Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ASSÉDIO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO Faculdade de Minas 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4 2 - ASSÉDIO NAS ESCOLAS: COMO COMBATER ESSA REALIDADE? ..... 6 2 . 1 - COMPREENDER O ASSÉDIO ESCOLAR .......................................... 10 2. 2 - CONCEITOS DE ASSÉDIO MORAL .................................................... 13 3 - MANIFESTAÇÕES DO ASSÉDIO MORAL .............................................. 14 3 . 1 - ASSÉDIO MORAL COMO SE APRESENTA NO AMBIENTE ESCOLAR ................................................................................................................................. 16 3.2 - COMO SE CARACTERIZA O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE ESCOLAR ................................................................................................................ 18 4- O ASSÉDIO MORAL NÃO OCORRE APENAS ENTRE SUPERIOR E SUBORDINADO ...................................................................................................... 19 4.1 - FREQUÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO .......... 20 4.2- AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL A SAÚDE DO PROFESSOR ........................................................................................................... 21 4.3 - RESPONSABILIZAÇÃO PELO ASSÉDIO MORAL SOFRIDO.............. 22 5 - ASSÉDIO MORAL – REALIDADE BRASILEIRA ...................................... 24 5.1 - PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ...................................................... 26 5.2 - CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE SOFRE O ASSÉDIO MORAL .................................................................................................................... 30 5.3 - CARACTERIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL......................................... 31 5.4 - MOTIVOS PARA A OCORRÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL .................. 33 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 38 Faculdade de Minas 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Faculdade de Minas 4 1 - INTRODUÇÃO A subjetividade do professor pode ser compreendida como um dos elos da relação professor/aluno, e influencia diretamente na aprendizagem e no processo de ensino. Tendo em vista o vínculo que se estabelece atualmente entre professores e alunos, o ambiente criado nas salas de aula pode se apresentar, muitas vezes, como propício à manifestação de algumas atitudes severas de autoritarismo, que atingem a integridade psíquica e a autoestima dos alunos. Uma das razões levantadas para explicar tais atitudes é a atuação do professor como figura de autoridade, mascarando, assim, suas próprias fraquezas, e podendo assumir uma posição de superioridade frente a um público que possui poucos recursos de defesa devido ao seu papel subordinado na hierarquia (Hirigoyen, 2011, 2014). O assédio moral, ilícito por muitas vezes silencioso, com consequências desastrosas para o vitimizado e para a sociedade, é tão antigo quanto o próprio Homem. Encontra-se presente em todos os grupos sociais. O assédio moral traz como pano de fundo uma das questões mais cruciais nos dias de hoje: a ética. Vivemos uma crise ética que desemboca na quebra dos Direitos Fundamentais da pessoa humana, como a lesão à dignidade. Propomo-nos a refletir sobre os danos causados pelo assédio e a importância de combatê-lo a fim de se assegurar um ambiente bom ao indivíduo em desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade conforme prescrito no art. 3º. do Estatuto da Criança e do Adolescente. Muito se fez pela criança e pela juventude; contudo nos parece tímida a busca da garantia pelos seus direitos. Demonstrar que a cidadania anda de braços dados com a ética e que sem a garantia dos direitos fundamentais não alcançaremos uma sociedade justa. Seja no âmbito da prevenção, da compensação ou da penalidade é necessário que cada ente assuma o seu papel. O assédio moral nas instituições de ensino mais visível, chamar a atenção para a necessidade de ser combatido, a vítima ser encorajada a buscar a tutela do Estado. Acreditamos na prevenção e partimos do pressuposto que é na escola que o indivíduo Faculdade de Minas 5 tem o direito de ser orientado e cuidado para que exerça a sua cidadania de forma ampla, capaz de internalizar seus deveres e ser detentor dos seus direitos. É necessário buscar a justiça onde quer que esteja. A humanidade clama por ela, pela moralidade e pela ética. A dor da humilhação provocada pelo assédio moral, fere a dignidade do ser humano reduzindo-o a um quase nada. Faculdade de Minas 6 2 - ASSÉDIO NAS ESCOLAS: COMO COMBATER ESSA REALIDADE? O assédio sofrido, principalmente, pelas mulheres é, infelizmente, uma realidade. Acontece no ambiente de trabalho, nas ruas e também nas escolas. A UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas é a entidade que congrega e representa todos os estudantes de instituições de ensino fundamental e ensino médio, ensino técnico e ensino pré-vestibular do Brasil) realizou uma rápida enquete em suas redes sociais com a seguinte pergunta “Assédio nas Escolas, quem já viu ou sofreu?” E em menos de duas horas dezenas de pessoas se manifestaram dizendo já ter visto ou sido vítimas disso. As histórias relatadas abrangem desde alunas assediadas por professores até estupro cometido por colegas. Esses relatos vão ao encontro de uma pesquisa recente que diz que o assédio sexual tem se tornado comum entre jovens de 12 a 31 anos até em escolas, principalmente no Ensino Médio. O levantamento realizado pela empresa Microcamp com pessoas dessa faixa etária em colégios de dez estados brasileiros revelou que, do total dos entrevistados, 46,4% afirmaram já terem sofrido assédio na escola, e que 58,9% destes afirmaram que não ligaram ou agiram naturalmente. Faculdade de Minas 7 A advogada Ana Rita Souza Prata, coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de SP, orienta que o ou a adolescente que sofreu assédio na escola deve buscar a Direção da escola, inicialmente, relatar o que aconteceu e cobrar que sejam tomadas as medidas cabíveis contra o assediador, seja ele aluno, professor ou funcionário da escola. Caso o assédio tenha sido praticado pela pessoa responsável por tomar as providências na escola, como o diretor da instituição de ensino, pode-se buscar a Diretoria de Ensino da Região, visando denunciar administrativamente essa pessoa. Contudo, essa providência será no âmbito administrativo (por exemplo,suspender um (a) aluno (a), levar a prática do (a) professor (a) à Diretoria de ensino. Além dessas providências, se for o desejo da vítima, ela pode buscar a delegacia de polícia para lavrar boletim de ocorrência, buscar o Ministério Público ou a Defensoria de sua região. Qualquer prova desse assédio deve ser guardada, como mensagens de texto, postagens, recados, sendo que se houver testemunhas, elas podem escrever uma declaração contanto o que viu ou ouviu, confirme dito pela a defensora pública. Além disso, o aplicativo para celulares Proteja Brasil, desenvolvido pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), possibilita