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ANÁLISE DE DADOS
Adalto Acir Althaus Junior
SOCIOECONÔMICOS
E INDICADORES
Adalto Acir Althaus Junior
ANÁLISE DE DADOS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS
Código Logístico
58810
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6521-9
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 2 1 9
Análise de dados 
e indicadores 
socioeconômicos
IESDE
2019
Adalto Acir Althaus Junior
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos 
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Maciej Bledowski/GarryKillian/Paulo Vilela/r.classen/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A469a
Althaus Junior, Adalto Acir
Análise de dados e indicadores socioeconômicos / Adalto Acir Althaus Junior. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019.
104 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6521-9
1. Indicadores sociais. 2. Indicadores econômicos. 3. Censo. I. Título.
19-58497 CDD: 310
CDU: 311
Adalto Acir Althaus Junior
Visiting scholar no Bauer College of Business da Universidade de Houston (UH). Doutor 
em Administração de Empresas na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). 
Mestre em Administração na área de contabilidade e finanças pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS). MBA em Planejamento e Gerenciamento Estratégico pela Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Graduado em Administração de Empresas pela 
Fundação de Estudos Sociais do Paraná (FESP) e em Engenharia Elétrica pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). Possui experiência como professor e consultor na área de finanças 
e planejamento. 
Sumário
Apresentação 7
1 Estado e sociedade 9
1.1 A relação entre Estado e sociedade 9
1.2 Planejamento governamental e políticas públicas 10
1.3 Monitoramento das políticas públicas 13
1.4 Subsídios para avaliar ações governamentais 15
2 Indicadores socioeconômicos 21
2.1 Indicadores econômicos e sociais 21
2.2 Propriedades e usos dos indicadores 25
2.3 Diagnósticos socioeconômicos 33
2.4 Elaboração e divulgação de estatísticas socioeconômicas 38
3 Fontes de dados e principais indicadores 47
3.1 Produtores de dados e de indicadores socioeconômicos 47
3.2 Principais indicadores 51
4 Análise de dados socioeconômicos 79
4.1 Estatísticas descritivas 79
4.2 Técnicas de apresentação e análise de dados 87
4.3 Uso de programas estatísticos 92
4.4 Pesquisas e avaliações de programas sociais 94
Gabarito 101
Apresentação
Os indicadores socioeconômicos são utilizados de modo universal para avaliar e apontar os 
caminhos que deveriam ser prioridade das políticas públicas. Com uma linguagem amplamente 
aceita, eles são utilizados para fazer comparações entre países, estados, regiões e municípios a fim 
de indicar bons exemplos a serem seguidos e outros a serem evitados pelos gestores públicos.
Para além da verificação de características sociais e econômicas, os indicadores 
socioeconômicos proporcionam aos governos condições mais adequadas de planejamento em 
termos de políticas públicas, uma vez que permitem conhecer e entender melhor a realidade de 
cada lugar. No Brasil, por exemplo, essa ferramenta pode auxiliar na elaboração de boas políticas e 
delinear ações que o levem a caminhar em ritmo de crescimento e melhoria da qualidade de vida 
de sua população. 
Toda unidade político-administrativa, seja estadual ou municipal, precisa inteirar-se do 
desenvolvimento social da sua localidade e das necessidades de seus cidadãos. Igualmente, os 
organismos internacionais de financiamento e apoio a países e regiões menos favorecidas também 
precisam de critérios claramente definidos não só para avaliar a evolução da qualidade de vida dos 
habitantes do globo, mas também para identificar as áreas mais carentes e que, consequentemente, 
requerem mais apoio. Esta obra, ao eleger os indicadores socioeconômicos como tema, traz a lume 
uma ferramenta imprescindível para acessar essas informações. 
Estruturado em quatro capítulos, este livro parte da discussão do papel do Estado como 
protetor e indutor do bem-estar da população. Depois, trata da pertinência de possuir informações 
capazes de orientar a formulação mais eficiente de políticas públicas afinadas às demandas da 
sociedade. Na sequência, no segundo capítulo, aborda a definição de indicadores socioeconômicos, 
suas propriedades e como podem ser utilizados para elaborar diagnósticos. No terceiro capítulo, 
por sua vez, são apresentados os principais produtores de estatísticas socioeconômicas do Brasil e 
a maneira pela qual se pode obter e interpretar corretamente esses indicadores. Por fim, o quarto 
e último capítulo elucida algumas estatísticas descritivas comumente utilizadas, explicando como 
analisar e apresentar dados socioeconômicos e, ainda, chamando a atenção para a necessidade de 
uso dos programas estatísticos e maior rigor na elaboração de pesquisas e avaliações de programas 
sociais.
Boa leitura!
1
Estado e sociedade
Neste capítulo, você entenderá a relação entre o Estado e a sociedade, discutiremos um 
pouco de sua função e a formulação de políticas públicas. Veremos, também, qual é o papel do 
Estado no processo de elaboração dos programas sociais e a importância de se ter diagnósticos 
socioeconômicos informativos. Com base nisso, você entenderá por que é fundamental que o 
Estado possua dados e indicadores socioeconômicos para bem cumprir seu papel frente a sociedade 
que serve.
1.1 A relação entre Estado e sociedade
A sociedade organizada, sempre em processo de evolução, busca estruturar 
suas bases de funcionamento por meio de uma ordem política, o Estado. Assim, 
ele é constituído por um conjunto de instituições públicas que possuem múltiplas 
relações com a sociedade em um determinado espaço territorial. Atender aos 
anseios dessa sociedade em constante mudança é função do Estado.
Desde a Grécia Antiga, diversos filósofos discutem a relação entre sociedade e Estado e 
buscam definir cada um deles, elaborando hipóteses, conceitos e teorias para explicar a essência 
do Estado e quais suas funções na vida social. Tais teorias não nasceram de forma linear, foram 
somando-se, as ideias do contraditório e de diferentes áreas e correntes de pensamento, umas às 
outras e sendo tratadas sob o ordenamento jurídico, econômico e sociológico. Alguns dos filósofos 
que se destacaram foram Rousseau, Adam Smith, Karl Marx, Comte, Maquiavel, entre outros. 
Muitos deles se preocuparam em definir e diferenciar esses conceitos.
Aqui, partiremos de uma visão mais pragmática e menos filosófica, entendendo o Estado 
como os governos, sejam eles municipal, estadual ou federal, e a sociedade como o conjunto de 
pessoas que habita os mais diversos espaços territoriais unidos sob a égide de um mesmo governo, 
ou seja, seus cidadãos. No Brasil, temos a sociedade brasileira e o governo federal como atores 
centrais.
Segundo a estrutura política de funcionamento e de estabelecimento de um governo, dentre 
suas principais funções está a de cuidar do seu povo. Cuidar da sociedade no sentido amplo, aquela 
que vive no seu território e sobre a qual tem influência. Assim, o governo deveria zelar para que a 
sociedade que representa tenha certo grau de conforto e proteção.
Partindo desse ponto de vista, o governo deve se preocupar com saúde, segurança, educação, 
infraestrutura, regulação (leis), proteção ao meio ambiente, condições para melhoria do ambiente 
de negócios, crescimento econômico e tantas outras questões relevantes para que haja um 
funcionamento harmonioso da sociedade.
Vídeo
Análise de dados e indicadores socioeconômicos10
Em resumo, a sociedade espera que o governo crie ou pelo menos trabalhe para criar 
condições de vida cada vez melhores e mais justas para os cidadãos.Assim, governo e sociedade 
estão intimamente ligados, sendo o governo o responsável por cuidar da sociedade, garantindo 
serviços públicos e propiciando condições de vida cada vez melhores para sua população. Mas 
quem mantém o governo?
É a sociedade que mantém o governo. Seja por conta do pagamento dos impostos, seja por 
uma vontade social dos seus cidadãos, em que todos aceitam regras de convívio e leis que regulam 
os direitos e os aspectos culturais envolvidos no dia a dia.
Podemos dizer que governo e sociedade vivem em uma simbiose, na qual a sociedade 
mantém o governo que, por sua vez, busca criar condições cada vez mais favoráveis para a vida da 
sua população. Para atender aos anseios dessa sociedade, o governo deve estabelecer linhas de ação, 
ou políticas, que vão provocar esforços de seus órgãos integrantes, bem como dos demais atores da 
sociedade, como empresas, organizações, instituições e das próprias pessoas. Esses esforços devem 
caminhar no sentido de levar o governo a cumprir seu papel.
Isso pode ser resumido no que se denomina estado de bem-estar social, que ocorre quando 
o Estado “assume a proteção social de todos os cidadãos, patrocinando ou regulando fortemente 
sistemas nacionais de Saúde, Educação, Habitação, Previdência e Assistência Social; normatizando 
relações de trabalho e salários; e garantindo a renda, em caso de desemprego” (SANTOS, 2016, 
p. 45).
Porém, para que tudo funcione, é necessário que o governo tenha informações que 
permitam planejar e tomar decisões acertadas na escolha das políticas ou direções, de modo que se 
estabeleçam condições para que o bem-estar social seja alcançado.
1.2 Planejamento governamental e políticas públicas
Todo processo de planejamento, seja governamental ou não, deve partir 
do reconhecimento de problemas a serem evitados ou sanados, ou, de outra 
forma, do estabelecimento de objetivos a serem atingidos. Tais objetivos podem 
ser amplos ou específicos e dirigidos. Porém, em se tratando de planejamento 
governamental, quem os determina? Esses objetivos são definidos pelos próprios 
usuários do planejamento, no caso, o governo. Observa-se, contudo, que bons objetivos são aqueles 
estabelecidos por meio de um processo participativo, afinal, é a sociedade a principal impactada 
pelos resultados do planejamento colocado em prática.
As políticas públicas podem ser entendidas como um conjunto de ações desenvolvidas pelo 
Estado para garantir o direito à cidadania, logo, devem estar voltadas à garantia dos pressupostos 
constitucionais e podem servir como diretrizes ou linhas de ação de um governo.
