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Ética e moral nas Organizações Apresentação Você sabia que a ética profissional é um conjunto de atitudes e valores positivos aplicados no ambiente de trabalho? A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os colaboradores. Ética e moral andam juntas e se diferenciam em suas problemáticas. Nesta Unidade de Aprendizagem você estudará a ética e a moral nas organizações, reconhecendo seus efeitos e transformações dentro da organização. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar os conceitos de ética e moral.• Estabelecer as relações entre trabalho e ética.• Reconhecer os efeitos das transformações contemporâneas nos códigos normativos.• Desafio Ética: conjunto de princípios e valores utilizados para responder a três perguntas na vida: Quero? Posso? Devo? Moral: prática da resposta. Observe os cenários 1 e 2 e os seus respectivos fatos. Interprete as duas imagens e as classifique entre situações que envolvem ÉTICA ou MORAL. Em seguida, justifique sua classificação. Infográfico No infográfico a seguir você pode conferir as condutas da ÉTICA e da MORAL nas organizações. Conteúdo do livro A discussão em torno da necessidade da reflexão ética permeia todas as esferas da sociedade. A urgência desta demanda e o grande número de publicações em torno da temática, surgidas nos últimos 10 anos, refletem os efeitos das transformações contemporâneas na área da economia e da ciência, as quais estão associadas a profundas mudanças na cultura e na dinâmica social. Para aprender mais sobre o assunto, acompanhe um trecho da obra intitulada "Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais". Leia o capítulo Ética e trabalho: do código moral à reflexão ética no contexto das transformações contemporâneas. Boa leitura. GOVERNANÇA CORPORATIVA Jeanine Barreto Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 G721 Governança Corporativa [recurso eletrônico] / Giancarlo Giacomelli... [et al.] ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado também como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-169-3 1. Governança. 2. Administração pública. I. Giacomelli, Giancarlo. CDU 336.773 Ética e moral nas organizações Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar os conceitos de ética e moral. � Estabelecer as relações entre trabalho e ética. � Reconhecer os efeitos das transformações contemporâneas nos có- digos normativos. Introdução Você sabia que a ética profissional é um conjunto de atitudes e valores positivos aplicados no ambiente de trabalho? A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os colaboradores. Ética e moral andam juntas e se diferenciam em suas problemáticas. Neste texto, você vai estudar a ética e a moral nas organizações, reconhecendo seus efeitos e suas transformações ao longo do tempo. Os conceitos de ética e moral As palavras ética e moral têm origem nas palavras ethos, do grego, e mores, do latim, respectivamente. Referem-se à reflexão sobre os princípios que direcionam a ação do ser humano, e tornam possível diferenciar o bem do mal, ou o correto do incorreto (RICOEUR, 2011). A ética deve ser entendida como a busca pela vida bem vivida, e a moral como a norma e a noção do dever. A ética e a moral devem sempre andar juntas, pois enquanto uma é a reflexão, a outra é a prática (Figura 1). Figura 1. Ética e moral. Fonte: adaptada de Educação e Tecnologia (2016). A ética é o conjunto de princípios e valores utilizados pelos indivíduos para responder a três perguntas enquanto refletem sobre o que fazer diante de uma situação: quero? Posso? Devo? A moral é a prática das respostas a essas perguntas. Uma vez que a ética tem relação direta com a teoria e a reflexão, e a moral tem relação direta com a prática e a ação, temos que: � problema teórico-ético é o que acontece quando um líder avalia se um subordinado pode escolher entre várias alternativas de ação. � problema prático-moral é o que acontece quando um líder está diante de uma decisão de agir numa situação concreta. A ética é uma reflexão sobre aquilo que está acima das regras da cultura de um povo; é uma teoria da moral, uma reflexão sobre as regras e sobre as relações do indivíduo consigo mesmo e com os outros. Ela pode ser definida como uma prática reflexiva, pois está muito ligada à constituição de um ser humano capaz de refletir com liberdade sobre os destinos que quer para a sua vida. Ela deve ser pensada como uma reflexão sobre a maneira de viver (BITENCOURT, 2010). Ética e moral nas organizações432 A ética faz parte da área da Filosofia, que estuda os princípios e valores morais da conduta humana e que indica as normas que devem ajustar-se às relações entre os membros da sociedade. Ela tem validade universal, pois não muda com a crença, os valores, os costumes, a cultura