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SERVIÇOS FARMACÊUTICOS 2016/2017 Manual 4 Manual 4 Revisão da Medicação SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017 AUTORES: Cassyano J Correr, BPharm, MSc, PhD Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná Consultor Abrafarma - Projeto Assistência Farmacêutica Avançada projetofarma@abrafarma.com.br Wálleri Christini Torelli Reis, BPharm, MSc Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, Universidade Federal do Paraná. REVISÃO: Thais Teles de Souza, BPharm, MSc Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, Universidade Federal do Paraná. Os autores agradecem aos membros do GTFARMA, farmacêuticos coordenadores e super- visores das Redes associadas à Abrafarma, bem como aos seus colaboradores, pela leitura, revisão e sugestões de melhoria feitas aos Manuais durante seu processo de elaboração. Muito obrigado! Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante fl uxo de novas informações sobre terapêuti ca e reações adversas a fármacos, recomendamos enfati camente que os leitores consultem sem- pre outras fontes fi dedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certi fi carem de que as informações conti das neste manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Recomendamos que cada profi ssional uti lize este manual como guia, não como única fonte de consulta. Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual- quer material uti lizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadverti da e involuntariamente, a identi fi cação de algum deles tenha sido omiti da. 615. 1901 C824 Correr, Cassyano Januário Manual 4: revisão da medicação / Cassyano Januário Correr, Walleri Christi ni Torelli Reis. 1. ed. atualizada. Curiti ba: Ed. Practi ce, 2016. 108 p. : il. (algumas color.) ( Manual 4) ISBN 978-85-68784-06-8 Inclui bibliografi a 1. Medicação. 2. Manuais. I. Reis, Walleri Christi ni Torelli. II.Título. FICHA CATALOGRÁFICA: MANUAL 4: REVISÃO DA MEDICAÇÃO Copyright © 2016 © 2017 ABRAFARMA Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou outros), sem permissão expressa da ABRAFARMA. ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias Alameda Santos, 2300 - Conj. 71 - Sã o Paulo / SP CEP 01418-200 | Tel.: (11) 4550-6201 Practi ce Editora | Grupo Practi ce Ltda Supervisão: Graziela Sponchiado | Capa e projeto gráfi co: Raquel Damasceno Diagramação: Guilherme Menezes | Contatos: contato@grupopracti ce.com.br htt p://farmaceuti coclinico.com.br EDITORAÇÃO: AVISO AO LEITOR Este manual possui caráter técnico-cientí fi co e desti na-se exclusivamente aos profi ssionais farmacêuti cos e colabora- dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objeti vo apresentar dire- trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuti cos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese, pretende substi tuir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profi ssional mais atual aplicável ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso, bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA SUMÁRIO 09 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO 11 INTRODUÇÃO 12 REVISÃO DA MEDICAÇÃO 12 O que é o programa revisão de medicação? 13 Quais são os benefícios para os pacientes? 14 PARTE 1: REVISANDO A MEDICAÇÃO 14 O que é revisão de medicação? 14 Quais pacientes podem ser beneficiados? 17 Como identificar esses pacientes? 17 Abrindo a caixa preta: Como avaliar a adesão aos medicamentos? 19 Os pacientes não-aderentes são todos iguais? 22 O que posso fazer para melhorar adesão dos pacientes? 23 O que está acontecendo nas consultas tradicionais? 24 Como fazer uma consulta diferente? 25 O que é a experiência de medicação do paciente? 28 Como a complexidade do tratamento influencia a adesão? 29 Pensando em aprazamento: será que é mesmo importante? 33 Formas farmacêuticas: Elas podem dificultar a adesão ao tratamento 33 Exemplos de dificuldades na utilização dos medicamentos 34 Especialidades farmacêuticas complexas e vias de administração 35 Posso usar os registros da farmácia para avaliar a adesão? 36 Devo utilizar um questionário para avaliar a adesão? 37 Ferramentas que podem ajudar na adesão aos medicamentos 43 Como avaliar os efeitos adversos de um tratamento? 50 Como avaliar a efetividade de um tratamento? 58 Como posso fazer uma boa revisão da medicação em idosos? 68 Uma questão recorrente: Posso partir o comprimido? 83 PARTE 2: PROTOCOLO DE ATENDIMENTO 84 PASSO 1. ACOLHER 84 Como identificar os clientes para o serviço? 85 Como a equipe da farmácia pode ajudar? 86 Como deve ser o local de atendimento? 87 PASSO 2. AVALIAR 87 Como fazer a avaliação do paciente? 91 PASSO 3. ACONSELHAR 91 Qual deve ser o conteúdo da minha orientação? 92 Como é a declaração de serviço farmacêutico? 93 É necessário fazer acompanhamento do paciente? 94 O que é o diário de saúde? 95 RECURSOS PARA BUSCA DE INFORMAÇÕES 97 ANOTAÇÕES 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é fácil abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”. Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estrutura- do de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo menos uma missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício de “olhar junto” realidades distintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, França e In- glaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas, visitas a em- presas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as perguntas corretas e aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético tornou-se realidade no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais. Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêutico, que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos, produtos de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar mais valor à sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventando, e nos dando uma lição de como ir além! Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter função muito mais nobre do que entregarcaixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais duvidas. Esse profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira etapa de trabalho está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos serviços que podem ser prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado. É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em Trans- formação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um “novo olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se à Abra- farma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GT FARMA, nosso grupo incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado. Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode ser preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente. Sérgio Mena Barreto Presidente-Executivo da Abrafarma 11 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão 12 Os serviços farmacêuti cos prestados em farmácias e drogarias tem por objeti vo promover saúde, prevenir doen- ças e auxiliar na recuperação da saúde, por meio do uso racional dos medicamentos. Para que o máximo benefí - cio com o tratamento seja alcançado, é necessário que todos os processos da farmacoterapia ocorram de forma óti ma, desde a escolha terapêuti ca, a dispensação do medicamento, a uti lização e adesão ao tratamento, até a observação dos resultados terapêuti cos. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de acesso em todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêuti co pode prestar serviços que colaborem com a oti mização da farmacoterapia, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profi ssionais e serviços de saúde. Do ponto de vista legal, avanços recentes fi rmam a farmácia como um lugar de referência da população para saú- de, bem-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no 44/09 da Anvisa, que há anos regulamenta a oferta de serviços de atenção farmacêuti ca nestes estabelecimentos, com objeti vo de “pre- venir, detectar e resolver problemas relacionados a medicamentos, promover o uso racional dos medicamentos, a fi m de melhorar a saúde e qualidade de vida dos usuários”. Mais recentemente, a Lei no 13.021/14 defi niu a farmá- cia como uma “unidade de prestação de serviços desti nada a prestar assistência farmacêuti ca, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coleti va”. Esta lei, ainda, obriga o farmacêuti co no exercício de suas ati vidades, a proceder o acompanhamento farmacoterapêuti co, estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medi- camentos [farmacovigilância], estabelecer o perfi l farmacoterapêuti co dos pacientes e prestar orientação farma- cêuti ca aos mesmos. No âmbito profi ssional, destacam-se as Resoluções no 585 e no 586, de 2013, do Conselho Federal de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêuti co e a prescrição farmacêuti ca, que reforçam o dever deste profi ssional no que diz respeito as ati vidades assistências e de cuidado direto dos pacientes. Esta coleção tem por objeti vo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de serviços, bem como instrumentalizar os profi ssionais para um trabalho técnico de alto nível. Este manual está organizando em duas partes principais. A primeira traz uma visão geral sobre a revisão da farmacoterapia enquanto serviço far- macêuti co, com foco especial nas estratégias para melhoria da adesão ao tratamento. A segunda parte apresenta o protocolo do serviço, com objeti vo de padronizar procedimentos e estruturar o atendimento realizado pelo farmacêuti co e equipe da farmácia. Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja úti l à sua práti ca profi ssional. Bom estudo! Os autores INTRODUÇÃO 13 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão REVISÃO DA MEDICAÇÃO O que é o programa revisão de medicação? O Serviço de “Revisão de Medicação” é oferecido nas farmácias e drogarias principalmente a pacientes polimedi- cados, ou seja, aqueles que utilizam mais do que 5 medicamentos. O serviço consiste basicamente em uma consulta com o farmacêutico, na qual o paciente traz todos os seus medi- camentos, incluindo aqueles prescritos, utilizados por automedicação, fitoterápicos, suplementos, entre outros. Seu objetivo principal é melhorar a adesão do paciente a farmacoterapia, considerada um dos maiores proble- mas associado às condições crônicas. O paciente, por meio de uma conversa franca, é estimulado a participar como sujeito de seu tratamento, compreender melhor sua condição e medicamentos, e se responsabilizar pelo seguimento futuro. Além disso, o farmacêutico avalia possíveis interações medicamentos e reações adversas aos medicamentos, além de auxiliar o paciente a reduzir os custos com seu tratamento, quando possível. Os pacientes são atendidos em um ambiente confortável e privado da farmácia e são orientados de forma per- sonalizada sobre cada um de seus medicamentos. Eles recebem ao final uma lista completa e atualizada de seus medicamentos, que pode ser compartilhado com o médico e outros profissionais de saúde. Nos casos em que farmacêutico e paciente julgarem necessário, podem ser marcadas consultas de retorno, a fim de avaliar os resultados de possíveis mudanças produzidas no tratamento. 14 Quais são os benefícios para os pacientes? Os medicamentos representam a forma mais comum de intervenção terapêutica. Quatro a cada cinco pessoas com mais de 75 anos utilizam pelo menos um medicamento e 36% estão em uso contínuo de quatro ou mais me- dicamentos (1). No entanto, sabe-se que até 50% dos medicamentos não são administrados como deveriam, devido a problemas de adesão e que muitos medicamentos de uso comum podem levar a eventos adversos. Ademais, reações adver- sas estão relacionadas a 5-17% das internações hospitalares (2). A revisão da medicação é reconhecida como um dos pilares da gestão de medicamentos, evitando problemas de saúde relacionados à farmacoterapia e gastos desnecessários. O envolvimento do paciente nas decisões relativas ao seu tratamento é uma parte fundamental para melhorar desfechos clínicos, econômicos e humanísticos (3). Como exemplo, uma revisão sistemática recente, publicada no British Journal of Clinical Pharmacology, indicou que a revisão farmacêutica da medicação, está associada a melhora na adesão, no controle de condições clínicas, como hipertensão e dislipidemia e nas taxas de hospitalizações (4). 15 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão PARTE REVISANDO A MEDICAÇÃO O que é revisão de medicação? A revisão de medicação, ou revisão da farmacoterapia, é um procedimento conduzido pelo farmacêuti co, e con- siste na avaliação estruturada e críti ca dos medicamentos em uso pelo paciente, com o objeti vo de chegar a um acordo com o mesmo sobre o tratamento, oti mizando seu impacto, minimizando o número de problemas da far- macoterapia e reduzindo o desperdício (5). PRINCÍPIOS DO PROCESSO • O paciente deve ter a oportunidade de levantar questões e destacar os problemas sobre seus medicamentos. • A revisão da medicação visa melhorar ou oti mizar o impacto do tratamento para um pacien- te individual. • A revisão é realizada de forma sistemáti ca e abrangente, através de uma consulta farmacêu- ti ca, entretanto, deve ter foco principal nos problemas relati vos a farmacoterapia, conside- rando a adesão e concordância do paciente como pontos-chave desse processo. • Todas as alterações resultantes da revisão devemparti r de um acordo com o paciente. • A revisão deve ser documentada através da declaração de serviços farmacêuti cos. • O impacto de qualquer mudança deve ser monitorado. Quais pacientes podem ser benefi ciados? A revisão da medicação é mais relevante em pacientes polimedicados (cinco ou mais medicamentos contí nuos), principalmente em idosos, em que os medicamentos são uma importante causa de admissões hospitalares não planejadas. 16 O uso simultâneo de 5 ou mais medicamentos é também um fator de risco importante para interações medica- mentos graves. Um estudo de coorte prospectiva realizado na atenção primária à saúde em Ourinhos/SP, encon- trou uma prevalência de 6% de reações adversas causadas por interações entre medicamentos. Os problemas de saúde mais comuns foram sangramento gastrointestinal, hipercalemia e miopatia. Os medicamentos mais impli- cados foram varfarina, ácido acetilsalicílico, digoxina e espironolactona. Um total de 37% dos pacientes necessi- taram internação hospitalar devido a esses problemas (6). Outro estudo populacional realizado no Estado de São Paulo com mais de dois mil idosos, encontrou que 1 em cada 3 deles utiliza quatro medicamentos ou mais, e 15,6% fazem uso de pelo menos um medicamento considera- do inadequado. A pesquisa revelou também que o número maior de consultas médicas, assim como o número de internações, levam, respectivamente, a uma chance 1,9 e 3,8 vezes maior do idoso consumir quatro medicamen- tos e mais (7). A existência de prescrições de múltiplos especialistas contribui também para este quadro. É necessário considerar que pacientes polimedicados, quando visitam o seu médico de cuidados primários, a con- sulta geralmente se concentra em uma ou duas das suas condições e não há tempo suficiente para uma revisão global de todos os medicamentos (8). Além disso, o uso de medicamentos contínuos tende a ser maior com o avançar da idade, em especial medicamentos preventivos, onde a adesão é particularmente baixa (8). Outros critérios para seleção de populações com benefício para revisão de medicação são demonstrados no qua- dro a seguir: 17 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Fonte: (3,5,9) PACIENTES EM RISCO DE PROBLEMAS DA FARMACOTERAPIA NECESSIDADES ESPECIAIS Uso de cinco ou mais medicamentos todos os dias; Regime de medicação complexo ou com mais do que 12 doses por dia; Alta do hospitalar recente; Hospitalizações frequentes; Várias comorbidades; Receber medicamentos a partir de mais de uma fonte, por exemplo, especialista e atenção primária; Alterações significativas no regime de medicação nos últimos 3 meses, ou mais de 4 mudanças na medicação nos últimos 12 meses; Uso medicamentos de maior risco - por exemplo, aqueles que exigem monitoramento especial: lítio; aqueles com uma vasta gama de efeitos colaterais: AINEs; ou estreita faixa terapêutica: digoxina, an- ticoagulantes; Sintomas sugestivos de reação adversa ao medicamento; Utilização prolongada de medicação psicotrópica; Não adesão suspeita ou conhecida; Alta incidência de automedicação. Idosos; Residentes em instituições de longa permanência; Problemas de aprendizagem; Problemas sensoriais, deficiência visual ou auditiva; Problemas físicos. ex: artrite, dificuldades de deglutição; Doenças psiquiátricas, tais como, depressão, ansiedade, doença mental grave; Dificuldades de comunicação; Dificuldades de alfabetização; Pessoas que moram sozinhas ou com apoio insuficiente de cuidador; Histórico de queda recente; Identificado através de ferramenta de triagem 18 Como identificar esses pacientes? Alguns pacientes estão em maior risco para problemas da farmacoterapia, e, portanto, se beneficiariam mais do serviço de revisão de medicação. Considerando a necessidade de selecionar pacientes, instrumento de triagem foi proposto em 2000 pela Fundação Morecambe Bay Primary Care Trust (10), e vem sendo utilizado em toda a Euro- pa. Pacientes que respondem não a qualquer dessas perguntas, são candidatos a uma consulta com o farmacêutico. 1. Você entende para que servem seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 2. Você entende quando (horários) tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 3. Você acha fácil tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 4. Você sempre se lembra de tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 5. Você se sente capaz de organizar todos os seus medicamentos ao mesmo tempo? ( ) Sim ( ) Não 6. Atualmente, os medicamentos prescritos pelo seu médico são os únicos que você está tomando? ( ) Sim ( ) Não 7. Você devolve excessos, medicamentos indesejáveis ou sobras para a farmácia? ( ) Sim ( ) Não 8. Você está satisfeito com a sua medicação atual? ( ) Sim ( ) Não Abrindo a caixa preta: Como avaliar a adesão aos medicamentos? A função principal da revisão de medicação é identificar onde é necessário apoio a adesão, um problema de saúde pública mundial. Como exemplo, apenas no Reino Unido, estima-se que cerca de 100 milhões de libras por ano, o suficiente para construir um hospital de médio porte, é desperdiçado em medicamentos que retornam as farmácias (2). Da mesma forma, para cada 100 prescrições que são emitidas pelos médicos, nos Estados Unidos, apenas en- torno de 50-70% chegam à farmácia e menos de 20% serão “reabastecidas” de forma continuada pelo paciente. Fonte: National Association of Chain Drug Stores, Pharmacies: Improving Health, Reducing Costs, July 2010. Based on IMS Health data. Para cada 100 prescrições escritas 50-70 chegam à farmácia 48-66 são atendidas pela farmácia 25-30 são seguidas adequadamente 15-20 retornam à farmácia para serem repetidas 19 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Esta é provavelmente apenas a ponta do iceberg dos medicamentos não consumidos pelos pacientes (11). Revi- sões da literatura revelam que a adesão a terapia medicamentosa gira em torno de 50% (11–13). Aproximada- mente metade dessa não-adesão é intencional, uma “resistência” ativa (14), enquanto o restante ocorre porque os pacientes não têm conhecimento de que eles não estão utilizando a medicação de maneira correta, ou o regi- me é muito complexo (11). As consequências são resíduos químicos no meio ambiente, morbidade e internações hospitalares (13). Estudos indicam que pacientes com depressão, ansiedade ou transtorno cognitivo, idosos, polimedicados, com regimes terapêuticos complexos, em uso de medicamentos preventivos e com doenças crônicas apresentam ta- xas de adesão ainda mais baixas (15–18). Adesão versus persistência Existe uma diferença entre adesão e persistência. Adesão aos medicamentos diz respeito, de forma objetiva, à porcentagem de doses tomadas pelo paciente em relação às doses prescritas (19). Mas a adesão terapêutica é mais do que apenas tomar os comprimidos. Trata-se, afinal, do quanto o paciente compreende, concorda e parti- cipa do seu tratamento. A persistência consiste no tempo (dias, meses) durante os quais o paciente permanece utilizando o medicamen- to, sem a ocorrência de interrupção por certo período de tempo. A persistência não diz respeito ao percentual de comprimidos tomados, mas ao tempo de exposição ao tratamento antes do abandono (19). Muitos pacientes abandonam o tratamento de forma definitiva ou por períodos de tempos (tiram ‘férias’ do tratamento) ao longo dos anos e isso pode comprometer seriamente a evolução das complicações crônicas. De maneira prática esses conceitos estão correlacionados, e devem “andar juntos”. Revisões detalhadas revelaram a complexidade da adesão, a indicando como resultado de uma interação de uma série de fatores, incluindo as opiniões e experiência prévia dos pacientes, características da doença, contexto social e acesso (20,21). Boa adesão pode ser um marcador para o comportamento saudável de maneira geral, mas a adesão também tem seus riscos. Pacientes aderentes podem experimentar um modesto aumento na mortali- dade poreventos adversos aos medicamentos, apoiando a máxima de que além da eficácia, a segurança deve ser avaliada, durante o processo de revisão de medicação. A não-adesão é, não surpreendentemente, um problema particular na gestão de doenças crônicas, especialmen- te quando o paciente não apresenta sintomas. Tratamentos para asma, diabetes, hipertensão e dislipidemia pare- cem incorrer em níveis particularmente altos de não-adesão, e é comum os pacientes alterarem ou abandonarem a terapia sem informar os profissionais de saúde (22–24). 20 Os pacientes não-aderentes são todos iguais? Lembre-se que os pacientes apresentam uma tendência natural a manterem-se passivos no primeiro contato, e as habilidades de comunicação são fundamentais para quebrar essa barreira. O farmacêutico deve identificar o nível de adesão e suas possíveis barreiras. Considere a classificação abaixo como auxílio para identificar o tipo de não adesão dos seus pacientes: Observe que pacientes com problemas de adesão primária são aqueles que não realizam o tratamento por impe- dimento de acesso aos medicamentos, seja pelo alto custo, não cobertura pelo sistema de saúde, falta do medi- camento nas farmácias, ou mesmo dificuldades logísticas do próprio paciente. Problemas secundários de adesão, por outro lado, podem incluir questões de atitude do paciente diante do tratamento (não adesão intencional) ou dificuldades em realizar o tratamento (não adesão não intencional). Considere, ainda, os diferentes perfis de comportamento ligados à baixa adesão ao tratamento. Alguns pacientes podem se encaixar em mais de um perfil: Não adesão primária: dificuldade de acesso ao medicamento Intencional: paciente decide não cumprir o tratamento (decisão) Não intencional: paciente quer cumprir, mas tem dificuldade Relaciona-se a atitude, crenças, conhecimento, medos, experiência de medicação Esquecimento Falta de entendimento Dificuldades de uso Não adesão secundária 21 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Pacientes que omitem doses Com frequência pulam doses e tomam menos medicamento do que foi prescrito. A. B. C D. E. F. G. Aderentes pré-consulta Começam a cumprir o tratamento adequadamente apenas nos dias que antecedem a consulta médica. Pacientes que exageram na dose Eventualmente tomam mais comprimidos do que foi prescrito. Aumentam a dose por conta própria. Aderentes aleatórios Tomam os medicamentos apenas quando se lembram. Paciente que fazem ‘férias’ do tratamento Interrompem o tratamento por um período de tempo, depois voltam. Aderentes pós-consulta Após a consulta médica, começam a cumprir o tratamento corretamente, mas apenas por um período tempo limitado. Adesão ligada a sintomas Pacientes que tomam os medicamentos apenas quando sentem os sintomas da doença. Barreiras para a adesão Muitos modelos conceituais têm sido utilizados para ajudar a entender as barreiras para a adesão à medicação, entretanto, nenhum desses explica totalmente os fatores envolvidos nesse processo. De maneira geral, vários autores postulam que os fatores que afetam a adesão podem ser divididos em cinco di- mensões: fatores sociais e econômicos, fatores ligados à terapia, fatores associados ao sistema de saúde, fatores relacionados ao paciente e fatores do relacionamento profissional-paciente (24–27). Vamos simplificá-los em três fatores principais, interligados e interdependentes (27): 22 Fatores relacionados ao paciente • Representação ou papel da doença, que engloba as crenças relacionadas à saúde, incluindo crenças sobre medicamentos (positivas e negativas), a experiência de medicação e a com- preensão sobre a condição clínica. • Função cognitiva, que inclui a capacidade de compreensão e memória e a presença de co- morbidades como demência, esse fator apresenta papel particularmente importante para os idosos. • Fatores sociodemográficos, incluindo idade, gênero e etnia, assim como a alfabetização ou letra- mento em saúde, limitações físicas (visão, dificuldade em engolir), e situações de vida instáveis. • Condições clínicas coexistentes ou comorbidades, incluindo condições médicas e psiquiá- tricas, bem como a utilização de álcool e tabagismo. • Características de medicação, como complexidade do esquema terapêutico, número de prescrições, e perfis de efeitos colaterais. Fatores relacionados ao sistema de saúde • Além de custo (especificamente, o efeito de compartilhamento de custos sobre a adesão do paciente), fatores do sistema de saúde incluem formulários e requerimentos anteriores à autorização da liberação do medicamento, fragmentação do cuidado, e facilidade de acesso ao cuidado. Cada um desses fatores afeta a facilidade de acesso ao medicamento e discus- são de assuntos relacionados aos medicamentos com seus profissionais de saúde. Fatores relacionados aos profissionais de saúde ou mais especificamente a relação paciente-profissionais da saúde • Estes incluem a confiança e satisfação profissional de saúde • O tempo que um profissional de saúde leva discutindo os medicamentos e outras questões com o paciente também influenciam. Cada um desses fatores relacionados ao paciente pode afetar o outro, de tal forma que a complexidade de um regime terapêutico e a presença de depressão, por exemplo, certamente vão afetar percepção da necessidade do medicamento e do risco de efeitos colaterais, além do próprio medicamento afetando a adesão de outras formas. 