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Bioética - História e saúde pública

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DESCRIÇÃO
O estudo da Bioética. Relação entre os conceitos de Bioética, saúde e práticas de cuidado.
Teoria da Bioética. Juramento de Hipócrates. Principais conceitos em Bioética. Regra dos
direitos. Ética normativa.
PROPÓSITO
Compreender o conceito de vulnerabilidade e sua relação com a Bioética e os direitos humanos,
assim como fornecer aos acadêmicos informações necessárias para que eles possam avaliar
como as reflexões bioéticas podem ser aplicadas no seu dia a dia.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar temas como respeito à pessoa, vulnerabilidade e ética na saúde
MÓDULO 2
Definir os fundamentos da Bioética
INTRODUÇÃO
Neste tema, vamos construir um aprendizado baseado na reflexão sobre o posicionamento da
Bioética e da sua ligação com os direitos humanos e a dignidade constitucional. Procurando,
assim, uma melhora pessoal com cientificidade, com nobreza, num sentido digno de conjunto,
com concretude ideal de explorar os direitos sobre a vida no campo da ciência.
MÓDULO 1
 Identificar temas como respeito à pessoa, vulnerabilidade e ética na saúde
INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos nossa discussão sobre a temática deste módulo, proponho a reflexão sobre
algumas situações.
 EXEMPLO
Imagine que você está a caminho da faculdade e um morador de rua pede a você alguma ajuda
financeira ou que você observa um idoso com dificuldade para atravessar a rua. Em ambas as
situações, você pode optar por ajudar ou não.
Nos casos supracitados, a moral tem uma grande influência, pois está relacionada a seus valores
individuais, ou seja, possibilita sua reflexão sobre a situação vivenciada, oferecendo a ajuda
precisa.
Agora, vamos pensar sobre uma outra situação.
 EXEMPLO
Suponha que você está no ônibus voltando para seu lar e observa uma pessoa jogando uma
embalagem pela janela, em via pública.
Olhando para esta situação, pela visão ética, esta pessoa deveria jogar a embalagem em uma
lixeira. A decisão tomada no caso acima é entendida como algo inapropriado eticamente, pois
além de sujar a via pública, essa pessoa pode estar incentivando a outros indivíduos cometer o
mesmo ato.
Fonte: Shutterstock.com
ÉTICA E MORAL: QUAL É A REAL
DIFERENÇA?
Quando pensamos sobre ética e moral, observamos que são conceitos utilizados normalmente
como sinônimos, porém não são.
Ao falar sobre a Ética, estamos falando de um ramo da Filosofia, aquela que estuda os valores
morais do ser humano, sua convivência em sociedade, julgando condutas que são adequadas ou
não, olhando para o que é certo, o que é errado, bom ou ruim.
Quando pensamos neste conceito, nós estamos falando de uma matéria, cujo objetivo é estudar
os valores morais do ser humano e suas relações com outros seres semelhantes a ele. Podemos
dizer ainda que a Ética é algo imutável, pois ela é o estudo dos valores morais.
Agora ao pensarmos no conceito de moral, imaginamos algo mais concreto. Ela representa um
conjunto de regras que variam de acordo com a cultura e os costumes vigentes em um
determinado grupo social. A moral pode ser definida como o campo de atuação da própria ética.
Veja a seguir a diferença entre a ética e a moral.
A palavra ética vem do grego ethos, que significa conduta ou modo de ser. A Ética estuda sobre
a moral e as formas de conduta. Normalmente, é consistente, ou seja, ela não muda. Somete em
casos extraordinários que há a mudança de um pensamento ético, mas, na maioria dos casos, a
ética tem características universais e permanentes, não sofrendo as influências do tempo. Ela
deve ser universal, pois deve abarcar e envolver a todos, explicando as formas morais de modo
racional (COHEN, 1988).

Já a moral, vem da palavra latina moralis, que significa costume. A moral é a regra de conduta
aplicada a um grupo ou a uma determinada cultura. Ela em si provém de um sistema social. Se
origina na cultura. A moral, diferentemente da ética, não tem características permanente e
universal, mas sim temporal, dependendo de cada cultura e sociedade. Portanto existem várias
morais. Dessa forma, a moral tende a ser consistente dentro de um determinado contexto,
aplicada da mesma forma a todos, porém varia em cada cultura (COHEN, 1988).
 RESUMINDO
ÉTICA MORAL
ORIGEM GREGA ETHOS
(CONDUTA)
ORIGEM LATINA MORALIS (COSTUME)
FAZ UMA REFLEXÃO SOBRE A
MORAL
DIZ RESPEITO ÀS REGRAS DE UMA
CULTURA
É PERENE, CONSISTENTE TEM ORIGEM NA CULTURA
NÃO MUDA EXISTEM VÁRIAS MORAIS
EXPLICA A MORAL DE MODO
RACIONAL
A MORAL É ALGO DE ORDEM PRÁTICA, SEM
REFLEXÃO
É UNIVERSAL É O OBJETO DE ESTUDO DA ÉTICA
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
O campo da moral se dá no campo prático, enquanto o campo da ética ocorre no campo
teórico.
Podemos simplificar que a moral é o conjunto de normas e princípios que se baseiam em uma
cultura e nos costumes de uma determinada sociedade. A ética é o conjunto e a reflexão sobre a
moral, nos dizendo como viver em sociedade.