e a religião. A moral pode ser definida como um código de regras de obediência a um princípio superior e universal, ou seja, um imperativo categórico e absoluto, como se fosse um “dever”. Ela é um conjunto de regras estabelecidas pela família, pela religião, pela escola, pelo trabalho, pela cultura, e consideradas como válidas para um tempo, lugar e grupo de pessoas. A moral envolve uma ação pautada nas nossas faculdades morais, que são a vergonha, o brio, a honra, a dignidade e os valores. Ela envolve um conjunto de regras assumidas pelo indivíduo como uma forma de garantir o seu bem viver, expressando seus valores, costumes, hábitos e o que deseja e julga bom para a sua convivência em sociedade. A moral envolve a distinção entre certo e errado, justo e injusto, bom ou ruim, para avaliar a ação entre ética e não ética. A moral, ao contrário da ética, depende do lugar, do tempo e do grupo em que o indivíduo está inserido. � Antiético é algo que é contrário à ética. � Imoral é algo que é contrário à moral. � Amoral é um indivíduo que não tem discernimento, não sabe o que é moral. A ética pode ser caracterizada como (BITENCOURT, 2010): � um princípio; � de caráter permanente; � universal; � uma regra; � teoria; � reflexão. 433Ética e moral nas organizações A moral pode ser caracterizada como (BITENCOURT, 2010): � uma conduta específica; � de caráter temporal; � dependente da cultura; � uma conduta da regra; � prática; � ação. Os valores morais são conceitos, juízos e pensamentos considerados “certos” ou “errados” por determinada sociedade. Eles são parte da herança da nossa cultura e estão pre- sentes na nossa religião, no que dizemos, no que fazemos e no que pensamos. Os valores morais são a primeira compreensão que temos do mundo, devido à comunidade a que pertence- mos. Eles são princípios que fundamentam a consciência humana e orientam as pessoas no momento de suas escolhas. Para conhecer melhor os valores morais, acesse o link a seguir ou o código ao lado (SIGNIFICADO, 2017). https://goo.gl/XJVPkm As relações entre trabalho e ética Para que um trabalhador alcance a sua excelência profissional, é importante que siga padrões e valores da sociedade e, principalmente, da organização em que trabalha. A credibilidade vem da postura ética adotada pelo trabalhador, uma vez que a sua atuação deve ser consequência de uma reflexão sobre a melhor maneira de agir. A ética proporciona o ganho de confiança e respeito dos gestores e colegas. Ética e moral nas organizações434 A ética no trabalho vai além do ponto de vista do dever, da obrigação, ou das normas de condutaque funcionam como um código moral dos funcionários. Ela pode ser entendida como um conjunto de (BORGES; RODRIGUES, 2011): � saberes, que forma a moral do trabalho, entendida como algo que define a forma como os trabalhadores devem conduzir as suas vidas enquanto estiverem trabalhando; � normas éticas que devem formar a consciência do profissional e ser imperativas para a sua conduta; � princípios morais que devem ser observados no exercício de uma profissão; � valores e normas de comportamento e relacionamento que são adotados no ambiente de trabalho, no exercício de uma atividade. As organizações adotam padrões éticos profissionais, aplicando-os às suas regras de comportamento internas, visando o bom andamento de todos os processos organizacionais, o atingimento das metas e o alcance dos obje- tivos estratégicos. A ética no trabalho é a ferramenta de exercício cotidiano de honestidade, lealdade e comprometimento, que conduzem as ações do indivíduo no exercício de suas atividades na empresa. A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os colaboradores. Quanto maior a organização, mais se faz necessário um código de ética, para que ele sirva para padronizar os procedimentos de trabalho e estabeleça regras e valores de conduta para todas as áreas. O código de ética prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas da área. Normalmente as organizações disponibilizam canais de comunicação próprios para denúncias, em que os funcionários podem relatar fatos de descumprimento das normas estabelecidas no código de ética e que tenham sido observados no ambiente de trabalho ou na relação com clientes. 