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Empreendedorismo
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Professora conteudista: Lérida Malagueta
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Sumário
Empreendedorismo
Unidade I
1 CONCEITUANDO O EMPREENDEDORISMO ..............................................................................................1
1.1 O que o levou a criar sua empresa? .................................................................................................3
1.2 O processo empreendedor ...................................................................................................................7
2 DADOS HISTÓRICOS DO EMPREENDEDORISMO ...................................................................................9
2.1 A revolução do empreendedorismo ...............................................................................................11
2.2 O movimento empreendedor no Brasil ....................................................................................... 14
3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................................................ 16
Unidade II
4 COMO O EMPREENDEDOR TRATA UMA OPORTUNIDADE .............................................................. 24
5 PLANO DE NEGÓCIO ...................................................................................................................................... 28
6 COLOCANDO O PLANO DE NEGÓCIO EM PRÁTICA – RECOMENDAÇÕES ................................. 38
Unidade III
7 INTRAEMPREENDEDORISMO ...................................................................................................................... 41
8 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................................................ 46
8.1 Aspecto intraempreendedor mais forte: os canais de comunicação .............................. 47
8.2 Empreendedorismo e tecnologia ................................................................................................... 52
Unidade IV
9 INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE ........................................................................................................................ 58
9.1 Tipos de inovação ................................................................................................................................. 60
9.2 O desafio da mudança ....................................................................................................................... 61
9.3 Identificando e aproveitando as oportunidades ..................................................................... 62
9.4 Risco e segurança ................................................................................................................................. 63
10 INVENÇÃO E INOVAÇÃO ............................................................................................................................ 64
10.1 Fatores que possibilitam a inovação .......................................................................................... 65
10.2 Bloqueadores da inovação ............................................................................................................. 67
11 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................................................... 68
12 CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE CASOS ...................................................................................... 80
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1 CONCEITUANDO O EMPREENDEDORISMO
O processo empreendedor tem sido largamente desenvolvido 
no país nas últimas duas décadas, expandindo-se vigorosamente 
a partir dos anos 90. Muitos fatores podem justificar esse 
movimento em um sistema capitalista. No que se refere ao 
Brasil, a preocupação com a criação de pequenas e médias 
empresas que desfrutem de longevidade produtiva, sem sombra 
de dúvida, é o maior fator motivador para apoiar-se no conceito 
empreendedor, resultando assim em sua popularidade.
O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, 
se antecipa aos fatos e tem uma visão de futuro da 
organização.
(José Dornelas, 2008)
Por meio do envolvimento de pessoas e processos, cria-se 
uma leitura sistêmica do ambiente, gerando oportunidades. O 
correto aproveitamento por meio da implantação de ações sobre 
essas oportunidades culmina em negócios de sucesso.
Segundo Joseph Schumpeter (1949): “O empreendedor é 
aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução 
de novos produtos e serviços e pela criação de novas formas de 
organização ou pela exploração de novos recursos e matérias”. Ou 
seja, é conhecido como aquele que cria novos negócios, porém, 
não inéditos, mas, sim, aplicando inovações em empresas ou 
processos já anteriormente constituídos, visando à diminuição 
da mortalidade empresarial. Outra forma de vê-lo é por meio 
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da capitalização da oportunidade detectada, assumindo riscos 
calculados, criando equilíbrio em um ambiente turbulento.
De acordo com Dornelas (2008): Em qualquer definição sobre 
o empreendedor, encontram-se pelo menos as características 
abaixo:
1. tem iniciativa para criar um negócio e paixão pelo que 
faz;
2. utiliza recursos disponíveis de forma criativa transformando 
o ambiente onde vive;
3. aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de 
fracassar.
Em alguns casos o processo empreendedor pode ser 
considerado revolucionário, como o ocorrido com Bill Gates, o 
criador da Microsoft, mudando a forma de interação com os 
softwares através do Windows. Contudo, é natural que a maioria 
dos empreendedores expresse suas inovações em mercados já 
existentes.