Nesse sentido, políticas públicas podem ser definidas como:
conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado 
diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, 
que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para 
determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas 
Vídeo
Estado e sociedade 11
públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se 
afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes 
públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros 
bens materiais ou imateriais. (PARANÁ, 2019)
Assim, ao iniciar o processo de planejamento das ações governamentais, automaticamente são 
definidas as políticas públicas a serem implementadas e as prioridades dos governos. Isso correspondendo 
ao fato de que a vida em sociedade exige o aprendizado de viver mantendo o equilíbrio dos desejos e 
interesses individuais com os interesses e desejos dos outros, bem como o equilíbrio das necessidades de 
ocupação e uso da terra com os limites da natureza e sua tolerância a agressões.
Aprender a equilibrar os interesses individuais e coletivos é de suma importância, pois é o 
que nos permite conviver em sociedade. Esse primeiro aprendizado é fundamental para a vida, 
uma vez que somos seres sociais, logo, não podemos viver de forma isolada. Nesse sentido, imagine 
se você fosse o responsável por tudo, absolutamente tudo que está ligado à sua subsistência, como 
plantar e colher seus alimentos, construir sua moradia, confeccionar suas vestes etc. A vida seria 
diferente e possivelmente não teríamos chegado ao ponto de evolução que temos hoje, uma vez que 
é ao assumir responsabilidades individuais e coletivas e aceitar as regras de convivência em grupo 
que a prosperidade se torna possível.
Já o aprendizado sobre o equilíbrio entre as nossas necessidades de ocupação e a exploração 
da natureza nos faz lembrar que, sem os recursos naturais, a vida na Terra não é possível. Em 
torno dessa questão delicada, a sociedade precisa aprender a respeitar os limites de tolerância da 
natureza, em especial os territórios adjacentes a nós, para preservá-la.
É para mediar os interesses individuais com os interesses coletivos, ou seja, da sociedade e 
do meio ambiente, que o poder público existe. Em última instância, a função do governo é garantir 
o equilíbrio já citado. Nesse sentido, as políticas públicas estabelecidas por determinado governo 
devem vir para contribuir no aprimoramento desse equilíbrio, visando a uma constante melhoria 
no atendimento aos desejos e às necessidades individuas e da sociedade.
Para colocar em prática tais políticas públicas, o processo de planejamento é essencial, pois 
é por meio da elaboração de um plano que se elegem políticas públicas coerentes sem perder de 
vista os limites da natureza.
O processo de planejamento pode ser dividido de forma genérica em seis etapas, conforme 
apresentado na Figura 1:
Figura 1 – Fluxo do planejamento
Análise do ambiente
Obtenção de resultados 
dessas ações
Execução dessas ações
Definição de planos de 
ação e indicadores
Estabelecimento 
de objetivos
Definição do(s) 
problema(s) a ser(em) 
enfrentado(s), ou seja, 
diretrizes do governo
Fonte: Elaborada pelo autor.
Análise de dados e indicadores socioeconômicos12
Observamos que a análise do ambiente é a etapa de diagnóstico do ambiente social no qual 
será inserida determinada política pública. Se vamos pensar em educação, por exemplo, o primeiro 
passo é analisar o ambiente educacional, entender a situação atual, verificar os pontos positivos e 
negativos e quais são os principais problemas a serem enfrentados. A rigor, cada área da vida em 
sociedade precisa do seu diagnóstico de ambiente.
Uma vez que o ambiente foi analisado, procede-se à definição dos problemas a serem 
enfrentados em cada área diagnosticada. De maneira geral, deve-se fazer uma análise de todos os 
ambientes e selecionar aqueles com questões mais urgentes. Porém, nem sempre o governo consegue 
enfrentar cada questão levantada na fase de análise. Nesse sentido, a definição das necessidades 
prioritárias, pode-se dizer, é o primeiro passo para definir uma política pública.
O estabelecimento de objetivos é a fase em que se definem metas a serem alcançadas para 
tratar os problemas levantados no item anterior. Elevar o índice de alfabetismo para 100% da 
população com 7 anos ou mais seria um exemplo clássico de objetivo na área da educação.
Tendo estabelecido os objetivos, passa-se à definição de planos de ação e indicadores, que são 
projetos de acompanhamento e verificação da efetividade das ações desenvolvidas. Para a medição 
dos resultados dessas ações, deve-se definir indicadores. Voltando ao exemplo da área da educação, o 
indicador da taxa de analfabetismo ajuda a acompanhar a evolução dos níveis educacionais básicos.
A execução dessas ações pode ocorrer durante períodos mais curtos ou anos, dependendo 
do problema que está sendo enfrentado. No caso da educação, por exemplo, temos escolas de ensino 
fundamental em permanente funcionamento para alfabetizar e instruir as crianças.
Já a obtenção de resultados dessas ações pode ocorrer paulatinamente, ano após ano, como 
é o caso de ações voltadas às áreas de saúde, saneamento, educação e outras, ou pode vir de modo 
mais imediato,como uma obra de melhoria de infraestrutura de trânsito. Para se aferir o resultado 
das ações e se este caminhou na direção certa, os indicadores definidos no plano de ação são de suma 
importância. A análise desses indicadores é o que permite saber se os resultados foram satisfatórios e 
se os objetivos estabelecidos foram atingidos.
O processo de planejamento não se encerra com a obtenção de resultados, ao contrário, pode-
se dizer que todas as etapas deveriam se fundir em um ciclo de planejamento e constante revisão 
das políticas públicas para levar melhoria à qualidade de vida em sociedade, respeitando os dois 
equilíbrios que o governo deve mediar e assegurar.
A máxima conhecida do planejamento, “aquilo que não é medido não é gerenciado”, atribuída 
a Peter Drucker, um dos principais autores e pensadores da administração moderna, pode ser vista 
nesse modelo simplificado pelo estabelecimento e acompanhamento de indicadores.
De maneira mais geral, uma política pública pode ser entendida como a soma das fases de 
definição dos problemas, estabelecimento de objetivos, definição de planos de ação e indicadores e 
execução. Assim, uma boa política pública pode ser construída com base na análise do ambiente e de 
um bom processo de planejamento.
A Figura 2 exemplifica como pode ser vista uma política pública inserida no fluxo do 
planejamento.
Estado e sociedade 13
Figura 2 – Política pública inserida no fluxo do planejamento
Análise do ambiente
Obtenção de resultados 
dessas ações
Execução dessas ações
Definição de planos de 
ação e indicadores
Estabelecimento 
de objetivos
Definição do(s) 
problema(s) a ser(em) 
enfrentado(s), ou seja, 
diretrizes do governo
Política pública
Fonte: Elaborada pelo autor.
Os resultados das políticas públicas poderão ser mensurados com indicadores sociais 
e econômicos capazes de capturar as mudanças e melhorias no ambiente. Assim, o processo de 
planejamento e de formulação e acompanhamento de políticas públicas se funde em um complexo 
de procedimentos voltados à definição de ações para melhorar a vida em sociedade, mantendo 
o equilíbrio dos interesses individuais e coletivos dentro dos limites de tolerância e preservação 
da natureza.
1.3 Monitoramento das políticas públicas
Monitorar é acompanhar o comportamento das medidas implantadas ao 
longo do tempo. Monitorar tem a ver com controlar. Nesse sentido, o monitoramento 
de políticas públicas nada mais é do que acompanhar os resultados das ações 
determinadas por essas políticas. No caso da Saúde, por exemplo, se o governo 
estabeleceu uma política pública com vistas a reduzir os índices de mortalidade entre 
recém-nascidos, para sabermos se as ações derivadas dessa política estão surtindo o efeito desejado, 
precisamos acompanhar a evolução de um indicador: número de óbitos de recém-nascidos.
Essa é uma das funções da gestão pública que, por meio da comparação com metas e 
padrões previamente estabelecidos, deve medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações 
determinadas por suas políticas. Assim, o monitoramento é parte fundamental para que se possa 
colher e dar mais incentivo às ações do governo que vêm gerando bons frutos e, mais do que isso, 
para corrigir as que não estiverem apresentando o resultado esperado.
O resultado do monitoramento é a informação. Com informação, esperam-se melhores 
decisões do governo, ou seja, escolhas mais assertivas na fase de definição de problemas, bem como 
ações mais efetivas e correção de ações inócuas.
Para que o governo possa efetuar o monitoramento, são necessários indicadores econômicos 
e sociais. Dada a sua relevância, convém definir: indicadores são medidas que capturam 
determinados aspectos do funcionamento do ambiente econômico e social. O Produto Interno 
Bruto (PIB) pode ser considerado um indicador, por exemplo, pois corresponde ao valor dos bens 
e serviços finais produzidos no país ou na região a que se refere.
Vídeo
Análise de dados e indicadores socioeconômicos14
Segundo a Agência de Notícias IBGE, em 2018, o PIB brasileiro atingiu R$ 6,8 trilhões, 
o que representou um aumento de 1,1% em relação ao ano de 2017 (IBGE, 2019). Esse dado de 
aumento do PIB pode nos trazer informações sobre o comportamento da economia e o resultado 
de determinadas ações do governo que tinham o objetivo de gerar crescimento econômico.
O monitoramento de indicadores ajuda o poder público a identificar áreas que precisam de 
mais atenção e outras que estão indo bem. Nesse sentido, o uso de ferramentas da área de gestão da 
qualidade, como o ciclo PDCA, incialmente atribuído a Deming (1982), encaixa-se nesse processo 
de melhoria contínua da qualidade da gestão pública. Conheça o ciclo PDCA, apresentado na 
Figura 3.
Figura 3 – Ciclo PDCA
Ajustar, 
agir ou 
corrigir
Controlar
Planejar
Fazer 
ou 
executar
Fonte: Elaborada pelo autor.
O ciclo PDCA estabelece uma filosofia de trabalho que se inicia com o planejamento 
(P – plan, planejar); execução das ações planejadas (D – do, fazer ou executar); monitoramento 
dos resultado das ações executadas (C – control, controlar) e ajuste ou correção do planejamento e 
das ações para atingir os resultados esperados (A – adjust ou act, ajustar, agir ou corrigir).
A ideia deste material não é discutir o ciclo PDCA ou boas práticas de gestão da qualidade, 
mas destacar a importância do monitoramento dos resultados das ações governamentais para 
que o planejamento possa ser ajustado a fim de se definir políticas públicas que gerem resultados 
efetivos para o cidadão e para a sociedade.
