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DESENHO ARTÍSTICO Diana Lemos Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 W133d Wagner, Juliana. Desenho artístico / Juliana Wagner, Carla Andrea Lopes Allegretti, Diana Scabelo da Costa Pereira da Silva Lemos; [revisão técnica: Sabrina Assmann Lücke]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 168 p. il. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-241-6 1. Arquitetura – Desenhos. I. Alegretti, Carla Andrea Lopes. II. Lemos, Diana Scabelo da Costa Pereira da Silva. III.Título. CDU 744.43 Revisão técnica: Sabrina Assmann Lücke Arquiteta e Urbanista Mestra em Ambiente e Desenvolvimento com ênfase em Planejamento Urbano DA_Impressa.indd 2 01/12/2017 10:39:43 Desenho de observação e de memória Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever as técnicas de desenho de linhas a mão livre com grafite, dos elementos da forma de objetos e da arquitetura. � Identificar as técnicas de proporções de desenho de observação e a mão livre. � Listar as aplicações dos métodos de projeções cônica e paralela. Introdução O desenho a mão livre é uma ferramenta valiosa para os arquitetos ur- banistas, pois permite expressar a maioria das suas ideias rapidamente e de forma eficaz. Algumas pessoas criativas possuem essa habilidade, outras, contudo, podem desenvolvê-la. O desenho de observação e de memória é uma forma extraordinária de expandir essa habilidade, pois fortalecer a capacidade de ver e de representar, como você irá perceber. Neste texto, você irá assimilar as técnicas de desenho de linhas, for- matos e proporções e os métodos de projeção, para esboçar a figura humana e os elementos naturais e arquitetônicos. Técnicas de desenho de linhas e de formatos A vantagem do desenho a mão livre é que você vai precisar de poucos ins- trumentos (papel, lápis grafite e borracha). Objetivos mais elaborados podem requerer de você outras técnicas, como a utilização do carvão vegetal e dos creions. Contudo, aprender a desenhar uma variedade de técnicas mecânicas e suas teorias não é uma tarefa simples. Portanto, para começar, neste tópico, você vai aprender a técnica do lápis grafite e os elementos da forma e do espaço, apresentados não como um fim em si mesmo, mas como significado DA_U1_C03.indd 49 01/12/2017 16:51:45 para trazer subsídios para o desenho da observação, conforme a estrutura de conhecimento a seguir: 1. Escolher o tipo de lápis, borracha e papel para atender aos seus objetivos. 2. Aprender a desenhar linhas a mão livre. 3. Identificar os elementos da forma. Tipos de lápis, borracha e papel “A efetividade geral de um desenho é determinada, acima de tudo, pela quali- dade, variedade e sensibilidade dos traços que o compõem.” (CURTIS, 2015, p. 3). Esta qualidade está diretamente relacionada à escolha do lápis e do papel e em como você aplica as técnicas de desenho de observação. Os grafites de lápis e de lapiseiras são classificados como dura, média e macia e suas aplicações podem ser observadas na Tabela 1. Fonte: Adaptada de Giesecke et al. (2002). Classificação Grafite Quando aplicar Dura 9H/8H/7H/6H/5H/4H/ Usar quando for necessária extrema precisão em desenhos técnicos, pois as linhas tendem a ser muito claras. Média 3H/2H/H/F/HB/B/ Usar para esboços técnicos e letreiros. HB e B são usados para desenhos a mão livre, para desenhar linhas finas. Macia 2B/3B/4B/5B/6B/7B/ Usar, essencialmente, para desenhos a mão livre, trabalhos artísticos de vários tipos e para detalhes em tamanho natural do desenho arquitetônico. Tabela 1. Classificação dos grafites. As lapiseiras automáticas são fabricadas para grafites de 0,3 mm, 0,5 mm, 0,7 mm e 0,9 mm. A primeira é adequada ao desenho técnico fino; a segunda, para escrever e traçar linhas finas no desenho técnico e a mão livre; a terceira, para uso geral no desenho a mão livre; e a de 0,9 mm, para executar linhas Desenho de observação