho, quebra-cabeça, sinuca, gincanas, torneios, etc. 28 Toda e qualquer brincadeira remete a pessoa à infância promovendo um estado de relaxamento e prazer. Além de ser uma ótima oportunidade de promover a socialização entre os pacientes e o terapeuta ocupacional, gera ainda um ambiente descontraído. Atividades laborativas São caracterizadas por um produto final que pode vir a ser concreto ou não. Sua finalidade é promover tolerância; ao trabalho, auto-estima, valorização do indivíduo, resgate do autoconceito, reforço de habilidades e descoberta de potencial idades. Pintura, bordado, crochê, costura, renda, bijuterias, são alguns exemplos dessas atividades, e que são indicados para os idosos por não exigir muito esforço físico. Podem ainda gratificar este sujeito no sentido de fazê-los perceber o quanto são capazes, resgatando sua auto-estima e seu autoconceito. Atividades educativas Orientam e informam sobre temas de interesse do idoso dentro da sua realidade como os assuntos relacionados a sua patologia, informações sobre a alimentação, vida sexual, direito do idoso, etc. Proporcionam uma compreensão da realidade e maior responsabilidade do sujeito acerca do processo saúde e doença. Atividades socioterápicas São todas as atividades com caráter de sociabilização e integração a fim de promover o desenvolvimento interpessoal. São utilizadas atividades como confraternizações, dinâmicas e datas comemorativas, resgatando a cultura e a história de vida do idoso, reestruturando este indivíduo no espaço temporal e social. Atividades psicofísicas São aquelas que promovem equilíbrio psicofísico com conseqüente alívio de sintomas relativos ao estresse e abalos emocionais. O recondicionamento físico é utilizado e promove bem estar físico e mental. 29 Com uso destas atividades proveremos ao sujeito idoso a possibilidade de recriar sua recuperação funcional, a possibilidade de sentir-se capaz, motivado, relaxado, criando novas perspectivas para o futuro, elaborando através do concreto, formas subjetivas de solucionar seus conflitos internos causados pelo processo do envelhecer. Atividades cognitivas Atividades em que é estimulada a capacidade cognitiva através de exercícios que estimulam a aquisição, a associação, o armazenamento e a evocação de informações e observação, utilizando exercícios de concentração, percepção e reminiscência. O envelhecimento predispõe diversas condições de adoecimento, com repercussão sobre a capacidade funcional, entre elas, os transtornos cognitivos, que compreendem desde leves déficits atencionais ou de memória até comprometimento cognitivo extenso, como a síndrome da demência. (GUERREIRO; CALDAS, 2001). A memória exerce importante influência sobre a autonomia e independência na vida cotidiana. (ALMEIDA; BEGER; WATANABE, 2007). A oficina de memória (inclui programa de ativação cerebral,ginástica cerebral, reeducação da memória, terapia de grupo da memória, entre outras) é a principal atividade para estimularmos a capacidade cognitiva do idoso com alzheimer, reabilitando as capacidades mentais abandonadas e ou prejudicadas, fazendo com que o mesmo perceba sua melhora e aumente o interesse em fazer mais atividades, acreditando que o importante é fazer o uso e a solicitação da memória. Yassuda (2002), cita que alguns estudos indicam que intervenções complexas envolvendo técnicas de memorização, relaxamento e atenção, podem gerar efeitos positivos e duradouros em idosos, especialmente quando empregadas em grupo. As atividades em grupo na terceira idade promovem inclusão e/ou reinserção social, uma das grandes problemáticas desta fase devido ao isolamento, preconceito, perdas, viuvez, aposentadoria e outras implicações já citadas anteriormente. As atividades grupais contribuem para o exercício de novos papéis e retomada de outros abandonados no decorrer de sua vida, se considerarmos que o grupo constitui um campo social dinâmico, no qual a mudança de um elemento pode provocar mudanças no conjunto. 30 Através do estímulo ao auto-conhecimento e auto-cuidado, gera-se uma melhoria na auto-estima, e o idoso tem condições de lidar com seus potenciais para a partir daí construir uma maneira própria de se relacionar com o meio social, atuando nele mais autonomamente. Inserir o idoso em grupos pode reduzir problemas de solidão, melhorar o contato social e desenvolver novas capacidades em idades mais avançadas, oferecendo assim oportunidades de encontros regulares e contato social. O grupo, em todos os momentos, cria um ambiente social muito forte que obriga os seus participantes a interagirem e se relacionarem, estabelecendo vínculos e promovendo trocas de experiências, compartilhando vivências e sentimentos, efetuando assim, o real significado de viver em sociedade. Esses grupos devem conter no máximo vinte pessoas de acordo com interesses, motivações e habilidades. Os grupos podem ser: Grupo de coral: identificar um músico ou algum idoso do grupo que tenha domínio de técnicas, afinidade e interesse pela música. Grupo cultural: reunir grupos de idosos para saídas – cinema, teatro, concertos de música e exposições de arte. Grupo de artesanato: organizar exposições para valorizar os trabalhos desenvolvidos. Grupos de ação social: para auxiliar orfanatos, asilos e hospitais trabalhando com voluntariado. Grupo de dança: conseguir um professor de dança, que também pode ser um idoso. Promover bailes da 3ª idade, utilizando músicas atuais e antigas. Grupo de jogos: organizar jogos de bingo, damas, xadrez, baralho, gamão, sinuca, ping-pong e totó. Promover torneios entre os idosos, funcionários e familiares é uma excelente estratégia. 