DA ÉTICA PARA A VIDA
A ética é um valor social e guia de princípio, crenças e ações. Como abordado anteriormente, por
mais que a Ética estude a moral, elas em si não se confundem, principalmente na filosofia antiga.
Neste modelo, a ética era considerada e vista como o modo de melhor viver e conviver tanto da
vida privada, como na vida comunitária.
A ética antiga abrangia vários campos que hoje são separados da Ética, tais como Antropologia,
Psicologia, Sociologia, Economia, Pedagogia e Política, sendo que ambas são campo de
convívio comunitário, pois, na antiguidade, a atitude ética não está desvinculada do fazer social e
da educação. Os conceitos de dever, vontade e responsabilidade são próprios da especulação
ética.
Fonte: Shutterstock.com
A concepção ética antiga foi vista sobre várias dimensões:
Fonte: Shutterstock.com
Os pré-socráticos deram a visão ontológica.
Fonte: Shutterstock.com
Pitágoras via a ética de forma matemática. A partir dele, ela sai do campo ontológico e entra em
questões práticas.
Fonte: Shutterstock.com
Para Sócrates, a ética é um bem viver. Viver está intimamente ligado ao conhecimento, em uma
vivência virtuosa, pois, para Sócrates, virtude é conhecimento, devido ao fato de que todos
buscam o bem e a virtude e a justiça é inegavelmente boa.
Posteriormente, com a Revolução Industrial, ocorreu uma mudança nos campos da Filosofia. A
Ética passou a tomar parte de uma autonomia, se desvinculando dos outros campos inclusos
nela. Com isso, deixou de ser um modo de vivência comunitária e tornou-se um ramo da Filosofia,
que se detém agora no estudo das normas/morais das sociedades, explicando costumes. A
moral se aproxima da ética, pois torna-se o seu campo de estudo. Porém, mesmo com essa
aproximação, as duas não se misturam.
Atualmente, há subdivisões em campos dentro da própria Ética que são:
Metaética, teoria da significação dos termos e proposições morais e como seus valores podem
ser determinados.
Normativa, que estuda os meios práticos de se determinar as ações morais.
Ética Aplicada, que estuda como a moral é aplicada em situações específicas.
Ética Descritiva ou Ética Comparativa, que estuda as visões, descrições e crenças sobre a
moral.
Ética Moral, que é a reflexão sobre o valor das ações morais, seja no âmbito coletivo, seja no
âmbito individual.
No entanto, por mais que a Ética tenha obtido características científicas, ela não é ciência, mas
Filosofia. Todo pensamento filosófico deixa em aberto e a ética, por mais que possua critérios de
permanência, se modifica em casos extraordinários e a ciência em si tem caráter de
determinação.
VULNERABILIDADE E ÉTICA DO CUIDADO
Quando falamos sobre cuidado, ética do cuidado e vulnerabilidade, a questão fundamental
começa por ser uma questão antropológica. Só podemos pensar propriamente o cuidado
ancorados em uma base filosófica antropológica.
Para refletir sobre a vulnerabilidade e o cuidado, é importante entender dois tipos de correntes
antropológicas que estudam tais elementos. De um lado, temos:Fonte: Shutterstock.com
A antropologia do corpo na linha de um pensamento dualístico, que é um exemplo paradigmático
da antropologia cartesiana, que nos faz uma caracterização do corpo como objeto e que, deste
conceito, passa uma apresentação do corpo como máquina. Porém, esta linha de pensamento
repercute-se em uma outra em que dualismos que são extremamente importantes no contexto da
relação com o corpo humano.
Em primeiro lugar, temos um dualismo entre a razão e a afetividade/paixão (que são definidas por
Descartes como ações do corpo sobre a alma).
Em um segundo lugar, há um dualismo entre sujeito e objeto, um dualismo simultaneamente
fisiológico e ético, que se centraliza em um sujeito que vê e o objeto é aquilo que é visto.
Em terceiro lugar, temos a caracterização de uma razão técnico-instrumental como via de acesso
ao corpo/objeto e, finalmente, uma centralização no ser individual (FABRIZ, 2003).
Essa matriz antropológica citada anteriormente contrapôs-se ainda no século XVII a uma
antropologia do corpo formada no pensamento unificador que caracteriza o ser humano a partir
da sua unidade, não com um dualismo substancial entre o corpo e alma, mas corpo e ideia de
corpo, não sendo apenas modos de uma única substância. Também as emoções e as paixões
são pensadas a partir desta perspectiva como variação da pulsão de vida e da potência de agir
do homem, reaproximando razão e afetividade, postulando, ao mesmo tempo, a elaboração de
uma razão emotiva num processo de libertação ou de salvação, que passa pela afirmação da
potência de agir e da pulsão de vida do próprio ser humano, tudo isso integrado à natureza.
Portanto, não há um isolamento do homem, mas uma reintrodução do homem na
natureza (FABRIZ, 2003).
A vulnerabilidade afeta o ser humano como um todo na sua dimensão física e corpórea, na sua
dimensão psíquica-espiritual.
A vulnerabilidade é caracterizada como a exposição do ser humano ao que é exterior, numa
relação marcada pela assimetria (FABRIZ, 2003). Ela tem diversos sentido, veja a seguir:
NO SENTIDO DO SENSO COMUM
Em que ser vulnerável é estar sujeito a algum tipo de vulneração, agressão ou dano.