23 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão A inter-relação de todos esses fatores pode determinar a adesão do paciente. Por exemplo, pacientes e profissio- nais de saúde, por definição, existem dentro de um sistema de saúde, e qualquer impacto na “representação da doença” do paciente na adesão é necessariamente afetado pela forma como os pacientes e profissionais de saúde interagem, que por sua vez, é afetada pelo tempo de consulta e cobertura financeira para consultas e medicamen- tos do sistema de saúde. Essa interação também explica o desafio de isolar um único fator que representa uma barreira fundamental para a adesão, bem como a dificuldade em compreender por que intervenções específicas melhoram ou não a adesão. O que posso fazer para melhorar adesão dos pacientes? Concordância O termo “concordância” diz respeito a um processo de consulta em que a conduta terapêutica é baseada na par- ceria. Um subtópico da “tomada de decisão compartilhada”, o conceito foi introduzido pelo Medicines Partner- ship Group criado em 1996 na Grã-Bretanha. É definida como: “acordo entre o profissional de saúde e o paciente, alcançado após negociação, que respeite as crenças e desejos do paciente para determinar se, quando e como um Fatores que influenciam a adesão terapêutica / Fonte:(27) Representação da doença Função cognitiva Características demográficas Comorbidades Características medicamento Fatores pacientes Fatores profissionais de saúde Adesão Fatores Sistema de Saúde Cobertura de custos Fatores externos 24 medicamento é tomado, e (em que) a primazia da decisão do paciente (é reconhecida) “ (28). A concordância descreve um acordo, que aproveita as experiências tanto do profissional de saúde, como do pa- ciente. Uma consulta é concordante quando se trata de comunicação e informação de duas vias, e tomada de decisão compartilhada (12,29). O grau em que os pacientes querem ser envolvidos na tomada de decisões com o seu profissional de saúde é variável. Em alguns casos, o paciente, com o auxílio do profissional, toma uma decisão que as duas partes acham apropriado. Nesse caso o paciente é melhor informado, e apresenta mais chances de estar comprometido com o regime de tratamento e, portanto, a aderir melhor a terapia, já que se trata de uma decisão que ele tomou ativa- mente para si mesmo (30). O farmacêutico, para ser comprometido com o conceito de concordância, deve ter em mente sua responsabili- dadequanto a prestar informações, emitir sua opinião, escutar a opinião do paciente e respeitar sua autonomia na tomada de decisões, em vez de decidir por ele. Na realidade, o paciente sempre decide, mas sem comunica- ção aberta frequentemente fará isso sem informar o farmacêutico ou o médico (11,12). A necessidade de conhecimento especializado e de opinião ainda é importante. Quill e Brody (31) defendem um modelo de “maior autonomia”, em que os melhores interesses do paciente são esti- mulados pela troca ativa de ideias, discussão aberta e negociação das diferenças. Mesmo o paciente mais independente quer ouvir a opinião do seu profissional de saúde, e algumas pessoas preferem uma abordagem mais direcionadora (32). O farmacêutico precisa de flexibilidade e habilidade para abordar e explorar o que o pa- ciente quer. “Tomando para si a abordagem da concordância, o papel do pro- fissional de saúde centra-se em ajudar os pacientes com decisões que eles tomam para si mesmos, e apoiá-los através destas” A concordância representa, portanto, um modelo radical de cuidado que desafia a maior parte do treinamento rece- bido pelos profissionais de saúde. O conceito não pode ser simplesmente “aparafusado” ao comportamento tradicio- nal. A fim de entender o que é necessário, precisamos examinar os processos de consulta em mais detalhes (11,12). O que está acontecendo nas consultas tradicionais? Os pacientes são geralmente passivos nas consultas. Os pacientes mais jovens e os homens brancos são mais propensos a participar de discussões sobre a medicação e os médicos mais jovens também parecem incentivar essa situação (33). Muitos pacientes têm suas próprias ideias sobre o que está errado e o que pode ter causado isso, mas eles nem sempre conseguem articulá-las (34). Profissionais de saúde normalmente fornecem informa- ções de maneira regular. Contudo, em apenas 2% das consultas eles verificam o que os pacientes entenderam ou pensaram dessas explicações (35–37). 25 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Observações de consultas indicam que os profissionais raramente exploram ideias, preocupações e expectativas do paciente ou sua compreensão e intenções sobre a gestão de sua farmacoterapia (37). Estudos conduzidos através de registros das consultas mostraram que médicos acreditam que discutem questões de gestão mais fre- quentemente do que é realmente o caso e, curiosamente, os pacientes também tendem a superestimar o quanto eles foram informados e envolvidos na consulta (32). Os efeitos colaterais são um exemplo de uma preocupação que os pacientes gostariam de ser capazes de discutir melhor com seu médico ou farmacêutico (38). Paralelamente, esses profissionais mais comumente discutem os be- nefícios e os mecanismos do medicamentos (33). Quando os pacientes levantam a questão dos efeitos colaterais, os profissionais são mais propensos a querer fugir do assunto ou mudar a medicação, do que entrar em uma discussão para ajudar os pacientes a comparar os possíveis efeitos indesejados com os benefícios previstos. Levinson (37) em seu estudo demonstrou que apenas 10% de consultas incluíram menção de quaisquer efeitos adversos. Como fazer uma consulta diferente? Melhor adesão é obtida por profissionais que prestam informações, participam de conversação ativa e pergun- tam especificamente sobre a adesão (38). Calor humano, empatia, autorrevelação, ouvir atentamente os pontos de vista dos pacientes e oferecer apoio emocional resultam em maior satisfação, melhor adesão e menos proces- sos judiciais (37,39,40). Os pacientes que se veem como parceiros ativos no processo apresentam melhor adesão e resultados terapêuticos (41). Criar uma atmosfera certa para permitir que tais discussões aconteçam é importante, mas nem sempre é fácil. Os pacientes são geralmente ansiosos quando estão doentes e ansiedade afeta negativamente a cognição. Muita informação ou falas muito rápidas também podem prejudicar esse processo. A avaliação minuciosa de diferentes opções pode ser igualmente estressante. Incerteza provoca ansiedade, especialmente para as pessoas com uma necessidade de altos níveis de controle (42,43). Pode-se observar que o processo de consulta é complexo e maximizar seu potencial terapêutico exige uma re- lação baseada no respeito, com habilidades de comunicação consideráveis, ritmo cuidadoso e uma abordagem flexível para a condição, contexto e paciente (42,43). Em resumo, uma consulta farmacêutica para revisão de medicação deve considerar o paciente como parceiro nesse processo, levantando suas experiências e pontos de vista, a fim de chegar a ideias concordantes. Lembre-se que a decisão é do paciente, e ele deve ter consciência sobre isso. Isso propiciará maior compromisso deste em relação ao seu tratamento e consequentemente maior adesão. Tenha em mente que consciência, compromisso e habilidades são necessários para transformar a interação em uma verdadeira parceria, e a maioria dos pacientes, se não todos, se beneficiará desta abordagem. Para entender melhor como fazer isso, vamos conhecer um pouco mais sobre como a experiência de medicação do paciente pode afetar sua adesão ao tratamento. 26 O que é a experiência de medicação do paciente? A experiência de medicação do indivíduo está relacionada com seu padrão de adesão, e explica ou justifica par- cialmente os fatores que o levam a adotar esse comportamento em relação a terapia, ou seja, aderir ou não aderir. O conceito é definido como a “experiência subjetiva de um indivíduo de tomar uma medicação em sua vida diária”, e segundo Shoemaker et al. (44,45) considera etapas comportamentais do indivíduo, como encontro e controle sobre a medicação. Encontro: “agora eu dependo desses medicamentos” A experiência de medicação é caracterizada pela primeira vez como um encontro com a medicação. Esse encon- tro pode apresentar significado mesmo antes da sua ocorrência, através das crenças e experiências anteriores, que se desenvolvem durante a vida. O encontro inicial, ou seja o inicio de um novo tratamento, pode ser acompanhado por uma sensação de perder o controle, um sinal do envelhecimento, motivo de questionamento, e um encontro com o estigma. Muitos pacientes podem relatar frases indicativas de suas percepções, como por exemplo, que “Eu acreditava estar imune a doenças”, “Eu sinto que perdi o controle de minha saúde”, ou que tomar medicamentos indica que “Estou ficando velho(a)”. “Perceba que a avaliação da experiência da medicação faz parte do processo de concor- dância do paciente em relação a um determinado tratamento e influencia diretamente na adesão em longo prazo” Os participantes geralmente atribuem um significado negativo para medicamentos quando inciam o tratamento ou quando começam a utilizar um número crescente de medicamentos crônicos. As primei- ras reações ao iniciar uma medicação também podem ser moldadas pelas opiniões sociais sobre a doença. Por exemplo, a reação das pes- soas ao ter que iniciar medicamentos psicotrópicos pode ser uma res- posta para o estigma da doença mental. Além disso, medicamentos, apesar de serem associados a benefícios farmacológicos, também são associados a efeitos colaterais desagradáveis. Isso tudo representa as respostas corporais de um indivíduo a um medicamento. E estas também podem influenciar de maneira importante a per- cepção do paciente sobre seus medicamentos, que pode variar desde “um elixir mágico”, associado a recuperação de seu corpo saudável, neutralidade, ou a percepção de mais efeitos negativos do que positivos. Ainda nessa concepção, a característica incessante, ou contínua de um tratamento também pode tem impacto sobre a impressão inicial do paciente, que pode se sentir “refém do medicamento”. 27 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Em resumo, a experiência de medicação de um individuo vai ser influenciada pelas informações e crençaspré-formadas existentes, pela ideia ou concepção que o uso de medicamento o remete, pelas suas respostas corporais, pelo controle do paciente sobre seu regime, e pela interpretação de tudo isso. Controle: “Quando eu me sinto mal, daí eu tomo dois” Crenças: “Esses medicamentos me fazem mais mal do que bem” Após a etapa inicial, o paciente evolui com a capacidade de controle da gestão de sua medicação. Nesse processo o paciente já conhece os efeitos do medicamento em seu corpo, e questiona o quanto esses são positivos ou não, e decide sobre seu tratamento. A maioria dos pacientes acaba criando suas práticas de medicação. Uma parte importante da experiência do paciente com os medicamentos depende de suas crenças. Não ape- nas sua cultura e crenças religiosas, que também exercem grande influencia, mas sua percepção do quanto os medicamentos são necessários e/ou perigosos para sua saúde. Existe um instrumento chamado BaMQ (Beliefs about Medicines Questionnaire) que avalia esses aspectos (46). É interessante conhecer seus itens, que podem ser úteis para construção da consulta de revisão de medicação: PERGUNTAS QUE AVALIAM A PERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DO MEDICAMENTO: ITEM CONCORDO NÃO TENHO CERTEZA DISCORDO Atualmente, a minha saúde depende destes medicamentos A minha vida seria impossível sem estes medicamentos Sem estes medicamentos, eu estaria muito doente A minha saúde no futuro dependerá destes medicamentos Estes medicamentos protegem-me de ficar pior 28 PERGUNTAS QUE AVALIAM AS PREOCUPAÇÕES LIGADAS AOS MEDICAMENTOS: ITEM CONCORDO NÃO TENHO CERTEZA DISCORDO Ter que tomar estes medicamentos me preocupa Às vezes os efeitos em longo prazo destes medicamentos me preocupam Estes medicamentos são um mistério para mim Estes medicamentos perturbam a minha vida Às vezes me preocupo em ficar muito dependente destes medicamentos Estes medicamentos me dão efeitos secundários desagradáveis Os autores do BaMQ acreditam, e demonstraram, que quando as preocupações exercem um peso maior do que a percepção da necessidade (benefício) dos medicamentos, os pacientes tem um risco maior de não ade- são, e costumam abandonar o tratamento com mais facilidade. Assim, ainda que a adesão seja o resultado de um processo multifatorial, a experiência de medicação é uma ques- tão importante a ser levantada e trabalhada durante as consultas. Discutir os benefícios do tratamento e também os seus riscos passam ao paciente confiança e credibilidade, e a compreensão do mesmo e posterior decisão, propiciam maior comprometimento com o tratamento em longo prazo. A base do relacionamento farmacêutico-paciente, durante a revisão da medicação, deve estar na parceria e não na submissão, com ambos os agentes (farmacêutico e paciente) com papéis equivalentes, na troca de experiên- cias e argumentação. Por fim lembre-se que o seu papel é fazer com que o paciente encontre a resposta, e apoi- á-lo na sua decisão. ORIENTAÇÕES PARA UMA REVISÃO DE MEDICAÇÃO CENTRADA NO PACIENTE Você deve adaptar seu estilo de consulta às necessidades individuais dos pacientes, para que todos os pacientes tenham a oportunidade de estar envolvido nas decisões sobre os seus medicamentos no nível que desejarem. Estabeleça a forma mais eficaz de se comunicar com cada paciente. Se necessário, estude formas de tornar a informação acessível e compreensível (por exemplo, usando imagens, símbolos, letras grandes, diferentes linguagens). Ofereça a todos os pacientes a oportunidade de se envolver na tomada de decisões sobre seus medicamento. Estabeleça o nível de envolvimento de acordo com a vontade do paciente. Esteja ciente de que o aumento do envolvimento do paciente pode significar que o paciente decida não tomar ou deixar de tomar um medicamento. Se, na sua opinião isso puder causar dano, informações sobre os riscos e benefícios da decisão devem ser fornecidos ao paciente e registradas. Aceite que o paciente tem o direito de decidir não tomar um medicamento, mesmo que você não concorde com a decisão. Isso desde que o paciente tome uma decisão informada, ou seja, tenha recebido todas as informações necessárias para fazer tal decisão. Esteja ciente das preocupações dos pacientes, de sua experiência de medicação e se eles acreditam que precisam dos medicamentos, pois isso afeta como e se eles utilizam os medicamentos. Ofereça aos pacientes informações relevantes para a sua condição, possíveis tratamentos e circunstâncias personaliza- das, de maneira fácil de entender e livre de jargões. 29 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Reconheça a não-adesão como um problema frequente e que a maioria dos pacientes podem oscilar seu padrão de ade- são. Rotineiramente avalie a adesão de forma não discriminatória durante a revisão de medicação. Esteja ciente de que, embora a adesão possa ser melhorada, não existe intervenção única que possa ser recomendada para todos os pacientes. Adapte a sua intervenção as necessidades e dificuldades específicas do paciente. Revise o conhecimento, entendimento e preocupações dos pacientes quanto aos seus medicamentos, atendendo às suas necessidades em intervalos individualizados, lembrando que estes podem mudar ao longo do tempo. Ofereça informações e conduza revisão periódica da medicação, em pacientes com condições crônicas, em uso de vários medicamentos. Fonte: (12) Como a complexidade do tratamento influencia a ade- são? Para muitas doenças crônicas, os estudos tem demonstrado que a adesão diminui à medida que a complexida- de do regime terapêutico aumenta (isto é, o número de comprimidos por dose, o número de tomadas por dia, a necessidade de observar os requisitos rigorosos relativos à ingestão de alimentos, e a existência de requisitos especiais para ingestão de líquidos). Muitos profissionais de saúde acreditam que a carga de comprimidos influencia fortemente a adesão. No entan- to, o efeito da carga de comprimidos na adesão está intimamente associado com o estadiamento da condição. Indivíduos sintomáticos percebem um maior risco de complicações da não adesão à medicação do que pacientes assintomáticos (47). Regimes terapêuticos e restrições alimentares ou necessidades específicas parecem ter uma influência mais pro- eminente sobre a adesão do que a carga de comprimidos. No tratamento de várias condições, administração de 1-2 vezes ao dia é preferível, mas nem sempre é possível (41,48). Por exemplo, uma revisão sistemática com me- ta-análise, demonstrou que o aumento do número de tomadas foi associado com declínio importante da adesão, com 79% de adesão com uma tomada diária, 69% com duas, 65% com três e apenas 51% com quatro (48). INFLUÊNCIA DO REGIME TERAPÊUTICO NA ADESÃO AOS MEDICAMENTOS 79% 1 X dia 2 X dia 3 X dia 4 X dia 69% 65% 51% 30 Paralelamente, outros estudos demonstram que o “ajuste” do regime terapêutico aos hábitos de vida e atitudes de um indivíduo podem ser preditores da adesão ao tratamento (24). É provável, porém, que menos doses não necessariamente permitam melhor “encaixe” dos medicamentos na agenda diária de um indivíduo. Na medida do possível, os regimes devem ser simplificados, reduzindo o número de comprimidos e a frequência da administração, minimizando interações medicamentosas e efeitos colaterais (24). O Instituto de Medicina America- no propôs uma programação padronizada para especificar a administração de medicamentos (manhã, tarde, noite, antes de dormir), reconhecendo que 90% das prescrições são administradas em quatro tomadas ou menos (49). Em resumo, as evidências indicam que regimes simplificados, que exigem menos comprimidos e menor frequências de administração melhoram a adesão. Além disso, a adequação dos medica- mentos a rotina diária do paciente também parece ser importante. De maneira prática a farmacoterapia deve ser revista com o paciente, adaptando a ingestão de comprimidos a sua rotina diária. Simplificações e aprazamentos são úteis para reduziro número de tomadas e podem facilitar a adesão, entretanto devem levar em consideração as recomendações específicas de cada medicamento e seu potencial para interações medicamentosas. Pensando em aprazamento: será que é mesmo importante? A fim de compreender a importância prática do aprazamento, considere o seguinte caso clínico abaixo. Joana, 56 anos, costureira, hipertensa, diabética tipo 2 e dislipidêmica, comparece a farmácia para uma consulta farmacêutica para revisão de sua medicação. “É difícil tomar a medicação no meio do dia” 31 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Medicamentos prescritos: • Enalapril 20mg 12/12h • Hidrocloroti azida 25 mg/dia • AAS 100 mg/dia • Glibenclamida 5mg após café e jantar • Metf ormina 850 mg após café e jantar • Sinvastati na a noite 40 mg Parâmetros clínicos: • Pressão Arterial: 150/90 mmHg (média de três medidas) • Glicemia capilar 2 horas pós-prandial: 140 mg/dL (após almoço) • Colesterol total (feito há 2 semanas): 190 mg/dL (laboratório) Durante a consulta, a paciente relata que tem problemas para lembrar de tomar todos os medicamen- tos. Quando ele explana sua roti na de medicação, indica que “o AAS, por exemplo, ela nunca lembra, pois está sempre fora de casa na hora do almoço e sente difi culdade de lembrar no trabalho”. Além disso, ela se queixa que “estava fazendo muito xixi a noite, o que atrapalha seu sono, por esse moti vo ela nem sempre uti liza a hidrocloroti azida”. Sua roti na de medicação inicial está mostrada na fi gura abaixo: A = antes da refeição (pelo menos 30 minutos); D = Durante ou imediatamente após a refeição; HD = Hora de Dormir. MEDICAMENTO 7h30 Café 12h30 Almoço 16h Lanche 19h Jantar 22h Ceia 00h H.D. A D A D A D A D A D Enalapril 20 mg 1 1 Hidrocloroti azida 25 mg 1 AAS 100 mg 1 Glibenclamida 5 mg 1 1 Metf ormina 850 mg 1 1 Sinvastati na 20 mg 1 5 TOMADAS/ DIA 32 Será possível reduzir a complexidade do regime terapêuti co de Joana, facilitando, ou mes- mo resolvendo, seu problema de adesão aos medicamentos? Perceba que Joana apresenta um regime terapêuti co com alto índice de complexidade, com ingestão diária reco- mendada de 9 comprimidos, distribuídos em 5 horários de tomada. Essa situação a leva a esquecer o uso diário do AAS, indicado neste caso para prevenção primária de eventos cardiovasculares, em pacientes de alto risco. Além disso, o efeito diuréti co da hidrocloroti azida está atrapalhando seu sono, um evento desagradável esperado, o que leva a paciente a problemas de adesão também a esse medicamento. Isso, inclusive, pode ser a causa da sua pressão arterial alterada (150/90 mmHg). A farmacêuti ca Ana, que realizou a consulta de revisão da medicação de Joana, defi ne então com a paciente o seguinte plano: Como a paciente consome normalmente um café da manha reforçado, ela indica que o AAS pode ser administrado após essa refeição, já que a indicação é que esse medicamento seja administrado após uma refeição, para reduzir risco gastrointesti nal, entretanto, essa refeição não precisa ser necessariamente o almoço. Assim fi caria mais fácil lembrar de tomá-lo. Ela questi ona sobre sua roti na de trabalho como costureira, e Joana sugere que essa é tranquila, e que normalmente ele apenas supervisiona o trabalho. Então a farmacêuti ca sugere que a paciente tente uti lizar a hidrocloroti azida também de manhã, pois dessa maneira o medicamento exerceria sua ação durante o dia, sua pressão fi caria melhor controlada e ela não teria problemas com o sono. Além disso, Ana acorda a alteração do horário de administração do enalapril e da sinvastati na, para po- tencializar sua efi cácia, minimizar efeitos adversos e reduzir o número de tomadas diárias: MEDICAMENTO 7h30 Café 12h30 Almoço 16h Lanche 19h Jantar 22h Ceia 00h H.D. A D A D A D A D A D Enalapril 20 mg 1 1 Hidrocloroti azida 25 mg 1 AAS 100 mg 1 Glibenclamida 5 mg 1 1 Metf ormina 850 mg 1 1 Sinvastati na 40 mg 1 33 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Regime terapêuti co fi nal: Fechamento Ana presta as orientações fi nais a Joana, revê com ela sua roti na de medicação e se certi fi ca de sua compreensão e concordância, e lhe entrega sua declaração de serviços farmacêuti cos. Seu retorno é agendado após 30 dias. Acompanhamento Joana retorna a farmácia e indica que está uti lizando seus medicamentos conforme o combinado. Du- rante a revisão de sua roti na, ela é capaz de descrever o regime adequadamente. Pressão Arterial na consulta: 130/85 mmHg Conclusão Joana apresentava difi culdades de adesão a alguns medicamentos, entretanto com a orientação e