435Ética e moral nas organizações A ética no trabalho serve para construir relações de qualidade com os colegas de trabalho, chefes e subordinados, e para contribuir para o bom funcio- namento das rotinas de trabalho, uma vez que relações amigáveis e respeitosas contribuem para o aumento do nível de confiança e comprometimento dos funcionários, refletindo no aumento da produção e do desenvolvimento da empresa. Os comportamentos antiéticos, por outro lado, prejudicam o clima organizacional, afetando o rendimento das equipes. A relação entre a ética no trabalho e os processos de subjetivação, ou seja, a maneira como podemos pensar a ética e o trabalho de forma mais abstrata e subjetiva, pode ser compreendida como (BITENCOURT, 2010): � um código normativo, que age como um mecanismo disciplinador e de submissão dos funcionários; � um processo de identificação, relacionado ao reconhecimento social do funcionário como um cidadão; � o conjunto de possibilidades trazidas pelo código normativo associado ao trabalho, que influencia a ética como prática reflexiva da liberdade, ou seja, uma reflexão sobre as decisões dos trabalhadores quanto ao próprio destino. O grau de liberdade para a reflexão ética vai depender dos valores morais que envolvem as formas de gestão e a cultura das empresas, bem como as restrições que são impostas pelo mercado de trabalho. Ética e moral nas organizações436 São exemplos de atitudes éticas no ambiente de trabalho (BORGES; RODRIGUES, 2011): � ter educação e respeito no trato entre os funcionários; � agir com cooperação e atitudes que buscam auxiliar os colegas de trabalho; � divulgar os conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades realizadas na empresa; � respeitar a hierarquia da organização; � buscar o crescimento profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho; � ter ações e comportamentos que objetivam criar um clima agradável e positivo dentro da empresa, como manter o bom humor, ser cordial, etc.; � realizar, em ambiente de trabalho, apenas tarefas relacionadas ao trabalho; � respeitar as regras e normas da empresa; � ter responsabilidade na preservação do sigilo que lhe for confiado, pois algumas informações não devem ser compartilhadas; � agir com integridade e transparência nas atividades exercidas; � ser honesto com os gestores e colegas, influenciando-os de maneira positiva com o seu trabalho; � promover e beneficiar funcionários pelo mérito, e não por afinidade; � ser humilde, entender e respeitar os limites da sua função; � ser comprometido com o seu desenvolvimento contínuo; � ter uma linha de ação compatível com a sua linha de pensamento; � construir relações de qualidade e confiança com os colegas; � ter uma postura adequada e apresentar resultados concretos; � zelar pelos instrumentos de trabalho e pelo patrimônio da empresa; � ser honesto, falar a verdade e assumir responsabilidade por falhas; � cumprir sua função com comprometimento, competência e consciência, visando o melhor resultado para a organização, e não apenas pensando em si; � cuidar da apresentação pessoal; � ouvir os demais; � melhorar o vocabulário; � nunca insultar, evitar gritos; � diferenciar as relações pessoais das profissionais, considerando sempre como prioridade a realização do seu trabalho. Algumas profissões têm conselhos de representação que têm a responsa- bilidade de criar os códigos de ética específicos de cada área de atuação e, também, de fiscalizar o seu cumprimento. Esse código, chamado de código de ética profissional, é o conjunto de normas éticas que devem ser seguidas pelos profissionais enquanto exercem seu trabalho, independentemente da empresa 437Ética e moral nas organizações em que estiverem. Ele existe para padronizar procedimentos operacionais e condutas de comportamento, garantindo a segurança dos profissionais e dos usuários de serviços específicos. Ele também prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas da área (BORGES; RODRIGUES, 2011). Os conselhos das classes profissionais são os órgãos responsáveis por disciplinar e fiscalizar as profissões regulamentadas. Por isso, uma de suas atribuições é a elaboração do código de ética das profissões às quais estão ligados. Esses conselhos são formados por profissionais de cada profissão, que vão representar seus colegas em prol da garantia dos interesses de todos. A fiscalização de cada profissão, no Brasil, é estabelecida pela mesma lei que serviu para regulamentar essa profissão. Como esses conselhos não recebem recursos do governo para arcar com suas despesas, a lei determina a cobrança de contribuições anuais, pagas pelos profissionais que pertencem a eles. Alguns exemplos de conselhos profissionais brasileiros são: CRA (Conselho Regional de Administração), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CFC (Conselho Federal de Contabilidade), CRECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis), CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), CRO (Conselho Regional de Odontologia), entre outros. Os efeitos das transformações contemporâneas nos códigos normativos A discussão em torno das transformações da ética no trabalho gera duas definições sobre o tema (BITENCOURT, 2010): � é um código antigo, com origem na doutrina protestante e que se associou ao espírito capitalista da modernidade; � é a discussão sobre a remodelação desse código devido às transforma- ções