Outro ponto que tem sido bastante debatido é se o 
empreendedorismo pode ser ensinado. Até pouco tempo 
atrás se acreditava que o empreendedorismo era inato e 
pessoas que aparentemente não estavam predestinadas 
aos negócios eram desencorajadas a fazê-lo. Hoje, isso 
mudou. O empreendedorismo passa a ser um aprendizado, 
ajudando na formação de melhores empresários, melhores 
empresas e na construção de maiores riquezas. Obviamente, 
os empreendedores inatos continuarão existindo. Os 
treinamentos não garantem o aparecimento de mitos da 
administração como Antonio Ermírio de Moraes, Sílvio Santos 
e Olavo Setúbal. Não obstante, o ensino do empreendedorismo 
preza por melhores empresários, que sejam aptos a criarem 
economias mais ricas.
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Os cursos de empreendedorismo devem manter o foco 
na identificação e no entendimento das habilidades do 
empreendedor. Essas habilidades podem ser categorizadas em 
três áreas:
1. Técnicas: engloba know-how específico da área, ser um 
bom interlocutor, ou seja, saber ouvir e falar e trabalhar 
em equipe;
2. Gerenciais: envolve o processo de criação, abertura e 
desenvolvimento de uma nova empresa ou projeto. O 
conhecimento e a aplicação estrutural da administração 
geral são necessários, como marketing, finanças e 
controladoria, produção, negociação e tomadas de 
decisão;
3. Perfil: além do que já foi comentado, requer ser 
disciplinado, estar disposto a correr riscos, ser criativo e 
inovador, lidar bem com as mudanças sem perder o foco 
no objetivo central.
1.1 O que o levou a criar sua empresa?
Entre ser empregado ou empregador há uma única diferença: a 
decisão de qual processo estrutural fazer parte. Não sesurpreenda 
ao conversar com um empresário e proferir-lhe a pergunta: ”O que 
levou você a criar sua empresa?” e ele responder: “Não sei, foi por 
acaso”. A verdade é que para essa tomada de decisão é necessário 
avaliar uma série de circunstâncias ambientais, somadas ao perfil 
pessoal e à oportunidade, podendo, assim, resultar em sucesso. 
Contudo, vamos observar que sendo empregado ou empregador 
é possível empreender. “Ser empreendedor”. A própria afirmativa 
se autoexplica. Trata-se de atitude. A postura que o indivíduo 
assume revela o talento empreendedor por meio da percepção, 
direção, dedicação e muito trabalho para fazer acontecer. Onde 
houver esse tipo de talento, haverá a chance de novos negócios, 
diversificação e enriquecimento.
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Para o bom desenvolvimento econômico de uma organização, 
são fatores críticos o talento, a tecnologia, o capital, o sistema 
de informação e o know-how.
EMPRESA
DE
SUCESSO
Talento
TecnologiaSistema de informação
Capital Know-how
Fonte: MALAGUETA, L. Empreendedorismo. São Paulo, 2010.
Talento
Os fatores pessoais supracitados, como a habilidade de 
ser visionário, correr risos e trabalhar perseverantemente são 
fundamentais, entretanto, precisam ser combinados aos fatores 
sociais. Será resultante da prática desse comportamento o 
networking (rede de contatos: advogados, bancos, competidores, 
fornecedores, investidores, políticos, amigos, clientes etc.), e a 
formação de uma equipe eficaz e eficiente.
Tecnologia
Uma ideia não trabalhada é como uma semente sem água, 
não frutificará, não passará de uma ilusão. A diferença entre 
ilusão e sonho é que o sonho é factível de acontecer, portanto, 
ideias viáveis são exaustivamente trabalhadas. A adição da ideia 
ao talento empreendedor ativo inicia o processo empreendedor. 
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O efeito dessa soma pode ser a inovação tecnológica, que possui 
quatro características básicas para sua existência: investimento 
de capital de risco, infraestrutura tecnológica, invenções ou 
inovações e cultura empreendedora com foco no futuro.