apra- zamento de seu regime terapêuti co, houve redução da complexidade e resolução dos problemas que a levavam a esquecer a medicação. Como resultado, ela evoluiu com normalização dos valores de pres- são arterial na consulta de retorno. Esta é uma das condutas possíveis a serem realizadas durante a revisão da medicação de um paciente. MEDICAMENTO 7h30 Café 12h30 Almoço 16h Lanche 19h Jantar 22h Ceia 00h H.D. A D A D A D A D A D Enalapril 20 mg 1 1 Hidrocloroti azida 25 mg 1 AAS 100 mg 1 Glibenclamida 5 mg 1 1 Metf ormina 850 mg 1 1 Sinvastati na 20 mg 1 2 TOMADAS/ DIA 34 Formas farmacêuticas: elas podem dificultar a adesão ao tratamento Muitas pessoas são não aderentes porque tem dificuldades reais de manusear, administrar e utilizar determina- dos medicamentos (fatores involuntários). Principalmente entre os idosos, perdas na capacidade cognitiva e mo- tora pode tornar algumas tarefas simples difíceis de realizar. Chamamos à capacidade de realizar o tratamento de “capacidade de gestão da farmacoterapia”. Certificar-se de que os pacientes apresentam essa capacidade é uma parte importante da avaliação da adesão aos medicamentos. Exemplos de dificuldades na utilização dos medicamentos: Tirar comprimidos do blister Usar o frasco conta gotas Preparar a dose do líquido É importante identificar também os chamados “Medicamentos ou Especialidades Farmacêuticas Complexas (EFC)”. São aquelas cuja utilização exige o aprendizado de uma técnica ou processo, ligada ao preparo prévio da forma farmacêutica ou à administração do medicamento. As EFC fazem com que o tratamento seja mais difícil de cumprir, o que pode reduzir à adesão terapêutica (50). A consulta de revisão de medicação pode ser uma ótima oportunidade de se certificar que o paciente utiliza corretamente este tipo de medicamento. Várias vias de administração podem estar relacionadas ao uso de uma EFC. Normalmente, assume-se que as formas farmacêuticas tradicionais sólidas (comprimidos, drágeas, cápsulas), semissólidas (cremes, pomadas, géis) e líqui- das (soluções, suspensões, xaropes), utilizadas por via oral ou tópica são as mais simples de serem utilizadas pelo paciente e, por isso, com menor risco de erros (50). A seguir há uma lista de medicamentos que se enquadram na categoria de EFC. 35 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Especialidades farmacêuticas complexas e vias de administração Existem diversos vídeos e materiais educativos disponíveis na internet, que podem ajudar no processo de educa- ção dos pacientes para estes medicamentos. Recomendamos consulta ao site Farmacêutico Clínico (http://www. farmaceuticoclinico.com.br) para acesso gratuito a esses recursos. Informações escritas sobre o modo correto de administração destes medicamentos estão em diversas obras publicadas, entre elas a citada neste Manual (50). Durante a consulta de revisão da medicação, para saber se seu paciente passa por alguma desses dificuldades, faça perguntas simples sobre sua rotina com os medicamentos, como a seguir: “O(a) senhor(a) sente dificuldade para abrir ou fechar a embalagem dos medicamentos?” “Sente dificuldade para ler o que está escrito na embalagem?” “Sente dificuldade para tirar os comprimidos do blister?” “Acha difícil engolir os comprimidos?Consegue tomar todos de uma vez?” “O(a) senhor(a) parte algum comprimido antes de tomar?” “Sente dificuldade para usar o frasco conta gotas?” “Sente dificuldade para pingar o colírio?” VIA DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIALIDADE FARMACÊUTICA COMPLEXA Oftálmica Colírio Pomada oftálmica Otológica Gotas otológicas Suspensão otológica Nasal Gotas nasais Spray nasal Inalatória Aerossol dosimetrado Inalador de pó seco Retal Enema Supositório Vaginal Anel vaginal Creme, pomada, gel vaginal Comprimido vaginal Óvulo Dermatológica Adesivo transdérmico Esmalte Emplastro Oral Suspensão extemporânea 36 Posso usar os registros da farmácia para avaliar a adesão? A avaliação do histórico de dispensações é uma forma objetiva, simples e de baixo custo para conhecer o compor- tamento do paciente na retirada de medicamentos nas farmácias e drogarias. Conhecendo o número de compri- midos que devem ser retirados pelo paciente para cumprir o tratamento, em um determinado período de tempo, e o número de comprimidos que ele efetivamente retirou, é possível estimar sua adesão ao tratamento. Esta for- ma de medir a adesão é equivalente ao conceito de “Taxa de Posse dos Medicamentos” ou, no inglês, “Medication Possession Ratio (MPR)”. Por outro lado, uma barreira para utilização deste indicador pode ser a ausência de um registro consistente das vendas realizadas a um cliente, a ausência do próprio cadastro do cliente e o fato do cliente poder comprar seus medicamentos em várias farmácias diferentes todos os meses. A taxa de retirada dos medicamentos indica a disponibilidade do produto e a disposição do paciente em cumprir o tratamento, ainda que não garanta que o paciente efetivamente esteja utilizando os medicamentos que retira. Assim, é desejável que este parâmetro seja usado apenas como informação complementar em uma consulta de revisão da medicação. A Taxa de Retirada pode ser calculada com a seguinte fórmula, para cada medicamento em uso pelo paciente: Número de comprimidos retirados no período Número de comprimidos que deveriam ser retirados X 100 = % Retirada A taxa de retirada é uma variável que pode variar de 0 a 100. Assim, é possível avaliar a mudança no parâmetro ao longo do tempo, por exemplo, em dois períodos diferentes de 6 meses. Outra forma de avaliar é estabelecer pontos de corte para uma adesão boa, regular ou ruim. Com base na literatura, pacientes que apresentam uma taxa de retirada >80% podem ser considerados “aderentes”, uma vez que para a maioria dos tratamentos, há uma relação entre esta taxa de adesão e resultados terapêuticos positivos. Taxa entre 70% e 80% é considerada “Ade- são Regular” e resultados <70% são considerados “Baixa Adesão” (51). Como exceção, este ponto de corte pode não ser adequado para alguns tipos de tratamento, particularmente tratamentos com antibióticos ou para HIV/ AIDS. A Figura a seguir mostra como interpretar estes resultados. “Sente dificuldade para fazer a medida do xarope?” “Me mostre como o(a) senhor(a) aplica a insulina” “Me mostre como o(a) senho(a) utiliza a bombinha para o pulmão” 37 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Devo utilizar um questionário para avaliar a adesão? Nenhum questionário padronizado, usado em pesquisas, costuma ser realmente útil na prática. Por outro lado, conhecer as questões dos principais questionários é útil para se construir um repertório próprio de perguntas. Construir um roteiro próprio de anamnese. A fim de identificar um paciente com não adesão, conduza um diálogo aberto sobre os medicamentos e procure conhecer a rotina de medicação do paciente, além de investigar comportamentos como os descritos anterior- mente. Caso você disponha de sistema informatizado na farmácia, você pode também levantar o história de com- pras de medicamentos. Quando fizer perguntas diretas sobre adesão, nunca faça a seguinte pergunta: “o senhor está tomando os medi- camentos corretamente, não está?”. A maioria dos pacientes responde “sim” apenas para agradar ou não contra- riar o profissional da saúde. Prefira perguntas que permitam conhecer como o paciente realmente faz seu tratamento, por exemplo: “como o(a) senhor(a) toma seus medicamentos?” “me conte sobre sua rotina com os remédios, em quais horários toma?” “na última semana, quantas vezes se esqueceu de tomar o medicamento?” Boa adesão aos medicamentos Adesão Regular Baixa adesão 100 - NÍVEL ÓTIMO 80 - FAIXA DE RISCO 60 90 - PODE MELHORAR 70 - REQUER INTERVENÇÃO 50 38 “como o(a) senhor(a) faz para se lembrar de tomar todos os seus remédios?” “o(s) senhor(a) acha que seus remédios estão funcionando bem?” “tem algum medicamentos destes que o(a) senhor não goste?” “alguém ajuda o(a) senhor(a) a tomar seus medicamentos?” “onde o(a) senhor(a) guarda seus medicamentos em casa?” “o(a) senhor(a) deixa de tomar seu medicamento quando se sente melhor?” “o(a) senhor(a) deixa de tomar seu medicamento quando se sente mal ou doente?” “o(a) senhor(a) esquece de ir à farmácia pegar seus medicamentos?” “o(a) senhor(a) deixa acabar seus medicamentos?” “o(a) senhor(a) deixa de adquirir seu medicamento por causa do preço muito caro?” Ferramentas que podem ajudar na adesão aos medicamentos Organizadores de comprimidos Organizadores de comprimidos são compartimen- tos com divisões específicas, para armazenamento fracionado dos medicamentos. Essas ferramentas podem auxiliar na organização da medicação de pacientes com regimes terapêuticos complexos, que frequentemente esquecem doses e/ou dificul- dades de compreensão e leitura (50). Os organizadores também apresentam potencial para reduzir erros de medicação por parte do pa- ciente. Além disso, eles permitem a checagem da utilização dos medicamentos diários, evitando con- fusões do tipo, “tomei ou não meu comprimido?”. No mercado Brasileiro, existem opções comerciais de organizadores diários e semanais (50). 39 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Iniciativas domésticas de organização do regime terapêutico apresentam igual benefício, com a elaboração do próprio organizador de comprimidos, a partir de materiais comuns, como copos plásticos, embalagens, envelo- pes, podem ajudar quando as opções comerciais não são possíveis. A vantagem dessa opção é que as características individuais do paciente podem ser levadas em conta, como por exem- plo a dificuldade de leitura, que pode ser adaptada com uso de números caso o paciente saiba ler e interpretar núme- ros) e cores. É necessário considerar que, para que tais ferramentas sejam realmente efetivas, é necessário higiene em re- lação ao seu uso, pois o risco de contaminação existe, já que normalmente os comprimidos são fracionados ou retirados de sua embalagem primária. Além disso, para pacientes com limitações (cognitivas, visuais, baixo letra- mento) a presença de uma segunda pessoa, ou seja a figura do cuidador, é fundamental, pois a ferramenta exige organização diária ou semanal. A tabela a seguir traz alguns modelos de organizadores disponíveis no mercado. A partir do nome de marca é pos- sível encontrá-los com facilidade por meio de sites de busca na internet. No site http://www.epill.com/ é possível encontrar vários dos modelos importados (50). ALGUNS ORGANIZADORES DE COMPRIMIDOS DISPONÍVEIS NO BRASIL MARCA ORIGEM TIPO Pill Box G-Life® Nacional Diário Medtime XL® Importado Diário MedGlider® Importado Diário Times Medication® Importado Diário CompuMed® Importado Mensal Medcenter System® Importado Mensal Accupax® Importado Mensal Porta Comprimidos Hora Certa® Nacional Semanal Porta Med Super® Nacional Semanal Pill Box Pb 2000® Nacional Semanal Medication Manager® Importado Semanal 7 Days & Reminder® Importado Semanal Weekly PillBox® Importado Semanal CADEX® Importado Semanal Calendários posológicos Os calendários posológicos são artifícios para organizar a farmacoterapia do paciente, de maneira prática, de acordo com sua rotinadiária. Eles consistem primordialmente de uma lista dos medicamentos prescritos, jun- tamente com seu horário de tomada e podem ajudar o paciente a visualizar de maneira global e compreender melhor seu tratamento (50). 40 Essas ferramentas são particularmente importantes para pacientes não-aderentes não-intencionais, que apre- sentam dificuldades na compreensão e seguimento de sua prescrição. Entretanto, como nos organizadores de comprimido, não se aplicam em todos os casos, e só devem ser utilizados se evidenciada a necessidade do pa- ciente. O farmacêutico deve lembrar-se que a organização do regime pode ser realizada na própria declaração de serviços farmacêuticos. Imagem gentilmente cedida pelo Serviço Ambulatorial de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas do Paraná, como exemplo de como construir um calendário posológico. Aplicativos para celulares e tablets Existem vários aplicativos gratuitos para ajudar os pacientes a organizar sua lista de medicamentos e horários de administração. A maioria deles conta com sistema de alarme que ajuda o paciente a se lembrar de uma dose. São ferramentas valiosas e o farmacêutico deve estimular os pacientes a utilizá-las. Por outro lado, pessoas sem aces- so a smartphones ou com poucas habilidades com tecnologia terão dificuldade em adotar este tipo de recurso. PLANO PERSONALIZADO DE ACONSELHAMENTO AO PACIENTE Nome do paciente Data / / 41 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão EXEMPLOS DE APLICATIVOS PARA ORGANIZAÇÃO DOS MEDICAMENTOS - PACIENTES HORA DO MEDICAMENTO CAIXA DE REMÉDIOS LEMBRETE DE MEDICAMENTOS RESUMO: DICAS PARA PROMOVER A ADESÃO AO TRATAMENTO Ajude o paciente a organizar os horários de sua medicação. Facilite a posologia, reduza ao máximo possí- vel o número de tomadas ao dia. Encaixe o tratamento na rotina do paciente, não a rotina do paciente no tratamento. Facilite o acesso. Oriente o paciente sobre genéricos, opções mais baratas, farmácia popular. Converse abertamente com o paciente sobre o custo do tratamento e o impacto dele no orçamento da família. Ajude o paciente a se lembrar. Se o paciente se esquece de tomar os medicamentos, vários recursos po- dem ajudar. Alarmes no relógio ou celular, calendários fixados na geladeira, organizadores de comprimidos (ajudam a ter certeza se uma dose foi tomada). Muitas vezes guardar os medicamentos em um local visível e a construção de uma rotina são suficientes. Entenda que o comportamento é um resultado. Procure entender as crenças, os medos e as expectativas do paciente. Perceba se sua atitude é positiva ou negativa para com os medicamentos. Identifique quais desses aspectos influenciam mais a forma como o paciente ‘faz’ o tratamento. Converse com ele aberta- mente sobre esses pontos e não julgue. Ajude o paciente a entender. Oriente o paciente sobre os benefícios do tratamento. Equilibre com os ris- cos. Trabalhe com ele poucos pontos a cada vez. Peça ao paciente que repita suas orientações, para ter certeza de que entendeu. Entregue as orientações mais importantes por escrito. Tenha em mente que o objetivo é tornar o paciente uma pessoa independente e capaz de tomar decisões por conta própria. Pense no longo prazo. Seja o melhor parceiro do paciente em seu tratamento. Estabelecer um relacionamen- to sincero, honesto, faz toda diferença. Para isso é preciso escutar, mais do que falar. Quando o paciente esti- 1. 2. 3. 4. 5. 6. 42 ver falando, escute para entender, não para responder. Lembre-se que confiança se constrói com tempo, mas pode se acabar em minutos. Tenha paciência e persistência com aqueles que parecem não estar preocupados com suas orientações, que são mais resistentes. São estes que mais precisam da sua ajuda. Mantenha o foco nos resultados do tratamento. Não se esqueça de que o sucesso do tratamento não se mede pelo número de comprimidos tomados, mas pela mudança obtida no estado de saúde. Procure en- tender o que se passa com a saúde do paciente e converse com ele/ela sobre as preocupações que você tem enquanto farmacêutico. 7. Adesão aos Medicamentos POR QUE ALGUNS PACIENTES NÃO UTILIZAM OS MEDICAMENTOS CONFORME A PRESCRIÇÃO? • Eles não querem - não-adesão intencional • Eles têm problemas práticos - não-adesão não inten- cional O que pode ser feito sobre isso? • Verifique se o paciente: Recebeu as informações que necessitava quando os medicamentos foram prescritos e dispensa- dos. O paciente discutiu e entendeu essa informação? • Não presuma que folhetos informativos irão atender todas as necessidades dos pacientes. • Direcione o paciente a fontes confiáveis de informa- ção e apoio após a consulta • Aumente o envolvimento do paciente na tomada de decisões • Descubra o que o paciente espera do tratamento. • Ouça e observe quaisquer sinais não-verbais e não faça suposições sobre as preferências dos pacientes para o tratamento. • Explique a condição clínica do paciente de forma cla- ra e auxilie os paciente a tomar decisões com base em benefícios e riscos prováveis em vez de possíveis equívocos. COMPREENDA A PERSPECTIVA DO PACIENTE Pergunte ao paciente sobre o que ele sabe e acredita sobre seus medicamentos, incluindo quaisquer preocu- pações (por exemplo, efeitos adversos ou dependência) e aborde estas questões. • O que vai acontecer se não tomar o medicamento • Alternativas não-farmacológicas • Reduzir ou parar medicamentos a longo prazo • Introdução de medicamentos em sua rotina diária • Escolher entre medicamentos possíveis • Se o paciente tem preocupações específicas, resuma a discussão. Fornecer informações claras • O que é cada medicamento, como utilizá-lo e prová- veis benefícios • Eventos adversos possíveis e o que fazer se eles acontecerem • O que fazer se uma dose for omitida Avalie a adesão • Sempre que você fizer revisão dos medicamentos: Pergunte ao paciente se eles esqueceram doses recentemente: 43 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Comece pelo básico - o paciente pode gerir os seus medicamentos? • Incentive e apoie o paciente, seus familiares e cuida- dores a manter uma lista atualizada de medicamen- tos prescritos e não prescritos, alergias ou reações adversas AVALIAÇÃO DO PACIENTE Quem é responsável pela administração de medicamentos? Por exemplo, autoadministração, cuidador Como é o acesso do paciente a seus medicamentos? O paciente é incapaz de gerir a sua medicação? Por exemplo devido a: • Regime terapêutico complexo • Excesso de prescrições • Esquecimento / diagnóstico de demência • Estilo de vida caótico • Dificuldade em engolir • Problemas na destreza manual • Visão deficiente • Não é capaz de ouvir, ler ou compreender as orien- tações Determine um tempo específico (por exemplo, na semana passada) Explique por que você está perguntando Pergunte sobre hábitos de tomada de medicação Não atribua culpa ao paciente • Usar registros de dispensação de medicamentos para identificar, sempre que possível, a não-adesão e os pacientes que precisam de apoio. Acompanhe • Em intervalos acordados reveja o conhecimento, compreensão e preocupações dos pacientes sobre seus medicamentos. POTENCIAIS SOLUÇÕES Estabelecer se a não-adesão é relacionada a crenças, preocupações ou problemas práticos, e abordá-los. • Simplificar o regime posológico - existe alguma du- plicidade terapêutica? Existem medicamentos de valor clínico limitado ou de benefício improvável, devido a expectativa de vida? • Se os eventos adversos são um problema: Discutir os benefícios, efeitos colaterais e efei- tos a longo prazo, Considerar o ajuste da dose, a mudança para outro medicamento, e outras estratégias, como alteração do ou forma de administração. • Sugerir que os pacientes registrem as tomadas de seus medicamentos e monitorem sua condição clíni- ca. ACEITE QUE O PACIENTE: Pode ter um ponto de vista diferente do profissio-nal de saúde sobre os riscos, benefícios e efeitos colaterais. • Tem o direito de decidir não tomar um medica- mento, desde que tenha recebido a informação necessária para tomar uma “decisão informada”. LEMBRE-SE Uma conversa franca e aberta é sempre a melhor ma- neira de abordar questões relacionadas a não-adesão 44 • Não consegue utilizar dispositivos de administração de medicamentos, por exemplo, inaladores, gotas para os olhos, etc. O paciente é intencionalmente não aderente? Por exemplo devido a: • Medicamentos não necessários (especialmente medi- camentos para uso se necessário), por exemplo, anal- gésicos. • Medicamento ineficaz • Falta de compreensão da indicação / importância do tratamento • Falta de efeitos visíveis imediatos / benefícios • Efeitos colaterais desagradáveis • Indicação pouco clara • Instruções de administração complexas por exemplo bisfosfonatos, varfarina O paciente está utilizando outro medicamento, por exem- plo, produtos de origem vegetal, medicamentos de outra pessoa? Quais são as ferramentas de apoio disponíveis? • Dispositivos para auxiliar a administração de colírios para os olhos, inaladores, etiquetas, calendários po- sológicos, organizadores de comprimidos, panfletos informativos, lembretes, mensagens de texto. Uma preparação líquida ou solúvel pode ser mais apropriada? • Considere as implicações nos custos, especificações do produto, preparações comerciais disponíveis. • Se comprimidos ou cápsulas estão sendo triturados / abertos, considere impacto sobre as característi- cas do produto, como: estabilidade, propriedades de liberação, revestimento, dentre outros. Como avaliar os efeitos adversos de um tratamento? Efeitos adversos estão associados a elevada morbimortalidade, e constituem uma importante causa de interna- mentos hospitalares, abandono do tratamento e custos em saúde. No procedimento padrão da consulta de revisão da medicação, é importante investigar possíveis efeitos adver- sos dos medicamentos, tanto quanto a adesão ao tratamento. A seguir veremos como isso pode ser feito. Entendendo a cascata de prescrição Cascatas de prescrição ocorrem quando um novo medicamento é prescrito para tratar os sintomas decorrentes de um efeito adverso não reconhecido, relacionado a uma terapia prescrita anteriormente (52). O paciente é então ex- 45 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão posto a risco adicional relacionado com o novo e potencialmente desne- cessário tratamento. Idosos com doenças crônicas e múltiplas terapias com drogas estão particularmente em risco de receberem prescrição em cascata. Sintomas induzidos por medicamentos em idosos podem ser facilmen- te mal interpretados como uma nova condição ou podem ser atribuí- dos ao próprio processo de envelhecimento. Esta má interpretação é particularmente provável quando os sintomas induzidos pelos medi- camentos são indistinguíveis de doenças comuns em idosos. Exemplos selecionados de cascatas de prescrição são descritos abaixo. EXEMPLOS DE CASCATA DE PRESCRIÇÃO TERAPIA INICIAL EVENTO ADVERSO A MEDICAMENTOS (EAM) TERAPIA SUBSEQUENTE POSSÍVEL EFEITO RELACIONADO A NOVA TERAPIA Antipsicóticos Sinais e sintomas extrapiramidais Medicamentos anti-parkinsonianos Hipotensão ortostática, delírio Inibidores de colinesterase Incontinência urinária Tratamento para incontinência Diarreia e incontinência urinária Diuréticos tiazídicos Hiperuricemia Tratamento de gota Rash cutâneo, diarreia, náuseas Anti-inflamatórios não esteroidais Aumento da pressão arterial Medicamentos anti-hipertensivos Hipotensão Detectando reações adversas na revisão da medicação Em um estudo desenvolvido em nível de cuidados primários, com 661 pacientes, evidenciou-se que os sintomas mais comumente ligados a medicamentos foram: problemas gastrointestinais, problemas no sono, problemas sexuais, dor de cabeça, fadiga, tonturas e problemas de equilíbrio, alterações de humor e erupções cutâneas ou prurido, indicando que a investigação desses sintomas durante a revisão de medicação pode fornecer pistas so- bre a possível ocorrência de efeitos adversos (53). Todavia, lembre-se, que em muitos casos o questionamento dos sintomas pode induzir o pa- ciente a uma resposta positiva, portanto o questionário só deve ser aplicado após pergunta aberta, relativa a possíveis sintomas relacionados aos medicamentos. 46 ESTRATÉGIA PARA RASTREAMENTO DE EFEITOS ADVERSOS 1. O(a) senhor(a) esta sentindo algum sintoma desagradável que relacione com o uso de algum dos seus medicamentos? 