Buscar

POSTILA- aSSEDIO NAS ESCOLAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ASSÉDIO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
2 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 
1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4 
2 - ASSÉDIO NAS ESCOLAS: COMO COMBATER ESSA REALIDADE? ..... 6 
2 . 1 - COMPREENDER O ASSÉDIO ESCOLAR .......................................... 10 
2. 2 - CONCEITOS DE ASSÉDIO MORAL .................................................... 13 
3 - MANIFESTAÇÕES DO ASSÉDIO MORAL .............................................. 14 
3 . 1 - ASSÉDIO MORAL COMO SE APRESENTA NO AMBIENTE ESCOLAR
 ................................................................................................................................. 16 
3.2 - COMO SE CARACTERIZA O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE 
ESCOLAR ................................................................................................................ 18 
4- O ASSÉDIO MORAL NÃO OCORRE APENAS ENTRE SUPERIOR E 
SUBORDINADO ...................................................................................................... 19 
4.1 - FREQUÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO .......... 20 
4.2- AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL A SAÚDE DO 
PROFESSOR ........................................................................................................... 21 
4.3 - RESPONSABILIZAÇÃO PELO ASSÉDIO MORAL SOFRIDO.............. 22 
5 - ASSÉDIO MORAL – REALIDADE BRASILEIRA ...................................... 24 
5.1 - PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ...................................................... 26 
5.2 - CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE SOFRE O ASSÉDIO 
MORAL .................................................................................................................... 30 
5.3 - CARACTERIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL......................................... 31 
5.4 - MOTIVOS PARA A OCORRÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL .................. 33 
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 38 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
3 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
4 
1 - INTRODUÇÃO 
 
A subjetividade do professor pode ser compreendida como um dos elos da 
relação professor/aluno, e influencia diretamente na aprendizagem e no processo de 
ensino. Tendo em vista o vínculo que se estabelece atualmente entre professores e 
alunos, o ambiente criado nas salas de aula pode se apresentar, muitas vezes, como 
propício à manifestação de algumas atitudes severas de autoritarismo, que atingem 
a integridade psíquica e a autoestima dos alunos. Uma das razões levantadas para 
explicar tais atitudes é a atuação do professor como figura de autoridade, 
mascarando, assim, suas próprias fraquezas, e podendo assumir uma posição de 
superioridade frente a um público que possui poucos recursos de defesa devido ao 
seu papel subordinado na hierarquia (Hirigoyen, 2011, 2014). 
O assédio moral, ilícito por muitas vezes silencioso, com consequências 
desastrosas para o vitimizado e para a sociedade, é tão antigo quanto o próprio 
Homem. Encontra-se presente em todos os grupos sociais. 
O assédio moral traz como pano de fundo uma das questões mais cruciais nos 
dias de hoje: a ética. Vivemos uma crise ética que desemboca na quebra dos Direitos 
Fundamentais da pessoa humana, como a lesão à dignidade. 
Propomo-nos a refletir sobre os danos causados pelo assédio e a importância 
de combatê-lo a fim de se assegurar um ambiente bom ao indivíduo em 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade 
e dignidade conforme prescrito no art. 3º. do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Muito se fez pela criança e pela juventude; contudo nos parece tímida a busca 
da garantia pelos seus direitos. Demonstrar que a cidadania anda de braços dados 
com a ética e que sem a garantia dos direitos fundamentais não alcançaremos uma 
sociedade justa. Seja no âmbito da prevenção, da compensação ou da penalidade é 
necessário que cada ente assuma o seu papel. 
O assédio moral nas instituições de ensino mais visível, chamar a atenção para 
a necessidade de ser combatido, a vítima ser encorajada a buscar a tutela do Estado. 
Acreditamos na prevenção e partimos do pressuposto que é na escola que o indivíduo 
 
 
 
Faculdade de Minas 
5 
tem o direito de ser orientado e cuidado para que exerça a sua cidadania de forma 
ampla, capaz de internalizar seus deveres e ser detentor dos seus direitos. 
É necessário buscar a justiça onde quer que esteja. A humanidade clama por 
ela, pela moralidade e pela ética. A dor da humilhação provocada pelo assédio moral, 
fere a dignidade do ser humano reduzindo-o a um quase nada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
6 
2 - ASSÉDIO NAS ESCOLAS: COMO COMBATER ESSA 
REALIDADE? 
 
O assédio sofrido, principalmente, pelas mulheres é, infelizmente, uma 
realidade. Acontece no ambiente de trabalho, nas ruas e também nas escolas. A 
UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas é a entidade que congrega e 
representa todos os estudantes de instituições de ensino fundamental e ensino médio, 
ensino técnico e ensino pré-vestibular do Brasil) realizou uma rápida enquete em suas 
redes sociais com a seguinte pergunta “Assédio nas Escolas, quem já viu ou sofreu?” 
 E em menos de duas horas dezenas de pessoas se manifestaram dizendo já 
ter visto ou sido vítimas disso. As histórias relatadas abrangem desde alunas 
assediadas por professores até estupro cometido por colegas. 
Esses relatos vão ao encontro de uma pesquisa recente que diz que o assédio 
sexual tem se tornado comum entre jovens de 12 a 31 anos até em escolas, 
principalmente no Ensino Médio. O levantamento realizado pela empresa Microcamp 
com pessoas dessa faixa etária em colégios de dez estados brasileiros revelou que, 
do total dos entrevistados, 46,4% afirmaram já terem sofrido assédio na escola, e que 
58,9% destes afirmaram que não ligaram ou agiram naturalmente. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
7 
A advogada Ana Rita Souza Prata, coordenadora do Núcleo de Promoção e 
Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de SP, orienta que o ou a 
adolescente que sofreu assédio na escola deve buscar a Direção da escola, 
inicialmente, relatar o que aconteceu e cobrar que sejam tomadas as medidas 
cabíveis contra o assediador, seja ele aluno, professor ou funcionário da escola. 
Caso o assédio tenha sido praticado pela pessoa responsável por tomar as 
providências na escola, como o diretor da instituição de ensino, pode-se buscar a 
Diretoria de Ensino da Região, visando denunciar administrativamente essa pessoa. 
Contudo, essa providência será no âmbito administrativo (por exemplo,suspender um (a) aluno (a), levar a prática do (a) professor (a) à Diretoria de ensino. 
Além dessas providências, se for o desejo da vítima, ela pode buscar a delegacia de 
polícia para lavrar boletim de ocorrência, buscar o Ministério Público ou a Defensoria 
de sua região. Qualquer prova desse assédio deve ser guardada, como mensagens 
de texto, postagens, recados, sendo que se houver testemunhas, elas podem 
escrever uma declaração contanto o que viu ou ouviu, confirme dito pela a defensora 
pública. 
Além disso, o aplicativo para celulares Proteja Brasil, desenvolvido pelo 
UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), possibilita que qualquer pessoa 
possa denunciar atos de violência – inclusive a sexual – contra crianças e 
adolescentes. Por meio dele, é possível localizar os órgãos de proteção nas principais 
capitais e ainda se informar sobre as diferentes violações. 
Todos os casos são encaminhados à central do Disque 100, mantido pelo 
Ministério de Direitos Humanos. Lá, os casos passam para uma triagem para garantir 
que o encaminhamento seja o mais adequado, tipo, polícia, ministério público, 
conselho tutelar ou outra instituição. 
Segundo a especialista em Proteção de Crianças e Adolescentes do UNICEF 
(Fundo das Nações Unidas para a Infância), Fabiana Gorenstein, uma importante 
forma de combater o assédio nas escolas é a disseminação de informações sobre 
sexualidade e formas de relacionamento sem violência adaptado às diferentes faixas 
etárias e ao contexto local, além da divulgação dos canais de denúncia existentes. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
8 
Essa é a grande aposta do UNICEF para proteger direitos Crianças e 
adolescentes que têm acesso a informação têm mais oportunidades para reconhecer 
condutas violentas, apoiar outras crianças e adolescentes em situações de violação 
e também buscar ajuda sempre que necessário. 
Neste sentido, é importante combater projetos de lei, como o Escola sem 
Partido, que visam a dificultar e até restringir o livre debate sobre questões como 
gênero nas escolas. 
A partir do momento que a nossa Educação não nos educa a rever os nossos 
preconceitos, estamos formando uma sociedade cada vez mais viciada, que 
naturaliza o machismo, o racismo e a LGBTQIA+fobia, e perpetua essa realidade. É 
por isso que precisamos nos posicionar contra uma lei que impeça que a gente discuta 
esses problemas na sociedade”, afirma a diretora de Comunicação da UBES, Isabela 
Queiroz. 
A demais, no âmbito específico da Lei 13.185/2015, constituem objetivos do 
Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying): prevenir e combater a 
prática da intimidação sistemática (Bullying) em toda a sociedade; capacitar docentes 
e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, 
orientação e solução do problema; implementar e disseminar campanhas de 
educação, conscientização e informação; instituir práticas de conduta e orientação de 
pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; 
dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores; integrar os 
meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de 
identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo; 
promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de 
uma cultura de paz e tolerância mútua; evitar, tanto quanto possível, a punição dos 
agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a 
efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil; promover medidas 
de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase 
nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento 
físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais 
integrantes de escola e de comunidade escolar (art. 4º). 
 