A integração do fluxo do planejamento (Figura 1) ao ciclo PDCA (Figura 3) resulta em 
uma visão mais elucidativa do processo de planejamento. Como pode ser observado na Figura 4, a 
principal vantagem está em identificarmos como as fases do ciclo PDCA permeiam o processo de 
planejamento como um todo.
Estado e sociedade 15
Figura 4 – Integração do ciclo PDCA e do fluxo do planejamento
Análise do ambiente
Obtenção de resultados 
dessas ações
Execução dessas ações
Definição de planos de 
ação 
e indicadores
Estabelecimento 
de objetivos
Definição do(s) 
problema(s) a ser(em) 
enfrentado(s), ou seja, 
diretrizes do governo
AJUSTAR
PLANEJAR
FAZERCONTROLAR
Fonte: Elaborada pelo autor.
Assim, monitorar (control) os resultados das ações de governo e como eles alteram o am- 
biente fornece informações para a revisão e ajuste do planejamento e, consequentemente, para 
ajustes nas políticas públicas e nas ações de governo derivadas dessas políticas.
No exemplo do PIB, o governo pode observar o comportamento da economia para agir o mais 
rápido possível em caso de problemas. Além do próprio governo, a sociedade também se beneficia 
das informações trazidas pelos indicadores. Uma empresa que pretende expandir suas atividades 
ou tomar uma decisão de investimento, por exemplo, certamente avaliará o comportamento da 
economia na região em que pretende se instalar. Veremos mais detalhes sobre o uso de indicadores 
na sequência.
1.4 Subsídios para avaliar ações governamentais
Como vimos, monitorar políticas públicas é essencial para ajustar as ações de 
governo a fim de atingir melhores resultados para os cidadãos e para a sociedade. 
Mas como avaliar tais ações de governo? Como medir os resultados práticos dessas 
ações?
Talvez uma das formas mais evidentes seja observar o ambiente antes das 
ações e compará-lo com o ambiente depois delas. Infelizmente, no mundo real, as coisas não são 
tão simples quanto possam parecer.
A simples comparação entre antes e depois pode não nos trazer resultados confiáveis sobre 
a efetividade das ações governamentais. Diversas situações podem interferir no mundo e na 
sociedade que está sendo avaliada e alterar o cenário independentemente das ações de governo.
Para entender melhor esse conceito, imagine que o governo deseja incentivar o aumento da 
produção agrícola em determinada região. Para isso, cria-se uma linha de financiamento específica 
de modo a beneficiar produtoresrurais da região de interesse. Suponha agora que, devido a fatores 
climáticos, a chuva que deveria ocorrer em certo mês não atingiu os níveis ideais, acarretando 
perda significativa da produção agrícola na região.
Vídeo
Análise de dados e indicadores socioeconômicos16
Ao fazermos a simples comparação entre a quantidade produzida antes e a quantidade 
produzida depois, sem considerar a questão climática, podemos chegar à conclusão de que o 
incentivo do governo gerou perda na produção agrícola, não aumento. É importante considerar, 
nesta avaliação, fatores ambientais para se ter uma visão mais precisa do resultado das ações 
de governo.
Logo, é preciso atenção aos fatores e às mudanças no ambiente para não incorrer em erros 
de avaliação, uma vez que a cada ano pessoas nascem e morrem, novos produtos são lançados, 
outros deixam de existir, novas empresas são abertas, o clima muda, a economia se altera, em 
certos anos há eleição, em outros, não. São muitos os fatores capazes de modificar o ambiente e o 
comportamento das pessoas, o que torna a avaliação das ações de governo algo não trivial.
No entanto, antes de nos preocuparmos em desenvolver um método de avaliação que seja 
capaz de driblar essas transformações constantes pelas quais o ambiente, a sociedade e a economia 
passam, precisamos obter dados e informações sobre a evolução daquilo que queremos avaliar 
ou medir.
A questão central, nesse caso, é que, teoricamente, nunca sabemos a priori quais políticas 
públicas e ações governamentais serão desenvolvidas. Ou seja, não sabemos antecipadamente quais 
serão nossas ações em um futuro próximo. Então, como podemos reunir dados e informações com 
antecedência sobre elas?
A resposta para essa questão vem ao encontro de se manter o trabalho permanente de 
monitoramento do ambiente social e econômico, da ocupação do território, dos fatores da 
natureza, entre outros. Essa ideia reside no fato de se ter uma visão prévia dos anseios sociais e 
grandes preocupações do governo e da sociedade, e de se estabelecer indicadores que nos deem 
informações sobre a evolução de questões centrais e de objetos de preocupação constante.
Assim, o PIB de um país não é medido somente para avaliar os resultados de determinada 
ação de governo. Medimos o PIB de um país, mês após mês, ano após ano, para termos uma série 
histórica dessas informações, o que nos permitirá avaliar as ações governamentais no momento 
oportuno, pois os dados e as informações já vêm sendo coletados há tempos.
Essa discussão parece elementar, mas dados e informações são fundamentais para avaliar as 
ações governamentais e, mais do que isso, para se estabelecer políticas públicas e ações de governo. 
Portanto, o governo precisa dessas informações para saber onde e quando deve agir.
De modo geral, podemos dizer que esses dados e informações são a base para a elaboração 
de indicadores que veremos mais adiante e que servirão para avaliar e diagnosticar situações 
de interesse. Diversos temas são de interesse da sociedade e, por consequência, do governo por ela 
eleito. Esses temas ou dimensões deveriam ser constantemente monitorados por meio da coleta de 
dados e, em seguida, pela elaboração e divulgação de indicadores.
Veja no Quadro 1 a relação entre as dimensões de interesse e temas importantes ligados ao 
desenvolvimento sustentável para municípios do estado do Rio de Janeiro.
Estado e sociedade 17
Quadro 1 – Dimensão, temas e indicadores de desenvolvimento sustentável
Dimensões Temas Indicadores
Social
Rendimento
Proporção da população com renda familiar per capita acima de 1/2 
salário mínimo
Rendimento médio mensal
Taxa de ocupação
Índice de Gini1 do rendimento domiciliar per capita
Razão entre a média dos rendimentos mulheres/homens
Razão entre a média
Saúde
Taxa de mortalidade infantil
Esperança de vida ao nascer
Número de leitos por mil habitantes
Número de empregos médicos por mil habitantes
Número de estabelecimentos de saúde por mil habitantes
Número de internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento 
Ambiental Inadequado – DRSAI por cem mil habitantes
Educação
Taxa de escolarização das crianças de 7 a 14 anos
Escolaridade de adultos
Taxa de alfabetização de adultos
Habitação
Proporção de domicílios particulares permanentes com densidade de até 
dois moradores por dormitório
Violência
Coeficiente de mortalidade por homicídios
Mortalidade por acidentes de transporte
Ambiental
Atmosfera
Frota de veículos automotores por cem habitantes
Potencial de poluição industrial por mil habitantes
Terra Percentual de área de vegetação remanescente sobre área total
Saneamento
Proporção de moradores em domicílios com acesso ao sistema de 
abastecimento de água
Proporção de moradores em domicílios com acesso à coleta de lixo 
doméstico
Proporção de moradores em domicílios com acesso a esgotamento 
sanitário
Econômica
Capacidade 
econômica
PIB per capita
Proporção do setor da construção civil sobre o total do PIB
Padrões de 
consumo
Consumo de energia elétrica per capita
Consumo de energia elétrica por unidade de PIB
1 O Índice de Gini é um instrumento utilizado para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Com 
ele, é possível apontar a diferença entre os rendimentos das camadas mais pobres e das mais ricas. Tradicionalmente, em 
termos numéricos, varia de zero a um, em que o valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma 
renda. Já o valor um está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza (WOLFFENBÜTTEL, 2004).
(Continua
Análise de dados e indicadores socioeconômicos18
Dimensões Temas Indicadores
Institucional
Capacidade 
institucional
Proporção de domicílios com possibilidade de acesso à internet
Número de terminais telefônicos instalados por cem habitantes
Fonte: Scandar Neto, 2006, p. 119.
Essa relação de indicadores, voltados à avaliação de ações governamentais ligadas ao 
desenvolvimento sustentável, dá uma ideia dos subsídios necessários à avaliação e execução dessas 
ações.
Observe que muitos dos indicadores propostos poderiam ser utilizados para avaliar ou 
diagnosticar outras temáticas. Parece razoável que, se quiséssemos avaliar, por exemplo, a qualidade 
de vida urbana, o indicador “Proporção de moradores em domicílios com acesso a esgotamento 
sanitário” também deveria fazer parte da observação.
Portanto, dependendo dos tipos de ações governamentais e das avaliações a serem feitas, um 
conjunto de temas, e mais especificamente de indicadores, deve ser selecionado para dar subsídios 
suficientes ao trabalho não só de avaliação, mas de monitoramento do quadro situacional e, por 
conseguinte, das ações de governo.
Assim, o próprio governo, entidades, institutos ou órgãos competentes devem realizar 
paulatinamente um complexo de ações de coleta, levantamentos e pesquisas que gerem dados e 
informações para a construção periódica e permanente de indicadores que permitirão avaliar as 
ações governamentais sob diversos ângulos, desde o desenvolvimento sustentável até a qualidade 
de vida urbana, por exemplo.
Logo, os subsídios para avaliação das ações governamentais consistem na prática constante 
de produzir e disseminar dados e informações, a fim de que os indicadores sejam gerados e 
adaptados para que apontem conclusões conforme as necessidades de avaliação.
Considerações finais
Como vimos, Estado, entendido aqui como governo, e sociedade estão ligados, e cabe a ele 
se preocupar em gerar o bem-estar social, mediando a relação entre os desejos e as necessidades 
individuais e os desejos e as necessidades da coletividade, respeitando os limites de tolerância da 
natureza e, assim, impondo regras e limites para a ocupação do território.
Para cumprir sua função, o governo deve planejar ações e estabelecer políticas públicas que 
induzam atuações do próprio governo e da sociedade de maneira a atingir os resultados esperados.
Ao avaliar a qualidade e assertividade das ações governamentais é necessáriomonitorá-las 
para verificar se estão surtindo o resultado almejado ou se precisam de ajustes, correções e até 
mesmo revisões completas.