e de memória50 DA_U1_C03.indd 50 01/12/2017 16:51:46 grossas. Associado ao lápis, você vai precisar de uma borracha macia, que é a borracha plástica. Por deixar muitos resíduos, você poderá precisar de um bigode, espanador especial para desenho, para limpar a sua superfície. Você vai encontrar uma grande variedade de tamanhos, pesos e superfícies de papel. O tamanho varia segundo os formatos técnicos (A4, A3, A2, A1 e A0), podendo ser folhas soltas ou blocos de desenho, inclusive quadriculados. Você pode até mesmo criar as folhas com moldes ou grades no AutoCad e colocar embaixo do seu desenho, para facilitar no processo de aprendizado. O peso do papel está relacionado a sua constituição, por exemplo, cartolina, papel duplex ou tríplex, entre outros. A sua superfície perpassa do liso ao extremamente áspero (mais granulado), abrangendo muitas variações. Você deve usar a superfície lisa para o lápis grafite e a mais granulada para técnicas que utilizem tinta, pastel e carvão vegetal. Uma visita à papelaria pode ser mais elucidativa do que qualquer outra fonte de conhecimento sobre assunto. No desenho de observação, o ideal é investir em um cavalete de artista durável, ainda que nem sempre seja possível carregá-lo. A correta posição para o desenho de observação é 90º, com o observador em pé. Com uma simples alteração na sua posição em relação ao objeto, você pode renovar o seu olhar e descansar um pouco, mas é preciso retornar à posição original, ao voltar a desenhar. Desenho de linhas a mão livre Segundo Curtis (2015), uma linha pode variar entre grossa e fina, clara e escura, angular e orgânica, de contornos duros e suaves, gerando uma centelha de energia a um desenho realizado com sensibilidade. Assim, um desenho esbo- çado a mão livre, além de expressar um sentimento, também deve demostrar preocupação com a clareza e a espessura correta das linhas. Para esboçar linhas longas, marque suas extremidades e desenhe a linha mantendo o olhar na direção da marca para a qual você está movendo o lá- pis. Repita vários traços até encontrar a precisão da linha. Se a linha estiver ondulada demais, você pode estar empunhando de forma equivocada o lápis ou estar segurando-o com muita força. Contudo, são permitidas pequenas 51Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 51 01/12/2017 16:51:46 ondulações e eventuais intervalos, desde que a linha fique em um traçado reto, mas não precisamente reto como no AutoCAD. Desenhe sempre as linhas horizontais da esquerda da direita, com um movimento natural do pulso e do braço e nas linhas verticais, de cima para baixo com movimentos do dedo e do pulso (CURTIS, 2015). A variação da espessura da linha representa um assunto chave no desenho de observação. Dada à timidez do traçado no início do aprendizado, você pode se esquivar de variar mais a sua espessura, mas é muito importante desenhar com variedade e liberdade, conforme as orientações a seguir. Você deve utilizar linhas finas quando forem: � Linhas de construção: estas devem ser muito claras, de modo que fiquem pouco visíveis. � Linhas de centro: estas devem ser nítidas. � Linhas de prolongamento de um objeto: estas devem ser nítidas e escuras. Você pode aumentar a espessura da linha, quando: � estiver comparativamente muito mais próxima do observador; � estiver embaixo do objeto, para indicar peso. “Os contornos dominam a nossa percepção do mundo visual. [...] Algumas destas arestas são claras, outras se perdem no plano de fundo, conforme mudam de cor ou de tonalidade. [...] No processo de observação, a mente acentua estas arestas e as vê como contornos.” (CHING, 2012, p. 17). Você vai tender a variar a espessura da linha do contorno, mas tente ter em mente que seu desenho com uma linha grossa deve ser utilizado no caso de incidência de sombra, ou quando representa a aresta de um objeto que se sobrepõe a outro ou quando as arestas do objeto, de fato, variam