NA ECOLOGIA
Usa esse conceito relacionado a populações que estão sujeitas ao impactos de desastres
ecológicos.
NA PSICOLOGIA
É utilizado como a susceptibilidade a determinadas reações negativas diante dos impasses, dos
problemas enfrentados pelas pessoas.
NO SERVIÇO SOCIAL
O pensamento se volta à perspectiva da vulnerabilidade social, a uma densidade de cidadania.
NA BIOÉTICA
Em que foca na pesquisa em seres vivos, ligada às pessoas que estão ligadas a protocolos de
pesquisa terem condições ou não de perceberem qual é o risco que elas estão correndo ao
participar da pesquisa, quais são os ganhos que elas podem ter e como elas podem se defender
de qualquer tipo de encaminhamento que seja desfavorável a elas.
NO DIREITO
Está vinculado aos direitos humanos. A partir desse ponto, há uma migração para a saúde,
especialmente na época da epidemia do HIV/AIDS. A partir deste momento, a vulnerabilidade na
saúde passa a discutir o quanto que determinados grupos populacionais estão mais ou menos
cobertos pelas suas garantias em termos de direitos humanos.
Fonte: Shutterstock.com
ÉTICA NA SAÚDE
Vamos iniciar com uma breve reflexão.
Você provavelmente tem algum ente querido, avô, filho, esposa, mãe, pai. Já parou para
pensar que aquele senhor inconsciente que você está cuidando poderia ser o seu avô?
Parou para imaginar como você gostaria que cuidassem dele?
Pois é exatamente neste pensamento que a sua assistência ao paciente deve se basear.
PARA A ÉTICA, A VIDA É UMA TEIA, ONDE TODOS OS
FIOS SÃO IMPORTANTES, INSEPARÁVEIS E
COPRODUTORES UNS DOS OUTROS. PORTANTO,
AGIR COM ÉTICA É PREZAR PELA SAÚDE E PELA
VIDA DO PRÓXIMO, NÃO ESQUECENDO QUE VOCÊ,
ENQUANTO PROFISSIONAL, TAMBÉM É HUMANO,
QUE PASSA POR ADVERSIDADES TODOS OS DIAS,
MAS VOCÊ ESCOLHEU COMO PROFISSÃO O
CUIDAR. É POR ISSO QUE VOCÊ PRECISA ESTAR
ATENTO À MANUTENÇÃO DE UMA POSTURA
CONSCIENTE, SOLIDÁRIA E RESPONSÁVEL.
(FABRIZ, 2003).
Fonte: Shutterstock
Voltemos ao caso anterior. Aquele senhor do qual falamos é um paciente que possui câncer
terminal. Ele não tem mais consciência para decidir sobre sua própria vida, não possui familiares
e a medicação de que ele precisa para continuar vivo lhe causa muitas dores. Ele pede para que
você pare de lhe medicar, implora para que você o deixe morrer.
Como você lidaria com esta situação?
É muito difícil pensar sobre o fim da vida e lidar com este inevitável acontecimento, porém
veremos como a ética na Saúde pode ajudar.
 ATENÇÃO
Vale lembrar que a Bioética trabalha com a valorização da vida e é regida por quatro princípios
básicos: a beneficência, a não maleficência, a autonomia e a justiça.
Entenda o significado de cada um desses princípios:
Fonte: Shutterstock.com
PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA
Está relacionada ao dever de ajudar, fazer o bem ou promover o bem, mas também está
relacionada ao dever de avaliar os riscos de uma situação e seus benefícios potenciais.
SAIBA MAIS
É o dever de buscar o máximo de benefícios, mas preocupando-se por diminuir ao mínimo
os danos e riscos.
Voltando ao caso clínico, será que os benefícios da medicação são maiores que os efeitos
colaterais que ela causa? Será que o seu atendimento está promovendo o bem de fato?
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Fonte: Shutterstock.com
PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA
Trata sobre não se abster de causar danos ou colocar pacientes em risco. Neste item, é muito
importante a realização de uma boa avaliação e, para isso, é preciso competência profissional.
SAIBA MAIS
Sendo assim, também é um preceito da Bioética a constante capacitação, já que o campo
da saúde compreende os conhecimentos científicos e técnicos somados às práticas
sociais, éticas e políticas. Para o senhor do caso em questão, mesmo sem consciência
para decidir sobre sua vida, é o respeito que você tem pela sua dor, é o tempo que você
despende tentando encontrar medicações e técnicas que diminuam o seu sofrimento.
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Fonte: Shutterstock.com
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA
Está relacionado ao decidir por si mesmo. Ainda que tenha perdido esse poder, o senhor no leito
espera de você respeito à dignidade, à privacidade e à liberdade.
SAIBA MAIS
Nesse princípio, é mais fácil imaginar o dilema no atendimento a um paciente que se recusa
a continuar um tratamento. Tirando as peculiaridades de cada situação, o mais importante é
que você não esqueça que seu dever é fornecer informações técnicas para orientar a
decisão, mas sem manipular o paciente. Se após você explicar com dedicação a
importância do tratamento e os danos que a não medicação pode causar e, ainda assim, o
paciente optar por não continuar com a terapia, seu desejo precisa ser respeitado. A única
exceção aqui é no caso em que o bem-estar público está acima do bem-estar de um único
individual. Por exemplo, quando um paciente contaminado com agente biológico de alta
infectividade decide não se tratar. Como a sua decisão coloca em risco a saúde pública,
você não poderá permitir que ele deixe a unidade de saúde sem o encaminhamento correto
por mais que esta decisão vá contra a sua vontade.