 
 
Faculdade de Minas 
9 
Embora com ênfase no chamado assédio escolar, a recente Lei 13.185, de 06 
de novembro de 2015, com início de vigência após 90 dias da data de sua publicação 
oficial (art. 8º), ocorrida no Diário Oficial da União de 09.11.2015, institui o Programa 
de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional (art. 1º). 
Na esfera do mencionado diploma legal, a intimidação sistemática (bullying) 
pode ser classificada, conforme as ações praticadas, como: 
 Verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente; 
 Moral: difamar, caluniar, disseminar rumores; 
 Sexual: assediar, induzir e/ou abusar; 
 Social: ignorar, isolar e excluir; 
 Psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, 
chantagear e infernizar; 
 Físico: socar, chutar, bater; 
 Material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem; 
 Virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou 
adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito 
de criar meios de constrangimento psicológico e social (art. 3º da Lei 
13.185/2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
10 
2 . 1 - COMPREENDER O ASSÉDIO ESCOLAR 
 
 
 
Antes de definir o assédio, é importante notar que o assédio escolar é uma das 
formas mais correntes que podem levar à violência nas escolas. Este é de fato um 
conceito genérico que designa o conjunto de incidentes físicos ou psicológicos que 
“provocam dor ou danos físicos ou psicológicos nas pessoas que estão ativas dentro 
ou em torno da escola, ou que visam causar danos aos objetos na escola”. A violência 
está na escola, ressoa no espaço escolar, mas também para além desse espaço, no 
ambiente socioeducativo. Interage com o clima institucional, com as práticas 
educacionais, com os comportamentos e com as ligações dos jovens à instituição e 
à sociedade. A violência ressoa, transpõe-se e ecoa noutros espaços da vida da 
criança e do adolescente, bem como nas pessoas em seu redor. 
Como um subconjunto deste conceito de violência nas escolas, o assédio pode 
ser definido como um fato que causa dor ou danos físicos ou psicológicos. No domínio 
jurídico, a definição de assédio é aliás limitada a esta: “Assédio: sem prejuízo de 
definições específicas nas áreas de emprego e de educação visadas no presente 
decreto, a situação na qual um comportamento indesejado, que está relacionado com 
 
 
 
Faculdade de Minas 
11 
um dos critérios protegidos de uma pessoa, ocorre com o objetivo ou com o efeito de 
violar a sua dignidade e de criar um ambiente intimidante, hostil, degradante, 
humilhante ou ofensivo”. É de notar que o assédio escolar é um conceito 
juridicamente delicado, no presente decreto o conceito de assédio envolve diferentes 
domínios da vida cotidiana; no Código Penal não está definido, é usado tanto para 
descrever o assédio moral como sexual ou físico, que atinge diversos públicos-alvo 
num conjunto de domínios da vida quotidiana. 
Constata-se que definir o assédio é um exercício difícil, as definições variam 
em função do contexto e são bastante vagas. Contudo, no domínio científico, se as 
definições são numerosas, uma maioria de investigadores está de acordo em três 
características: 
 Repetitividade; 
 Malícia; 
 Desequilíbrio de poder entre os protagonistas. 
Primeiro, a violência nas escolas pode ser qualificada como assédio quando 
os incidentes se repetem. A frequência desta repetição é mais difícil de definir, alguns 
evocam uma repetição semanal durante um mês ou menos. Outros estão mais 
inclinados para a repetição frequente dos atos durante seis meses. Alguns só falam 
de assédio quando os incidentes se estendem durante todo o ano escolar. De 
qualquer modo, se considerarmos o exemplo de uma criança que bate noutra no pátio 
da escola uma vez, qualificaremos esse ato como violência física. Se, pelo contrário, 
a criança bate na outra regularmente: por exemplo nos vestiáriosapós as aulas de 
ginástica, que são uma vez por semana, então esse ato realçará o assédio. 
Assim, se é difícil chegar a acordo sobre a frequência da repetição, podemos dizer 
que existe assédio quando os incidentes de violência física ou psicológica se repetem 
diversas vezes num determinado período de tempo. 
Em seguida, a intimidação também se caracteriza pela intenção do autor de 
fazer mal a outrem. Quer isto dizer que o assediador, quando atua, deve ter a vontade 
de fazer mal a outrem. É de notar que esta intenção nem sempre é consciente ou 
confessável; os autores encontraram, na maioria das vezes, uma outra desculpa para 
os seus atos; podem estar antes mais preocupados com os benefícios dos seus atos, 
em termos de estatuto ou de reputação, do que com os danos causados a outros. Se 
 
 
 