Capital
O capital é o combustível essencial para que o negócio 
possa sair do papel. A determinação dos recursos necessários 
é a consequência do que foi idealizado, por meio de várias 
consultas em fontes distintas. O empreendedor deverá usar 
seu networking para angariar os recursos necessários para a 
realização do projeto. Até alguns anos atrás, as possibilidades 
de financiamento eram bem limitadas. Atualmente, o Brasil tem 
sido visto como um celeiro de oportunidades e os capitalistas 
passam a maior parte de seu tempo caçando esse tipo de 
oportunidade para fazer seus investimentos.
Os projetos empreendedores concorrem diretamente com 
os investimentos no mercado financeiro, que muitas vezes são 
imbatíveis em suas vantagens. Cada vez mais tem aparecido 
o “capitalista de risco”, assim chamado por sua preferência 
em investir em planos de negócios que se tornarão processos 
produtivos, em vez da pura especulação financeira. Outra figura 
que tem se manifestado com frequência nesse cenário é o Angel 
(anjo), pessoa física que prefere investir em negócios inovadores 
a deixar todo seu capital aplicado em bancos.
Sistema de informação
O empreendedor carece de uma visão integrada para o 
bom gerenciamento de seu negócio. A gestão do sistema de 
informação envolve o uso de ferramentas tecnológicas voltadas 
à administração e ao desenvolvimento de comercialização de 
produtos e serviços. Atualmente, é senso comum que com os 
efeitos da globalização a informação passou a ter valor de capital, 
comparando-se com bens de produção, materiais e financeiros. 
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Essa premissa coloca a informação no status de recurso-chave 
para obter vantagem competitiva, proporcionando diferencial de 
mercado. O aproveitamento correto de recurso está diretamente 
relacionado com o sucesso desejado. Além do mais, a informação 
é considerada um fator estrutural na gestão organizacional. 
Portanto, o empreendedor requer a percepção objetiva e precisa 
dos sistemas de informação.
Admitindo que a informação possua valor, é preciso definir 
parâmetros capazes de quantificá-la. Aqui se propõe a atribuição 
de juízos de valor, que, apesar de serem indefinidos, são aplicáveis 
às mudanças contextuais sob as quais o empreendedor está 
exposto. Esse tipo de mensuração da informação considera que 
o valor varia de acordo com o tempo e a perspectiva. Segundo 
esta perspectiva, o valor da informação pode ser classificado nos 
seguintes tipos (Cronin, 1990):
• valor de uso: baseia-se na utilização final que se fará 
com a informação;
• valor de troca: é aquele que o usuário está preparado 
para pagar e variará de acordo com as leis de oferta e 
demanda, podendo também ser denominado valor de 
mercado;
• valor de propriedade: reflete o custo substitutivo de um 
bem;
• valor de restrição: surge no caso de informação secreta 
ou de interesse comercial, quando o uso fica restrito 
apenas a algumas pessoas.
Os sistemas de informação têm a função de melhorar o fluxo 
informacional da organização, filtrando a relevância de conteúdo 
para o processo decisório e a correta intervenção da realidade. 
Os sistemas de informação precisam ser estratégicos e contribuir 
para que o empreendedor possa alcançar seus objetivos e metas. 
Ele será visto de forma negativa se oferecer excessos e dados 
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redundantes ou imprecisos. Para isso, a determinação de sua 
necessidade, e sua disseminação agregará valor para o processo 
empreendedor.
Know-how
Finalmente, o componente know-how, ou seja, conhecimento. 
No caso do empreendedorismo, considera-se know-how a 
habilidade de fazer convergir, no negócio proposto, o talento, a 
tecnologia, o capital e os sistemas de informação.
Observe que os fatores críticos de sucesso para a empresa não 
são apresentados de forma sequencial, já que não caracterizam 
fases que necessitam ser concluídas de alguma forma para que 
se inicie a seguinte.