sociais, que possibilitam a reflexão sobre o lugar que o trabalho exerce na vida das pessoas. Ética e moral nas organizações438 O termo ética no trabalho, ou ética protestante do trabalho, surgiu no Brasil em 1967, depois da tradução brasileira da obra A ética protestante e o “espí- rito” do capitalismo, de Max Weber. Ele faz referência às condições morais para o surgimento do capitalismo, condições essas que estavam presentes na ética protestante. O protestantismo foi um movimento religioso que eclodiu na Europa Central, no início do século XVI, como reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval. A motivação psicológica para o trabalho era uma forma de a doutrinaprotestante se assegurar. O trabalho passou a ser visto como obrigação moral para as pessoas e o capitalismo passou, então, a não precisar mais da religião como um suporte. No princípio, os fundamentos da ética no trabalho eram (BITENCOURT, 2010): � a busca individual do sucesso; � a capacidade de o indivíduo postergar o seu prazer e divertimento em prol do acúmulo de dinheiro; � a aceitação da existência de uma obrigação moral de trabalhar de forma disciplinada, mesmo que o trabalho fosse árduo e difícil; � a obediência às ordens do patrão, sempre com o devido sentimento de obrigação em relação a elas; � a importância do trabalho em todos os aspectos da vida, significando valorização pessoal. Na sociedade industrial, a ética no trabalho passou a ser considerada como um elemento essencial para a modernização da sociedade, e muitos estudos tentaram estabelecer a relação existente entre a ética no trabalho e as trans- formações possivelmente trazidas pelo capitalismo. No Brasil, o trabalho passou a ser valorizado com a criação da carteira de trabalho, documento que demonstra o exercício da cidadania do indivíduo e o esforço do país em atribuir ao trabalho um caráter essencial na vida dos indivíduos. O trabalho passou a ser visto então como uma fonte de dignidade e de moralidade e uma ferramenta de ascensão na sociedade, além de uma forma de servir ao sustento do país por meio da submissão e da obediência. Atualmente, a relação entre trabalho e cidadania e a associação dos valores ligados ao trabalho e à família passam por modificações radicais na nova estruturação do capitalismo. Nos países capitalistas, os códigos normativos começaram a passar por transformações contemporâneas devido ao aumento 439Ética e moral nas organizações do individualismo, à diminuição dos laços sociais, à cultura do narcisismo, à perspectiva de incerteza generalizada na sociedade, à competição extremada, à destruição das garantias das estabilidades e à consideração do código moral como algo de importância relativa (BITENCOURT, 2010). A sensação de insegurança e a impossibilidade de planejar o futuro a longo prazo, decorrentes do modelo produtivo da atualidade, começaram a afetar o caráter dos trabalhadores, que passaram a se sentir hesitantes com relação ao padrão moral de comportamento que será oferecido para as próximas gera- ções. As pessoas se sentem incapazes de transmitir parâmetros sobre o que é certo ou errado. A nova configuração de mundo e sociedade gera incertezas, tornando indefinidos os critérios para o julgamento moral. O comportamento passou a se deslocar da ética profissional para a ética do consumo, que é caracterizada pela necessidade de satisfação imediata. A transformação do trabalhador da modernidade, que era produtor, para o consumidor contemporâneo, indica uma acentuação do individualismo: o consumo é essencialmente individual, enquanto o trabalho é coletivo. Além disso, os novos modelos de gestão procuram individualizar os trabalhadores que exercem suas atividades em equipe, visando avaliá-los. Passou a existir uma nova forma de reflexão da ética, que surgiu da socie- dade moderna e teria como fundamento os cuidados dos indivíduos consigo mesmos. Antes, no modelo cultural da era industrial, os cuidados próprios estavam sempre relacionados com as obrigações frente aos outros, sendo que esses outros podiam ser a religião, os filhos, os amigos próximos, a família e a sociedade como um todo. A autorrealização do indivíduo era proporcionada pelo esforço do trabalho, projetado no futuro (BITENCOURT, 2010). Nesse novo modelo de reflexão ética, a satisfação imediata é o que importa, e existe a sensação de um presente permanente, o que traduz a importância do individualismo. As altas taxas de desemprego, as modificações tecnológicas e as alterações organizacionais das empresas são, na realidade, os dispositivos responsáveis pelas transformações na reflexão ética. A ética, como está hoje, é sustentada pelo individualismo, por um dever do indivíduo para com ele próprio, em uma busca incessante pela sua autossatisfação. O individualismo da atualidade também está ligado