Faculdade de Minas 
12 
a intenção nem sempre é fácil de estabelecer, constatámos, no entanto que o ato 
revela assédio quando não é involuntário: o autor deseja, conscientemente ou não, 
fazer mal a outros. Não vamos desenvolver aqui este assunto, mas acrescentamos 
que esta intenção é influenciada por diferentes fatores, especialmente a pressão 
social e as normas do grupo do qual o autor faz parte. 
Finalmente, o último elemento que determina o assédio é a existência de uma 
relação de dominação entre o assediador e a sua vítima. Quer isto dizer que numa 
relação de assédio existe um desequilíbrio de poder entre os atores: um é dominador, 
o outro é dominado. Esta assimetria na relação “não reside necessariamente na força 
física, mas sim na percepção dos protagonistas” . Esta distinção é importante, o 
assediador pode diferir do perfil do imaginário coletivo (rapazes grandes e fortes que 
batem num mais fraco); pode ser um grupo de pessoas mais pequenas que troçam 
do peso de alguém maior do que elas. Se o grupo se vê como mais forte e se a vítima 
se vê como mais fraca, então há um desequilíbrio, mesmo se a nível de força física o 
equilíbrio seja inverso. Se pode ser, então, difícil para uma pessoa de fora determinar 
o significado da relação de assédio, ela caracteriza-se pela presença de um indivíduo 
ou de um grupo dominador e de um indivíduo ou de um grupo dominado. 
Podemos então definir o assédio como uma exposição repetida de um aluno a 
ações negativas – quer sejam físicas, quer psicológicas por parte de um ou mais 
alunos que tenha (m) a intenção de causar dor e que se veja (m) como dominador 
(es). Esta definição enfatiza que o assédio escolar pode ser físico ou psicológico. A 
literatura formula uma outra distinção entre assédio direto e indireto. Fala-se de 
intimidação direta para designar comportamentos abertos e diretos que se exprimem 
de forma verbal (insultos e provocações), material (roubo e danos) ou física (bater, 
empurrar, roubar ou tocar). O assédio indireto inclui, por sua vez, comportamentos 
mais subtis ou centrados no relacionamento, tais como ignorância, rumores, rejeição 
e exclusão. Esta segunda forma também se chama assédio relacional ou moral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
13 
2. 2 - CONCEITOS DE ASSÉDIO MORAL 
 
O assédio moral (AM) apresenta-se sob muitas expressões, a depender do 
país analisado; tem, porém, basicamente, um único significado. Acoso moral 
(Portugal), mobbing (EUA), bulling (Inglaterra), harcèlement moral (França) e ijime 
(Japão) são exemplos de expressões para o assédio moral. Todas elas expressam 
um descumprimento das regras de trato social definidas pela sociedade e cuja sanção 
é difícil por ser difusa sua ocorrência (FIUZA, 2004; VEGA; COMER, 2005). O termo 
assédio expressa o sentido de insistência inconveniente, certa perseguição em 
relação a outrem. Já o termo moral está relacionado com os princípios ou valores que 
norteiam as relações, o agir e o pensar dos indivíduos. Assim, analisando 
especificamente o aspecto linguístico do termo, percebe-se que o AM constitui uma 
ação com implicação moral. No entender de Santos (2005), o AM está 
consubstanciado na coação, no constrangimento ou na perseguição recorrente dos 
princípios e valores de uma pessoa, mediante tratamento desrespeitoso, 
inconveniente e ofensivo à dignidade humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
14 
 
3 - MANIFESTAÇÕES DO ASSÉDIO MORAL 
 
 
 
 
Quanto à discussão do assédio moral é importante a tentativa de identificação 
de um perfil mais usual do agredido no sentido de melhor se compreender a dinâmica 
deste processo. De acordo com Aguiar e Castro (2003), os indivíduos mais propensos 
a este tipo de assédio são aqueles que possuem comportamento diferenciado em 
relação aos padrões praticados pelo grupo no qual estão inseridos. 
Hirigoyen (2006) explicita melhor esta afirmação quando define que a 
discriminação tanto pode estar associada a questões raciais, religiosas, doença, 
exercício de atividades sindicais etc., como também ser empregada em relação 
àqueles indivíduos que se diferenciam do grupo por possuírem alta capacidade 
produtiva e muito comprometimento em ambientes menos produtivos. Fica claro 
então, que podem ser ignorados aspectos que beneficiam a organização na qual o 
 
 
 
Faculdade de Minas 
15 
processo de assédio ocorre, em detrimento dos interesses e objetivos pessoais do 
agressor. 
No que diz respeito a relação agressor-agredido, Hirigoyen (2002) aponta 
quatro tipologias distintas que podem ser encontradas nas organizações: colega 
agredindo outro colega; superior agredido por subordinado (s), agredido tanto por 
colegas, quanto por chefia e subordinado agredido por superior. Percebe-se assim 
com estas tipologias que a ascendência hierárquica não é um fator determinante na 
implantação de um processo de assédio moral. 
Para esta última autora, o primeiro caso também pode ser denominado de assédio 
horizontal (vem de colegas) onde não existe diferença hierárquica entre os indivíduos. 
Os fatores discriminatórios têm, normalmente, sua origem em diferenças de 
sexos, de classes sociais, religiosas, de nível de conhecimento, podendo inclusive ser 
gerados por dificuldades de relacionamento pré-existentes ao convívio organizacional 
existente. Freitas (2001) aponta, em concordância com Hirigoyen (2002), que o 
assédio horizontal é difícil de ser solucionado tendo em vista que grandes números 
de organizações não possuem chefias intermediárias competentes para lidar com 
problemas desta natureza, o que muitas vezes pode gerar o acirramento da questão. 
O segundo tipo de assédio – superior agredido por subordinado (s) – também 
conhecido como assédio moral ascendente, de acordo com Hirigoyen (2002), pode 
ocorrer quando os estilos e métodos do superior são reprovados por um ou mais 
indivíduos do grupo, seja por não se adequarem aos padrões vigentes, seja por um 
sentimento de “inveja” em relação a um colega promovido. Pode se manifestar de 
acordo com Freitas (2001), através do boicote a informações relevantes, da 
propagação de “fofocas” junto ao grupo e aos superiores e outras atitudes que tenham 
como finalidade a busca do descrédito do agredido. 
O terceiro tipo, também chamado de assédio misto é definido por Hirigoyen 
(2002) como aquele decorrente de um assédio horizontal prolongado resultar em um 
assédio vertical descendente pela omissão ou dificuldade da chefia direta em lidar 
com questões desta natureza em seu grupo de trabalho, potencializando e 
incentivando os erros do agredido. Este último é o tipo menos comum de assédio, 
porém é encontrado nas relações professor-aluno no Brasil, pelas características 
particulares do sistema de ensino do país. A relação de ensino/aprendizagem envolve 
um componente bastante sutil: não se trata de igualdade ou desigualdade de posições 
 
 
 
Faculdade de Minas 
16 
hierárquicas. Trata-se de uma relação na qual o professor recebe a anuência da 
instituição para promover o repasse de um bem intangível ao aluno – o conhecimento. 
Nãohá características de relação de trabalho ente aluno e professor. 
O professor executa e demanda uma série de esforços para serem cumpridos 
pelos alunos. O assédio ocorre em decorrência da relação de aquisição de um bem. 
 