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Esse é o momento em que você irá se esbarrar no princípio da justiça, que trata sobre a
distribuição adequada de direitos e deveres. Ser justo com o senhor do caso é enxergar
sua necessidade. O que você deveria fazer nesse caso? A decisão é sua e deve ser
tomada junto ao corpo técnico da instituição. Se os cuidados a este senhor se igualam
como você cuidaria de si mesmo, isto é sinal de que provavelmente você está agindo da
maneira correta.
Assim, a ética na Saúde não se restringe apenas ao código de ética. Ela se estende ao direito a
pessoa como cidadã ou ser social. Sua essência é a liberdade, mas com compromisso e
responsabilidade. É o princípio universal da responsabilidade que rege todas as questões éticas,
seja elaindividual, pública ou planetária.
OS QUATRO NÍVEIS DO DISCURSO MORAL
E CONDUTA PROFISSIONAL
Assista ao vídeo com a apresentação dos quatro níveis do discurso moral e conduta profissional
pela especialista Carine Sena.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A ÉTICA PROFISSIONAL DEVE SER VISTA DE FORMA A FAZER COM
QUE O PROFISSIONAL SEJA PENSANTE. O QUE NORTEIA ESSES
PROFISSIONAIS:
A) Atuar como sentir que deve, seguindo seus instintos, crenças pessoais e conhecimentos
técnicos..
B) Atuar de forma incoerente e de forma obrigatória.
C) As normas são impostas sem saber separar o que está bom ou ruim.
D) Os profissionais atuam sem nenhuma normatização.
E) Saber como aplicar o código de ética, que normatiza as condutas esperadas e obrigatórias
dos profissionais da área da saúde.
2. TODOS OS SERES VIVOS SÃO VULNERÁVEIS POR ESTAREM
SUJEITOS A RISCOS DE QUALQUER NATUREZA, INTENCIONAIS OU NÃO.
INDO MAIS FUNDO: EXISTE A VULNERABILIDADE INTRÍNSECA À VIDA, O
“SER VULNERÁVEL”, MAS “ESTAR VULNERÁVEL” IMPLICA EM
SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE. ESSE CONCEITO É DE:
A) Vulnerabilidade familiar.
B) Vulnerabilidade programática.
C) Vulnerabilidade bioética.
D) Vulnerabilidade social.
E) Vulnerabilidade econômica.
GABARITO
1. A ética profissional deve ser vista de forma a fazer com que o profissional seja
pensante. O que norteia esses profissionais:
A alternativa "E " está correta.
A prática profissional dos diversos profissionais que atuam no serviço de saúde pública está
inteiramente embasada ou relacionada com aspectos éticos próprios da profissão ou da
bioética. Estes aspectos norteiam a atuação profissional e normatizam condutas esperadas e
obrigatórias dos profissionais da área da saúde.
2. Todos os seres vivos são vulneráveis por estarem sujeitos a riscos de qualquer
natureza, intencionais ou não. Indo mais fundo: existe a vulnerabilidade intrínseca à vida,
o “ser vulnerável”, mas “estar vulnerável” implica em situações de vulnerabilidade. Esse
conceito é de:
A alternativa "C " está correta.
Em definição geral, vulnerável é todo aquele que pode ser vulnerado, isto é, ferido, ofendido ou
melindrado.
MÓDULO 2
 Definir os fundamentos da Bioética
Fonte: Shutterstock.com
O QUE É A BIOÉTICA?
Fonte: Autor desconhecido/Fiocruz Imagens
 Van Rensselaer Potter.
Os desenvolvimentos científicos, tecnológicos e sociais que passaram a ocorrer no século XX
relacionados às ciências biológicas e ao cuidado com a saúde, acabaram entrando em diversos
momentos em conflito com concepções já existentes em relação ao tratamento e às obrigações
morais dos profissionais da saúde e da sociedade com relação aos indivíduos doentes (MOTTA,
2012).
O conceito de bioética idealizado por Potter, apesar de inicialmente não se referir a isso, passou
a remeter então ao crescente interesse na ética das relações da saúde. Após isso, a Bioética foi
abordada em diversas perspectivas e a maioria delas voltadas para as ciências biomédicas.
A Bioética é composta por algumas teorias. Veja a seguir:
O UTILITARISMO
Foca no ato correto que deve ser tomado em cada circunstância e esse ato correto vai ser o que
for mais positivo para um maior número de pessoa. No utilitarismo, é importante, em algumas
situações, olhar para as necessidades de todos os indivíduos envolvidos e tomar uma decisão
(MOTTA, 2012).
BASEADA NA OBRIGAÇÃO OU KANTISMO
Aquela que determina a adequação de uma ação, não baseada em suas consequências, mas
por certas características que vão estar presentes nessa ação.
BASEADA NA VIRTUDE ÉTICA DO CARÁTER
Foca nos agentes que realizam as ações e as escolhas em uma determinada situação. Ela dá
maior destaque às virtudes e ao caráter virtuoso desses agentes.
BASEADA NOS DIREITOS, INDIVIDUALISMO LIBERAL
Dá ênfase aos direitos presentes em uma situação e no peso e na força que eles vão ter naquele
momento como determinante para a tomada de decisões.