Somente com a permanente coleta de dados e a realização de levantamentos e pesquisas 
pode-se oferecer os subsídios necessários para a avaliação das ações governamentais e, mais do que 
isso, para diagnosticar e conhecer o próprio país, estado, região ou município de modo a estabelecer 
políticas públicas e ações condizentes com as necessidades e os anseios daquela sociedade.
Estado e sociedade 19
Ampliando seus conhecimentos
• BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação 
– PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 
DF, 26 jun. 2014. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-
educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 19 jul. 2019.
Nesse documento, vemos como é proposta essa ação governamental e os indicadores 
envolvidos na avaliação dos resultados. É interessante, ainda, observar como os indica- 
dores podem servir para acompanhar a execução dessa política e avaliar se ela está 
caminhando na direção esperada.
• BOLETINS sobre o mercado de trabalho. IPEA. Disponível em: http://www.ipea.gov.
br/portal/index.php?option=com_alphacontent&view=alphacontent&Itemid=362. 
Acesso em: 19 jun. 2019.
Levantamento periódico que analisa o ambiente relacionado ao mercado de trabalho no 
Brasil divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) para auxiliar 
os governantes na definição de políticas públicas voltadas ao emprego e na avalição do 
resultado de políticas econômicas.
Atividades
1. Qual é o papel do governo na busca pelo bem-estar da sociedade no Brasil?
2. O governo monitora os indicadores de efetividade das políticas públicas?
3. Como o cidadão poderia ser mais efetivo para exigir e cobrar ações do governo que se 
materializem em resultado prático na sociedade?
Referências
DEMING, William Edwards. Quality, productivity, and competitive position. Cambridge, MA: Massachusetts 
Institute of Technology, Center for advanced engineering study, 1982.
IBGE. Agência de Notícias, 2019. PIB cresce 1,1% em 2018 e fecha ano em R$ 6,8 trilhões. Disponível em: 
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23886-
pib-cresce-1-1-em-2018-e-fecha-ano-em-r-6-8-trilhoes. Acesso em: 1 jul. 2019.
PARANÁ (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. O que são políticas públicas? Disponível em: http://www.
meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/coea/pncpr/O_que_sao_PoliticasPublicas.pdf. Acesso em: 17 jul. 
2019.
SANTOS, Maria Paula Gomes dos. Políticas públicas e sociedade. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Departamento 
de Ciências da Administração / UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2016.
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_alphacontent&view=alphacontent&Itemid=362
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_alphacontent&view=alphacontent&Itemid=362
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23886-pib-cresce-1-1-em-2018-e-fecha-ano-em-r-6-8-trilhoes
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23886-pib-cresce-1-1-em-2018-e-fecha-ano-em-r-6-8-trilhoes
http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/coea/pncpr/O_que_sao_PoliticasPublicas.pdf
http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/coea/pncpr/O_que_sao_PoliticasPublicas.pdf
Análise de dados e indicadores socioeconômicos20
SCANDAR NETO, Wadih João. Síntese que organiza o olhar: uma proposta para construção e representação 
de indicadores de desenvolvimento sustentável e sua aplicação para os municípios fluminenses. Dissertação 
(mestrado) – Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: https://biblioteca.
ibge.gov.br/bibliotecacatalogo.html?id=234235&view=detalhes. Acesso em: 17 jul. 2019.
WOLFFENBÜTTEL,  Andréa. O que é? Índice de Gini. In: Desafios do desenvolvimento, ano 1, 
n. 4, 01 nov. 2004. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id 
=2048:catid=28&Itemid=23. Acesso em 17 jul. 2019.
2
Indicadores socioeconômicos
Neste capítulo, você entenderá o que são e para que servem os indicadores socioeconômicos. 
Também discutiremos algumas de suas aplicações em pesquisas. Além disso, você aprenderá a 
respeito de diagnósticos socioeconômicos e produção e disseminação de dados e indicadores.
Afinal, para que o governo e a sociedade possam reconhecer os principais pontos que 
merecem mais atenção ao efetuar o planejamento e definir as políticas e os programas sociais, a 
produção e utilização de indicadores socioeconômicos é vital.
2.1 Indicadores econômicos e sociais
Um indicador, como o próprio nome diz, deve indicar algo. Na verdade, um 
indicador é uma medida que nos ajuda a avaliar o estado atual de determinada 
grandeza que se está observando.
Considere, por exemplo, que você está em um veículo transitando em 
uma estrada. O velocímetro indica sua velocidade atual e a interpretação dessa 
informação lhe traz a capacidade de avaliar se está rápido ou devagar, segundo certos parâmetros 
sobre os quais você normalmente já tem conhecimento, seja pela experiência, seja pela comparação 
com a legislação de trânsito. Nesse exemplo, o equipamento que mede a velocidade, o velocímetro, 
apresenta um número indicativo mais ou menos preciso da velocidade de seu veículo.
Agora imagine que você parou no posto de gasolina. Ao ser atendido pelo frentista, você 
observou que a bomba de combustível informa o abastecimento de 20 litros em seu veículo. Você 
também aproveitou e anotou a distância percorrida desde o último reabastecimento, ou seja, a 
quilometragem percorrida. Suponha que seu carro percorreu 220 km desde o último abastecimento. 
Verificando o consumo médio que seu veículo obteve nesse trajeto, a conta é a seguinte:
Consumo médio do veículo = 
distância percorrida em quilômetros
quantidade de combustível utilizada em litros
Consumo médio do veículo = 
220 km
20 l
Consumo médio do veículo = 
11 km
l
Segundo esse raciocínio, seu carro consegue percorrer uma média de 11 km por litro de 
combustível. Ora, esse número também é um indicador que agora nos traz informação sobre o 
consumo de combustível do veículo.
Vídeo
Análise de dados e indicadores socioeconômicos22
Portanto, a palavra indicador se refere aos elementos utilizados para acompanhar a evolução 
de alguma grandeza ou variável de interesse, ou seja, indicador é um instrumento pensado para 
nos trazer alguma informação de algo que nos interessa.
No caso de indicadores econômicos e de indicadores sociais, eles nos ajudam a acompanhar 
a evolução de variáveis sobre atividades econômicas e determinados aspectos sociais. Por exemplo, 
o PIB é a medida da produção de um país, região, estado ou município durante um período 
determinado, mas também é um indicador dessa produção.
Assim, um indicador econômico e social é uma medida que traz consigo um significado 
utilizado para tornar tangível algum conceito abstrato. É um indicativo que informa sobre algum 
aspecto da realidade econômica e social ou, ainda, a respeito de mudanças que estão ocorrendo 
nessas realidades.
Indicadores também são instrumentos utilizados para que se realize o monitoramento de 
uma realidade que se deseja acompanhar ou avaliar, podendo trazer informações importantes na 
definição e/ou reformulação de políticas públicas.
Índices de mortalidade infantil, analfabetismo, desemprego, proporção de matrículas de 
crianças no ensino fundamental, entre outros, são exemplos de indicadores voltados às questões 
sociais. Por sua vez, Produto Interno Bruto (PIB), índices de inflação, taxas de juros, arrecadação do 
governo, entre outros, são exemplos de indicadores voltados ao monitoramento do comportamento 
e outras questões relativas às variáveis econômicas do país.
Assim, o conjunto de indicadoreseconômicos e sociais traz informações que ajudam a 
mensurar e monitorar questões socioeconômicas de um país, dando suporte na elaboração, 
implementação e revisão de políticas públicas que sejam do interesse da sociedade e venham ao 
encontro de suas necessidades. Por meio desses indicadores é que se consegue saber quais políticas 
públicas e ações podem contribuir com a melhoria das condições de vida da sociedade (PARAHOS 
et al., 2013).
Além disso, a realização de estudos e pesquisas econômicas e sociais depende desse 
conjunto de indicadores que medem as condições do ambiente que se quer analisar. Estudos e 
pesquisas são fundamentais para se avaliar o resultado das políticas públicas, para se diagnosticar 
e descobrir novos problemas ou para entender melhor as causas e consequências de problemas já 
conhecidos. Com os resultados das pesquisas é que se pode melhorar a gestão, o planejamento e, 
consequentemente, a formulação de políticas que sejam mais efetivas em tratar não só das mazelas 
da sociedade, mas de seu amadurecimento e desenvolvimento.
O uso de indicadores sociais foi trazido ao debate, uma vez que sozinhos os indicadores 
econômicos não trazem informações suficientes sobre a qualidade de vida das pessoas. O indicador 
PIB per capita, por exemplo, deixou de ser uma boa medida para monitorar a distribuição de 
riqueza entre as pessoas.
O PIB per capita é medido pela seguinte relação:
PIB per capita = 
PIB
número de habitantes
Indicadores socioeconômicos 23
Como se observa na fórmula, o PIB per capita acaba indicando uma média por número de 
habitantes. No Brasil, por exemplo, segundo o IBGE, em 2018, o PIB foi de R$ 6.827.582.490.300,00. 
Ainda, conforme informações disponibilizadas pelo IBGE, a população brasileira no mesmo ano 
era de aproximadamente 208.494.900 milhões de habitantes, espalhados em 5.570 municípios. 
Com esses números, podemos estimar o PIB per capita que, segundo Villas-Boas e Saraiva (2019), 
foi de R$ 32.747,00 em 2018.
Esse valor estimado do PIB per capita indica que cada habitante produziu, em média, 
R$ 32.747,00 em produtos ou serviços no referido período e, consequentemente, que alguém 
consumiu esses mesmos produtos ou serviços. Por isso, no passado, esse indicador era utilizado como 
uma variável que trazia informações sobre a distribuição de renda no país. Com o tempo, percebeu-
-se que essa “média” não é um bom indicador quando queremos olhar para a distribuição de renda.
