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Manual 4 - Revisão da Farmacoterapia e Acompanhamento do Paciente-1 (1)

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Prévia do material em texto

SERVIÇOS FARMACÊUTICOS 2016/2017
Manual 4
Manual 4
Revisão da Medicação
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017
AUTORES:
Cassyano J Correr, BPharm, MSc, PhD
Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná 
Consultor Abrafarma - Projeto Assistência Farmacêutica Avançada 
projetofarma@abrafarma.com.br 
Wálleri Christini Torelli Reis, BPharm, MSc
Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, 
Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, 
Universidade Federal do Paraná.
REVISÃO:
Thais Teles de Souza, BPharm, MSc
Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, 
Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, 
Universidade Federal do Paraná.
 
Os autores agradecem aos membros do GTFARMA, farmacêuticos coordenadores e super-
visores das Redes associadas à Abrafarma, bem como aos seus colaboradores, pela leitura, 
revisão e sugestões de melhoria feitas aos Manuais durante seu processo de elaboração. 
Muito obrigado!
Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto 
estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos 
originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante 
fl uxo de novas informações sobre terapêuti ca e reações adversas a fármacos, recomendamos enfati camente que os leitores consultem sem-
pre outras fontes fi dedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certi fi carem de que as informações conti das neste 
manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Recomendamos que 
cada profi ssional uti lize este manual como guia, não como única fonte de consulta. 
Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual-
quer material uti lizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadverti da e involuntariamente, a identi fi cação de 
algum deles tenha sido omiti da. 
615. 1901
 C824 Correr, Cassyano Januário
 Manual 4: revisão da medicação / Cassyano Januário Correr, 
 Walleri Christi ni Torelli Reis. 1. ed. atualizada. Curiti ba: Ed. Practi ce, 2016.
 108 p. : il. (algumas color.) ( Manual 4) 
 ISBN 978-85-68784-06-8
 
 Inclui bibliografi a
 
 1. Medicação. 2. Manuais. I. Reis, Walleri Christi ni Torelli. 
 II.Título.
FICHA CATALOGRÁFICA:
MANUAL 4: REVISÃO DA MEDICAÇÃO
Copyright © 2016 © 2017 ABRAFARMA
Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob 
quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou 
outros), sem permissão expressa da ABRAFARMA.
ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias
Alameda Santos, 2300 - Conj. 71 - Sã o Paulo / SP
CEP 01418-200 | Tel.: (11) 4550-6201
Practi ce Editora | Grupo Practi ce Ltda
Supervisão: Graziela Sponchiado | Capa e projeto gráfi co: Raquel Damasceno
Diagramação: Guilherme Menezes | Contatos: contato@grupopracti ce.com.br 
htt p://farmaceuti coclinico.com.br
EDITORAÇÃO:
AVISO AO LEITOR
Este manual possui caráter técnico-cientí fi co e desti na-se exclusivamente aos profi ssionais farmacêuti cos e colabora-
dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objeti vo apresentar dire-
trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuti cos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese, 
pretende substi tuir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profi ssional mais atual aplicável 
ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso, 
bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores.
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA
SUMÁRIO
09 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO
11 INTRODUÇÃO 
12 REVISÃO DA MEDICAÇÃO
12 O que é o programa revisão de medicação?
13 Quais são os benefícios para os pacientes?
14 PARTE 1: REVISANDO A MEDICAÇÃO
14 O que é revisão de medicação?
14 Quais pacientes podem ser beneficiados?
17 Como identificar esses pacientes?
17 Abrindo a caixa preta: Como avaliar a adesão aos medicamentos?
19 Os pacientes não-aderentes são todos iguais?
22 O que posso fazer para melhorar adesão dos pacientes?
23 O que está acontecendo nas consultas tradicionais?
24 Como fazer uma consulta diferente?
25 O que é a experiência de medicação do paciente?
28 Como a complexidade do tratamento influencia a adesão?
29 Pensando em aprazamento: será que é mesmo importante?
33 Formas farmacêuticas: Elas podem dificultar a adesão ao tratamento
33 Exemplos de dificuldades na utilização dos medicamentos
34 Especialidades farmacêuticas complexas e vias de administração
35 Posso usar os registros da farmácia para avaliar a adesão?
36 Devo utilizar um questionário para avaliar a adesão?
37 Ferramentas que podem ajudar na adesão aos medicamentos
43 Como avaliar os efeitos adversos de um tratamento?
50 Como avaliar a efetividade de um tratamento?
58 Como posso fazer uma boa revisão da medicação em idosos?
68 Uma questão recorrente: Posso partir o comprimido?
83 PARTE 2: PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
84 PASSO 1. ACOLHER
84 Como identificar os clientes para o serviço?
85 Como a equipe da farmácia pode ajudar?
86 Como deve ser o local de atendimento?
87 PASSO 2. AVALIAR
87 Como fazer a avaliação do paciente?
91 PASSO 3. ACONSELHAR
91 Qual deve ser o conteúdo da minha orientação?
92 Como é a declaração de serviço farmacêutico?
93 É necessário fazer acompanhamento do paciente?
94 O que é o diário de saúde?
95 RECURSOS PARA BUSCA DE INFORMAÇÕES
97 ANOTAÇÕES
98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO 
Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um 
grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é fácil 
abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”. 
Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estrutura-
do de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo menos uma 
missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício de “olhar 
junto” realidades distintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, França e In-
glaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas, visitas a em-
presas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as perguntas corretas e 
aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético tornou-se realidade 
no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais.
Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêutico, 
que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos, produtos 
de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar mais valor à 
sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventando, e nos dando 
uma lição de como ir além!
Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter função 
muito mais nobre do que entregarcaixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais duvidas. Esse 
profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais 
valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira etapa de trabalho 
está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos serviços que podem ser 
prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado.
É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em Trans-
formação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um “novo 
olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se à Abra-
farma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GT FARMA, nosso grupo 
incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado.
Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode ser 
preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente. 
Sérgio Mena Barreto 
Presidente-Executivo da Abrafarma
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Os serviços farmacêuti cos prestados em farmácias e drogarias tem por objeti vo promover saúde, prevenir doen-
ças e auxiliar na recuperação da saúde, por meio do uso racional dos medicamentos. Para que o máximo benefí -
cio com o tratamento seja alcançado, é necessário que todos os processos da farmacoterapia ocorram de forma 
óti ma, desde a escolha terapêuti ca, a dispensação do medicamento, a uti lização e adesão ao tratamento, até a 
observação dos resultados terapêuti cos. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de acesso em 
todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêuti co pode prestar serviços que colaborem com a oti mização da 
farmacoterapia, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profi ssionais e serviços de saúde.
Do ponto de vista legal, avanços recentes fi rmam a farmácia como um lugar de referência da população para saú-
de, bem-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no 44/09 da Anvisa, que há 
anos regulamenta a oferta de serviços de atenção farmacêuti ca nestes estabelecimentos, com objeti vo de “pre-
venir, detectar e resolver problemas relacionados a medicamentos, promover o uso racional dos medicamentos, a 
fi m de melhorar a saúde e qualidade de vida dos usuários”. Mais recentemente, a Lei no 13.021/14 defi niu a farmá-
cia como uma “unidade de prestação de serviços desti nada a prestar assistência farmacêuti ca, assistência à saúde 
e orientação sanitária individual e coleti va”. Esta lei, ainda, obriga o farmacêuti co no exercício de suas ati vidades, 
a proceder o acompanhamento farmacoterapêuti co, estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medi-
camentos [farmacovigilância], estabelecer o perfi l farmacoterapêuti co dos pacientes e prestar orientação farma-
cêuti ca aos mesmos. No âmbito profi ssional, destacam-se as Resoluções no 585 e no 586, de 2013, do Conselho 
Federal de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêuti co e a prescrição farmacêuti ca, que reforçam o 
dever deste profi ssional no que diz respeito as ati vidades assistências e de cuidado direto dos pacientes.
Esta coleção tem por objeti vo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de serviços, bem 
como instrumentalizar os profi ssionais para um trabalho técnico de alto nível. Este manual está organizando em 
duas partes principais. A primeira traz uma visão geral sobre a revisão da farmacoterapia enquanto serviço far-
macêuti co, com foco especial nas estratégias para melhoria da adesão ao tratamento. A segunda parte apresenta 
o protocolo do serviço, com objeti vo de padronizar procedimentos e estruturar o atendimento realizado pelo 
farmacêuti co e equipe da farmácia.
Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja úti l à sua práti ca profi ssional. Bom estudo!
Os autores
INTRODUÇÃO
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REVISÃO DA MEDICAÇÃO
O que é o programa revisão de medicação?
O Serviço de “Revisão de Medicação” é oferecido nas farmácias e drogarias principalmente a pacientes polimedi-
cados, ou seja, aqueles que utilizam mais do que 5 medicamentos. 
O serviço consiste basicamente em uma consulta com o farmacêutico, na qual o paciente traz todos os seus medi-
camentos, incluindo aqueles prescritos, utilizados por automedicação, fitoterápicos, suplementos, entre outros. 
Seu objetivo principal é melhorar a adesão do paciente a farmacoterapia, considerada um dos maiores proble-
mas associado às condições crônicas. O paciente, por meio de uma conversa franca, é estimulado a participar 
como sujeito de seu tratamento, compreender melhor sua condição e medicamentos, e se responsabilizar pelo 
seguimento futuro. Além disso, o farmacêutico avalia possíveis interações medicamentos e reações adversas aos 
medicamentos, além de auxiliar o paciente a reduzir os custos com seu tratamento, quando possível.
Os pacientes são atendidos em um ambiente confortável e privado da farmácia e são orientados de forma per-
sonalizada sobre cada um de seus medicamentos. Eles recebem ao final uma lista completa e atualizada de seus 
medicamentos, que pode ser compartilhado com o médico e outros profissionais de saúde.