em espessura. Em geral, a linha do contornodeve variar de forma uniforme em relação a todo desenho. Definir de três a quatro variações de linha no desenho poderá ajudar você a manter o equilíbrio na intensidade de utilização das linhas. Desenho de observação e de memória52 DA_U1_C03.indd 52 01/12/2017 16:51:46 No capítulo “A mecânica de desenhar”, do livro Desenho de Observação, de Curtis (2015), você pode aprender mais sobre as técnicas de empunhadura de desenho e de variação de traço. Elementos da forma de objetos e da arquitetura Os elementos da forma são o ponto, a linha, o plano e o volume. O ponto, o primeiro gerador da forma, indica uma posição no espaço, e você pode adotá- -lo para estabilizar, dominar e organizar os elementos ao seu redor, quando este for o elemento central da composição. Quando localizado fora do centro, transmite agressividade e sugere um eixo para organizar formas construídas por meio do estabelecimento de dois pontos (CHING, 1979). Segundo os conceitos de Ching (1979), enquanto o ponto é estático, a linha descreve o caminho de um ponto em movimento, expressando uma direção ou um crescimento. Permite unir, circundar ou descrever arestas. A linha vertical expressa um estado de equilíbrio, com a força da gravidade; a linha horizontal representa estabilidade, o horizonte ou um corpo que repousa; e linha oblíqua expressa dinamismo ou uma atividade visual, como um nascer do sol. Ainda que o espaço arquitetônico disponha de quatro dimensões, sua forma tridimensional e a experiência da arquitetura, segundo o conceito de Zevi (1996), a sua forma pode ser linear, quando acomoda um movimento de percurso, como nas pontes. Elementos verticais lineares, como colunas, obeliscos e torres vêm sendo utilizados em larga escala na história grega, romana e, mais recentemente, no neoclassicismo, para comemorar eventos, por exemplo. A sua percepção do plano é sempre distorcida pela perspectiva cônica. A definição dos limites e as fronteiras de um volume é função do plano, sendo este um elemento chave no vocabulário arquitetônico, pois seu tamanho, sua forma, sua cor, sua textura e a relação espacial entre eles determinam as propriedades visuais da forma e a qualidade do espaço que ele encerra. Um elemento de desenho pode ser neutro ou visualmente ativo, opaco ou transparente e fonte de luz e de observação. Portanto, a forma da edificação pode ser planar, pela diferenciação dos planos verticais e horizontais, como projetado na Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright, ou com variações no material, na cor e na textura (CHING, 1979). 53Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 53 01/12/2017 16:51:46 Um plano estendido ou a adição de planos compreende um volume, ele- mento tridimensional do vocabulário arquitetônico, cujas propriedades são comprimento, largura e profundidade. Os principais volumes do vocabulário arquitetônico são a esfera, o cilindro, o cone, a pirâmide e o cubo. A esfera representa uma forma centralizada, concentrada e estável. O cilindro pode ser facilmente estendido através do seu eixo e assume uma forma estável, se repousa sobre uma de suas faces circulares, mas pode, também, se tornar instável, quando seu eixo central é inclinado. O cone, assim como o cilindro, é estável se apoiado sobre sua face circular e instável quando seu eixo é descolado. Pode indicar balanço, se apoiado sobre o seu eixo vertical. A pirâmide possui propriedades de estabilidade e de balanço como a do cilindro, porém é estável se apoiada sobre qualquer uma de suas faces. Por fim, o cubo dispõe de seis faces quadradas iguais, representando uma forma estática sem aparente direção (CHING, 1979). Para compreender seu significado na prática, busque objetos reais forma- dos por esses elementos, buscando perceber os significados de estabilidade, instabilidade e balanço enunciados por Ching (1979). Acessando o link ou o código a