à solidariedade, só que uma solidariedade direcionada para com os grupos aos quais as pessoas são mais próximas, ou seja, para com a sua microssociedade. Assim, são formadas comunidades pela livre escolha dos indivíduos, ao contrário do que acontece com as relações no trabalho, que são impostas. A crise de identidade pela qual as pessoas passam na atualidade está rela- cionada com a crise no modelo cultural, pois todo o conjunto de significados e Ética e moral nas organizações440 valores que existia está, hoje, desestabilizado. Essa crise cultural provoca nos indivíduos mais jovens uma reflexão sobre as melhores formas de existir. Ela passa a ser uma crise da própria identidade do indivíduo, que se vê em uma situação de indefinição, uma vez que a liberdade existente para as escolhas quanto ao modo de viver – como relacionamentos amorosos, lazer, amizades, divertimentos, produtos de consumo, entre outros – não existe no trabalho e no mundo profissional. Até mesmo a escolha do próprio trabalho é limitada pelas imposições estabelecidas pelo mercado (BITENCOURT, 2010). A saída para os indivíduos mais jovens poderia ser, então, a transferência da sua realização pessoal para a vida fora do trabalho, pois esta não seria moderada por regras e princípios morais. A consequência disso, a longo prazo, pode ser o surgimento de um indivíduo contemporâneo completamente desco- nectado do que é social, alguém que não vê sentido na sociedade, que ignora o fato de fazer parte de uma sociedade e que, por isso, não possui senso de responsabilidade para com as regras sociais. O individualismo exagerado pode conduzir o indivíduo a achar que não é nada, e que não está ou não pertence a qualquer lugar. O código moral referente ao trabalho na sociedade atual vai se trans- formando à medida que o capitalismo muda suas estratégias para dominar, cada vez mais, o mundo. A ética, então, volta a se tornar essencial na nossa sociedade, pois o aumento do individualismo, que se revela sob a forma de narcisismo, resulta da impossibilidade de se pensar em um futuro, o que traz uma vontade incontrolável de aproveitar os momentos do presente da forma mais intensa possível. A perspectiva desse tempo presente, que pede essa pressa dos indivíduos, traduz a ausência de princípios que possibilitem enxergar um sentido para a vida em comunidade, o que denota uma fragilidade nos laços sociais e um fortalecimento do individualismo, consequência da destruição dos valores e da dissolução dos laços centrados no trabalho, sem que eles tenham sido substituídos por quaisquer outros que não sejam apenas aqueles que valorizam a própria existência. Somente o respeito pelo outro e o reconhecimento de que temos limites e somos finitos é que podem acabar com o individualismo e possibilitar um retorno à solidariedade. A ética profissional é um conjunto de padrões de conduta que normalmente está estabelecido nos códigos normativos das empresas, mas é também um elemento de reconhecimento e identificação da sociedade. A transformação dos códigos morais e a consequente mudança na ética do trabalho dependem do grau de liberdade existente para uma prática reflexiva, indispensável para se pensar a ética (BITENCOURT, 2010). 441Ética e moral nas organizações A atual conjuntura implica uma transformação do código moral que sustenta as relações em sociedade. A ética no trabalho muitas vezes surge somente como uma teoria, e não como algo presente na rotina de ações das pessoas. Embora seja algo ainda muito solicitado no perfil de executivos, a ética se encontra subordinada a valores maiores, que são o individualismo e a competitividade. 1. A relação entre a ética do trabalho e os processos de subjetivação pode ser compreendida por meio de três aspectos. Quais são eles? a) Ética do trabalhocomo código normativo; ética do trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão; possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. b) Ética normativa; ética do trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão; possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. c) Ética normativa; moral no trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão; possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. d) Ética do trabalho como código normativo; antiética no trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão; possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. e) Ética do trabalho como código normativo; ética do trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão; ética individual. 2. Como a ética pode ser definida? a) Prática social. b) Prática pessoal. c) Prática de agir. d) Prática de regras. e) Prática reflexiva. 3. Como a moral pode ser definida? a) Código normativo. b) Prática de regras. c) Código de regras. d) Práticas normativas. e) Práticas organizacionais. 