Nos casos em que farmacêutico e paciente julgarem necessário, podem ser marcadas consultas de retorno, a fim 
de avaliar os resultados de possíveis mudanças produzidas no tratamento.
14 Quais são os benefícios para os pacientes?
Os medicamentos representam a forma mais comum de intervenção terapêutica. Quatro a cada cinco pessoas 
com mais de 75 anos utilizam pelo menos um medicamento e 36% estão em uso contínuo de quatro ou mais me-
dicamentos (1).
No entanto, sabe-se que até 50% dos medicamentos não são administrados como deveriam, devido a problemas 
de adesão e que muitos medicamentos de uso comum podem levar a eventos adversos. Ademais, reações adver-
sas estão relacionadas a 5-17% das internações hospitalares (2). 
A revisão da medicação é reconhecida como um dos pilares da gestão de medicamentos, evitando problemas de 
saúde relacionados à farmacoterapia e gastos desnecessários. O envolvimento do paciente nas decisões relativas 
ao seu tratamento é uma parte fundamental para melhorar desfechos clínicos, econômicos e humanísticos (3).
Como exemplo, uma revisão sistemática recente, publicada no British Journal of Clinical Pharmacology, indicou 
que a revisão farmacêutica da medicação, está associada a melhora na adesão, no controle de condições clínicas, 
como hipertensão e dislipidemia e nas taxas de hospitalizações (4).
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PARTE REVISANDO A MEDICAÇÃO
O que é revisão de medicação?
A revisão de medicação, ou revisão da farmacoterapia, é um procedimento conduzido pelo farmacêuti co, e con-
siste na avaliação estruturada e críti ca dos medicamentos em uso pelo paciente, com o objeti vo de chegar a um 
acordo com o mesmo sobre o tratamento, oti mizando seu impacto, minimizando o número de problemas da far-
macoterapia e reduzindo o desperdício (5).
PRINCÍPIOS DO PROCESSO
• O paciente deve ter a oportunidade de levantar questões e destacar os problemas sobre 
seus medicamentos.
• A revisão da medicação visa melhorar ou oti mizar o impacto do tratamento para um pacien-
te individual.
• A revisão é realizada de forma sistemáti ca e abrangente, através de uma consulta farmacêu-
ti ca, entretanto, deve ter foco principal nos problemas relati vos a farmacoterapia, conside-
rando a adesão e concordância do paciente como pontos-chave desse processo.
• Todas as alterações resultantes da revisão devemparti r de um acordo com o paciente.
• A revisão deve ser documentada através da declaração de serviços farmacêuti cos.
• O impacto de qualquer mudança deve ser monitorado.
Quais pacientes podem ser benefi ciados?
A revisão da medicação é mais relevante em pacientes polimedicados (cinco ou mais medicamentos contí nuos), 
principalmente em idosos, em que os medicamentos são uma importante causa de admissões hospitalares não 
planejadas. 
16 O uso simultâneo de 5 ou mais medicamentos é também um fator de risco importante para interações medica-
mentos graves. Um estudo de coorte prospectiva realizado na atenção primária à saúde em Ourinhos/SP, encon-
trou uma prevalência de 6% de reações adversas causadas por interações entre medicamentos. Os problemas de 
saúde mais comuns foram sangramento gastrointestinal, hipercalemia e miopatia. Os medicamentos mais impli-
cados foram varfarina, ácido acetilsalicílico, digoxina e espironolactona. Um total de 37% dos pacientes necessi-
taram internação hospitalar devido a esses problemas (6).
Outro estudo populacional realizado no Estado de São Paulo com mais de dois mil idosos, encontrou que 1 em 
cada 3 deles utiliza quatro medicamentos ou mais, e 15,6% fazem uso de pelo menos um medicamento considera-
do inadequado. A pesquisa revelou também que o número maior de consultas médicas, assim como o número de 
internações, levam, respectivamente, a uma chance 1,9 e 3,8 vezes maior do idoso consumir quatro medicamen-
tos e mais (7). A existência de prescrições de múltiplos especialistas contribui também para este quadro.
É necessário considerar que pacientes polimedicados, quando visitam o seu médico de cuidados primários, a con-
sulta geralmente se concentra em uma ou duas das suas condições e não há tempo suficiente para uma revisão 
global de todos os medicamentos (8). Além disso, o uso de medicamentos contínuos tende a ser maior com o 
avançar da idade, em especial medicamentos preventivos, onde a adesão é particularmente baixa (8). 
Outros critérios para seleção de populações com benefício para revisão de medicação são demonstrados no qua-
dro a seguir:
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Fonte: (3,5,9)
PACIENTES EM RISCO DE PROBLEMAS DA FARMACOTERAPIA
NECESSIDADES ESPECIAIS
Uso de cinco ou mais medicamentos todos os dias;
Regime de medicação complexo ou com mais do que 12 doses por dia;
Alta do hospitalar recente;
Hospitalizações frequentes;
Várias comorbidades;
Receber medicamentos a partir de mais de uma fonte, por exemplo, especialista e atenção primária;
Alterações significativas no regime de medicação nos últimos 3 meses, ou mais de 4 mudanças na 
medicação nos últimos 12 meses;
Uso medicamentos de maior risco - por exemplo, aqueles que exigem monitoramento especial: lítio; 
aqueles com uma vasta gama de efeitos colaterais: AINEs; ou estreita faixa terapêutica: digoxina, an-
ticoagulantes; 
Sintomas sugestivos de reação adversa ao medicamento;
Utilização prolongada de medicação psicotrópica;
Não adesão suspeita ou conhecida;
Alta incidência de automedicação.
Idosos;
Residentes em instituições de longa permanência;
Problemas de aprendizagem; 
Problemas sensoriais, deficiência visual ou auditiva;
Problemas físicos. ex: artrite, dificuldades de deglutição; 
Doenças psiquiátricas, tais como, depressão, ansiedade, doença mental grave;
Dificuldades de comunicação; 
Dificuldades de alfabetização; 
Pessoas que moram sozinhas ou com apoio insuficiente de cuidador;
Histórico de queda recente; 
Identificado através de ferramenta de triagem 
18 Como identificar esses pacientes?
Alguns pacientes estão em maior risco para problemas da farmacoterapia, e, portanto, se beneficiariam mais do 
serviço de revisão de medicação. Considerando a necessidade de selecionar pacientes, instrumento de triagem foi 
proposto em 2000 pela Fundação Morecambe Bay Primary Care Trust (10), e vem sendo utilizado em toda a Euro-
pa. Pacientes que respondem não a qualquer dessas perguntas, são candidatos a uma consulta com o farmacêutico.
1. Você entende para que servem seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não
2. Você entende quando (horários) tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não
3. Você acha fácil tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não
4. Você sempre se lembra de tomar seus medicamentos? ( ) Sim ( ) Não
5. Você se sente capaz de organizar todos os seus medicamentos ao mesmo tempo? ( ) Sim ( ) Não
6. Atualmente, os medicamentos prescritos pelo seu médico são os únicos que você 
está tomando?
( ) Sim ( ) Não
7. Você devolve excessos, medicamentos indesejáveis ou sobras para a farmácia? ( ) Sim ( ) Não
8. Você está satisfeito com a sua medicação atual? ( ) Sim ( ) Não
Abrindo a caixa preta: Como avaliar a adesão aos 
medicamentos? 
A função principal da revisão de medicação é identificar onde é necessário apoio a adesão, um problema de saúde 
pública mundial.
Como exemplo, apenas no Reino Unido, estima-se que cerca de 100 milhões de libras por ano, o suficiente para 
construir um hospital de médio porte, é desperdiçado em medicamentos que retornam as farmácias (2). 
Da mesma forma, para cada 100 prescrições que são emitidas pelos médicos, nos Estados Unidos, apenas en-
torno de 50-70% chegam à farmácia e menos de 20% serão “reabastecidas” de forma continuada pelo paciente.
Fonte: National Association of Chain Drug Stores, Pharmacies: Improving Health, Reducing Costs, July 2010. Based on IMS Health data.
Para cada 100 
prescrições escritas
50-70 chegam 
à farmácia
48-66 são 
atendidas 
pela farmácia
25-30 são seguidas 
adequadamente
15-20 retornam 
à farmácia para 
serem repetidas
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Esta é provavelmente apenas a ponta do iceberg dos medicamentos não consumidos pelos pacientes (11). Revi-
sões da literatura revelam que a adesão a terapia medicamentosa gira em torno de 50% (11–13). Aproximada-
mente metade dessa não-adesão é intencional, uma “resistência” ativa (14), enquanto o restante ocorre porque 
os pacientes não têm conhecimento de que eles não estão utilizando a medicação de maneira correta, ou o regi-
me é muito complexo (11). As consequências são resíduos químicos no meio ambiente, morbidade e internações 
hospitalares (13).
Estudos indicam que pacientes com depressão, ansiedade ou transtorno cognitivo, idosos, polimedicados, com 
regimes terapêuticos complexos, em uso de medicamentos preventivos e com doenças crônicas apresentam ta-
xas de adesão ainda mais baixas (15–18). 
Adesão versus persistência
Existe uma diferença entre adesão e persistência. Adesão aos medicamentos diz respeito, de forma objetiva, à 
porcentagem de doses tomadas pelo paciente em relação às doses prescritas (19). Mas a adesão terapêutica é 
mais do que apenas tomar os comprimidos. Trata-se, afinal, do quanto o paciente compreende, concorda e parti-
cipa do seu tratamento. 