31 Grupo de informática: oferecer aos idosos um instrumento para que eles se sintam mais integrados a este aspecto do mundo atual e moderno, para que acompanhem o avanço da tecnologia e possam utilizar com mais freqüência esses recursos no seu dia a dia, como pesquisas na Internet, utilização de email entre outros. Estes são exemplos de alguns grupos que a Terapia Ocupacional poderá oferecer ao idoso. Pois, promover grupos, com atividades educativas, grupos operativos ou de qualquer outro tipo, propicia maior socialização. É importante que não só o terapeuta ocupacional faça parte desse grupo, mas toda a equipe multidisciplinar, promovendo-os e participando destes. 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo O estudo desenvolveu-se através de uma revisão de literatura, onde se contemplou a seleção, análise textual, temática, interpretativa e a problematização das obras relativas sobre as tendências da atuação da Terapia Ocupacional junto ao portador de alzheimer. Caracterizando-se como sendo bibliográfico com análise documental, pautado nos pressupostos da autora Pimentel (2001), utilizado o Método da Análise Documental numa pesquisa historiográfica, com base em documentos como material primordial de revistas bibliográficas. Segundo a autora, deve-se extrair desse material toda a análise, organizando-os segundo os objetivos da investigação proposta. O método de análise documental pode ser comparado ao processo de montagem de “quebra-cabeça”, pois se deve conhecer as peças e tentar encaixá-las em seu devido lugar. Assim, como as categorias de análise precisam dos documentos, e serem encaixadas, orientado pelo problema proposto pela pesquisa, estabelecendo, assim, a montagem das peças, finalizando o quebra cabeça. No entanto, o que torna esta análise expressivamente importante decorre da ardorosa e entusiástica busca para tornar exeqüível a teoria, superando o caráter ideal do conhecimento teórico, cuidando para não submeter os fenômenos e sua interação com a ação humana a padrões explicativos, imersos numa perspectiva teórica contemplativa. O estudo aconteceu de fevereiro a junho de 2007. E dentre as principais dificuldades, a principal foi encontrar livro atualizado sobre alzheimer de 2000 até os dias atuais, e outra foi a conciliar os estudos com as atividades desenvolvidas no dia-a-dia. E com relação aos principais autores encontramos: Papaléo Netto (2002), Sayeg (2000) e Stoppe Jr. e Louzã (2000). 3.2 Critérios de inclusão Para desenvolver esta análise documental selecionou-se textos e artigos, aos quais se adequaram ao tema proposto. Foi fundamental analisar os textos e os artigos e encontrar a 33 linha mestra que os conduzia, relacionar um ao outro, e sobretudo, identificar os eixos teóricos com os quais identificava a atuação da Terapia Ocupacional junto ao idoso com alzheimer. Com isso tornou-se mais importante manter juntos determinados documentos que tratavam explicitamente do mesmo assunto. 3.3 Critérios de exclusão Como pode se observar, o próprio material dirigiu o estabelecimento dos temas que viriam a compor as categorias da análise, e em alguns casos, foram excluídos alguns textos e artigos, pois os assuntos não se encontravam compatíveis com a temática da investigação. 4 RESULTADOS Na terceira idade observamos que a evolução caminha para uma involução. Isto é, está pré-programada para se desintegrar. O efeito inevitável da idade inverte a seqüência dos fatores naturais do desenvolvimento, todas as manifestações do comportamento, quer sejam motoras, perceptivas, cognitivas ou sócio-emocionais. A involução, geneticamente programada, vai dar-se agora do mais complexo ao mais simples, do mais voluntário ao mais automático, pressupondo, conseqüentemente, uma desorganização. Uma pessoa que envelhece passa por transformações em todos os sistemas do corpo, visto que elas atingem todas as áreas do comportamento humano. Porém, a retrogênese das funções não ocorre ao mesmo tempo em todos os órgãos e sistemas funcionais. A barreira da longevidade depende muito mais das doenças do que da diminuição gradual das funções. O envelhecimento é o estado final do desenvolvimento, que todo indivíduo sadio e que não sofreu acidentes vai atingir. Os sinais de envelhecimento existem e podem ser tanto físicos quanto mentais, estando diretamente relacionados. Estas mudanças corporais (particularmente nos sistemas sensoriais e nervosos) influenciam diretamente o funcionamento do cérebro que está envelhecendo. Com o passar dos anos, o desgaste é inevitável. Sabe-se que a velhice não é uma doença, mas, sim, uma fase na qual o ser humano fica mais vulnerável a doenças, e é uma época que as pessoas adoecem mais, mais rapidamente e, quando adoecem, demoram mais tempo para se recuperar, exatamente pelas alterações biofisiológicas que diminuem as defesas do corpo. O envelhecimento biológico e fisiológico traz, uma série de alterações em diversos sistemas, as quais interferem na capacidade dos idosos em responder e em interagir com o ambiente, provocando no idoso, dificuldades cotidianas. O processo de envelhecimento normalmente, acarreta declínios de todas as funções (cognitivas,sensitivas, perceptivas, emocionais), que são perdas comuns a este processo. 