2. Agora listarei uma série de sintomas, e gostaria que o(a) senhor(a) avaliasse, se algum deles lhe incomoda, e se percebeu relação com algum medicamento: SINTOMA PRESENÇA MEDICAMENTO Problemas no sono ( ) Sim ( ) Não Alterações no humor ( ) Sim ( ) Não Problemas gastrointestinais ( ) Sim ( ) Não Tonturas ou problemas no equilíbrio ( ) Sim ( ) Não Dor de cabeça ( ) Sim ( ) Não Fadiga ( ) Sim ( ) Não Dor muscular ( ) Sim ( ) Não Incontinência urinária ( ) Sim ( ) Não Problemas sexuais ( ) Sim ( ) Não Vermelhidão ou prurido (coceira) ( ) Sim ( ) Não Outros ( ) Sim ( ) Não O que fazer quando um paciente relata um queixa (possível efeito adverso) Sempre que houver a suspeita de um sinal/sintoma relacionado a um medicamento, o farmacêutico deve realizar a correlação temporal com o sintoma e a anamnese detalhada do mesmo. Isto é, levantar e registrar o que vem a ser chamado na clínica de HDA (história da doença atual) ou HQP (história da queixa principal). Para isso, as seguintes características devem ser consideradas: tempo, localização, qualidade ou característica, quantidade ou gravidade, ambiente, fatores que agravam ou aliviam, sintomas associados. Tempo Qualidade ou característica Ambiente Localização Quantidade ou gravidade Fatores que agravam ou que aliviam Sintomas associados Início, duração e frequência dos sintomas Área precisa dos sintomas Leve, moderada ou grave O que o paciente estava fazendo quando os sintomas ocorreram Fatores que fazem com que os sintomas melhorem ou que fiquem piores Outros sintomas que ocorrem com os sintomas primários Termos descritivos específicos sobre o sintoma (ex. dor aguda, catarro com presença de sangue) 47 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Para facilitar a compreensão, observe o seguinte exemplo: Senhor Francisco, 63 anos, durante sua consulta para revisão da medicação, relata estar sentindo um pouco de sonolência nesses últimos dias. “Ando muito sonolento durante o dia” Quando questionado sobre sua farmacoterapia, ele relata estar em uso de: • Enalapril 20 mg/dia • Anlodipino 5 mg/dia • Hidroclorotiazida 25 mg/dia • Levotiroxina 50 mcg/dia • Dexclorfeniramina 2 mg/dia De posse dessas informações, deve ser avaliada a relação temporal do sintoma, e a avaliação de possível correlação com algum de seus medicamentos: Seu Francisco, o senhor iniciou algum dos seus medicamentos recentemente? - Estou mudando de casa, e minha alergia do nariz acabou piorando, por isso, então comprei um remédio, faz 10 dias. Há quanto tempo o senhor esta sentindo essa sonolência? - Olha, acredito que há mais ou menos uma semana. Com que frequência o senhor se sente assim? - Todo dia. Isso tem incomodado muito o senhor? - Está atrapalhando bastante minha rotina diária. Fico até sem sair de casa. O senhor já notou se alguma coisa que o senhor faz melhora ou piora o sintoma? - Não sei muito bem, mas acho que pioro de manhã, depois de tomar os remédios. Além da sonolência, o senhor sente mais alguma coisa? - Estou sentindo um pouco de tontura. E os sintomas de alergia, o senhor sente com que frequência? - Às vezes apenas, normalmente me sinto bem, mas com essa mudança, está difícil. Após avaliação global do sintoma, você deduz que a sonolência, associada à tontura, podese tratar de uma reação adver- sa a dexclorfeniramina, um anti-histamínico de primeira geração, comumente associado a estes sintomas, principalmente em idosos. Como se trata de um caso de rinite intermitente, uma alternativa seria recomendar a suspensão da dexclor- feniramina, recomendar um anti-histamínico de segunda geração (p.ex. Loratadina) e acompanhar os sintomas futuros. 48 Veja na tabela a seguir alguns sintomas que podem estar ligados a medicamentos de uso comum: SINTOMAS ASSOCIADOS AS REAÇÕES ADVERSAS AOS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS PRESCRITOS EM AMBULATÓRIO MEDICAMENTOS / CLASSE SINTOMAS Antidiabéticos orais Tonturas, tremores, palpitações, ansiedade, suor frio, fome excessiva e formigamento ao redor da boca; Diarreia, dor abdominal. Diuréticos Alterações no ritmo cardíaco (disritmias), constipação, fadiga, fraqueza ou espasmos musculares; Dores e inchaços articulares. Salicilatos Dor abdominal, fezes enegrecidas ou com sangue, vômito com sangue, hipotensão. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina Tosse; Alterações no ritmo cardíaco, náuseas; Tonturas. Estatinas Dores musculares; Náuseas; Constipação. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) Sensação de queimação e dor estomacal; fezes enegrecidas ou com sangue. Betabloqueadores Hipotensão (sensação de tontura, mal estar, desânimo); Bradicardia; Extremidades frias; Fadiga; Tonturas. Bloqueadores dos canais de cálcio Palpitações (taquicardia); Inchaço nas pernas; Fadiga; Sensação de queima- ção e vermelhidão, principalmente no rosto; Tontura; Hipotensão (sensação de tontura, mal estar, desânimo). Suplementos de cálcio Constipação, flatulências, inchaço abdominal. Antiasmáticos – Beta-agonistas Taquicardia; Náuseas; Tremores; Irritação na garganta; Tosse. Analgésicos narcóticos Tontura; Sonolência; Retenção urinária. Levotiroxina Palpitações; Diarreia; Insônia; Ansiedade; Fadiga. Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina Diarreia; Indigestão; Redução do apetite; Boca seca; Insônia; Sonolência; Tremores; Ansiedade. Inibidores de bomba de prótons Dor abdominal; Diarreia; Flatulência; Dor de cabeça. Varfarina Queda capilar; Sangramentos gastrointestinais, nasais, intraoculares. Benzodiazepínicos Hipotensão; Diarreia; Problemas na coordenação; Sonolência; Depressão respiratória. Anti-histamínicos de primeira geração Sonolência; Diarreia; Náusea; Tontura; Boca seca. Corticosteroides Hipertensão; Retensão hídrica; Intolerância a glicose; Aumento de apetite; Perturbação do humor. Digoxina Tontura; Dor de cabeça; Náuseas e vômitos; Visão borrada; Disritmia cardí- aca (Bradicardia). 49 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão M ED IC A M EN TO S E D ES ID RA TA ÇÃ O E m p ac ie nt es c om d ia gn ós tic o de d es id ra ta çã o gr av e (e x: v ôm ito / d ia rr ei a im po rt an te s) , a s us pe ns ão d os se gu in te s m ed ic am en to s po de s er in di ca da : • In ib id or es d a en zi m a co nv er so ra d e a ng io te ns in a (IE CA ), bl oq ue ad or es d os re ce pt or es d e an gi o- te ns in a (B RA ) • A nti -in fla m at ór ia s nã o- es te ro id ai s (A IN Es ) • D iu ré tic os • M etf or m in a * Es te s po de m s er re in ic ia do s ap ós m el ho ra d o pa ci en te (e x: 2 4 a 48 h or as a pó s re to rn o a al im en ta çã o e in ge st ão de lí qu id os n or m al . ** Ad ul to s co m in su fic iê nc ia c ar dí ac a (IC ) a va nç ad a po - de m d es co m pe ns ar s eu q ua dr o se m d iu ré tic os e IE CA , e po de m n ec es sit ar d e m on ito ra m en to m éd ic o. M ED IC A M EN TO S A SS O CI A D O S CO M R Á PI D O D EC LÍ N IO S IN TO M ÁT IC O S E IN TE RR O M PI D O S, O U EX IG EM A R ET IR A D A G RA D U A L CA U TE LO SA • IE CA e m IC • D iu ré tic os e m IC • M ed ic am en to s pa ra c on tr ol e da fr eq uê nc ia o u rit m o ca rd ía co (b et ab lo qu ea do re s; d ig ox in a) • O pi oi de s / an tid ep re ss iv os / a nti ps ic óti co s / an tie pi lé pti co s / m ed ic am en to s pa ra d oe nç a de Pa rk in so n / cl on id in a / ba cl of en o / co rti co st er oi - de s/ b en zo di az ep ín ic os AV A LI A N D O A S EG U RA N ÇA D A FA RM AC O TE RA PI A Re fe rê nc ia s: (4 ,1 00 –1 02 ) CO M BI N AÇ Õ ES D E A LT O R IS CO A se gu ir, s ão d es ta ca da s as c om bi na çõ es d e al to ri sc o, qu e de ve m s er e vi ta da s se m pr e qu e po ss ív el , e c la ra - m en te ju sti fic ad as q ua nd o co ns id er ad as n ec es sá ria s. Es ta li st a nã o é ex au sti va , e a s eg ur an ça d e ou tr os m ed ic am en to s de ve s er c on sid er ad a, d ep en de nd o da s ci rc un st ân ci as in di vi du ai s. A IN ES IE CA o u BR A + di ur éti co Ta xa d e fil tr aç ão g lo m er ul ar (T G F) m en or d o qu e 60 m l/m in D ia gn ós tic o de In su fic iê nc ia c ar dí ac a Va rf ar in a ou n ov os a nti co ag ul an te s or ai s (N O AC ), ex : d ab ig at ra na , a pi xa ba na , r iv ar ox ab an a Id ad e> 7 5, s em u til iz aç ão c on co m ita nt e de in ib id o- re s da b om ba d e pr ót on s VA RF A RI N A A nti pl aq ue tá ria (e m bo ra e xi st am in di ca çõ es o ri sc o- -b en efí ci o da te ra pi a pr ec isa s er a va lia do ). A IN E A nti bi óti co s m ac ro líd eo s. qu in ol on as , m et ro ni da zo l (s e o us o co nc om ita nt e é es se nc ia l, m on ito ra r R N I) A nti fú ng ic os a zó lic os (s e es se nc ia l, m on ito ra r R N I) N O AC D IA G N Ó ST IC O D A IN SU FI CI ÊN CI A CA RD ÍA CA G lit az on a A IN Es A nti de pr es siv os tr ic íc lic os M ED IC A M EN TO S D E A LT O R IS CO At en çã o es pe ci al d ev e se r f or ne ci da a os m ed ic am en to s as so ci ad os a a lto ri sc o de e ve nt os a dv er so s: 1. A IN Es 2. D iu ré tic os 3. Va rf ar in a 4. IE CA 5. A nti de pr es siv os 6. Be ta bl oq ue ad or es 7. O pi oi de s 8. D ig ox in a 9. Co rti co st er oi de s M ED IC A M EN TO S PA RA O S Q U A IS A CO N SE LH A- M EN TO E SP EC IA LI ZA D O É A LT A M EN TE R EC O M EN - D ÁV EL A N TE S D E Q U A LQ U ER A LT ER AÇ ÃO : • A nti co nv ul siv an te s • A nti de pr es siv os in ic ia do s na a te nç ão s ec un dá ria • A nti ps ic óti co s e es ta bi liz ad or es d e hu m or • M ed ic am en to s pa ra d oe nç a de P ar ki ns on . • A m io da ro na • M ed ic am en to s p re sc rit os p or e qu ip es e sp ec ia liz ad as + + + + + + + + + + + + + 50 N un ca a ss um a qu e o pa ci en te e st á to m an do o qu e vo cê a ch a qu e el es e st ão to m an do . Re vi se re gu la rm en te s ua m ed ic aç ão , e co nv id e os p ac ie nt es a tr az er to do s os m ed ic am en to s qu e es tã o uti liz an do p ar a co ns ul ta , j un ta m en te c om s ua s pr es cr iç õe s. Es te ja c ie nt e do s ris co s do s m ed ic am en to s e re co nh eç a po ss ív ei s in te ra çõ es m ed ic am en to sa s (m ed ic am en to - m ed ic am en to , m ed ic am en to -a limen to , m ed ic am en to á lc oo l, m ed ic am en to -p ro du to d e or ig em v eg et al , m ed ic am en to - ta ba gi sm o) . O tim iz e os m ed ic am en to s ex ist en te s ou c on sid er e al te rn ati va s nã o- fa rm ac ol óg ic as , s em pr e qu e po ss ív el , em v ez d e su ge rir a a di çã o de o ut ro s m ed ic am en to s. Av al ie to da s as p re sc riç õe s do s pa ci en te s, de to da s as es pe ci al id ad es , p ar a ev ita r du pl ic id ad es . Av al ie p os sív ei s do se s ex ce ss iv as , q ue po de m e st ar a ss oc ia da s a ris co s, ou in di ca r c on tr ol e in ad eq ua do d a co nd iç ão (e x: b ro nc od ila ta do re s, ni tr og lic er in a, o pi oi de s) . Co ns id er e as v an ta ge ns e d es va nt ag en s de fe rr am en ta s pa ra a ux ili ar a a de sã o, le va nd o em c on ta a s ca ra ct er ísti ca s do p ac ie nt e e de se u re gi m e te ra pê uti co . Pr om ov a ac on se lh am en to ad eq ua do d e re gi m es te ra pê uti co s co m pl ex os . G ar an ta a c om pr ee ns ão d o pa ci en te . In ce nti ve re gi m es te ra pê uti co s sim pl es - de p re fe rê nc ia c om um a ou d ua s do se s di ár ia s. Fo rn eç a in st ru çõ es c la ra s so br e o re gi m e de a dm in ist ra çã o, d e pr ef er ên ci a es cr ita s. Ev ite es cr ev er n a pr es cr iç ão o u na s ca ix as d os m ed ic am en to s. Ce rti fiq ue -s e de q ue c ad a ite m da p re sc riç ão e st á re la ci on ad o co m o tr at am en to d e um pr ob le m a ex ist en te . Av al ie to do s os m ed ic am en to s in ic ia do s re ce nt em en te : c on sid er an do a ti tu la çã o da d os e e a ne ce ss id ad e de in te rr up çã o se in efi ca z ou de sn ec es sá rio . G ar an ta u m a co m pa nh am en to b io qu ím ic o co ns ist en te e a de qu ad o pa ra m ed ic am en to s de al to ri sc o, p or e xe m pl o líti o, a nti rr eu m áti co s m od ifi ca do re s da d oe nç a, v ar fa rin a. D IC A S PR ÁT IC A S PA RA M A N EJ O D A PO LI FA RM ÁC IA Re fe rê nc ia (1 02 ) 51 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Como avaliar a efetividade de um tratamento? O paciente polimedicado normalmente apresenta várias comorbidades, e cada uma está associada a uma meta terapêutica específica. A avaliação da efetividade da farmacoterapia é uma tarefa complexa, e exige uma consulta minuciosa de cada condição. Visto a limitação de tempo, e considerando a adesão como ponto principal nas condições crônicas, essa avaliação é opcional durante a revisão de medicação. Ainda assim, o paciente pode comparecer para a sua revisão de medicação de posse de seus exames laboratoriais, e o farmacêutico deve estar atento a sua interpretação, avaliando o controle de suas condições clínicas e a possí- vel necessidade de encaminhamento médico para investigação diagnóstica ou ajuste da medicação para atender as necessidades do paciente. A fim de nortear à avaliação clínica, e servir de consulta rápida, as tabelas e figuras abaixo contém a avaliação clínica e laboratorial das principais condições crônicas recorrentes em consultório farmacêutico (54). AVALIANDO A EFETIVIDADE: CONDIÇÕES CLÍNICAS E METAS TERAPÊUTICAS CONDIÇÃO MÉDICA METAS DA TERAPIA - GUIDELINES COMENTÁRIO Hipertensão Pressão Arterial ≤140/90 mmHg ≤130/80 (Alto risco cardiovascular) ≤150/90 (idosos) • A redução da pressão arterial está associada a redução do risco de lesões em órgãos-alvo, incluindo doenças cardiovasculares (angina, infarto, insuficiência cardía- ca), acidente vascular cerebral, insuficiência renal. • A avaliação da efetividade da farmacoterapia deve ser realizada mensalmente, nos primeiros 3 meses de tratamento, ou após mudança de dose. • O monitoramento residencial da pressão arterial, pode ser indicado para avaliar o controle ao longo do dia e reduzir efeito do avental branco (vide manual hiper- tensão) 52 CONDIÇÃO MÉDICA METAS DA TERAPIA - GUIDELINES COMENTÁRIO Dislipidemia Colesterol Total <200 mg/dL LDL <100 mg/dl ou <70 mg/dl (alguns casos) Triglicerídeos <150 mg/dl HDL>40 mg/dl para homens e >50 mg/dl para mulheres Colesterol não-HDL <130 • A meta terapêutica pode variar dependendo dos fato- res de risco cardiovasculares presente, e classificação de risco correspondente (vide manual colesterol). • Efetividade da farmacoterapia deve ser avaliada de 4-6 semanas após o início do medicamento. • Avaliação periódica a cada 6 meses a1 ano é recomen- dada. Diabetes Glicemia em jejum <100 mg/dl Glicemia capilar de jejum 70-130 mg/dl Glicemia capilar pós-prandial <180 mg/dl (1-2 horas após o início de uma refeição) Hemoglobina glicada < 7% (meta pode ser individualizada) • O controle glicêmico reduz o risco de doença macro e microvascular. • Hemoglobina glicada pode ser utilizada para avaliar o controle glicêmico dos últimos 2-3 meses. • Avaliação periódica, a cada 6 meses a 1 ano é reco- mendada. Rinite alérgica Redução ou eliminação dos principais sintomas: rinorreia, espirros, congestão nasal, gotejamento pós-nasal, coceira nos olhos e garganta e/ou conjuntivite. • Os benefícios dos corticosteroides nasais pode ser vis- tos em alguns dias, mas o seu efeito máximo requere 2-3 semanas. • Após estabilização do paciente, a dose do corticoste- roide deve ser reduzida a mínima efetiva. • Durante o tratamento, irrigação nasal deve ser reco- mendada para evitar sangramentos. • Anti-histamínicos geralmente apresentam melhores efeitos se administrados 1-2 horas antes da exposição ao alérgeno. • Anti-histamínicos de primeira geração devem ser evi- tados em pacientes idosos, devido aos seus potenciais efeitos sedativos e anticolinérgicos; • Cromoglicato dissódico pode ser uma alternativa inte- ressante e segura para pré-exposição ao alérgeno. Refluxo gastroesofá- gico Redução ou eliminação dos sintomas: esofagite (azia / queimação), hipersaliva- ção, eructações, regurgitações, rouquidão, tosse, dor torácica. Redução da frequência e duração dos sintomas. Diminuir injúria na mucosa gastroesofá- gica. Prevenir recorrências. • Alívio dos sintomas geralmente é observado em perío- do de 2 semanas. Entretanto, tratamento prolongado (8-16 semanas), pode ser requerido para cessação dos sintomas e redução de recorrências. 53 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão CONDIÇÃO MÉDICA METAS DA TERAPIA - GUIDELINES COMENTÁRIO Depressão Melhora de sintomas iniciais, ou identifi- cados antes do inicio da farmacoterapia: humor depressivo, perda de interesse ou prazer, fadiga, desânimo, indisposição, baixa autoconfiança, autoestima, redução ou aumento do apetite, concentração e atenção reduzida. Reduzir sintomas e ajudar o paciente a retornar as suas atividades basais. Podem ser utilizados questionários de ava- liação como o PHQ-9, Teste de Hamilton, entre outros. • Eventos adversos dos antidepressivos podem aconte- cer imediatamente após seu início, enquanto os sinto- mas de depressão podem persistir por várias semanas. • Antidepressivos típicos requerem 1-4 semanas para início de efeito terapêutico. O efeito máximo pode demorar até 6 semanas, e, em alguns casos a melhora é gradual por muitos meses. • A melhora de alguns sintomas pode ser rápida, com aumento de energia e interesse podendo ocorrer em 10-14 dias. • Melhora do humor geralmente requere de 2-4 semanas. • Acompanhamento periódico a cada 6-8 semanas, para garantir controle contínuo, é recomendado. Hipotireoidis-mo Alcançar função tireoidiana normal, reverter anormalidades bioquímicas, e promover alívio de sintomas: letargia, fraqueza, redução de energia, pele seca, intolerância ao frio, ganho de peso, cons- tipação, hirsutismo, inchaço periorbital, dores musculares, alterações menstruais, redução de libido. Hormônio tireoestimulante (TSH) Normalmente aumentado em hipotireoi- dismo. A meta é reduzi-lo a concentrações normais de 0,3-5 um/L. T4 livre Normalmente reduzido, meta alcançar valores entre 0,75-1,85 ng/dL • Resposta inicial ao medicamento geralmente é obser- vada em 4-6 semanas. • Doseamento sérico de T4 e TSH é recomendado após 4-6 semanas para monitorar efetividade do novo trata- mento, ou da nova dose. • Efeitos totais podem requerer 4-6 meses. Insônia Melhorar sintomas: dificuldades para ini- ciar sono, manutenção do sono, se sentir cansado mesmo após dormir, fadiga duran- te o dia, dificuldade de concentração. • Efeitos sedativos do medicamento são esperados após 1-2 horas. • Efeitos hipnóticos dos benzodiazepínicos, podem persistir por até um mês com o uso noturno. 54 CONDIÇÃO MÉDICA METAS DA TERAPIA - GUIDELINES COMENTÁRIO Asma Manutenção dos níveis de atividades. Prevenção de sintomas como: sibilos, tosse, dispneia e/ou aperto no peito. Manutenção ou melhora da espirometria. Metas da espirometria variam de acordo com a severidade da asma, níveis de 1 a 4. Nível 1 FEV1 ou PEF >80-85% do melhor valor do paciente ou do valor predito para tal. Nível 2 FEV1 ou PEF >80% do melhor valor do paciente ou do valor predito para tal. Nível 3 FEV1 ou PEF >60-80% do melhor valor do paciente ou do valor predito para tal. Nível 4 FEV1 ou PEF >60% do melhor valor do paciente ou do valor predito para tal. • Avaliação do FEV1 30 minutos após o uso de agonistas ß2 inalatórios é utilizado como preditor de desfecho. • A necessidade de uso de agonista ß2 inalatório, em base diária ou semanal, pode ajudar a avaliar a efetivi- dade do plano terapêutico. • Uso de agonistas ß2 de curta ação em base diária, indica a necessidade de adição de corticosteroides inalatórios. • Os efeitos em longo prazo de corticosteroides ina- latórios podem ser observados em 1-2 semanas e a máxima efetividade é avaliada em 4-8 semanas. • Em exacerbações graves, que requerem hospitali- zações, o retorno a função respiratória normal pode requerer de 3-7 dias. • Em pacientes estáveis, a farmacoterapia deve ser ava- liada a cada 3-6 meses. Referências: (54,55) PARÂMETROS LABORATORIAIS, VALORES DE REFERÊNCIA E INTERPRETAÇÃO PARÂMETRO (UNIDADE DE MEDIDA) VALORES DE REFERÊNCIA (ADULTOS) INTERPRETAÇÃO HEMOGRAMA Série vermelha Homens Mulheres Eritrócitos (106/mm3) 4,5 a 6,1 Pode estar alterado em anemias, doenças hematoló- gicas, ou uso de medicamentos que induzam pancito- penia. Hemoglobina (g/dL) 13,5-17,5 12-16 Se reduzidos, indicativo de anemia; Se aumentados, investigar possíveis causas de policitemia. Hematócrito (%) 40-54 Se reduzidos, indicativo de anemia; Se aumentados, investigar possíveis causas de policitemia. 55 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão PARÂMETRO (UNIDADE DE MEDIDA) VALORES DE REFERÊNCIA (ADULTOS) INTERPRETAÇÃO VCM (fl) 80-100 Fornece dados para classificação das anemias de acordo com alterações na volume (VCM), cor (CHCM) e estrutura das hemácias (RDW) e consequente dire- cionamento diagnóstico e terapêutico. HCM (pg) 26-34 CHCM (%) 31-36 RDW (%) 11,5-15% Série Branca Absoluto Relativo % Leucócitos Totais (mm3) 5.000-15.000 Diminuídos em sepse, infecções virais; Aumento normalmente associado a infecções bacte- rianas e inflamações. Também pode estar relacionado a doenças metabólicas. Bastonetes (mm3) Até 400 0-4% Podem estar aumentados em infecções bacterianas e fúngicas graves e doenças hematológicas. Segmentados (mm3) 1.700-8.000 45-70% Aumentados em infecções bacterianas, fúngicas e algumas vezes virais, corticoterapia e uso de anti-in- flamatórios não esteroidais. Eosinófilo (mm3) 50-500 1-5% Principalmente aumentados em infecções parasitárias e reações alérgicas. Basófilo (mm3) Até 100 0-1% Aumentados em reações de hipersensibilidade e doenças hematológicas. Linfócito (mm3) 900-2.900 20-45% Diminuídos em imunodeficiências, corticoterapia, anemia aplástica, lúpus, dentre outras; Aumentados em infecções virais, tuberculose, coque- luche, tireotoxicose, dentre outras. Monócito 2-10% 300-900 Diminuído em corticoterapia, stress, infecções, anemia aplástica, terapia imunossupressora, dentre outras. Aumentado em mononucleose (viral), tuberculose, malária, endocardite, malária, dentre outras. Plaquetas 150.000-450.000 Diminuídas em PTI, PTT, CIVD, próteses valvares, lúpus, dengue, dentre outras. Aumentadas em anemia ferropriva, doenças mieloproliferativas, hemorragia aguda, inflamações e infecções crônicas. FUNÇÃO RENAL Homem Mulher Creatinina (mg/dL) 0,7-1,3 0,6-1,2 Diminuídos em doenças hepáticas (agudas e crônica), gestação, dentre outras. Aumentada em insuficiência renal, doenças musculares, alto consumo de carne vermelha, dentre outras. 56 PARÂMETRO (UNIDADE DE MEDIDA) VALORES DE REFERÊNCIA (ADULTOS) INTERPRETAÇÃO Ureia (mg/dL) 15-45 Diminuída em desnutrição, dieta pobre em proteínas, insuficiência hepática, gestação, doença celíaca, den- tre outras. Aumentada em insuficiência renal (falência aguda e crônica dos rins), dieta rica em proteínas, tumores, infarto do miocárdio, trauma, infecções, uso de corticoesteroides, dentre outros. FUNÇÃO HEPÁTICA TGO ou AST (U/L) Até 37 Até 31 Inespecífica para função renal, marcador de lesão ce- lular. Valores elevados ocorrem na ingestão alcoólica, cirrose, deficiência de piridoxina, esteatose, hepatites, hemocromatoses, colecistites, infarto, insuficiência cardíaca, doenças músculo-esqueléticas. TGP ou ALT (U/L) Até 41 Até 31 Mais específica para lesão hepática, entretanto tam- bém pode estar aumentada em doenças musculares severas. Gama glutamil- transferase (GGT) (U/L) 12-73 8-41 Apesar de elevações muito grandes estarem associa- das principalmente a câncer primário ou secundário do fígado e a obstrução biliar, alterações menores são poucos específicas de doenças do fígado; por outro lado, é um marcador muito sensível de doença hepá- tica, pois está alterado em 90% dos portadores de do- ença hepatobiliar. Elevações da GGT também podem estar associadas, sem nenhum significado patológico, ao uso de álcool e algumas medicações. Bilirrubina total (mg/dL) 0,20-1,00 Aumento pode ser causado por obstrução do fluxo de bile (mas com predomínio do aumento da bilirrubina direta) ou por lesão mais intensa dos hepatócitos (onde há deficiência na conjugação e também refluxo da bilirrubina conjugada para o sangue). Bilirrubina direta (mg/dL) Até 0,20 Aumento da bilirrubina direta é causado principal- mente por deficiência na eliminação da bilirrubina pela bile. Bilirrubina indireta (mg/dL) 0,20-0,80 Aumento da bilirrubina indireta, portanto, é causado pelo aumento da degradação do heme ou deficiência da conjugação no fígado. PERFIL LIPÍDICO Colesterol Total (mg/dl) < 200 (Desejável) < 239 (Limítrofe) Alterados nas dislipidemias. Vide Manual 2: Colesterol em dia. Colesterol LDL (mg/dl) <100 (Ótimo) <129 (Desejável) <159 (Limítrofe) Colesterol HDL (mg/dl) > 40 > 50 Triglicerídeos (mg/dl) < 150 (Desejável) 57 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão PARÂMETRO (UNIDADE DE MEDIDA) VALORES DE REFERÊNCIA (ADULTOS) INTERPRETAÇÃO CONTROLE GLICÊMICO LABORATORIAL Glicemia jejum (mg/dl) < 100 Alterações relacionadas ao diabetes. Vide Manual 3: Diabetes em dia.HbA1c (%) 4,5-5,7% (sadios) ou <7% (diabéticos) TOTG (mg/dl) < 140 ELETRÓLITOS Sódio (mmol/L) 136-145 Hiponatremia (<136) – Retenção hídrica associada a inúmeras condições, insuficiência renal. Hipernatremia (> 145) – Perda de água relacionada a inúmeras condições, pode ser induzida por medica- mentos,tais como diuréticos. Potássio (mmol/L) 3,5-5,0 Hipopotassemia – Alcalose, administração exógena de glicose, insulina ou beta-agonistas, dentre outros. Hiperpotassemia – Associada a outros distúrbios eletrolíticos e inúmeras condições, tais como acidose metabólica, insuficiência renal crônica, dentre outras. Pode ser induzida por medicamentos, tais como IECA e diuréticos poupadores de potássio. Fósforo (mg/dL) 2,5-5,6 Distúrbios hidroeletrolíticos. Magnésio (meq/L) 1,4-2,3 Cálcio iônico (mmol/L) 1,12-1,32 OUTROS CK ou CPK (U/L) 10-195 10-170 Aumentada em lesões musculares. Aumento pode ser associado a medicamentos como corticosteroides e estatinas. CK-MB está relacionada a lesão de músculo cardíaco. HORMÔNIOS TSH (mUI/L) 0,35 - 5,50 Diminuída no hipertireoidismo. Aumentada no hipoti- reoidismo. T3 (ng/dL) 58 - 159 Aumentados no hipertireoidismo. Normalmente diminuídos no hipotireoidismo, entretanto, nas etapas iniciais, podem estar com valores normais. T3 livre (pmol/L) 3,50 - 6,50 T4 (µg/dL) 1,2 – 4,5 T4 livre (ng/dL) 0,71 – 1,85 Os valores de referência podem sofrer variações de acordo com os padrões laboratoriais e objetivos diagnósticos. A inter- pretação fornecida não visa diagnóstico de condições, que deve ser realizado, exclusivamente após avaliação médica. *PTI – Púrpura Trombocitopênica Idiopática; PTT – Púrpura Trombocitopênica Trombótica; CIVD – Coagulação Intravascu- lar Disseminada; AST - Aspartato aminotransferase; ALT - Alanina aminotransferase; IECA – Inibidores da Enzima Conver- sora de Angiotensina II; CK ou CPK – Creatinofosfoquinase; TSH – Hormônio Estimulante da Tireoide; T3 – Triiodotironina; T4 – Tiroxina ou Tetraiodotironina. 