A persistência consiste no tempo (dias, meses) durante os quais o paciente permanece utilizando o medicamen-
to, sem a ocorrência de interrupção por certo período de tempo. A persistência não diz respeito ao percentual 
de comprimidos tomados, mas ao tempo de exposição ao tratamento antes do abandono (19). Muitos pacientes 
abandonam o tratamento de forma definitiva ou por períodos de tempos (tiram ‘férias’ do tratamento) ao longo 
dos anos e isso pode comprometer seriamente a evolução das complicações crônicas. De maneira prática esses 
conceitos estão correlacionados, e devem “andar juntos”.
Revisões detalhadas revelaram a complexidade da adesão, a indicando como resultado de uma interação de uma 
série de fatores, incluindo as opiniões e experiência prévia dos pacientes, características da doença, contexto 
social e acesso (20,21). Boa adesão pode ser um marcador para o comportamento saudável de maneira geral, mas 
a adesão também tem seus riscos. Pacientes aderentes podem experimentar um modesto aumento na mortali-
dade poreventos adversos aos medicamentos, apoiando a máxima de que além da eficácia, a segurança deve ser 
avaliada, durante o processo de revisão de medicação. 
A não-adesão é, não surpreendentemente, um problema particular na gestão de doenças crônicas, especialmen-
te quando o paciente não apresenta sintomas. Tratamentos para asma, diabetes, hipertensão e dislipidemia pare-
cem incorrer em níveis particularmente altos de não-adesão, e é comum os pacientes alterarem ou abandonarem 
a terapia sem informar os profissionais de saúde (22–24). 
20 Os pacientes não-aderentes são todos iguais?
Lembre-se que os pacientes apresentam uma tendência natural a manterem-se passivos no primeiro contato, e 
as habilidades de comunicação são fundamentais para quebrar essa barreira. O farmacêutico deve identificar o 
nível de adesão e suas possíveis barreiras. Considere a classificação abaixo como auxílio para identificar o tipo de 
não adesão dos seus pacientes:
Observe que pacientes com problemas de adesão primária são aqueles que não realizam o tratamento por impe-
dimento de acesso aos medicamentos, seja pelo alto custo, não cobertura pelo sistema de saúde, falta do medi-
camento nas farmácias, ou mesmo dificuldades logísticas do próprio paciente. Problemas secundários de adesão, 
por outro lado, podem incluir questões de atitude do paciente diante do tratamento (não adesão intencional) 
ou dificuldades em realizar o tratamento (não adesão não intencional). Considere, ainda, os diferentes perfis de 
comportamento ligados à baixa adesão ao tratamento. Alguns pacientes podem se encaixar em mais de um perfil:
Não adesão primária: 
dificuldade de acesso ao 
medicamento
Intencional: paciente 
decide não cumprir o 
tratamento (decisão)
Não intencional: 
paciente quer cumprir, 
mas tem dificuldade
Relaciona-se a atitude, 
crenças, conhecimento, 
medos, experiência de 
medicação
Esquecimento
Falta de entendimento
Dificuldades de uso
Não adesão secundária
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Pacientes que omitem doses
Com frequência pulam doses e tomam menos medicamento do que foi prescrito.
A. 
B. 
C
D. 
E. 
F. 
G. 
Aderentes pré-consulta
Começam a cumprir o tratamento adequadamente apenas nos dias que antecedem a consulta médica.
Pacientes que exageram na dose 
Eventualmente tomam mais comprimidos do que foi prescrito. Aumentam a dose por conta própria.
Aderentes aleatórios
Tomam os medicamentos apenas quando se lembram.
Paciente que fazem ‘férias’ do tratamento
Interrompem o tratamento por um período de tempo, depois voltam.
Aderentes pós-consulta 
Após a consulta médica, começam a cumprir o tratamento corretamente, mas apenas por um período 
tempo limitado.
Adesão ligada a sintomas
Pacientes que tomam os medicamentos apenas quando sentem os sintomas da doença.
Barreiras para a adesão
Muitos modelos conceituais têm sido utilizados para ajudar a entender as barreiras para a adesão à medicação, 
entretanto, nenhum desses explica totalmente os fatores envolvidos nesse processo.
De maneira geral, vários autores postulam que os fatores que afetam a adesão podem ser divididos em cinco di-
mensões: fatores sociais e econômicos, fatores ligados à terapia, fatores associados ao sistema de saúde, fatores 
relacionados ao paciente e fatores do relacionamento profissional-paciente (24–27). Vamos simplificá-los em 
três fatores principais, interligados e interdependentes (27):
22
Fatores relacionados ao paciente
• Representação ou papel da doença, que engloba as crenças relacionadas à saúde, incluindo 
crenças sobre medicamentos (positivas e negativas), a experiência de medicação e a com-
preensão sobre a condição clínica. 
• Função cognitiva, que inclui a capacidade de compreensão e memória e a presença de co-
morbidades como demência, esse fator apresenta papel particularmente importante para os 
idosos. 
• Fatores sociodemográficos, incluindo idade, gênero e etnia, assim como a alfabetização ou letra-
mento em saúde, limitações físicas (visão, dificuldade em engolir), e situações de vida instáveis. 
• Condições clínicas coexistentes ou comorbidades, incluindo condições médicas e psiquiá-
tricas, bem como a utilização de álcool e tabagismo. 
• Características de medicação, como complexidade do esquema terapêutico, número de 
prescrições, e perfis de efeitos colaterais.
Fatores relacionados ao sistema de saúde
• Além de custo (especificamente, o efeito de compartilhamento de custos sobre a adesão 
do paciente), fatores do sistema de saúde incluem formulários e requerimentos anteriores à 
autorização da liberação do medicamento, fragmentação do cuidado, e facilidade de acesso 
ao cuidado. Cada um desses fatores afeta a facilidade de acesso ao medicamento e discus-
são de assuntos relacionados aos medicamentos com seus profissionais de saúde.
Fatores relacionados aos profissionais de saúde ou mais especificamente a 
relação paciente-profissionais da saúde
• Estes incluem a confiança e satisfação profissional de saúde
• O tempo que um profissional de saúde leva discutindo os medicamentos e outras questões 
com o paciente também influenciam.
Cada um desses fatores relacionados ao paciente pode afetar o outro, de tal forma que a complexidade de um 
regime terapêutico e a presença de depressão, por exemplo, certamente vão afetar percepção da necessidade do 
medicamento e do risco de efeitos colaterais, além do próprio medicamento afetando a adesão de outras formas.
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A inter-relação de todos esses fatores pode determinar a adesão do paciente. Por exemplo, pacientes e profissio-
nais de saúde, por definição, existem dentro de um sistema de saúde, e qualquer impacto na “representação da 
doença” do paciente na adesão é necessariamente afetado pela forma como os pacientes e profissionais de saúde 
interagem, que por sua vez, é afetada pelo tempo de consulta e cobertura financeira para consultas e medicamen-
tos do sistema de saúde. 
Essa interação também explica o desafio de isolar um único fator que representa uma barreira fundamental para 
a adesão, bem como a dificuldade em compreender por que intervenções específicas melhoram ou não a adesão.
O que posso fazer para melhorar adesão dos pacientes?
Concordância
O termo “concordância” diz respeito a um processo de consulta em que a conduta terapêutica é baseada na par-
ceria. Um subtópico da “tomada de decisão compartilhada”, o conceito foi introduzido pelo Medicines Partner-
ship Group criado em 1996 na Grã-Bretanha. É definida como: “acordo entre o profissional de saúde e o paciente, 
alcançado após negociação, que respeite as crenças e desejos do paciente para determinar se, quando e como um 
Fatores que influenciam a adesão terapêutica / Fonte:(27)
Representação 
da doença
Função 
cognitiva
Características 
demográficas
Comorbidades
Características 
medicamento
Fatores pacientes
Fatores 
profissionais 
de saúde
Adesão
Fatores Sistema 
de Saúde
Cobertura 
de custos
Fatores externos
24 medicamento é tomado, e (em que) a primazia da decisão do paciente (é reconhecida) “ (28). 
A concordância descreve um acordo, que aproveita as experiências tanto do profissional de saúde, como do pa-
ciente. Uma consulta é concordante quando se trata de comunicação e informação de duas vias, e tomada de 
decisão compartilhada (12,29). 
O grau em que os pacientes querem ser envolvidos na tomada de decisões com o seu profissional de saúde é 
variável. Em alguns casos, o paciente, com o auxílio do profissional, toma uma decisão que as duas partes acham 
apropriado. Nesse caso o paciente é melhor informado, e apresenta mais chances de estar comprometido com o 
regime de tratamento e, portanto, a aderir melhor a terapia, já que se trata de uma decisão que ele tomou ativa-
mente para si mesmo (30). 
O farmacêutico, para ser comprometido com o conceito de concordância, deve ter em mente sua responsabili-
dadequanto a prestar informações, emitir sua opinião, escutar a opinião do paciente e respeitar sua autonomia 
na tomada de decisões, em vez de decidir por ele. Na realidade, o paciente sempre decide, mas sem comunica-
ção aberta frequentemente fará isso sem informar o farmacêutico ou o médico (11,12). 
A necessidade de conhecimento especializado e de opinião ainda 
é importante. Quill e Brody (31) defendem um modelo de “maior 
autonomia”, em que os melhores interesses do paciente são esti-
mulados pela troca ativa de ideias, discussão aberta e negociação 
das diferenças. Mesmo o paciente mais independente quer ouvir a 
opinião do seu profissional de saúde, e algumas pessoas preferem 
uma abordagem mais direcionadora (32). O farmacêutico precisa 
de flexibilidade e habilidade para abordar e explorar o que o pa-
ciente quer. 