seguir, do site Ar- chDaily (FRACALOSSI, 2012, você pode visualizar as imagens da Casa da Cascata, de Frank Lloyd Wright. https://goo.gl/LtkNhV Desenho de observação e de memória54 DA_U1_C03.indd 54 01/12/2017 16:51:47 Veja na Figura 1 três exemplos da aplicação do volume em projetos e obras arquite- tônicas com a utilização da esfera, do cilindro e do cone. Figura 1. Utilização da esfera, do cilindro e do cone na arquitetura. Fonte: Ching (1979, p. 60). Técnicas de proporções A proporção é a relação do tamanho relativo, utilizada para comparar as di- mensões de largura e de altura. Observar as proporções dos objetos cotidianos é a melhor forma de começar a desenvolver a sensibilidade à proporção. “A regra mais importante no desenho de observação é manter as suas proporções.” (GIESECKE et al., 2002, p. 60). Você pode desenhar a mão livre circunferências, com base em técnicas de proporções, apresentadas na Figura 2. Os desenhos de arcos e de elipses são similares ao desenho de circunferências, e o uso de gabaritos facilita o desenho de circunferências, arcos e de elipses de tamanhos variados. Você deve usar, no desenho de observação, um objeto com arestas retas e paralelas (uma régua ou, ainda um lápis), também chamado de instrumento mondriano, para estabelecer uma unidade básica de medida e uma grade perceptual, aproximando-se do objeto para verificar as proporções, quando 55Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 55 01/12/2017 16:51:48 necessário. Uma vez estabelecida esta unidade, você pode girar o instrumento em 90°, mantendo-o perpendicular a sua linha de visão e exatamente na mesma distância dos olhos (CURTIS, 2015). Se preferir, você pode utilizar o objeto mondriano como mira. A tendên- cia de você alinhar a orientação dos objetos do campo de visão pelos eixos cartesianos (x e y) por meio da mira é tão forte, no desenho de observação, que você deve alinhar seu instrumento em frente a uma parede vazia, para não perder o prumo. Ao realinha-lo, você evita que as suas percepções diretas sejam influenciadas pelo conhecimento da sua mente (CURTIS, 2015). Figura 2. Três técnicas para desenhar circunferências. Fonte: Giesecke et al. (2002, p. 60). Enquanto as técnicas de proporção são estimadas pelo seu campo de visão, as técnicas do sistema de medição modular vêm evoluindo ao longo dos sé- culos, até se tornarem o sistema de medida métrico com o módulo de 10 cm, utilizado hoje como o principal sistema de medição mundial. Esse sistema foi adotado pela maioria dos países, já no final do século XX. Desenho de observação e de memória56 DA_U1_C03.indd 56 01/12/2017 16:51:50 O sistema de escala teve origem no dimensionamento modular grego e romano. As formas geométricas de Platão e Virtrúvio (o círculo, o triângulo e o quadrado) eram, em tempos remotos, um sistema de medição que auxiliava medir outras formas poligonais. Apesar de terem tido pouca aplicação para projeto e construção, a partir deles foi desenvolvida a dimensão do pentágono ideal, que embasou a relação matemática “áurea”. Posteriormente, o arquiteto Le Corbusier desenvolveu uma teoria das proporções do corpo humano baseado nas dimensões estéticas da relação “áurea”. O raio, a corda e a altura do triângulo compuseram, também, um sistema geométrico de medição utilizado para a construção de edificações redondas no período romano (NEUFERT, 2004). Um dos principais desafios que você vai enfrentar é o esboço da figura humana completa. Ao compreender as relações da teoria de Le Corbusier sobre as proporções do corpo humano, você poderá se beneficiar delas na elaboração de croquis. Você pode utilizar, também, o cânone grego de proporções que subdivide o corpo em oito cabeças. No século XX, com a industrialização, os arquitetos desenvolveram estudos de coordenação modular para auxiliar na construção pré-fabricada. O módulo era um sistema de medição para reger as superfícies e os