3 . 1 - ASSÉDIO MORAL COMO SE APRESENTA NO AMBIENTE 
ESCOLAR 
 
Quanto ao assédio moral no ambiente escolar tem-se que são a exposição dos 
professores a situações degradantes, vexatórias, humilhantes, constrangedoras 
ocasionadas de forma repetitivas e prolongadas durante toda a jornada de trabalho, 
bem como no exercício das funções desse professor, predominando nas relações 
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que prevalecem condutas negativas, 
relações de barbárie e fora de éticas de longa duração, de um ou mais diretores 
dirigida a um ou mais professores, desumanizando e desestabilizando a relação da 
vítima com o ambiente escolar e a organização desse ambiente, coagindo o professor 
a desistir da escola e pedir remoção. 
Vários autores – Hirigoyen (2006), Barreto (2000), Freitas (2001), Oliveira 
(2006) e outros – definem que este processo de recusa à comunicação se dá de forma 
crescente De acordo com Hirigoyen (2006), existem sete formas distintas que se 
encontram explicitadas abaixo. 
a) Recusa à comunicação direta: não existe menção explícita do conflito e por 
conta disso o agredido não pode se defender, uma vez que o processo de 
desqualificação contínuo se dá através de pequenas e imperceptíveis atitudes 
por parte do agressor. Para Freitas (2001), parece que o agressor está o tempo 
todo dizendo à sua vítima “eu gosto muito de você, mas você não vale nada”. 
b) Desqualificar: permanece a agressão velada que dificulta a reação. Dá-se 
através de olhares, suspiros, pequenos gestos que colocam o agredido em 
uma posição de inferioridade em relação ao grupo. Na maior parte das vezes 
o próprio grupo não percebe o que está ocorrendo. Oliveira (2006) aponta que 
 
 
 
Faculdade de Minas 
17 
nesta etapa pode ter início o processo de descrédito do agredido no seio do 
grupo. 
c) Desacreditar: se dá através de um processo que objetiva ridicularizar, 
humilhar e quebrar a autoestima do agredido. Este processo normalmente tem 
início com uma insinuação maldosa, podendo, porém, ser utilizadas tanto 
situações mal resolvidas quanto mentiras envolvendo atitudes do agredido. 
Nesta etapa, de acordo com Freitas (2001), começa a existir a participação do 
grupo no processo de exclusão do agredido. 
d) Isolar: o agressor promove a quebra de toda e qualquer aliança possível por 
parte do agredido. Com isto, este fica isolado tendo assim maior dificuldade de 
contrapor qualquer tipo de resistência em relação ao processo de assédio 
vivenciado. Para Oliveira (2006), esta fase se manifesta pela implantação de 
um processo de isolamento social e/ou geográfico do agredido. 
e) Vexar: a vítima passa a ter que realizar tarefas inúteis ou de menor 
importância; buscar metas inatingíveis; cumprir prazos impossíveis etc. Aqui, 
de acordo com Oliveira (2006), o agredido passa a ser explicitamente 
humilhado, o que acaba por lhe trazer dor, tristeza e sofrimento. Tem início um 
processo de linchamento moral do agredido no seio do grupo no qual está 
inserido. 
f) Induzir ao erro: através da consolidação dos efeitos perniciosos da etapa 
anterior, fica mais fácil para o agressor levar o agredido a errar 
sistematicamente, passando então a um processo de explicitação de toda e 
qualquer falha, objetivando a desqualificação contínua da vítima junto ao 
grupo. 
g) Assediar sexualmente: de acordo com Freitas (2001), faz parte do assédio 
moral sendo mais um passo neste processo. Para Oliveira (2006), esta etapa 
se caracteriza pela existência de comportamentos sedutores, ocorrendo em 
ambos os sexos. De acordo com Hirigoyen (2006), este tipo de assédio 
caracteriza um comportamento de reafirmação do próprio poder de um 
indivíduo sobre o outro, não estando diretamente relacionado com a 
necessidade da obtenção de “favores” sexuais. Freitas (2001, p.15) sintetiza o 
processo e as etapas do assédio moral com a seguinte afirmação: O assédio 
moral torna-se possível porque ele é precedido de uma desqualificação da 
 
 
 
Faculdade de Minas 
18 
vítima que é não somente aceita em silêncio, como também endossada pelo 
grupo ao qual esta pertence. 
 
 
 
 
3.2 - COMO SE CARACTERIZA O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE 
ESCOLAR 
 
O assédio moral tem como uma de suas características a deterioração 
desenfreada das condições de trabalho, predominando atitudes e comportamentos 
negativos dos diretores em relação aos seus professores, constituindo uma 
experiência subjetiva, contribuindo para aquisição de prejuízos práticos e emocionais 
para o professor em seu ambiente escolar. Assim, quando a vítima é escolhida pelo 
assediador ela é isolada do grupo sem explicações alguma, passando a ser 
hostilizada, abusada, achincalhada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada e 
desonrada diante dos seus pares. 
Os seus pares por medo das avaliações de desempenho, e do isolamento no 
grupo, bem como a vergonha de serem humilhados, associado ao estímulo constante 
à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima, passando a reproduzir, 
bem como repetir as ações e atos do agressor no ambiente escolar, instaurando, 
desse modo, o “pacto da tolerância e do silêncio" no coletivo ou fora dele, enquanto 
a vítima vai de forma gradativa se desestabilizando emocional e fisicamente, se 
fragilizando, perdendo com isso, a sua autoestima, depreciando a sua autoimagem e 
por conseguinte a sua saúde. 
O assédio moral, ainda se caracteriza em muitos casos por intermédio de mau 
gosto quando: O professor permanece no banheiro; falta ao serviço para ir ao médico; 
proibição de tomar café; redução do horário das refeições; advertência em razão de 
atestados médicos; reclamação de direitos; divulgação de boatos sobre a moral do 
professor (se homens, o assédio se manifesta por intermédio de piadas e/ou 
comentários sobre sua virilidade); imposição de sobrecarga de trabalho; impedimento 
 
 
 
Faculdade de Minas 
19 
de continuação do trabalho, deixando de prestar informações necessárias; colocação 
de um professor controlando outro, fora do contexto da estrutura hierárquica da 
escola, espalhando, desse modo, a desconfiança e procurando evitar a solidariedade 
entre os professores; as condutas de assédio têm como alvo frequente as professoras 
e os professores doentes, ou que sofreram acidentes do trabalho, que são 
discriminados e segregados; impedimento do professor de expressar-se, sem explicar 
os motivos; estabelecimento de vigilância especialmente ao professor assediado. 
 
4- O ASSÉDIO MORAL NÃO OCORRE APENAS ENTRE SUPERIOR E 
SUBORDINADO 
 
 
Muito embora a situação seja mais comum entre superior para um 
subordinado, em muitos casos podem ocorrer entre professores de mesmo nível 
hierárquico, ou mesmo de um professor a um dos diretores, sendo este último caso, 
mais difícil de se configurar. 
O que importa para configurar o assédio moral, não é o nível hierárquico do 
assediador ou do assediado, mas sim as características da conduta: a prática de 
situações humilhantes no ambiente escolar, de forma repetida. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
20 
Nesse sentido, destaca-se que, o assédio moral vindo do superior em relação 
a um professor pode ocasionar mudanças negativas no comportamento dos demais 
professores, que passam a isolar o assediado, afastando-se dele para resguardar seu 
próprio emprego, reproduzindo assim, a condutas do agressor. Passando a haver 
uma rede de silêncio e tolerância às condutas arbitrárias, bem como a ausência de 
solidariedade para com o professor assediado. 
Isso ocorre porque o assediador promove uma ruptura nos laços afetivos entre 
os professores, como forma de facilitar e promover a manipulação e dificultar a troca 
de informações ea solidariedade entre seus pares. 
 