“Tomando para si a abordagem 
da concordância, o papel do pro-
fissional de saúde centra-se em 
ajudar os pacientes com decisões 
que eles tomam para si mesmos, 
e apoiá-los através destas”
A concordância representa, portanto, um modelo radical de cuidado que desafia a maior parte do treinamento rece-
bido pelos profissionais de saúde. O conceito não pode ser simplesmente “aparafusado” ao comportamento tradicio-
nal. A fim de entender o que é necessário, precisamos examinar os processos de consulta em mais detalhes (11,12).
O que está acontecendo nas consultas tradicionais?
Os pacientes são geralmente passivos nas consultas. Os pacientes mais jovens e os homens brancos são mais 
propensos a participar de discussões sobre a medicação e os médicos mais jovens também parecem incentivar 
essa situação (33). Muitos pacientes têm suas próprias ideias sobre o que está errado e o que pode ter causado 
isso, mas eles nem sempre conseguem articulá-las (34). Profissionais de saúde normalmente fornecem informa-
ções de maneira regular. Contudo, em apenas 2% das consultas eles verificam o que os pacientes entenderam ou 
pensaram dessas explicações (35–37).
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Observações de consultas indicam que os profissionais raramente exploram ideias, preocupações e expectativas 
do paciente ou sua compreensão e intenções sobre a gestão de sua farmacoterapia (37). Estudos conduzidos 
através de registros das consultas mostraram que médicos acreditam que discutem questões de gestão mais fre-
quentemente do que é realmente o caso e, curiosamente, os pacientes também tendem a superestimar o quanto 
eles foram informados e envolvidos na consulta (32).
Os efeitos colaterais são um exemplo de uma preocupação que os pacientes gostariam de ser capazes de discutir 
melhor com seu médico ou farmacêutico (38). Paralelamente, esses profissionais mais comumente discutem os be-
nefícios e os mecanismos do medicamentos (33). Quando os pacientes levantam a questão dos efeitos colaterais, os 
profissionais são mais propensos a querer fugir do assunto ou mudar a medicação, do que entrar em uma discussão 
para ajudar os pacientes a comparar os possíveis efeitos indesejados com os benefícios previstos. Levinson (37) em 
seu estudo demonstrou que apenas 10% de consultas incluíram menção de quaisquer efeitos adversos.
Como fazer uma consulta diferente?
Melhor adesão é obtida por profissionais que prestam informações, participam de conversação ativa e pergun-
tam especificamente sobre a adesão (38). Calor humano, empatia, autorrevelação, ouvir atentamente os pontos 
de vista dos pacientes e oferecer apoio emocional resultam em maior satisfação, melhor adesão e menos proces-
sos judiciais (37,39,40). Os pacientes que se veem como parceiros ativos no processo apresentam melhor adesão 
e resultados terapêuticos (41). 
Criar uma atmosfera certa para permitir que tais discussões aconteçam é importante, mas nem sempre é fácil. 
Os pacientes são geralmente ansiosos quando estão doentes e ansiedade afeta negativamente a cognição. Muita 
informação ou falas muito rápidas também podem prejudicar esse processo. A avaliação minuciosa de diferentes 
opções pode ser igualmente estressante. Incerteza provoca ansiedade, especialmente para as pessoas com uma 
necessidade de altos níveis de controle (42,43). 
Pode-se observar que o processo de consulta é complexo e maximizar seu potencial terapêutico exige uma re-
lação baseada no respeito, com habilidades de comunicação consideráveis, ritmo cuidadoso e uma abordagem 
flexível para a condição, contexto e paciente (42,43).
Em resumo, uma consulta farmacêutica para revisão de medicação deve considerar o paciente como parceiro 
nesse processo, levantando suas experiências e pontos de vista, a fim de chegar a ideias concordantes. Lembre-se 
que a decisão é do paciente, e ele deve ter consciência sobre isso. Isso propiciará maior compromisso deste em 
relação ao seu tratamento e consequentemente maior adesão.
Tenha em mente que consciência, compromisso e habilidades são necessários para transformar a interação em 
uma verdadeira parceria, e a maioria dos pacientes, se não todos, se beneficiará desta abordagem. Para entender 
melhor como fazer isso, vamos conhecer um pouco mais sobre como a experiência de medicação do paciente 
pode afetar sua adesão ao tratamento.
26 O que é a experiência de medicação do paciente?
A experiência de medicação do indivíduo está relacionada com seu padrão de adesão, e explica ou justifica par-
cialmente os fatores que o levam a adotar esse comportamento em relação a terapia, ou seja, aderir ou não aderir.
O conceito é definido como a “experiência subjetiva de um indivíduo de tomar uma medicação 
em sua vida diária”, e segundo Shoemaker et al. (44,45) considera etapas comportamentais do 
indivíduo, como encontro e controle sobre a medicação.
Encontro: “agora eu dependo desses medicamentos”
A experiência de medicação é caracterizada pela primeira vez como um encontro com a medicação. Esse encon-
tro pode apresentar significado mesmo antes da sua ocorrência, através das crenças e experiências anteriores, 
que se desenvolvem durante a vida. 
O encontro inicial, ou seja o inicio de um novo tratamento, pode ser acompanhado por uma sensação de perder o 
controle, um sinal do envelhecimento, motivo de questionamento, e um encontro com o estigma. Muitos pacientes 
podem relatar frases indicativas de suas percepções, como por exemplo, que “Eu acreditava estar imune a doenças”, 
“Eu sinto que perdi o controle de minha saúde”, ou que tomar medicamentos indica que “Estou ficando velho(a)”.
“Perceba que a avaliação da 
experiência da medicação faz 
parte do processo de concor-
dância do paciente em relação 
a um determinado tratamento 
e influencia diretamente na 
adesão em longo prazo”
Os participantes geralmente atribuem um significado negativo para 
medicamentos quando inciam o tratamento ou quando começam a 
utilizar um número crescente de medicamentos crônicos. As primei-
ras reações ao iniciar uma medicação também podem ser moldadas 
pelas opiniões sociais sobre a doença. Por exemplo, a reação das pes-
soas ao ter que iniciar medicamentos psicotrópicos pode ser uma res-
posta para o estigma da doença mental.
Além disso, medicamentos, apesar de serem associados a benefícios 
farmacológicos, também são associados a efeitos colaterais desagradáveis. Isso tudo representa as respostas 
corporais de um indivíduo a um medicamento. E estas também podem influenciar de maneira importante a per-
cepção do paciente sobre seus medicamentos, que pode variar desde “um elixir mágico”, associado a recuperação 
de seu corpo saudável, neutralidade, ou a percepção de mais efeitos negativos do que positivos.
Ainda nessa concepção, a característica incessante, ou contínua de um tratamento também pode tem impacto 
sobre a impressão inicial do paciente, que pode se sentir “refém do medicamento”.
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Em resumo, a experiência de medicação de um individuo vai ser influenciada pelas informações 
e crençaspré-formadas existentes, pela ideia ou concepção que o uso de medicamento o remete, 
pelas suas respostas corporais, pelo controle do paciente sobre seu regime, e pela interpretação 
de tudo isso.
Controle: “Quando eu me sinto mal, daí eu tomo dois”
Crenças: “Esses medicamentos me fazem mais mal do que bem”
Após a etapa inicial, o paciente evolui com a capacidade de controle da gestão de sua medicação. Nesse processo 
o paciente já conhece os efeitos do medicamento em seu corpo, e questiona o quanto esses são positivos ou não, 
e decide sobre seu tratamento. A maioria dos pacientes acaba criando suas práticas de medicação.
Uma parte importante da experiência do paciente com os medicamentos depende de suas crenças. Não ape-
nas sua cultura e crenças religiosas, que também exercem grande influencia, mas sua percepção do quanto os 
medicamentos são necessários e/ou perigosos para sua saúde. Existe um instrumento chamado BaMQ (Beliefs 
about Medicines Questionnaire) que avalia esses aspectos (46). É interessante conhecer seus itens, que podem 
ser úteis para construção da consulta de revisão de medicação:
PERGUNTAS QUE AVALIAM A PERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DO MEDICAMENTO:
ITEM CONCORDO NÃO TENHO CERTEZA DISCORDO
Atualmente, a minha saúde depende destes medicamentos 
A minha vida seria impossível sem estes medicamentos 
Sem estes medicamentos, eu estaria muito doente 
A minha saúde no futuro dependerá destes medicamentos 
Estes medicamentos protegem-me de ficar pior 
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PERGUNTAS QUE AVALIAM AS PREOCUPAÇÕES LIGADAS AOS MEDICAMENTOS:
ITEM CONCORDO NÃO TENHO 
CERTEZA
DISCORDO
Ter que tomar estes medicamentos me preocupa 
Às vezes os efeitos em longo prazo destes medicamentos me preocupam 
Estes medicamentos são um mistério para mim 
Estes medicamentos perturbam a minha vida 
Às vezes me preocupo em ficar muito dependente destes medicamentos 
Estes medicamentos me dão efeitos secundários desagradáveis 
Os autores do BaMQ acreditam, e demonstraram, que quando as preocupações exercem um peso maior do 
que a percepção da necessidade (benefício) dos medicamentos, os pacientes tem um risco maior de não ade-
são, e costumam abandonar o tratamento com mais facilidade.
Assim, ainda que a adesão seja o resultado de um processo multifatorial, a experiência de medicação é uma ques-
tão importante a ser levantada e trabalhada durante as consultas. Discutir os benefícios do tratamento e também 
os seus riscos passam ao paciente confiança e credibilidade, e a compreensão do mesmo e posterior decisão, 
propiciam maior comprometimento com o tratamento em longo prazo.
A base do relacionamento farmacêutico-paciente, durante a revisão da medicação, deve estar na parceria e não 
na submissão, com ambos os agentes (farmacêutico e paciente) com papéis equivalentes, na troca de experiên-
cias e argumentação. Por fim lembre-se que o seu papel é fazer com que o paciente encontre a resposta, e apoi-
á-lo na sua decisão. 