1.2 O processo empreendedor
Feitas as devidas considerações sobre as componentes 
necessárias para a organização bem-sucedida, abaixo, sugerem-se 
as etapas para empreender, aqui relatadas em determinada 
sequência por uma questão de organização mental, entretanto, 
essa ordenação, não deve em hipótese alguma, ser considerada 
um pré-requisito de execução.
1) Identificar e avaliar uma oportunidade
Observar a criação e abrangência da oportunidade, 
seus valores percebidos e reais, além de estabelecer a 
comparação da mesma em relação aos competidores.
2) Desenvolver o plano de negócios
O plano de negócios não tem um formato rígido. Ele 
deve se adaptar à natureza do negócio. Talvez seja 
a fase mais trabalhosa, pois envolve vários conceitos 
que devem ser formalizados escrituralmente, de 
forma concisa e que reflita a essência da empresa e a 
estratégia do negócio a ser empreendido. Deve também 
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abranger informações dos concorrentes, o montante 
do investimento necessário, possibilidades de receita 
e crescimento. No capítulo 4, serão apresentados 
aspectos que envolvem a elaboração de um plano de 
negócios, dicas e alertas para o empreendedor.
3) Captaçãodos recursos necessários
Para captar os recursos necessários, o empreendedor, 
em geral, se apoia no plano de negócios, a fim de 
compartilhar sua visão e torná-la passível de realização. 
Pode buscar fontes de financiamentos em bancos, com 
capitalistas de risco, com angels ou até mesmo com a 
família e amigos por meio de empréstimos pessoais. 
O paradigma de investimento no Brasil está passando 
por mudanças, já que os dividendos têm retornado de 
forma favorável, caracterizando-se como tendência 
para os empreendedores que estão surgindo.
4) gerenciamento da empresa ou projeto
Gerenciar empresas e projetos tem seus desafios e 
aprendizados. A idealização do plano de negócios não 
contempla as dificuldades de execução do projeto, 
quando se coloca as ações em prática as dificuldades 
começam a aparecer. Por exemplo: surge um 
concorrente forte ou há escassez de fornecimento de 
insumos, etc. Neste ponto, deve-se valorizar a gestão 
empreendedora, que visará minimizar as dificuldades, 
priorizando os fatores críticos de sucesso para o 
empreendimento.
Analisando os aspectos do processo empreendedor, pode-se 
concluir que quaisquer das fases apresentadas podem ocorrer 
aleatoriamente. Por exemplo, um amigo (angel) que queira fazer 
um investimento, o empreendedor começa suas buscas pela 
melhor oportunidade e só então cria o plano de negócios. Outro 
caso seria uma empresa já existente, portanto, a aplicação do 
gerenciamento é factual, que observa uma brecha de mercado 
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como vantagem competitiva e desenvolve um plano de negócios 
para conseguir aporte de capital nos bancos para implantação 
da ideia etc.
2 DADOS HISTÓRICOS DO EMPREENDEDORISMO
Aquele que assume riscos e começa algo novo dá a 
significância para a palavra “empreendedor”. No intuito de 
melhor compreender essa atitude, vamos analisar historicamente 
a aplicação desse termo (Hisrich, 1986).
O uso do termo empreendedorismo pode ser atribuído a 
Marco Polo, que se esforçou para estabelecer uma nova rota 
comercial no Oriente. Ele negociou com pessoas de dinheiro 
para revender seus produtos. Desse ponto de vista, o investidor 
assume o que se chama de risco passivo, enquanto Marco Polo, 
no caso, assumiu um risco ativo, aventurando-se, correndo 
todos os riscos: físicos, emocionais e monetários.
Na Idade Média, esse termo foi utilizado para aqueles que 
gerenciavam grandes projetos de produção. O indivíduo não 
assumia grandes riscos, seu trabalho se limitava a alocar os 
recursos disponibilizados pelo governo.