Embora o PIB per capita retrate a média da riqueza produzida para cada um dos habitantes 
de um país, ele não diz como esta se distribui entre a população. Sabemos que existem pessoas 
com salários e patrimônio muito baixos e outras com salários e patrimônio muito altos, porém, ao 
fazer a média, não temos informação sobre a distância ou quantidade de pessoas com riqueza mais 
próxima dos menores ou dos maiores valores. Suponha que você conheça dez pessoas, sendo que 
nove delas recebem R$ 1.000,00 e uma delas recebe R$ 30.000,00 por mês. Ora, o salário médio 
dessas pessoas será de R$ 3.900,00 mensais. Observe que nenhuma das pessoas recebe esse valor, 
mas ele é a média salarial de todas juntas. Ademais, o valor médio é quase quatro vezes superior 
ao salário da maioria das pessoas. Isso acontece porque há uma entre essas dez pessoas que recebe 
muito acima das demais. O mesmo problema ocorre na utilização do PIB per capita.
Porém, o PIB e o PIB per capita ainda são bons indicadores e figuram entre os mais utilizados 
para avaliar e acompanhar o crescimento econômico de uma região.
Assim, entidades internacionais – especialmente a Organização de Cooperação e Desenvol- 
vimento Econômico (OCDE); Banco Mundial; Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); 
Organização Mundial da Saúde (OMS); Organização das Nações Unidas para Alimentação e 
Agricultura (FAO); Organização Internacional do Trabalho (OIT); Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); Fundo das Nações Unidas para a Infância 
(UNICEF) e a própria Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), por meio da Divisão de 
Estatística das Nações Unidas – estabeleceram uma metodologia e uma série de indicadores sociais 
e econômicos, de modo a constituir-se um arcabouço de medidas com o objetivo de monitorar 
condições sociais e movimentos que possam se traduzir em maior ou menor qualidade de vida e 
riqueza para as pessoas dentro dos diversos países do mundo.
Depois dessa iniciativa, por exemplo, para avaliar a distribuição de renda nos dias de hoje é 
utilizado o Índice de Gini, ajustado para a medição do rendimento domiciliar per capita – tema que 
estudaremos mais adiante. Esse exemplo, no entanto, mostra como o uso dos indicadores com o 
objetivo de acompanhar certas grandezas econômicas e/ou sociais se modifica ao longo do tempo, 
sempre buscando por melhores formas de enxergar aquilo que realmente queremos medir.
Análise de dados e indicadores socioeconômicos24
A partir das décadas de 1960 e 1970, ocorreu o que se chamou de movimento dos indicadores 
sociais. Esse movimento teve início com a publicação do relatório intitulado Toward a Social Report, 
encomendado pelo Governo dos Estados Unidos para se estabelecer parâmetros e indicadores à 
elaboração de relatórios e diagnósticos sobre situações sociais no país (COHEN, 1969).
A partir desse trabalho do governo norte-americano, os organismos internacionais, 
preocupados com a melhoria do planejamento das políticas sociais dos países, começaram a 
incentivar e adotar um conjunto de indicadores mais afeitos na avaliação da qualidade de vida 
e bem-estar das populações nos países e regiões. Isso fez com que o arcabouço de indicadores 
utilizados nos dias de hoje por esses organismos internacionais (OCDE, Banco Mundial, BID, OMS, 
FAO, OIT, UNESCO, UNICEF, ONU, entre outros) tivessem início nesse movimento motivado 
pelo Toward a Social Report.
Já no Brasil, foi a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, cujo conteúdo 
traz uma marcante preocupação com as questões sociais e direitos individuais, que houve a 
institucionalização de um conjunto de diretrizes visando à proteção do cidadão e de seus direitos 
individuais perante a sociedade. Essa preocupação com relação aos direitos civis fundamentais e 
sociais de modo geral estão evidenciados principalmente nos artigos 1º, 5º, 6º e 7º. Já as diretrizes 
constitucionais relacionadas aos direitos à saúde, previdência e assistência social estão evidenciados 
principalmente do artigo 192º a 204º. As preocupações sociais relacionadas aos direitos individuas 
à educação e cultura, materializadas na Constituição de 1988, estão evidenciados principalmente 
do artigo 205º a 215º.
Além da Constituição Federal de 1988, com a influência de organismos internacionais, 
maior abertura do país e acesso à informação, que se fortaleceu desde o final dos anos 1980 e, mais 
intensamente, a partir dos anos 1990, houve um aprimoramento das experiências dos estados e 
municípios brasileiros no que tange à elaboração e execução de políticas públicas locais. Isso elevou 
o uso dos indicadores desde a seleção das localidades e regiões de abrangência que receberão as 
ações de governo até a definição das políticas em si que, por sua vez, derivarão para as ações de 
governo e mensuração de resultados dessas implementações.
Para que esse aprimoramento na formulação e implementação das políticas públicas seja 
constatado – geralmente por meio da avaliação dos resultados dessas políticas –, é necessário um 
conjunto de indicadores bem constituído, de tal forma que seja possível mensurar tais resultados, 
ou pelo menos acompanhar a evolução das variáveis de interesse.
Como já dissemos, os indicadores apontam, aproximam, traduzem em termos quantita- 
tivos as dimensões econômicas e sociais de interesse. É um instrumento “numérico” para medir 
e monitorar a evolução ou o comportamento de uma variável econômica ou social ao longo do 
tempo.
Indicadores socioeconômicos 25
Desde os anos1990, com a implementação de legislações que permitiram maior controle 
social sobre o Estado, a utilização de indicadores se tornou mais intensa. Isso se relaciona, 
especialmente, com o crescente clamor por mais transparência por parte dos governos, bem 
como o poder de fiscalização da sociedade civil, dos sindicatos, das mídias televisivas, impressas 
e mais recentemente digitais e de outras organizações que têm exigido a aplicação mais eficiente 
dos recursos públicos. Para levar a cabo essas demandas sociais, a disponibilidade de indicadores 
socioeconômicos é o primeiro passo. O acesso público aos indicadores, uma exigência da sociedade, 
também fez crescer seu uso.
Outro fator que facilitou muito a disponibilidade e o uso dos indicadores foi o crescimento 
do uso da internet como meio de divulgação e acesso a essas informações. Existem diversas 
fontes oficiais de dados (as quais veremos mais adiante, no Capítulo 3) que propiciam a qualquer 
cidadão obter a série histórica de um conjunto de indicadores e realizar o estudo socioeconômico 
que desejar. Essas fontes normalmente são utilizadas por professores, pesquisadores, jornalistas, 
estatísticos, organizações de classe, entidades governamentais municipais, estaduais e federais, 
dentre diversos outros atores sociais que desejem estudar ou acompanhar algum fenômeno ou 
variável socioeconômica.
Veja no tópico a seguir como são construídos os indicadores socioeconômicos, suas 
características e principais usos.
2.2 Propriedades e usos dos indicadores
A construção de um indicador, ou melhor, de um conjunto de indicadores 
precisa obedecer a alguns requisitos. Como já dito, o termo “indicadores sociais” 
surgiu entre os anos 1960 e 1970,
e recebeu seu significado inicial na tentativa de detectar (medir) e antecipar 
(avaliar) a natureza e a magnitude das consequências de segunda ordem das 
políticas públicas para a sociedade americana. (LAND, 1983, p. 2, tradução 
nossa)
Mas, afinal, o que seria um bom indicador? O bom indicador de um sistema econômico 
e social deve fazer parte de um conjunto de indicadores que descreva o comportamento desse 
sistema. Por exemplo, se queremos descrever o comportamento das “condições de vida” de uma 
sociedade, nosso sistema de indicadores deve conter aspectos que traduzam as condições de vida 
que queremos observar. Ou seja, os indicadores devem ser componentes das próprias condições 
de vida, nesse caso.
Na Figura 1, a seguir, vemos que os indicadores utilizados para avaliar as condições de vida 
da sociedade são divididos em dimensões. Cada dimensão possui seus indicadores – às vezes 
podemos ter o mesmo indicador em mais de uma dimensão. Ainda, podemos perceber que os 
indicadores são elementos que fazem parte das próprias condições de vida que estamos avaliando.
Vídeo
Análise de dados e indicadores socioeconômicos26
Figura 1 – Do conceito de interesse aos indicadores socioeconômicos
Condições de moradia
Condições de 
moradia
Taxa de cobertura de 
rede de esgoto, etc.
Taxa de mortalidade 
infantil, etc.
Taxa de alfabetização 
e de evasão, etc.
Possíveis 
dimensões
Busca de dados 
e fontes de 
informações:
Exemplos 
de possíveis 
indicadores
Registros em 
programas 
sociais
Entre outros
Cadastros
Pesquisas
Condições de 
saúde
Condições 
educacionais
Condições de vida
Fonte: Adaptado de Jannuzzi, 2015.
Na Figura 1, vemos que tanto a taxa de cobertura de esgoto nas casas quanto a taxa de 
entrega de água encanada e a taxa de urbanização das ruas, por exemplo, são elementos que fazem 
parte das condições de moradia e consequentemente das condições de vida da população. Com 
esse exemplo, vê-se que cada dimensão poderá ter tantos indicadores quantos forem necessários.
Para a estimação ou cálculo dos indicadores, pode-se utilizar dados de cadastros públicos, 
cadastros da população em programas sociais, itens de gastos do orçamento público, dados da 
contabilidade pública, dados de arrecadação fiscal, pesquisas e levantamentos de dados em campo, 
dados de imagens via satélite, enfim, todas a formas possíveis de se obter a informação necessária.
Para que os indicadores tenham sucesso na missão de trazer informações e subsidiar análises, 
estudos, pesquisas e, principalmente, a formulação adequada de políticas públicas, é necessário que 
tenham algumas características, ou seja, algumas propriedades desejáveis.
Segundo Jannuzzi (2015), podemos elencar 11 características ou propriedades fundamentais 
a um indicador. Vejamos o significado de cada uma delas.
• Validade: um indicador deve representar a realidade que se deseja observar ou medir 
com a maior assertividade possível, ou seja, precisa estar conectado àquilo que se está 
medindo e manter essa conexão com o passar do tempo. Em resumo, dever ser válido 
para observar ou representar determinado fenômeno.
• Confiabilidade: deve partir de fontes de dados e informações confiáveis, sendo elaborado 
com metodologias transparentes e aceitas pela comunidade de estudiosos do assunto, 
tanto na coleta e tratamento de dados e informações como na divulgação.
• Simplicidade: deve ser de fácil compreensão e entendimento para o público em geral. 
Além disso, sua obtenção, construção, manutenção e comunicação precisam ser simples.