que qualquer pessoa possa denunciar atos de violência – inclusive a sexual – contra crianças e adolescentes. Por meio dele, é possível localizar os órgãos de proteção nas principais capitais e ainda se informar sobre as diferentes violações. Todos os casos são encaminhados à central do Disque 100, mantido pelo Ministério de Direitos Humanos. Lá, os casos passam para uma triagem para garantir que o encaminhamento seja o mais adequado, tipo, polícia, ministério público, conselho tutelar ou outra instituição. Segundo a especialista em Proteção de Crianças e Adolescentes do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Fabiana Gorenstein, uma importante forma de combater o assédio nas escolas é a disseminação de informações sobre sexualidade e formas de relacionamento sem violência adaptado às diferentes faixas etárias e ao contexto local, além da divulgação dos canais de denúncia existentes. Faculdade de Minas 8 Essa é a grande aposta do UNICEF para proteger direitos Crianças e adolescentes que têm acesso a informação têm mais oportunidades para reconhecer condutas violentas, apoiar outras crianças e adolescentes em situações de violação e também buscar ajuda sempre que necessário. Neste sentido, é importante combater projetos de lei, como o Escola sem Partido, que visam a dificultar e até restringir o livre debate sobre questões como gênero nas escolas. A partir do momento que a nossa Educação não nos educa a rever os nossos preconceitos, estamos formando uma sociedade cada vez mais viciada, que naturaliza o machismo, o racismo e a LGBTQIA+fobia, e perpetua essa realidade. É por isso que precisamos nos posicionar contra uma lei que impeça que a gente discuta esses problemas na sociedade”, afirma a diretora de Comunicação da UBES, Isabela Queiroz. A demais, no âmbito específico da Lei 13.185/2015, constituem objetivos do Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying): prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (Bullying) em toda a sociedade; capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação; instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores; integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo; promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua; evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil; promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar (art. 4º). Faculdade de Minas 9 Embora com ênfase no chamado assédio escolar, a recente Lei 13.185, de 06 de novembro de 2015, com início de vigência após 90 dias da data de sua publicação oficial (art. 8º), ocorrida no Diário Oficial da União de 09.11.2015, institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional (art. 1º). Na esfera do mencionado diploma legal, a intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações praticadas, como: Verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente; Moral: difamar, caluniar, disseminar rumores; Sexual: assediar, induzir e/ou abusar; Social: ignorar, isolar e excluir; Psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e infernizar; Físico: socar, chutar, bater; Material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem; Virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social (art. 3º da Lei 13.185/2015). Faculdade de Minas 10 2 . 1 - COMPREENDER O ASSÉDIO ESCOLAR Antes de definir o assédio, é importante notar que o assédio escolar é uma das formas mais correntes que podem levar à violência nas escolas. Este é de fato um conceito genérico que designa o conjunto de incidentes físicos ou psicológicos que “provocam dor ou danos físicos ou psicológicos nas pessoas que estão ativas dentro ou em torno da escola, ou que visam causar danos aos objetos na escola”. A violência está na escola, ressoa no espaço escolar, mas também para além desse espaço, no ambiente socioeducativo. Interage com o clima institucional, com as práticas educacionais, com os comportamentos e com as ligações dos jovens à instituição e à sociedade. A violência ressoa, transpõe-se e ecoa noutros espaços da vida da criança e do adolescente, bem como nas pessoas em seu redor. Como um subconjunto deste conceito de violência nas escolas, o assédio pode ser definido como um fato que causa dor ou danos físicos ou psicológicos. No domínio jurídico, a definição de assédio é aliás limitada a esta: “Assédio: sem prejuízo de definições específicas nas áreas de emprego e de educação visadas no presente decreto, a situação na qual um comportamento indesejado, que está relacionado com Faculdade de Minas 11 um dos critérios protegidos de uma pessoa, ocorre com o objetivo ou com o efeito de violar a sua dignidade e de criar um ambiente intimidante, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo”. É de notar que o assédio escolar é um conceito juridicamente delicado, no presente decreto o conceito de assédio envolve diferentes domínios da vida cotidiana; no Código Penal não está definido, é usado tanto para descrever o assédio moral como sexual ou físico, que atinge diversos públicos-alvo num conjunto de domínios da vida quotidiana. Constata-se que definir o assédio é um exercício difícil, as definições variam em função do contexto e são bastante vagas. Contudo, no domínio científico, se as definições são numerosas, uma maioria de investigadores está de acordo em três características: Repetitividade; Malícia; Desequilíbrio de poder entre os protagonistas. Primeiro, a violência nas escolas pode ser qualificada como assédio quando os incidentes se repetem. A frequência desta repetição é mais difícil de definir, alguns evocam uma repetição semanal durante um mês ou menos. Outros estão mais inclinados para a repetição frequente dos atos durante seis meses. Alguns só falam de assédio quando os incidentes se estendem durante todo o ano escolar. De qualquer modo, se considerarmos o exemplo de uma criança que bate noutra no pátio da escola uma vez, qualificaremos esse ato como violência física. Se, pelo contrário, a criança bate na outra regularmente: por exemplo nos vestiáriosapós as aulas de ginástica, que são uma vez por semana, então esse ato realçará o assédio. Assim, se é difícil chegar a acordo sobre a frequência da repetição, podemos dizer que existe assédio quando os incidentes de violência física ou psicológica se repetem diversas vezes num determinado período de tempo. Em seguida, a intimidação também se caracteriza pela intenção do autor de fazer mal a outrem. Quer isto dizer que o assediador, quando atua, deve ter a vontade de fazer mal a outrem. É de notar que esta intenção nem sempre é consciente ou confessável; os autores encontraram, na maioria das vezes, uma outra desculpa para os seus atos; podem estar antes mais preocupados com os benefícios dos seus atos, em termos de estatuto ou de reputação, do que com os danos causados a outros. Se Faculdade de Minas 12 a intenção nem sempre é fácil de estabelecer, constatámos, no entanto que o ato revela assédio quando não é involuntário: o autor deseja, conscientemente ou não, fazer mal a outros. Não vamos desenvolver aqui este assunto, mas acrescentamos que esta intenção é influenciada por diferentes fatores, especialmente a pressão social e as normas