4.1 - FREQUÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO 
As escolas públicas são espaços de trabalho onde o assédio moral se 
apresenta de forma mais visível e acentuada. Muitas instituições de ensino tendem a 
serem ambientes carregados de situações perversas e malvadas, com professores e 
grupos que muitas vezes, por falta de preparo de alguns diretores. 
Mas, com frequência por pura perseguição a um determinado professores 
fazem verdadeiros "plantões" de assédio moral. Nesses espaços público, o assédio 
moral tende a ser mais frequente em razão das seguintes especialidades: os diretores 
não dispõem sobre o vínculo funcional do professor. Não podendo demiti-lo, passa a 
humilhá-lo e a sobrecarregá-lo de tarefas inócuas. 
Outro aspecto de grande influência é o fato de que, na escola pública, muitas 
vezes, os diretores são indicados em decorrência de seus laços de amizade ou de 
suas relações políticas, e não por sua qualificação técnica e preparo para o 
desempenho da função. 
Despreparados para o exercício da direção, e muitas vezes sem o 
conhecimento mínimo necessário para tanto, mas amparado nas relações que 
garantiram a sua indicação, o superior hierárquico pode tornar-se extremamente 
arbitrário, por um lado, buscando compensar suas evidentes limitações, e, por outro, 
considerando-se intocável. 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
21 
4.2- AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL A SAÚDE DO 
PROFESSOR 
De acordo com (HIRIGOYEN, 2001) o ato de coisificar o homem possui alguns 
significados nas relações de trabalho que podem ser demonstrados na dificuldade 
que algumas pessoas têm em considerar o semelhante como ser humano, 
estabelecendo vínculos “alicerçados em relações de força, desconfiança e 
manipulação”. 
Segundo a referida autora os reflexos dessas posturas ganham contornos de 
abuso de poder e de manipulação de pessoas ao reduzi-las a meros objetos, objetos 
estes que, na dinâmica da perversidade narcisista, confirma, refletem “[...] uma fria 
racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres 
humanos [...]”. Os reflexos de quem sofre a humilhação, rebaixamento, desonra e 
aviltamentos são significativos e vão desde a perda da baixa autoestima até 
problemas de saúde mais graves. 
Dentre as marcas prejudiciais do assédio moral na saúde do professor, 
destacam-se as seguintes consequências: Depressão, angústia, estresse, crises de 
competência, crises de choro, mal-estar físico e mental; Cansaço exagerado, falta de 
interesse pela escola, irritação constante; Insônia, alterações no sono, pesadelos; 
Diminuição da capacidade de concentração e memorização; Isolamento, tristeza, 
redução da capacidade de se relacionar com outras pessoas e fazer amizades; 
Sensação negativa em relação ao futuro; Mudança de personalidade, reproduzindo 
as condutas de violência moral; Aumento de peso ou emagrecimento exagerado, 
aumento da pressão arterial, problemas digestivos, tremores e palpitações; Redução 
da libido; Sentimento de culpa e pensamentos suicidas; Uso de álcool e drogas, e 
Tentativa de suicídio. 
O assédio moral causa a perda de interesse pelo trabalho escolar e do prazer 
de trabalhar na escola, desestabilizando emocionalmente e provocando não apenas 
o agravamento de moléstias já existentes, como também o surgimento de novas 
doenças. Além disso, as perdas refletem-se no espaço escolar, atingindo, em muitos 
casos, os demais professores, com a queda da produtividade e da qualidade, a 
ocorrência de doenças profissionais e acidentes de trabalho, causando, ainda, a 
 
 
 
Faculdade de Minas 
22 
rotatividade de professores e o aumento de ações judiciais pleiteando direitos 
trabalhistas e indenizações em razão ao assédio moral sofrido. 
 
4.3 - RESPONSABILIZAÇÃO PELO ASSÉDIO MORAL SOFRIDO 
 
O assediador pode ser responsabilizado na esfera civil (indenização por danos 
materiais e morais, com fundamento no artigo 186 e 927 do Código Civil, segundo 
a qual todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo), administrativa 
(desde a advertência até a demissão), bem como na esfera penal (a responsabilidade 
criminal do servidor público é apurada pelo poder judiciário). 
Sendo o assediador diretores de escola (servidores públicos), da (União 
Federal, Estado ou Município) pode ser responsabilizado pelos danos materiais e 
morais sofridos pela vítima, porque possui responsabilidade objetiva atribuída por lei 
(independe de prova de sua culpa). 
Comprovado o fato e o dano, cabe aos entes federados a indenização a vítima, 
podendo, entretanto, processar o assediador, visando à reparação dos prejuízos que 
venha a sofrer. 
Para fins criminais, o conceito de servidor público encontra-se estabelecido no 
art. 327 do Código Penal, qual seja: 
Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
pública. 
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou 
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora 
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes 
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de 
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, 
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo 
poder público. 
 Confira como tem sido o posicionamento do judiciário brasileiro em relação ao 
assédio moral: 
Nesse sentido já se posicionou a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul, senão vejamos: Ementa: RECURSO INOMINADO. 
SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ASSÉDIO MORAL E PERSEGUIÇÃO. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
23 
PROFESSOR QUE TEVE QUE SUPORTAR PROCEDIMENTO 
ADMINISTRATIVO E CRIMINAL POR FATO QUE LHE FOI 
MALICIOSAMENTE IMPUTADO, COM O APOIO DA DIREÇÃO ESCOLAR. 
ILEGALIDADE COMPROVADA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 
POSSIBILIDADE. A Administração Pública responde objetivamente pelos 
danos advindos de atos de seus agentes, contra terceiros, nos termos do 
artigo 37, §6º, da Constituição Federal. No caso dos autos, houve 
comprovação, através de documentos e testemunhas, de que a parte autora 
foi vítima de perseguição por seus superiores, bem como é competente em 
seu trabalho, apenas aplicando metodologia de ensino que envolve 
brincadeiras, como forma de descontração e aproximação com os alunos. O 
ponto máximo do agir indevido do Diretor da Escola contra o autor foi quando 
incentivou pais de aluno a buscarem a coordenadoria de ensino e o Ministério 
Público, a fim de instaurarem os procedimentos cabíveis por suposto Assédio 
Sexual contra aluno que teria sido promovido pela parte autora, mas que não 
restou comprovado, nem na esfera administrativa, nem na esfera penal. 
Atuação indevida da direção escolar, na condução dos servidores e da 
escola como um todo, contudo, que não tem relevância para se apurar valor 
da indenização devida para o requerente. Valor arbitrado a título de 
indenização por danos morais, pelo sentenciante, resta reduzido, pois se 
apresenta elevado, ficando fixado em R$ 10.000,00 (dez mil), mesmo 
patamar estabelecido em casos análogos em que houve constatação de 
perseguição de servidor na sua atividade profissional, com consequências 
graves para a vítima. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME. 
(Recurso Cível Nº 71004661328, Turma Recursal da Fazenda Pública, 
Turmas Recursais, Relator: Paulo Cesar Filippon, Julgado em 27/03/2014). 
No mesmo sentido discorre o Doutrinador Sílvio de Salvo Venosa (2006), in 
verbis: 
Há função de pena privada, mais ou menos acentuada, na indenização por 
dano moral, como reconhece o direito comparado tradicional. Não se trata, 
portanto, de mero ressarcimento de danos, como ocorre na esfera dos danos 
materiais. (...) Há um duplo sentidona indenização por dano moral: 
ressarcimento e prevenção. Acrescente-se ainda o cunho educativo, didático 
ou pedagógico que essas indenizações apresentam para a sociedade. 
No que tange aos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, é de bom 
alvitre colacionar o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça: 
“EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL”. AGRAVO REGIMENTAL NO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. 
CARACTERIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO 
DA OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA 
PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE, EM RAZÃO DAS PECULIARIDADES INERENTES À 
HIPÓTESE EM TELA. 
I – Ausência de cotejo analítico satisfatório entre os julgados tidos por 
divergentes. Necessidade de estrita observância do art. 255, §§ 1º e 2º, do 
RISTJ, c.c. art. 541, parágrafo único, do CPC. Precedentes. 
II – Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade foram observados 
na determinação do quantum indenizatório a título de danos morais, 
conforme o quanto foi fundamentadamente decidido no v. aresto vergastado, 
em vista das circunstâncias e das peculiaridades inerentes ao caso 
examinado. 
III – O Órgão Julgador levou em consideração a gravidade da situação, no 
contexto em que inserida, a sua repercussão, o momento em que ocorreu e 
a vítima do ato ilícito, e, nesses termos, a comparação entre diversos valores 
 