BASEADA NA COMUNIDADE, COMUNITARISMO
Considera que o que é fundamental na ética provém de valores comunitários, como o bem
comum ou práticas tradicionais de uma certa comunidade.
A ÉTICA DO CUIDADO
É baseada nos relacionamentos. Coloca o afeto e o compromisso emocional como
determinantes para a tomada de decisões.
A CASUÍSTICA
É uma abordagem a partir de casos concretos. Foca em decisões práticas a partir de situações
específicas. Considera que a moralidade apropriada surge desta análise específica de cada
caso concreto.
A ABORDAGEM PRINCIPIALISTA
Considerada como a teoria mais difundida na Bioética, se baseia em um conjunto de quatro
princípios que norteiam as decisões e discussões das grandes questões da área: justiça,
autonomia, não maleficência e beneficência.
Fonte: Shutterstock.com
A Bioética se trata de uma matéria transdisciplinar, que permite a cooperação, interação de
diversas outras matérias. Ela é dividida em duas esferas:
Fonte: Shutterstock.com
Situações emergentes são aquelas em que a sociedade tem que lidar agora, como a aplicação
da tecnologia em saúde e os conflitos resultantes. Nesse contexto, encontramos situações como
a fertilização in vitro, a eugenia, a clonagem.

Fonte: Shutterstock.com
As situações persistentes, por outro lado, estão com a sociedade desde os seus primórdios.
Podemos pensar nas situações que envolvem o aborto, o direito de morrer etc.
É possível perceber que a Bioética vem para tentar trazer alguma solução para tais conflitos
éticos. Podemos dizer que ela é uma aplicação prática da ética em saúde.
É POR ISSO QUE FOI TÃO IMPORTANTE
ESTRUTURAR UMA DISCIPLINA NA ACADEMIA QUE
PUDESSE COMPORTAR OS DIÁLOGOS
PROVENIENTES DESSES DILEMAS.
(MOTTA, 2012).
O filósofo Albert Jonsen defende que há acontecimentos cruciais para o nascimento da Bioética.
A seguir, conheça um pouco mais da história da Bioética.
UM POUCO DA SUA HISTÓRIA
O primeiro ocorreu em 1962, quando a jornalista Shana Alexander publicou um artigo intitulado
Eles decidem quem vive e quem morre, que tratava dos desdobramentos da criação do comitê
de ética hospitalar em Washington. O comitê de Seattle, como ficou conhecido, tinha missão de
disponibilizar decisões acerca da alocação de recursos em saúde. O primeiro desafio do comitê
foi discutir a disposição das máquinas de hemodiálise para pacientes renais crônicos. O grande
problema que esse comitê estava enfrentando foi o de existir um número muito maior de paciente
do que de máquinas. Os médicos então delegam esta decisão para outra pessoa. A partir daí
surgiu uma grande ruptura na ética da medicina, pois os médicos pela primeira vez, passaram a
delegar essas decisões a pessoas que não necessariamente eram da área da saúde (RAMOS,
2009).
O segundo acontecimento crucial para a história da Bioética aconteceu em 1966, quando Henry
Beecher, um médico anestesista, publicou um livro com 22 relatos de pesquisas financiadas por
instituições governamentais, farmacêuticas, laboratórios, usando pessoas que ele considerava
cidadãos de segunda classe (prisioneiros, idosos, pessoas que não tinham capacidade moral de
se defender contra os abusadores) (RAMOS,2009).
Esses pesquisadores estavam injetando em idosos senis hospitalizados células vivas
cancerígenas, sem informá-los que estavam fazendo isso, com a finalidade de perceber como
que o sistema imunológicos do corpo humano respondiam às células de câncer. É possível
perceber que nem mesmo o direito à informação era levado em consideração.
Outro caso que desperta o interesse é o de Tuskegee. Foi um estudo que aconteceu entre as
décadas de 1930 e 1970, conduzido pelo serviço de saúde pública americano. Utilizaram 400
pessoas negras que já possuíam a sífilis. Ou seja, se aproveitaram da vulnerabilidade
socioeconômica dessa população para ver como era o desenvolvimento da sífilis. Eles
conduziram o caso esse grupo que acreditava estar sendo tratado, porém estava recebendo um
placebo, para observar qual era o desenvolvimento da sífilis (RAMOS,2009).
Importante ressaltar que, em 1928, Alexander Fleming já tinha descobertoa penicilina,
que estava disponível como fármaco desde 1941. Então, foi uma escolha do serviço
americano dar placebo, usando a desculpa que, depois que o antibiótico tinha sido
inventado, não seria mais possível acompanhar o desenvolvimento da doença, sendo
considerado um grande absurdo.
Precisamos lembrar que, na época, o grande desenvolvimento tecnológico não estava sendo
acompanhado devido à falta de responsabilidade moral destes pesquisadores.
Diante de todos esses casos que vieram a público, a opinião pública cobrou um posicionamento
moral e ético, com a delimitação de normativas e parâmetros de pesquisas clínicas com estes
sujeitos de pesquisa.
Kant (1987) diz que o ser humano nunca pode ser tomado com um instrumento, a humanidade
sempre tem que ser o fim dela mesma. Ou seja, os fins não justificam os meios.
O terceiro acontecimento que efetivou a história da Bioética ocorreu em 1967, quando o médico
Christiaan Barnard realizou o primeiro transplante de coração na África do Sul com sucesso. O
que motivou o escândalo na mídia internacional foi o coração utilizado porque, até aquele
momento, o critério utilizado para permitir a utilização seria o paciente ter falecido por parada
cardiorrespiratória.