ORIENTAÇÕES PARA UMA REVISÃO DE MEDICAÇÃO CENTRADA NO PACIENTE
Você deve adaptar seu estilo de consulta às necessidades individuais dos pacientes, para que todos os pacientes tenham a 
oportunidade de estar envolvido nas decisões sobre os seus medicamentos no nível que desejarem.
Estabeleça a forma mais eficaz de se comunicar com cada paciente. Se necessário, estude formas de tornar a informação 
acessível e compreensível (por exemplo, usando imagens, símbolos, letras grandes, diferentes linguagens).
Ofereça a todos os pacientes a oportunidade de se envolver na tomada de decisões sobre seus medicamento. Estabeleça o 
nível de envolvimento de acordo com a vontade do paciente.
Esteja ciente de que o aumento do envolvimento do paciente pode significar que o paciente decida não tomar ou deixar 
de tomar um medicamento. Se, na sua opinião isso puder causar dano, informações sobre os riscos e benefícios da decisão 
devem ser fornecidos ao paciente e registradas.
Aceite que o paciente tem o direito de decidir não tomar um medicamento, mesmo que você não concorde com a decisão. 
Isso desde que o paciente tome uma decisão informada, ou seja, tenha recebido todas as informações necessárias para 
fazer tal decisão.
Esteja ciente das preocupações dos pacientes, de sua experiência de medicação e se eles acreditam que precisam dos 
medicamentos, pois isso afeta como e se eles utilizam os medicamentos.
Ofereça aos pacientes informações relevantes para a sua condição, possíveis tratamentos e circunstâncias personaliza-
das, de maneira fácil de entender e livre de jargões.
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Reconheça a não-adesão como um problema frequente e que a maioria dos pacientes podem oscilar seu padrão de ade-
são. Rotineiramente avalie a adesão de forma não discriminatória durante a revisão de medicação.
Esteja ciente de que, embora a adesão possa ser melhorada, não existe intervenção única que possa ser recomendada para 
todos os pacientes. Adapte a sua intervenção as necessidades e dificuldades específicas do paciente.
Revise o conhecimento, entendimento e preocupações dos pacientes quanto aos seus medicamentos, atendendo às suas 
necessidades em intervalos individualizados, lembrando que estes podem mudar ao longo do tempo. 
Ofereça informações e conduza revisão periódica da medicação, em pacientes com condições crônicas, em uso de vários 
medicamentos.
Fonte: (12)
Como a complexidade do tratamento influencia a ade-
são?
Para muitas doenças crônicas, os estudos tem demonstrado que a adesão diminui à medida que a complexida-
de do regime terapêutico aumenta (isto é, o número de comprimidos por dose, o número de tomadas por dia, a 
necessidade de observar os requisitos rigorosos relativos à ingestão de alimentos, e a existência de requisitos 
especiais para ingestão de líquidos). 
Muitos profissionais de saúde acreditam que a carga de comprimidos influencia fortemente a adesão. No entan-
to, o efeito da carga de comprimidos na adesão está intimamente associado com o estadiamento da condição. 
Indivíduos sintomáticos percebem um maior risco de complicações da não adesão à medicação do que pacientes 
assintomáticos (47). 
Regimes terapêuticos e restrições alimentares ou necessidades específicas parecem ter uma influência mais pro-
eminente sobre a adesão do que a carga de comprimidos. No tratamento de várias condições, administração de 
1-2 vezes ao dia é preferível, mas nem sempre é possível (41,48). Por exemplo, uma revisão sistemática com me-
ta-análise, demonstrou que o aumento do número de tomadas foi associado com declínio importante da adesão, 
com 79% de adesão com uma tomada diária, 69% com duas, 65% com três e apenas 51% com quatro (48).
INFLUÊNCIA DO REGIME TERAPÊUTICO NA ADESÃO AOS MEDICAMENTOS
79%
1 X dia
2 X dia
3 X dia
4 X dia
69%
65%
51%
30 Paralelamente, outros estudos demonstram que o “ajuste” do regime terapêutico aos hábitos de vida e atitudes 
de um indivíduo podem ser preditores da adesão ao tratamento (24). É provável, porém, que menos doses não 
necessariamente permitam melhor “encaixe” dos medicamentos na agenda diária de um indivíduo. 
Na medida do possível, os regimes devem ser simplificados, reduzindo o número de comprimidos e a frequência da 
administração, minimizando interações medicamentosas e efeitos colaterais (24). O Instituto de Medicina America-
no propôs uma programação padronizada para especificar a administração de medicamentos (manhã, tarde, noite, 
antes de dormir), reconhecendo que 90% das prescrições são administradas em quatro tomadas ou menos (49).
Em resumo, as evidências indicam que regimes simplificados, que exigem menos comprimidos e 
menor frequências de administração melhoram a adesão. Além disso, a adequação dos medica-
mentos a rotina diária do paciente também parece ser importante.
De maneira prática a farmacoterapia deve ser revista com o paciente, adaptando a ingestão de comprimidos a 
sua rotina diária. Simplificações e aprazamentos são úteis para reduziro número de tomadas e podem facilitar 
a adesão, entretanto devem levar em consideração as recomendações específicas de cada medicamento e seu 
potencial para interações medicamentosas.
Pensando em aprazamento: será que é mesmo 
importante?
A fim de compreender a importância prática do aprazamento, considere o seguinte caso clínico abaixo.
Joana, 56 anos, costureira, hipertensa, diabética tipo 2 e dislipidêmica, 
comparece a farmácia para uma consulta farmacêutica para revisão de 
sua medicação.
“É difícil tomar a medicação no meio do dia”
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Medicamentos prescritos:
• Enalapril 20mg 12/12h
• Hidrocloroti azida 25 mg/dia
• AAS 100 mg/dia
• Glibenclamida 5mg após café e jantar
• Metf ormina 850 mg após café e jantar
• Sinvastati na a noite 40 mg
Parâmetros clínicos:
• Pressão Arterial: 150/90 mmHg (média de três medidas)
• Glicemia capilar 2 horas pós-prandial: 140 mg/dL (após almoço)
• Colesterol total (feito há 2 semanas): 190 mg/dL (laboratório)
Durante a consulta, a paciente relata que tem problemas para lembrar de tomar todos os medicamen-
tos. Quando ele explana sua roti na de medicação, indica que “o AAS, por exemplo, ela nunca lembra, 
pois está sempre fora de casa na hora do almoço e sente difi culdade de lembrar no trabalho”. Além 
disso, ela se queixa que “estava fazendo muito xixi a noite, o que atrapalha seu sono, por esse moti vo 
ela nem sempre uti liza a hidrocloroti azida”.
Sua roti na de medicação inicial está mostrada na fi gura abaixo:
A = antes da refeição (pelo menos 30 minutos); D = Durante ou imediatamente após a refeição; HD = Hora de Dormir.
MEDICAMENTO
7h30 
Café
12h30 
Almoço
16h 
Lanche
19h 
Jantar
22h 
Ceia
00h 
H.D.
A D A D A D A D A D
Enalapril 20 mg 1 1
Hidrocloroti azida 25 mg 1
AAS 100 mg 1
Glibenclamida 5 mg 1 1
Metf ormina 850 mg 1 1
Sinvastati na 20 mg 1
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TOMADAS/
DIA
32 Será possível reduzir a complexidade do regime terapêuti co de Joana, facilitando, ou mes-
mo resolvendo, seu problema de adesão aos medicamentos?
Perceba que Joana apresenta um regime terapêuti co com alto índice de complexidade, com ingestão diária reco-
mendada de 9 comprimidos, distribuídos em 5 horários de tomada. Essa situação a leva a esquecer o uso diário do 
AAS, indicado neste caso para prevenção primária de eventos cardiovasculares, em pacientes de alto risco. Além 
disso, o efeito diuréti co da hidrocloroti azida está atrapalhando seu sono, um evento desagradável esperado, o 
que leva a paciente a problemas de adesão também a esse medicamento. Isso, inclusive, pode ser a causa da sua 
pressão arterial alterada (150/90 mmHg).
A farmacêuti ca Ana, que realizou a consulta de revisão da medicação de 
Joana, defi ne então com a paciente o seguinte plano:
Como a paciente consome normalmente um café da manha reforçado, 
ela indica que o AAS pode ser administrado após essa refeição, já que a 
indicação é que esse medicamento seja administrado após uma refeição, 
para reduzir risco gastrointesti nal, entretanto, essa refeição não precisa 
ser necessariamente o almoço. Assim fi caria mais fácil lembrar de tomá-lo.
Ela questi ona sobre sua roti na de trabalho como costureira, e Joana sugere que essa é tranquila, e que 
normalmente ele apenas supervisiona o trabalho. Então a farmacêuti ca sugere que a paciente tente 
uti lizar a hidrocloroti azida também de manhã, pois dessa maneira o medicamento exerceria sua ação 
durante o dia, sua pressão fi caria melhor controlada e ela não teria problemas com o sono.
Além disso, Ana acorda a alteração do horário de administração do enalapril e da sinvastati na, para po-
tencializar sua efi cácia, minimizar efeitos adversos e reduzir o número de tomadas diárias:
MEDICAMENTO
7h30 
Café
12h30 
Almoço
16h 
Lanche
19h 
Jantar
22h 
Ceia
00h 
H.D.
A D A D A D A D A D
Enalapril 20 mg 1 1
Hidrocloroti azida 25 mg 1
AAS 100 mg 1
Glibenclamida 5 mg 1 1
Metf ormina 850 mg 1 1
Sinvastati na 40 mg 1
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Regime terapêuti co fi nal:
Fechamento
Ana presta as orientações fi nais a Joana, revê com ela sua roti na de medicação e se certi fi ca de sua 
compreensão e concordância, e lhe entrega sua declaração de serviços farmacêuti cos. Seu retorno é 
agendado após 30 dias.