No século XVII, aparecem os primeiros indícios da relação 
entre o empreendedorismo e o fato de assumir riscos. Nessa 
época, o empreendedor contraía um acordo contratual com 
o governo para fornecedor produtos e realizar serviços. Nesse 
tempo, os preços eram prefixados, incorrendo no lucro ou 
prejuízo apenas por parte do empreendedor.
Já no século XVIII, o capitalista (aquele que fornecia o capital) e 
o empreendedor mereceram maior destaque por conta do início da 
industrialização que ocorria ao redor do mundo. Um dos exemplos 
mais famosos da época foram os investimentos feitos nas pesquisas 
do cientista e empresário Thomas Alva Edison: o financiamento de 
suas experiências resultaram na criação da lâmpada elétrica e em 
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outras 1000 patentes registradas, como a lâmpada incandescente, o 
cinescópio, o gramofone, o microfone, entre outras.
No final do século XIX e XX, os gerentes e administradores 
foram frequentemente confundidos com os empreendedores, 
uma situação que ainda ocorre nos dias atuais, pois são vistos 
como aqueles que administram os interesses dos capitalistas. Há 
diferenças entre administradores e empreendedores que devem 
ser frisadas. Todo empreendedor, sem exceção, deve ser um 
bom administrador, contudo, o empreendedor deve apresentar 
características e atitudes que demonstrem as diferenças nas 
decisões de uma gestão tradicionalista. Veja o quadro abaixo 
para melhor visualização dessas diferenças:
Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores 
(Hirisch, 1986).
Temas Gerentes tradicionais Empreendedores
Motivação 
principal
Promoção e outras 
recompensas tradicionais da 
corporação, como secretária, 
status, poder etc. 
Independência, 
oportunidade para 
criar algo novo, ganhar 
dinheiro. 
Referência do 
tempo
Curto prazo, gerenciamento 
de orçamentos semanais, 
mensais etc. Horizonte no 
planejamento anual. 
Sobreviver e atingir de 
cinco a dez anos de 
crescimento no negócio. 
Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente.
Status Preocupa-se com o status e como é visto na empresa. 
Não se preocupa com o 
status. 
Como vê o risco Com cautela. Assume riscos calculados.
Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas. Aprende com erros e falhas.
Decisões Geralmente concorda com seus superiores.
Segue seus sonhos para 
tomar decisões.
A quem serve Aos outros (superiores). A si próprio e seus clientes.
Histórico familiar
Membros da família 
trabalham para grandes 
empresas
Membros da família 
possuem pequenas 
empresas e já criaram 
algum negócio. 
Relacionamento 
com outras 
pessoas
A hierarquia é a base do 
relacionamento. 
As transações e 
acordos são a base do 
relacionamento. 
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É interessante esclarecer mitos que giram em torno da figura 
do empreendedor, como segue:
Mito 1: os empreendedores são “natos” e nascem para 
o sucesso. Enquanto alguns empreendedores nascem com 
essa habilidade espontânea, outros se aprimoram ao longo 
dos anos, acumulando experiências e habilidades relevantes. 
Portanto, empreendedorismo é um comportamento que pode 
ser aprendido.
Mito 2: empreendedores são “jogadores” e correm 
riscos altíssimos. Na realidade, empreendedores correm 
riscos calculados, evitam riscos desnecessários e, se possível, 
compartilham riscos com outras pessoas.
Mito 3: os empreendedores são “lobos solitários” e 
não conseguem trabalhar em grupo. A verdade é que os 
empreendedores são excelentes líderes, capazes de criar times 
e equipes, e desenvolvem ótimos relacionamentos com colegas, 
parceiros, clientes, fornecedores etc.
2.1 A revolução do empreendedorismo
“O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, 
que será para o século XXI mais do que a Revolução 
Industrial foi para o século XX.”