4. A relação entre trabalho e cidadania e a associação dos valores ligados ao trabalho e à família passam por modificações radicais na nova estruturação _____, com consequências nítidas para a regulamentação das relações Ética e moral nas organizações442 de trabalho e para o código moral que funda a sociedade brasileira contemporânea. a) Do capitalismo. b) Do socialismo. c) Do ensino. d) Da ética. e) Da moral. 5. O comportamento desloca-se da ética do trabalho e passa a ser marcado pela _____, caracterizada pela necessidade de satisfação imediata. a) Estética. b) Relação de trabalho. c) Ética do consumo. d) Compra imediata. e) Coletividade. BITENCOURT, C. Gestão Contemporânea de Pessoas: novas práticas, conceitos tradicio- nais. 2. ed. Porto Alegre: Bookman. 2010. BORGES, I. R.; RODRIGUES, M. C. Ética e Responsabilidade Profissional. Canoas: Ulbra, 2011. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA. Ética e Moral. Em Cantos e versos, 2014. Disponível em: <http://maurajanes.blogspot.com.br/2016/06/etica-e-moral.html>. Acesso em: 16 out. 2017. RICOEUR, P. Ética e Moral.. Covilhã: LusoSofia, 2011. SIGNIFICADO de valores morais. Siginificados, 2017. Disponível em: <https://www. significados.com.br/valores-morais/>. Acesso em: 16 out. 2017. Para ver as respostas de todos os exercícios deste livro, acesse o link abaixo ou utilize o código QR ao lado. https://goo.gl/Z7ooFu Gabarito 443Ética e moral nas organizações Conteúdo: Dica do professor O vídeo a seguir foi elaborado para você aprender mais sobre o conteúdo desta unidade. Ele cita exemplos de atitudes éticas e antiéticas nas organizações e expõe a diferença entre moral, imoral e amoral. Confira! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/bd73bcb749b42a01b45ab6b61e69e2b0 Exercícios 1) A relação entre a ética do trabalho e os processos de subjetivação pode ser compreendida por meio de três aspectos. Quais são eles? A) - Ética do trabalho como código normativo. - Ética do trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão. - Possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. B) - Ética normativa. - Ética do trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão. - Possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. C) - Ética normativa. - Moral no trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão. - Possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. D) - Ética do trabalho como código normativo. - Antiética no trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão. - Possibilidades colocadas pelo código normativo associado ao trabalho, que baliza a ética como prática reflexiva da liberdade. E) - Ética do trabalho como código normativo. - Ética do trabalho relacionado ao reconhecimento social do trabalhador como cidadão. - Ética individual. 2) Como a ética pode ser definida? A) Prática social. B) Prática pessoal. C) Prática de agir. D) Prática de regras. E) Prática reflexiva. 3) Como a moral pode ser definida? A) Código normativo. B) Prática de regras. C) Código de regras. D) Práticas normativas. E) Práticas organizacionais. 4) A relação entre trabalho e cidadania e a associação dos valores ligados ao trabalho e à família passam por modificações radicais na nova estruturação _______, com consequências nítidas para a regulamentação das relações de trabalho e para o código moral que funda a sociedade brasileira contemporânea. A) Do capitalismo. B) Do socialismo. C) Do ensino. D) Da ética. E) Da moral. 5) O comportamento desloca-se da ética do trabalho e passa a ser marcado pela ___________, caracterizada pela necessidade de satisfação imediata. A) Estética. B) Relação de trabalho. C) Ética do consumo. D) Compra imediata. E) Coletividade. Na prática Veja Na Prática exemplos de atitudes éticas no ambiente de trabalho e conceitos de Ética e Moral. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/1b76be24-9fa8-4ba9-bbe7-05d69a95e055/cf5aacee-1947-44db-96b0-ce9cb392eb93.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: As organizações são morais? - Adm. Wagner Siqueira O programa Sem Reticências tem como convidado o Presidente do CRA/RJ, o Adm. Wagner Siqueira, que fala sobre o seu novo livro intitulado "As organizações são morais?", em que questiona a cidadania e responsabilidade social dentro do ambiente organizacional. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Ética nas organizações Prof. Robson Vitorino fala sobre a importância da ética nas relações de trabalho. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994 Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Formação ética: do tédio ao respeito de si https://www.youtube.com/embed/myDCtxSACVw https://www.youtube.com/embed/3LxJUJRqzMw http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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