58 SI ST EM A CA RD IO VA SC U LA R • Va rf ar in a – Av al ie s e os p ac ie nt es tê m um a in di ca çã o cl ar a pa ra te ra pi a an ti- co ag ul an te e s e o m on ito ra m en to e st á ad eq ua do . O R N I e st á de nt ro d a fa ix a te ra pê uti ca re co m en da da ? H á al te ra çõ es fr eq ue nt es (> u m a po r s em an a) ? • A nti pl aq ue tá rio s - O p ac ie nt e te m u m hi st ór ic o de s in to m as / e ve nt os c or on a- ria no s, ce re br ai s ou p er ifé ric os ? Se n ão - c on sid er ar in te rr up çã o. C er tifi qu e- se d e qu e as pi rin a em c om bi na çã o co m c lo pi - do gr el te nh a du ra çã o re vi sa da d e ac or do co m a in di ca çã o es pe cí fic a. R ed uz ir as pi - rin a pa ra d os es b as ea da s em e vi dê nc ia s (7 5- 32 5 m g de pe nd en do d a in di ca çã o) . • Es ta tin as - Re av al ia r o p er fil d e ris co p ar a pr ev en çã o pr im ár ia . • D ig ox in a - N a pr es en ça d e do en ça re na l cr ôn ic a, c on sid er ar re du çã o da d os e ou in te rr up çã o da te ra pi a. • A nti an gi no so s - C on sid er ar re du çã o, pa rti cu la rm en te s e a m ob ili da de fo i re du zi da , c om m en or n ec es sid ad e de m ed ic aç ão . • A m io da ro na – R ev isa r u so e m fi br ila çã o at ria l p er sis te nt e, d ev id o ao p ot en ci al d e to xi ci da de im po rt an te . SI ST EM A N ER VO SO C EN TR A L E M ED IC A M EN TO S PS IC O - TR Ó PI CO S • H ip nó tic os e a ns io líti co s – D isc uti r n ec es sid ad e. U til iz ar m en or d os e po ss ív el , e in te rr om pê -lo s qu an do p os sív el . • In ib id or es se le tiv os d a re ca pt aç ão d a se ro to ni na (I SR S) - Sã o em g er al m el ho r t ol er ad os e m p ac ie nt es c om d em ên ci a qu e ta m bé m tê m d ep re ss ão . • M et oc lo pr am id a - A va lia r u so e m lo ng o pr az o. • Ve rti ge m / To nt ur as - Av al ia r u so e m lo ng o pr az o, s ug er ir in ve sti ga çã o da p os sív el c au sa . • Co ns id er ar o s ef ei to s cu m ul ati vo s ga st ro in te sti na is (G I), qu an do c o- pr es cr iç ão d e IS RS + A IN Es / A A S SI ST EM A EN D Ó CR IN O • M etf or m in a – us o de sa co ns el ha do e m in su fic i- ên ci a re na l ( ris co d e ac id os e lá tic a) . • Co rti co st er oi de s o ra is p ar a us o em lo ng o pr az o - d os e de m an ut en çã o de ve s er a m ai s ba ix a po ss ív el , c om a re tir ad a co ns id er ad a se m pr e qu e po ss ív el . • Bi sf os fo na to s – C on sid er ar te m po d e tr at am en - to (t em po m áx im o: 3 -5 a no s. Em lo ng o pr az o, ris co s po de m s up er ar b en efí ci os ). SI ST EM A G A ST RO IN TE ST IN A L • In ib id or es d e bo m ba d e pr ót on s – C on sid er ar su a ne ce ss id ad e e o ris co d e us o in di sc rim in ad o. • La xa nt es – C on sid er ar u so e xc es siv o e ris co s as so ci ad os A N A LG ÉS IC O S • O pi oi de s - U so e m lo ng o pr az o pa ra d or m od er ad a le ve – re vi sã o de d ia gn ós tic o (d or n eu ro pá tic a ou o ut ra fo rm a de do r n ão re sp on siv a ao s o pi oi de s? ) e e fic ác ia - di sc uti r d es ca lo na m en to d a te ra pi a, se m pr e qu e po ss ív el , c om m éd ic o re sp on sá ve l p el o pa ci en te . • Co ns id er ar tr at am en to s n ão -f ar m ac ol óg ic os , t ai s co m o: e xe rc íc io s ua ve , fi sio te ra pi a, re la xa m en to o u cu id ad o m ul tip ro fis sio na l. • Ve rifi ca r c on fo rm id ad e da a na lg es ia e m lo ng a du ra çã o. C ui da do c om to le râ nc ia . • Ve rifi ca r a e fic ác ia a tr av és d e es ca da a na lg és ic a di sp on ív el . • Ve rifi ca r s eg ur an ça - re du zi r o u so d e A IN Es , o pi oi de s e am itr ip til in a. Co ns id er aç õe s s ob re in di ca çã o e ef eti vi da de 59 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Como posso fazer uma boa revisão da medicação em idosos? A revisão da medicação é uma parte essencial do cuidado ao paciente idoso (56). Essa revisão deve ter foco prin- cipal na adesão, mas também pode indicar a necessidade de mudanças na terapia medicamentosa prescrita, in- cluindo: necessidade de interrupção de medicamento prescrito para uma indicação que já não existe mais; subs- tituição de um medicamento por um agente potencialmente mais seguro; mudanças na posologia; ou a adição de um novo medicamento. Em uma pesquisa desenvolvida com pacientes do Medicare (EUA), mais de 30% dos pacientes relataram que não haviam conversado com seu profissional de saúde (médico, farmacêutico), sobre os medicamentos iniciados nos últimos 12 meses (57). O ideal é que o farmacêutico solicite que o paciente idoso compareça a consulta, com todos os medicamentos, e prescrições utilizadas, no mínimo uma vez por ano, para revisão de sua medicação. Muitos medicamentos devem ser utilizados com precauções em idosos, devido a mudanças relacionadas à idade na farmacocinética (ou seja, absorção, distribuição, metabolismo e excreção) e farmacodinâmica (efeitos fisiológicos do medicamento). Um maior volume de distribuição pode resultar do aumento pro- porcional da gordura corporal em relação ao músculo com o envelhecimento. A depuração do fármaco também pode ser diminuída, pela redução natural da função renal com a idade, mesmo na ausência de doença renal reconhecida(58). Como exemplos, o volume de distribuição para o diazepam é aumentado, e a taxa de depuração de lítio é reduzida, em idosos. Ademais, eventos adversos evitáveis aos medicamentos são as con- sequências mais graves da prescrição inadequada de medicamentos. A possibilidade de um evento adverso deve sempre ser considerada durante a avaliação de um indivíduo idoso; e qualquer novo sintoma deve ser investigado, considerando sua possível relação com o início de novo medicamento (56). Ainda, a mesma dose de um medicamento pode conduzir a concentra- ções plasmáticas mais elevadas em idosos, em comparação com indivídu- os mais jovens. Do ponto de vista farmacodinâmico, o aumento da idade pode resultar em um aumento da sensibilidade aos efeitos de certos me- dicamentos, incluindo benzodiazepínicos (58–63) e opioides (64). 60 Existem vários medicamentos considerados de alto risco para idosos. Veja exemplos a seguir: MEDICAMENTOS DE ALTO RISCO EM IDOSOS MEDICAMENTO RISCO POTENCIAL COMENTÁRIO Insulina Hipoglicemia Pode muitas vezes ser apropriada; no entanto, o con- trole glicêmico agressivo muitas vezes pode render mais danos do que benefícios em idosos. Sulfonilureia Hipoglicemia Pacientes hospitalizados idosos estão em risco significativo para hipoglicemia; evitar ou utilizar com muita cautela. Varfarina Sangramento gastrointestinal e intracraniano Apesar de ser um medicamento de alto risco, os benefícios do tratamento com varfarina muitas vezes superam os riscos; manutenção do tempo de protrombina / Razão Normalizada Internacional no intervalo terapêutico está intimamente ligada à relação risco / benefício. Digoxina Comprometimento cognitivo, bloqueio cardíaco Pode ter um papel de terceira linha no tratamento da insuficiência cardíaca sistólica; escolha pouco adequada para o controle de frequência cardíaca em fibrilação atrial. Benzodiazepínicos Quedas Associado a aumento do risco de queda em 60%. Difenidramina ou outros anti- -histamínicos de 1º geração Comprometimento cognitivo, retenção urinária em homens Escolha ruim para auxílio no sono, devido aos efeitos anticolinérgicos, sedação no dia seguinte, e impacto sobre o desempenho motor, incluindo condução de veículos. Analgésicos opioides Constipação, sedação, confusão, depressão cardiorrespiratória, convulsões A codeína, meperidina, pentazocina, butorfanol e nalbufina são escolhas inadequadas para analgesia. Fentanila, morfina ou oxicodona são muitas vezes apropriadas com ajuste cuidadoso da dose. Antipsicóticos Morte, pneumonia Elevado risco de morte quando utilizados para tratamento de complicações comportamentais em demência, embora, em casos selecionados, os benefí- cios podem exceder os riscos, se consistente com os objetivos de cuidado dos pacientes. Agentes quimioterápicos Mielossupressão (neutropenia, anemia), hepatotoxicidade, cardiotoxicidade Avaliação abrangente é necessária para determi- nar objetivos do tratamento, particularmente na presença de comorbidades. Quando indicado, a dose da quimioterapia e esquema de administração deve ser cuidadosamente individualizada para a função do órgão e toxicidade do tratamento previsto. Em geral, a maior toxicidade relacionada com o tratamento é aceita quando o resultado esperado do tratamento é a cura. 61 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão MEDICAMENTO RISCO POTENCIAL COMENTÁRIO Seleção de antimicrobianos Fluorquinolonas Inflamação e ruptura de tendão, hipoglicemia, arritmias cardí- acas, diarreia por clostridium difficile, exacerbação de miaste- nia gravis Elevado risco de ruptura de tendão em combinação com glicocorticoides. Nitrofurantoína Toxicidade pulmonar e hepática Concentrações terapêuticas podem não ser atin- gidas na urina de pacientes com insuficiência renal (depuração da creatinina <60 mL/min). Sulfametoxazol / trimetoprima (SMZ/TMP) Hipercalemia, hipoglicemia (com sulfonilureia), reação dermato- lógica grave (rara) Interações medicamentosas incluem varfarina (K RNI), agentes que aumentam o potássio sérico e sulfonilureias (K efeito hipoglicemiante). Fontes: (65–68) Medicamentos potencialmente inapropriados em idosos Vários critérios foram desenvolvidos por grupos de especialistas no Canadá (69) e nos Estados Unidos (70–73) para avaliar a qualidade das práticas de prescrição e uso de medicamentos em idosos. Os critérios mais utilizados para medicamentos inapropriados são os Critérios de Beers. Outra abordagem, o Drug Burden Index, foi proposta para incluir medicamentos com efeitos anticolinérgicos ou sedativos, considerando o número total de medicamentos, e sua dose diária (74,75). Um aumento no Drug Burden Index foi associado com desempenho prejudicado em testes cognitivos e de mobilidade em idosos. O número total de medicamentos não foi associado a piora no desempenho, quando sedativos e anticolinérgicos foram excluídos. Além disso, elevação no Drug Burden Index tem sido correlacionada com o aumento do risco de declínio funcional em pacientes ambulatoriais e com o aumento do risco de quedas em residentes de instituições de longa permanência (76). Atividade anticolinérgica: risco para os idosos Anticolinérgicos estão associados a múltiplos eventos adversos aos quais os idosos são particularmente sus- cetíveis. Estes incluem comprometimento da memória, confusão, alucinações, boca seca, visão turva, obstipação intestinal, náuseas, retenção urinária, sudorese diminuída, e taquicardia. 62 Em um estudo populacional de 6.912 homens e mulheres com 65 anos ou mais, aqueles que utilizaram medica- mentos anticolinérgicos evoluíram com maior risco de declínio cognitivo e demência (77). Em outro estudo, com 13.004 indivíduos idosos, também se evidenciou que o uso de medicamentos anticolinérgicos foi associado com maior declínio da função cognitiva, mensurado através do Mini-Mental State Examination (78). Paralelamente, o uso de medicamentos anticolinérgicos também tem sido associado com aumento da mortalidade em um período de dois anos após o ajuste para múltiplos fatores, incluindo comorbidades. Apesar disso, uma análise dos gastos americanos com medicamentos, entre 2005 e 2009, constatou que 23,3% dos pacientes ambulatoriais >65 anos com demência receberam prescrição de pelo menos um medicamento com atividade anticolinérgica clinicamen- te significativa (79). A tabela a seguir traz medicamentos que possuem efeitos anticolinérgicos, e atribuem uma pontuação (80). Quanto maior a pontuação, maior o risco em idosos para efeitos centrais (quedas, tonturas, confusão) e periféri- cos (boca seca, olhos secos, prisão de ventre). ESCALA DE RISCO ANTICOLINÉRGICO EM IDOSOS 3 PONTOS 2 PONTOS 1 PONTO Amitriptilina Amantadina Carbidopa-levodopa Atropina Baclofeno Entacapona Benzotropina Cetirizina Haloperidol Carisoprodol Cimetidina Metocarbamol Clorfeniramina Clozapina Metoclopramida Clorpromazina Ciclobenzaprina Mirtazapina Ciproheptadina Desipramina Paroxetina Diclomina Loperamida Pramipexol Difenidramina Loratadina Quetiapina Flufenazina Nortriptilina Ranitidina Hidroxizina Olanzapina Risperidona Hiosciamina Proclorperazina Selegilina Imipramina Pseudoefedrina-triprolidina Trazodona Meclizina Tolterodina Ziprasidona Oxibutina Perfenazina Prometazina Tioridazina Tiotixeno Tizanidina Trifluoperazina Nota: Esta lista contempla os principais, mas não todos, os medicamentos com efeitos anticolinérgicos. Antiarrítmicos da classe IA podem apresentar efeitos anticolinérgicos em doses altas (disopiramida > procainamida > quinidina). 63 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Critérios de Beers Os critérios de Beers são uma ferramenta para avaliação explícita da farmacoterapia, amplamente utilizados para avaliar a prescrição de medicamentos inapropriados (73). Basicamente trata-se de uma lista de medicamen- tos considerados inapropriados para idosos, seja por ineficácia ou alto risco para eventos adversos.Os critérios foram revistos em 1997, 2003, 2012 e, mais recentemente, em 2015 (70,81,82). A versão de 2015 está disponível através do site da American Geriatrics Society, e inclui medicamentos ou grupos farmacológicos divididos em três categorias: aqueles que devem sempre ser evitados (por exemplo, barbitúricos, clorpropami- da); aqueles que são potencialmente inapropriados em idosos com problemas de saúde particulares ou síndro- mes; e aqueles que devem ser utilizados com cautela. Vários estudos, utilizando diferentes versões dos critérios de Beers, identificaram que o uso de medicamentos identificados como “inapropriados” é frequente em todo o mundo (83–85). Alguns dos medicamentos inapro- priados, segundo a lista de Beers, estão disponíveis como medicamentos isentos de prescrição, reforçando a ne- cessidade da consideração dessa classe durante a revisão e da educação referente aos potenciais problemas que podem surgir com seu uso. Apesar de sua ampla utilização, os critérios de Beers apresentam limitações, tais como a presença de medica- mentos não comercializados em alguns países, e a consideração de alguns medicamentos como contraindicados, apesar da evidência atual não apontar exatamente nessa vertente. Além disso, os critérios de Beers desconside- ram a presença de interações medicamentosas e duplicidades terapêuticas e ignoram omissões, que no contexto do cuidado ao paciente idoso apresentam igual ou maior importância do que as contraindicações (86). A fim de minimizar essas limitações, outros critérios foram desenvolvidos em diferentes países. Destacamos nesse manual o critério STOPP/START, desenvolvido por pesquisadores irlandeses, que estabelece duas listas de medi- camentos, agrupados por sistemas fisiológicos. A primeira delas se refere a uma ferramenta de triagem de medica- mentos potencialmente inapropriados em idosos, ‘‘screening tool of older persons’’, e recebe o acrônimo STOPP. Já a segunda, paralelamente, visa alertar para possíveis erros de omissão, “screening tool to alert to right” e recebe o acrônimo START, indicando medicamentos necessários para determinadas condições clínicas em idosos (86). Subutilização de medicamentos necessários em idosos Muita atenção tem sido dada a prescrição excessiva em idosos; entretanto, a “sub-prescrição” de medicamentos apropriados, também é um importante motivo de preocupação. Isto é, situações em que um idoso poderia se be- neficiar de um medicamento, mas este não é prescrito. O critério START pode ajudar a identificar situações nas quais um idoso necessita de um medicamento. Como exemplo, um estudo com pacientes idosos demonstrou que 50% deles não apresentava prescrição de algu- ma terapia recomendada, enquanto que apenas 3% apresentavam medicamentos considerados inadequados ou inapropriados (87). Em uma população ambulatorial, com idade média de 75 anos (n = 196), medicamentos ina- propriados foram documentados por 65% e subutilização de medicamentos em 64%; super e subutilização ocor- 64 reram simultaneamente em 42% dos pacientes. Os fatores que levam a subutilização não intencional incluem a falta de reconhecimento de benefício do medicamento em idosos, acessibilidade e disponibilidade de dose. Suspensão de medicamentos desnecessários Os médicos são muitas vezes relutantes em suspender medicamentos, especialmente se eles não iniciaram o tratamento e o paciente parece estar tolerando a terapia. Entretanto, isso expõe o paciente aos riscos de um evento adverso, com benefício terapêutico limitado. Um exemplo comum é a utilização de digoxina em idosos, frequentemente prescrita para indicações pouco embasadas. Além disso, a insuficiência renal ou a desidratação temporária podem predispor a toxicidade relacionada ao medicamento (88). Embora a terapia de digoxina possa ser interrompida com segurança em pacientes selecionados, é importante reconhecer que a interrupção em pa- cientes com função sistólica prejudicada pode ter um efeito prejudicial (89). A decisão de interromper um medicamento é determinada pelo equilíbrio entre metas terapêuticas e os riscos de eventos adversos para o paciente. Nesse sentido, é necessário considerar que metas para o tratamento, baseadas em estudos com pacientes jovens, podem não ser apropriadas para idosos; diretrizes clínicas, não direcionadas para idosos podem promover metas excessivamente agressivas para o tratamento da hipertensão ou diabetes na população idosa (90). Uma abordagem para avaliar se um medicamento é realmente necessário para um determinado paciente é apre- sentado no algoritmo a seguir. Um estudo de viabilidade, conduzido em uma coorte de 70 pacientes, demonstrou que a implementação deste algoritmo levou a recomendações de descontinuação para 58% dos medicamentos utilizados. Oitenta e um por cento deles foram interrompidos, 2% reiniciados, e nenhum evento adverso signifi- cativo foi atribuído à interrupção, em mais de 13 meses de acompanhamento (91). Algumas terapias preventivas e outras podem não ser mais benéficas para pacientes com expectativa de vida limitada (92). A adequação dessas terapias deve ser reconsiderada quando outras condições médicas se desen- volverem e seu impacto prognóstico em longo prazo deve ser revisto. Há escassez de estudos sobre a melhor forma de retirar medicamentos (93). De maneira geral, a retirada gra- dual do medicamento é recomendada para minimizar reações de retiradas e permitir o controle dos sintomas, a menos que sinais ou sintomas perigosos indiquem a necessidade de suspensão abrupta da medicação. Alguns medicamentos comuns exigem redução gradual, incluindo betabloqueadores, opioides, barbitúricos, clonidina, gabapentina, e antidepressivos. 65 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Indicação é relevante para essa faixa etária e grau de fragilidade? Sugerir suspensão do medicamento ao médico Sugerir suspensão do medicamento ao médico Sugerir uma possível troca de medicamento Sugerir uma possível troca de medicamento As possíveis reações adversas conhecidas do medicamento superam seus riscos? Sinais e sintomas de eventos adversos estão presentes? Existe alguma opção de tratamento superior? Continuar o tratamento, com o medicamento na dose inicial Sugerir redução de dose NÃO NÃO/NÃO SEI SIM SI M NÃO NÃO NÃO NÃO SIM Existem evidências baseadas em diretrizes, que indiquem esse medicamento para a condição clínica do paciente? para essa faixa etária e grau de fragilidade? A posologia está correta? O benefício do tratamento supera seus riscos? Uma redução de dose reduz riscos de maneira significativa? 66 Anti-hipertensivos Benzodiazepínicos ALGORITMO DE DECISÃO PARA AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE MEDICAMENTOS EM IDOSOS QUANDO CONSIDERAR A INTERRUPÇÃO? • Verifique se existe uma indicação válida para pres- crição - é a pressão arterial (PA) está em um nível normal ou muito baixo? (Cuidado com indicações específicas, como doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca). • Será que os possíveis eventos adversos conheci- dos superam os benefícios? Por exemplo risco de quedas; O QUE RECOMENDAR? • Se mais do que um anti-hipertensivo é utilizado, interrupção paulatina (um de cada vez), mantendo a dose dos outros, é recomendada. Anti-hiper- tensivos devem ser reiniciados se aumentos da pressão arterial (PA) ultrapassam 90 mmHg de PA diastólica e / ou 150 mmHg de PA sistólica. ABSTINÊNCIA: • Intervalo de retirada depende do medicamento e da condição a ser tratada. • Os betabloqueadores são frequentemente asso- ciados a eventos adversos de abstinência. A re- tirada abrupta pode causar hipertensão rebote, taquicardia, arritmia ou angina. É necessária a re- dução gradual de dose QUANDO CONSIDERAR A INTERRUPÇÃO? O uso regular e prolongado deve ser evitado devido ao risco de tolerância, dependência e aumento de eventos adversos. O QUE FAZER OU RECOMENDAR? Retirada deve ser gradual[redução de cerca de um oi- tavo (faixa de um décimo a um quarto) da dose diária a cada quinzena]. 1. Transferir paciente para dose equivalente de diaze- pam, uso noturno. 2. Reduzir dose (a cada 2-3 semanas); Caso ocorram sintomas de abstinência, manter esta dose até que os sintomas cessem. 3. Reduzir a dose novamente, se necessário, em peque- nos passos; redução lenta é preferida. 4. Parar completamente; período necessário para a retirada pode variar de cerca de quatro semanas a um ano ou mais. ABSTINÊNCIA: • Pode se desenvolver em qualquer momento, até três semanas após retirada de um benzodiazepí- nico (BZ) de ação prolongada, entretanto, pode ocorrer em um dia, para BZ de curta-ação. • Caracterizada por insônia, ansiedade, perda de apetite e de peso corporal, tremor, sudorese, zum- bido e distúrbios de percepção. Alguns sintomas podem ser semelhantes a queixa inicial e podem incentivar a retomada da prescrição; alguns sinto- mas podem continuar por semanas ou meses após a interrupção. Doses equivalentes a diazepam 5 mg • Clordiazepóxido 15 mg • Loprazolam 0,5 mg-1 mg • Lorazepam 0,5 mg-1 mg • Lormetazepam 0,5 mg-1mg • Nitrazepam 5 mg • Oxazepam 15 mg 67 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Corticosteroides QUANDO CONSIDERAR A INTERRUPÇÃO? • Eventos adversos comuns (tais como a osteoporose, diabetes, glaucoma e toxicidade gastrointestinal), podem ser mais graves em idosos, especialmente naqueles que receberam o tratamento em longo prazo. O QUE RECOMENDAR? • A magnitude e a velocidade de redução da dose devem ser determinadas caso a caso, levando-se em conside- ração a condição subjacente que está a ser tratada, a probabilidade de recidiva e a duração do tratamento com corticosteroides. • Retirada gradual deve ser considerada naqueles cuja recaída da doença é improvável. ABSTINÊNCIA: A anorexia, hipotensão, náuseas, fraqueza, febre, mialgia, artralgia, perda de peso A dose pode ser re- duzida rapidamente, até doses fisiológicas (equivalente a predni- solona 7,5mg por dia), ex: 2,5-5mg a cada 1-3 dias. Reduzir mais lentamen- te, nos casos prováveis de recaída, ex: 2,5-5mg a cada 1-3 semanas. Uma vez que a dose atingiu 5-10 mg por dia, reduzir a dose mais lentamente, ex: 1mg a cada semana. Pacientes em trata- mento em longo prazo podem exigir retirada a um ritmo mais gradual ao longo de muitos meses (como a redu- ção de 1mg a cada 1-4 semanas). 