volumes. Em 1932, Walter Groupius projetou uma casa modular cuja planta podia crescer por adição de novos volumes. A França, a partir de 1942, passou aadotar o módulo-base de 10 cm, ao passo que a Inglaterra, por exemplo, passou a adotar o sistema de quatro polegadas, a partir de 1966 (SOUSA, 2011). Ainda que técnicas de proporção e do sistema de escala estejam intrin- sicamente relacionadas, é importante que você consiga, a partir desse breve histórico, isolar o sistema de escala no momento do desenho de observação. O arquiteto tende a usar o conhecimento disponível na memória para sua elaboração, mas é preciso lembrar que no desenho de observação, você precisa registrar a proporção que vê, e não a que sabe. O uso constante do instrumento ajuda a preservar a precisão das proporções percebidas, com base no sistema cartesiano. As dimensões que você sabe de memória, pode aplicar em esboços de projeção paralela, conforme apresentado no próximo tópico, embora não representem a realidade observada. Métodos de projeção cônica e paralela O método de projeção envolve os olhos do observador ou o ponto de vista, o objeto, o plano de projeção e as projetantes, também chamadas de raios visuais 57Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 57 01/12/2017 16:51:50 ou linhas de visada. Existem dois métodos de projeção: a projeção cônica e a paralela, e suas respectivas perspectivas e vistas você pode observar na Tabela 2. Fonte: adaptada de Giesecke et al. (2002). Projeção Perspectiva Cônica Linear Com 1 ponto de fuga Com 2 pontos de fuga Com 3 pontos de fuga Aérea Paralela Ortogonal 1) Axonométrica Isométrica: todos os eixos se reduzem igualmente Dimétrica: dois eixos se reduzem igualmente Trimétrica: todos os três eixos se reduzem diferentemente 2) Oblíqua Cavaleira Cabinet Tabela 2. Classificação das projeções. Nas vistas ortográficas (Figura 3), os raios visuais são paralelos entre si e perpendiculares ao plano de projeção (GIESECKE et al., 2002). Você pode utilizá-las para desenhar fachadas em esboços arquitetônicos a mão livre. Na projeção axonométrica (Figura 3), os raios visuais também são paralelos entre si e perpendiculares ao plano de projeção. Quando uma superfície é inclinada, em relação ao plano de projeção, aparecendo reduzida nas vistas principais, a perspectiva é isométrica. Nessa perspectiva, você precisa manter todo o desenho em proporção, mas não precisa trazer as medidas de forma precisa para localizar cada elemento do desenho (GIESECKE et al., 2002). Na projeção oblíqua (Figura 3), os raios visuais são paralelos entre si e oblíquos ao plano de projeção. Na perspectiva cavaleira, a vista frontal do Desenho de observação e de memória58 DA_U1_C03.indd 58 01/12/2017 16:51:50 objeto (largura e altura) é apresentada em verdadeira grandeza, porém as outras superfícies aparecem em tamanho reduzido, sendo fáceis para elaborar esboços de objetos e de arquitetura (GIESECKE et al., 2002). “Quando as linhas fugantes são desenhadas com metade do seu tamanho, a perspectiva cavaleira há a comumente conhecida como projeção cabinet (gabinete).” (GIESECKE et al., 2002, p. 168). Figura 3. Quatro tipos de representação por projeção. Fonte: Giesecke et al. (2002, p. 157). Você vai utilizar, no desenho de observação, a perspectiva cônica (Figura 3), cujos raios visuais convergem para o observador. Porém, você pode adotar a estrutura da projeção paralela em esboços a mão livre da arquitetura para transmitir ideias ou para transmitir eventos específicos relacionados à ela, como detalhes de telhados, de escadas e de esquadrias, pois refletem de forma proporcional suas características. São muito utilizadas em relatórios técnicos, para transmitir desenhos de formatos, de danos, para apoiar relatórios fotográ- ficos, entre outros. Como você vai utilizar as técnicas de observação na sua 59Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 59 01/12/2017 16:51:51 