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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 2 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL E AS PESSOAS ......................... 4 3 ÉTICA PROFISSIONAL E BASES LEGAIS DA PROFISSÃO ........... 9 4 IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM À ÉTICA 12 5 ÉTICA E MORAL ............................................................................. 14 6 CÓDIGO DE ÉTICA ......................................................................... 15 7 ÉTICA SOCIAL, PROFISSIONAL E POLÍTICA ............................... 16 8 SEIS PRINCÍPIOS DA ÉTICA SOCIAL............................................ 18 9 CÓDIGOS DE ÉTICA....................................................................... 20 10 VIRTUDES DA ÉTICA PROFISSIONAL ....................................... 21 11 ÉTICA, MORAL E LEI ................................................................... 21 12 A FUNÇÃO DA ÉTICA .................................................................. 23 13 QUESTÕES ÉTICAS ATUAIS ...................................................... 24 14 O CÓDIGO DE ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES ............................ 27 15 ÉTICA NA TOMADA DE DECISÕES ........................................... 28 16 AS RELAÇÕES ENTRE TRABALHO E ÉTICA ............................ 30 17 OS EFEITOS DAS TRANSFORMAÇÕES CONTEMPORÂNEAS NOS CÓDIGOS NORMATIVOS ....................................................................... 32 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 38 3 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a)! O Grupo Educacional FAVENI esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos a distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL E AS PESSOAS As organizações são movidas por pessoas e necessitam delas para cumprir sua função, sobreviver e crescer e, em contrapartida, são para elas um meio para atingir seus objetivos pessoais. Alguns objetivos são conscientes e tangíveis, tais como o sustento e manutenção da sobrevivência com estabilidade, comodidade, segurança. O trabalho ainda desempenha funções psicossociais, como menciona Salanova (1996, apud Coelho, 2009), servindo para atender necessidades humanas: dá sentido à vida, prestígio e poder sobre outras pessoas, coisas, dados e processos; serve de elemento para configurar a identidade pessoal (como somos, como nos vemos e somos vistos por outros), viabiliza interação e contatos sociais; oportuniza o desenvolvimento de habilidades e competências, transmissão de normas, valores, crenças e expectativas sociais. (SILVEIRA 2020) Ao observar a organização do trabalho na produção percebe-se se as pessoas estão alocadas adequadamente em suas competências. Se a empresa propicia ao trabalhador oportunidades de crescimento promove a sua satisfação no desenvolvimento do seu labor na opinião de Bergamini (2005). O atual cenário competitivo do mercado exige que os gestores corporativos se atentem para o desenvolvimento pessoal para gerar as mudanças desejadas no ambiente organizacional que leve a empresa a se destacar ou mesmo se manter no mercado. Cabe aos gestores de pessoas saber lidar com os sentimentos, observar a capacidade e reconhecer as emoções próprias e daqueles que trabalham na equipe. (JUSTINO et al 2015) Para COSENZA (2020) é essencial que o dia a dia profissional seja permeado por um relacionamento interpessoal no trabalho eficiente e positivo. Dentro da rotina de uma empresa os colaboradores precisam trabalhar em conjunto e se comunicar. Para isso, é importante que os relacionamentos sejam baseados em confiança, transparência e respeito. Assim como na vida pessoal precisamos de pessoas ao nosso lado para crescermos e nos desenvolvermos, no meio profissional não é diferente. As relações saudáveis entre os funcionários de uma organização são benéficas para todos os envolvidos, inclusive para a evolução da empresa como um todo. https://www.vittude.com/empresas/confianca-como-construir-dentro-das-empresas 5 A importância das equipes nas atividades de trabalho cresceu exponencialmente nas últimas décadas. O trabalho tem sido mais cooperativo do que solitário. Equipes mostram maior adaptabilidade, inovação e produtividade (Salas, Shuffler, Thayer, Bedwell, & Lazzara, 2015). A ênfase na cooperação colocou em xeque metodologias clássicas de recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de desempenho. As competências técnicas se mostraram insuficientes para a compreensão do desempenho de indivíduos e grupos de trabalho, pois a sinergia interpessoal entre membros de equipe se revelou fundamental para o sucesso (Salas et al., 2015). Esta sinergia está relacionada à similaridade dos interesses e valores dos participantes de equipes de trabalho (Brito, 2012; Larson, 2013, apud MAGALHÃES 2018). Segundo MENDES (2021) Mesmo profissionais que trabalham em casa dependem de construir boas relações para serem bem-sucedidos. Por isso, desenvolver um forte relacionamento interpessoal no trabalho é uma tarefa importante. Quando falamos de relacionamento interpessoal no trabalho entendemos a união de vários indivíduos dentro do ambiente corporativo. É comum que essa relação se desenvolva entre profissionais que trabalhem em uma mesma organização ou façam parte de um mesmo time. Cresce a prática de contratação de profissional através da sua pessoa jurídica, mas que trabalha dentro da empresa em relação comercial continuada similar ao empregado. O modelo de sentimento e relacionamento pode impregnar também este tipo de ligação profissional, visto que o ser humano tende a transpor seus modelos internalizados para diferentes convivências. (SILVEIRA 2020) Perceber a vontade, o empenho, o envolvimento de cada funcionário é imprescindível para saber como e onde pontuar para melhorar. Aos dirigentes cabe tomar a consciência do quanto o seu olhar e a sua presença influencia e interfere no comportamento do grupo modelando-o para a direção necessária. Essa atuação promove mudanças que refletem no relacionamento com os clientes e fornecedores. Melhora a relação interpessoal e aumenta o respeito entre os colaboradores levando-os a executar melhor as tarefas, e construir relacionamentos. Propõe-seque todos https://www.napratica.org.br/qual-e-a-melhor-forma-de-cobrar-seu-time/ 6 se envolvam, trazendo uma comunicação eficaz motivando-os a compreender, respeitar uns aos outros. (JUSTINO 2015) Fonte: www.tomanini.com.br O relacionamento interpessoal no trabalho nada mais é do que a conexão, ou seja, a relação entre duas ou mais pessoas em âmbito profissional. Trata-se de como esses indivíduos se relacionam, se tratam e qual é o nível de qualidade dessas relações. No trabalho, essas relações estão baseadas nas funções de cada profissional.Dependendo da área de atuação você tem mais contato com uma ou outra pessoa e para que o trabalho seja executado da melhor forma muitas vezes é necessário ser capaz de cultivar tais relações com maestria. (COSENZA 2020) Cada ambiente de trabalho tem um modo particular de resolver suas questões no âmbito das relações sociais, apresentando estilos de interação social e estratégias preferidas de solução de problemas. Quando um trabalhador não possui o estilo interpessoal pertinente a determinado contexto, dificilmente obterá aceitação e reconhecimento por seus pares, resultando no seu afastamento voluntário ou involuntário. Neste sentido, a avaliação psicológica para fins de seleção e movimentação de pessoas para ambientes de trabalho 7 possui uma longa tradição no uso de medidas de personalidade. Por outro lado, ainda se observa a carência de pesquisas que