68 Antidepressivos QUANDO CONSIDERAR A INTERRUPÇÃO? • Verifique se existe uma indicação clara para a prescrição. Episódio único de depressão, tratamento de 6-9 me- ses; Episódios múltiplos, tratamento de pelo menos 2 anos. • Possíveis EAM conhecidos superam os benefícios? Ex: antidepressivos tricíclicos (ATC) podem piorar a demên- cia, glaucoma, constipação, retenção urinária; Inibidores seletivos da recaptação de serotonina podem induzir hiponatremia clinicamente significativa. • ATC está sendo utilizado com outros medicamentos com atividade anticolinérgica , podendo aumentar o risco de comprometimento cognitivo, ex: clorpromazina, oxibutinina, clorfenamina? O QUE RECOMENDAR? • Doses devem ser preferencialmente reduzidas gradualmente, ao longo de cerca de quatro semanas, ou mais, se os sintomas de abstinência surgirem. ABSTINÊNCIA: • Os sintomas de descontinuação incluem tonturas, náuseas, parestesias, ansiedade, diarreia, sintomas de gripe e dor de cabeça. Podem ocorrer após interrupção ou redução da dose de qualquer antidepressivo. • O início é geralmente cerca de 5 dias após a interrupção. Ocasionalmente, os sintomas ocorrem durante a redu- ção ou após doses perdidas. • Estes sintomas são geralmente ligeiros e autolimitados, raramente duram mais de 1-2 semanas. No entanto, ocasionalmente, podem ser graves, especialmente se o fármaco for interrompido abruptamente. • Os sintomas de descontinuação são mais prováveis com antidepressivos de meia-vida curta, em pessoas que desenvolveram sintomas de ansiedade no início do tratamento, e em pessoas que outros utilizam outros medi- camentos de ação central. Para pacientes com rea- ções adversas graves ao tratamento (ex: arritmia cardíaca com ATC) - uma interrupção mais brusca pode ser necessária. Para os pacientes em uso de medicamentos de menor meia-vida, como paroxetina ou venlafaxina, é neces- sário um período mais longo para interrupção. Pacientes submetidos a tratamento de manu- tenção em longo prazo podem exigir período de interrupção mais longo, ex: ao longo de 6 meses. A fluoxetina tem uma meia vida longa e meta- bólitos ativos, portanto, pode ser interrompida abruptamente. Os pacien- tes que utilizam doses mais elevadas (40-60 mg) podem exigir retirada gradual. Referência (102) 69 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Uma questão recorrente: Posso partir o comprimido? Dividir comprimidos é uma prática comum para muitos pacientes, a fim de adaptar a posologia a suas necessida- des terapêuticas e economizar, considerando que não de maneira incomum, apresentações com doses diferentes apresentam preços semelhantes. A distribuição do princípio ativo em um comprimido inteiro e seu potencial para se desintegrar ou quebrar de forma desigual está relacionado com os padrões de garantia de qualidade de fabri- cação do medicamento. Em um estudo, que utilizou imagens espectroscópicas no infravermelho próximo, grandes aglomerados de princípio ativo foram encontrados em comprimidos de sinvas- tatina fabricados em 4 países por fabricantes de similares e genéricos, mas não em comprimidos fabricados pela Merck nos EUA (94). Desfechos clínicos Um estudo recente constatou que o uso de comprimidos divididos parece não afetar os resulta- dos clínicos de pacientes com hipertensão, dislipidemia ou transtornos psiquiátricos (96). Outro estudo analisou o conteúdo de medicamento e o peso de com- primidos divididos de varfarina, sinvastatina, metoprolol, citalopram e lisinopril. O teor de fármaco dos meio-comprimidos atendeu às es- pecificações da USP (adaptadas para meio comprimido) para 19 de 30 meio-comprimidos de varfarina (95%-105% de metade do teor médio de comprimidos inteiros), 27 dos 30 de sinvastatina, 20 dos 30 de succinato de metoprolol, 26 de 30 de tartarato de metoprolol, 25 de 30 de citalopram e 20 de 30 de Lisinopril (O padrão para outros meio-comprimidos, que não a varfarina foi de 90%-110% da meta- de dos teores médios dos comprimidos inteiros). Os resultados para comprimidos marcados foram melhores do que para aqueles não ra- nhurados (95). 70 Por outro lado, existem variáveis que tornam esta prática temerária. A divisão de comprimidos não é executada pelos pacientes de forma padronizada. Os resultados variam dependendo das características do comprimido e acuidade visual, força, destreza e capacidade cognitiva do paciente. Com ou sem marcas para divisão, o tamanho, forma e a fragilidade de um comprimido podem afetar a precisão do corte ao meio. Grandes comprimidos alon- gados, com profundas marcas, de ambos os lados são os mais fáceis de separar. O uso de dispositivos de divisão de comprimidos pode ser útil. Os pacientes que são capazes e decidirem dividir comprimidos devem optar por dividir um comprimido de cada vez, para que sub ou sobredosagem possam ser compensados pela próxima dose. Comprimidos que não podem ser partidos Comprimidos com revestimento entérico e formulações de liberação prolongada não devem ser divididos. Asso- ciações, onde a quantidade de um princípio ativo muda de um comprimido para outro (com variações no tama- nho), mas a quantidade do outro não, não devem ser divididas; alguns exemplos são a sitagliptina / sinvastatina, codeína / paracetamol e amoxicilina / ácido clavulânico. Medicamentos com um índice terapêutico estreito po- dem menos adequados para a divisão (97). De maneira prática, a divisão de comprimidos pode não ter consequências clínicas adversas ereduzir custos para os pacientes e instituições, mas não é adequada para todos os pacientes ou medicamentos. Utilização do comprimido inteiro é a maneira mais segura de garantir uma dosa- gem precisa. Quando for apropriado, a divisão de comprimidos um a um pode minimizar sub ou sobredosagem (97). BOAS PRÁTICAS PARA DIVIDIR COMPRIMIDOS BOAS PRÁTICAS PARA DIVIDIR COMPRIMIDOS 1. Comprimidos sulcados, com marcação específica, apresentam maior facilidade e segurança em sua divisão. 2. Caso opte pela divisão, não divida todos os comprimidos da caixa de uma vez, ou seja, prefira a divisão de um compri- mido de cada vez, e garanta a ingestão das duas metades antes da próxima divisão. (Isso é importante por 2 motivos: nos casos onde existe uma divisão desigual, a ingestão de uma dose um pouco menor ou maior é compensada na próxima tomada; além disso, a divisão de todos os comprimidos, pode expô-los a calor e umidade, alterando suas características físico-químicas e estabilidade). 3. Cortadores de comprimidos devem ser preferidos, mas podem não se adaptar a todas as formas disponíveis, as necessi- dades individuais devem ser consideradas. 4. Preferencialmente não dividir: drágeas, comprimidos com revestimento entérico, ou liberação controlada; associações medicamentosas com variações de concentração de princípio ativo de um comprimido para outro; comprimidos de baixo índice terapêutico. (97,98) 71 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Um recente estudo demonstrou que mudanças na cor ou forma dos comprimidos utilizados após episódio de infarto agudo do miocárdio, aumentaram as chances de interrupção do trata- mento em 34% e 66%, respectivamente, quando comparado com aqueles que permaneceram com pacientes que não foram expostos a mudanças (99). Relembrando as diferenças entre medicamentos referência, genéricos e similares REFERÊNCIA O medicamento de referência é o medicamento inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, ou seja, a primeira formulação de um princípio ativo, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão fede- ral competente, por ocasião do registro. A eficácia e segurança do medicamento de referência são comprovadas através de apresentação de estudos clínicos. SIMILAR De acordo com a definição legal, medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tama- nho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. A partir de 2015, similares também podem ser intercambiados com o medicamento de referência. GENÉRICO O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do medi- camento de referência no país, apresentando a mesma segurança que o medicamento de referência no país podendo, com este, ser intercambiável. A intercambialidade, ou seja, a segura substituição do medicamento de referência pelo seu gené- rico é assegurada por testes de bioequivalência apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde. Além disso, muitos pacientes estão acostumados a utilizar uma marca de medicamento, e quando ocorre alguma alteração, seja pela prescrição de um medicamento similar diferente ou a mudança do laboratório de um gené- rico, os pacientes podem ficar confusos, e isso pode levar a problemas na administração, tais como: Ingerir o mesmo princípio ativo duas vezes, pois pode haver comprimidos diferentes (forma e/ou cor) ou embalagens di- ferentes do mesmo princípio ativo; interromper o tratamento, por acreditar que aquele não é o comprimido que deveria estar tomando, dentre outras. Dessa forma, durante a revisão da medicação, ou mesmo durante a dispensação de comprimidos mensais, o far- macêutico deve se atentar as essas questões, e explicar para o paciente, que apesar da forma, cor ou embalagem diferente se trata do mesmo medicamento, e seu uso não deve ser interrompido ou duplicado (99). Ainda, é interessante lembrar que nem todos os medicamentos candidatos a genéricos precisam comprovar bio- 72 equivalência para obterem o registro correspondente. As formas farmacêuticas sólidas de uso oral, de liberação imediata ou modificada, são aquelas que, potencialmente, podem apresentar problemas em relação à biodisponi- bilidade e à bioequivalência. Isso devido ao perfil de dissolução poder ser afetado significativamente pelas carac- terísticas do fármaco empregado (matéria-prima), bem como pela presença de excipientes que favorecem ou difi- cultam a dissolução, além das técnicas de fabricação empregadas. O Quadro a seguir traz formas farmacêuticas ou condições que isentam os candidatos a genéricos de apresentarem testes de bioequivalência. Nestes casos, basta a comprovação da equivalência farmacêutica e das boas práticas de fabricação e controle de qualidade (50). MEDICAMENTOS ISENTOS DOS TESTES DE BIOEQUIVALÊNCIA PARA OBTENÇÃO DE REGISTRO DE GENÉRICO Medicamentos cujos fármacos apresentem alta solubilidade e permeabilidade; Soluções aquosas oftálmicas, produtos tópicos e otológicos; Biodisponibilidade absoluta (F) superior a 90% e dissolução, a partir da forma farmacêutica, maior que 85% em até 15 min; Medicamentos para uso tópico não-sistêmico; Formulações parenterais (IV, IM, SC, IT) sob forma de soluções aquosas; Produtos para inalação e sprays nasais; Solução de uso oral (sem excipientes que afetem a motilidade ou absorção); Medicamentos de uso oral com fármacos não-absorvíveis; Pós para reconstituição; Produtos biológicos ou oriundos de biotecnologia. 73 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão M ED IC A M EN TO S PO TE N CI A LM EN TE IN A PR O PR IA D O S SE G U N D O C RI TÉ RI O S D E BE ER S (2 01 3) E S TO PP (2 01 0) M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP D ig ox in a (> 0 ,1 25 m g/ di a) A ge nt e in ot ró pi co Pa ra in su fic iê nc ia c ar dí ac a, a lta s d os es n ão a di ci on am b en efí ci os e p od em a um en ta r o ri sc o de to xi ci da de . C le - ar an ce re na l r ed uz id o po de le va r a m an ife st aç ão d e ef ei to s tó xi co s. D im in ui çã o da fu nç ão re na l g er a au m en to da to xi ci da de X X M eti ld op a A go ni st a al fa a dr en ér - gi co s, ce nt ra l Em h ip ot en sã o po st ur al p er sis te nt e (d im in ui çã o re co rr en te > 2 0 m m H g na p re ss ão si st ól ic a) se u us o es tá a ss o- ci ad o ris co a um en ta do d e sín co pe s e qu ed as . A lto ri sc o de e ve nt os a dv er so s ce nt ra is. P od e ca us ar b ra di ca rd ia e hi po te ns ão p os tu ra l. N ão re co m en da do c om o tr at am en to d e ro tin a pa ra h ip er te ns ão . X Cl on id in a X X Ác id o ac eti lsa lic í- lic o A nti -in fla m at ór io s nã o es te ro id ai s (A IN Es ) Em p ac ie nt es c om h ip er te ns ão , i ns ufi ci ên ci a re na l e in su fic iê nc ia c ar dí ac a se u po de c au sa r a gr av am en to . Re co m en da -s e us o de a na lg és ic os si m pl es p ar a o al ív io d e do r a rti cu la r e m a rt ro se q ua nd o ne ce ss ár io u so p ro - lo ng ad o (> 3 mes es ). Re co m en da -s e o us o pr ofi lá tic o de a lo pu rin ol q ua nd o nã o há c on tr ai nd ic aç ão p ar a es se no tr at am en to c rô ni co d e go ta . U so c on co m ita nt e co m v ar fa rin a se m a ss oc ia çã o co m a nt ag on ist as d o re ce pt or H 2 (A H 2) o u in ib id or es d a bo m ba (I BP ) d e pr ót on s e st á as so ci ad o a al to ri sc o de sa ng ra m en to in te sti na l. O u so em p ac ie nt e co m h ist ór ic o de ú lc er a pé pti ca , s em a ss oc ia çã o co m A H 2 ou IB P, e st á as so ci ad o a al to ri sc o de sa ng ra m en to g as tr oi nt es tin al . O u so e m d os e >1 50 m g/ di a au m en ta o ri sc o de s an gr am en to g as tr oi nt es tin al se m e vi dê nc ia d e be ne fíc io in cr em en ta l n a efi cá ci a (e xc et o em p ro fil ax ia s ec un dá ria d e AV C, o nd e a do se d e 30 0m g/ di a é re co m en da da ). Au m en ta o ri sc o de s an gr am en to g as tr oi nt es tin al e d e úl ce ra p ép tic a em g ru po s de a lto ri sc o (p ac ie nt es a ci m a de 7 5 an os o u em u so d e: a nti co ag ul an te s ou a ge nt es a nti pl aq ue tá rio s) . O u so co nc om ita nt e de IB P re du z m as n ão e lim in am o ri sc o. Ú lc er as e m tr at o ga st ro in te sti na l a lto , s an gr am en to v o- lu m os o ou p er fu ra çã o ca us ad os p el o us o de A IN Es o co rr em e m a pr ox im ad am en te 1 % d os p ac ie nt es tr at ad os po r 3 -6 m es es e e m a pr ox im ad am en te 2 -4 % d os p ac ie nt es tr at ad os p or 1 a no . E ss a te nd ên ci a co nti nu a pa ra tr at am en to s m ai s lo ng os . X X Ác id o m ef en âm ic o X X Ce to pr of en o X X Ce to ro la co X D ic lo fe na co X X Et od ol ac o X X Fe no pr of en o X X Ib up ro fe no X X In do m et ac in a X X M el ox ic am X X N ap ro xe no X X Pi ro xi ca m X X Te st os te ro na A nd ró ge no Po te nc ia l p ar a pr ob le m as c ar dí ac os e c on tr ai nd ic ad o pa ra h om en s co m c ân ce r d e pr ós ta ta . X Cl op id og re l A nti ag re ga nt e pl aq ue - tá rio O u so tr az ri sc o pa ra p ac ie nt e co m d oe nç a he m or rá gi ca c on co rr en te . X A m io da ro na A nti ar rít m ic o Q ua nd o se e st ab el ec e um a re la çã o ris co /b en efí ci o pa ra o u so d e an tia rr ítm ic os e m id os os v er ifi ca -s e m el ho r re la çã o qu an do a in di ca çã o é de c on tr ol e de fr eq uê nc ia c ar dí ac a do q ue p ar a ca rd io ve rs ão . O u so d e an tia rr ít- m ic os e st á as so ci ad o a vá rio s ef ei to s tó xi co s, in cl ui nd o do en ça s da ti re ói de , d oe nç as p ul m on ar es e p ro lo ng a- m en to d o in te rv al o Q T. X 74 M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP Va rf ar in a A nti co ag ul an te o ra l U so c on co m ita nt e co m v ar fa rin a se m a ss oc ia çã o co m a nt ag on ist as d o re ce pt or H 2 (e xc et o ci m eti di na p or in - te ra çã o co m v ar fa rin a) o u co m in ib id or d e bo m ba s de p ró to ns , t êm a lto ri sc o de s an gr am en to in te sti na l. O u so tr az ri sc o pa ra p ac ie nt e co m d oe nç a he m or rá gi ca c on co rr en te . N ão p os su i b en efí ci os a di ci on ai s pa ra p rim ei ro ep isó di o de tr om bo se v en os a pr of un da p or p er ío do m ai or q ue 6 m es es . N ão p os su i b en efí ci os p ar a pr im ei ro ep isó di o de e m bo lis m o pu lm on ar n ão c om pl ic ad o, p or te m po m ai or q ue 1 2 m es es d e du ra çã o. X Ca ris op ro do l A nti co lin ér gi co Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a n- tic ol in ér gi ca . A m ai or ia d os re la xa nt es m us cu la re s sã o po uc o to le ra do s po r i do so s po r c au sa d e ef ei to s ad ve r- so s an tic ol in ér gi co s, se da çã o e ris co d e fr at ur a. A e fe tiv id ad e co m d os es to le ra da s po r i do so s é qu es tio ná ve l. X X Ci cl ob en za pr in a A nti co lin ér gi co X X Lo ra ta di na A nti co lin ér gi co M ec liz in a A nti co lin ér gi co O rf en ad rin a A nti co lin ér gi co A m ai or ia d os re la xa nt es m us cu la re s s ão p ou co to le ra do s p or id os os p or c au sa d e ef ei to s a dv er so s a nti co lin ér - gi co s, se da çã o e ris co d e fr at ur a. A e fe tiv id ad e co m d os es to le ra da s p or id os os é q ue sti on áv el . P ar a tr at am en to de e fe ito s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . X X O xi bu tin in a A nti co lin ér gi co Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de an tic ol in ér gi ca . X So lif en ac in a A nti co lin ér gi co X Ti za ni di na A nti co lin ér gi co X At ro pi na A nti co lin ér gi co / A nti es pa sm ód ic o Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de an tic ol in ér gi ca . U so e m p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a po de a gr av ar e ss a co nd iç ão . X Es co po la m in a A nti co lin ér gi co / A nti es pa sm ód ic o / A nti m us ca rín ic o Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de an tic ol in ér gi ca . U so e m p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a po de a gr av ar e ss a co nd iç ão . O s ag en te s co m a çã o em re ce pt or d a be xi ga q ua nd o uti liz ad os e m p ac ie nt es c om d em ên ci a, p od em c au sa r c on fu sã o e ag ita çã o co m o ef ei to s ad ve rs os . O u so e m p ac ie nt es c om g la uc om a, c on sti pa çã o cr ôn ic a e pr os ta tis m o cr ôn ic o po de a gr av ar es sa s co nd iç õe s. G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . X X Ip ra tr óp io A nti co lin ér gi co , b ro n- co di la ta do r Po de a gr av ar o g la uc om a no u so e m p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão . X Cl om ip ra m in a A nti de pr es siv os tr ic íc lic o / A nti co lin ér - gi co s Em p ac ie nt es c om d em ên ci a au m en ta -s e o ris co d e ag ra va m en to d o es ta do c og ni tiv o. P od e ex ac er ba r o g la u- co m a. P or c au sa d e ef ei to s pr o- ar rít m ic os p od e se r p ro bl em aem p ac ie nt es c om a no rm al id ad es d e co nd uç ão ca rd ía ca . P od e ag ra va r a c on sti pa çã o em p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão (r isc o au m en ta do q ua nd o as so ci ad o a op io id es e b lo qu ea do re s de c an ai s de c ál ci o) . A um en ta o ri sc o de re te nç ão u rin ár ia e m p ac ie nt es c om p ro s- ta tis m o ou h ist ór ia d e re te nç ão u rin ár ia . P ar a tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co , s ed ati vo e p od e ca us ar hi po te ns ão p os tu ra l. X X 75 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP D es ip ra m in a A nti de pr es siv os tr ic íc lic o / A nti co lin ér - gi co s Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a n- tic ol in ér gi ca . E m p ac ie nt es c om d em ên ci a au m en ta -s e o ris co d e ag ra va m en to d o es ta do c og ni tiv o. P od e ex a- ce rb ar o g la uc om a. P or c au sa d e ef ei to s pr o- ar rít m ic os p od e se r p ro bl em a em p ac ie nt es c om a no rm al id ad es de c on du çã o ca rd ía ca . P od e ag ra va r a c on sti pa çã o em p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão (r isc o au m en ta do q ua nd o as so ci ad o a op io id es e b lo qu ea do re s de c an ai s de c ál ci o) . A um en ta o ri sc o de re te nç ão u rin ár ia e m p ac ie nt es co m p ro st ati sm o ou h ist ór ia d e re te nç ão u rin ár ia . X Im ip ra m in a A nti de pr es siv os tr ic íc lic o / A nti co lin ér - gi co s Em p ac ie nt es c om d em ên ci a au m en ta -s e o ris co d e ag ra va m en to d o es ta do c og ni tiv o. P od e ex ac er ba r o g la u- co m a. P or c au sa d e ef ei to s pr o- ar rít m ic os p od e se r p ro bl em a em p ac ie nt es c om a no rm al id ad es d e co nd uç ão ca rd ía ca . P od e ag ra va r a c on sti pa çã o em p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão (r isc o au m en ta do q ua nd o as so ci ad o a op io id es e b lo qu ea do re s de c an ai s de c ál ci o) . A um en ta o ri sc o de re te nç ão u rin ár ia e m p ac ie nt es c om p ro s- ta tis m o ou h ist ór ia d e re te nç ão u rin ár ia . P ar a tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co , s ed ati vo e p od e ca us ar hi po te ns ão p os tu ra l. X X N or tr ip til in a A nti de pr es siv os tr ic íc lic o / A nti co lin ér - gi co s Em p ac ie nt es c om d em ên ci a au m en ta -s e o ris co d e ag ra va m en to d o es ta do c og ni tiv o. P od e ex ac er ba r o g la u- co m a. P or c au sa d e ef ei to s pr o- ar rít m ic os p od e se r p ro bl em a em p ac ie nt es c om a no rm al id ad es d e co nd uç ão ca rd ía ca . P od e ag ra va r a c on sti pa çã o em p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão (r isc o au m en ta do q ua nd o as so ci ad o a op io id es e b lo qu ea do re s de c an ai s de c ál ci o) . A um en ta o ri sc o de re te nç ão u rin ár ia e m p ac ie nt es c om p ro s- ta tis m o ou h ist ór ia d e re te nç ão u rin ár ia . P ar a tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . X A m itr ip til in a A nti de pr es siv os tr ic íc lic os / A nti co - lin ér gi co s G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co , s ed ati vo e p od e ca us ar h ip ot en sã o po st ur al . E m p ac ie nt es c om d em ên ci a au m en ta -s e o ris co d e ag ra va m en to d o es ta do c og ni tiv o. P od e ex ac er ba r o g la uc om a. P or c au sa d e ef ei to s pr o- ar rít m ic os p od e se r p ro bl em a em p ac ie nt es c om a no rm al id ad es d e co nd uç ão c ar dí ac a. P od e ag ra va r a co ns tip aç ão e m p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão (r isc o au m en ta do q ua nd o as so ci ad o a op io id es e b lo qu ea do re s de c an ai s de c ál ci o) . A um en ta o ri sc o de re te nç ão u rin ár ia e m p ac ie nt es c om p ro st ati sm o ou h ist ór ia d e re te n- çã o ur in ár ia . P ar a tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . X X D ife no xi la to A nti di ar re ic o Pa ra tr at am en to d e di ar re ia d e ca us a de sc on he ci da (r isc o de a tr as o no d ia gn ós tic o, p od em a gr av ar a c on sti pa - çã o co m a d ia rr ei a po r t ra ns bo rd am en to , p od em p re ci pi ta r m eg ac ól on tó xi co e m d oe nç a do in te sti no ir rit áv el e at ra sa r a re cu pe ra çã o em g as tr oe nt er ite n ão d ia gn os tic ad a) . O u so p od e ag ra va r o u pr ol on ga r g as tr oe nt er ite in fe cc io sa s ev er a (e x. d ia rr ei a co m s an gu e, fe br e al ta o u to xi ci da de s ist êm ic a se ve ra ). X M et oc lo pr am id a A nti em éti co Po de a gr av ar o p ar ki ns on ism o em p ac ie nt es c om e ss a co nd iç ão . P od e ca us ar e fe ito s ex tr ap ira m id ai s in cl ui nd o di sc in es ia ta rd ia . O s ris co é a um en ta do e m id os os . X X 76 M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP Co lc hi ci na A nti go to so Re co m en da -s e o us o pr ofi lá tic o de a lo pu rin ol q ua nd o nã o há c on tr ai nd ic aç ão p ar a es se n o tr at am en to c rô ni co de g ot a. X D ex br on fe ni ra m in a A nti -h ist am ín ic o de 1 º ge ra çã o Ri sc o de s ed aç ão e re aç ão a dv er sa p or a nti co lin ér gi co . P od em re du zi r o s en só rio s en do re le va nt e em id os os co m ri sc o de q ue da s (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . Q ua nd o em pa ci en te s de id ad e av an ça da a d ep ur aç ão é d im in uí da , e a o co rr e de se nv ol vi m en to d e to le râ nc ia q ua nd o us a- do s co m o hi pn óti co . E nt re a to xi da de e o ut ro s ef ei to s an tic ol in ér gi co s de st ac am -s e: g ra nd e ris co d e co nf us ão , bo ca s ec a e co ns tip aç ão . X X D ex cl or fe nira m in a A nti -h ist am ín ic o de 1 º ge ra çã o Ri sc o de s ed aç ão e re aç ão a dv er sa p or a nti co lin ér gi co . P od em re du zi r o s en só rio s en do re le va nt e em id os os co m ri sc o de q ue da s (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . Q ua nd o em pa ci en te s de id ad e av an ça da a d ep ur aç ão é d im in uí da , e a o co rr e de se nv ol vi m en to d e to le râ nc ia q ua nd o us a- do s co m o hi pn óti co . E nt re a to xi da de e o ut ro s ef ei to s an tic ol in ér gi co s de st ac am -s e: g ra nd e ris co d e co nf us ão , bo ca s ec a e co ns tip aç ão . X X D ox ila m in a A nti -h ist am ín ic o de 1 º ge ra çã o G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . Q ua nd o em p ac ie nt es d e id ad e av an ça da a d ep ur aç ão é d im in uí da , e a o co rr e de se nv ol vi m en to d e to le râ nc ia q ua nd o us ad os c om o hi pn óti co . E nt re a to xi da de e o ut ro s ef ei to s an tic ol in ér - gi co s de st ac am -s e: g ra nd e ris co d e co nf us ão , b oc a se ca e c on sti pa çã o. R isc o de s ed aç ão e re aç ão a dv er sa po r a nti co lin ér gi co . P od em re du zi r o s en só rio s en do re le va nt e em id os os c om ri sc o de q ue da s (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). X X Ci pr oe pt ad in a A nti -h ist am ín ic o de 1 º ge ra çã o / A nti co lin ér - gi co Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de an tic ol in ér gi