do grupo do qual o autor faz parte. Finalmente, o último elemento que determina o assédio é a existência de uma relação de dominação entre o assediador e a sua vítima. Quer isto dizer que numa relação de assédio existe um desequilíbrio de poder entre os atores: um é dominador, o outro é dominado. Esta assimetria na relação “não reside necessariamente na força física, mas sim na percepção dos protagonistas” . Esta distinção é importante, o assediador pode diferir do perfil do imaginário coletivo (rapazes grandes e fortes que batem num mais fraco); pode ser um grupo de pessoas mais pequenas que troçam do peso de alguém maior do que elas. Se o grupo se vê como mais forte e se a vítima se vê como mais fraca, então há um desequilíbrio, mesmo se a nível de força física o equilíbrio seja inverso. Se pode ser, então, difícil para uma pessoa de fora determinar o significado da relação de assédio, ela caracteriza-se pela presença de um indivíduo ou de um grupo dominador e de um indivíduo ou de um grupo dominado. Podemos então definir o assédio como uma exposição repetida de um aluno a ações negativas – quer sejam físicas, quer psicológicas por parte de um ou mais alunos que tenha (m) a intenção de causar dor e que se veja (m) como dominador (es). Esta definição enfatiza que o assédio escolar pode ser físico ou psicológico. A literatura formula uma outra distinção entre assédio direto e indireto. Fala-se de intimidação direta para designar comportamentos abertos e diretos que se exprimem de forma verbal (insultos e provocações), material (roubo e danos) ou física (bater, empurrar, roubar ou tocar). O assédio indireto inclui, por sua vez, comportamentos mais subtis ou centrados no relacionamento, tais como ignorância, rumores, rejeição e exclusão. Esta segunda forma também se chama assédio relacional ou moral. Faculdade de Minas 13 2. 2 - CONCEITOS DE ASSÉDIO MORAL O assédio moral (AM) apresenta-se sob muitas expressões, a depender do país analisado; tem, porém, basicamente, um único significado. Acoso moral (Portugal), mobbing (EUA), bulling (Inglaterra), harcèlement moral (França) e ijime (Japão) são exemplos de expressões para o assédio moral. Todas elas expressam um descumprimento das regras de trato social definidas pela sociedade e cuja sanção é difícil por ser difusa sua ocorrência (FIUZA, 2004; VEGA; COMER, 2005). O termo assédio expressa o sentido de insistência inconveniente, certa perseguição em relação a outrem. Já o termo moral está relacionado com os princípios ou valores que norteiam as relações, o agir e o pensar dos indivíduos. Assim, analisando especificamente o aspecto linguístico do termo, percebe-se que o AM constitui uma ação com implicação moral. No entender de Santos (2005), o AM está consubstanciado na coação, no constrangimento ou na perseguição recorrente dos princípios e valores de uma pessoa, mediante tratamento desrespeitoso, inconveniente e ofensivo à dignidade humana. Faculdade de Minas 14 3 - MANIFESTAÇÕES DO ASSÉDIO MORAL Quanto à discussão do assédio moral é importante a tentativa de identificação de um perfil mais usual do agredido no sentido de melhor se compreender a dinâmica deste processo. De acordo com Aguiar e Castro (2003), os indivíduos mais propensos a este tipo de assédio são aqueles que possuem comportamento diferenciado em relação aos padrões praticados pelo grupo no qual estão inseridos. Hirigoyen (2006) explicita melhor esta afirmação quando define que a discriminação tanto pode estar associada a questões raciais, religiosas, doença, exercício de atividades sindicais etc., como também ser empregada em relação àqueles indivíduos que se diferenciam do grupo por possuírem alta capacidade produtiva e muito comprometimento em ambientes menos produtivos. Fica claro então, que podem ser ignorados aspectos que beneficiam a organização na qual o Faculdade de Minas 15 processo de assédio ocorre, em detrimento dos interesses e objetivos pessoais do agressor. No que diz respeito a relação agressor-agredido, Hirigoyen (2002) aponta quatro tipologias distintas que podem ser encontradas nas organizações: colega agredindo outro colega; superior agredido por subordinado (s), agredido tanto por colegas, quanto por chefia e subordinado agredido por superior. Percebe-se assim com estas tipologias que a ascendência hierárquica não é um fator determinante na implantação de um processo de assédio moral. Para esta última autora, o primeiro caso também pode ser denominado de assédio horizontal (vem de colegas) onde não existe diferença hierárquica entre os indivíduos. Os fatores discriminatórios têm, normalmente, sua origem em diferenças de sexos, de classes sociais, religiosas, de nível de conhecimento, podendo inclusive ser gerados por dificuldades de relacionamento pré-existentes ao convívio organizacional existente. Freitas (2001) aponta, em concordância com Hirigoyen (2002), que o assédio horizontal é difícil de ser solucionado tendo em vista que grandes números de organizações não possuem chefias intermediárias competentes para lidar com problemas desta natureza, o que muitas vezes pode gerar o acirramento da questão. O segundo tipo de assédio – superior agredido por subordinado (s) – também conhecido como assédio moral ascendente, de acordo com Hirigoyen (2002), pode ocorrer quando os estilos e métodos do superior são reprovados por um ou mais indivíduos do grupo, seja por não se adequarem aos padrões vigentes, seja por um sentimento de “inveja” em relação a um colega promovido. Pode se manifestar de acordo com Freitas (2001), através do boicote a informações relevantes, da propagação de “fofocas” junto ao grupo e aos superiores e outras atitudes que tenham como finalidade a busca do descrédito do agredido. O terceiro tipo, também chamado de assédio misto é definido por Hirigoyen (2002) como aquele decorrente de um assédio horizontal prolongado resultar em um assédio vertical descendente pela omissão ou dificuldade da chefia direta em lidar com questões desta natureza em seu grupo de trabalho, potencializando e incentivando os erros do agredido. Este último é o tipo menos comum de assédio, porém é encontrado nas relações professor-aluno no Brasil, pelas características particulares do sistema de ensino do país. A relação de ensino/aprendizagem envolve um componente bastante sutil: não se trata de igualdade ou desigualdade de posições Faculdade de Minas 16 hierárquicas. Trata-se de uma relação na qual o professor recebe a anuência da instituição para promover o repasse de um bem intangível ao aluno – o conhecimento. Nãohá características de relação de trabalho ente aluno e professor. O professor executa e demanda uma série de esforços para serem cumpridos pelos alunos. O assédio ocorre em decorrência da relação de aquisição de um bem. 3 . 