35 E como o idoso nesta fase está mais fragilizado em todos os aspectos, e mais propenso a ter doença de alzheimer, que é a mais freqüente forma de demência entre os idosos, caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais (memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas), principalmente na memória, devido à diminuição na velocidade do processamento das informações e mudanças no estilo de vida, entre outros fatores. Todos estes processos de degeneração sofridos. explicam a retrogênese, onde o ser humano caminha para uma maturidade, vence vários obstáculos e realiza várias aquisições que são essenciais para lidar com as realidades existentes e posteriormente evolui para uma desmaturidade dec1inativa, que se inicia na terceira idade. (VELASCO, 2005). Conforme achados, ao diagnosticar a doença de alzheimer, na fase inicial, a família ou o cuidador precisam ter o conhecimento desse fato para que medidas como cuidados com o paciente, trabalho e moradia possam ser reavaliados. Isso porque, devido à deterioração mental causada pela doença, em determinado momento a pessoa não poderá morar sozinha, trabalhar ou até mesmo compreender o que se passa com a sua saúde. Por isso, diante das perdas comuns a este processo, faz-se necessário estudar os benefícios da Terapia Ocupacional, como área de atuação da saúde, que facilitará o alcance da velhice de forma mais humanizada e com qualidade de vida, ajudando a enfrentar as barreiras encontradas no idoso com alzheimer. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A doença de alzheimer está se tornando um dos maiores problemas de saúde pública nas últimas décadas. Para enfrentá-la, há necessidade de um enfoque globalizante, uma tendência em banalizar o problema, tomando-o como uma questão da velhice. Como observamos, envelhecer impõe mudanças e renovações no estilo de vida: física e mental, interpessoal, relacional, afetiva e emocional, pelos quais sabemos que acontecerão mas não nos preparamos para enfrentá-los. Adaptar-se ao processo de mudanças e perdas da velhice é um processo difícil para alguns, mas isto não deve resultar em isolamento, pois se pode fazer ajustes que permitam levar uma vida em sociedade saudável e satisfatória. Nos dias atuais, ainda sofrendo com as rotulações impostas pela sociedade, os idosos estão recebendo um novo olhar, os estereótipos associados à velhice estão se modificando, o olhar está cada vez mais focado para uma etapa de novas conquistas e descobertas em busca do prazer e satisfação pessoal. Afirmar que o idoso perde sua capacidade de criar, aprender, reciclar com o passar dos anos, é outra idéia equivocada, que não corresponde à realidade. Com a chegada da velhice ainda é possível realizar grandes feitos. Ao olharmos para o crescimento da humanidade como um todo, sempre teremos referenciais de pessoas acima dos 65 anos que realizaram grandes obras e marcaram a história. A idade não determina a criatividade das pessoas, nem limita suas possibilidades de aprendizagem ou de execução. Diante da realidade exposta aos idosos com alzheimer na fase inicial, a qual se propõe este estudo, foram encontradas algumas dificuldades, tais como: as condições sócio- econômicas-culturais e a carência de informação quanto a prevenção, cuidados, reabilitação do paciente e orientação familiar, ou seja, muitas famílias ainda encontram-se despreparadas para lidar com o idoso com alzheimer, e acabam menosprezando ou infantilizando este idoso que necessita de cuidados. É por isso, que faz-se necessário a atuação da Terapia Ocupacional dentro do contexto gerontológico, junto aos pacientes, proporcionando a vivência desta etapa da vida de 37 forma mais saudável e plena, através do uso de atividades significativas, adaptando e inserindo este sujeito na sociedade como um ser atuante e de máxima autonomia, modificador do seu meio, redefinindo papéis. Enfim, através de uma análise acerca da independência do idoso, grau de instrução, saúde e renda, o terapeuta ocupacional tem condições de intervir no processo adaptativo do envelhecimento, que requer concordância entre valores, capacidades e atividades de uma pessoa, que irá proporcionar ao idoso atividades significativas, através de uma análise criteriosa de acordo com suas necessidades e contexto, respeitando e valorizando este tempo livre, e de fundamental importância na manutenção do estado de saúde geral do geronto. REFERÊNCIAS ABREU, I. D. de; FORLENZA, O. V.; BARROS, H. L. de. Demência de alzheimer. correlação entre memória e autonomia. Revista Psiquiatr. Clín., São Paulo, v. 32, n. 3, 2005. Disponível em: . Acesso em: 17 out. 2007. AISEN, P. S.; MARIN, D. B. DAVIS, K. L. A doença de alzheimer – perguntas e respostas. 2. ed. Rio de Janeiro: Novartis, 2001. ALMEIDA, M. H. M. de; BEGER, M. L. M.; WATANABE, H. A. W. 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