ca . R isc o de s ed aç ão e re aç ão a dv er sa p or a nti co lin ér gi co . P od em re du zi r o s en só rio s en do re le - va nt e em id os os c om ri sc o de q ue da s ( um a ou m ai s q ue da s n os ú lti m os 3 m es es ). G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . Q ua nd o em p ac ie nt es d e id ad e av an ça da a d ep ur aç ão é d im in uí da , e a o co rr e de se nv ol vi m en to d e to le râ nc ia qu an do u sa do s co m o hi pn óti co . E nt re a to xi da de e o ut ro s ef ei to s an tic ol in ér gi co s de st ac am -s e: g ra nd e ris co de c on fu sã o, b oc a se ca e c on sti pa çã o. X X Cl em as tin a X X Cl or fe ni ra m in a X X D ife ni dr am in a, o ra l A nti -h ist am ín ic o de 1 º ge ra çã o / A nti co lin ér - gi co Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de an tic ol in ér gi ca . R isc o de s ed aç ão e re aç ão a dv er sa p or a nti co lin ér gi co . P od em re du zi r o s en só rio s en do re le - va nt e em id os os c om ri sc o de q ue da s ( um a ou m ai s q ue da s n os ú lti m os 3 m es es ). G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . Q ua nd o em p ac ie nt es d e id ad e av an ça da a d ep ur aç ão é d im in uí da , e a o co rr e de se nv ol vi m en to d e to le râ nc ia qu an do u sa do s co m o hi pn óti co . E nt re a to xi da de e o ut ro s ef ei to s an tic ol in ér gi co s de st ac am -s e: g ra nd e ris co de c on fu sã o, b oc a se ca e c on sti pa çã o. A u til iz aç ão d e di fe ni dr am in a po de s er a pr op ria da e m s itu aç õe s es pe - ci ai s, ta is co m o o tr at am en to d e re aç õe s al ér gi ca s gr av es . X X H id ro xi zi na X X 77 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP Pr om et az in a X X N itr of ur an to ín a A nti -in fe cc io so To xi ci da de p ul m on ar e m p ot en ci al . E xi st em a lte rn ati va s m ai s se gu ra s di sp on ív ei s. D ev id o a co nc en tr aç ão in ad eq ua da d a dr og a na u rin a ve rifi co u- se fa lta d e efi cá ci a em p ac ie nt es c om C lC r < 6 0m L/ m in . X Q ue tia pi na A nti ps ic óti co Po de m c au sa r d isp ra xi a da m ar ch a e pa rk in so ni sm o, p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de q ue da s (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). Q ua nd o us o pr ol on ga do (> 1 m ês ) d e ne ur ol ép tic o co m o hi pn óti co d e aç ão lo ng a ge ra ri sc o de c on fu sã o, h ip ot en sã o, e fe ito s ex tr ap ira m id ai s e qu ed as . A um en ta o ri sc o de a ci de nt e ce re - br ov as cu la r e a m or ta lid ad e em in di ví du os c om d em ên ci a. X X Fe no ba rb ita l * Ba rb itú ric o A lta ta xa d e de pe nd ên ci a fís ic a. R isc o de s up er do sa ge m c om b ai xa s do sa ge ns . Co m o u so p ro lo ng ad o ex ist e to le râ nc ia a os e fe ito s qu e be ne fic ia m o s on o. X A lp ra zo la m Be nz od ia ze pí ni co Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo di az ep ín ic os e re du çã o do m et ab ol ism o do s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to c og ni ti- vo , d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí sti co s em id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr bi os co nv ul siv os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a ao e ta no l, tr an st or no d e an sie da de g en er al iz ad a gr av e, a ne st es ia pe rip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r a c ap ac id ad e se ns or ia l e in te rf er em n o eq ui líb rio , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de q ue da s (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). X X Br om az ep am Be nz od ia ze pí ni co Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). X Cl on az ep am Be nz od ia ze pí ni co Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo - di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí - ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to c og ni tiv o, d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí s- tic os e m id os os. P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s be nz od ia ze pí ni co s, ab sti nê nc ia a o et an ol , t ra ns to rn o de a ns ie da de g en er al iz ad a gr av e, an es te sia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X X Cl or di az ep óx id o Be nz od ia ze pí ni co Ri sc o de s ed aç ão p ro lo ng ad a, c on fu sã o, tr an st or no s de e qu ilí br io e q ue da s qu an do u so p ro lo ng ad o (> 1 m ês ) Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co . E fe tiv id ad e in ce rt a. G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co , s ed ati vo e p od e ca us ar h ip ot en sã o po st ur al . I do so s ap re se nt ar am a um en to d e se ns ib ili - da de a os b en zo di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s a ge nt es d e lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to c og ni tiv o, d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es au to m ob ilí sti co s em id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , di st úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s b en zo di az ep ín ic os , a bs tin ên ci a ao e ta no l, tr an st or no d e an sie da de g en er a- liz ad a gr av e, a ne st es ia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X X 78 M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP D ia ze pa m Be nz od ia ze pí ni co Ri sc o de s ed aç ão p ro lo ng ad a, c on fu sã o, tr an st or no s de e qu ilí br io e q ue da s qu an do u so p ro lo ng ad o (> 1 m ês ). Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo - di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí - ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to c og ni tiv o, d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí s- tic os e m id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s be nz od ia ze pí ni co s, ab sti nê nc ia a o et an ol , t ra ns to rn o de a ns ie da de g en er al iz ad a gr av e, an es te sia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X X Es ta zo la m Be nz od ia ze pí ni co Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to co gn iti vo , d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí sti co s em id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr - bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s be nz od ia ze pí ni co s, ab sti - nê nc ia a o et an ol , t ra ns to rn o de a ns ie da de g en er al iz ad a gr av e, a ne st es ia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X Fl un itr az ep am Be nz od ia ze pí ni co Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). X Fl ur az ep am Be nz od ia ze pí ni co Ri sc o de s ed aç ão p ro lo ng ad a, c on fu sã o, tr an st or no s de e qu ilí br io e q ue da s qu an do u so p ro lo ng ad o (> 1 m ês ). Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to co gn iti vo , d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí sti co s em id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr - bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s be nz od ia ze pí ni co s, ab sti - nê nc ia a o et an ol , t ra ns to rn o de a ns ie da de g en er al iz ad a gr av e, a ne st es ia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X X Lo ra ze pa m Be nz od ia ze pí ni co Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo - di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí - ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to c og ni tiv o, d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí s- tic os e m id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s be nz od ia ze pí ni co s, ab sti nê nc ia a o et an ol , t ra ns to rn o de a ns ie da de g en er al iz ad a gr av e, an es te sia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X X M id az ol am Be nz od ia ze pí ni co Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). X 79 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP Tr ia zo la m Be nz od ia ze pí ni co Pe lo e fe ito s ed ati vo p od em re du zi r o se ns ór io e d et er io ra r o e qu ilí br io , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os3 m es es ). Id os os a pr es en ta ra m a um en to d e se ns ib ili da de a os b en zo - di az ep ín ic os e b ai xo m et ab ol ism o em re la çã o ao s ag en te s de lo ng a du ra çã o. E m g er al , t od os o s be nz od ia ze pí - ni co s au m en ta m o ri sc o pa ra c om pr om eti m en to c og ni tiv o, d el iri um , q ue da s, fr at ur as e a ci de nt es a ut om ob ilí s- tic os e m id os os . P od e se r a pr op ria do p ar a di st úr bi os c on vu lsi vo s, m ov im en to rá pi do d os o lh os , d ist úr bi os d o so no , a bs tin ên ci a do s be nz od ia ze pí ni co s, ab sti nê nc ia a o et an ol , t ra ns to rn o de a ns ie da de g en er al iz ad a gr av e, an es te sia p er ip ro ce du ra l, cu id ad os te rm in ai s. X X D ox az os in a Bl oq ue ad or a lfa a dr e- né rg ic o A lto ri sc o de h ip ot en sã o po st ur al . N ão re co m en da do c om o tr at am en to d e ro tin a pa ra h ip er te ns ão . O ut ra s al te rn ati va s po ss ue m m el ho r p er fil d e ris co / b en efí ci o. E m h om en s co m in co nti nê nc ia u rin ár ia fr eq ue nt e (u m ou m ai s e pi só di os p or d ia ) o u so g er a ris co d e po liú ria e a gr av am en to d a in co nti nê nc ia . O u so d es se é c on tr ai n- di ca do e m p ac ie nt es u til iz an do s on da v es ic al p or m ai s de d oi s m es es . X X Fe nt ol am in a Bl oq ue ad or a lfa a dr e- né rg ic o Em h om en s co m in co nti nê nc ia u rin ár ia fr eq ue nt e (u m o u m ai s ep is ód io s po r d ia ) o u so g er a ris co d e po liú ria e ag ra va m en to d a in co nti nê nc ia . O u so d es se é c on tr ai nd ic ad o em p ac ie nt es u til iz an do so nd a ve sic al p or m ai s d e do is m es es . X M irt az ap in a Pr az os in a Bl oq ue ad or a lfa a dr e- né rg ic o A lto ri sc o de h ip ot en sã o po st ur al . N ão re co m en da do c om o tr at am en to d e ro tin a pa ra h ip er te ns ão . O ut ra s al te rn ati va s po ss ue m m el ho r p er fil d e ris co / b en efí ci o. E m h om en s co m in co nti nê nc ia u rin ár ia fr eq ue nt e (u m ou m ai s e pi só di os p or d ia ) o u so g er a ris co d e po liú ria e a gr av am en to d a in co nti nê nc ia . O u so d es se é c on tr ai n- di ca do e m p ac ie nt es u til iz an do s on da v es ic al p or m ai s de d oi s m es es . X X At en ol ol Bl oq ue ad or b et a ad re né rg ic o Em c om bi na çã o co m v er ap am il ex ist e ris co d e bl oq ue io c ar dí ac o sin to m áti co . E m p ac ie nt es c om d ia be te s e fr eq ue nt es e pi só di os d e hi po gl ic em ia (a p ar tir d e um e pi só di o po r m ês ) o u so p od e m as ca ra r o s sin to m as d e hi po gl ic em ia . X Bi so pr ol ol X M et op ro lo l X N eb iv ol ol X Ca rv ed ilo l Bl oq ue ad or b et a ad re né rg ic o Em p ac ie nt es c om D PO C o us o de n ão s el eti vo s au m en ta o ri sc o de b ro nc oe sp as m o. E m c om bi na çã o co m ve ra pa m il ex ist e ris co d e bl oq ue io c ar dí ac o sin to m áti co . E m p ac ie nt es c om d ia be te m el ito e a pr es en ta nd o fr eq ue nt es e pi só di os d e hi po gl ic em ia (a p ar tir d e um e pi só di o po r m ês ) o u so p od e m as ca ra r o s sin to m as d e hi po gl ic em ia . X Pi nd ol ol X Pr op ra no lo l X A nl od ip in o Bl oq ue ad or d e ca na is de c ál ci o Em p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a o us o po de e xa ce rb ar e ss a co nd iç ão . X Ve ra pa m il Bl oq ue ad or d e ca na is de c ál ci o O u so e m p ac ie nt es c om in su fic iê nc ia c ar dí ac a gr au II I o u IV p od em a gr av ar e ss a co nd iç ão . E m p ac ie nt es c om co ns tip aç ão c rô ni ca o u so p od e ex ac er ba r e ss a co nd iç ão . X D ilti az em 80 M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP Fe lo di pi no Bl oq ue ad or d e ca na is de c ál ci o Em p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a o us o po de e xa ce rb ar e ss a co nd iç ão . X Is ra di pi no Le rc an id ip in o M an id ip in o N im od ip in o N itr en di pi no N ife di pi no Bl oq ue ad or d e ca na is de c ál ci o Em p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a o us o po de e xa ce rb ar e ss a co nd iç ão . R isc o po te nc ia l p ar a hi po te ns ão . Ri sc o de p re ci pi ta r i sq ue m ia c ar dí ac a. X X Te ofi lin a Br on co di la ta do r Q ua nt o em m on ot er ap ia p ar a tr at am en to d e D PO C ex ist e al te rn ati va s m ai s se gu ra s e ef eti va s. Ri sc o de e fe i- to s ad ve rs os d ev id o ao b ai xo ín di ce te ra pê uti co . X Be cl om et as on a Co rti co id e sis tê m ic o Co ns id er a- se e xp os iç ão d es ne ce ss ár ia a os e fe ito s s ec un dá rio s d o us o pr ol on ga do d e co rti co id es si st êm ic os a o uti liz á- lo s n o lu ga r d e in al at ór io s p ar a tr at am en to d e D PO C m od er ad a a se ve ra . U so p ro lo ng ad o de c or tic oi de s (> 3 m es es ) c om o m on ot er ap ia e m a rt rit e re um at oi de o u os te oa rt rit e po de c au sa r e fe ito s ad ve rs os m ai or es re la ci on ad os a c or tic oi de s sis tê m ic os . X Be ta m et as on a X Bu de so ni da X D ex am et as on a X Fl ud ro co rti so na X Fl uti ca so na X H id ro co rti so na X M eti lp re dn is ol on a X Pr ed ni so lo na X Pr ed ni so na X Fu ro se m id a D iu ré tic o de a lç a N ão h á ev id ên ci a de e fic ác ia p ar a ed em a de to rn oz el o iso la do , s em s in ai s cl ín ic os d e in su fic iê nc ia c ar dí ac a (a s m ed id as c om pr es siv as s ão g er al m en te m ai s ap ro pr ia da s) . E xi st em a lte rn ati va s m ai s se gu ra s qu an do s e pe ns a em m on ot er ap ia h ip er te ns ão . X Es pi ro no la ct on a (> 25 m g/ di a) D iu ré tic o, p ou pa do r de p ot ás sio Pa ra in su fic iê nc ia c ar dí ac a, o ri sc o de h ip er po ta ss em ia é m ai or e m id os os e sp ec ia lm en te s e a do se fo r m ai or qu e 25 m g/ di a, o u se e sti ve r e m u so c on co m ita nt e de A IN E, IE CA , B RA o u su pl em en to d e po tá ss io . X Cl or ta lid on a D iu ré tic o, ti az íd ic o Em p ac ie nt es c om g ot a o us o po de e xa ce rb ar a c ris e. X H id ro cl or oti az id a X In da pa m id a X Zo lp id em H ip nó tic os n ão b en zo - di az ep ín ic os A go ni st a de re ce pt or b en zo di az ep ín ic o qu e po ss ue m e ve nt os a dv er so s sim ila re s co m o s do s be nz od ia ze pí ni - co s em id os os (e x. d el iri um , q ueda s, fr at ur as ). M el ho ra m ín im a na la tê nc ia e d ur aç ão d o so no . X 81 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP In su lin a H or m ôn io a nti di ab é- tic o A lto ri sc o de h ip og lic em ia X Es tr óg en os c om o u se m P ro ge st er on a H or m ôn io s se xu ai s Em p ac ie nt es c om h is tó ric o de c ân ce r d e m am a ou tr om bo em bo lis m o ve no so o u so a um en ta o ri sc o de re co rr ên ci a. N as a pr es en ta çõ es s em a ss oc ia çã o co m p ro ge st ág en os p ar a pa ci en te s co m ú te ro in ta ct o ex is te ri sc o de c ân ce r n o en do m ét rio . E vi dê nc ia c ar ci no gê ni ca p ot en ci al (m am a e en do m ét rio ). Fa lta d e ef ei to c ar di op ro te to r e d e pr ot eç ão c og ni tiv a em m ul he re s id os as . E vi dê nc ia d e es tr óg en os v ag in ai s pa ra o tr at am en to d e re ss ec am en to v ag in al é s eg ur o e efi ca z em m ul he re s co m c ân ce r d e m am a, e sp ec ia lm en te n as do sa ge ns < 2 5 ug d ua s ve ze s po r s em an a de e st ra di ol . X X M eg es tr ol H or m ôn io s se xu ai s Ef ei to m ín im o so br e o pe so . A um en ta o ri sc o de e ve nt os tr om bó tic os e p os siv el m en te a m or te e m id os os . X Ci ta lo pr am In ib id or d a re ca pt aç ão de s er ot on in a Ri sc o em p ac ie nt es c om h ist ór ia c lin ic am en te s ig ni fic an te d e hi po na tr em ia (h ip on at re m ia n ão ia tr og ên ic a: < 13 0 m m ol /L n os ú lti m os d oi s m es es ). X D ul ox eti na Fl uo xe tin a Fl uv ox am in a Se rt ra lin a Ve nl af ax in a Es om ep ra zo l In ib id or d e bo m ba s de pr ót on N o tr at am en to c om d os e ch ei a pa ra d oe nç a ul ce ra tiv a po r m ai s de o ito s em an as re co m en da -s e a re du çã o da do se o u in te rr up çã o do tr at am en to . X La ns op ra zo l X O m ep ra zo l X Pa nt op ra zo l X Ra be pr az ol X Pa ro xe tin a In ib id or es d a re ca p- ta çã o de s er ot on in a / A nti co lin ér gi co Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de an tic ol in ér gi ca . R is co e m p ac ie nt es c om h is tó ria c lin ic am en te s ig ni fic an te d e hi po na tr em ia (h ip on at re m ia nã o ia tr og ên ic a: < 1 30 m m ol /L n os ú lti m os d oi s m es es ). X Tr az od on a In ib id or es d a re ca p- ta çã o de s er ot on in a / Bl oq ue ad or a lfa ad re né rg ic o Ri sc o em p ac ie nt es c om h is tó ria c lin ic am en te s ig ni fic an te d e hi po na tr em ia (h ip on at re m ia n ão ia tr og ên ic a: < 13 0 m m ol /L n os ú lti m os d oi s m es es ). Em h om en s co m in co nti nê nc ia u rin ár ia fr eq ue nt e (u m o u m ai s ep is ó- di os p or d ia ) o u so g er a ris co d e po liú ria e a gr av am en to d a in co nti nê nc ia . O u so d es se é c on tr ai nd ic ad o em pa ci en te s uti liz an do s on da v es ic al p or m ai s de d oi s m es es . X 82 M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP A rip ip ra zo l N eu ro lé pti co Au m en ta o ri sc o de a ci de nt e ce re br ov as cu la r e a m or ta lid ad e em in di ví du os c om d em ên ci a. P od em c au sa r di sp ra xi a da m ar ch a e pa rk in so ni sm o, p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de q ue da s ( um a ou m ai s q ue da s n os úl tim os 3 m es es ). Q ua nd o us o pr ol on ga do (> 1 m ês ) d e ne ur ol ép tic o co m o hi pn óti co d e aç ão lo ng a ge ra ri sc o de c on fu sã o, h ip ot en sã o, e fe ito s ex tr ap ira m id ai s e qu ed as . A um en ta o ri sc o de a ci de nt e ce re br ov as cu la r e a m or ta lid ad e em in di ví du os c om d em ên ci a. X X A se na pi na X Cl or pr oti xe no X H al op er id ol X X Le vo m ep ro m az in a X Pa lip er id on a X Ri sp er id on a X X Su lp iri da X Zi pr as id on a X X Cl or pr om az in a X X Cl oz ap in a X X O la nz ap in a X X Fl uf en az in a N eu ro lé pti co / A nti co - lin ér gi co Em p ac ie nt es c om e pi le ps ia o u so p od e ba ix ar o li m ia r c on vu lsi vo . P ar a tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . A um en ta o ri sc o de a ci de nt e ce re br ov as cu la r e a m or ta lid ad e em in di ví du os c om d em ên ci a. X X Pi m oz id a N eu ro lé pti co / A nti co - lin ér gi co Au m en ta o ri sc o de a ci de nt e ce re br ov as cu la r e a m or ta lid ad e em in di ví du os c om d em ên ci a. P ar a tr at am en to de e fe ito s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . X X Ti or id az in a N eu ro lé pti co / A nti co - lin ér gi co Em p ac ie nt es c om e pi le ps ia o u so p od e ba ix ar o li m ia r c on vu lsi vo . P ar a tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so d e ne ur ol ép tic os e xi st e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . G ra nd e ef ei to a nti co lin ér gi co e ris co d e pr ol on ga m en to d o in te rv al o Q T. A um en ta o ri sc o de a ci de nt e ce re br ov as cu la r e a m or ta lid ad e em in di ví du os c om d em ên ci a. X X Tr ie xi fe ni di l N eu ro lé pti co / A nti co - lin ér gi co U so p od e ag ra va r o s sin to m as e xt ra pi ra m id ai s. Pa ra tr at am en to d e ef ei to s ex tr ap ira m id ai s de co rr en te s do u so de n eu ro lé pti co s ex ist e ris co d e to xi ci da de a nti co lin ér gi ca . X X Co de ín a O pi oi de Pa ra tr at am en to d e di ar re ia d e ca us a de sc on he ci da (r isc o de a tr as o no d ia gn ós tic o, p od em a gr av ar a c on sti pa - çã o co m a d ia rr ei a po r t ra ns bo rd am en to , p od em p re ci pi ta r m eg ac ól on tó xi co e m d oe nç a do in te sti no ir rit áv el e at ra sa r a re cu pe ra çã o em g as tr oe nt er ite n ão d ia gn os tic ad a) . O u so p od e ag ra va r o u pr ol on ga r g as tr oe nt er ite in fe cc io sa s ev er a (e x. d ia rr ei a co m s an gu e, fe br e al ta o u to xi ci da de s ist êm ic a se ve ra ). X 83 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão A IN E - A nti -in fla m at ór io s nã o es te ro id ai s, BR A - B lo qu ea do res de re ce pt or es d e an gi ot en sin a, C lC r - C le ar an ce d e Cr ea tin in a, D PO C - D oe nç a pu lm on ar O bs tr uti va c rô ni ca , H A S - H ip er - te ns ão a rt er ia l s ist êm ic a, IE CA - In ib id or es d a en zi m a co nv er so ra d e an gi ot en sin a, O M S - O rg an iz aç ão m un di al d a sa úd e. * M ed ic am en to s nã o uti liz ad os fr eq ue nt em en te . M ED IC A M EN TO G RU PO JU ST IF IC AT IV A CR IT ÉR IO S D E BE ER S CR IT ÉR IO ST O PP Lo pe ra m id a O pi oi de Pa ra tr at am en to d e di ar re ia d e ca us a de sc on he ci da (r isc o de a tr as o no d ia gn ós tic o, p od em a gr av ar a c on sti pa - çã o co m a d ia rr ei a po r t ra ns bo rd am en to , p od em p re ci pi ta r m eg ac ól on tó xi co e m d oe nç a do in te sti no ir rit áv el e at ra sa r a re cu pe ra çã o em g as tr oe nt er ite n ão d ia gn os tic ad a) . O u so p od e ag ra va r o u pr ol on ga r g as tr oe nt er ite in fe cc io sa s ev er a (e x. d ia rr ei a co m s an gu e, fe br e al ta o u to xi ci da de s ist êm ic a se ve ra ). O u so p ro lo ng ad o ge ra ris co d e so no lê nc ia , h ip ot en sã o po st ur al e v er tig em , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de q ue da s (u m a ou m ai s q ue da s n os ú lti m os 3 m es es ). Em p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a o us o po r m ai s d e du as se m an as g er a ris co d e co ns tip aç ão se ve ra . Q ua nd o uti liz ad o em p ac ie nt es c om d em ên ci a le ve (e xc et o no s c ui da do s p al ia tiv os e m an ej o de d or c rô ni ca m od er ad a a se ve ra ) g er a ris co d e ag ra va m en to d a de te rio ra çã o co gn iti va . X M or fin a O pi oi de O u so p ro lo ng ad o ge ra ri sc o de so no lê nc ia , h ip ot en sã o po st ur al e v er tig em , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri s- co d e qu ed as (u m a ou m ai s q ue da s n os ú lti m os 3 m es es ). O u so d es se n ão p os su i a va lia çã o de e sc al a an al gé sic a da O M S pa ra tr at am en to d e pr im ei ra li nh a pa ra d or le ve a m od er ad a. E m p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a o us o po r m ai s d e du as se m an as g er a ris co d e co ns tip aç ão se ve ra . Q ua nd o uti liz ad o em p ac ie nt es c om d em ên ci a le ve (e xc et o no s c ui da do s p al ia tiv os e m an ej o de d or c rô ni ca m od er ad a a se ve ra ) g er a ris co d e ag ra va m en to d a de te rio ra çã o co gn iti va . X O xi co do na O pi oi de O u so p ro lo ng ad o ge ra ri sc o de s on ol ên ci a, h ip ot en sã o po st ur al e v er tig em , p rin ci pa lm en te e m id os os c om ris co d e qu ed as (u m a ou m ai s qu ed as n os ú lti m os 3 m es es ). Em p ac ie nt es c om c on sti pa çã o cr ôn ic a o us o po r m ai s de d ua s se m an as g er a ris co d e co ns tip aç ão s ev er a. Q ua nd o uti liz ad o em p ac ie nt es c om d em ên ci a le ve (e xc et o no s cu id ad os p al ia tiv os e m an ej o de d or c rô ni ca m od er ad a a se ve ra ) g er a ris co d e ag ra va m en to d a de te rio ra çã o co gn iti va . X Pr op ox ife no X Tr am ad ol X G lib en cl am id a Su lfo ni lu re ia O u so g lib en cl am id a ge ra g ra nd e ris co d e hi po gl ic em ia s ev er a e pr ol on ga da e m id os os . P od e ca us ar h ip og li- ce m ia p ro lo ng ad a. C au sa s ín dr om e da s ec re çã o in ap ro pr ia da d e ho rm ôn io a nti di ur éti co . E m p ac ie nt es c om di ab et e m el ito d o tip o 2 o us o po de c au sa r h ip og lic em ia p ro lo ng ad a. X X H id ra la zi na Va so di la ta do r Em h ip ot en sã o po st ur al p er sis te nt e (d im in ui çã o re co rr en te > 2 0 m m H g na p re ss ão s ist ól ic a) o U so é ri sc o de sín co pe s e q ue da s, p rin ci pa lm en te e m id os os c om ri sc o de q ue da s ( um a ou m ai s q ue da s n os ú lti m os 3 m es es ). X Is os so rb id a N itr og lic er in a 84 PARTE PROTOCOLO DE ATENDIMENTO O objeti vo da revisão de medicação vai além de apenas prestar orientações sobre os medicamentos prescritos. Cada visita do paciente à farmácia consiste em uma avaliação única, que deve atender às necessidades do paciente e encantá-lo como cliente. Para isso, cada atendimento consiste de 3 passos, conhecidos como os “3 As”: acolher, avaliar e aconselhar. Acolher Identi fi que as pessoas que podem se benefi ciar com o serviço. Divulgue o servi- ço. Observe as necessidades do paciente relacionadas principalmente a adesão. Escute atentamente. Perceba as preferências do paciente. Agende o atendi- mento e peça ao paciente que traga todos os seus medicamentos para a con- sulta (sacola com medicamentos). Garanta conforto e privacidade para todos os atendimentos, desde o primeiro. Avaliar Conheça o paciente. Obtenha informação sobre seu perfi l clinico e demográfi co. Conheça todos os medicamentos em uso pelo paciente, prescritos e não prescri- tos. Entenda a forma como o paciente organiza sua roti na de medicação. Investi - gue as barreiras para a adesão ao tratamento. Discuta sobre opções de acesso aos medicamentos (redução do custo). Efetue um rastreamento para reações adver- sas. Avalie, se possível, a efeti vidade dos tratamentos. Aconselhar Forneça ao paciente uma síntese da sua avaliação. Aconselhe sobre medicamen- tos e sobre medidas não-farmacológicas. Lembre-se que o foco do atendimento é a adesão, então ajude o paciente a simplifi car e organizar seu tratamento e a com- preender suas condições clínicas e necessidades terapêuti cas. Certi fi que-se de que o paciente entendeu suas orientações e está disposto a segui-las. Entregue a declaração de serviço farmacêuti co, contendo a lista completa dos medicamen- tos do paciente e o reforço das orientações. Encaminhe informações ao médico nos casos necessários. Marque o retorno e uma agenda de acompanhamento nos casos necessários. 