1 - ASSÉDIO MORAL COMO SE APRESENTA NO AMBIENTE ESCOLAR Quanto ao assédio moral no ambiente escolar tem-se que são a exposição dos professores a situações degradantes, vexatórias, humilhantes, constrangedoras ocasionadas de forma repetitivas e prolongadas durante toda a jornada de trabalho, bem como no exercício das funções desse professor, predominando nas relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que prevalecem condutas negativas, relações de barbárie e fora de éticas de longa duração, de um ou mais diretores dirigida a um ou mais professores, desumanizando e desestabilizando a relação da vítima com o ambiente escolar e a organização desse ambiente, coagindo o professor a desistir da escola e pedir remoção. Vários autores – Hirigoyen (2006), Barreto (2000), Freitas (2001), Oliveira (2006) e outros – definem que este processo de recusa à comunicação se dá de forma crescente De acordo com Hirigoyen (2006), existem sete formas distintas que se encontram explicitadas abaixo. a) Recusa à comunicação direta: não existe menção explícita do conflito e por conta disso o agredido não pode se defender, uma vez que o processo de desqualificação contínuo se dá através de pequenas e imperceptíveis atitudes por parte do agressor. Para Freitas (2001), parece que o agressor está o tempo todo dizendo à sua vítima “eu gosto muito de você, mas você não vale nada”. b) Desqualificar: permanece a agressão velada que dificulta a reação. Dá-se através de olhares, suspiros, pequenos gestos que colocam o agredido em uma posição de inferioridade em relação ao grupo. Na maior parte das vezes o próprio grupo não percebe o que está ocorrendo. Oliveira (2006) aponta que Faculdade de Minas 17 nesta etapa pode ter início o processo de descrédito do agredido no seio do grupo. c) Desacreditar: se dá através de um processo que objetiva ridicularizar, humilhar e quebrar a autoestima do agredido. Este processo normalmente tem início com uma insinuação maldosa, podendo, porém, ser utilizadas tanto situações mal resolvidas quanto mentiras envolvendo atitudes do agredido. Nesta etapa, de acordo com Freitas (2001), começa a existir a participação do grupo no processo de exclusão do agredido. d) Isolar: o agressor promove a quebra de toda e qualquer aliança possível por parte do agredido. Com isto, este fica isolado tendo assim maior dificuldade de contrapor qualquer tipo de resistência em relação ao processo de assédio vivenciado. Para Oliveira (2006), esta fase se manifesta pela implantação de um processo de isolamento social e/ou geográfico do agredido. e) Vexar: a vítima passa a ter que realizar tarefas inúteis ou de menor importância; buscar metas inatingíveis; cumprir prazos impossíveis etc. Aqui, de acordo com Oliveira (2006), o agredido passa a ser explicitamente humilhado, o que acaba por lhe trazer dor, tristeza e sofrimento. Tem início um processo de linchamento moral do agredido no seio do grupo no qual está inserido. f) Induzir ao erro: através da consolidação dos efeitos perniciosos da etapa anterior, fica mais fácil para o agressor levar o agredido a errar sistematicamente, passando então a um processo de explicitação de toda e qualquer falha, objetivando a desqualificação contínua da vítima junto ao grupo. g) Assediar sexualmente: de acordo com Freitas (2001), faz parte do assédio moral sendo mais um passo neste processo. Para Oliveira (2006), esta etapa se caracteriza pela existência de comportamentos sedutores, ocorrendo em ambos os sexos. De acordo com Hirigoyen (2006), este tipo de assédio caracteriza um comportamento de reafirmação do próprio poder de um indivíduo sobre o outro, não estando diretamente relacionado com a necessidade da obtenção de “favores” sexuais. Freitas (2001, p.15) sintetiza o processo e as etapas do assédio moral com a seguinte afirmação: O assédio moral torna-se possível porque ele é precedido de uma desqualificação da Faculdade de Minas 18 vítima que é não somente aceita em silêncio, como também endossada pelo grupo ao qual esta pertence. 3.2 - COMO SE CARACTERIZA O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE ESCOLAR O assédio moral tem como uma de suas características a deterioração desenfreada das condições de trabalho, predominando atitudes e comportamentos negativos dos diretores em relação aos seus professores, constituindo uma experiência subjetiva, contribuindo para aquisição de prejuízos práticos e emocionais para o professor em seu ambiente escolar. Assim, quando a vítima é escolhida pelo assediador ela é isolada do grupo sem explicações alguma, passando a ser hostilizada, abusada, achincalhada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada e desonrada diante dos seus pares. Os seus pares por medo das avaliações de desempenho, e do isolamento no grupo, bem como a vergonha de serem humilhados, associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima, passando a reproduzir, bem como repetir as ações e atos do agressor no ambiente escolar, instaurando, desse modo, o “pacto da tolerância e do silêncio" no coletivo ou fora dele, enquanto a vítima vai de forma gradativa se desestabilizando emocional e fisicamente, se fragilizando, perdendo com isso, a sua autoestima, depreciando a sua autoimagem e por conseguinte a sua saúde. O assédio moral, ainda se caracteriza em muitos casos por intermédio de mau gosto quando: O professor permanece no banheiro; falta ao serviço para ir ao médico; proibição de tomar café; redução do horário das refeições; advertência em razão de atestados médicos; reclamação de direitos; divulgação de boatos sobre a moral do professor (se homens, o assédio se manifesta por intermédio de piadas e/ou comentários sobre sua virilidade); imposição de sobrecarga de trabalho; impedimento Faculdade de Minas 19 de continuação do trabalho, deixando de prestar informações necessárias; colocação de um professor controlando outro, fora do contexto da estrutura hierárquica da escola, espalhando, desse modo, a desconfiança e procurando evitar a solidariedade entre os professores; as condutas de assédio têm como alvo frequente as professoras e os professores doentes, ou que sofreram acidentes do trabalho, que são discriminados e segregados; impedimento do professor de expressar-se, sem explicar os motivos; estabelecimento de vigilância especialmente ao professor assediado. 4- O ASSÉDIO MORAL NÃO OCORRE APENAS ENTRE SUPERIOR E SUBORDINADO Muito embora a situação seja mais comum entre superior para um subordinado, em muitos casos podem ocorrer entre professores de mesmo nível hierárquico, ou mesmo de um professor a um dos diretores, sendo este último caso, mais difícil de se configurar. O que importa para configurar o assédio moral, não é o nível hierárquico do assediador ou do assediado, mas sim as características da conduta: a prática de situações humilhantes no ambiente escolar, de forma repetida. Faculdade de Minas 20 Nesse sentido, destaca-se que, o assédio moral vindo do superior em relação a um professor pode ocasionar mudanças negativas no comportamento dos demais professores, que passam a isolar o assediado, afastando-se dele para resguardar seu próprio emprego, reproduzindo assim, a condutas do agressor. Passando a haver uma rede de silêncio e tolerância às condutas arbitrárias, bem como a ausência de solidariedade para com o professor assediado. Isso ocorre porque o assediador promove uma ruptura nos laços afetivos entre os professores, como forma de facilitar e promover a manipulação e dificultar a troca de informações ea solidariedade entre seus pares. 