Como o médico iria comprovar a causa do falecimento? Ele tinha matado um paciente
para salvar outro?
A partir daí, houve a buscar por novos critérios. A escola médica de Harvard se encarregou de
buscar por novos critérios em 1968, porém estes parâmetros de morte só foram divulgados em
1975, quando começaram a estudar a possibilidade de um transplante pela morte cerebral e não
mais cardiorrespiratória. No Brasil, esse tema é tratado pela lei 9.434/1997, que trata sobre os
transplantes de órgão e que adota abertamente este critério de morte cerebral.
Todos esses acontecimentos foram cruciais para a história da Bioética, pois cada um trouxe uma
transformação de ética aplicada para o mundo. Essa é a importância da Bioética e foi por isso
que ela se disseminou de uma forma muito rápida, pois ela trazia respostas a angústias de
problemas éticos-morais devido aos desenvolvimentos tecnológicos. Ela trouxe respostas de
quais eram os critérios da morte, novos parâmetros morais de pesquisa médica e trouxe os
comitês de ética que existem no hospital e que permitem determinar a alocação de recursos.
É importante ressaltar que a Bioética traz essas respostas sem deixar de pensar nos grupos
socialmente mais vulneráveis. Ela é considerada uma ciência da ética aplicada que tem como
preocupação cuidar dos grupos mais vulneráveis.
PRINCIPIALISMO E A BIOÉTICA
Em 1974, o governo americano, em resposta a alguns escândalos relacionados a
experimentações com direitos humanos que ocorreram na época, constituiu uma comissão
nacional (Comissão Nacional sobre Proteção dos Sujeitos da Pesquisa Biomédica e
Comportamental) para a pesquisa biomédica e comportamental. Essa comissão seria
responsável por conduzir um estudo que identificaria princípios éticos básicos que deveriam ser
aplicados em experimentos com seres humanos.
Após quatro anos, essa comissão publicou o relatório Belmont, que identificava três princípios
como norteadores da experimentação com seres humanos:
autor/shutterstock
AUTONOMIA
Fonte: Shutterstock.com
JUSTIÇA
Fonte: Shutterstock.com
BENEFICÊNCIA
O PRINCIPIALISMO SURGIU EM 1979 COM O LIVRO
PRINCÍPIOS DA ÉTICA BIOMÉDICA, DO FILÓSOFO
TOM BEAUCHAMP E DO TEÓLOGO JAMES
CHILDRESS. COM A PUBLICAÇÃO, ELES
CONSEGUIRAM INSTRUMENTALIZAR A BIOÉTICA.
ELES AMPLIARAM OS PRINCÍPIOS QUE FORAM
IDENTIFICADOS NO RELATÓRIO E DESENVOLVERAM
A TEORIA DO PRINCIPIALISMO, APLICANDO ESSES
PRINCÍPIOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE E A TODAS AS
QUESTÕES DA BIOÉTICA. ELES AINDA
ACRESCENTAM UM PRINCÍPIO QUE É O DA NÃO
MALEFICÊNCIA.
(BEAUCHAMP,2002).
ELA É A MAIS DIFUNDIDA NO CAMPO DA BIOÉTICA,
PRINCIPALMENTE PORQUE SURGIU FOCADA NA
RESOLUÇÃO DE QUESTÕES ESPECÍFICAS. OS
QUATRO PRINCÍPIOS TRABALHADOS PELA TEORIA
SÃO ABSTRATOS. ASSIM, PRECISARIAM SER
TRABALHADOS COM FATOS ESPECÍFICOS. OS
AUTORES RECONHECEM QUE É NECESSÁRIA A
ADAPTAÇÃO AO CASO CONCRETO. REGRAS E
IDEAIS MORAIS TAMBÉM SER LEVADAS EM
CONSIDERAÇÃO QUANDO FOR FEITO ALGUM
JULGAMENTO A RESPEITO DE UM CASO
CONCRETO.
(JONAS, 2006).
Quando você se depara com um caso concreto, como deve proceder, tendo a teoria
principialista como base?
Primeiramente, é importante você tomar os quatro princípios como uma base abstrata e, a partir
daí, especificar tais princípios no caso concreto, acrescentando conteúdo a esses princípios de
acordo com o caso específico. Por último, devemos realizar a ponderação entre os princípios,
identificando o peso de cada um dentro da situação em questão.
A ÉTICA DO CUIDADO
Fonte: CC BY-SA 4.0/ Wikipedia Commons, CC BY 3.0/ Wikipedia Commons, CC BY-SA 3.0/
Wikipedia Commons.
 Nel Nodding, Virginia Held, Carol Gilligan e Annette Baier.
A ética do cuidado se originou a partir de estudos feministas, com as obras de Nel Nodding,
Virginia Held, Carol Gilligan e Annette Baier, surgindo como um contraponto às éticas
tradicionais, que teriam uma tendência de raciocínio moral mais masculino, levando em conta
questões de justiça, imparcialidade, direitos, mas não estaria considerando o ponto de vista
moral feminino, construído a partir das relações íntimas entre as pessoas e os valores destas
relações íntimas, por exemplo, a compaixão e a fidelidade (ANTONY, 2012).
O desenvolvimento moral desta ética feminina se daria a partir de associações e relações
empáticas com os outros, de uma ética mais reflexiva e filosófica.
