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EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS ESTA PROVA É UM SIMULADO QUE REPRODUZ AS CARACTERÍSTICAS DE CONTEÚDO E OS ASPECTOS VISUAIS DAS PROVAS OFICIAIS DO ENEM. 22 3 EEBH14EN223 1ºDIA 1ºDIA 1ºDIA 1ºDIA 1ºDIA 1ºDIA ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM EN EM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM EN EM E NEM ENEM E N E M E N E M E N E M E N E M E N E M E N E M ENEM ENE M EN EM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM ENEM E NE M ENEM ENEM EN EM EN EM EN EM EN EM EN EM EN EM E N EM E NEM E NE M E N E M E N E M E N E M E N E M E N E M E N E M E N EM ENE M E N EM EN EM EN EM EN EM EN EM EN EM EN EM EN EM ENEM 1º DIA CADERNO VERDE LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b) Proposta de Redação; c) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua escolhida: inglês ou espanhol. 2. Confira se a quantidade e a ordem das questões do seu CADERNO DE QUESTÕES estão de acordo com as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão. 4. O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 5. Reserve os 30 minutos finais para marcar seu CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 6. Não esquecer de assinar a lista de presença. 7. Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 8. Quando terminar as provas, entregue o CARTÃO-RESPOSTA/FOLHA DE REDAÇÃO ao aplicador. 9. Você poderá deixar o local de prova somente após decorrida 1h30min do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES. ENEM – 1o DIA2 223 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção Inglês) QUESTÃO 01 Leia o poema a seguir. Clock a Clay In the cowslips peeps I lye Hidden from the buzzing fly While green grass beneath me lies Pearled wi’ dew like fishes eyes Here I lye a Clock a clay Waiting for the time o’day While grassy forests quake surprise And the wild wind sobs and sighs My gold home rocks as like to fall On its pillars green and tall When the pattering rain drives bye Clock a Clay keeps warm and dry Day by day and night by night All the week I hide from sight In the cowslips peeps I lye In rain and dew still warm and dry Day and night and night and day Red black spotted clock a clay My home it shakes in wind and showers Pale green pillar top’t wi’ flowers Bending at the wild wind’s breath Till I touch the grass beneath Here still I live lone clock a clay Watching for the time of day John Clare. Disponível em: <theguardian.com>. No poema “Clock a Clay”, John Clare retrata o mundo pelo pon- to de vista de uma joaninha, evocando sentimentos bastante humanos. Em qual verso isso é mais evidente? a “While green grass beneath me lies” b “Here still I live lone clock a clay” c “My gold home rocks as like to fall” d “Clock a Clay keeps warm and dry” e “Pale green pillar top’t wi’ flowers” QUESTÃO 02 Leia o texto a seguir. According to the World Health Organization (WHO), over 1 000 types of pesticides are used globally, with some of the most common types being herbicides (49%), fungicides and bactericides (27%) and insecticides (19%). In 1990, global pesticide consumption was at 3,72 billion lb (1,69 billion kg); this figure grew over 57% in the past two decades, reaching 5,86 billion lb (2,66 billion kg) by 2020. A UN Environment Programme report forecasts continued growth in pesticide use. As the world’s population is expected to reach 9,3 billion people by 2050, a 60% increase in the rate of food production is required. To sustain this demand, researchers believe farmers will need to use even more pesticides. According to a study on European farming systems, omitting pesticides altogether can lead to a 78% loss of fruit production, a 54% decrease in vegetable harvests and a 32% loss of cereal yields. But our dependence on pesticides also comes at a significant cost to the environment, with research showing pesticides may be responsible for the loss of smell in honeybees and salmon, and have contaminated water bodies, threatening aquatic ecosystems. Disponível em: <www.bbc.com>. De acordo com o texto: a houve um declínio de 54% no uso de pesticidas desde a última década, segundo à Organização Mundial da Saúde. b a dependência de pesticidas é benéfica para o meio am- biente, aumentando a população de abelhas e salmões. c é esperado que a população mundial, assim como o uso de inseticidas, aumente em 57% até 2050. d o aumento populacional, bem como da produção de alimen- tos, implica o aumento do uso de pesticidas no futuro. e espera-se que a perda na produção de frutas e vegetais seja proporcional ao aumento da população mundial. QUESTÃO 03 Leia o texto a seguir. There are many treatment options besides pesticides, and prevention should always be considered first (as seen at the base of the pyramid below). Committing to use Best Management Practices (BMPs) is another treatment option. Crops are less likely to get pests in the first place if they are pest-resistant varieties and are grown under conditions that optimize fertility and plant health. In urban environments, exclusion is key. Using screens and caulking goes a long way to keeping pests out. Increasing levels of sanitation often plays a big role in preventing pests. If pesticides are deemed necessary (as seen in the smallest part of the pyramid), priority should be given to treatments that are highly targeted to the pest organism, and to pesticides that are least-toxic to human health and the environment. cultural/sanitation prevention biological chemical (pesticide) physical/mechanical Disponível em: <www.pesticide.org>. ENEM – 1o DIA 3 223 Mediante a análise do texto e da pirâmide, é possível afirmar que: a as plantações resistentes a vários tipos de praga são as mais propensas a apresentarem alguma doença. b mediante o aparecimento de pragas e doenças, o controle biológico, aquele com insetos, deve ser feito após o controle químico. c o uso de pesticidas deve ser o último recurso empregado no controle de pragas e doenças nas produções agrícolas. d higiene e prevenção são tipos de controle que não se com- plementam, sendo ideal a adoção de apenas uma das medidas. e o emprego de telas e calafetagem não é uma maneira efi- ciente de se evitar o aparecimento de pragas nas plantações. QUESTÃO 04 Leia a tira a seguir. 20 08 B al do P ar tn er ss hi p/ D is t. by U ni ve rs al P ress S yn di ca te C I FINALLY WON MY BATTLE AGAINST THOSE LITTLE APHIDS THAT CRAWL ALL OVER MY SQUASH! HOMEMADE PESTICIDE? SOME KIND OF CARMEN? DID YOU MAKE UP WHAT DID YOU DO, TIA OF COURSE NOT! I JUST STOPPED PLANTING SQUASH. w w w. ba ld oc om ic s. co m w w w. go co m ic s. co m Disponível em: <www.gocomics.com>. A comicidade da tira se dá, sobretudo: a na indagação pouco sensata feita pelo rapaz. b na medida adotada pela mulher para espantar os pulgões. c no fato de as abóboras da Tia Carmen não terem crescido. d na reação de espanto do rapaz diante da cena. e no fato de a horta da mulher ter apenas um tipo de plantação. QUESTÃO 05 Leia a questão a seguir. The primary nutrients plants need are nitrogen (N), phosphorous (P), and potassium (K) – that’s the N-P-K you see on most fertilizer bags. Plants can absorb these nutrients only in certain forms, and organic fertilizers must be broken down by soil microbes first, a process called mineralization, which converts nutrients into forms plants can use. Conventional fertilizers contain nutrients in a form plants can absorb immediately. In addition, organic fertilizers typically contain nutrients in low concentrations. “One of the challenges with organic fertilizers is that the nitrogen is often around 3 or 4 percent,” says Clint Waltz, PhD, a turfgrass specialist at the University of Georgia’s Turfgrass Research and Education Center. “It takes a lot more of these products to get the results you want, especially on lawns. When you calculate cost, synthetics are less expensive and you don’t have to apply as much.” The mineralization process also takes time and relies on environmental conditions such as temperature and moisture levels to move it along. “Organic fertilizers can be effective, but it’s a slower process. There’s no soil microbe activity until soil temperatures are warmer than 55 degrees. So, for example, your lawn won’t get green as quickly in the spring,” says Waltz. Another consideration is that some organic products contain more phosphorus than a lawn can use. Over time, this may contribute to excess phosphorous levels, which may lead to potential runoff risk to surface and groundwater. Disponível em: <www.countryliving.com>. Sobre o processo de mineralização, que ocorre com adubos orgânicos, é possível afirmar que: a é formado apenas por nutrientes primários, como nitrogênio, fósforo e potássio. b é um processo biológico do qual a planta se beneficia ins- tantaneamente. c converte as substâncias