85 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão PASSO 1. ACOLHER COMO IDENTIFICAR OS CLIENTES PARA O SERVIÇO? A seleção de pacientes deve ser realizada através de auto-triagem ou triagem direcionada pelo farmacêutico, com objetivo de identificar as demandas necessárias a cada paciente de maneira individual e personalizada. Para tal, quatro questões breves, descritas abaixo, podem ser respondidas pelo paciente, online ou presencial- mente, direcionadas através de entrevista farmacêutica ou aplicadas no balcão da farmácia. 1. Você utiliza 5 medicamentos ou mais? ( ) Sim ( ) Não 2. Você entende para que servem seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 3. Você sempre se lembra de tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 4. Você está satisfeito com a sua medicação atual? ( ) Sim ( ) Não A utilização mínima de 5 medicamentos é a condição principal para a inclusão de pacientes no serviço de revisão de medicação, visto que os problemas de adesão e a complexidade da farmacoterapia aumentam proporcional- mente ao número de medicamentos utilizados. Qualquer resposta negativa, nas outras perguntas priorizao ser- viço, pois indica riscos para erros de medicação ou baixa adesão aos medicamentos. Considere o seguinte fluxo de triagem para o serviço: Avalie as características do paciente e a necessidade de inclusão em outro programa • Clientes que compram vários medicamentos por mês, principalmente idosos ou pessoas com dúvidas sobre os medicamentos AVALIAR Siga protocolo Agendar consulta, pedir que traga todos os medicamentos Revisão da medicação é opcional. Paciente pode se beneficiar mais de outros serviços da farmácia. Não Identificação do paciente Todas respostas positivas Alguma resposta negativa Você utiliza mais do que 5 medicamentos? Em relação aos medicamentos: • Entende? • Lembra de tomar? • Está satisfeito? Sim Pode se beneficiar de atendimento farmacêu- tico para revisão de medicação, considerando que mesmo com respostas afirmativas, o risco de não adesão a tratamento é aumentado em pacientes polimedicados com regime complexo Benefício claro com a revisão de medicação, pois além da polimedicação existem fatores de risco adicionais para problemas de adesão 86 COMO A EQUIPE DA FARMÁCIA PODE AJUDAR? Todo o pessoal da farmácia deve estar apto a descrever e oferecer os serviços farmacêuticos ao público-alvo. Para tal, treinamento pode ser oferecido pelo farmacêutico. Os balconistas e técnicos devem abordar os pacientes cordialmente, investigando o interesse dos mesmos, des- tacando os benefícios do serviço: “Olá senhor João, aqui estão seus medicamentos, o senhor sabia que temos um serviço farmacêutico para pacientes que fazem uso de vá- rios medicamentos, como o senhor. Afinal não é fácil entender para que serve e tomar tudo isso não é?... Pois é, o farmacêutico pode te ajudar com essa questão, inclusive simplificando e adequando seu tratamento a sua rotina” O paciente deve ser orientado, previamente, a com- parecer na consulta sempre com os medicamentos e prescrições que esteja utilizando. Se o paciente com- parecer para uma consulta de revisão da medicação e não trouxer seus medicamentos, a qualidade do aten- dimento cai drasticamente. Se possível, ligue para o paciente um dia antes da con- sulta para confirmar o horário e reforce a lembrança deste aspecto. 87 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão COMO DEVE SER O LOCAL DE ATENDIMENTO? Segundo as normas de boas práticas de farmácia da ANVISA, o ambiente destinado ao cuidado farmacêutico deve ser diverso daquele destinado à dispensação e à circulação de pessoas em geral, devendo o estabelecimento dispor de espaço específico para esse fim. Não é necessário dispor de diversos ambientes separados para realiza- ção de cada procedimento, sendo todos os serviços farmacêuticos realizados no mesmo ambiente. O ambiente para prestação dos serviços que demandam atendimento individualizado deve garantir a privacida- de e o conforto dos usuários, possuindo dimensões, mobiliário e infraestrutura compatíveis com as atividades e serviços a serem oferecidos. As características de um ambiente apropriado para a prestação de serviços farma- cêuticos são discutidas em detalhes no Manual 1: Hipertensão em Dia. 88 PASSO 2. AVALIAR COMO FAZER A AVALIAÇÃO DO PACIENTE? A avaliação do paciente será sempre focada nos medicamentos em uso e na adesão ao regime terapêutico. Em segundo lugar, as reações adversas. Por fim, se possível, a eficácia terapêutica dos tratamento também pode ser avaliada. Cabe destacar que este protocolo consiste em uma avaliação breve, que deve ser realizada em até 15- 20 minutos de atendimento. Avaliação passo-a-passo: Receba o paciente na sala de serviços farmacêuticos e acomode-o sentado. Explique o que será feito Explique rapidamente os objetivos do serviço e pergunte as expectativas do paciente. Deixe claro que vocês conversarão sobre seus medicamentos e saúde de maneira geral, e que você quer saber o que ele pensa disso tudo. Certifique-se de que o paciente tenha trazido todos os medicamentos que utiliza para a consulta. Isto é fundamental. Se for possível, imprima antes da consulta o histórico de compras de medicamentos do paciente na farmácia, dos últimos 3 meses. Isso ajudará a ter uma visão mais completa sobre os medicamentos em uso. Pergunte os dados pessoais básicos Os dados básicos são nome completo, sexo e uma forma de contato, seja endereço residencial, telefone e/ou e-mail. Identifique todos os medicamentos que o paciente faz uso a. Realize uma anamnese farmacológica. Um a um, peça ao paciente que lhe explique para que utiliza cada medi- camento, quem prescreveu, e como utiliza este medicamento. b. Peça ao paciente para lhe contar como é sua rotina de medicação, ou seja, como ele administra todos os seus medicamentos durante o dia, desde o momento que acorda até a hora de dormir. Lembre-se que o paciente deve se sentir a vontade, e preferencialmente a prescrição não deve ser utilizada nesse momento, pois o objetivo é que o paciente demonstre como realmente faz e não como deveria fazer. c. Investigue o uso de medicamentos por automedicação, como analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes mus- culares, fitoterápicos, e suplementos. 1. 2. 3. 89 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão d. Investigue se o paciente compreende porque precisa dos medicamentos, e se sabe para que eles servem. Uma maneira fácil de obter essa informação é durante a avaliação da rotina de medicação, perguntar ao paciente, se ele sabe por que está tomando aquele medicamento, e para quê ele serve. O processo pode ser repetido, mas atente-se para não torná-lo maçante e cansativo. e. Lembre-se que o foco da consulta é a adesão: questione sobre esquecimentos, e quantifique a frequência desses esquecimentos. Aproveite para questionar situações que propiciam esquecimentos, como saídas de casa para trabalho ou lazer, viagens, dentre outras. f. Vá registrando a lista de medicamentos do paciente, incluindo nome do produto, dosagem, posologia prescrita, posologia utilizada pelo paciente, observações sobre adesão ao medicamento. O objetivo é construir uma lista completa dos medicamentos do paciente, que será entregue no final da consulta. g. Veja a seguir exemplos de perguntas. Outros exemplos foram apresentadas ao longo do manual. Use-as para construir sua própria anamnese: • “Vamos começar por este medicamento aqui (pegue o medicamento na mão). Para que o(a) se- nhor(a) usa este medicamento?” (conhecimento) • “Este medicamento funciona bem para o(a) senhor(a)?” (percepção de benefício / conhecimento) • “Quando o(a) senhor(a) acorda pela manhã, qual(is) desses medicamentos o(a) senhor(a) toma pri- meiro?” (Rotina de medicação) • “E na hora do almoço qual(is) desses medicamentos o(a) senhor(a) toma?” (e assim por diante) (Ro- tina de medicação) • “Não é fácil organizar a rotina para todos esses remédios, como o(a) senhor(a) faz para não esquecer de tomar seus medicamentos?” (Organização) • “O(a) senhor(a) sente alguma dificuldade para abrir o frasco, tirar os comprimidos do blister, ou pre- parar a dose do seu medicamento?” (habilidade, capacidade de gestão) • “É comum as pessoas esqueceram de tomar algum remédio às vezes. Neste último mês, quantas vezes aconteceu do(a) senhor(a) esquecer de tomar algum medicamento?” (Esquecimento) • “Onde o(a) senhor(a) guarda seus medicamentos em casa?” (Organização) • “Já aconteceu do(a) senhor(a) deixar acabar seus medicamentos, antes de ir à farmácia?” (Interrup- ção do tratamento, adesão) • “O(a) senhor(a) fica sem tomar seus medicamentos quando está se sentido bem?” (Interrupção do tratamento, adesão) • “No final de semana, quando há um churrasco ou reunião com os amigos/família, o(a) senhor(a) toma os remédios mesmo assim?” (interrupção de tratamento, uso com álcool) 90 • “O(a) senhor(a) já deixou de adquirir seu medicamento por causa do preço muito caro?” (Acesso) Conheça a experiência de medicação do pacienteAo longo da sua anamnese farmacológica, procure entender as atitudes, conhecimento, expectativas, medos e crenças relacionados aos medicamentos. Veja a seguir exemplos de perguntas. Perceba a importância dos porquês: • “O(a) senhor(a) gosta de tomar esses medicamentos? Por que?” (Atitude) • “Você se sente incomodado(a) por ter que tomar esses medicamentos? Por que?” (Atitude) • “Que expectativas o(a) senhor(a) tem do seu tratamento?” (Expectativas) • “Você tem algum receio ou preocupação relacionada a esses medicamentos?” (Medos) • “O(a) senhor(a) sabe como esses medicamentos ajudam a sua saúde?” (Conhecimento) • “Se o(a) senhor(a) pudesse parar de tomar algum desses medicamentos, qual seria? Por que?” (Pos- síveis efeitos adversos ou intolerância) • “Se o(a) senhor pudesse mudar algo no seu tratamento, o que seria? Por que?” (satisfação com o tratamento) • “O(a) senhor(a) acha que esses medicamentos lhe fazem mais mal do que bem? Por que?” (Percep- ção de benefício e malefício) • “O(a) senhor acha que sua saúde melhorou depois desses medicamentos? Por que?” (Percepção de benefício) • “O(a) senhor acha que sem esses medicamentos, o(a) senhor(a) ficaria muito doente? Por que?” (per- cepção de necessidade) • “O(a) senhor acha que sua saúde depende desses medicamentos? Por que” (percepção de necessidade) Avalie cada medicamento para sua adequação a prescrição. Avalie se o regime utilizado é igual ao regime prescrito, e confirme as discrepâncias com o paciente. Se for o caso, questione os motivos para o não cumprimento. Lembre-se que essa questão deve ser abordada de maneira tran- quila, sem preconceitos ou jargões. Pergunte de maneira direta e franca. Se for um paciente idoso, veja também se algum medicamento é considerado inapropriado, segundo critérios de Beers ou STOPP. Anote os problemas encontrados. 4. 5. 91 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão Realize um rastreamento para reações adversas. Investigue a presença de sinais e sintomas de possíveis eventos adversos aos medicamentos. Como menciona- do, deve-se tomar cuidado para não induzir respostas nesta parte da consulta. Por isso, fique mais atento(a) às queixas espontâneas do paciente. Se houver queixas, investigue o sintoma e registre (história de doença atual). Caso não haja queixas, o rastreamento será mais útil. Consulte a Parte 1 deste Manual para detalhes sobre como realizar o rastreamento. Se possível, avalie a efetividade dos tratamentos em curso Como já referido, a avaliação do estado clínico atual das doenças e da efetividade dos medicamentos não é uma prioridade da consulta da revisão da medicação, devido principalmente ao tempo da consulta. Ainda assim, quando você julgar necessário, avalie se as doenças estão controladas, se existem alterações em exames laboratoriais ou sintomas de agravamento de doenças. Medidas de parâmetros, como pressão arterial, glicemia capilar, colesterol, triglicerídeos ou circunferência abdominal, são também opcionais. Nestes casos, faça as orientações necessárias, e tenha em mente que o paciente poderia se beneficiar de uma consulta específica para este tipo de avaliação (seguin- do, nestes casos, recomendações dos demais manuais). Sintetize os problemas da farmacoterapia encontrados (a diferença entre a terapia atual e a ne- cessária para atender a prescrição e os resultados clínicos esperados). A partir de toda a informação obtida nas etapas anteriores, faça uma lista dos problemas encontrados. Use suas próprias palavras para descrever os problemas. Preocupe-se em escrever de uma forma que você mesmo en- tenda, quando venha a ler essas anotações no futuro. Não é necessário adotar nenhuma classificação específica, como o Consenso de Granada, etc. 7. 6. 8. 92 QUAL DEVE SER O CONTEÚDO DA MINHA ORIENTAÇÃO? Acorde com o paciente o que pode ser mudado a. Avalie o que pode ser feito naquela consulta, escolha mudanças factíveis para a realidade do paciente. Lembre-se que todo o processo deve ser realizado em concordância com o paciente. b. Atenção especial deve ser dada a possíveis simplificações do regime terapêutico, reduzindo o número de tomadas, e adequando a administração a rotina do paciente. c. Eventos Adversos podem requerer a alteração da farmacoterapia, e para tal, comunicação com médico pode ser necessária. Como faço o encaminhamento ao médico? Pacientes com problemas de adesão, relacionados a reações adversas dos medicamentos, podem necessi- tar de um encaminhamento médico para troca ou ajuste da posologia do medicamento. Este encaminhamento deve ser feito sempre por escrito. Para facilitar o processo, utilize a própria Decla- 1. 2. PASSO 3. ACONSELHAR O aconselhamento e as recomendações ao paciente são sempre o desfecho de qualquer consulta com o farma- cêutico. No caso da revisão da medicação, um consulta de sucesso deve terminar com os seguintes resultados: • O paciente recebe por escrito uma lista completa e atualizada dos medicamentos que faz uso, in- cluindo nome de cada medicamento, dosagem, para que serve, como usar, e quem prescreveu. • O paciente recebeu ao longo da consulta orientações sobre o propósito e os benefícios de cada me- dicamento ou tratamento, e os cuidados que deve ter para minimizar efeitos adversos. • O farmacêutico e o paciente chegam a um acordo sobre a melhor forma de continuar o tratamento, de modo que a adesão aos medicamentos seja suficiente para trazer benefícios. • No caso de problemas que necessitem mudanças no tratamento ou investigação (p.ex. sintomas que não podem ser tratados ou minimizados pelo farmacêutico), o paciente recebe instruções para retor- nar ao médico. Nestes casos, o farmacêutico faz observações por escrito na própria lista de medica- mentos, direcionadas ao prescritor. Realizar estas etapas, afinal, consiste em estabelecer um plano de cuidado factível, com objetivos em curto e mé- dio prazos. Lembre-se que nem sempre a questão da adesão será resolvida na primeira consulta, e que qualquer alteração realizada exige acompanhamento da adaptação e resposta do paciente. 93 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão ração de Serviço Farmacêuti co para fazer este encaminhamento. Este documento conterá a lista completa de medicamentos do paciente e as informações que você deseja passar ao médico sobre o caso. Use este documento também nos encaminhamentos de urgência. Destaque no texto que o paciente necessita ava- liação médica com urgência, isso pode fazer toda diferença no pronto atendimento. Mantenha na farmácia uma lista de médicos conhecidos de diversos especialidades, bem como telefones e endereços de clínicas, unidades de saúde, pronto-atendimentos e hospitais próximos à farmácia. Ajude o paciente sobre o melhor caminho para obter assistência médica. Isso fará toda diferença e fortalecerá o vinculo entre você e seu paciente. Certi fi que-se que o paciente entendeu o plano Repasse o plano de cuidado com o paciente, e pergunte se existe alguma dúvida. Deixe claro que vocês estão fazendo um acordo, e que a saúde do paciente depende dele mesmo. Peça ao paciente que repita as informações. Documente todas as consultas com a declaração de serviços farmacêuti cos. O serviço de revisão da medicação exige que uma declaração farmacêuti ca seja sempre fornecida. Guarde uma cópia desta declaração na farmácia, caso não disponha de um sistema informati zado de registro. 3. 4. COMO É A DECLARAÇÃO DE SERVIÇO FARMACÊUTI- CO? A DSF é uma exigência da Anvisa, estabelecida na Reso- lução no 44 de 2009. Trata-se de um padrão de qualida- de do serviço fornecer material escrito ao paciente, que materialize e documente o atendimento farmacêuti co. A DSF deve conter os dados completos do estabeleci- mento, a identi fi cação do paciente e deve ser datada, carimbada e assinada pelo farmacêuti co. O conteúdo da declaração pode ser uma síntese do plano de cuidado ou pode conter várias informações conformeprocedimen- tos realizados pelo farmacêuti co. No caso da revisão da medicação, o conteúdo mais im- portante da DSF é a lista completa e atualizada dos me- dicamentos em uso pelo paciente. Ademais, orientações específi cas sobre ações a serem tomadas ou observa- ções desti nadas ao médico do paciente devem ser inseri- das também na DSF. Veja modelo a seguir: Nome: Data: Endereço: Telefone: SEXO: MASC IDADE: PESO: ALT.: “ESTE PROCEDIMENTO NÃO TEM FINALIDADE DE DIAGNÓSTICO E NÃO SUBSTITUI A CONSULTA MÉDICA OU A REALIZAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS” Farmacêutico / CRF Nome Fantasia da Farmácia Razão Social CNPJ Endereço / Telefone NOME PARA QUE MODO DE USAR QUEM PRESCREVEU ORIENTAÇÕES / ENCAMINHAMENTOS DECLARAÇÃO DE SERVIÇO FARMACÊUTICO LISTA DE MEDICAMENTOS 94 É NECESSÁRIO FAZER ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE? Uma consulta tradicional de revisão da medicação é concluída com as recomendações e encaminhamentos feitos pelo farmacêutico. Assim, não é necessário realizar acompanhamento do paciente. Você pode, por exemplo, mar- car apenas uma consulta de retorno. Por outro lado, lembre-se que o acompanhamento do paciente é necessário para determinar os efeitos das mu- danças, reavaliar os resultados reais, e recomendar novas mudanças terapêuticas para melhorar a adesão e al- cançar metas / desfechos clínicos. Você irá decidir se deve ou não marcar uma consulta de retorno com o paciente, ou iniciar um trabalho de acom- panhamento. O intervalo de acompanhamento do paciente pode variar de acordo com sua necessidade, desde intervalo mensal ou anterior, até anual. Cada paciente necessita de um atendimento personalizado, pautado pelas suas necessidades globais. O programa de revisão da medicação tem foco principal na adesão terapêutica e concordância, e para tanto um trabalho prolongado pode ser necessário. Caso decida pelo acompanhamento, utilize o diário da saúde. ACOLHER Agende a consulta e peça que traga todos os medicamentos Receba para consulta. Estimule a participação ativa no processo. AVALIAR A farmacoterapia está adequada? O paciente entende e adere ao tratamento? O tratamento é seguro? PROBLEMAS NA FARMACOTERAPIA ACONSELHAR Forneça a lista de medicamentos Modifique o que for necessário. Trace um plano conjunto. Facilite a adesão ao tratamento. Marque retorno se necessário. REVISÃO DA MEDICAÇÃO 95 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão O QUE É O DIÁRIO DE SAÚDE? O uso de um diário de saúde, onde o paciente pode manter um registro de parâmetros, consultas realizadas, lista dos medicamentos, medidas não-farmacológicas, entre outros, é uma estratégia poderosa para estimular o autocuidado e a autogestão das condições crônicas. No caso da Revisão da Medicação, o diário é o recurso necessário caso se decida realizar acompanhamento do paciente. Além disso, o diário pode ser o agregador de todos os atendimentos e avaliações pelas quais passa o paciente, considerando que ele pode ser polimedicados, ter hipertensão, diabetes, dislipidemia e obesidade, por exemplo. Nele, o paciente pode fazer uma séria de autotestes de saúde, que tem tanto papel educativo do próprio paciente, como informativo ao farmacêutico. Além disso, o paciente registra no diário a evolução semanal do seu tratamen- to, anotando metas alcançadas, dificuldades e os resultados dos parâmetros monitorados. A cada consulta, o paciente traz o diário e compartilha com o farmacêutico os registros realizados. As DSF emiti- das a cada consulta podem ser anexados ao diário, em ordem cronológica. A lista atualizada de todos os medica- mentos em uso é mantida dentro do diário. A cada consulta médica ou com outros profissionais, o paciente leva o diário, como forma de relatar a evolução da sua saúde. Há espaços no diário que podem ser utilizados para que o farmacêutico, o médico e outros profissionais possam fazer anotações, potencializando a comunicação dentro da equipe que cuida do paciente. 96 RECURSOS PARA BUSCA DE INFORMAÇÕES Gratuitas Medscape® - http://www.medscape.net/ Epocrates® - http://www.epocrates.com/ Drugs® - http://www.drugs.com/ Interações® - http://interacoesmedicamentosas.com.br/ Via portal evidênca em saúde Micromedex® - http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br/ Acess – Medicine® - http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br/ Best Pratice® - http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br/ DynaMed® - http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br/ Diretrizes Projeto Diretrizes: http://www.projetodiretrizes.org.br/ Sociedade Brasileira de Cardiologia: http://www.cardiol.br/ Sociedade Brasileira de Diabetes: http://www.diabetes.org.br/ Sociedade Brasileira de Reumatologia: http://www.reumatologia.com.br/ Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia: http://sbpt.org.br/ Sociedade Brasileira de Pediatria: http://www.sbp.com.br/ Evidências Farmacêutico Clínico - https://farmaceuticoclinico.com.br Medscape® - http://www.medscape.net/ Epocrates® - http://www.epocrates.com/ Nome: Data: Endereço: Telefone: SEXO: MASC IDADE: PESO: ALT.: “ESTE PROCEDIMENTO NÃO TEM FINALIDADE DE DIAGNÓSTICO E NÃO SUBSTITUI A CONSULTA MÉDICA OU A REALIZAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS” Farmacêutico / CRF Nome Fantasia da Farmácia Razão Social CNPJ Endereço / Telefone NOME PARA QUE MODO DE USAR QUEM PRESCREVEU ORIENTAÇÕES / ENCAMINHAMENTOS DECLARAÇÃO DE SERVIÇO FARMACÊUTICO LISTA DE MEDICAMENTOS 98 ANOTAÇÕES 99 M an ua l 4 . Re vi sã o da M ed ic aç ão REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Shaw J, Seal R, Piling M. Room for review - A guide to medication review: tha agenda for patients, practitio- ners and managers. 1st ed. Management Services. London: Medicines Partnership; 2002. 2. Cushing A, Metcalfe R. Optimizing medicines management: From compliance to concordance. Ther Clin Risk Manag. 2007 Dec;3(6):1047–58. 3. NHS Cumbria Medicines Management Team. Clinical Medication Review - A Practice Guide. Carlisle: NHS; 2013. 4. Hatah E, Braund R, Tordoff J, Duffull SB. A systematic review and meta-analysis of pharmacist-led fee-for- services medication review. Br J Clin Pharmacol. 2014 Jan;77(1):102–15. 5. Clyne W, Blenkinsopp A, Seal R. A guide to medication review. Keele University. NPC Plus & Medicines Partnership.; 2008. 6. Obreli-Neto PR, Nobili A, de Oliveira Baldoni A, Guidoni CM, de Lyra Júnior DP, Pilger D, et al. 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