elaboração para diferenciar do desenho de observação conceitual, você deve chamar os esboços pelo seu nome técnico (por exemplo, fachada ou detalhe de esquadria) e deve acrescentar o tipo de projeção adotada (vista ortográfica ou perspectiva isométrica), para caracterizar de forma adequada o seu desenho. No Capítulo 6 de Comunicação gráfica moderna, de Giesecke et al. (2002), você pode aprender mais sobre as técnicas de desenho das perspectivas isométricas, cabinet e cavaleira. Perspectiva cônica Os pontos de fuga das perspectivas cônicas dependem da posição do objeto em relação ao plano de projeção, segundo Giesecke et al. (2002, p. 173): Se o objeto está com uma face paralela ao plano de projeção, é necessário somente um ponto de fuga. [...] Se o objeto está formando um ângulo com o plano da perspectiva, mas com arestas verticais paralelas ao plano da perspectiva, são necessários dois pontos de fuga [...]. Este é o tipo mais comum de perspectiva cônica. Se o objeto está colocado de forma que nenhum sistema de arestas paralelas seja paralelo ao plano do desenho, são necessários três pontos de fuga. A Figura 4 ilustra passo a passo como fazer uma perspectiva cônica com um ponto de fuga, e a Figura 5 demonstra como realizar uma perspectiva cônica com dois pontos de fuga. Desenho de observação e de memória60 DA_U1_C03.indd 60 01/12/2017 16:51:51 Figura 4. Passo a passo para a perspectiva cônica com um ponto de fuga. Fonte: Giesecke et al. (2002, p. 173). Figura 5. Passo a passo para a perspectiva cônica com dois pontos de fuga. Fonte: Giesecke et al. (2002, p. 175). 61Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 61 01/12/2017 16:51:55 Para aperfeiçoar seus conhecimentos sobre as perspectivas cônicas com um e dois pontos de fuga, leia o Capítulo 15 de Desenho de observação, de Curtis (2015). 1. Os elementos da forma – ponto, linha, plano e volume – constituem o alfabeto arquitetônico. Analogamente, precisam ser compreendidos, antes da palavra ser formada ou de um vocabulário desenvolvido. Seus significados contêm soluções para os problemas de função, de propósito e de contexto a serem resolvidos no partido arquitetônico. Assinale a alternativa que apresenta a definição e a expressão correta de cada um destes elementos. a) O “ponto” indica uma posição no espaço, podendo expressar estabilidade, domínio e papel de organizador dos elementos ao seu redor. b) A definição de “linha” é um ponto estendido, a linha defini os limites e as fronteiras de um volume e expressa um estado de desequilíbrio. c) A “linha” não representa um formato arquitetônico, porque a arquitetura é constituída de quatro dimensões, sua forma tridimensional (largura, altura, profundidade) e a experiência arquitetônica. d) As propriedades do “plano” são o comprimento, a largura e a profundidade, e ele determina como os elementos visuais externos ou internos à edificação podem ser observados ou apreendidos. e) O “volume” é constituído por um plano estendido ou pela adição de mais de um plano, consiste em um elemento bidimensional do vocabulário arquitetônico e expressa estabilidade quando está apoiado sobre uma de suas faces, não podendo expressar instabilidade. 2. Um desenho esboçado a mão livre deve mostrar preocupação com proporções, clareza e espessura correta das linhas. Assinale a alternativa apresenta o momento em que você deve aumentar a espessura e a intensidade da linha no desenho de observação. a) Quando representa uma linha de construção. b) Quando uma linha é feita embaixo do objeto, para indicar peso. c) Quando representa uma linha de centro do objeto. d) Quando representa uma linha de prolongamento de um objeto. e) Quando representa uma linha de contorno do objeto. Desenho de observação e de memória62 DA_U1_C03.indd 62 01/12/2017 16:51:58 3. Os desenhos de observação e os esboços a mão livre elaborados com as técnicas de proporções ajudam a organizar pensamentos