 ATENÇÃO
Outro ponto importante desta teoria é que se valoriza muito a emoção. Nas teorias éticas
tradicionais, como a do utilitarismo, teoria da obrigação, a emoção é vista como um obstáculo a
uma atitude moral/ correta (ANTONY, 2012).
Na ética do cuidado, a emoção seria um produto da moral. Em outras palavras, as ações não
teriam base no emocional, as ações seriam impulsionadas por outros motivos, que não a
emoção. Na verdade, seria uma deficiência moral.
Ao mesmo tempo, a ética do cuidado não necessariamente nega essas éticas tradicionais, mas
sim seria um complemento a elas. Estaria trazendo um outro ponto de vista das teorias éticas que
seria o ponto de vista feminino.
Fonte: Shutterstock.com
Para a ética do cuidado, a assistência aos pacientes deve ser realizada com atenção às
necessidades de saúde, estabelecendo uma relação próxima emocional próxima, e não distante,
apenas baseada em direitos. Ela tem como grande preocupação o olhar sensibilizado ao outro, a
preocupação com o sofrimento alheio e as angústias daquele que é cuidado.
Algumas críticas a este modelo são a falta de uma estruturação de conceitos específicos, mas
bem trabalhados, que dariam corpo a esta teoria e o fato de que ela poderia fortalecer os papeis
tradicionais dados à mulher na sociedade.
Fonte: Shutterstock.com
ABORDAGEM DEONTOLÓGICA DA
BIOÉTICA
A teoria deontológica recebe este nome porque se refere ao dever ser, às obrigações que
existem em uma determinada situação, em contraponto a teoria ontológica, que se refere ao ser.
 SAIBA MAIS
Existem diversas vertentes da teoria deontológica, algumas delas decorrentes de conceitos
religiosos, como o catolicismo. Outras são relacionadas a conceitos éticos, filosóficos, como a lei
natural, o imperativo categórico de Kant, que é um das mais expressivas como a teoria da
obrigação. Essa teoria sugere regras morais que não possuem exceção, ou seja, em qualquer
situação a norma moral pode ser executada, tendo como norma moral uma ação correta. Não são
as consequências de um ato que vão torná-lo correto ou errado, mas sim as características deste
ato (FORTES, 2003).
Essa norma moral gera preceitos. Então, as teorias deontológicas sempre vão se desenvolver a
partir de alguns conceitos sobre ações específicas que gerariam os preceitos. Em suma, esses
preceitos vão se concentrar em regras sobre ações específicas. Não são princípios morais,pois
vão se referir especificamente a uma determinada ação.
 EXEMPLO
Não se deve matar seres humanos inocentes. Isso seria um preceito, porque ele prescreve uma
ação específica e, teoricamente, em qualquer situação que uma ação se encaixar nessas
características, ela vai ser moralmente errada, não importando as circunstâncias.
O valor moral de uma ação não se concentra nas consequências de um ato, mas nas
características desta ação.
Fonte: Domínio público/ Wikipedia Commons
 Immanue Kant.
UMA OUTRA CARACTERÍSTICA IMPORTANTE É O
IMPERATIVO CATEGÓRICO, DE QUE: [CITAÇÃO]
“AGE SOMENTE DE ACORDO COM A MÁXIMA QUE
POSSA AO MESMO TEMPO QUERER QUE SE
TRANSFORME EM LEI UNIVERSAL”.
(FORTES, 2003).
Esse imperativo categórico seria uma espécie de teste que nós deveríamos submeter nossas
ações hipoteticamente, de maneira autônoma, para compreender se ela seria uma ação moral
naquele momento. Se aquela ação que eu estou prestes a tomar pode ser transformada em uma
lei universal, então, segundo essa teoria, eu posso realizar tal ação.
Vamos pensar no seguinte exemplo:
 EXEMPLO
Imagine que um pai decide doar um órgão para uma filha que está muito doente e depende desta
doação para sobreviver, por afeto a esta filha. De acordo com esta teoria, este pai não estaria
agindo moralmente, pois, mesmo que as consequências dessa sua ação sejam as mesmas
consequências, caso ele estivesse seguindo um preceito moral, ele não estaria motivado da
maneira correta. A motivação deste pai é o afeto pela filha e, para Kant, as emoções não devem
ser motivações das ações. O que deveria motivar a ação do pai é a compreensão dele de que
aquele preceito moral é obrigatório em determinada situação e não a sua afeição pela filha.
As teorias da obrigação são pouco utilizadas concretamente porque elas possuem um certo grau
de abstração muito alto, sendo complexo perceber esses diversos preceitos morais nos casos
concretos.
Alguns teóricos vinculados a esta teoria consideram que outras teorias seriam necessárias à
teoria da obrigação. Como exemplo, temos a teoria casuística, em que você observa um caso
concreto e, a partir dele, identifica um princípio que poderia identificar um princípio que pudesse
gerar certos preceitos morais.
OS PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA COMO
NORTEADOR DA POSTURA PROFISSIONAL
Assista ao vídeo em que a especialista Carine Sena apresenta a Bioética e a sua visão na
conduta profissional com base em seus fundamentos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A BIOÉTICA É COMPOSTA POR ALGUMAS TEORIAS. MARQUE A
RESPOSTA INCORRETA:
A) Foca no ato correto que deve ser tomado em cada circunstância. Esse ato correto é o que for
mais positivo para um maior número de pessoa – Utilitarismo.