 
 
Faculdade de Minas 
24 
fixados para a reparação do dano moral não pode ser realizada de modo 
irrestrito, pois, dessa maneira, não se consideram as peculiaridades da 
espécie. Assim sendo, a indenização somente pode ser alterada por este 
Superior Tribunal de Justiça se exorbitante ou irrisória, o que não é o caso 
dos autos. Precedentes. 
IV – AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO." (AgRg no Ag 787929/MS, 
Relator Ministro Massami Uyeda, DJ 14.04.2008 p. 1, 4ª Turma) (grifos 
inautênticos). 
A título de exemplo, transcreve-se um trecho da decisão de relatoria do Doutor 
Desembargador DONIZETE VIEIRA DA SILVA, do Tribunal Regional do Trabalho – 
2ª Região: 
O assédio moral é uma das espécies do dano moral e tem pressupostos 
muito específicos, tais como: conduta rigorosa reiterada e pessoal, 
diretamente em relação ao empregado; palavras, gestos e escritos que 
ameaçam, por sua repetição, a integridade física ou psíquica; o empregado 
sofre violência psicológica extrema, de forma habitual por um período 
prolongado com a finalidade de desestabilizá-lo emocionalmente e 
profissionalmente. É fundamental que haja a intenção de desestabilizar o 
empregado vitimado, minando sua confiança produtiva, com a intenção de 
excluí-lo do ambiente de trabalho, marginalizando-o e debilitando 
gravemente seu potencial de trabalho (ACÓRDÃO nº: 20160520082 - 
Relator: DONIZETE VIEIRA DA SILVA - Publicação: 25-07-2016). 
 
5 - ASSÉDIO MORAL – REALIDADE BRASILEIRA 
 
De acordo com Oliveira (2006), no Brasil a nomenclatura de assédio moral 
somente foi introduzida no meio acadêmico após a tradução da obra de Hirigoyen 
(2006) anteriormente citada, independentemente de a existência desta prática já vir 
sendo identificada no âmbito das organizações nacionais. Este autor pontua ainda, 
que apesar de não se tratar de um problema novo, este assunto ainda se encontra 
cercado de muitos tabus, sendo pouco discutido nos âmbitos organizacional e 
acadêmico. 
 As pesquisas acadêmicas sobre assédio moral no Brasil, de acordo com 
Corrêa e Carrieri (2004), tiveram seu início com o estudo realizado por Margarida 
Barreto que teve sua conclusão em 2002. Este estudo envolveu tanto a realidade 
nacional com pesquisa de campo aplicada junto a 4.718 trabalhadores, quanto a 
regional com o estudo da realidade encontrada no Banespa com 1.001 participantes. 
Em ambos os casos, de acordo com os autores foram encontrados percentuais 
 
 
 
Faculdade de Minas 
25 
expressivos de empregados que reconheciam ter passado pelo processo de assédio 
em seus diferentes níveis. 
Outros estudos foram feitos em sequência buscando apreender melhor a 
realidade brasileira no que se refere ao processo de assédio moral no Brasil. Dentre 
estes podem ser citados: Oliveira (2006), Aguiar e Castro (2003) e Corrêa e Carrieri 
(2004). Cabe ressaltar que o foco destes trabalhos é centrado na esfera das 
organizações públicas e na solução de questões trabalhistas, ficando, de maneira 
geral, a realidade dos problemas existentes na iniciativa privada fora destes estudos. 
 A insipiência desta discussão no Brasil, segundo Corrêa e Carrieri (2004), se 
reflete no baixo número de leis que disciplinam os aspectos legais do assédio moral, 
existindo em vigor, apenas algumas leis estaduais e municipais regulando o assunto, 
e somente no que se refere aos aspectos inerentes à Administração Pública. O 
próprio assédio sexual, já legislado em diversos países, permanece, de acordo com 
Freitas (2001) sem legislação específica no caso brasileiro. Nem a CLT nem o Código 
penal contemplam esta questão e as ocorrências são raramente registradas em 
simples queixas em delegacias. 
A preocupação legal com a questão do assédio moral teve o seu início em 
termos nacionais no Brasil, em 2001, quando foi elaborado o projeto de lei nº 4.742. 
Este projeto pretende introduzir o conceito de assédio moral no Código Penal 
brasileiro, qualificando-o e atribuindo pena de detenção quando de sua identificação 
conforme explicitado no artigo de número 146 A, abaixo transcrito como proposto: 
Art. 146 A. Desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou 
atitudes, a autoestima, a segurança ou a imagem do servidor público ou 
empregado em razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral. 
Pena: Detenção de 3 (três) meses a um ano e multa. Até este momento, 
porém a proposta aguarda votação no plenário da Câmara de Deputados 
para ser encaminhada à votação no Senado, permanecendo a questão em 
um vazio legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
26 
5.1 - PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 
 
Esta pesquisa classifica-se como exploratória, buscando tornar o entendimento 
do tema de assédio moral mais claro. Como instrumento, desenvolveu-se uma survey 
piloto, de forma a permitir uma análise inicial da situação e futura adaptação para 
pesquisa descritiva. 
A pesquisa exploratória, conforme Malhotra (2001), além de melhorar a 
compreensão de um problema de pesquisa, permite o desenvolvimento de hipóteses 
e a definição de critérios para pesquisas futuras que envolvam amostras 
probabilísticas. Assim, esta pesquisa-piloto torna-se útil para uma melhor definição, 
não apenas do tema, mas também do problema de pesquisa. 
O questionário inicial aplicado em survey piloto constou de 29 questões: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessas 29, 26 são voltadas para respostas fechadas e 3 para abertas. Após a 
aplicação de pré-teste e correções, partiu-se para a coleta de dados com os demais 
 
 
 