Acompanhamento
Joana retorna a farmácia e indica que está uti lizando seus medicamentos conforme o combinado. Du-
rante a revisão de sua roti na, ela é capaz de descrever o regime adequadamente.
Pressão Arterial na consulta: 130/85 mmHg
Conclusão
Joana apresentava difi culdades de adesão a alguns medicamentos, entretanto com a orientação e apra-
zamento de seu regime terapêuti co, houve redução da complexidade e resolução dos problemas que a 
levavam a esquecer a medicação. Como resultado, ela evoluiu com normalização dos valores de pres-
são arterial na consulta de retorno.
Esta é uma das condutas possíveis a serem realizadas durante a revisão da medicação de um paciente.
MEDICAMENTO
7h30 
Café
12h30 
Almoço
16h 
Lanche
19h 
Jantar
22h 
Ceia
00h 
H.D.
A D A D A D A D A D
Enalapril 20 mg 1 1
Hidrocloroti azida 25 mg 1
AAS 100 mg 1
Glibenclamida 5 mg 1 1
Metf ormina 850 mg 1 1
Sinvastati na 20 mg 1
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TOMADAS/
DIA
34 Formas farmacêuticas: elas podem dificultar a adesão 
ao tratamento
Muitas pessoas são não aderentes porque tem dificuldades reais de manusear, administrar e utilizar determina-
dos medicamentos (fatores involuntários). Principalmente entre os idosos, perdas na capacidade cognitiva e mo-
tora pode tornar algumas tarefas simples difíceis de realizar. Chamamos à capacidade de realizar o tratamento de 
“capacidade de gestão da farmacoterapia”. Certificar-se de que os pacientes apresentam essa capacidade é uma 
parte importante da avaliação da adesão aos medicamentos.
 
Exemplos de dificuldades na utilização dos medicamentos:
Tirar comprimidos do blister Usar o frasco conta gotas Preparar a dose do líquido
É importante identificar também os chamados “Medicamentos ou Especialidades Farmacêuticas Complexas 
(EFC)”. São aquelas cuja utilização exige o aprendizado de uma técnica ou processo, ligada ao preparo prévio da 
forma farmacêutica ou à administração do medicamento. As EFC fazem com que o tratamento seja mais difícil de 
cumprir, o que pode reduzir à adesão terapêutica (50). A consulta de revisão de medicação pode ser uma ótima 
oportunidade de se certificar que o paciente utiliza corretamente este tipo de medicamento.
Várias vias de administração podem estar relacionadas ao uso de uma EFC. Normalmente, assume-se que as formas 
farmacêuticas tradicionais sólidas (comprimidos, drágeas, cápsulas), semissólidas (cremes, pomadas, géis) e líqui-
das (soluções, suspensões, xaropes), utilizadas por via oral ou tópica são as mais simples de serem utilizadas pelo 
paciente e, por isso, com menor risco de erros (50). A seguir há uma lista de medicamentos que se enquadram na 
categoria de EFC.
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Especialidades farmacêuticas complexas e vias de administração
Existem diversos vídeos e materiais educativos disponíveis na internet, que podem ajudar no processo de educa-
ção dos pacientes para estes medicamentos. Recomendamos consulta ao site Farmacêutico Clínico (http://www.
farmaceuticoclinico.com.br) para acesso gratuito a esses recursos. Informações escritas sobre o modo correto de 
administração destes medicamentos estão em diversas obras publicadas, entre elas a citada neste Manual (50).
Durante a consulta de revisão da medicação, para saber se seu paciente passa por alguma desses dificuldades, 
faça perguntas simples sobre sua rotina com os medicamentos, como a seguir:
“O(a) senhor(a) sente dificuldade para abrir ou fechar a embalagem dos medicamentos?”
“Sente dificuldade para ler o que está escrito na embalagem?”
“Sente dificuldade para tirar os comprimidos do blister?”
“Acha difícil engolir os comprimidos?Consegue tomar todos de uma vez?”
“O(a) senhor(a) parte algum comprimido antes de tomar?”
“Sente dificuldade para usar o frasco conta gotas?”
“Sente dificuldade para pingar o colírio?”
VIA DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIALIDADE FARMACÊUTICA COMPLEXA
Oftálmica
Colírio
Pomada oftálmica
Otológica
Gotas otológicas
Suspensão otológica
Nasal
Gotas nasais
Spray nasal
Inalatória
Aerossol dosimetrado
Inalador de pó seco
Retal Enema
Supositório
Vaginal
Anel vaginal
Creme, pomada, gel vaginal
Comprimido vaginal
Óvulo
Dermatológica
 
Adesivo transdérmico
Esmalte
Emplastro
Oral Suspensão extemporânea
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Posso usar os registros da farmácia para avaliar a adesão?
A avaliação do histórico de dispensações é uma forma objetiva, simples e de baixo custo para conhecer o compor-
tamento do paciente na retirada de medicamentos nas farmácias e drogarias. Conhecendo o número de compri-
midos que devem ser retirados pelo paciente para cumprir o tratamento, em um determinado período de tempo, 
e o número de comprimidos que ele efetivamente retirou, é possível estimar sua adesão ao tratamento. Esta for-
ma de medir a adesão é equivalente ao conceito de “Taxa de Posse dos Medicamentos” ou, no inglês, “Medication 
Possession Ratio (MPR)”. 
Por outro lado, uma barreira para utilização deste indicador pode ser a ausência de um registro 
consistente das vendas realizadas a um cliente, a ausência do próprio cadastro do cliente e o fato 
do cliente poder comprar seus medicamentos em várias farmácias diferentes todos os meses.
A taxa de retirada dos medicamentos indica a disponibilidade do produto e a disposição do paciente em cumprir 
o tratamento, ainda que não garanta que o paciente efetivamente esteja utilizando os medicamentos que retira. 
Assim, é desejável que este parâmetro seja usado apenas como informação complementar em uma consulta de 
revisão da medicação.
A Taxa de Retirada pode ser calculada com a seguinte fórmula, para cada medicamento em uso pelo paciente:
Número de comprimidos retirados no período
Número de comprimidos que deveriam ser retirados
X 100 = % Retirada
A taxa de retirada é uma variável que pode variar de 0 a 100. Assim, é possível avaliar a mudança no parâmetro 
ao longo do tempo, por exemplo, em dois períodos diferentes de 6 meses. Outra forma de avaliar é estabelecer 
pontos de corte para uma adesão boa, regular ou ruim. Com base na literatura, pacientes que apresentam uma 
taxa de retirada >80% podem ser considerados “aderentes”, uma vez que para a maioria dos tratamentos, há uma 
relação entre esta taxa de adesão e resultados terapêuticos positivos. Taxa entre 70% e 80% é considerada “Ade-
são Regular” e resultados <70% são considerados “Baixa Adesão” (51). Como exceção, este ponto de corte pode 
não ser adequado para alguns tipos de tratamento, particularmente tratamentos com antibióticos ou para HIV/
AIDS. A Figura a seguir mostra como interpretar estes resultados.
“Sente dificuldade para fazer a medida do xarope?”
“Me mostre como o(a) senhor(a) aplica a insulina”
“Me mostre como o(a) senho(a) utiliza a bombinha para o pulmão”
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Devo utilizar um questionário para avaliar a adesão?
Nenhum questionário padronizado, usado em pesquisas, costuma ser realmente útil na prática. Por outro lado, 
conhecer as questões dos principais questionários é útil para se construir um repertório próprio de perguntas. 
Construir um roteiro próprio de anamnese.
A fim de identificar um paciente com não adesão, conduza um diálogo aberto sobre os medicamentos e procure 
conhecer a rotina de medicação do paciente, além de investigar comportamentos como os descritos anterior-
mente. Caso você disponha de sistema informatizado na farmácia, você pode também levantar o história de com-
pras de medicamentos.
Quando fizer perguntas diretas sobre adesão, nunca faça a seguinte pergunta: “o senhor está tomando os medi-
camentos corretamente, não está?”. A maioria dos pacientes responde “sim” apenas para agradar ou não contra-
riar o profissional da saúde.
Prefira perguntas que permitam conhecer como o paciente realmente faz seu tratamento, por exemplo:
“como o(a) senhor(a) toma seus medicamentos?”
“me conte sobre sua rotina com os remédios, em quais horários toma?”
“na última semana, quantas vezes se esqueceu de tomar o medicamento?”
Boa adesão aos 
medicamentos
Adesão Regular
Baixa adesão
100 - NÍVEL ÓTIMO
80 - FAIXA DE RISCO
60
90 - PODE MELHORAR
70 - REQUER INTERVENÇÃO
50
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“como o(a) senhor(a) faz para se lembrar de tomar todos os seus remédios?”
“o(s) senhor(a) acha que seus remédios estão funcionando bem?”
“tem algum medicamentos destes que o(a) senhor não goste?”
“alguém ajuda o(a) senhor(a) a tomar seus medicamentos?”
“onde o(a) senhor(a) guarda seus medicamentos em casa?”
“o(a) senhor(a) deixa de tomar seu medicamento quando se sente melhor?”
“o(a) senhor(a) deixa de tomar seu medicamento quando se sente mal ou doente?” 
“o(a) senhor(a) esquece de ir à farmácia pegar seus medicamentos?”
“o(a) senhor(a) deixa acabar seus medicamentos?”
“o(a) senhor(a) deixa de adquirir seu medicamento por causa do preço muito caro?”
Ferramentas que podem ajudar na adesão aos 
medicamentos
Organizadores de comprimidos
Organizadores de comprimidos são compartimen-
tos com divisões específicas, para armazenamento 
fracionado dos medicamentos. Essas ferramentas 
podem auxiliar na organização da medicação de 
pacientes com regimes terapêuticos complexos, 
que frequentemente esquecem doses e/ou dificul-
dades de compreensão e leitura (50). 