Indicadores socioeconômicos 27
• Representatividade: deve cobrir tanto o território como a população relacionada com o 
aspecto que está sendo capturado pelo indicador. Ou seja, um indicador deve considerar 
dados de todo o território ou população relacionado com o que se está medindo.
• Sensibilidade: deve refletir as mudanças decorrentes das intervenções realizadas 
oportunamente e no tempo certo.
• Desagregabilidade: deve ser possível dividir os indicadores em regiões ou em 
dimensões regionalizadas, considerando critérios territoriais e/ou grupos e subgrupos 
sociodemográficos. Isso é importante para avaliar o correto direcionamento de políticas 
públicas.
• Periodicidade: precisa ser periodicamente atualizado, algo importante quando se 
quer monitorar o comportamento do indicador. Conforme as características de cada 
fenômeno que se quer acompanhar, o momento da coleta dos dados é essencial para que 
se tenha a visão correta da evolução do indicador. Nesse sentido, um indicador que não 
pode ser obtido com periodicidade não poderá ser utilizado para aferir a evolução de um 
fenômeno econômico ou social. Veja a inflação, por exemplo: se não houver periodicidade 
no cálculo da inflação, nunca saberemos precisamente quando e por que ocorreu a 
alta nos preços. O mesmo se aplica à taxa de desemprego, ao número de matrículas nas 
escolas etc.
• Mensurabilidade: deve ser abrangente e medir com a maior precisão possível, sem deixar 
dúvidas quanto ao seu resultado.
• Economicidade: os custos de obtenção de um indicador devem ser razoáveis, ou seja, 
a relação custo-benefício resultante da obtenção do indicador deve ser favorável. Não 
pode custar muito caro obter certos dados para se estimar o indicador, e a informação 
resultante deve representar um benefício compatível.
• Estabilidade: diz respeito à condição de obtenção de um indicador em séries históricas 
que possam ser comparadas, mantendo a estabilidade e a possibilidade de monitoramento.
• Auditabilidade: deve ser possível de ser auditado. Isso significa que o indicador deve 
oferecer condições de conferência e verificação de sua obtenção a qualquer pessoa que 
disponha dos recursos necessários.
Assim, essas 11 características ou propriedades devem nortear a elaboração de qualquer 
indicador socioeconômico. A observação desses atributos garantirá que um indicador pode ser 
utilizado ao longo do tempo de forma efetiva para que se observe e monitore a evolução de um 
tema econômico ou social que se deseje medir.
Para melhor compreender, observe o Gráfico 1, que apresenta a estimativa da população 
brasileira, informação essa revisada periodicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE).
sociodemográfico: 
que se refereaos 
elementos ou a 
características 
demográficas de um 
determinado grupo 
social.
Análise de dados e indicadores socioeconômicos28
Gráfico 1 – Projeção do IBGE para a população 2010-2060
250.000.000
200.000.000
150.000.000
100.000.000
50.000.000
0
Brasil Norte Nordeste Sudeste Centro-Oeste Sul
A
no
20
11
20
13
20
15
20
17
20
19
20
21
20
23
20
25
20
27
20
29
20
31
20
33
20
35
20
37
20
39
20
41
20
43
20
45
20
47
20
49
20
51
20
53
20
55
20
57
20
59
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados das projeções do IBGE (2019b).
Somente é possível obter essa informação porque o indicador “número de habitantes” possui 
todas as propriedades anteriormente citadas. Embora isso pareça um conceito simples, é de suma 
importância, pois um indicador mal formulado pode ser descontinuado, por exemplo, e então você 
não poderá acompanhar seu comportamento.
Imagine que os custos estimados de um determinado indicador se tornaram muito altos e 
sua continuidade está ameaçada ou os critérios de estimação podem ser modificados. Caso isso 
ocorra, a informação trazida por esse indicador será perdida, a avaliação em relação a tempos 
passados também perderá comparabilidade. Seria isso que aconteceria se parássemos de levantar 
os dados sobre a população brasileira, por exemplo. A elaboração do Gráfico 1 teria de ser suspensa 
durante a escrita deste livro.
Agora, se você acessar notícias dos meios de comunicação referentes ao ano de 2019, irá se 
deparar com manchetes como IBGE quer reduzir em 25% o orçamento do censo 2020, divulgada 
pelo jornal Folha de São Paulo em 9 de abril de 2019. Na oportunidade, o IBGE divulgou a intenção 
de fazer uma redução no orçamento disponível para a realização do Censo Demográfico em 2020. 
Essas notícias ilustram como um problema dessa natureza pode acarretar descontinuidade de 
informações levantadas se o censo, por exemplo, não for bem planejado.
O Censo Demográfico é uma pesquisa realizada pelo IBGE a cada dez anos, em que 
pesquisadores de campo visitam todos os domicílios do país para verificar a quantidade de pessoas 
residentes na moradia, seus afazeres, características sociais e familiares, entre outras informações 
importantes para entender como o perfil da população vai se transformando ao longo do tempo 
em cada região.
Para reduzir os custos dessa pesquisa, foi proposta a redução do questionário aplicado 
em cada residência visitada pelos pesquisadores. Assim, com um questionário menor, leva-se 
Indicadores socioeconômicos 29
menos tempo entrevistando os moradores e um único pesquisador conseguirá visitar mais 
domicílios. No final das contas, precisaríamos de menos pesquisadores e os custos da pesquisa 
seriam reduzidos.
Mas a pergunta que se faz é a seguinte: será que com um questionário reduzido teremos 
as mesmas informações? Será que poderemos comparar as informações levantadas com as 
pesquisas anteriores? Quais dados e informações não serão coletadas e que prejuízo isso trará no 
acompanhamento e monitoramento de certos indicadores ou variáveis socioeconômicas?
Essas perguntas são cruciais para que diversos indicadores constituídos com base nos 
resultados da pesquisa demográfica continuem se tornando úteis para monitorar e acompanhar a 
evolução de certos fatos socioeconômicos. Por outro lado, é possível também combinar indicadores 
para se obter um indicador sintético ou um índice social. Observe a Figura 2.
Figura 2 – Indicador sintético
Indicador A
Indicador B
Indicador
sintético
Indicador C
Combinação de 
indicadores
Fonte: Adaptado de Jannuzzi, 2015.
Um exemplo de indicador sintético é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que 
veremos mais adiante, composto de vários outros indicadores, tais como renda, saúde e educação.
Podemos classificar os indicadores socioeconômicos de diversas formas, mas o tipo de 
classificação mais comum é relacionar os indicadores à temática a qual se referem. Assim, teremos 
indicadores de saúde, mobilidade urbana, educacionais, de renda, desigualdade, segurança pública, 
habitacionais, demográficos, infraestrutura urbana, mercado de trabalho, meio ambiente etc.
A união de diversos indicadores em torno de um determinado tema pode ser considerada 
um sistema de indicadores socioeconômicos. Por exemplo, podemos estruturar um sistema de 
indicadores (saúde, educação, meio ambiente, infraestrutura urbana, entre outros) para acessar ou 
avaliar a qualidade de vida de determinada população. Isso também pode ser utilizado enquanto 
critério de classificação dos indicadores, como pode ser visto no Quadro 1.
Quadro 1 – Exemplos de classificação de indicadores socioeconômicos 
Saúde Educação
Infraestrutura urbana Meio ambiente
Segurança pública Renda
Desigualdade social Demografia
Mercado de trabalho Qualidade de vida
Habitação Consumo
Fonte: Elaborado pelo autor.
Análise de dados e indicadores socioeconômicos30
Para exemplificar, vamos retomar o Quadro 1 apresentado no Capítulo 1 (Seção 1.4), com 
indicadores extraídos de Scandar Neto (2006), no qual são elencadas algumas dimensões, temas 
relacionados e indicadores correspondentes a cada tema. Nesse quadro, observe a composição 
das dimensões avaliadas com os temas relacionados a cada dimensão e os indicadores utilizados 
para avaliar cada tema. Esses conjuntos de indicadores, temas e dimensões formam um sistema de 
indicadores para avaliar o desenvolvimento sustentável do estado do Rio de Janeiro, proposto pelo 
autor no exemplo apresentado no Capítulo 1.
Outro exemplo de sistema de indicadores é o Índice de Qualidade de Vida Urbana dos 
Municípios Brasileiros (IQVU-BR), elaborado sob a coordenação da professora Maria Inês Pedrosa 
Nahas em um trabalho encomendado pelo Ministério das Cidades e apresentado no Encontro 
Nacional de Estudos Populacionais, em setembro de 2006. Esse conjunto de medidas de como 
caracterizar o conceito de qualidade de vida urbana foi resultado da preocupação do Ministério 
das Cidades em dispor de indicadores municipais para orientar sua atuação junto aos municípios 
brasileiros.
Com base nos conceitos de bem-estar social e qualidade de vida, interagindo com vários 
especialistas para melhor capturar sua percepção sobre quais seriam as medidas mais relevantes 
e adequadas para dar suporte de informações necessárias à atuação do Ministério das Cidades, a 
autora chegou a um sistema composto de cerca de 49 indicadores de 9 áreas de interesse. Observe 
no Quadro 2 como se forma o sistema IQVU-BR.
Quadro 2 – Sistema de indicadores de qualidade de vida urbana nos municípios brasileiros (IQVU-BR)
VARIÁVEIS COMPONENTES INDICADORES
1. COMÉRCIO E 
SERVIÇOS
1.1. COMÉRCIO DE 
ALIMENTOS
1.1.1. Comércio atacadista de produtos alimentícios, 
bebidas e fumo
1.1.2. Existências de supermercados ou hipermercados
1.1.3. Existência de padeiros
1.1.4. Comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas 
e fumo
1.2. COMÉRCIO E 
SERVIÇOS PESSOAIS
1.2.1. Agências bancárias
1.2.2. Comércio de produtos farmacêuticos
1.3. COMÉRCIO 
E SERVIÇOS DE 
COMUNICAÇÃO
1.3.1. Comércio de equipamentos de informática
1.3.2. Número de estações de rádio AM/FM
2. CULTURA
2.1. EQUIPAMENTOS DE 
CULTURA
 2.1.1. Equipamentos culturais
3. ECONOMIA
3.1. ECONOMIA LOCAL
3.1.1. PIB per capita municipal
3.1.2. Renda média familiar per capita
3.2. FINANÇAS PÚBLICAS
3.2.1. Capacidade de investimento
3.2.2. Receita corrente per capita
3.3. MERCADO DE 
TRABALHO
3.3.1. Taxa de ocupação
3.3.2. Taxa de formalidade da ocupação
(Continua) (Continua)
Indicadores socioeconômicos 31
Para exemplificar, vamos retomar o Quadro 1 apresentado no Capítulo 1 (Seção 1.4), com 
indicadores extraídos de Scandar Neto (2006), no qual são elencadas algumas dimensões, temas 
relacionados e indicadores correspondentes a cada tema. Nesse quadro, observe a composição 
das dimensões avaliadas com os temas relacionados a cada dimensão e os indicadores utilizados 
para avaliar cada tema. Esses conjuntos de indicadores, temas e dimensõesformam um sistema de 
indicadores para avaliar o desenvolvimento sustentável do estado do Rio de Janeiro, proposto pelo 
autor no exemplo apresentado no Capítulo 1.