4.1 - FREQUÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO As escolas públicas são espaços de trabalho onde o assédio moral se apresenta de forma mais visível e acentuada. Muitas instituições de ensino tendem a serem ambientes carregados de situações perversas e malvadas, com professores e grupos que muitas vezes, por falta de preparo de alguns diretores. Mas, com frequência por pura perseguição a um determinado professores fazem verdadeiros "plantões" de assédio moral. Nesses espaços público, o assédio moral tende a ser mais frequente em razão das seguintes especialidades: os diretores não dispõem sobre o vínculo funcional do professor. Não podendo demiti-lo, passa a humilhá-lo e a sobrecarregá-lo de tarefas inócuas. Outro aspecto de grande influência é o fato de que, na escola pública, muitas vezes, os diretores são indicados em decorrência de seus laços de amizade ou de suas relações políticas, e não por sua qualificação técnica e preparo para o desempenho da função. Despreparados para o exercício da direção, e muitas vezes sem o conhecimento mínimo necessário para tanto, mas amparado nas relações que garantiram a sua indicação, o superior hierárquico pode tornar-se extremamente arbitrário, por um lado, buscando compensar suas evidentes limitações, e, por outro, considerando-se intocável. Faculdade de Minas 21 4.2- AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL A SAÚDE DO PROFESSOR De acordo com (HIRIGOYEN, 2001) o ato de coisificar o homem possui alguns significados nas relações de trabalho que podem ser demonstrados na dificuldade que algumas pessoas têm em considerar o semelhante como ser humano, estabelecendo vínculos “alicerçados em relações de força, desconfiança e manipulação”. Segundo a referida autora os reflexos dessas posturas ganham contornos de abuso de poder e de manipulação de pessoas ao reduzi-las a meros objetos, objetos estes que, na dinâmica da perversidade narcisista, confirma, refletem “[...] uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos [...]”. Os reflexos de quem sofre a humilhação, rebaixamento, desonra e aviltamentos são significativos e vão desde a perda da baixa autoestima até problemas de saúde mais graves. Dentre as marcas prejudiciais do assédio moral na saúde do professor, destacam-se as seguintes consequências: Depressão, angústia, estresse, crises de competência, crises de choro, mal-estar físico e mental; Cansaço exagerado, falta de interesse pela escola, irritação constante; Insônia, alterações no sono, pesadelos; Diminuição da capacidade de concentração e memorização; Isolamento, tristeza, redução da capacidade de se relacionar com outras pessoas e fazer amizades; Sensação negativa em relação ao futuro; Mudança de personalidade, reproduzindo as condutas de violência moral; Aumento de peso ou emagrecimento exagerado, aumento da pressão arterial, problemas digestivos, tremores e palpitações; Redução da libido; Sentimento de culpa e pensamentos suicidas; Uso de álcool e drogas, e Tentativa de suicídio. O assédio moral causa a perda de interesse pelo trabalho escolar e do prazer de trabalhar na escola, desestabilizando emocionalmente e provocando não apenas o agravamento de moléstias já existentes, como também o surgimento de novas doenças. Além disso, as perdas refletem-se no espaço escolar, atingindo, em muitos casos, os demais professores, com a queda da produtividade e da qualidade, a ocorrência de doenças profissionais e acidentes de trabalho, causando, ainda, a Faculdade de Minas 22 rotatividade de professores e o aumento de ações judiciais pleiteando direitos trabalhistas e indenizações em razão ao assédio moral sofrido. 4.3 - RESPONSABILIZAÇÃO PELO ASSÉDIO MORAL SOFRIDO O assediador pode ser responsabilizado na esfera civil (indenização por danos materiais e morais, com fundamento no artigo 186 e 927 do Código Civil, segundo a qual todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo), administrativa (desde a advertência até a demissão), bem como na esfera penal (a responsabilidade criminal do servidor público é apurada pelo poder judiciário). Sendo o assediador diretores de escola (servidores públicos), da (União Federal, Estado ou Município) pode ser responsabilizado pelos danos materiais e morais sofridos pela vítima, porque possui responsabilidade objetiva atribuída por lei (independe de prova de sua culpa). Comprovado o fato e o dano, cabe aos entes federados a indenização a vítima, podendo, entretanto, processar o assediador, visando à reparação dos prejuízos que venha a sofrer. Para fins criminais, o conceito de servidor público encontra-se estabelecido no art. 327 do Código Penal, qual seja: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Confira como tem sido o posicionamento do judiciário brasileiro em relação ao assédio moral: Nesse sentido já se posicionou a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, senão vejamos: Ementa: RECURSO INOMINADO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ASSÉDIO MORAL E PERSEGUIÇÃO. Faculdade de Minas 23 PROFESSOR QUE TEVE QUE SUPORTAR PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E CRIMINAL POR FATO QUE LHE FOI MALICIOSAMENTE IMPUTADO, COM O APOIO DA DIREÇÃO ESCOLAR. ILEGALIDADE COMPROVADA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE. A Administração Pública responde objetivamente pelos danos advindos de atos de seus agentes, contra terceiros, nos termos do artigo 37, §6º, da Constituição Federal. No caso dos autos, houve comprovação, através de documentos e testemunhas, de que a parte autora foi vítima de perseguição por seus superiores, bem como é competente em seu trabalho, apenas aplicando metodologia de ensino que envolve brincadeiras, como forma de descontração e aproximação com os alunos. O ponto máximo do agir indevido do Diretor da Escola contra o autor foi quando incentivou pais de aluno a buscarem a coordenadoria de ensino e o Ministério Público, a fim de instaurarem os procedimentos cabíveis por suposto Assédio Sexual contra aluno que teria sido promovido pela parte autora, mas que não restou comprovado, nem na esfera administrativa, nem na esfera penal. Atuação indevida da direção escolar, na condução dos servidores e da escola como um todo, contudo, que não tem relevância para se apurar valor da indenização devida para o requerente. Valor arbitrado a título de indenização por danos morais, pelo sentenciante, resta reduzido, pois se apresenta elevado, ficando fixado em R$ 10.000,00 (dez mil), mesmo patamar estabelecido em casos análogos em que houve constatação de perseguição de servidor na sua atividade profissional, com consequências graves para a vítima. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71004661328, Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Paulo Cesar Filippon, Julgado em 27/03/2014). No mesmo sentido discorre o Doutrinador Sílvio de Salvo Venosa (2006), in verbis: Há função de pena privada, mais ou menos acentuada, na indenização por dano moral, como reconhece o direito comparado tradicional. Não se trata, portanto, de mero ressarcimento de danos, como ocorre na esfera dos danos materiais. (...) Há um duplo sentidona indenização por dano moral: ressarcimento e prevenção. Acrescente-se ainda o cunho educativo, didático ou pedagógico que essas indenizações apresentam para a sociedade. No que tange aos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, é de bom alvitre colacionar o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça: “EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL”. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO DA OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE, EM RAZÃO DAS PECULIARIDADES INERENTES À HIPÓTESE EM TELA. I – Ausência de cotejo analítico satisfatório entre os julgados tidos por divergentes. Necessidade de estrita observância do art. 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ, c.c. art. 541, parágrafo único, do CPC. Precedentes. II – Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade foram observados na determinação do quantum indenizatório a título de danos morais, conforme o quanto foi fundamentadamente decidido no v. aresto vergastado, em vista das circunstâncias e das peculiaridades inerentes ao caso examinado. III – O Órgão Julgador levou em consideração a gravidade da situação, no contexto em que inserida, a sua repercussão, o momento em que ocorreu e a vítima do ato ilícito, e, nesses termos, a comparação entre diversos valores Faculdade de Minas 24 fixados para a reparação do dano moral não pode ser realizada de modo irrestrito, pois, dessa maneira, não se consideram as peculiaridades da espécie. Assim sendo, a indenização somente pode ser alterada por este Superior Tribunal de Justiça se exorbitante ou irrisória, o que não é o caso dos autos. Precedentes. IV – AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO." (AgRg no Ag 787929/MS, Relator Ministro Massami Uyeda, DJ 14.04.2008 p. 1, 4ª Turma) (grifos inautênticos). A título de exemplo, transcreve-se um trecho da decisão de relatoria do Doutor Desembargador DONIZETE VIEIRA DA SILVA, do Tribunal Regional do Trabalho – 2ª Região: O assédio moral é uma das espécies do dano moral e tem pressupostos muito específicos, tais como: conduta rigorosa reiterada e pessoal, diretamente em relação ao empregado; palavras, gestos e escritos que ameaçam, por sua repetição, a integridade física ou psíquica; o empregado sofre violência psicológica extrema, de forma habitual por um período prolongado com a finalidade de desestabilizá-lo emocionalmente e profissionalmente. É fundamental que haja a intenção de desestabilizar o empregado vitimado, minando sua confiança produtiva, com a intenção de excluí-lo do ambiente de trabalho, marginalizando-o e debilitando gravemente seu potencial de trabalho (ACÓRDÃO nº: 20160520082 - Relator: DONIZETE VIEIRA DA SILVA - Publicação: 25-07-2016). 5 - ASSÉDIO MORAL – REALIDADE BRASILEIRA De acordo com Oliveira (2006), no Brasil a nomenclatura de assédio moral somente foi introduzida no meio acadêmico após a tradução da obra de Hirigoyen (2006) anteriormente citada, independentemente de a existência desta prática já vir sendo identificada no âmbito das organizações nacionais. Este autor pontua ainda, que apesar de não se tratar de um problema novo, este assunto ainda se encontra cercado de muitos tabus, sendo pouco discutido nos âmbitos organizacional e acadêmico. As pesquisas acadêmicas sobre assédio moral no Brasil, de acordo com Corrêa e Carrieri (2004), tiveram seu início com o estudo realizado por Margarida Barreto que teve sua conclusão em 2002. Este estudo envolveu tanto a realidade nacional com pesquisa de campo aplicada junto a 4.718 trabalhadores, quanto a regional com o estudo da realidade encontrada no Banespa com 1.001 participantes. Em ambos os casos, de acordo com os autores foram encontrados percentuais Faculdade de Minas 25 expressivos de empregados que reconheciam ter passado pelo processo de assédio em seus diferentes níveis. Outros estudos foram feitos em sequência buscando apreender melhor a realidade brasileira no que se refere ao processo de assédio moral no Brasil. Dentre estes podem ser citados: Oliveira (2006), Aguiar e Castro (2003) e Corrêa e Carrieri (2004). Cabe ressaltar que o foco destes trabalhos é centrado na esfera das organizações públicas e na solução de questões trabalhistas, ficando, de maneira geral, a realidade dos problemas existentes na iniciativa privada fora destes estudos. A insipiência desta discussão no Brasil, segundo Corrêa e Carrieri (2004), se reflete no baixo número de leis que disciplinam os aspectos legais do assédio moral, existindo em vigor, apenas algumas leis estaduais e municipais regulando o assunto, e somente no que se refere aos aspectos inerentes à Administração Pública. O próprio assédio sexual, já legislado em diversos países, permanece, de acordo com Freitas (2001) sem legislação específica no caso brasileiro. Nem a CLT nem o Código penal contemplam esta questão e as ocorrências são raramente registradas em simples queixas em delegacias. A preocupação legal com a questão do assédio moral teve o seu início em termos nacionais no Brasil, em 2001, quando foi elaborado o projeto de lei nº 4.742. Este projeto pretende introduzir o conceito de assédio moral no Código Penal brasileiro, qualificando-o e atribuindo pena de detenção quando de sua identificação conforme explicitado no artigo de número 146 A, abaixo transcrito como proposto: Art. 146 A. Desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a imagem do servidor público ou empregado em razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral. Pena: Detenção de 3 (três) meses a um ano e multa. Até este momento, porém a proposta aguarda votação no plenário da Câmara de Deputados para ser encaminhada à votação no Senado, permanecendo a questão em um vazio legal. Faculdade de Minas 26 5.1 - PROCEDIMENTOS DE PESQUISA Esta pesquisa classifica-se como exploratória, buscando tornar o entendimento do tema de assédio moral mais claro. Como instrumento, desenvolveu-se uma survey piloto, de forma a permitir uma análise inicial da situação e futura adaptação para pesquisa descritiva. A pesquisa exploratória, conforme Malhotra (2001), além de melhorar a compreensão de um problema de pesquisa, permite o desenvolvimento de hipóteses e a definição de critérios para pesquisas futuras que envolvam amostras probabilísticas. Assim, esta pesquisa-piloto torna-se útil para uma melhor definição, não apenas do tema, mas também do problema de pesquisa. O questionário inicial aplicado em survey piloto constou de 29 questões: Dessas 29, 26 são voltadas para respostas fechadas e 3 para abertas. Após a aplicação de pré-teste e correções, partiu-se para a coleta de dados com os demais Faculdade de Minas 27 professores do curso. Nas seções seguintes descreve-se o modelo de análise desenvolvido para esta pesquisa e a amostra utilizada. Com base nos diversos apontamentos da literatura, construiu-se o modelo de análise (Quad. 1) apresentado a seguir, considerando-se 3 dimensões: Professor, Instituição de Ensino e Assédio. Na dimensão Professor, foram observadas características referentes à experiência dos mesmos, ao tipo de titulação, aos dados demográficos e ao tipo de disciplina ministrada. A dimensão Instituição de Ensino, por sua vez, analisa os mecanismos de apoio e agentes institucionais responsáveis pela resolução de casos de assédio moral, bem como analisa a dificuldade de ingresso dos alunos. Em dimensão