Os organizadores também apresentam potencial 
para reduzir erros de medicação por parte do pa-
ciente. Além disso, eles permitem a checagem da 
utilização dos medicamentos diários, evitando con-
fusões do tipo, “tomei ou não meu comprimido?”. No 
mercado Brasileiro, existem opções comerciais de 
organizadores diários e semanais (50). 
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Iniciativas domésticas de organização do regime terapêutico apresentam igual benefício, com a elaboração do 
próprio organizador de comprimidos, a partir de materiais comuns, como copos plásticos, embalagens, envelo-
pes, podem ajudar quando as opções comerciais não são possíveis. 
A vantagem dessa opção é que as características individuais do paciente podem ser levadas em conta, como por exem-
plo a dificuldade de leitura, que pode ser adaptada com uso de números caso o paciente saiba ler e interpretar núme-
ros) e cores.
É necessário considerar que, para que tais ferramentas sejam realmente efetivas, é necessário higiene em re-
lação ao seu uso, pois o risco de contaminação existe, já que normalmente os comprimidos são fracionados ou 
retirados de sua embalagem primária. Além disso, para pacientes com limitações (cognitivas, visuais, baixo letra-
mento) a presença de uma segunda pessoa, ou seja a figura do cuidador, é fundamental, pois a ferramenta exige 
organização diária ou semanal.
A tabela a seguir traz alguns modelos de organizadores disponíveis no mercado. A partir do nome de marca é pos-
sível encontrá-los com facilidade por meio de sites de busca na internet. No site http://www.epill.com/ é possível 
encontrar vários dos modelos importados (50).
ALGUNS ORGANIZADORES DE COMPRIMIDOS DISPONÍVEIS NO BRASIL
MARCA ORIGEM TIPO
Pill Box G-Life® Nacional Diário
Medtime XL® Importado Diário
MedGlider® Importado Diário
Times Medication® Importado Diário
CompuMed® Importado Mensal
Medcenter System® Importado Mensal
Accupax® Importado Mensal
Porta Comprimidos Hora Certa® Nacional Semanal
Porta Med Super® Nacional Semanal
Pill Box Pb 2000® Nacional Semanal
Medication Manager® Importado Semanal
7 Days & Reminder® Importado Semanal
Weekly PillBox® Importado Semanal
CADEX® Importado Semanal
Calendários posológicos
Os calendários posológicos são artifícios para organizar a farmacoterapia do paciente, de maneira prática, de 
acordo com sua rotinadiária. Eles consistem primordialmente de uma lista dos medicamentos prescritos, jun-
tamente com seu horário de tomada e podem ajudar o paciente a visualizar de maneira global e compreender 
melhor seu tratamento (50).
40 Essas ferramentas são particularmente importantes para pacientes não-aderentes não-intencionais, que apre-
sentam dificuldades na compreensão e seguimento de sua prescrição. Entretanto, como nos organizadores de 
comprimido, não se aplicam em todos os casos, e só devem ser utilizados se evidenciada a necessidade do pa-
ciente. O farmacêutico deve lembrar-se que a organização do regime pode ser realizada na própria declaração 
de serviços farmacêuticos.
Imagem gentilmente cedida pelo Serviço Ambulatorial de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas do Paraná, como 
exemplo de como construir um calendário posológico.
Aplicativos para celulares e tablets
Existem vários aplicativos gratuitos para ajudar os pacientes a organizar sua lista de medicamentos e horários de 
administração. A maioria deles conta com sistema de alarme que ajuda o paciente a se lembrar de uma dose. São 
ferramentas valiosas e o farmacêutico deve estimular os pacientes a utilizá-las. Por outro lado, pessoas sem aces-
so a smartphones ou com poucas habilidades com tecnologia terão dificuldade em adotar este tipo de recurso.
PLANO PERSONALIZADO DE ACONSELHAMENTO AO PACIENTE
Nome do paciente Data / /
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EXEMPLOS DE APLICATIVOS PARA ORGANIZAÇÃO DOS MEDICAMENTOS - PACIENTES
HORA DO 
MEDICAMENTO
CAIXA DE REMÉDIOS
LEMBRETE DE 
MEDICAMENTOS
RESUMO: DICAS PARA PROMOVER A ADESÃO AO TRATAMENTO
Ajude o paciente a organizar os horários de sua medicação. Facilite a posologia, reduza ao máximo possí-
vel o número de tomadas ao dia. Encaixe o tratamento na rotina do paciente, não a rotina do paciente no 
tratamento.
Facilite o acesso. Oriente o paciente sobre genéricos, opções mais baratas, farmácia popular. Converse 
abertamente com o paciente sobre o custo do tratamento e o impacto dele no orçamento da família.
Ajude o paciente a se lembrar. Se o paciente se esquece de tomar os medicamentos, vários recursos po-
dem ajudar. Alarmes no relógio ou celular, calendários fixados na geladeira, organizadores de comprimidos 
(ajudam a ter certeza se uma dose foi tomada). Muitas vezes guardar os medicamentos em um local visível 
e a construção de uma rotina são suficientes.
Entenda que o comportamento é um resultado. Procure entender as crenças, os medos e as expectativas 
do paciente. Perceba se sua atitude é positiva ou negativa para com os medicamentos. Identifique quais 
desses aspectos influenciam mais a forma como o paciente ‘faz’ o tratamento. Converse com ele aberta-
mente sobre esses pontos e não julgue.
Ajude o paciente a entender. Oriente o paciente sobre os benefícios do tratamento. Equilibre com os ris-
cos. Trabalhe com ele poucos pontos a cada vez. Peça ao paciente que repita suas orientações, para ter 
certeza de que entendeu. Entregue as orientações mais importantes por escrito. Tenha em mente que o 
objetivo é tornar o paciente uma pessoa independente e capaz de tomar decisões por conta própria. 
Pense no longo prazo. Seja o melhor parceiro do paciente em seu tratamento. Estabelecer um relacionamen-
to sincero, honesto, faz toda diferença. Para isso é preciso escutar, mais do que falar. Quando o paciente esti-
1.
2.
3.
4.
5.
6.
42 ver falando, escute para entender, não para responder. Lembre-se que confiança se constrói com tempo, mas 
pode se acabar em minutos. Tenha paciência e persistência com aqueles que parecem não estar preocupados 
com suas orientações, que são mais resistentes. São estes que mais precisam da sua ajuda.
Mantenha o foco nos resultados do tratamento. Não se esqueça de que o sucesso do tratamento não se 
mede pelo número de comprimidos tomados, mas pela mudança obtida no estado de saúde. Procure en-
tender o que se passa com a saúde do paciente e converse com ele/ela sobre as preocupações que você 
tem enquanto farmacêutico.
7.
Adesão aos Medicamentos
POR QUE ALGUNS PACIENTES NÃO UTILIZAM OS 
MEDICAMENTOS CONFORME A PRESCRIÇÃO? 
• Eles não querem - não-adesão intencional
• Eles têm problemas práticos - não-adesão não inten-
cional 
O que pode ser feito sobre isso? 
• Verifique se o paciente:
Recebeu as informações que necessitava quando 
os medicamentos foram prescritos e dispensa-
dos. 
O paciente discutiu e entendeu essa informação?
• Não presuma que folhetos informativos irão atender 
todas as necessidades dos pacientes. 
• Direcione o paciente a fontes confiáveis de informa-
ção e apoio após a consulta 
• Aumente o envolvimento do paciente na tomada de 
decisões 
• Descubra o que o paciente espera do tratamento.
• Ouça e observe quaisquer sinais não-verbais e não 
faça suposições sobre as preferências dos pacientes 
para o tratamento. 
• Explique a condição clínica do paciente de forma cla-
ra e auxilie os paciente a tomar decisões com base 
em benefícios e riscos prováveis em vez de possíveis 
equívocos. 
COMPREENDA A PERSPECTIVA DO PACIENTE 
Pergunte ao paciente sobre o que ele sabe e acredita 
sobre seus medicamentos, incluindo quaisquer preocu-
pações (por exemplo, efeitos adversos ou dependência) 
e aborde estas questões. 
• O que vai acontecer se não tomar o medicamento 
• Alternativas não-farmacológicas 
• Reduzir ou parar medicamentos a longo prazo 
• Introdução de medicamentos em sua rotina diária
• Escolher entre medicamentos possíveis
• Se o paciente tem preocupações específicas, resuma 
a discussão.
Fornecer informações claras 
• O que é cada medicamento, como utilizá-lo e prová-
veis benefícios 
• Eventos adversos possíveis e o que fazer se eles 
acontecerem
• O que fazer se uma dose for omitida 
Avalie a adesão
• Sempre que você fizer revisão dos medicamentos:
Pergunte ao paciente se eles esqueceram doses 
recentemente:
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Comece pelo básico - o paciente pode gerir os seus medicamentos?
• Incentive e apoie o paciente, seus familiares e cuida-
dores a manter uma lista atualizada de medicamen-
tos prescritos e não prescritos, alergias ou reações 
adversas 
AVALIAÇÃO DO PACIENTE
Quem é responsável pela administração de 
medicamentos?
Por exemplo, autoadministração, cuidador
Como é o acesso do paciente a seus medicamentos?
O paciente é incapaz de gerir a sua medicação? 
Por exemplo devido a:
• Regime terapêutico complexo
• Excesso de prescrições
• Esquecimento / diagnóstico de demência
• Estilo de vida caótico
• Dificuldade em engolir
• Problemas na destreza manual
• Visão deficiente
• Não é capaz de ouvir, ler ou compreender as orien-
tações
Determine um tempo específico (por exemplo, 
na semana passada)
Explique por que você está perguntando
Pergunte sobre hábitos de tomada de medicação
Não atribua culpa ao paciente
• Usar registros de dispensação de medicamentos 
para identificar, sempre que possível, a não-adesão 
e os pacientes que precisam de apoio.