Outro exemplo de sistema de indicadores é o Índice de Qualidade de Vida Urbana dos 
Municípios Brasileiros (IQVU-BR), elaborado sob a coordenação da professora Maria Inês Pedrosa 
Nahas em um trabalho encomendado pelo Ministério das Cidades e apresentado no Encontro 
Nacional de Estudos Populacionais, em setembro de 2006. Esse conjunto de medidas de como 
caracterizar o conceito de qualidade de vida urbana foi resultado da preocupação do Ministério 
das Cidades em dispor de indicadores municipais para orientar sua atuação junto aos municípios 
brasileiros.
Com base nos conceitos de bem-estar social e qualidade de vida, interagindo com vários 
especialistas para melhor capturar sua percepção sobre quais seriam as medidas mais relevantes 
e adequadas para dar suporte de informações necessárias à atuação do Ministério das Cidades, a 
autora chegou a um sistema composto de cerca de 49 indicadores de 9 áreas de interesse. Observe 
no Quadro 2 como se forma o sistema IQVU-BR.
Quadro 2 – Sistema de indicadores de qualidade de vida urbana nos municípios brasileiros (IQVU-BR)
VARIÁVEIS COMPONENTES INDICADORES
1. COMÉRCIO E 
SERVIÇOS
1.1. COMÉRCIO DE 
ALIMENTOS
1.1.1. Comércio atacadista de produtos alimentícios, 
bebidas e fumo
1.1.2. Existências de supermercados ou hipermercados
1.1.3. Existência de padeiros
1.1.4. Comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas 
e fumo
1.2. COMÉRCIO E 
SERVIÇOS PESSOAIS
1.2.1. Agências bancárias
1.2.2. Comércio de produtos farmacêuticos
1.3. COMÉRCIO 
E SERVIÇOS DE 
COMUNICAÇÃO
1.3.1. Comércio de equipamentos de informática
1.3.2. Número de estações de rádio AM/FM
2. CULTURA
2.1. EQUIPAMENTOS DE 
CULTURA
 2.1.1. Equipamentos culturais
3. ECONOMIA
3.1. ECONOMIA LOCAL
3.1.1. PIB per capita municipal
3.1.2. Renda média familiar per capita
3.2. FINANÇAS PÚBLICAS
3.2.1. Capacidade de investimento
3.2.2. Receita corrente per capita
3.3. MERCADO DE 
TRABALHO
3.3.1. Taxa de ocupação
3.3.2. Taxa de formalidade da ocupação
(Continua) (Continua)
VARIÁVEIS COMPONENTES INDICADORES
4. EDUCAÇÃO
4.1. ENSINO 
FUNDAMENTAL
4.1.1. Taxa de escolarização líquida no ensino fundamental
4.1.2. Proporção de jovens de 15 a 17 anos sem ensino 
fundamental completo
4.2. ENSINO MÉDIO 4.2.1. Taxa de escolarização líquida no ensino médio
5. HABITAÇÃO
5.1. CONDIÇÕES 
HABITACIONAIS
5.1.1. Domicílios não precários
5.1.2. Domicílios com banheiro
5.1.3. Densidade média de moradores por dormitório
5.2. SANEAMENTO 
BÁSICO
5.2.1. Percentual de domicílios servidos por rede de água
5.2.2. Percentual de domicílios servidos por rede de 
esgotamento sanitário
5.2.3. Percentual de domicílios servidos com algum tipo de 
coleta de lixo
6. SAÚDE
6.1. RECURSOS 
HUMANOS, 
EQUIPAMENTOS E 
SERVIÇOS DE SAÚDE
6.1.1. Número de médicos
6.1.2. Profissionais de saúde de nível superior (exceto 
médicos e dentistas)
6.1.3. Número de técnicos em saúde por mil habitantes
6.1.4. Leitos hospitalares/SUS
6.1.5. Unidades de média complexidade
6.1.6. Unidades de atenção básica
6.1.7. Equipamentos odontológicos do SUS
6.1.8. Consultas do SUS
6.1.9. Taxa média de internação total (2002/03/04)
6.1.10. Taxa de mortalidade por doenças circulatórias, 
respiratórias e infecto-parasitárias
7. INSTRUMENTOS DE 
GESTÃO URBANÍSTICA
7.1. ORGANIZAÇÃO DAS 
INFORMAÇÕES LOCAIS
7.1.1. Base digital de informações
7.2. LEGISLAÇÃO 
URBANÍSTICA
7.2.1. Existência de legislação básica
8. PARTICIPAÇÃO 
E ORGANIZAÇÃO 
SOCIOPOLÍTICA
8.1. PARTICIPAÇÃO E 
ASSOCIATIVISMO
8.1.1. Existência de entidades sindicais
8.1.2. Existência de organizações da sociedade civil de 
interesse público
8.2. ORGANIZAÇÃO E 
COOPERAÇÃO POLÍTICO-
-INSTITUCIONAL
8.2.1. Articulações interinstitucionais
8.2.2. Existência de conselhos
9. MEIO AMBIENTE 
URBANO
9.1. PROBLEMAS E 
AÇÕES AMBIENTAIS
9.1.1. Problemas ambientais urbanos
9.1.2. Ações ambientais municipais
10. SEGURANÇA 
PÚBLICA
10.1. PROTEÇÃO CONTRA 
VIOLÊNCIA
10.1.1. Profissionais de segurança pública
10.1.2. Taxa de mortalidade por homicídio
10.2. ASSISTÊNCIA 
JURÍDICA
10.2.1. Profissionais de justiça no setor público
10.2.2. Órgãos de defesa do consumidor
Análise de dados e indicadores socioeconômicos32
VARIÁVEIS COMPONENTES INDICADORES
11. TRANSPORTES
11.1. TRANSPORTE 
COLETIVO
11.1.1. Motoristas de ônibus urbanos, metropolitanos e 
rodoviários
11.2. OUTROS TIPOS DE 
TRANSPORTE
11.2.1. Motorização no município: número de veículos 
motorizados de pequeno e médio porte
11.3. INFRAESTRUTURA 
DE TRANSPORTES
11.3.1. Percentual de domicílios em vias pavimentadas
Fonte: Nahas et al., 2006, p. 14.
A junção dessa coleção de indicadores gera o Índice de Qualidade de Vida Urbana dos 
Municípios Brasileiros (IQVU-BR), que pode ser considerado um exemplo de índice sintético, 
por ser constituído de vários outros indicadores. A Tabela 1 mostra resumidamente como ficou a 
composição do IQVU-BR, proposto por Nahas et al. (2006).
Tabela 1 – Composição resumida do IQVU-BR
PESO DA 
VARIÁVEL 
NO ÍNDICE
VARIÁVEIS COMPONENTES
PESO DO 
COMPONENTE 
NA VARIÁVEL
8% 1. COMÉRCIO E SERVIÇOS
1.1. COMÉRCIO DE ALIMENTOS 46%
1.2. COMÉRCIO E SERVIÇOS PESSOAIS 39%
1.3. COMÉRCIO E SERVIÇOS DE 
COMUNICAÇÃO
15%
4% 2. CULTURA 2.1. EQUIPAMENTOS DE CULTURA 100%
9% 3. ECONOMIA
3.1. ECONOMIA LOCAL 29%
3.2. FINANÇAS PÚBLICAS 25%
3.3. MERCADO DE TRABALHO 46%
14% 4. EDUCAÇÃO
4.1. ENSINO FUNDAMENTAL 56%
4.2. ENSINO MÉDIO 44%
14% 5. HABITAÇÃO
5.1. CONDIÇÕES HABITACIONAIS 44%
5.2. SANEAMENTO BÁSICO 56%
15% 6. SAÚDE
6.1. RECURSOS HUMANOS, 
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS DE SAÚDE
100%
3%
7. INSTRUMENTOS DE 
GESTÃO URBANÍSTICA
7.1. ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES 
LOCAIS
50%
7.2. LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA 50%
4%
8. PARTICIPAÇÃO 
E ORGANIZAÇÃO 
SOCIOPOLÍTICA
8.1. PARTICIPAÇÃO E ASSOCIATIVISMO 53%
8.2. ORGANIZAÇÃO E COOPERAÇÃO 
POLÍTICO-INSTITUCIONAL
47%
9% 9. MEIO AMBIENTE URBANO 9.1. PROBLEMAS E AÇÕES AMBIENTAIS 100%
10% 10. SEGURANÇA PÚBLICA
10.1. PROTEÇÃO CONTRA VIOLÊNCIA 56%
10.2. ASSISTÊNCIA JURÍDICA 44%
(Continua)
Indicadores socioeconômicos 33
PESO DA 
VARIÁVEL 
NO ÍNDICE
VARIÁVEIS COMPONENTES
PESO DO 
COMPONENTE 
NA VARIÁVEL
10% 11. TRANSPORTES
11.1. TRANSPORTE COLETIVO 45%
11.2. OUTROS TIPOS DE TRANSPORTE 19%
11.3. INFRAESTRUTURA DE 
TRANSPORTES
36%
Fonte: Nahas et al., 2006, p. 17.