absorvidas pelas plantas em nu- trientes. d é um processo lento, mas que não acarreta nenhum dano ambiental. e depende de fatores como temperatura e umidade para acontecer. Questões de 01 a 05 (opção Espanhol) QUESTÃO 01 (Enem) El eclipse Cuando Fray Bartolomé Arrazola se sintió perdido aceptó que ya nada podría salvarlo. La selva poderosa de Guatemala lo había apresado, implacable y definitiva. Ante su ignorancia topográfica se sentó con tranquilidad a esperar la muerte. Al despertar se encontró rodeado por un grupo de indígenas de rostro impasible que se disponía a sacrificarlo ante un altar, un altar que a Bartolomé le pareció como el lecho en que descansaría, al fin, de sus temores, de su destino, de sí mismo. Tres años en el país le habían conferido un mediano dominio de las lenguas nativas. Intento algo. Dijo algunas palabras que fueron comprendidas. Entonces floreció en él una idea que tuvo por digna de su talento y de su cultura universal y de su arduo conocimiento de Aristóteles. Recordó que para ese día se esperaba un eclipse total de sol. Y dispuso, en lo más íntimo, valerse de aquel conocimiento para engañar a sus opresores y salvar la vida. – Si me matáis – les dijo – puedo hacer que el sol se oscurezca en su altura. Los indígenas lo miraron fijamente y Bartolomé sorprendió la incredulidad en sus ojos. Vio que se produjo un pequeño consejo, y esperó confiado, no sin cierto desdén. Dos horas después el corazón de Fray Bartolomé Arrazola chorreaba su sangre vehemente sobre la piedra de los sacrificios (brillante bajo la opaca luz de un sol eclipsado), ENEM – 1o DIA4 223 mientras uno de los indígenas recitaba sin ninguna inflexión de voz, sin prisa, una por una las infinitas fechas en que se producirían eclipses solares y lunares, que los astrónomos de la comunidad maya habían previsto y anotado en sus códices sin la valiosa ayuda de Aristóteles. Adaptado de A. Monterroso. Obras completas y otros cuentos. Bogotá: Norma, 1994. No texto, confrontam-se duas visões de mundo: a da cultura ocidental, representada por Frei Bartolomé Arrazola, e a da mítica pré-hispânica, representada pela comunidade indígena maia. Segundo a narrativa: a os catequizadores espanhóis avalizam os saberes produzidos pelas comunidades indígenas hispano-americanas. b os indígenas da comunidade maia mostram-se perplexos diante da superioridade do conhecimento aristotélico do frei espanhol. c o catequizador espanhol Arrazola apresenta-se adaptado às culturas autóctones, ao promover a interlocução entre os conhecimentos aristotélico e indígena. d o episódio representa, de forma neutra, o significado do conhecimento ancestral indígena, quando comparado ao conhecimento ocidental. e os conhecimentos acadêmicos de Arrazola são insuficientes para salvá-lo da morte, ante a sabedoria astronômica da cultura maia. QUESTÃO 02 (Enem) Yo soy como las gentes que a mi tierra vinieron – soy de la raza mora, vieja amiga del sol –, que todo lo ganaron y todo lo perdieron. Tengo el alma de nardo dei árabe español. M. Machado. Disponível em: <www.poetasandaluces.com>. Acesso em: 22 out. 2015. Fragmento. Nessa estrofe, o poeta e dramaturgo espanhol Manuel Machado reflete acerca: a de sua formação identitária plural. b da condição nômade de seus antepassados. c da perda sofrida com o processo de migração. d da dívida do povo espanhol para com o povo árabe. e de sua identificação com os elementos da natureza. QUESTÃO 03 Han bastado tres episodios para que medio mundo se haya interesado por la micología. La culpa la tiene la serie de HBO The Last of Us, basada en un juego con el mismo nombre, y el hongo que en la ficción tiene a la humanidad al borde de la extinción, el Cordyceps. Un organismo real que cuenta con una capacidad innata para modificar el comportamiento de su huésped, mientras lo devora por dentro. Fuera de la ficción estos parásitos son utilizados como medicamento, incluso se investiga sus beneficios para evitar el rechazo de órganos trasplantados. En la serie de The Last of Us, el hongo Cordyceps evoluciona, gracias al cambio climático, y logra adaptarse y sobrevivir a los 37 grados centígrados del cuerpo humano, mientras que en la actualidad no logra sobrevivir a más de 32. “Podría adaptarse, claro. De hecho, ya ha ocurrido en el caso del hongo Candida Auris, que recientemente se ha adaptado a la temperatura del cuerpo humano”, señala Dieguez. Aunque explica que, en este caso, la infección se suele dar en pacientes con quemaduras graves o con alguna inmunodepresión genética. De hecho, es común en los hospitales que en pacientes con este perfil prolifere alguna infección fúngica. “Tal y como es en la serie, podría darse teóricamente en el futuro, pero es un escenario evolutivo que requiere millones de años. Los Cordyceps actuales han sido seleccionados en un proceso evolutivo de millones de años”, añade el doctor. El que suban las temperaturas va a hacer que se seleccionen cepas que tengan la habilidad de crecer bajo estas nuevas condiciones. Además, el aumento de las temperaturas también puede provocar que no exista un cambio tan drástico entre la temperatura ambiental y la del cuerpo humano, un aspecto que puede presentarse como una ventaja para los hongos. Adaptado de <www.elmundo.es>. A série The Last of Us cria um cenário catastrófico no qual a humanidade é drasticamenteconsumida pelos fungos. De acordo com a reportagem, o que podemos afirmar ser realidade e cienti- ficamente possível? a O aquecimento global tornará os fungos mais resistentes e capazes de destruir todos os seres vivos. b Mesmo ao longo de milhões de anos, os fungos não conse- guirão se adaptar às novas temperaturas. c Os fungos já são usados como remédios, e existem pesqui- sas para ampliar sua utilização na área da saúde. d Alguns fungos já são adaptados a temperaturas mais altas e acometem a população em geral. e Cientistas afirmam que a série traça um prognóstico bas- tante provável dos danos causados pelo aquecimento global. QUESTÃO 04 No segundo quadro da tirinha, a personagem feminina de- monstra: a estar feliz com o clima cheio de amor. b estar insegura pela chuva de corações. c alívio por estar informada sobre a previsão do tempo. d estar ansiosa para receber toda a chuva de corações. e estar desapontada porque está chovendo. ENEM – 1o DIA 5 223 QUESTÃO 05 Crónica de la Ciudad de México Medio siglo después del nacimiento de Superman en Nueva York, Superbarrio anda por las calles y las azoteas de la Ciudad de México. El prestigioso norteamericano de acero, símbolo universal del poder, vive en una ciudad llamada Metrópoli. Superbarrio, cualunque mexicano de carne y hueso, héroe del pobrerío, vive en un suburbio llamado Nezahualcóyotl. Superbarrio tiene barriga y piernas chuecas. Usa máscara roja y capa amarilla. No lucha contra momias, fantasmas ni vampiros. En una punta de la ciudad enfrenta a la policía y salva del desalojo a unos muertos de hambre; en la otra punta, al mismo tiempo, encabeza una manifestación por los derechos de la mujer o contra el envenenamiento del aire; y en el centro, mientras tanto, invade el Congreso Nacional y lanza una arenga denunciando las cochinadas del gobierno. Eduardo Galeano. Libro de los abrazos, 1989. No texto “Crónica de la Ciudad de México”, o autor Eduardo Galeano tem a intenção de: a comparar dois heróis destacando suas fragilidades. b contestar o herói criado pela cultura norte-americana. c enaltecer o herói mexicano, afirmando que ele tem muito mais qualidades que o Super-Homem. d informar ao leitor que o verdadeiro herói mexicano é o próprio povo. e mostrar a influência da cultura norte-americana na cultura mexicana. QUESTÃO 06 (Enem) As línguas silenciadas do Brasil Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição. “Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes – e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a nossa identidade. Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a professora de Ensino Fundamental sobre a importância de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indíge- nas faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil. Adaptado de <https://brasil.elpais.com>. Acesso em: 11 jun. 2019. O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar na medida em que: a denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos povos indígenas. b conjuga o ato de resistência étnica à preservação da memória cultural. c associa a preservação linguística ao campo da pesquisa acadêmica. d estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de origem. e aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil. QUESTÃO 07 Um boicote é uma ação para criar obstáculos contra uma pessoa ou entidade. A palavra primeiro entrou no dicionário inglês como boycott, por fazer referência ao capitão inglês Charles C. Boycott (1832-1897). Boycott era um veterano do Exército britânico cujo trabalho era cobrar aluguéis de uma granja no noroeste da Irlanda. Como parte de um protesto, os granjeiros exigiram uma redução no preço. Mas Boycott rejeitou as demandas e desa- lojou alguns inquilinos. A Liga da Terra Irlandesa, organização política do fim do século 19 que buscava ajudar os locatários pobres, pediu a seus associados que não atacassem Boycott, e sim se recusassem a negociar com ele. E essa forma de protesto deu resultado, já que Boycott não conseguiu que os granjeiros fizessem a colheita daquele ano. E, ao fim de 1880, os jornais do Reino Unido começaram a usar a palavra para se referir a essa tática. Disponível em: <www.bbc.com>. A palavra “tática”, que encerra o texto, pode ser substituída, sem perda de sentido, por: a “boicote” b “negociação” c “manobra” d “colheita” e “redução” QUESTÃO 08 (Enem) São vários os fatores, internos e externos, que in- fluenciam os hábitos das pessoas no acesso à internet, assim como nas práticas culturais realizadas na rede. A utilização das tecnologias de informação e comunicação está diretamente relacionada aos aspectos como: conhecimento de seu uso, acesso à linguagem letrada, nível de instrução, escolaridade, letramento digital, etc. Os que detêm tais recursos (os mais escolarizados) são os que mais acessam a rede e também os que possuem maior índice de acumulatividade das práticas. A análise dos dados nos possibilita dizer que a falta de acesso à rede repete as mesmas adversidades e exclusões já verificadas na sociedade brasileira no que se refere a analfabetos, menos escolarizados, negros, população indígena e desempregados. Isso significa dizer que a internet, se não produz diretamente a exclusão, certamente a reproduz, tendo em vista que os que mais a acessam são justamente os mais jovens, escolarizados, remunerados, trabalhadores qualificados, homens e brancos. Adaptado de F. A. B. Silva et al. As tecnologias digitais e seus usos. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2019. ENEM – 1o DIA6 223 Ao analisarem a correlação entre os hábitos e o perfil socioeco- nômico dos usuários da internet no Brasil, os pesquisadores: a apontam o desenvolvimento econômico como solução para ampliar o uso da rede. b questionam a crença de que o acesso à informação é igua- litário e democrático. c afirmam que o uso comercial da rede é a causa da exclusão de minorias. d refutam o vínculo entre níveis de escolaridade e dificuldade de acesso. e condicionam a expansão da rede à elaboração de políticas inclusivas. QUESTÃO 09 Na Sociologia e na Literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda [...] mostra em números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo vascu- lhou plataformas [...] atrás de mensagens e textos sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Notou-se ampla abordagem negativa, de exposição de precon- ceito e de discriminação. Adaptado de <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 06 dez. 2017. O argumento do texto faz um paralelo entre: a racismo e homofobia. b mundo digital e social. c política e homofobia. d comunidade e intolerância. e preconceito e discriminação. QUESTÃO10 (Enem) Ciente de que, no campo da criação, as inovações tecnológicas abrem amplo leque de possibilidades – ao permitir, e mesmo estimular, que o artista explore a fundo, em seu pro- cesso criativo, questões como a aleatoriedade, o acaso, a não linearidade e a hipermídia –, Leo Cunha comenta que, no que tange ao campo da divulgação, as alternativas são ainda mais evidentes: “Afinal, é imensa a capacidade de reprodução, mul- tiplicação e compartilhamento das obras artísticas/culturais. Ao mesmo tempo, ganham dimensão os dilemas envolvidos com a questão da autoria, dos direitos autorais, da reprodução e inter- venção não autorizadas, entre outras questões”. Já segundo a professora Yacy-Ara Froner, o uso de ferramentas tecnológicas não pode ser visto como um fim em si mesmo. Isso porque computadores, samplers, programas de imersão, internet e intranet, vídeo, televisão, rádio, GPD, etc. são apenas suportes com os quais os artistas exercem sua imaginação. Adaptado de M. G. Silva Jr. “Movidas pela dúvida”. Minas faz Ciências, n. 52, dez-fev./2013. Segundo os autores citados no texto, a expansão de possibili- dades no campo das manifestações artísticas promovida pela internet pode pôr em risco o (a): a sucesso dos artistas. b valorização dos suportes. c proteção da produção estética. d modo de distribuição de obras. e compartilhamento das obras artísticas. QUESTÃO 11 A VIDA É UM MISTÉRIO! HOJE ESTAMOS AQUI, MAS... ATÉ QUANDO? A GENTE NUNCA SABE QUANDO SERÁ A ÚLTIMA TIRINHA... A le xa nd re B ec k 29 56 /1 8 Disponível em: <www.cientistaqueviroumae.com.br>. Pode-se afirmar que o sentido da tirinha se fundamenta na função da linguagem que: a foca a mensagem no receptor. b objetiva estabelecer a comunicação. c visa transmitir informações. d se preocupa com a mensagem emitida. e refere à própria linguagem em uso. QUESTÃO 12 (Enem) TEXTO I El Greco, Laocoonte. Circa 1610-1614. Óleo sobre tela. 137,5 # 172,5. Estados Unidos: Washington, National Gallery of Art. Adaptado de <https://images.nga.gov>. Acesso em: 28 jun. 2019. TEXTO II Essa impressionante obra apresenta o sacerdote Laocoonte sendo punido pelos deuses por tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas são vistas matando Laocoonte e seus dois filhos como forma de punição. Adaptado de A. Kay. In: S. Farthing (Org.). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. ENEM – 1o DIA 7 223 Produzida no início do século XVII, a obra maneirista distingue-se pela: a representação da nudez masculina. b distorção ao representar a figura humana. c evocação de um fato da cultura clássica grega. d presença do tema da morte como punição da família. e utilização da perspectiva para integrar os diferentes planos. QUESTÃO 13 É bom que um homem vez por outra deixe o litoral misterioso e grande, querendo contemplar uma lagoa. O mar, este é terrível e resiste à nossa sede com seu sal profundo. Sim, são belas as palavras do mar: hipocampo, sargaço, calmaria. Oceanus! No entanto, uma lagoa, muda e fechada, compreende as nossas pequeninas tristezas, desventuras. Nenhum poeta poderia ser tonto a tal ponto de escrever ao lago uma epopeia. Nele posso esquecer apenas meus naufrágios. Adaptado de Paulo Mendes Campos, “Hoje conto um caso...”. Disponível em: <https://cronicabrasileira.org.br>. A impossibilidade de se escrever uma epopeia, segundo o texto, deriva da ideia de: a importância b contemplação c extensão d resistência e profundidade QUESTÃO 14 Poética conciso? com siso prolixo? pro lixo José Paulo Paes. Poesia completa. Companhia das Letras. p. 250. Um dos possíveis sentidos para o título do poema acima seria a (o): a indicação do alto teor lírico da peça. b negação peremptória de modelos anteriores. c alinhamento com a poesia concreta. d sugestão de certas formas de escrita. e inadequação do uso de neologismos. QUESTÃO 15 (Enem) Esaú e Jacó Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era uma criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé. Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os cabelos, apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla era suprida por um raminho de arruda. Já vai nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério estava nos olhos. Estes eram opacos, não sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos, e neste último estado eram igualmente com- pridos; tão compridos e tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro revolvimento. Não te minto dizendo que as duas sentiram tal ou qual fascinação. Bárbara interrogou-as; Natividade disse ao que vinha e entregou-lhe os retratos dos filhos e os cabelos cortados, por lhe haverem dito que bastava. – Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos? – São. M. Assis. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente no Morro do Castelo, a ironia – um dos traços mais representa- tivos da narrativa machadiana – consiste no: a modo de vestir dos moradores do morro carioca. b senso prático em relação às oportunidades de renda. c mistério que cerca as clientes de práticas de vidência. d misto de singeleza e astúcia dos gestos da personagem. e interesse do narrador pelas figuras femininas ambíguas. QUESTÃO 16 Disponível em: <http://humbertodealmeida.com.br>. O sentido da tirinha é construído a partir de determinado con- texto social permeado pela(s): a mudanças em relação às leis de trânsito. b transformação da consciência da juventude. c revisão dos efeitos do álcool no corpo humano. d alteração comportamental dos jovens atuais. e compreensão de hábitos mais saudáveis. QUESTÃO 17 (Enem) Notas Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites, convidados que entra- vam, lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns tristes, todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d’água benta, o fechar do caixão, a prego e martelo, seis pessoas que o tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até o coche fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do coche, o rodar dos carros, um a um... Isto que parece um simples inventário eram notas que eu havia tomado para um capítulo triste e vulgar que não escrevo. M. Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 25 jul. 2022. ENEM – 1o DIA8 223 O recurso linguístico que permite a Machado de Assis con- siderar um capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas como inventário é a: a enumeração de objetos e fatos. b predominância de linguagem objetiva. c ocorrência de período longo no trecho. d combinação de verbos no presente e no pretérito. e presença de léxico do campo semântico de funerais. QUESTÃO 18 Hoje, portanto, se conhecem pelo menos três das cartas escritas pelos membros daquela viagem: A Carta de Caminha, a do Mestre João e a do Piloto Anônimo. A Carta do Mestre João é bastante breve e se interessa mais em detalhes náuticos como descrever o trajeto da via- gem e a posição das estrelas. A Relação do Piloto Anônimo se assemelha à Carta de Caminha ao descrever os índios, seus apetrechos, hábitos e aparência, mas faz isto de maneira mais concisa. Na verdade, apesar de menor, esta carta abrange um con- teúdo mais completo do que a Carta de Caminha, pois descreve melhor a viagem de Portugal até o Brasil bem como a viagem de volta, inclusive mencionando o avistamento de um cometa no dia 12 de maio, hoje conhecidocomo “Cometa Cabral”. Este Piloto Anônimo relata a realização da primeira mis- sa, mas não com o mesmo fervor de Caminha que demons- tra enfaticamente o desejo de ver os índios convertidos ao catolicismo. Carlos Scopelly. Literatura brasileira: Quinhentismo. Sobre as características do gênero do texto acima, pode-se afirmar que: a retomam recursos estilísticos do século XVI. b visam preponderantemente expor fatos novos. c buscam propagandear a gênese da escrita no Brasil. d cuidam em explicar didaticamente determinado período. e visam, por meio de uma linguagem colorida, comover o leitor. QUESTÃO 19 (Enem) Ser cronista Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto. Crônica é um relato? É uma conversa? É um resumo de um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha escrito romances e contos. E também sem perceber, à medida que escrevia para aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco de em breve publicar minha vida passada e presente, o que não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme. Não é que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que fossem mudanças mais profundas e interiores que não viessem a se refletir no escrever. Mas mudar só porque isso é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no Jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente. C. Lispector. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. No texto, ao refletir sobre a atividade de cronista, a autora questiona características do gênero crônica, como: a relação distanciada entre os interlocutores. b articulação de vários núcleos narrativos. c brevidade no tratamento da temática. d descrição minuciosa dos personagens. e público leitor exclusivo. QUESTÃO 20 (Enem) TEXTO I AQUELES QUE PENSAM QUE NÃO TÊM TEMPO PARA FAZER EXERCÍCIO, MAIS CEDO OU MAIS TARDE SERÃO OBRIGADOS A TER TEMPO PARA AS DOENÇAS. Adaptado de <http://revistaiiqb.usac.edu.gt>. Acesso em: 25 abr. 2018. TEXTO II Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um grande centro urbano, que diariamente acorda às 5 h para trabalhar, en- frenta em média 2 horas de transporte público, em geral lotado, para chegar às 8 h ao trabalho. Termina o expediente às 17 h e chega em casa às 19 h para, aí sim, cuidar dos afazeres domés- ticos, dos filhos, etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar exercícios, pois é importante para sua saúde? Como ela irá entender a mensagem da importância do exercício físico? A probabilidade de essa pessoa praticar exercícios regular- mente é significativamente menor que a de pessoas da classe média/alta que vivem outra realidade. Nesse caso, a abordagem individual do problema tende a fazer com que a pessoa se sinta impotente em não conseguir praticar exercícios e, consequen- temente, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária. Adaptado de M. S. Ferreira. Aptidão física e saúde na educação física escolar : ampliando o enfoque. RBCE, n. 2, jan./2001. ENEM – 1o DIA 9 223 O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o primeiro acerca do impacto de mudanças de estilo de vida na saúde, apresenta uma visão: a medicalizada, que relaciona a prática de exercícios físicos por qualquer indivíduo à promoção da saúde. b ampliada, que considera aspectos sociais intervenientes na prática de exercícios no cotidiano. c crítica, que associa a interferência das tarefas de casa ao sedentarismo do indivíduo. d focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilidade pela prevenção de doenças. e geracional, que preconiza a representação do culto à jovia- lidade. QUESTÃO 21 Retirada da laguna Para os indefesos, a enorme facilidade de morrer é o atestado de inocência muitas vezes apresentado. Quando lutarão os que baixam a cabeça e pedem passagem? os que se escondem quando a luz de uma lanterna se aproxima? Foram eles que me ensinaram a viver nesta sombra, a ler no longínquo susto dos pássaros a minha próxima aflição. Mas não os acompanharei na retirada até o fim: ficarei aqui, com meus mortos, para logo ser alcançado. Alberto da Cunha Melo. Poesia completa. Record. p. 188. O poema acima trata, entre outros pontos, da percepção do sujeito poético com relação à: a permanência b desistência c vingança d alucinação e revelação QUESTÃO 22 (Enem) Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá- -la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: “A partir de hoje, você não vai mais nem sentir o cheiro dessas comidas!”. Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo. Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”. Adaptado de A. Prata. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da: a citação a referências literárias tradicionais. b alusão à inocência das crianças da época. c estratégia de questionar a bondade humana. d descrição detalhada das pessoas do interior. e representação anedótica de atos de violência. QUESTÃO 23 Décio Pignatari. Organismo. 1960. Off-set sobre papel. Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. O poema acima, de autoria de Décio Pignatari, é um exemplo do Concretismo brasileiro, movimento que primava pela(o): a manutenção do verso linear e das rimas. b aproveitamento do espaço da página. c retomada de uma visão lírica e amorosa. d incorporação de referências eróticas. e negação de recursos visuais e sonoros. QUESTÃO 24 (Enem) A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela. [...] As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, ENEM – 1o DIA10 223 que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades, tratava sempre bem aos pequenitos e às mães que os estavam criando. Não era isso uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas. Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se. M. O. Paiva. Dona Guidinha do poço. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revela influência do pensamento: a capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho. b liberal, buscando a igualdade entre pessoas escravizadas e livres.c científico, considerando o ser humano como um fenômeno biológico. d religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo. e afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo. QUESTÃO 25 PSIU! FALA BAIXO! TEM UM DOENTE EM CASA! NÃO SEU PAI ESTÁ DOENTE? ENTÃO É SUA MÃE? TAMBÉM NÃO MAFALDA/Quino Disponível em: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 21 fev. 2023. Da tirinha pode-se depreender uma crítica: a direta ao controle sobre as crianças. b ampla sobre o estado das coisas no mundo. c que relativiza as doenças existentes. d sobre a autoridade dos pais. e ao tratamento nos hospitais. QUESTÃO 26 (Enem) Palavra As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, arti- go e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas, e para brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro. É a alma da palavra que defi- ne, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas, fazer sentido. A palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A palavra “palavra” diz. O que quer. E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito, e pronto. Adaptado de A. Falcão. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São Paulo: Salamandra, 2013. Esse texto, que simula um verbete para a palavra “palavra”, constitui-se como um poema porque: a tematiza o fazer poético, como em “Os poetas classificam as palavras pela alma”. b utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em “As pala- vras têm corpo e alma”. c valoriza a gramática da língua, como em “substantivo, adje- tivo, verbo, advérbio, conjunção”. d estabelece comparações, como em “As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas”. e apresenta informações pertinentes acerca do conceito de “palavras”, como em “As gramáticas classificam as palavras”. QUESTÃO 27 Alô, aqui quem fala é Geni Eu tô ligando de um orelhão Eu tenho uma denúncia E, eu sou baiana Mas acontece que ele não é Ontem ele me beijou E me deixou marcas Mas não eram de batom Não eram de batom N. Oliveira. Disponível em: <www.vagalume.com.br>. No trecho acima, da música intitulada “Disk Denúncia”, pode-se notar: a a demarcação da violência contra a mulher. b o preconceito contra os migrantes. c o empoderamento feminino, simbolizado pelo “batom”. d uma relação amorosa intensa, que fere a alma. e a diferença de classes sociais entre os envolvidos. ENEM – 1o DIA 11 223 QUESTÃO 28 (Enem) O bebê de tarlatana rosa – [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim. É o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o instante em que as liga- ções mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza os sentidos e o beijo se desata naturalmente. Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente sofre do mesmo mal no carnaval. J. Rio. Dentro da noite. São Paulo: Antíqua, 2002. No texto, o personagem vincula ao carnaval atitudes e reações coletivas diante das quais expressa: a consagração da alegria do povo. b atração e asco perante atitudes libertinas. c espanto com a quantidade de foliões nas ruas. d intenção de confraternizar com desconhecidos. e reconhecimento da festa como manifestação cultural. QUESTÃO 29 O Jô sabe que inteligência e elegância caminham juntos. Um novo conceito em roupas com manequim acima de 50 que surge para inovar o vestuário masculino com tecidos leves e elegantes, garante um visual moderno e sofisticado. Você admirado com estilo. CHESS. Disponível em: <www.flickr.com>. Acesso em: 18 fev. 2023. Nessa campanha publicitária, a principal estratégia para con- vencer o leitor é: a o uso de um modelo já consagrado, que tem amplo sucesso midiático. b a associação com o xadrez, que reivindica a elegância típica de um rei. c o slogan “Cabeça, corpo e estilo”, que denota a intenção do viés físico da marca. d o uso da peça de xadrez como paradigma do belicismo do mundo moderno. e relacionar a marca a um esporte que demanda o uso da mente, visto como um traço de inteligência. QUESTÃO 30 (Enem) A escrava – Admira-me –, disse uma senhora de sentimentos since- ramente abolicionistas –; faz-me até pasmar como se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas, no presente sé- culo, no século dezenove! A moral religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto esmagando a hidra que envenena a família no mais sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em torno da sociedade, e dizei-me: – Para que se deu em sacrifício, o Homem Deus, que ali exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não era verdade que seu sangue era o resgate do homem! É então uma mentira abominável ter esse sangue comprado a liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não vedes o abutre que a corrói constante- mente!... Não sentis a desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói? Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e sempre será um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura; porque o seu trabalho é forçado. M. F. Reis. Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018. Inscrito na estética romântica da literatura brasileira, o conto descortina aspectos da realidade nacional no século XIX ao: a revelar a imposição de crenças religiosas a pessoas escra- vizadas. b apontar a hipocrisia do discurso conservador na defesa da escravidão. c sugerir práticas de violência física e moral em nome do progresso material. d relacionar o declínio da produção agrícola e comercial a questões raciais. e ironizar o comportamento dos proprietários de terra na exploração do trabalho. QUESTÃO 31 TEXTO I Muitos poetas há que só sobrevivem ainda (e sem dúvida sobreviverão para sempre) porque alguns dos seus poemas foram musicados por um grande compositor. [...] Não alimento nenhum desejo de imortalidade. O meu poema “A morte absoluta” não foi sincero apenas na hora que o escrevi, o que é afinal a única sinceridade que se deva exigir de uma obra de arte. Posso dizer na mais inteira tran- quilidade que pouco se me dá de, quando morrer, morrer completamente e para sempre na minha cerne e na minha poesia. No entanto, já não será possível para alguns de meus versos aquela serena paz da morte absoluta, e até estou cer- to de que eles chegarão bem longe na posteridade, não por virtude própria, mas porque, a exemplo dos poemas alemães musicados por Schubert, ganharam indefinida ressonância como textos de deliciosos lieder) de Villa-Lobos, de Mignone, de Camargo Guarnieri, de Lorenzo Fernandez, de Jaime Ovalle, de Radamés Gnattali… M. Bandeira. Itinerário de Pasárgada. São Paulo: Global, 2012. ()) lieder: canção. ENEM – 1o DIA12 223 TEXTO II A Morte Absoluta Morrer. Morrer de corpo e de alma. Completamente. [...] Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra, A lembrança de uma sombra Em nenhumcoração, em nenhum pensamento, Em nenhuma epiderme. Morrer tão completamente Que um dia ao lerem o teu nome num papel Perguntem: “Quem foi?...” Morrer mais completamente ainda, – Sem deixar sequer esse nome. M. Bandeira. Disponível em: <www.casadobruxo.com.br>. Pode-se afirmar que o texto I vê a morte de forma semelhante à do texto II na medida em que: a rejeita qualquer sentimentalismo sobre a morte. b valoriza a música em relação ao verso escrito. c intensifica o desejo de libertação carnal. d ratifica o desejo pelo desaparecimento. e impõe o distanciamento pretendido pelo poema. QUESTÃO 32 (Enem) Mas seu olhar verde, inconfundível, impressionante, iluminava com sua luz misteriosa as sombrias arcadas superci- liares, que pareciam queimadas por ela, dizia logo a sua origem cruzada e decantada através das misérias e dos orgulhos de homens de aventura, contadores de histórias fantásticas, e de mulheres caladas e sofredoras, que acompanhavam os maridos e amantes através das matas intermináveis, expostas às febres, às feras, às cobras do sertão indecifrável, ameaçador e sem fim, que elas percorriam com a ambição única de um “pouso” onde pudessem viver, por alguns dias, a vida ilusória de família e de lar, sempre no encalço dos homens, enfebrados pela procura do ouro e do diamante. C. Penna. Fronteira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. Ao descrever os olhos de Maria Santa, o narrador estabelece correlações que refletem a: a caracterização da personagem como mestiça. b construção do enredo de conquistas da família. c relação conflituosa das mulheres e seus maridos. d nostalgia do desejo de viver como os antepassados. e marca de antigos sofrimentos no fluxo de consciência. QUESTÃO 33 A obra mais famosa do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão, será adaptada em formato de série de TV pela Netflix. [...] Será a primeira vez que o clássi- co literário, lançado em 1967, vai ser transportado para a tela. Segundo o filho do novelista, Rodrigo García, não foi por falta de tentativas anteriores que Cem Anos de Solidão nunca foi adaptado. García diz que seu pai receava que sua obra não seria bem traduzida para um único filme, ou mesmo dois. O novelista ainda exigia que a adaptação fosse feita na língua espanhola, de forma que várias propostas de Hollywood foram rejeitadas. “Nos últimos três ou quatro anos, o nível de prestígio e sucesso das séries e minisséries cresceu muito”, comentou García. “A Netflix esteve entre as primeiras a provarem que as pessoas estão dispostas a assistir séries produzidas em línguas estrangeiras, com legendas”. [...] Contratações de roteiristas, diretores e atores ainda não foram feitas, mas o vice-presidente de originais em espanhol da Netflix, Francisco Ramos, garante que a série será feita pelos “maiores talentos da dramaturgia latino-americana”. Disponível em: <https://cem-anos-de-solidao-de-gabriel- garcia-marquez-vai-virar-serie-na-netflix.htm>. Os gêneros textuais podem ser caracterizados, entre outros fatores, por suas finalidades. O fragmento anterior é uma: a sinopse, pois enumera dados específicos da obra. b entrevista, pois questiona o futuro diretor da série. c notícia, pois visa informar o leitor sobre a série. d resenha, pois delimita a visão crítica do escritor do texto. e crônica, pois trata de um assunto cotidiano de forma especial. QUESTÃO 34 (Enem) Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São Paulo e sonhava ser atriz em Hollywood. Tinha 13 anos quando ganhou uma câmera de vídeo – e uma irmã. As duas se tornaram suas companheiras de experimentações. Adoles- cente, Elena vivia a criar filminhos e se empenhava em dirigir a pequena Petra nas cenas que inventava. Era exigente com a irmã. E acreditava no potencial da menina para satisfazer seus arroubos de diretora precoce. Por cinco anos, integrou algumas das melhores companhias paulistanas de teatro e participou de preleções para filmes e trabalhos na TV. Nunca foi chamada. No início de 1990, Elena tinha 20 anos quando se mudou para Nova York para cursar artes cênicas e batalhar uma chance no mercado americano. Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes de elenco malsucedidos, decepcionada com a ausência de reconhecimento e vitimada por uma depressão que se agravava com a falta de perspectivas, Elena pôs fim à vida no segundo semestre. Petra tinha 7 anos. Vinte anos depois, é ela, a irmã caçula, que volta a Nova York para percorrer os últimos passos da irmã, vasculhar seus arquivos e transformar suas memórias em imagem e poesia. Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre a irmã que fica. É um filme sobre a busca, a perda, a saudade, mas também sobre o encontro, o legado, a memória. Um filme sobre a Elena de Petra e sobre a Petra de Elena, sobre o que ficou de uma na outra e, essencialmente, um filme sobre a delicadeza. Adaptado de C. Vanuchi. Época, 19 out. 2012. O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre a função social de: a narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida das irmãs Petra e Elena. b descrever, por meio das memórias de Petra, a separação de duas irmãs. c sintetizar, por meio das principais cenas do filme, a história de Elena. d lançar, por meio da história de vida do autor, um filme auto- biográfico. e avaliar, por meio de análise crítica, o filme em referência. ENEM – 1o DIA 13 223 QUESTÃO 35 Sobre vaidade Há tempos, contei o caso do ministro que foi, pela primeira vez, à televisão. A família tremeu em cima dos sapatos. E não sei se a própria mulher, uma tia, ou uma cunhada, deu a suges- tão espavorida: – “Toma banho! Toma banho!” E porque não lhe ocorrera a ideia do banho, o ministro julgou-se um vencido. Imediatamente, a esposa se arremessou. Podia ser banho de chuveiro. Mas, como ele ia falar na TV, a santa senhora achou que devia ser banho de imersão. Nelson Rodrigues. A cabra vadia. Nova Fronteira. p. 447. Sobre a linguagem do excerto da crônica acima, pode-se afirmar que: a utiliza, praticamente de forma exclusiva, linguagem erudita. b usa termos de linguagem técnica ao lado da variante formal. c rejeita o uso de expressões coloquiais e metafóricas. d mescla linguagem padrão e expressões metafóricas. e emprega linguagem acadêmica com termos típicos da va- riante. QUESTÃO 36 (Enem) Papos – Me disseram... – Disseram-me. – Hein? – O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”. – Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”? – O quê? – Digo-te que você... – O “te” e o “você” não combinam. – Lhe digo? – Também não. O que você ia me dizer? – Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. [...] – Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu... – O quê? – O mato. – Que mato? – Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo! – Se você prefere falar errado... – Falo como todo mundo fala. O importante é me enten- derem. Ou entenderem-me? Adaptado de L. F. Verissimo. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um dos personagens torna-se inadequado em razão da(o): a falta de compreensão causada pelo choque entre gerações. b contexto de comunicação em que a conversa se dá. c grau de polidez distinto entre os interlocutores. d diferença de escolaridade entre os falantes. e nível social dos participantes da situação. QUESTÃO 37 Advertência Reverso do divertimento de extenso verbo para o cliente Henriqueta Lisboa. Poesia (Obra completa). Editora Peirópolis. p. 594. O sentido do poema acima, em relação à palavra-título, dialoga com a ideia de: a preocupação b galhardia c zombaria d alienação e observação QUESTÃO 38 (Enem) Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurreição de cemitérios antigos – esqueletos redivivos, com o aspecto terroso e ofedor das covas podres. Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas. Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus fados. Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo. Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos abanando. Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos – de ascite consecu- tiva à alimentação tóxica – com os fardos das barrigas alarmantes. Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais. J. A. Almeida. A bagaceira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978. Os recursos composicionais que inserem a obra no chamado “Romance de 30” da literatura brasileira manifestam-se aqui no(a): a desenho cru da realidade dramática dos retirantes. b indefinição dos espaços para efeito de generalização. c análise psicológica da reação dos personagens à seca. d engajamento político do narrador ante as desigualdades. e contemplação lírica da paisagem transformada em alegoria. QUESTÃO 39 Ferreira Alves & Cia. vai para o céu E na primeira visita que realizou ao túmulo do marido, um certo Manuel Ferreira Alves, natural dos campos e águas de Trás-os-Montes, dona Joaquina olhou para um lado, olhou para outro e falou bem junto do retrato dele perto da aba esquerda do bigode do pranteado: – Bem que te avisei, Ferreira. Bem que te disse que o dr. Botelho Santos estava de olho em teus teres e haveres. De receita em receita, de pozinho branco em pozinho branco, tu foste recambiado para o céu. Enquanto isso, o dr. Botelho ENEM – 1o DIA14 223 ficava com a Panificadora Duas Pátrias, com a tua casa de Nova Iguaçu, com a tua bicicleta de quatro espelhos e mais esta tua mulher que sou eu. Mas fica sossegado, Ferreira, que teus negócios na mão do dr. Botelho vão de vento em popa. Vais ter um lucro enorme no fim do ano. José Cândido de Carvalho. Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon & Um ninho de mafagafes cheio de mafagafinhos. Companhia das Letras. p. 22. O texto anterior tem por objetivo principal: a denunciar os interesses escusos dos cônjuges e amantes. b relatar os jogos de sedução que acontecem nos casamentos. c expor as intrigas típicas dos casamentos de conveniência. d produzir jocosidade a partir de uma cena íntima da perso- nagem. e simbolizar o motivo da extinção das empresas familiares. QUESTÃO 40 (Enem) Adaptado de Fotografia: Lucas Hallel. Disponível em: <www.flickr.com>. Acesso em: 16 abr. 2018. O grupo O Teatro Mágico apresenta composições autorais que têm referências estéticas do rock, do pop e da música folclórica brasileira. A originalidade dos seus shows tem relação com a ópera europeia do século XIX a partir da: a disposição cênica dos artistas no espaço teatral. b integração de diversas linguagens artísticas. c sobreposição entre música e texto literário. d manutenção de um diálogo com o público. e adoção de um enredo como fio condutor. QUESTÃO 41 Washington, 11 dezembro 1956, terça-feira Fernando, Estou lendo o livro de Guimarães Rosa, e não posso deixar de escrever a você. Nunca vi coisa assim! É a coisa mais linda dos últimos tempos. Não sei até onde vai o poder inventivo dele, ultrapassa o limite imaginável. Estou até tola. A linguagem dele, tão perfeita de entonação, é diretamente entendida pela lingua- gem íntima da gente – e nesse sentido ele mais que inventou, ele descobriu, ou melhor, inventou a verdade. Que mais se pode querer? Fico até aflita de tanto gostar. Agora entendo o seu entusiasmo, Fernando. Já entendia por causa de Sagarana, mas este agora vai tão além que explica mais o que ele queria com Sagarana. O livro está me dando uma reconciliação com tudo, me explicando coisas adivinhadas, enriquecendo tudo. Como vale a pena! A menor tentativa vale a pena. Sei que estou meio confusa, mas vai assim mesmo, misturado. Acho a mes- ma coisa que você: genial. Que outro nome dar? Esse mesmo. Me escreva, diga coisas que você acha dele. Assim eu ainda leio melhor. Um abraço da amiga Clarice Feliz Natal! Clarice Lispector. Todas as cartas. Editora Rocco. O texto anterior é uma carta, pois apresenta uma estrutura que contém: a confissões feitas entre dois amigos. b vocabulário especial e assuntos atuais. c data, vocativo, assunto e despedida. d diálogo entre emissor e receptor. e linguagem figurada ao lado de termos técnicos. QUESTÃO 42 (Enem) Firmo, o vaqueiro No dia seguinte, à hora em que saía o gado, estava eu debru- çado à varanda quando vi o cafuzo que preparava o animal viajeiro: – Raimundinho, como vai ele?... De longe apontou a palhoça. – Sim. O braço caiu-lhe, olhou-me algum tempo