Acompanhe
• Em intervalos acordados reveja o conhecimento, 
compreensão e preocupações dos pacientes sobre 
seus medicamentos.
POTENCIAIS SOLUÇÕES
Estabelecer se a não-adesão é relacionada a crenças, 
preocupações ou problemas práticos, e abordá-los.
• Simplificar o regime posológico - existe alguma du-
plicidade terapêutica? Existem medicamentos de 
valor clínico limitado ou de benefício improvável, 
devido a expectativa de vida?
• Se os eventos adversos são um problema:
Discutir os benefícios, efeitos colaterais e efei-
tos a longo prazo,
Considerar o ajuste da dose, a mudança para 
outro medicamento, e outras estratégias, como 
alteração do ou forma de administração.
• Sugerir que os pacientes registrem as tomadas de 
seus medicamentos e monitorem sua condição clíni-
ca.
ACEITE QUE O PACIENTE: 
Pode ter um ponto de vista diferente do profissio-nal de saúde sobre os riscos, benefícios e efeitos 
colaterais.
• Tem o direito de decidir não tomar um medica-
mento, desde que tenha recebido a informação 
necessária para tomar uma “decisão informada”. 
LEMBRE-SE 
Uma conversa franca e aberta é sempre a melhor ma-
neira de abordar questões relacionadas a não-adesão
44
• Não consegue utilizar dispositivos de administração 
de medicamentos, por exemplo, inaladores, gotas 
para os olhos, etc.
O paciente é intencionalmente não aderente? 
Por exemplo devido a:
• Medicamentos não necessários (especialmente medi-
camentos para uso se necessário), por exemplo, anal-
gésicos.
• Medicamento ineficaz
• Falta de compreensão da indicação / importância do 
tratamento
• Falta de efeitos visíveis imediatos / benefícios
• Efeitos colaterais desagradáveis
• Indicação pouco clara
• Instruções de administração complexas por exemplo 
bisfosfonatos, varfarina
O paciente está utilizando outro medicamento, por exem-
plo, produtos de origem vegetal, medicamentos de outra 
pessoa?
Quais são as ferramentas de apoio disponíveis?
• Dispositivos para auxiliar a administração de colírios 
para os olhos, inaladores, etiquetas, calendários po-
sológicos, organizadores de comprimidos, panfletos 
informativos, lembretes, mensagens de texto.
Uma preparação líquida ou solúvel pode ser mais 
apropriada?
• Considere as implicações nos custos, especificações 
do produto, preparações comerciais disponíveis.
• Se comprimidos ou cápsulas estão sendo triturados 
/ abertos, considere impacto sobre as característi-
cas do produto, como: estabilidade, propriedades de 
liberação, revestimento, dentre outros.
Como avaliar os efeitos adversos de um tratamento?
Efeitos adversos estão associados a elevada morbimortalidade, e constituem uma importante causa de interna-
mentos hospitalares, abandono do tratamento e custos em saúde.
No procedimento padrão da consulta de revisão da medicação, é importante investigar possíveis efeitos adver-
sos dos medicamentos, tanto quanto a adesão ao tratamento. A seguir veremos como isso pode ser feito.
Entendendo a cascata de prescrição
Cascatas de prescrição ocorrem quando um novo medicamento é prescrito para tratar os sintomas decorrentes de 
um efeito adverso não reconhecido, relacionado a uma terapia prescrita anteriormente (52). O paciente é então ex-
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posto a risco adicional relacionado com o novo e potencialmente desne-
cessário tratamento. Idosos com doenças crônicas e múltiplas terapias 
com drogas estão particularmente em risco de receberem prescrição em 
cascata. 
Sintomas induzidos por medicamentos em idosos podem ser facilmen-
te mal interpretados como uma nova condição ou podem ser atribuí-
dos ao próprio processo de envelhecimento. Esta má interpretação é 
particularmente provável quando os sintomas induzidos pelos medi-
camentos são indistinguíveis de doenças comuns em idosos. Exemplos 
selecionados de cascatas de prescrição são descritos abaixo.
EXEMPLOS DE CASCATA DE PRESCRIÇÃO
TERAPIA INICIAL
EVENTO ADVERSO A 
MEDICAMENTOS (EAM)
TERAPIA SUBSEQUENTE
POSSÍVEL EFEITO 
RELACIONADO A NOVA 
TERAPIA
Antipsicóticos
Sinais e sintomas 
extrapiramidais
Medicamentos 
anti-parkinsonianos
Hipotensão ortostática, 
delírio
Inibidores de colinesterase Incontinência urinária
Tratamento para 
incontinência
Diarreia e incontinência 
urinária
Diuréticos tiazídicos Hiperuricemia Tratamento de gota
Rash cutâneo, diarreia, 
náuseas
Anti-inflamatórios não 
esteroidais
Aumento da pressão arterial
Medicamentos 
anti-hipertensivos
Hipotensão
Detectando reações adversas na revisão da medicação
Em um estudo desenvolvido em nível de cuidados primários, com 661 pacientes, evidenciou-se que os sintomas 
mais comumente ligados a medicamentos foram: problemas gastrointestinais, problemas no sono, problemas 
sexuais, dor de cabeça, fadiga, tonturas e problemas de equilíbrio, alterações de humor e erupções cutâneas ou 
prurido, indicando que a investigação desses sintomas durante a revisão de medicação pode fornecer pistas so-
bre a possível ocorrência de efeitos adversos (53).
Todavia, lembre-se, que em muitos casos o questionamento dos sintomas pode induzir o pa-
ciente a uma resposta positiva, portanto o questionário só deve ser aplicado após pergunta 
aberta, relativa a possíveis sintomas relacionados aos medicamentos.
46 ESTRATÉGIA PARA RASTREAMENTO DE EFEITOS ADVERSOS
1. O(a) senhor(a) esta sentindo algum sintoma desagradável que relacione com o uso de algum dos seus 
medicamentos?
2. Agora listarei uma série de sintomas, e gostaria que o(a) senhor(a) avaliasse, se algum deles lhe incomoda, e 
se percebeu relação com algum medicamento:
SINTOMA PRESENÇA MEDICAMENTO
Problemas no sono ( ) Sim ( ) Não
Alterações no humor ( ) Sim ( ) Não
Problemas gastrointestinais ( ) Sim ( ) Não
Tonturas ou problemas no equilíbrio ( ) Sim ( ) Não
Dor de cabeça ( ) Sim ( ) Não
Fadiga ( ) Sim ( ) Não
Dor muscular ( ) Sim ( ) Não
Incontinência urinária ( ) Sim ( ) Não
Problemas sexuais ( ) Sim ( ) Não
Vermelhidão ou prurido (coceira) ( ) Sim ( ) Não
Outros ( ) Sim ( ) Não
O que fazer quando um paciente relata um queixa (possível efeito adverso)
Sempre que houver a suspeita de um sinal/sintoma relacionado a um medicamento, o farmacêutico deve realizar 
a correlação temporal com o sintoma e a anamnese detalhada do mesmo. Isto é, levantar e registrar o que vem a 
ser chamado na clínica de HDA (história da doença atual) ou HQP (história da queixa principal).
Para isso, as seguintes características devem ser consideradas: tempo, localização, qualidade ou característica, 
quantidade ou gravidade, ambiente, fatores que agravam ou aliviam, sintomas associados.
Tempo
Qualidade ou característica
Ambiente
Localização
Quantidade ou gravidade
Fatores que agravam ou que aliviam
Sintomas associados
Início, duração e frequência dos sintomas
Área precisa dos sintomas
Leve, moderada ou grave
O que o paciente estava fazendo quando os sintomas ocorreram
Fatores que fazem com que os sintomas melhorem ou que fiquem piores
Outros sintomas que ocorrem com os sintomas primários
Termos descritivos específicos sobre o sintoma 
(ex. dor aguda, catarro com presença de sangue)
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Para facilitar a compreensão, observe o seguinte exemplo:
Senhor Francisco, 63 anos, durante sua consulta para revisão da medicação, 
relata estar sentindo um pouco de sonolência nesses últimos dias.
“Ando muito sonolento durante o dia”
Quando questionado sobre sua farmacoterapia, ele relata estar em uso de:
• Enalapril 20 mg/dia
• Anlodipino 5 mg/dia
• Hidroclorotiazida 25 mg/dia
• Levotiroxina 50 mcg/dia
• Dexclorfeniramina 2 mg/dia
De posse dessas informações, deve ser avaliada a relação temporal do sintoma, e a avaliação de possível correlação 
com algum de seus medicamentos:
Seu Francisco, o senhor iniciou algum dos seus medicamentos recentemente?
- Estou mudando de casa, e minha alergia do nariz acabou piorando, por isso, então comprei um remédio, faz 10 dias.
Há quanto tempo o senhor esta sentindo essa sonolência?
- Olha, acredito que há mais ou menos uma semana.
Com que frequência o senhor se sente assim?
- Todo dia.
Isso tem incomodado muito o senhor?
- Está atrapalhando bastante minha rotina diária. Fico até sem sair de casa.
O senhor já notou se alguma coisa que o senhor faz melhora ou piora o sintoma?
- Não sei muito bem, mas acho que pioro de manhã, depois de tomar os remédios.
Além da sonolência, o senhor sente mais alguma coisa?
- Estou sentindo um pouco de tontura.
E os sintomas de alergia, o senhor sente com que frequência?
- Às vezes apenas, normalmente me sinto bem, mas com essa mudança, está difícil.
Após avaliação global do sintoma, você deduz que a sonolência, associada à tontura, pode

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