Faculdade de Minas 
27 
professores do curso. Nas seções seguintes descreve-se o modelo de análise 
desenvolvido para esta pesquisa e a amostra utilizada. 
Com base nos diversos apontamentos da literatura, construiu-se o modelo de 
análise (Quad. 1) apresentado a seguir, considerando-se 3 dimensões: Professor, 
Instituição de Ensino e Assédio. 
Na dimensão Professor, foram observadas características referentes à 
experiência dos mesmos, ao tipo de titulação, aos dados demográficos e ao tipo de 
disciplina ministrada. 
A dimensão Instituição de Ensino, por sua vez, analisa os mecanismos de 
apoio e agentes institucionais responsáveis pela resolução de casos de assédio 
moral, bem como analisa a dificuldade de ingresso dos alunos. 
Em dimensão Assédio, estão incluídos atributos voltados para a análise do 
assédio moral sofrido, sua frequência de ocorrência, formas de assédio, disciplinas 
com maior ocorrência e efeitos provocados no mesmo. 
A amostra constituiu-se de 23 respondentes de um total de 28professores do 
curso de administração pesquisado (todos de instituição privada). Como pode ser 
observado na tab. 1, 14 professores são do sexo masculino e 9 do sexo feminino, 
com idades variando entre 27 e 60 anos. Em sua maioria, ensinam até 5 disciplinas 
e possuem uma renda entre 10 e 40 salários mínimos. 
Quanto à titulação, são em sua maioria professores com mestrado (56,5%), 
com formação maior em administração (43%) e áreas afins. O tempo de obtenção da 
última titulação varia entre 2 e 5 anos (43,5%) e entre 5 e 10 anos (34,8%). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entre os professores pesquisados, verifica-se baixa produção acadêmica (tab. 
2). A maior parte dos entrevistados não produz (26,1%) ou considera possuir baixa 
produção acadêmica (47,8%). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
29 
Na auto-avaliação dos professores quanto à condução das disciplinas, 
observa-se que estes consideram seus esforços medianos (43,5%) ou altos (56,5%) 
(ver tab. 3). Já, especificamente quanto às disciplinas, aquelas voltadas à área de 
tecnologia e as afins foram consideradas como possuindo maior dificuldade no 
processo de ensino (tab. 4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta seção apresentam-se as análises dos resultados obtidos na pesquisa e 
as devidas implicações para a ocorrência de assédio moral. Primeiramente é 
importante observar que na amostra caracterizada anteriormente, 13 professores 
(56,4%) afirmaram ter passado por alguma situação de assédio em algum momento 
de sua experiência de ensino (tab. 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
30 
5.2 - CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE SOFRE O 
ASSÉDIO MORAL 
 
Confrontando-se os dados de professores que já sofreram assédio com o de 
professores que nunca passaram por esta situação, verifica-se que existem algumas 
diferenças entre os mesmos. Levando-se em conta proporção simples, passam por 
situações de maior desconforto os professores com as seguintes características: 
mulheres (66% versus 50% dos homens), raça parda ou negra (66% e 100% versus 
46% da raça branca), com titulação de mestrado ou doutorado (69% e 100% versus 
33% dos professores especialistas). 
Também ocorre maior frequência de assédio entre os professores que 
possuem maior produção acadêmica. Apenas 20% dos professores que não 
produzem passaram por algum tipo de assédio, enquanto que esta proporção passa 
para 70,5% entre os professores que possuem produção acadêmica. 
Estes profissionais que sofreram assédio possuem, também, opiniões 
diferentes: consideram o processo de seleção mais fácil do que os demais 
professores e consideram o esforço despendido por si na condução de disciplinas 
mais alto. Ou seja, 83% dos professores que passaram por um processo de assédio 
consideram o processo de seleção dos alunos fácil, enquanto que 70% dos que não 
passaram por essa situação consideram, por sua vez, a seleção mediana. Além disso, 
os professores que sofreram o processo de assédio consideram o esforço despendido 
por si mesmo alto (77%) enquanto que os demais professores consideram seus 
esforços medianos. (70%). 
Quanto à área de titulação do professor, percebe-se que o assédio ocorre com 
frequência similar entre os professores de áreas afins ao curso de administração 
(53,3%), e as áreas diretamente ligadas a administração (55,6%). Merecem destaque 
entre a ocorrência de desconforto os professores de áreas que incluem cálculo, como 
área financeira e matemática, e ciências sociais, como psicologia, sociologia e 
filosofia. Interessante resultado refere-se ao cruzamento entre disciplinas nas quais o 
professor possui maior dificuldade para ensino e as disciplinas nas quais o assédio 
ocorre com mais frequência. Em 72% dos casos, as disciplinas com maior dificuldade 
de ensino são também aquelas onde ocorre maior incidência de assédio, porém, 
 
 
 
Faculdade de Minas 
31 
chama-se a atenção para os casos nos quais isto não aconteceu. Em 80% dos 
respondentes responsáveis por disciplinas afins o problema do assédio moral foi 
identificado. Demais fatores, como idade, tempo de experiência e quantidade de 
disciplinas ministradas não foram considerados diferenciadores, assim como o tempo 
de obtenção da última titulação. 
 
5.3 - CARACTERIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL 
 
Ao analisar-se o assédio moral sofrido pelos professores, nota-se que o mesmo 
ocorre com maior incidência em disciplinas de afins do curso de administração (8), 
com os demais grupos disciplinas sendo menos citados (tab. 6). Quanto ao período 
de maior frequência de assédio, este parece estar mais ligado ao momento após o 
recebimento de resultados e após as avaliações. Outro período de desconforto refere-
se ao início do semestre, considerado um período de adaptação entre professor e 
aluno (tab. 7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tipo de assédio moral mais frequente é o da tentativa de induzir o professor 
ao erro e de compará-lo com outros professores. Outros tipos com ocorrência menor, 
porém mais citadas pelos professores refere-se a ignorar solicitações de forma 
proposital e tentar promover o isolamento do professor perante os demais alunos 
(tab.8). 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além destes, outros comportamentos foram verificados pelos professores, 
como: ausência conjunta (alunos fazem combinação para faltar aulas), falta de 
educação ao receber avaliação com resultados negativos, testes do conhecimento do 
professor e reclamações em geral, como excesso de conteúdo, excesso de rigidez 
nas avaliações e desacordo com critérios de avaliação. Outro comportamento refere-
se ao descomprometimento de toda a turma para com a disciplina. 
Efeitos do Assédio Moral O assédio moral pode provocar diversos efeitos 
naquela pessoa que o sofre. Entre as consequências observadas, percebe-se que a 
desmotivação é a que ocorre com maior frequência (tab. 9). Nota-se, também, que, 
apesar da existência do assédio, apenas 3 professores pensam moderadamente em 
sair da instituição por conta do mesmo, os demais professores (10) nunca pensaram 
no fato (tab. 10). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
33 
 
 
5.4 - MOTIVOS PARA A OCORRÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL 
 
 Alguns motivos que podem levar ao desconforto na relação entre professor e 
aluno se referem à baixa qualidade na formação no ensino fundamental e médio e 
imaturidade dos alunos. Outro fator apontado pelos professores remete à 
complexidade do processo seletivo da instituição, considerado fácil, o que corrobora 
os dois aspectos anteriores (tab. 11). 
Desta forma, ressalta-se também, não apenas a qualidade do ensino prévio, 
mas também a qualidade da educação doméstica e a tolerância demasiada a 
posturas e condutas inadequadas dos alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns contextos do ambiente e do professor também foram colocados como 
fatores motivadores da ocorrência do assédio moral. Entre estes cita-se o tamanho 
das turmas, que quando muito cheias, acabam gerando segurança entre os alunos 
para enfrentamento do professor, por conta da falta de infraestrutura adequada para 
a prestação do serviço (aulas). Seguindo uma linha complementar, identifica-se um 
conjunto de fatores de organização acadêmica, como o excesso de tarefas em 
semestres específicos, o que pode causar descomprometimento com algumas 
disciplinas. 
Agentes e mecanismos institucionais de suporte ao professor Como suporte 
oferecido pela instituição, todos os professores citaram apenas a coordenação do 
curso, sem referir-se a qualquer outro tipo de instrumento. Como mecanismos 
 