investiguem quais características de personalidade são predominantes em contextos laborais específicos (Larson, 2013 apud MAGALHÃES 2018). “Normalmente o relacionamento interpessoal no trabalho ocorre em empresas de médio e grande porte, em função do maior número de pessoas que integram um sistema de trabalho. As pessoas costumam se aproximar por empatia, fator importante para o relacionamento interpessoal no trabalho e também para a colocação do individuo no mercado”, explica o psicólogo Marcelo Tozato. Por meio do relacionamento interpessoal no trabalho, profissionais conseguem mais facilmente feedback honesto, apoio durante momentos de crise, uma divisão melhor das tarefas do trabalho e melhora do clima organizacional. (MENDES 2021) As relações de emprego ou de prestação de serviço tendem a ser pactuadas por contrato formal que especifica direitos e obrigações legais, como trabalho a ser desenvolvido e a compensação a ser recebida. Esses contratos tendem a não investigar ou tratar aspectos subjetivos presentes nesses casos. Para Woolams e Brown (1979), "todas as vezes que duas ou mais pessoas se relacionam, há sempre alguma expectativa à parte de cada uma em relação ao que deseja tirar do relacionamento." (SILVEIRA, 2020) De acordo com JUSTINO (2015) o autocontrole permite que a pessoa reconheça o seu sentimento quando ele ocorre e controle a emoção, adequando-se a situação. A automotivação é capacidade de dirigir o sentimento e a emoção com foco no objetivo. Depende de empatia para reconhecer as necessidades dos outros como a própria e ser receptivo às diferenças. Isso facilita a habilidade do relacionamento interpessoal. O profissional que consegue compreender e administrar suas emoções como a raiva, o medo e a frustração, além de se reconhecer nos outros, apresenta desempenho positivo em situações desafiadoras como cobrança e mudanças organizacionais. Coloca-se de forma flexível e madura, controla os instintos explosivos e intempestivos. https://www.napratica.org.br/como-pedir-feedback-e-usar/ 8 O clima organizacional trata-se de um indicador que tem como objetivo medir a satisfação e percepção dos funcionários de uma empresa em relação ao ambiente de trabalho no qual estão inseridos. Quando não há colaboração e respeito, o clima organizacional pode ficar mais pesado e negativo. As pessoas acabam se sentindo mais isoladas e tristes, afinal, um dia a dia com uma boa comunicação e parceria contribui para um clima mais leve e positivo. (COSENZA, 2020) Pesquisadores desde muito tempo se dedicam a compreender o funcionamento das relações interpessoais no trabalho em equipe (Salas et al., 2015). Os grupos humanos tendem a desenvolver um estilo particular de desenvolver suas atividades. As características das tarefas e das pessoas combinam-se para formar um padrão de interações sociais que se estabiliza como o modus operandi de uma equipe de trabalho. Estes processos envolvem aspectos de personalidade dos membros da equipe que interagem entre si e com as características do trabalho (Peeters, Tuijl, Rutte, & Reymen, 2006; Tett, & Burnett, 2003, apud MAGALHÃES, 20218). Em geral, os profissionais que desenvolvem relacionamento interpessoal no trabalho são pessoas que possuem metas e objetivos em comum. Eles compartilham os mesmos interesses, possuem a mesma linha de raciocínio ou vêm de backgrounds parecidos. “A linguagem verbal e não verbal e o saber ouvir são condições importantíssimas para se estabelecer o vínculo e fortalecê-lo. A liderança tem um papel muito importante neste caso, onde deve se estabelecer por respeito e admiração. Um relacionamento interpessoal no trabalho forte é aquele que, independentemente de posição ou cargo na empresa, se estabelece por empatia e equilíbrio”, ressalta o profissional. (MENDES, 2021) O diálogo é um recurso para conhecer as vontades e interesses como elementos que impactam na motivação e compromisso com o que precisa ser realizado. Mando e cobrança não estimulam criatividade e comprometimento, mas dependência, rebeldia e até má vontade e sabotagem. Tendem a desencadear mal estar e afastamento, conversas paralelas, que é o contrário do que o gestor necessita: foco na ação e qualidade para chegar aos resultados em clima favorável. (SILVEIRA, 2020) https://www.napratica.org.br/metas-smart/ https://www.napratica.org.br/o-que-e-lideranca-e-por-que-e-importante-para-carreira/ 9 O fortalecimento do relacionamento interpessoal no trabalho é essencial para se trabalhar uma comunicação mais assertiva. Pessoas que têm dificuldade para se comunicar podem acabar cometendo mais erros e não conseguem ser tão eficientes trabalhando em equipe. Por isso, fomentar boas relações entre os colaboradores é essencial para garantir uma comunicação mais eficaz e transparente. (JUSTINO, 2015) 3 ÉTICA PROFISSIONAL E BASES LEGAIS DA PROFISSÃO De acordo com a literatura, os conceitos de ética profissional tendem a convergir; mesmo assim, alguns autores debatem alguns tópicos por considerá- -los mais significativos que outros. Portanto, a concepção de ética é exteriori zada, visto que o mundo ético é o mundo do “deve ser” e do “ser”; o primeiro significa o mundo dos juízos de valor, e o segundo, o mundo dos juízos de realidade. Também é importante mencionar que “a moral é a parte subjetiva da ética”. Sendo assim, a moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo, pois se trata dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens com os outros homens segundo a justiça e a equidade natural. Em outras palavras, os princípios éticos e morais são, na verdade, os pilares da construção de uma identidade profissional e de sua moral mais do que sua representação social contribui com a formação da consciência profissional. Refletindo sobre o tema, a moral é o conjunto de regras restritivas de conduta consideradas válidas no convívio social. É imperativa, restritiva, sujeitando o ato à condenação, à punição e conduzindo à heteronomia. A ética é aconselhadora: sujeita o ato à avaliação crítica e conduz à autonomia. Ética profissional é um conjunto de normas e valores de relacionamento e comportamento que é adotado no ambiente de trabalho. Ética, em um sentido mais amplo, refere-se à ciência da conduta. De origem grega, éthos, a palavra ética significa “costume”, “propriedade do caráter” ou “modo de ser”. Também pode-se trabalhar com o conceito de ética como o conjunto de normas tomado pela pessoa que vai adquirindo consciência de como deve se portar um profissional, e isso passa a fazer parte de sua conduta. O indivíduo 10 que possui ética profissional e cumpre com as normas de conduta de uma organização é mais valorizado e reconhecido, afinal, ética é a reflexão crítica sobre valores e princípios referentes à conduta humana para o agir consciente, o senso crítico e a arte de conviver e de ser feliz. Fonte: suarevista.com.brA ética profissional é comparada com a filosofia do agir humano, visto que a vida é considerada como o bem em organizações humanas. A vida plenamente humana participa da cidadania, assumindo com plena consciência a recíproca relação entre direitos e deveres, sem esquecer que consiste essa mesma existência na esfera profissional. Esse mundo humano não é uma dádiva da natureza; é uma conquista cultural. A ética é aplicada no campo das atividades profissionais; assim, há a ética profissional do estudante de gestão ambiental e das demais outras profissões. A ética é ainda indispensável ao profissional, porque “o fazer” e “o agir” estão interligados na ação humana. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão; o agir refere-se à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão. 11 Trabalhamos com a informação que a moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa como uma forma de garantir o seu bem-viver. Independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum. O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial; valem apenas para a área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados vivem. Pode se reafirmar que a ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus objetivos é a busca de justificativas para as regras propostas pela moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos – moral e Direito – porque não estabelece regras. Os líderes de empresas têm defendido a ideia de que as pessoas éticas profissionalmente têm mais comprometimento com o trabalho e contribuem para o aumento do nível de confiança, o que resulta em mais produção e desenvolvimento da organização. No ambiente profissional, a ética se refere ao caráter e é nela que se baseiam as relações interpessoais, objetivando principalmente o bem-estar e respeito no campo laboral. Mais uma reflexão importante: afinal, quando se inicia a pensar sobre ética profissional? Esta reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve iniciar bem antes da prática profissional. A escolha profissional, muitas vezes, pode acontecer na adolescência e já deve ser permeada por esta reflexão. Escolher uma profissão é uma opção, mas, ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Muitas vezes, quando somos jovens, escolhemos uma carreira sem conhecer o conjunto de deveres que estamos prestes a assumir, tornando-nos, assim, parte daquela categoria. Voltando a reforçar a ideia da reflexão, esta deve incluir toda a fase de formação profissional, o aprendizado das competências e habilidades referentes à prática específica em uma determinada área antes do início do trabalho. Ao completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa seu comprometimento com a categoria profissional em que formalmente ingressa. A adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas como 12 sendo as mais adequadas para o seu exercício é entendida pelo aspecto moral da chamada ética profissional. É importante ter sempre em mente que há atitudes que não estão escritas, ou mesmo descritas nos códigos de todas as profissões, mas são comuns a todas as atividades que uma pessoa pode exercer. Estas atitudes são, por exemplo, generosidade e cooperação no trabalho em equipe. Mesmo quando exercidas solitariamente em uma sala, fazem parte de um conjunto maior de atividades de que depende o bom desempenho desta. Também há atitudes consideradas como postura proativa como, por exemplo, não ficar restrito às tarefas solicitadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que temporário. A pessoa ética segue estritamente todas as tarefas exigidas de seu cargo e cumpre os princípios estabelecidos pela sociedade e por sua equipe de trabalho. Também se menciona que qualquer profissão possui um conjunto de normas que serve de base da conduta dos profissionais, ou seja, a ética profissional vale para todos os colaboradores de uma empresa. Esse conjunto de normas se chama código de ética. 4 IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A ÉTICA O código de ética profissional é um dos princípios que norteiam a ética e tem algumas diferenciações, pois varia de acordo com os campos de atuação. Porém, alguns itens da ética profissional são universais, ou seja, são aplicados independentemente da área em que o profissional atua. Alguns elementos de ética profissional são válidos para qualquer profissão: Respeito à vida; Cooperação; Seriedade; Competência; Respeito à hierarquia; 13 Responsabilidade, entre outros. Fonte: sebraeinteligenciasetorial.com.br Os conselhos de representação das profissões têm como responsabilidade criar os códigos de ética para cada área de atuação. Os códigos de ética servem para padronizar as condutas de comportamento e procedimentos operacionais. Dessa maneira, será garantida a segurança dos usuários de cada serviço e dos profissionais atuantes. Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, porém deveria ter força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções para os descumprimentos de seus dispositivos, elas sempre dependerão da respectiva legislação, ou mesmo da sua existência; sendo assim, o código de ética é por ela limitado. Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos comportamentos de seus membros. Essa regulação só será ética quando o respectivo código for uma convicção que venha do interior das pessoas. Sendo assim, a elaboração do código de ética é um ato de muita responsabilidade para que ele tenha a força da legitimidade. Não se pode esquecer que quanto mais democrático e participativo esse processo de elaboração do código de ética, maiores as chances de identificação 14 dos membros do grupo com seu referido código. Como consequência, serão maiores as suas chances de eficácia. Este é o princípio fundamental que constitui a ética: o outro é um sujeito de direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O fundamento dos direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua liberdade de viver plenamente. 5 ÉTICA E MORAL No contexto filosófico, ética e moral possuem significados distintos. Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica, ou seja, é uma reflexão sobre a moral. Já a moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. A palavra ética vem do grego ethos, que significa morada, habitat, refúgio. Contudo, para os filósofos, a palavra se refere a caráter, índole. Sócrates coloca o autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. Seguindo a máxima de Aristóteles em Ética a Nicômaco e em seu pensamento moral de forma geral, “somos o resultado de nossas escolhas”. Aristóteles acreditava que a ética se caracteriza pela finalidade e pelo objetivo a ser atingido, isto é, que se possa viver bem, ter uma vida boa, com e para os outros, com instituições justas. Já Platão entende que a justiça é a principal virtude a ser seguida. A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa costume. A moral existe desde o início, pois as pessoas possuem uma consciência moral que as levam a distinguiro bem do mal no meio em que vivem, iniciando de fato quando o homem passou a viver em grupos, ou seja, surgiu nas sociedades primitivas. 15 6 CÓDIGO DE ÉTICA Código de ética é um acordo que estabelece os direitos e deveres de uma empresa, instituição, categoria profissional, organização não governamental (ONG), etc., a partir da sua missão, cultura e posicionamento social, que deve ser seguido pelos funcionários no exercício de suas funções profissionais. Formulação do código de ética O processo de produção de um código de ética é, por si só, um processo de ética. De outro modo, nunca passará de um simples código moral defensivo de uma organização. A formulação de um código de ética deve englobar intencionalmente todos os membros do grupo social que ele abrangerá e representará. Isso exige um sistema ou processo de construção “de baixo para cima”, do diverso ao unitário, construindo consensos progressivos de modo que o resultado seja reconhecido como representativo de todas as disposições morais e éticas da sociedade. A elaboração de um código de ética, portanto, realiza-se como um processo educativo no interior do próprio grupo, devendo resultar em um produto que cumpra também uma função educativa e exemplar de cidadania diante dos demais grupos sociais e de todos os cidadãos. Limites de um código de ética Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, mas deveria ter força simbólica. Embora um código de ética possa prever sanções para os descumprimentos de seus dispositivos, essas sanções dependerão sempre da existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior e, portanto o limita. Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos comportamentos de seus membros. Essa regulação só será ética se, e quando, o código de ética for uma convicção que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da legitimidade. Quanto mais democrático e 16 participativo for esse processo, maiores serão as chances de identificação dos membros do grupo e, em consequência, maiores serão as chances de sua eficácia. Fonte: marcioantoniassi.wordpress.com 7 ÉTICA SOCIAL, PROFISSIONAL E POLÍTICA Conforme GOMES (2017) O convívio social é permeado por regras, princípios e noções que fundamentam a vida moral. O papel da ética é fazer a refl exão sobre esses princípios e noções. Existem diversas concepções de ética que variam de acordo com a ideia de ser humano com que se trabalha, desde a noção religiosa até o pragmatismo mais radical. Diferentemente da moral – que é relativa à um grupo social, uma cultura –, a ética pretende ser universal. Enquanto a moral pergunta “o que devo fazer?”, a ética pergunta “o que é o bem?“. A primeira é normativa, enquanto a segunda é reflexiva. Aristóteles (384-322 a.C. apud GOMES, 2017) considerava a felicidade a finalidade da vida e a consequência do único dom humano, a razão. As virtudes intelectuais e morais seriam apenas os artifícios destinados à sua consecução. O epicurismo, doutrina idealizada por Epicuro (341-270 a.C. apud GOMES 2017), entretanto, identificava como sumo bem o prazer, sobretudo o 17 prazer intelectual, e – tal como os adeptos do estoicismo, escola fundada por Zenão de Cítio (340-264 a.C. apud GOMES 2017) – recomendava uma vida dedicada à contemplação. No fim da Idade Média, São Tomás de Aquino (1225-1274 apud GOMES 2017) viria a estabelecer na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção através da graça divina. À medida que a Igreja Medieval se tornava mais poderosa, crescia um modelo de ética que trazia castigos aos pecados e recompensa à virtude pela imortalidade. Para Baruch Spinoza (1632-1677 apud GOMES 2017), a razão humana é o critério para um comportamento correto, e apenas as necessidades e interesses do homem estabelecem o que pode ser considerado bom e mau, o bem e o mal. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778 apud GOMES 2017), por sua vez, em seu Contrato Social (1762), conferiu o mal ético aos desajustamentos sociais e declarava que os seres humanos eram bons por natureza. Uma das maiores cooperações à ética foi a de Emmanuel Kant (1724- 1804 apud GOMES 2017), em fins do século XVIII. Segundo ele, a moralidade de um ato não deve ser julgada por suas consequências, e sim por sua motivação ética. As teses do utilitarismo, formuladas por Jeremy Bentham (1748-1832 apud GOMES 2017), recomenda o princípio da utilidade como meio de contribuir para aumentar a felicidade da comunidade. Já para Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831 apud GOMES 2017), a história do mundo compreende “disciplinar a vontade natural descontrolada, levá-la a obedecer a um princípio universal e facilitar uma liberdade subjetiva”. Segundo GOMES (2017) a ética contemporânea é fragmentada, pois se abandonam os desejos de montar um conjunto de postulados e passa-se a analisar situações, temas e questões pontuais. Ainda se encontram divisões no modo de análise, e as duas principais visões são: 18 Morais deontológicas (ou do dever ou da lei) que afirmam que o critério supremo é o dever ou as leis. O termo deontologia surgiu das palavras gregas “déon, déontos”, que significam “dever”, e “lógos”, que significa “discurso” ou “tratado”. Morais situacionais e relativistas que se recusam a construir a moral sobre um princípio absoluto, seja ele o fim último ou o dever. Seis princípios da ética social A ética social fundamenta-se em seis princípios clássicos, veja quais são: Dignidade da pessoa humana A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 1969, estabelece, em seu art. 11, § 1º, que “Toda pessoa humana tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade. ” É característica intrínseca e inalienável de cada ser humano, colocando-o como merecedor do respeito e da consideração do estado e da sociedade. Direito de propriedade O direito de propriedade é o direito das pessoas de possuírem coisas para atender às suas necessidades, para seu uso; é um direito pacifi- camente reconhecido por todos. Primazia do trabalho O trabalho – atividade que o ser humano realiza para sobreviver, ganhar a vida e crescer como pessoa – é a atividade de primordial importância, sem dúvida a mais expressiva da pessoa humana. A pessoa mesma está em seu trabalho. É comum as pessoas apresentarem-se pelo nome e pelo trabalho. Não só a subsistência pessoal e de familiares depende do trabalho, mas antes a própria pessoa, seu crescimento, seu desenvolvimento. 19 Primazia do bem comum O interesse do coletivo deve se sobrepor ao interesse individual, pois o avanço de uma sociedade depende do esforço conjunto das pessoas e só pode ser alcançado com a colaboração de todos os integrantes do grupo. Os seres humanos buscam naturalmente a união, primeiramente porque são essencialmente sociais e em segundo lugar porque sentem inúmeras limitações ao agir isoladamente. É o conjunto de condições sociais que permite e favorece aos membros da sociedade o seu desenvolvimento pessoal e integral. Solidariedade Um dos traços mais fortes da natureza humana. A pessoa imediatamente identifica o próximo como seu igual, ainda que não o conheça, ainda que de outra raça ou de outra língua. A solidariedade entre os seres humanos decorre diretamente do fato de todos serem da mesma natureza. É a chamada fraternidade humana. Subsidiariedade A participação ativa das pessoas e de todos os grupos sociais nas esferas superiores, econômicas, políticas e sociais, de cada país e do mundo é a base desse princípio. Em latim, subsidere significa “sentar-se debaixo”, estar na reserva. Subsídio é o auxílio dado; quem recebe é ditosubsidiado; quem doa é o subsidiário. Devido à presença do sufixo - idade, a palavra subsidiariedade significa o estado ou a qualidade de subsidiário. A organização social funciona porque o ser humano a sustenta na base. 20 Ética profissional A ética profissional diz respeito tanto ao comportamento do indivíduo em um ambiente de trabalho quanto à atuação de empresas e organizações. Para o indivíduo, é a observância dos comportamentos adequados ao convívio com colegas, chefias e clientes e dos compromissos assumidos com o trabalho. Para as empresas e organizações, é pautar sua atuação sempre pensando em algo melhor para a sociedade, pelo uso de boas práticas, como transparência, respeito às diversidades, respeito às leis, entre outras. Um conceito amplamente utilizado atualmente é o da sustentabilidade. Empresas e organizações procuram hoje o título de “sustentáveis”. Para tanto, precisam demonstrar suas práticas corretas em três esferas: ambiental, econômica e social. 