B) Determina a adequação de uma ação, não baseada em suas consequências, mas por certas
características presentes nessa ação – Kantismo.
C) Foca nos agentes que realizam as ações e as escolhas em uma determinada situação. Ela dá
maior destaque às virtudes e ao caráter virtuoso desses agentes – Comunitarismo.
D) É baseada nos relacionamentos. Coloca o afeto e o compromisso emocional como
determinantes para a tomada de decisões – A ética do cuidado.
E) Considerada como a teoria mais difundida na Bioética, se baseia em um conjunto de quatro
princípios que norteiam as decisões e discussões das grandes questões da área: justiça,
autonomia, não maleficência e beneficência – Abordagem principialista.
2. NA ÉTICA DO CUIDADO, É INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) A assistência aos pacientes não deve ser realizada com atenção às necessidades de saúde.
B) A ética do cuidado foi criada a partir de estudos feministas.
C) Na ética do cuidado, a emoção seria um produto da moral.
D) A ética do cuidado tem como grande preocupação o olhar sensibilizado ao outro, a
preocupação com o sofrimento alheio e as angústias daquele que é cuidado.
E) A ética do cuidado não necessariamente nega as éticas tradicionais, mas sim seria um
complemento a elas.
GABARITO
1. A Bioética é composta por algumas teorias. Marque a resposta incorreta:
A alternativa "C " está correta.
O comunitarismo considera que o que é fundamental na ética provém de valores comunitários,
como o bem comum ou práticas tradicionais de uma certa comunidade.
2. Na ética do cuidado, é incorreto afirmar que:
A alternativa "A " está correta.
Para a ética do cuidado, a assistência aos pacientes deve ser realizada com atenção às
necessidades de saúde, estabelecendo uma relação próxima emocional próxima, e não distante,
apenas baseada em direitos. Ela tem como grande preocupação o olhar sensibilizado ao outro, a
preocupação com o sofrimento alheio e as angústias daquele que é cuidado.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma análise completa dos problemas morais em Bioética exige não apenas identificar quais são
os princípios apropriados de ação correta, mas também determinar como resolver conflitos entre
eles e como passar desse nível de princípio para o do caso individual. Até mesmo aqueles que
podem concordar com o significado e as implicações de certos princípios talvez não cheguem a
um acordo sobre o que fazer à beira do leito de morte, pois discordam a respeito de como
ordenar ou ponderar os princípios. Eles também podem divergir porque mantêm diferentes
posições sobre como passar do nível de princípio para o do caso e retornar ao primeiro.
A teoria completa e estável é aquela que está em equilíbrio, em que os julgamentos considerados
sobre casos individuais, as regras e as noções de como aplicar as regras e os princípios são
coerentes de um ramo da Bioética a outro. O desenvolvimento desse equilíbrio pode exigir um
exame dos julgamentos de caso e princípios, além das regras de mediação e seu ajuste até que
seja alcançada uma harmonia.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ANTONY, L. Different Voices or Perfect Storm: Why Are There So Few Women in Philosophy?
In: Journal of Social Philosophy, v. 43, n. 3, p. 227-255, 2012. Consultado em meio eletrônico em:
6 jan. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Política nacional de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
COHEN, C. O ser biopsicossocial. In: Fortes Jr A, editor. Psiquiatria e MedicinaInterna. São
Paulo: Asturias, 1988: 145-50.
FABRIZ, D.C. Bioética e direitos fundamentais: a bioconstituição como paradigma do
biodireito. Belo Horizonte: Mandamentos; 2003.
FORTES, P. A. C.; ZOBOLI, E. L. C. P. Bioética e saúde pública. São Paulo: Loyola, 2003.
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: Ensaio de uma ética para a civilização
tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC Rio, 2006.
JUNQUEIRA, C. R. Consentimento nas relações assistenciais. In: RAMOS, D. L. P. Bioética e
ética profissional. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2007.
JUNQUEIRA, C. R. Bioética: conceito, contexto cultural, fundamento e princípios. In: RAMOS,
D.L.P. Bioética e ética profissional. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2007, p. 22-34.
JUNQUEIRA, S. R. Bioética e saúde pública. In: RAMOS, D. L. P. Bioética: pessoa e vida. São
Caetano do Sul: Difusão, 2009, p. 97-115.
MOTTA, L.C.S., VIDAL, S.V., Siqueira-Batista R. Bioética: afinal, o que é isto? In: Rev Bras Clin
Med. São Paulo, 2012 set-out;10(5):431-9. Consultado em meio eletrônico em: 6 jan. 2021.
KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
LEONE, S.; PRIVITERA, S.; CUNHA, J.T. Dicionário de bioética. Aparecida: Editorial Perpétuo
Socorro/Santuário, 2001.
RAMOS, D.L.P. Bioética: pessoa e vida. São Caetano do Sul: Difusão, 2009. 374p.
EXPLORE+
Veja como Magda Santos Koerich, Rosani Ramos Machado e Eliani Costa a dimensão
ética da atividade profissional. Busque na Internet pelo artigo: Ética e Bioética: para dar
início à reflexão.
NOTAS
Direito de uso de imagem:
* A EnsineMe reserva ao autor o direito de se manifestar.
CONTEUDISTA
Carine Sena Lima da Silva
 CURRÍCULO LATTES
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