Assédio, estão incluídos atributos voltados para a análise do assédio moral sofrido, sua frequência de ocorrência, formas de assédio, disciplinas com maior ocorrência e efeitos provocados no mesmo. A amostra constituiu-se de 23 respondentes de um total de 28professores do curso de administração pesquisado (todos de instituição privada). Como pode ser observado na tab. 1, 14 professores são do sexo masculino e 9 do sexo feminino, com idades variando entre 27 e 60 anos. Em sua maioria, ensinam até 5 disciplinas e possuem uma renda entre 10 e 40 salários mínimos. Quanto à titulação, são em sua maioria professores com mestrado (56,5%), com formação maior em administração (43%) e áreas afins. O tempo de obtenção da última titulação varia entre 2 e 5 anos (43,5%) e entre 5 e 10 anos (34,8%). Faculdade de Minas 28 Entre os professores pesquisados, verifica-se baixa produção acadêmica (tab. 2). A maior parte dos entrevistados não produz (26,1%) ou considera possuir baixa produção acadêmica (47,8%). Faculdade de Minas 29 Na auto-avaliação dos professores quanto à condução das disciplinas, observa-se que estes consideram seus esforços medianos (43,5%) ou altos (56,5%) (ver tab. 3). Já, especificamente quanto às disciplinas, aquelas voltadas à área de tecnologia e as afins foram consideradas como possuindo maior dificuldade no processo de ensino (tab. 4). Nesta seção apresentam-se as análises dos resultados obtidos na pesquisa e as devidas implicações para a ocorrência de assédio moral. Primeiramente é importante observar que na amostra caracterizada anteriormente, 13 professores (56,4%) afirmaram ter passado por alguma situação de assédio em algum momento de sua experiência de ensino (tab. 5). Faculdade de Minas 30 5.2 - CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE SOFRE O ASSÉDIO MORAL Confrontando-se os dados de professores que já sofreram assédio com o de professores que nunca passaram por esta situação, verifica-se que existem algumas diferenças entre os mesmos. Levando-se em conta proporção simples, passam por situações de maior desconforto os professores com as seguintes características: mulheres (66% versus 50% dos homens), raça parda ou negra (66% e 100% versus 46% da raça branca), com titulação de mestrado ou doutorado (69% e 100% versus 33% dos professores especialistas). Também ocorre maior frequência de assédio entre os professores que possuem maior produção acadêmica. Apenas 20% dos professores que não produzem passaram por algum tipo de assédio, enquanto que esta proporção passa para 70,5% entre os professores que possuem produção acadêmica. Estes profissionais que sofreram assédio possuem, também, opiniões diferentes: consideram o processo de seleção mais fácil do que os demais professores e consideram o esforço despendido por si na condução de disciplinas mais alto. Ou seja, 83% dos professores que passaram por um processo de assédio consideram o processo de seleção dos alunos fácil, enquanto que 70% dos que não passaram por essa situação consideram, por sua vez, a seleção mediana. Além disso, os professores que sofreram o processo de assédio consideram o esforço despendido por si mesmo alto (77%) enquanto que os demais professores consideram seus esforços medianos. (70%). Quanto à área de titulação do professor, percebe-se que o assédio ocorre com frequência similar entre os professores de áreas afins ao curso de administração (53,3%), e as áreas diretamente ligadas a administração (55,6%). Merecem destaque entre a ocorrência de desconforto os professores de áreas que incluem cálculo, como área financeira e matemática, e ciências sociais, como psicologia, sociologia e filosofia. Interessante resultado refere-se ao cruzamento entre disciplinas nas quais o professor possui maior dificuldade para ensino e as disciplinas nas quais o assédio ocorre com mais frequência. Em 72% dos casos, as disciplinas com maior dificuldade de ensino são também aquelas onde ocorre maior incidência de assédio, porém, Faculdade de Minas 31 chama-se a atenção para os casos nos quais isto não aconteceu. Em 80% dos respondentes responsáveis por disciplinas afins o problema do assédio moral foi identificado. Demais fatores, como idade, tempo de experiência e quantidade de disciplinas ministradas não foram considerados diferenciadores, assim como o tempo de obtenção da última titulação. 5.3 - CARACTERIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL Ao analisar-se o assédio moral sofrido pelos professores, nota-se que o mesmo ocorre com maior incidência em disciplinas de afins do curso de administração (8), com os demais grupos disciplinas sendo menos citados (tab. 6). Quanto ao período de maior frequência de assédio, este parece estar mais ligado ao momento após o recebimento de resultados e após as avaliações. Outro período de desconforto refere- se ao início do semestre, considerado um período de adaptação entre professor e aluno (tab. 7). O tipo de assédio moral mais frequente é o da tentativa de induzir o professor ao erro e de compará-lo com outros professores. Outros tipos com ocorrência menor, porém mais citadas pelos professores refere-se a ignorar solicitações de forma proposital e tentar promover o isolamento do professor perante os demais alunos (tab.8). Faculdade de Minas 32 Além destes, outros comportamentos foram verificados pelos professores, como: ausência conjunta (alunos fazem combinação para faltar aulas), falta de educação ao receber avaliação com resultados negativos, testes do conhecimento do professor e reclamações em geral, como excesso de conteúdo, excesso de rigidez nas avaliações e desacordo com critérios de avaliação. Outro comportamento refere- se ao descomprometimento de toda a turma para com a disciplina. Efeitos do Assédio Moral O assédio moral pode provocar diversos efeitos naquela pessoa que o sofre. Entre as consequências observadas, percebe-se que a desmotivação é a que ocorre com maior frequência (tab. 9). Nota-se, também, que, apesar da existência do assédio, apenas 3 professores pensam moderadamente em sair da instituição por conta do mesmo, os demais professores (10) nunca pensaram no fato (tab. 10). Faculdade de Minas 33 5.4 - MOTIVOS PARA A OCORRÊNCIA DO ASSÉDIO MORAL Alguns motivos que podem levar ao desconforto na relação entre professor e aluno se referem à baixa qualidade na formação no ensino fundamental e médio e imaturidade dos alunos. Outro fator apontado pelos professores remete à complexidade do processo seletivo da instituição, considerado fácil, o que corrobora os dois aspectos anteriores (tab. 11). Desta forma, ressalta-se também, não apenas a qualidade do ensino prévio, mas também a qualidade da educação doméstica e a tolerância demasiada a posturas e condutas inadequadas dos alunos. Alguns contextos do ambiente e do professor também foram colocados como fatores motivadores da ocorrência do assédio moral. Entre estes cita-se o tamanho das turmas, que quando muito cheias, acabam gerando segurança entre os alunos para enfrentamento do professor, por conta da falta de infraestrutura adequada para a prestação do serviço (aulas). Seguindo uma linha complementar, identifica-se um conjunto de fatores de organização acadêmica, como o