8 CÓDIGOS DE ÉTICA O profissional deve aderir tanto aos padrões éticos da sociedade quanto às normas e regimentos internos das organizações. A ética profissional possibilita ao profissional um exercício diário e prazeroso de honestidade, comprometimento, confiabilidade, entre tantos outros, que conduzem o seu comportamento e tomada de decisões em suas atividades. Enfim, a recompensa é ser reconhecido – não só pelo seu trabalho, mas também por sua conduta exemplar. Algumas profissões possuem comitês representativos que são responsáveis por definir códigos éticos específicos para cada ramo de atividade. Você já deve ter ouvido falar do Conselho Federal de Medicina (CFM) ou do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), esses dois exemplos bem conhecidos. Esses códigos de ética formulados pelo conselho de administração visam padronizar procedimentos operacionais e comportamentos e garantir a segurança dos profissionais e usuários de cada serviço. Eles estabelecem princípios éticos e morais para ocupações específicas e impõem punições disciplinares aos trabalhadores que não cumprem os procedimentos e normas 21 de sua área, e protegem a sociedade de injustiças e desrespeito em qualquer área. Para tanto, o conselho de administração também é responsável por monitorar o cumprimento do código de ética. 9 VIRTUDES DA ÉTICA PROFISSIONAL Algumas virtudes são ressaltadas como primordiais para o bom desenvolvimento profissional, como: Comprometimento O compromisso do profissional se aplica sistemicamente. Em primeiro lugar, ele deve se comprometer com o próprio desenvolvimento contínuo e se comportar de maneira congruente com sua linha de pensamento, ou seja, agir para alcançar suas metas e objetivos, e o único caminho é a entrega dos resultados solicitados pela empresa. Em segundo lugar – e não menos importante –, ele deve estar comprometido com os colegas de trabalho, com os líderes e com o público da marca. Ao desempenhar sua função com excelência, automaticamente estará contribuindo para o todo. Responsabilidade Para a preservação de uma marca ou produto, o profissional deve manter uma postura congruente com seu trabalho e manter para si os dados que lhe foram confiados, a fim de garantir o sigilo necessário. Integridade É indispensável manter a transparência nas atividades exercidas, ser honesto com o gestor direto e demais profissionais, garantindo que todos sejam influenciados positivamente por seu trabalho, de forma direta ou indireta. 10 ÉTICA, MORAL E LEI Outra questão que muitas vezes dificulta a compreensão do conceito e da importância da conduta ética pelos indivíduos reside em outro conflito conceitual em relação às seguintes instituições: ética, moral e lei. Como não fomos educados a pensar nas questões - Quero? Devo? Posso? Nosso comportamento 22 segue padrões automáticos, repetindo soluções e fórmulas há muito presentes no meio social ao pertencemos. Fonte: enfermagembio.blogspot.com Esse padrão de comportamento provoca uma sensação de normalidade posto que nossas ações sejam aceitas pelo grupo, sobretudo porque os membros do grupo agem da mesma forma quando em situações semelhantes. Ora, isso não significa necessariamente que estamos agindo eticamente, antes, porém; indica que estamos repetindo um padrão, e isso se configura comportamento de grupo. Por isso as pessoas oferecem grande resistência em romper com os costumes e aceitar as mudanças. Isso nos leva a refletir sobre a questão da moral. O termo moral vem do latim mores que quer dizer costumes. Portanto moral trata-se de um conjunto de hábitos e costumes praticados por um grupo. Tais hábitos e costumes são aceitos e incorporados por serem considerados bons. Por consequência, os hábitos por serem bons; são considerados justos. Finalmente, os hábitos bons e justos cooperam para a realização das pessoas. Considerando que um conjunto de hábitos bons e justos se tornam imprescindíveis para os indivíduos, os mesmos são convencionados em forma de lei. Assim sendo, podemos dizer que a lei é um conjunto de bons costumes (moral) aceitos e praticados por um grupo social. Sintetizando o conceito de lei 23 podemos dizer que as leis são acordos obrigatórios definidos entre os indivíduos de um grupo, no objetivo de assegurar o mínimo de justiça ou direitos. Desta forma fica explícito que a lei é um instrumento que possibilita efetuar a justiça. Conforme Camargo (1999), toda lei deve ser uma ordenação da razão com o propósito de promover o bem comum. Sendo assim, para que a lei atenda ao componente ético, ela deve ser justa, ou seja; indicar o que está em consonância com a natureza e a dignidade do homem. A justiça não uma qualidade humana ou um direito adquirido, mas sim um princípio ou pilar da fundação de uma sociedade bem estruturada. 11 A FUNÇÃO DA ÉTICA A ética tem por finalidade investigar e esclarecer uma realidade moral e estruturar seus respectivos conceitos. A realidade moral sofre variações como passar do tempo afetando de igual forma seus princípios e normas. As convenções e os princípios éticos doutrinários vigentes no passado se alteram em função de vários fatores e influencias que vão desde as mudanças culturais até o avanço cada vez mais veloz da tecnologia. A ética investiga a forma do comportamento humano e da moral, e busca explicá-lo. É nesse contexto que se concentra o verdadeiro valor da ética. Portanto, a ética fornece a compreensão racional do comportamento humano, o qual será posteriormente o elemento formador da consciência. A consciência por sua vez nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, buscando identificar e estabelecer os novos parâmetros que nortearão os limites e capacidades. É necessário lembrar de que as empresas são compostas pelos seus colaboradores, pelas pessoas que nela trabalham e onde passam a maior parte do seu tempo, portanto; quando dizemos que uma empresa é ética, na verdade estamos afirmando que as pessoas de determinada empresa se comportam de forma ética. Outro ponto importante é a questão da imagem que a corporação transmite ao mercado. Uma empresa cujos empregados - independentes do setor em que trabalham ou do nível hierárquico que ocupam – se comportam de 24 maneira incorreta no aspecto ético; certamente sofrerá as consequências deste comportamento na medida em que os consumidores deixarão de adquirir seus produtos ou serviços, afetando a sua rentabilidade. Outro fator de grande influência é o acesso à informação. Com o avanço das tecnologias de comunicação, o acesso ás informações foi facilitado permitindo que as pessoas, aonde quer que estejam, acompanhem praticamente em tempo real os fatos ao redor do mundo. Em função disso, as empresas estabelecem os códigos de ética no objetivo de regulamentaro comportamento dos colaboradores buscando desta forma evitar problemas que venham afetar sua imagem no mercado. Mesmo assim, grandes corporações muitas vezes se vêem em situações embaraçosas e delicadas perante o mercado no aspecto. Isso significa que não basta apenas haver um código formalmente redigido para ser obedecido. É necessário que haja a conscientização sobre a importância da conduta ética no ambiente e nas ações profissionais. 12 QUESTÕES ÉTICAS ATUAIS A atualidade tem exposto desafios e problematizações éticas que se configuram como um grande obstáculo para as sociedades, mas também como um grande aprendizado. A pluralidade entre os indivíduos traz questões muitas vezes pensadas no campo moral e, portanto, valorativo e mais subjetivo, que necessitam de uma intervenção ética. Ou seja, questões como a ética em relação à política, a aceitação do outro diferente e o reconhecimento de direitos compõem a reflexão ética contemporânea — que, de modo mais universal, tem o papel de ponderar os posicionamentos e deliberar sobre o bem comum. Os dilemas éticos que se apresentam atualmente formam uma espécie de bifurcação. Se de um lado temos uma “crise ética” no campo da política e da organização social, por outro temos um avanço discursivo relacionado a campos como a bioética, questões de gênero e igualdade racial, entre outras questões. Não que essas áreas não necessitem de muitas conquistas — mas elas ocupam lugares de debate, o que anteriormente não era tão problematizado na sociedade. 