 
 
Faculdade de Minas 
34 
institucionais de apoio foram apontados o Regimento Interno da Instituição e o Manual 
do Professor. O Manual do Professor espelha de maneira mais operacional os itens 
especificadosno Regimento e que dão, em última instância, suporte legal à solução 
de questões desta natureza. 
O Regimento da instituição pesquisada trata a questão do assédio moral de 
forma indireta e velada, sob a denominação de “desrespeito ao professor”. Como 
forma de punição a instituição adota uma posição de inicialmente repreender por 
escrito e publicamente o aluno envolvido. A repetição da conduta levaria a 
penalidades maiores, passando pela suspensão e culminando com a expulsão do 
discente da instituição. 
As instituições de ensino, sejam do Ensino Básico ou do Ensino Superior, não 
estão livres de condutas violentas, como o assédio, o bullying, a violência verbal e 
física e a discriminação. Podem ser responsabilizadas caso tais condutas ocorram 
em seu ambiente, especialmente se perpetradas por seus funcionários e professores. 
Atualmente, a preocupação com a imagem institucional cresceu, muito em função da 
repercussão provocada pela internet. Denúncias de alunos, por exemplo, que 
alcancem os meios digitais podem ser deletérias para a imagem da instituição, o que 
pode resultar em prejuízos de enorme proporção. 
Melhor do que remediar, é prevenir. Oferecer um ambiente no qual o aluno ou 
funcionário, vítima de condutas violentas, possa recorrer aos superiores e possa ouvir 
o seu relato, faz a diferença na resolução do conflito e da violência. 
O caminho para a prevenção, contudo, deve ser bem pavimentado. Criar 
canais para receber denúncias é um começo, mas a regulação da instituição também 
deve ser atualizada. Garantir o sigilo da informação publicada no canal de 
comunicação é primordial, além do que os funcionários, que lidarão com os casos, 
devem estar preparados e treinados para a empreitada. 
A situação é distinta da de um inquérito policial ou investigações judiciais. No 
entanto, é preciso que a instituição de ensino mantenha postura acolhedora, pois 
também é de seu interesse conhecer a situação e buscar por soluções dentro de seu 
âmbito. É bom para o estudante e também para a instituição de ensino. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
35 
Medidas preventivas são capazes de atenuar a responsabilidade civil. Ao 
contratar assessoria jurídica que lide com tais questões, a instituição de ensino estará 
ciente dos benefícios de cada etapa e mesmo da importância de incentivar que as 
vítimas tenham coragem e façam as denúncias. 
A instituição de ensino que se preocupa com essa questão estará na 
vanguarda para o futuro. Prestigiadas universidades estrangeiras, como 
a Universidade de Cambridge e a de Oxford, dispõem de portal eletrônico, com 
perguntas e respostas padrões para serem preenchidas pelo usuário, iniciando, com 
isso, a fase investigativa. No Brasil, poucas são iniciativas. 
O tema é novo e as novidades são bem vistas, reconhecidas socialmente. 
Adotar medidas de combate à violência é um traço marcante da responsabilidade 
social das instituições de ensino, que, se assim o fizer, demonstrará que adota 
postura responsável frente aos conflitos. 
DISQUE 100 – DISQUE DIREITOS HUMANOS – DISQUE DENÚNCIA NACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O 
 
 
 
 
 
 
Principal é não se isolar, é procurar alguém de confiança e denunciar a situação 
para órgãos competentes. O principal é não se calar. 
 
O Disque Denúncia foi criado em 1997 por organizações não-governamentais 
que atuam na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
36 
Foi em 2003 que o serviço passou a ser de responsabilidade do governo 
federal. A coordenação e execução do Disque 100 ficou então a cargo da Secretaria 
de Direitos Humanos, criada no mesmo ano, vinculada à Presidência da República. 
O QUE É O SERVIÇO? 
O Disque Direitos Humanos, ou Disque 100, é um serviço de proteção de 
crianças e adolescentes com foco em violência sexual, vinculado ao Programa 
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, da 
SPDCA/SDH. Trata-se de um canal de comunicação da sociedade civil com o poder 
público, que possibilita conhecer e avaliar a dimensão da violência contra os direitos 
humanos e o sistema de proteção, bem como orientar a elaboração de políticas 
públicas. 
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) fez 
mudanças no Disque 100 que atendia exclusivamente denúncias de abuso e 
exploração sexual contra crianças e adolescentes. 
O serviço foi ampliado, passou a acolher denúncias que envolvam violações 
de direitos de toda a população, especialmente os Grupos Sociais Vulneráveis, como 
crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com 
deficiência e população LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). 
COMO É A ATUAÇÃO? 
Com o objetivo de receber/acolher denúncias, procurando interromper a situação 
de violação de direitos humanos, o serviço atua em três níveis: 
 Ouve, orienta e registra a denúncia; 
 Encaminha a denúncia para a rede de proteção e responsabilização; 
 Monitora as providências adotadas para informar a pessoa denunciante sobre 
o que ocorreu com a denúncia. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
37 
COMO DENUNCIAR? 
O Disque 100 funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana 
e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de 
proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições 
específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada (nas situações de 
crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da 
pessoa denunciante. Pode ser acessado por meio dos seguintes canais: 
 Discagem direta e gratuita do número 100; 
 Envio de mensagem para o e-mail disquedenuncia@sdh.gov.br; 
 Pornografia na internet através do portal www.disque100.gov.br 
 Ligação internacional. Fora do Brasil através do número +55 61 3212.840 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
38 
BIBLIOGRAFIA 
BARRETO, Margarida, M.S. Uma jornada de humilhações. 2000. 266f. Dissertação 
de Mestrado em Psicologia Social. PUC, São Paulo, 2000. 
CORRÊA, Alessandra M.H e CARRIERI, Alexandre P. “Administrar é criar 
conflitos”: o assédio moral degradando as relações de trabalho no poder 
judiciário. 
ENANPAD, Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em 
Administração. Atibaia: ANPAD, 2004. 
FREITAS, Maria E.de. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso 
nas organizações. Revista de Administração de Empresas – RAE, São Paulo,v 41, 
nº 2, abr/jun 2001. p.8-19. 
HIRIGOYEN, M. F. Assédio Moral: a violência perversa no cotidiano. 5. ed. Rio 
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002a. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da 
República Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 
LIMA FILHO, Francisco das Chagas. O assédio moral nas relações laborais e a 
tutela da dignidade humana do trabalhador. LTr. São Paulo, 2009. 
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3ª Ed. 
Porto Alegre: Bookman, 2001. 
OLIVEIRA, Flávio M. de. Subjugação no ambiente de trabalho: uma análise sobre 
o fenômeno do assédio moral em uma organização militar. In: IV EnEO – 
Encontro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre: ANPAD, 2006. 
TEIXEIRA, João Luís Vieira. O assédio moral no trabalho: conceito, causas e 
efeitos, liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção. LTr. São 
Paulo, 2009. 
VENOZA, Silvio. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 6ª Edição. São Paulo: Atlas, 
2006.

Outros materiais