comovido; depois, saltando para o animal, levou o polegar à boca fazendo estalar a unha nos dentes: “Às quatro da manhã... Atirei um verso e disse, para bulir com ele: Pega, velho! Não respondeu. Tio Firmo, mesmo velho e doente, não era homem para deixar um verso no chão... Fui ver, coitado!... estava morto. E deu de esporas para que eu não lhe visse as lágrimas. C. Netto. In: L. G. Marchezan (Org.). O conto regionalista. São Paulo: Martins Fontes, 2009. A passagem registra um momento em que a expressividade lírica é reforçada pela: a plasticidade da imagem do rebanho reunido. b sugestão da firmeza do sertanejo ao arrear o cavalo. c situação de pobreza encontrada nos sertões brasileiros. d afetividade demonstrada ao noticiar a morte do cantador. e preocupação do vaqueiro em demonstrar sua virilidade. QUESTÃO 43 O segundo manifesto, o Antropófago, desenvolve e expli- cita a metáfora da devoração. Nós, brasileiros, não deveríamos imitar e sim devorar a informação nova, viesse de onde viesse, ou, nas palavras de Haroldo de Campos, “assimilar sob espécie brasileira a experiência estrangeira e reinventá-la em termos nossos, com qualidades locais ineludíveis que dariam ao pro- duto resultante um caráter autônomo e lhe confeririam, em princípio, a possibilidade de passar a funcionar por sua vez, num confronto internacional, como produto de exportação”. Caetano Veloso. Antropofagia (Grandes Ideias). Penguin-Companhia. p. 46. ENEM – 1o DIA 15 223 No texto anterior, Caetano Veloso cita Haroldo de Campos para: a refutar um ponto de vista divergente. b corroborar o seu próprio argumento. c mostrar as abordagens sobre o tema. d ridicularizar a visão de Haroldo de Campos. e criticar as premissas do Manifesto Antropófago. QUESTÃO 44 (Enem) Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar de Copacabana. De que me ser- vem as ondas do mar de Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Joga concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta, bueiro-bomba. Depois dos setenta, a vida se transforma numa interminável corrida de obstáculos. A queda é a maior ameaça para o idoso. “Idoso”, palavra odienta. Pior, só “terceira idade”. A queda separa a velhice da senilidade extrema. O tombo destrói a cadeia que liga a cabeça aos pés. Adeus, corpo. Em casa, vou de corrimão em corrimão, tateio móveis e paredes, e tomo ba- nho sentado. Da poltrona para a janela, da janela para a cama, da cama para a poltrona, da poltrona para a janela. Olha aí, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me pegar. Um dia eu caio, hoje não. F. Torres. Fim. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. O recurso que caracteriza a organização estrutural desse texto é a (o): a justaposição de sequências verbais e nominais. b mudançade eventos resultante do jogo temporal. c uso de adjetivos qualificativos na descrição do cenário. d encadeamento semântico pelo uso de substantivos sinô- nimos. e inter-relação entre orações por elementos linguísticos lógicos. QUESTÃO 45 Averbar A verve está solitária O verbo abandona a frase A verba governa solta O poema insiste desgoverna Miriam Alves. Poemas reunidos. Fósforo. p. 57. O sentido do poema acima se estrutura a partir da tensão entre duas palavras, adensada por uma proximidade: a sintática b sonora c metafórica d alusiva e requintada PROPOSTA DE REDAÇÃO Instruções: • O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. • O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. • A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: • tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insu- ficiente”. • fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argu- mentativo. • apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto. TEXTO I Capítulo VIII Dos Índios Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originá- rios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competin- do à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Disponível em: <www.senado.leg.br>. TEXTO II Em entrevista à Amazônia Real, o líder indígena Dário Yanomami diz que as medidas do governo federal não podem durar apenas dois ou três meses na terra indígena. É preciso eliminar de uma vez o garimpo. Amazônia Real – Passado um mês desde as operações de combate ao garimpo e apoio ao povo Yanomami doente, como você analisa essas ações? Dário Yanomami – Há quatro anos, 20 anos, 30 anos, já queríamos fazer essa operação. Hoje está acontecendo, mas já fizemos nosso trabalho, nossas denúncias, nossos próprios relatórios, as denúncias das comunidades. É um trabalho longo. Uma luta longa. Nos governos passados não fomos atendidos. Fizemos bastante campanhas, nas mídias, jornais, televisões. [...] Hoje chegou a hora, porque conse- guimos esse grande trabalho, de resistência da população Yanomami. Amazônia Real – Será uma batalha de quanto tempo para acabar com o garimpo? Dário Yanomami – Nosso objetivo não é para seis me- ses, não é para dez meses. Nosso objetivo tem que ter conti- nuidade. Durante dois anos, três, quatro anos. Tem que fazer operações, instalações de postos de fiscalização para bloquear a entrada dos invasores. O governo tem que acatar nosso ob- jetivo. Tem que ser muito forte para eliminar garimpo ilegal, acabar de uma vez. Não sei o que vai acontecer daqui a três, quatro meses na Terra Yanomami. Mas nós precisamos que a operação continue, seja permanente. O governo tem que fazer isso. Amazônia Real – Soubemos que ainda há muitos garim- peiros no território Yanomami, mesmo com as operações de retirada. Estão se escondendo? Dário Yanomami – Garimpeiro é um bicho muito esperto. Eles têm um conhecimento. Eles sabem quando vai acontecer, quantos meses vão durar. E quantos anos vão durar. Eles são muito inteligentes, eles sabem. Eles têm 30 pontos de wifi na Terra Yanomami. [...] E para onde estão fugindo. Quando acabar a operação eles vão voltar. Por isso que tem que ser um trabalho bem forte, com soberania nacional. E grande. Os países têm que ter controle de monitoramento. Tem que atuar para que eles não voltem. Disponível em: <https://amazoniareal.com.br>. ENEM – 1o DIA16 223 TEXTO III AMAZONAS RORAIMA MARANHÃO TOCANTINS MATO GROSSO RONDÔNIA ACRE PARÁ AMAZONAS RORAIMA AMAZÔNIA LEGAL MARANHÃO TOCANTINS MATO GROSSO RONDÔNIA ACRE PARÁ AMAPÁAMAPÁ área km2 506,4 milhões área indígena km2 112,87 milhões percentual da UF 22,29% Total da área ocupada pelas terras indígenas: 1 173 873 km2, equivalente a 13,8% do território nacional: Amazônia Legal: são 419 áreas, o equivalente a 23% do território amazônico e a 98,33% da extensão de todas as terras indígenas do país. E 1,67% das terras indígenas está distribuído pelas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e nos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás. área km2 158,5 milhões área indígena km2 45,2 milhões percentual da UF 28,54% área km2 22,4 milhões área indígena km2 10,3 milhões percentual da UF 46,20% área km2 14,7 milhões área indígena km2 1,2 milhão percentual da UF 8,06% área km2 125,3 milhões área indígena km2 28,7 milhões percentual da UF 22,89% área km2 26,7 milhões área indígena km2 2,3 milhões percentual da UF 8,63% área km2 27,8 milhões área indígena km2 2,6 milhões percentual da UF 9,33% área km2 90,7 milhões área indígena km2 15 milhões percentual da UF 16,57% área km2 23,9 milhões área indígena km2 5 milhões percentual da UF 21,05% área km2 16,5 milhões área indígena km2 2,5 milhões percentual da UF 14,92% Adaptado de <https://agenciabrasil.ebc.com.br>. TEXTO IV Disponível em: <https://cimi.org.br>. A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: “A sobrevivência da cultura indígena no Brasil contemporâneo”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 (Enem) O testemunho nunca é um relato exato do que aconteceu. Na verdade, ao expor seu passado, o sujeito está sempre procedendo a uma reelaboração pela qual memórias tidas como negativas podem, consciente ou inconscientemente, ser esquecidas. Em certos momentos, simplesmente para seguir em frente, é preciso esquecer. Adaptado de C. B. Vasconcelos. “As análises da memória: balanço e possibilidades”. Estudos Históricos, n. 43, jan.