25 De acordo com Bertonha (2012), no artigo intitulado “Fascismo. Um risco real para o mundo de hoje?”, hoje vivemos o resgate de certos ideais que colocam em risco o pacto democrático ao redor do mundo. Desse modo, ao mesmo tempo em que podemos observar um avanço nos debates sobre alguns temas, observamos um regresso sobre os mesmos temas engendrado por uma moral mais conservadora em alguns aspectos. Fonte: es.123rf.com/imagenes-de-archivo O fascismo surgiu na Europa, especificamente nos anos 1920, e serviu como modelo político para governos com o viés totalitário. Foi com Benito Mussolini que o Partido Nacional Fascista surgiu e ocupou o poder em 1922, na Itália. Tal partido, de viés socialista, adotou práticas antidemocráticas e de repressão para se manter no poder e acabou por servir de modelo a Hitler para a imposição do nazismo na Alemanha, com viés à extrema-direita. Ou seja, após a Primeira Guerra Mundial, tanto a Itália quanto a Alemanha ficaram devastadas, o que levou à ascensão de líderes ditadores que vinham com a promessa de revitalização social e econômica. Independentemente da orientação ideológica, ambos tinham práticas ditas fascistas. Ou seja, enquanto Mussolini tinha como inimigo qualquer oposição aos seus ideais e governo, Hitler tinha como inimigos comunistas, judeus e qualquer oposição (BERTONHA, 2012). 26 Não se pode dizer que o fascismo esteja ressurgindo na sua versão clássica — a imposição de um partido único, mobilização das massas em torno de tal partido ou, ainda, a repressão e o extermínio de opositores. Entretanto, a recombinação de elementos totalitários nas sociedades atuais é perceptível. Por exemplo, o controle sobre a mídia em certos países, ou ainda a descredibilização de informações, a fim de que haja uma “verdade” vinculada ao governo, como se pode observar na Rússia, sob a governança de Vladimir Putin. Outro elemento é a responsabilização de crises que se dão no mercado financeiro a um inimigo comum, como ocorreu na Alemanha nazista, quando a má situação econômica foi atribuída ao sucesso financeiro dos judeus. Assim, assistimos ao surgimento de novos líderes em contextos de crise, com esperanças messiânicas por parte da população — e eles utili zam como agência de poder o ódio ao outro, ao escolherem um grupo para responsabilizar pelos resultados negativos. Como ressalta Bertonha (2012, p. 107), “[...] no tocante ao racismo e à xenofobia, eles sempre existiram na Europa, mas cada vez mais se tornam instrumentos políticos para mobilizar as pessoas em direção ao medo e à desconfiança. Ao invés do ódio ao judeu ou ao comunismo [entre outros]”. Nesse contexto, ressalta-se o risco democrático atual, tendo como exemplo o número crescente de neonazistas na Alemanha ou a fundação do Partido CasaPound (em homenagem ao poeta Ezra Pound, que apoiou Mussolini) na Itália, que tem como proposta o antissistema, o ultranacionalismo, a anti-União Europeia e a anti- imigração, e se declara de extrema-direita. Vale ressaltar que o avanço de debates éticos em diversos campos fica condicionado à abertura cultural de determinadas sociedades, o que passa pela abertura política. Por exemplo, a discussão atrelada ao gênero. Os números de mulheres que reivindicam igualdade salarial e social só têm aumentado; entretanto, um dos obstáculos que se fazem presentes é a relativização dos problemas enfrentados pelas mulheres, tais como feminicídio, agressão, abusos físicos e psicológicos, jornada dupla ou tripla, etc. Assim, diante da importante conquista de esse tema estar sendo discutido e problematizado, também há a descredibilização da importância desse debate. O mesmo se dá em torno da discussão sobre identidade de gênero, em que se tem um grande avanço na 27 discussão sobre a imposição heteronormativa sobre os corpos — e, do mesmo modo, uma grande repressão em torno dessa discussão. Já no campo das ciências, que também são afetadas pela política, tem- - se uma vida dupla em relação os avanços e retrocessos, tais como: ao mesmo tempo que descobertas são feitas e debatidas sobre aplicabilidade e respeito à vida, tem-se, principalmente no Brasil, o questionamento sobre o investimento na pesquisa ser importante ou não. Muitas das obstaculizações ocorrem por parte de setores conservadores, o que gera um impasse entre moral e ética. Uma vez que a tarefa da ética é buscar um consenso em vista de um bem comum, muitos dos avanços científicos são interpelados pelos discursos religiosos, a exemplo das discussões sobre anticoncepcionais, transfusão sanguínea, clonagem, etc. Dessa forma, é possível concluir que as questões éticas estão inseridas em todos os setores da sociedade e estão em constante mutação. 13 O CÓDIGO DE ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES O código de ética, ou manual de conduta ética empresarial, é um documento que espelha os valores, princípios e a missão das organizações. O código permite que se conheça o posicionamento da corporação perante a sociedade com a qual interage direta e indiretamente. Através do Código é possível compreender e avaliar a função da empresa no mercado e a sua expectativa para com os seus colaboradores. O Código de Ética das organizações é baseado na legislação vigente no país, e versa sobre: a. As relações internas na organização; b. As relações com o consumidor; c. A proteção dos Direitos dos Trabalhadores; d. O Repúdio às práticas ilegais (corrupção, assédio moral e sexual); e. Outros temas vigentes. Vantagens da implantação do Código de Ética 28 A implantação do Código promove benefícios que vão além do retorno financeiro imediato. Também não se trata de um modismo, pois o código estabelece a forma de conduta da empresa o qual, por sua vez, agregará valor à imagem da empresa no mercado. As principais vantagens da implantação do código são: a. Fortalece a imagem da instituição junto à comunidade; b. Aproxima os profissionais da organização; c. Enquanto ferramenta soluciona conflitos e problemas internos; d. Colabora na ordem e transparência da imagem empresarial; e. Reflete a conduta moral da empresa e como ela é conduzida; f. Melhora a relação com os stakeholders; g. O código leva a empresa a se comprometer com seu próprio desenvolvimento e o desenvolvimento da sociedade.Portanto, a empresa que projeta a sua ascensão e permanência no mercado promovendo o retorno dos investimentos aos acionistas e cumprindo o seu papel social perante a comunidade, jamais poderá prescindir da ética. 14 ÉTICA NA TOMADA DE DECISÕES Segundo Alencastro, 2012 – Os códigos de conduta, a responsabilidade sócio ambiental, políticas, regulamentos, contratos e gestão, são algumas das principais formas de como as corporações podem e devem praticar sua ética na tomada das decisões empresariais e nas relações institucionais com a sociedade. As organizações buscam o máximo lucro como forma de acumulação de riqueza e sua distribuição aos acionistas e colaboradores. Contudo, o que vai possibilitar que esta meta seja alcançada, é a forma como a empresa atua e mobiliza a sua estrutura respeitando seus valores morais, princípios e conduta ética. A competitividade do mercado é um dos fatores que tem levado as empresas a compreenderem que a ética e o respeito às leis, são valores inegociáveis e necessários no mundo atual. 