Como um indicador sintético, o IQVU-BR é a soma do produto dos indicadores de cada 
componente pelo respectivo peso. Logo, temos um indicador para cada variável observada na 
composição do índice.
Variável i = 
i
∑ Componentesi × Peso do componente na variáveli 
IQVU – BR = 
i =1
11
∑ Variáveli × Peso da variáveli no índice
Por ser um índice de medida da qualidade de vida nos municípios brasileiros, o IQVU 
traz consigo um significado próprio. O uso de indicadores, tanto o IQVU-BR quanto outros, e 
a atenção ao seu significado e propriedades compõem a base para a elaboração de diagnósticos 
socioeconômicos.
2.3 Diagnósticos socioeconômicos
Para que um diagnóstico socioeconômico possa servir de base para o 
entendimento de uma determinada realidade e fornecer subsídios para a formulação 
de políticas públicas, é essencial que seja capaz de caracterizar essa realidade ora 
diagnosticada.
Tal caracterização precisa abordar os aspectos da situação social e econômica 
de determinada região, do respectivo território e/ou da sua população. Dever trazer textos 
descritivos, tabelas de dados, textos analíticos, mapas, gráficos e indicadores específicos afeitos à 
realidade socioeconômica que se está diagnosticando.
Um diagnóstico também deve ser propositivo, isto é, diferentemente de um diagnóstico com 
visão mais generalista, trazer informações e indicadores voltados para as temáticas de atuação dos 
governos. Isso significa que, após a leitura e análise atenta desse diagnóstico, a proposição de uma 
oumais ações governamentais é uma consequência natural.
Obviamente, nada impede a realização de um diagnóstico mais geral, sem o direcionamento 
dado pela atuação governamental, mas, no caso de se olhar através das lentes do Estado, esse 
cuidado deve ser tomado.
Vídeo
Análise de dados e indicadores socioeconômicos34
Veja nos gráficos a seguir alguns dados sobre a população brasileira.
Gráfico 2 – População
100 ou mais
Pirâmide Etária – 2010
HOMENS MULHERES
95 a 99
90 a 94
85 a 89
80 a 84
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
Fonte: IBGE, 2018.
Gráfico 3 – PIB per capita (Unidade: R$)
PIB per capita
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
2000 20072001 20082002 20092003 20102004 20112005 20122006 2013 2014 2015 2016
0
Fonte: IBGE, 2018.
Gráfico 4 – Taxa de mortalidade infantil (Unidade: óbitos por mil nascidos vivos)
Taxa de mortalidade infantil
30
25
20
15
10
5
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2018
Fonte: IBGE, 2018.
Indicadores socioeconômicos 35
Gráfico 5 – Taxa de fecundidade (Unidade: filhos por mulher)
Taxa de fecundidade
0
50
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2018
1
50
50
2
Fonte: IBGE, 2018.
Os gráficos mostram algumas características da população brasileira, como a estimativa por 
idade, que evidencia a quantidade de pessoas por faixa etária. Também temos a queda na taxa 
de fecundidade, indicando que as mulheres, em média, tendem a ter menos filhos hoje. Chama 
atenção a acentuada queda na mortalidade infantil, simbolizando alguma melhora nas condições 
de saúde básica da população. Em consonância, o PIB per capita, ou renda per capita, tem crescido 
nos últimos anos, mostrando que o país vem melhorando a renda média por habitante.
As modificações que vêm ocorrendo na população brasileira ao longo dos anos trazem 
também o desafio na interpretação e eventuais ajustes necessários nos indicadores utilizados no 
diagnóstico.
Suponha que um dos indicadores que você está utilizando seja a taxa de frequência escolar 
no ensino médio. Esse indicador é estimado da seguinte forma:
Taxa de frequência escolar no ensino médio =
= 
Alunos de 15 a 17 anos matriculados no ensino médio
Público-alvo (população de 15 a 17 anos)
 × 100
Para estimar (calcular) esse indicador, precisamos obter os dados do numerador e do 
denominador. As estatísticas de matrículas na educação são fornecidas pelo Instituto Nacional 
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que regularmente envia às escolas 
instrumentos e formulários para coletar os dados dos estudantes. Então, é de se esperar que 
tenhamos dados atualizados e relativamente confiáveis acerca do numerador.
No entanto, os dados sobre o denominador precisam ser vistos com certo cuidado. Caso 
desejemos estimar esse indicador para regiões menores, de abrangência municipal, por exemplo, o 
erro pode ser ainda maior. As informações sobre nascimentos, quantidade de jovens e mobilidade 
entre municípios e regiões são mais lentas e difíceis de se obter do que os dados de matrícula, por 
exemplo. Assim, seria natural esperar que se tenha os dados de matrícula para este ano, mas não os 
dados sobre número de habitantes com idade entre 15 e 17 anos. Porém, é possível que tenhamos 
essa informação (do denominador) com dois ou três anos de defasagem.
Análise de dados e indicadores socioeconômicos36
Questões como essas podem distorcer o valor estimado (calculado) para o indicador e, 
consequentemente, alterar o diagnóstico acerca de determinada situação. Isso levaria à formulação 
de políticas públicas e conjuntos de ações governamentais ineficientes para o que se deseje fazer.
Porém, ao olharmos para o mesmo indicador a nível nacional, as distorções seriam menores, 
pois, embora a população se movimente, mude-se de localidade, grande parte ainda continuará 
residindo no país. Assim, as distorções na população nacional são menores do que na população 
estimada para regiões menores. Esse exemplo traz um alerta sobre o uso dos indicadores e a 
necessidade de um olhar crítico sobre quais e como estamos considerando esses indicadores.
Elaborar e manter uma série de indicadores que atenda, senão todas, pelo menos grande 
parte das propriedades desejáveis dos indicadores, é um trabalho bastante técnico e que exige 
planejamento, disciplina e recursos.
Hoje em dia já existe uma grande quantidade de indicadores disponíveis e utilizáveis, 
fornecidos por institutos nacionais, órgãos de governo, fundações, organismos internacionais, 
universidades etc. Na hipótese de não termos conhecimento técnico suficiente sobre fontes e dados, 
bem como acesso a eles e sua forma de coleta e comportamento ao longo do tempo, é melhor e mais 
seguro nos valermos de indicadores já previamente computados e disponibilizados por entidades 
especializadas, com tradição e credibilidade na elaboração daquele determinado indicador.
Como uma das fontes de informação para o processo de planejamento e implementação 
das políticas públicas, a análise do ambiente, normalmente realizada a partir do diagnóstico, dá as 
diretrizes para a definição dos planos de governo e, consequentemente, da formulação de políticas 
públicas.
O diagnóstico é como um mapa que busca avaliar uma série de dimensões relacionadas 
à temática que se deseja diagnosticar. Também pode ser complementado com comparações ou 
o uso de referências para indicar problemas mais graves ou linhas prioritárias de ação. É o caso 
de compararmos indicadores internacionais de educação do Brasil com o de outros países, por 
exemplo.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulga um boletim1 semestral, 
geralmente em maio e outubro de cada ano sobre o mercado de trabalho no Brasil. Cada edição 
apresenta alguns estudos e artigos sobre o mercado de trabalho, além de publicações de análises 
técnicas sobre mudanças ocorridas e tendências. Essa publicação, se não é um diagnóstico completo 
do mercado de trabalho, ajuda a cumprir grande parte da análise referente à temática.
Observe na Tabela 2 os dados trimestrais de desemprego extraídos do relatório de maio 
de 2019.
1 Você pode acessar esses boletins no website do IPEA (http://www.ipea.gov.br).
Indicadores socioeconômicos 37
Tabela 2 – Taxa de desemprego (2016-2018) em %
2016 2017 2017 2017 2017 2018 2018 2018 2018
4º trim. 1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim.
Brasil 12,0 13,8 13,0 12,4 11,8 13,1 12,4 11,9 11,6
Centro-Oeste 10,9 12,1 10,6 9,7 9,4 10,5 9,5 8,9 8,5
Nordeste 14,4 16,3 15,9 14,8 13,8 15,9 14,8 14,4 14,4
Norte 12,7 14,2 12,5 12,2 11,3 12,7 12,1 11,5 11,7
Sudeste 12,3 14,2 13,6 13,2 12,6 13,8 13,2 12,5 12,1
Sul 7,7 9,3 8,4 7,9 7,7 8,4 8,2 7,9 7,3
Masculino 10,7 12,2 11,5 11,0 10,5 11,6 11,0 10,5 10,1
Feminino 13,8 15,8 14,9 14,2 13,4 15,0 14,2 13,6 13,5
18 a 24 anos 25,9 28,8 27,3 26,5 25,3 28,1 26,6 25,8 25,2
25 a 39 anos 11,2 12,8 12,0 11,3 10,8 11,9 11,5 11,0 10,7
40 a 59 anos 6,9 7,9 7,6 7,4 7,0 7,8 7,5 6,9 6,9
Mais de 60 anos 3,4 4,6 4,5 4,3 4,2 4,6 4,4 4,5 4,0
Não chefe de família 16,0 18,1 17,1 16,4 15,3 17,2 16,3 15,6 15,3
Chefe de família 7,2 8,4 7,9 7,6 7,4 8,1 7,8 7,3 7,1
Fundamental 
incompleto
11,3 12,3 12,0 11,4 10,9 12,0 11,4 11,0 11,0
Fundamental 
completo
13,4 15,2 15,0 14,8 13,6 14,8 13,8 13,5 13,5
Médio incompleto 22,0 24,2 21,8 21,0 20,4 22,0 21,1 20,9 19,7
Médio completo 13,2 15,5 14,6 14,0 13,0 14,9 14,0 13,2 12,8
Superior 7,6 9,2 8,3 7,9 7,8 8,7 8,4 7,8 7,5
Região metropolitana 13,5 14,9 14,7 14,1 13,7 14,7 14,4 13,8 13,3
Não região 
metropolitana
10,9 12,9 11,7 11,2 10,3 11,9 10,9 10,4 10,3
Fonte: IPEA, 2019, p. 6.
Podemos observar na Tabela 2 a evolução das taxas de desemprego desde o último trimestre 
de 2016 até o último trimestre 2018, perfazendo dois anos. Nota-se que todas as regiões tiveram 
piora ao longo do tempo, mas chegaram ao final do período

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