-jun./2009. O texto ressalta um aspecto fundamental da produção de me- mória ao identificá-la como: a constituída de intuições do narrador. b dissociada do contexto de surgimento. c marcada pela seletividade das lembranças. d caracterizada pela uniformidade dos relatos. e resultado do compartilhamento das vivências. ENEM – 1o DIA 17 223 QUESTÃO 47 Observe a imagem a seguir. Disponível em: <https://conexaoplaneta.com.br>. A imagem retrata o que chamamos de chuva convectiva, fe- nômeno muito comum em ambientes cobertos por florestas equatoriais. No caso apresentado, um dos principais fatores climáticos que causa a chuva convectiva é a atuação: a da maritimidade meridional. b de elevadas altitudes. c da vegetação rarefeita. d da baixa latitude. e de correntes marítimas frias. QUESTÃO 48 Por ocasião da revisão dos 20 anos da Declaração e Pla- taforma de Ação da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher (realizada em 1995, em Pequim), os Estados Unidos consta- taram que a plena igualdade de gênero não é realidade em nenhum país no mundo. Equipe das Nações Unidas no Brasil – ONUBR. Direitos Humanos das Mulheres. Brasília: 2018. A partir da leitura do texto, é possível inferir que a situação das mulheres na sociedade contemporânea é permeada pela(o): a assídua e equânime participação em todas as esferas da sociedade. b alteração do status quo secular que orienta as relações entre os indivíduos. c necessidade constante de envolvimento social para a con- quista e garantia de direitos. d estabilização dos conflitos envolvendo a participação femi- nina na garantia de direitos. e proporcionalidade no reconhecimento social do papel das mulheres na sociedade. QUESTÃO 49 Conforme o costume espartano, o pai levava o recém- -nascido para ser avaliado pelos anciãos.Se a criança fosse considerada forte e saudável, ao pai era permitido que a crias- se, caso contrário, o bebê era jogado de um despenhadeiro. Aos sete anos, todos os garotos deixavam suas mães e eram reunidos e divididos em unidades, ou “tropas”. [...] Os rapazes aprendiam a ler e escrever apenas o necessário aos objetivos de se tornarem soldados disciplinados e cidadãos submissos [...]. Aos vinte anos de idade, o homem espartano adquiria uns poucos direitos políticos; aos trinta, casava-se, adquiria mais alguns outros e uma certa independência. Entretanto, apenas aos sessenta estaria liberado de suas obrigações para com o Estado e seu esquema de mobilização militar constante. P. P. Funari. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2004. Na sociedade da Antiguidade mencionada pelo texto: a a participação no governo era restrita aos anciãos. b o direito do recém-nascido à vida era inquestionável. c a dedicação plena ao debate político era compulsória. d o treinamento do intelecto começava na infância. e a educação, de caráter militar, procedia do Estado. QUESTÃO 50 A corrente marítima leste australiana, famosa pelo filme Procurando Nemo (2003), tem sofrido algumas mudanças nas últimas décadas. Junto a outras correntes do hemisfério Sul – como a corrente do Brasil, no oceano Atlântico, e a corrente das Agulhas, no oceano Índico –, a mais importante corrente do Pací- fico está se deslocando cada vez mais ao sul, trazendo impactos: a no clima, por meio da alteração no regime de chuvas. b na política, por meio da disputa por reservas de sal. c na cultura, em função da diminuição da diversidade marinha. d no relevo, através da dissolução em ambientes cársticos. e na economia, pela proibição do fluxo de turistas. QUESTÃO 51 [...] a teoria de Mead foi a primeira teoria sociológica siste- mática da formação e do desenvolvimento do “eu” que insistia que o “eu” não é uma parte congênita de nossa biologia, nem surge simplesmente com o desenvolvimento do cérebro huma- no, mas é formado na interação social com outros. [...] Anthony Giddens; Philip W. Sutton. Conceitos essenciais da sociologia. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2017. Na sociedade contemporânea, estão em debate temas sensíveis à teoria sociológica mencionada, que pode ser caracterizada como: a compreensão dos aspectos biológicos para a constituição dos indivíduos. b reflexões sobre a construção das identidades pessoais a partir das relações sociais. c abordagens e análises psicológicas que visam à compreen- são dos indivíduos. d reflexões que envolvem a constituição do self (eu) através de estudos sobre o cérebro. e abordagens sociológicas/teóricas para a compreensão das relações sociais. QUESTÃO 52 (Enem) Ainda que a fome ocorrida na Itália em 536 tenha origem nos eventos climáticos, suas implicações são tanto políti- cas quanto econômicas. Nos primeiros séculos da Idade Média, o auxílio aos famintos se inscreve no domínio da gestão pública, mesmo quando a ação de seus agentes é apresentada sob o ân- gulo da piedade e da caridade individuais, como é o caso da Gália merovíngia. Assim, o fato de que as respostas à fome são mos- tradas, na Gália, como o fruto de iniciativas pessoais fundadas no imperativo da caridade deriva da natureza das fontes do século VI. Adaptado de M. C. Silva. “Os agentes públicos e a fome nos primeiros séculos da Idade Média”. Varia Historia, n. 60, set.-dez./2016. Na conjuntura histórica destacada no texto, o dever de agir em face da situação de crise apresentada pertencia à jurisdição: a da nobreza, proveniente da obrigação de proteção ao cam- pesinato livre. b da realeza, decorrente do conceito de governo subjacente à monarquia cristã. c dos mosteiros, resultante do caráter fraternal afirmado nas regras monásticas. d dos bispados, consequente da participação dos clérigos nos assuntos comunitários. e das corporações, procedente do padrão assistencialista previsto nas normas estatutárias. ENEM – 1o DIA18 223 QUESTÃO 53 Leia o texto a seguir. No final da década de 1950, os Estados começaram a se cons- cientizar de que precisavam de um novo ordenamento jurídico internacional para os oceanos, uma vez que, a cada dia, aumen- tavam as informações sobre as riquezas que possuíam e, conse- quentemente, cresciam os interesses pela potencial exploração desses recursos. Disponível em: <www.marinha.mil.br>. Acesso em: fev./2023. Em 1982 foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito no Mar (CNUDM) – ratificada pelo Governo brasileiro em 22 de dezembro de 1988. Um dos seus conceitos trata da: Faixa situada até o limite de 200 milhas náuticas, sobre a qual o Estado costeiro exerce soberania, para fins de exploração e apro- veitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo e, no que se refere a outras atividades com vista à exploração e ao aproveitamento para fins econômicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos. À qual conceito referente à administração brasileira sobre o mar o trecho acima se refere? a Mar Territorial Brasileiro (MTB). b Zonas Ecológicas Oceânicas (ZEO). c Plataforma Continental (PC). d Zonas Econômicas Exclusivas (ZEEs). e Zona Contígua (ZC). QUESTÃO 54 Embora as provas de São Tomás para a existência de Deus possam ser questionadas [...], sua importância está no novo ca- minho que abrem em relação ao tratamento dessas questões. São argumentos que vão contra a concepção de que se pode conhecer Deus diretamente e através de uma evidência, sem passar pelo mundo sensível. Além disso, vão igualmente contra a posição de que só se pode conhecer Deus pela fé, e de que só se pode falar de Deus se já se sabe quem Ele é. Trata-se essencialmente de uma demonstração da existência de Deus a partir da razão natural, buscando conciliar a revelação, o que nos ensinam as Escrituras, com a assim chamada “teologia natural”, a noção de Deus que temos. D. Marcondes. Iniciação à história da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. O trecho explica a relação entre o papel da razão e da revelação no conhecimento para Tomás de Aquino. Sobre isso, é correto afirmar que: a as verdades alcançadas pela fé são compatíveis com as verdades racionais. b tudo o que é compreendido pela fé não pode ser entendido pela razão. c o conhecimento racional sempre é contraditório com a revelação pela fé. d a razão não pode servir como base para o conhecimento verdadeiro. e não é possível demonstrar racionalmente a existência de Deus. QUESTÃO 55 Alguns poucos pensadores do Iluminismo eram ateus convictos, porém muitos eram adeptos do deísmo. Os deístas rejeitavam as revelações divinas e os milagres da cristandade, propondo um Deus cuja existência poderia ser estabelecida pela razão e não presumida pela fé. Esse Deus era a “primeira causa” da existência do universo e havia criado as estrelas e os planetas para que funcionassem perfeitamente, como Newton havia descrito. Esse Deus havia dotado os homens de razão e livre-arbítrio, porém mantinha-se distante de sua criação. I. Crofton. 50 ideias de história do mundo que você precisa conhecer. São Paulo: Planeta, 2016. Na conjuntura histórica apontada no texto, os pensadores refe- ridos, de maneira geral: a propuseram que o uso da razão poderia trazer o bem-estar a toda a humanidade. b acreditavam que apenas a fé poderia preencher a distância entre Deus e a criação. c escreveram livros que objetivavam converter a totalidade dos europeus ao ateísmo. d aderiram ao deísmo por entenderem que a existência do universo era inexplicável. e temeram que as demonstrações de Newton enfraqueces- sem a religião revelada. QUESTÃO 56 Leia o texto a seguir. O mercado comum deveria dar oportunidades iguais a todo e qual- quer país latino-americano, a fim de acelerar seu desenvolvimento. Entretanto, como as situações relativas