29 As decisões empresariais pautadas em princípios éticos refletem o comprometimento das empresas em respeitar as leis com transparência de tal modo que atendam as expectativas da sociedade. Nas tomadas de decisão baseadas em princípios éticos é fundamental a clareza e a objetividade, pois é a partir destes procedimentos que os colaboradores se motivam e se sentem realmente partes integrantes da corporação. Fonte: medium.com/@rafaelasouza_26759 Quando as decisões dos gestores respeitam os valores éticos, os consumidores, fornecedores, parceiros, governo e a sociedade de forma geral se sentem seguros e confiantes quanto aos produtos e ou serviços prestados por esta organização. Através da conduta ética a empresa fideliza e atrai novos clientes, solidificando a confiança destes junto à empresa, além de agregar credibilidade aos negócios. Ao aplicar padrões éticos na gestão da organização e nas decisões empresariais a organização obtém melhores resultados ao enfrentar a concorrência. Um fator muito importante é o momento ou o quadro conjuntural em que as decisões serão tomadas. Decidir corretamente não é o suficiente, por isso a ética atua como uma bússola na tomada de decisões no mundo corporativo. Ao 30 administrador compete a responsabilidade de tomar importantes decisões empresariais que causarão impactos relevantes em toda a corporação. Isso implica que suas decisões não devem apenas focar as questões da lucratividade e retorno financeiro aos investidores. As decisões também envolvem pessoas, e, por esta razão; devem ser pautadas pela ética. Muitas empresas elaboram sua declaração de missão, visão e valores, porém, no momento de decidir sobre determinadas questões acabam por não observar tais princípios o que se configura em atitude incorreta sob o foco da ética. A crise Americana de 2008, que se transformou numa grave crise global, foi provocada também pela ausência de uma conduta ética nas empresas que avalizavam financiamentos aos consumidores do mercado imobiliário considerados de alto risco. A empresa quebrou o código de ética no momento em que omitiu as reais condições da carteira que já indicava a possibilidade de inadimplência generalizada, como de fato ocorreu. Este exemplo mostra como as decisões tomadas sem amparo ético comprometem a imagem e o resultado das organizações, podendo inclusive causar danos irreparáveis à sociedade. 15 AS RELAÇÕES ENTRE TRABALHO E ÉTICA Para que um trabalhador alcance a sua excelência profissional, é importante que siga padrões e valores da sociedade e, principalmente, da organização em que trabalha. A credibilidade vem da postura ética adotada pelo trabalhador, uma vez que a sua atuação deve ser consequência de uma reflexão sobre a melhor maneira de agir. A ética proporciona o ganho de confiança e respeito dos gestores e colegas. A ética no trabalho vai além do ponto de vista do dever, da obrigação, ou das normas de conduta que funcionam como um código moral dos funcionários. Ela pode ser entendida como um conjunto de (BORGES; RODRIGUES, 2011): saberes, que forma a moral do trabalho, entendida como algo que define a forma como os trabalhadores devem conduzir as suas vidas enquanto estiverem trabalhando; 31 normas éticas que devem formar a consciência do profissional e ser imperativas para a sua conduta; princípios morais que devem ser observados no exercício de uma profissão; valores e normas de comportamento e relacionamento que são adotados no ambiente de trabalho, no exercício de uma atividade As organizações adotam padrões éticos profissionais, aplicando-os às suas regras de comportamento internas, visando o bom andamento de todos os processos organizacionais, o atingimento das metas e o alcance dos objetivos estratégicos. A ética no trabalho é a ferramenta de exercício cotidiano de honestidade, lealdade e comprometimento, que conduzem as ações do indivíduo no exercício de suas atividades na empresa. A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os colaboradores. Quanto maior a organização, mais se faz necessário um código de ética, para que ele sirva para padronizar os procedimentos de trabalho e estabeleça regras e valores de conduta para todas as áreas. O código de ética prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas da área. Normalmente as organizações disponibilizam canais de comunicação próprios para denúncias, em que os funcionários podem relatar fatos de descumprimento das normas estabelecidas no código de ética e que tenham sido observados no ambiente de trabalho ou na relação com clientes. A ética no trabalho serve para construir relações de qualidade com os colegas de trabalho, chefes e subordinados, e para contribuir para o bom funcionamento das rotinas de trabalho, uma vez que relações amigáveis e respeitosas contribuem para o aumento do nível de confiança e comprometimento dos funcionários, refletindo no aumento da produção e do desenvolvimento da empresa. Os comportamentos antiéticos, por outro lado, prejudicam o clima organizacional, afetando o rendimento das equipes. A relação entre a ética no trabalho e os processos de subjetivação, ou seja, a maneira como podemos pensar a ética e o trabalho de forma mais abstrata e subjetiva, pode ser compreendida como (BITENCOURT, 2010): 32 um código normativo, que age como um mecanismo disciplinador e de submissão dos funcionários; um processo de identificação, relacionado ao reconhecimento social do funcionário como um cidadão; o conjunto de possibilidades trazidas pelo código normativo associado ao trabalho, que influencia a ética como prática reflexiva da liberdade, ou seja, uma reflexão sobre as decisões dos trabalhadores quanto ao próprio destino. O grau de liberdade para a reflexão ética vai depender dos valores morais que envolvem as formas de gestão e a cultura das empresas, bem como as restrições que são impostas pelo mercado de trabalho. Algumas profissões têm conselhos de representação que têm a responsabilidade de criar os códigos de ética específicos de cada área de atuação e, também, de fiscalizar o seu cumprimento. Esse código, chamado de código de ética profissional, é o conjunto de normas éticas que devem ser seguidas pelos profissionais enquanto exercem seu trabalho, independentemente da empresa em que estiverem. Ele existe para padronizar procedimentos operacionais e condutas de comportamento, garantindo a segurança dos profissionais e dos usuários de serviços específicos. Ele também prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normasda área (BORGES; RODRIGUES, 2011). 16 OS EFEITOS DAS TRANSFORMAÇÕES CONTEMPORÂNEAS NOS CÓDIGOS NORMATIVOS A discussão em torno das transformações da ética no trabalho gera duas definições sobre o tema (BITENCOURT, 2010): é um código antigo, com origem na doutrina protestante e que se associou ao espírito capitalista da modernidade; 33 é a discussão sobre a remodelação desse código devido às transformações sociais, que possibilitam a reflexão sobre o lugar que o trabalho exerce na vida das pessoas. Fonte: www.mapadaobra.com.br O termo ética no trabalho, ou ética protestante do trabalho, surgiu no Brasil em 1967, depois da tradução brasileira da obra A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, de Max Weber. Ele faz referência às condições morais para o surgimento do capitalismo, condições essas que estavam presentes na ética protestante. O protestantismo foi um movimento religioso que eclodiu na Europa Central, no início do século XVI, como reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval. A motivação psicológica para o trabalho era uma forma de a doutrina protestante se assegurar. O trabalho passou a ser visto como obrigação moral para as pessoas e o capitalismo passou, então, a não precisar mais da religião como um suporte. No princípio, os fundamentos da ética no trabalho eram (BITENCOURT, 2010): a busca individual do sucesso; a capacidade de o indivíduo postergar o seu prazer e divertimento em prol do acúmulo de dinheiro; 34 a aceitação da existência de uma obrigação moral de trabalhar de forma