excesso de tarefas em semestres específicos, o que pode causar descomprometimento com algumas disciplinas. Agentes e mecanismos institucionais de suporte ao professor Como suporte oferecido pela instituição, todos os professores citaram apenas a coordenação do curso, sem referir-se a qualquer outro tipo de instrumento. Como mecanismos Faculdade de Minas 34 institucionais de apoio foram apontados o Regimento Interno da Instituição e o Manual do Professor. O Manual do Professor espelha de maneira mais operacional os itens especificadosno Regimento e que dão, em última instância, suporte legal à solução de questões desta natureza. O Regimento da instituição pesquisada trata a questão do assédio moral de forma indireta e velada, sob a denominação de “desrespeito ao professor”. Como forma de punição a instituição adota uma posição de inicialmente repreender por escrito e publicamente o aluno envolvido. A repetição da conduta levaria a penalidades maiores, passando pela suspensão e culminando com a expulsão do discente da instituição. As instituições de ensino, sejam do Ensino Básico ou do Ensino Superior, não estão livres de condutas violentas, como o assédio, o bullying, a violência verbal e física e a discriminação. Podem ser responsabilizadas caso tais condutas ocorram em seu ambiente, especialmente se perpetradas por seus funcionários e professores. Atualmente, a preocupação com a imagem institucional cresceu, muito em função da repercussão provocada pela internet. Denúncias de alunos, por exemplo, que alcancem os meios digitais podem ser deletérias para a imagem da instituição, o que pode resultar em prejuízos de enorme proporção. Melhor do que remediar, é prevenir. Oferecer um ambiente no qual o aluno ou funcionário, vítima de condutas violentas, possa recorrer aos superiores e possa ouvir o seu relato, faz a diferença na resolução do conflito e da violência. O caminho para a prevenção, contudo, deve ser bem pavimentado. Criar canais para receber denúncias é um começo, mas a regulação da instituição também deve ser atualizada. Garantir o sigilo da informação publicada no canal de comunicação é primordial, além do que os funcionários, que lidarão com os casos, devem estar preparados e treinados para a empreitada. A situação é distinta da de um inquérito policial ou investigações judiciais. No entanto, é preciso que a instituição de ensino mantenha postura acolhedora, pois também é de seu interesse conhecer a situação e buscar por soluções dentro de seu âmbito. É bom para o estudante e também para a instituição de ensino. Faculdade de Minas 35 Medidas preventivas são capazes de atenuar a responsabilidade civil. Ao contratar assessoria jurídica que lide com tais questões, a instituição de ensino estará ciente dos benefícios de cada etapa e mesmo da importância de incentivar que as vítimas tenham coragem e façam as denúncias. A instituição de ensino que se preocupa com essa questão estará na vanguarda para o futuro. Prestigiadas universidades estrangeiras, como a Universidade de Cambridge e a de Oxford, dispõem de portal eletrônico, com perguntas e respostas padrões para serem preenchidas pelo usuário, iniciando, com isso, a fase investigativa. No Brasil, poucas são iniciativas. O tema é novo e as novidades são bem vistas, reconhecidas socialmente. Adotar medidas de combate à violência é um traço marcante da responsabilidade social das instituições de ensino, que, se assim o fizer, demonstrará que adota postura responsável frente aos conflitos. DISQUE 100 – DISQUE DIREITOS HUMANOS – DISQUE DENÚNCIA NACIONAL O Principal é não se isolar, é procurar alguém de confiança e denunciar a situação para órgãos competentes. O principal é não se calar. O Disque Denúncia foi criado em 1997 por organizações não-governamentais que atuam na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Faculdade de Minas 36 Foi em 2003 que o serviço passou a ser de responsabilidade do governo federal. A coordenação e execução do Disque 100 ficou então a cargo da Secretaria de Direitos Humanos, criada no mesmo ano, vinculada à Presidência da República. O QUE É O SERVIÇO? O Disque Direitos Humanos, ou Disque 100, é um serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual, vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, da SPDCA/SDH. Trata-se de um canal de comunicação da sociedade civil com o poder público, que possibilita conhecer e avaliar a dimensão da violência contra os direitos humanos e o sistema de proteção, bem como orientar a elaboração de políticas públicas. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) fez mudanças no Disque 100 que atendia exclusivamente denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. O serviço foi ampliado, passou a acolher denúncias que envolvam violações de direitos de toda a população, especialmente os Grupos Sociais Vulneráveis, como crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). COMO É A ATUAÇÃO? Com o objetivo de receber/acolher denúncias, procurando interromper a situação de violação de direitos humanos, o serviço atua em três níveis: Ouve, orienta e registra a denúncia; Encaminha a denúncia para a rede de proteção e responsabilização; Monitora as providências adotadas para informar a pessoa denunciante sobre o que ocorreu com a denúncia. Faculdade de Minas 37 COMO DENUNCIAR? O Disque 100 funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada (nas situações de crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante. Pode ser acessado por meio dos seguintes canais: Discagem direta e gratuita do número 100; Envio de mensagem para o e-mail disquedenuncia@sdh.gov.br; Pornografia na internet através do portal www.disque100.gov.br Ligação internacional. Fora do Brasil através do número +55 61 3212.840 Faculdade de Minas 38 BIBLIOGRAFIA BARRETO, Margarida, M.S. Uma jornada de humilhações. 2000. 266f. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social. PUC, São Paulo, 2000. CORRÊA, Alessandra M.H e CARRIERI, Alexandre P. “Administrar é criar conflitos”: o assédio moral degradando as relações de trabalho no poder judiciário. ENANPAD, Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração. Atibaia: ANPAD, 2004. FREITAS, Maria E.de. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de Administração de Empresas – RAE, São Paulo,v 41, nº 2, abr/jun 2001. p.8-19. HIRIGOYEN, M. F. Assédio Moral: a violência perversa no cotidiano. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002a. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. LIMA FILHO, Francisco das Chagas. O assédio moral nas relações laborais e a tutela da dignidade humana do trabalhador. LTr. São Paulo, 2009. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. OLIVEIRA, Flávio M. de. Subjugação no ambiente de trabalho: uma análise sobre o fenômeno do assédio moral em uma organização militar. In: IV EnEO – Encontro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre: ANPAD, 2006. TEIXEIRA, João Luís Vieira. O assédio moral no trabalho: conceito, causas e efeitos, liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção. LTr. São Paulo, 2009. VENOZA, Silvio. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 6ª Edição. São Paulo: Atlas, 2006.
Compartilhar