e a registrar ideias. Desde os gregos, o diâmetro era utilizado com unidade básica das dimensões. Assinale a alternativa na qual estão apresentadas as técnicascorretas de proporção e as técnicas do sistema de medição modular de um objeto. a) A proporção é baseada nas formas geométricas, o círculo, o triângulo e o quadrado e no sistema de medição, você pode comparar várias distâncias usando o lápis como mira. b) A proporção é medida por raio, corda e altura do triângulo, e o sistema de medição modular é baseado no instrumento mondriano. c) A proporção está baseada nas normas de coordenação modular de 4 polegadas, e a escala pode ser estimada pelo nosso campo de visão. d) A proporção é o módulo base de 10 cm, e o sistema de medição por escala pode ser realizado por qualquer instrumento reto segurado. e) A proporção está baseada na referência dos eixos cartesianos x/y, e o sistema de medição por escala está baseado no sistema de medida métrico, com o módulo de 10 cm. 4. Os desenhos de perspectiva podem ser criados usando tanto a projeção cônica como a paralela. Assinale a alternativa que apresenta o tipo de perspectiva adotada neste esboço arquitetônico. a) Perspectiva cavaleira. b) Perspectiva aérea. c) Perspectiva isométrica. d) Perspectiva cônica com um ponto de fuga. e) Perspectiva cônica com dois pontos de fuga. 5. Desenhos com vistas ortográficas tornam possível representar objetos complexos com precisão. Desenhos de perspectiva são usados para comunicar suas ideias, podendo ser usados em catálogos, publicações e em projetos de arquitetura. Assinale a alternativa que apresenta a definição correta de cada um destes métodos de projeção. a) As vistas ortográficas são tipos de perspectivas, já que mostram vários lados dos objetos em uma única vista. b) Na projeção axonométrica, os raios visuais são paralelos entre si e oblíquos ao plano de projeção. c) Na perspectiva isométrica, as superfícies de um objeto tem um tamanho reduzido, porque as projeções são oblíquas. d) Somente na projeção cônica as retas projetantes convergem para um ou mais pontos de fuga, já a vista ortográfica, a projeção axonométrica e a projeção oblíqua usam projeção paralela. e) Na projeção oblíqua, os raios visuais convergem para um ou mais pontos de fuga, para gerar a visão oblíqua. 63Desenho de observação e de memória DA_U1_C03.indd 63 01/12/2017 16:52:00 CHING, F. Architecture: form, space and order. New York: Van Nostrand Reinhold, 1979. CHING, F. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. CURTIS, B. Desenho de observação. 2. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015. FRACALOSSI, I. Clássicos da arquitetura: Casa da Cascata / Frank Lloyd Wright. Santiago: ArchDaily, 2012. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-53156/classicos- -da-arquitetura-casa-da-cascata-frank-lloyd-wright>. Acesso em: 29 out. 2017. GIESECKE, F. E. et al. Comunicação gráfica moderna. Porto Alegre: Bookman, 2002. NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura: princípios, normas, regulamentos sobre projeto, construção, forma, necessidades e relações espaciais, dimensões de edifícios, ambientes, mobiliário, objetos. 17. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2004. SOUSA, V. H. B. de. Arquitectura, sustentabilidade e coordenação modular: desen- volvimento de sistema construtivo modular. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil e Arquitetura)–Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2011. Dis- ponível em: <https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2251/2/Vitor%20Sousa_ Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 09 set. 2017. ZEVI, B. Saber ver a arquitetura. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. Desenho de observação e de memória64 DA_U1_C03.indd 64 01/12/2017 16:52:00 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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