disciplinada, mesmo que o trabalho fosse árduo e difícil; a obediência às ordens do patrão, sempre com o devido sentimento de obrigação em relação a elas; a importância do trabalho em todos os aspectos da vida, significando valorização pessoal. Na sociedade industrial, a ética no trabalho passou a ser considerada como um elemento essencial para a modernização da sociedade, e muitos estudos tentaram estabelecer a relação existente entre a ética no trabalho e as transformações possivelmente trazidas pelo capitalismo. No Brasil, o trabalho passou a ser valorizado com a criação da carteira de trabalho, documento que demonstra o exercício da cidadania do indivíduo e o esforço do país em atribuir ao trabalho um caráter essencial na vida dos indivíduos. O trabalho passou a ser visto então como uma fonte de dignidade e de moralidade e uma ferramenta de ascensão na sociedade, além de uma forma de servir ao sustento do país por meio da submissão e da obediência. Atualmente, a relação entre trabalho e cidadania e a associação dos valores ligados ao trabalho e à família passam por modificações radicais na nova estruturação do capitalismo. Nos países capitalistas, os códigos normativos começaram a passar por transformações contemporâneas devido ao aumento do individualismo, à diminuição dos laços sociais, à cultura do narcisismo, à perspectiva de incerteza generalizada na sociedade, à competição extremada, à destruição das garantias das estabilidades e à consideração do código moral como algo de importância relativa (BITENCOURT, 2010). A sensação de insegurança e a impossibilidade de planejar o futuro a longo prazo, decorrentes do modelo produtivo da atualidade, começaram a afetar o caráter dos trabalhadores, que passaram a se sentir hesitantes com relação ao padrão moral de comportamento que será oferecido para as próximas gerações. As pessoas se sentem incapazes de transmitir parâmetros sobre o que é certo ou errado. A nova configuração de mundo e sociedade gera incertezas, tornando indefinidos os critérios para o julgamento moral. O comportamento passou a se deslocar da ética profissional para a ética do consumo, que é caracterizada pela necessidade de satisfação imediata. A 35 transformação do trabalhador da modernidade, que era produtor, para o consumidor contemporâneo, indica uma acentuação do individualismo: o consumo é essencialmente individual, enquanto o trabalho é coletivo. Além disso, os novos modelos de gestão procuram individualizar os trabalhadores que exercem suas atividades em equipe, visando avaliá-los. Passou a existir uma nova forma de reflexão da ética, que surgiu da sociedade moderna e teria como fundamento os cuidados dos indivíduos consigo mesmos. Antes, no modelo cultural da era industrial, os cuidados próprios estavam sempre relacionados com as obrigações frente aos outros, sendo que esses outros podiam ser a religião, os filhos, os amigos próximos, a família e a sociedade como um todo. A autorrealização do indivíduo era proporcionada pelo esforço do trabalho, projetado no futuro (BITENCOURT, 2010). Nesse novo modelo de reflexão ética, a satisfação imediata é o que importa, e existe a sensação de um presente permanente, o que traduz a importância do individualismo. As altas taxas de desemprego, as modificações tecnológicas e as alterações organizacionais das empresas são, na realidade, os dispositivos responsáveis pelas transformações na reflexão ética. A ética, como está hoje, é sustentada pelo individualismo, por um dever do indivíduo para com ele próprio, em uma busca incessante pela sua autossatisfação. O individualismo da atualidade também está ligado à solidariedade, só que uma solidariedade direcionada para com os grupos aos quais as pessoas são mais próximas, ou seja, para com a sua microssociedade. Assim, são formadas comunidades pela livre escolha dos indivíduos, ao contrário do que acontece com as relações no trabalho, que são impostas. A crise de identidade pela qual as pessoas passam na atualidade está relacionada com a crise no modelo cultural, pois todo o conjunto de significados e valores que existia está, hoje, desestabilizado. Essa crise cultural provoca nos indivíduos mais jovens uma reflexão sobre as melhores formas de existir. Ela passa a ser uma crise da própria identidade do indivíduo, que se vê em uma situação de indefinição, uma vez que a liberdade existente para as escolhas quanto ao modo de viver – como relacionamentos amorosos, lazer, amizades, divertimentos, produtos de consumo, entre outros – não existe no trabalho e no 36 mundo profissional. Até mesmo a escolha do próprio trabalho é limitada pelas imposições estabelecidas pelo mercado (BITENCOURT, 2010). Fonte: ead.sestsenat.org.br A saída para os indivíduos mais jovens poderia ser, então, a transferência da sua realização pessoal para a vida fora do trabalho, pois esta não seria moderada por regras e princípios morais. A consequência disso, a longo prazo, pode ser o surgimento de um indivíduo contemporâneo completamente desconectado do que é social, alguém que não vê sentido na sociedade, que ignora o fato de fazer parte de uma sociedade e que, por isso, não possui senso de responsabilidade para com as regras sociais. O individualismo exagerado pode conduzir o indivíduo a achar que não é nada, e que não está ou não pertence a qualquer lugar. O código moral referente ao trabalho na sociedade atual vai se transformando à medida que o capitalismo muda suas estratégias para dominar, cada vez mais, o mundo. A ética, então, volta a se tornar essencial na nossa sociedade, pois o aumento do individualismo, que se revela sob a forma de narcisismo, resulta da impossibilidade de se pensar em um futuro, o que traz uma vontade incontrolável de aproveitar os momentos do presente da forma mais intensa possível. A perspectiva desse tempo presente, que pede essa 37 pressa dos indivíduos, traduz a ausência de princípios que possibilitem enxergar um sentido para a vida em comunidade, o que denota uma fragilidade nos laços sociais e um fortalecimento do individualismo, consequência da destruição dos valores e da dissolução dos laços centrados no trabalho, sem que eles tenhamsido substituídos por quaisquer outros que não sejam apenas aqueles que valorizam a própria existência. Somente o respeito pelo outro e o reconhecimento de que temos limites e somos finitos é que podem acabar com o individualismo e possibilitar um retorno à solidariedade. A ética profissional é um conjunto de padrões de conduta que normalmente está estabelecido nos códigos normativos das empresas, mas é também um elemento de reconhecimento e identificação da sociedade. A transformação dos códigos morais e a consequente mudança na ética do trabalho dependem do grau de liberdade existente para uma prática reflexiva, indispensável para se pensar a ética (BITENCOURT, 2010). A atual conjuntura implica uma transformação do código moral que sustenta as relações em sociedade. A ética no trabalho muitas vezes surge somente como uma teoria, e não como algo presente na rotina de ações das pessoas. Embora seja algo ainda muito solicitado no perfil de executivos, a ética se encontra subordinada a valores maiores, que são o individualismo e a competitividade. 38 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTONHA, J. Fascismo: um risco real para o mundo de hoje? Revista Espaço Acadêmico, [s. l.], v. 12, nº. 137, p. 106–108, 2012. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/1822 7. Acesso em: 16 abr. 2019. BITENCOURT, C. Gestão Contemporânea de Pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. 2. ed. Porto Alegre: Bookman. 2010. 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