(Jeffrey Timmons, 1994)
A maior parte das invenções que revolucionaram o mundo 
aconteceu no século XX. No geral, essas invenções foram 
resultados de inovações, ou seja, de uma nova forma de ver 
aquilo que já era anteriormente utilizado. Por meio de cada 
invenção há pessoas, equipes, investimentos, riscos e pessoas 
dispostas a empreender. Veja abaixo as principais invenções e 
conquistas:
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1903: avião motorizado;
1915: teoria geral da relatividade;
1923: aparelho televisor;
1928: penicilina;
1937: náilon;
1943: computador;
1945: bomba atômica;
1947: descoberta da estrutura do DNA e início da 
engenharia genética;
1957: satélite Sputnik;
1958: laser;
1961: o homem vai ao espaço;
1967: transplante de coração;
1969: o homem chega à Lua, o início da internet e o 
Boeing 747;
1970: microprocessador;
1989: World Wide Web (rede de alcance mundial – WWW);
1993: clonagem dos embriões humanos;
1997: primeiro animal clonado (Ovelha Dolly);
2000: sequenciamento do genoma humano.
Devido ao contexto sociopolítico, cultural, desenvolvimento 
tecnológicoe consolidação do capitalismo do início do século 
XX, existiu a predominância dos conceitos administrativos 
fundamentalistas. No momento, não há nenhuma predominância, 
mas há a crença de que o papel do empreendedorismo seja 
determinante para o desenvolvimento social.
O que mudou para o século XXI? A economia e os meios 
de produção e serviços estão mais sofisticados e elaborados, 
portanto, a ênfase no empreendedorismo se dá pela 
necessidade de adaptação às mudanças rápidas e drásticas 
que a tecnologia de ponta tem oferecido. Logo, não se trata 
apenas de modismo, a concorrência requer empresários 
inovadores que adotem paradigmas diferenciados para 
encontrar soluções eficazes e eficientes, que eliminem 
barreiras culturais e comerciais.
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A chamada nova economia, a era da Internet e o 
empreendedorismo têm sido o centro das políticas públicas 
na maioria dos países. Na década de 1990, o movimento 
empreendedor acelerou-se por meio de programas 
de incubação de empresas, investimentos e parques 
tecnológicos e o desenvolvimento de recursos humanos 
estratégicos que estimularam o empreendedorismo em 
todos os níveis. Outras ações importantes seguem seu 
curso, como subsídios governamentais para a criação e o 
desenvolvimento de novas empresas, criação de agências de 
suporte a empreendedores, programas de desburocratização 
para o acesso ao crédito a pequenas e médias empresas, 
além do esforço para o reconhecimento e valorização do 
capital intelectual.
O interesse pelo empreendedorismo é mundial. Este 
interesse está baseado na convicção de que a evolução 
econômica saudável dos países depende da ampliação do 
empresariado e da competitividade de seus empreendimentos. 
Essa conjuntura levou pesquisadores a organizar em 1997 
o projeto GEM (Global Entrepreneurship Monitor), uma 
iniciativa conjunta do Babson College, nos Estados Unidos 
e da London Business School, na Inglaterra, com objetivo de 
analisar a atividade empreendedora e sua relação direta com 
o crescimento econômico.
Esse projeto de pesquisa pode ser considerado pioneiro 
em informações atualizadas sobre o empreendedorismo 
mundial. Hoje, mais de 30 países participam do GEM. Uma 
das mensurações realizadas por essa equipe de pesquisadores 
é o nível da atividade empreendedora por país, denominada 
atividade empreendedora total (TEA). Veja como os 
participantes são representados no gráfico abaixo.
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TEA – Atividade empreendedora total por país
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Fonte: GEM 2007 – Executive Report (Disponível em: <http://www.
gemconsortium.org/download/1275786943076/GEM_2007_Executive_
Report.pdf>. Acesso em 05/06/2010, 22:04).
Nota: o eixo das ordenadas representa o percentual da 
população adulta (18 a 64 anos) envolvida em novos negócios; 
o intervalo de confiança dessa informação é de 95%.
Caso você se interesse por dados mais recentes ou queira 
aprofundar sua pesquisa sobre o GEM, consulte o site: 
<http://www.gemconsortium.org>.
2.2 O movimento empreendedor no Brasil
O movimento empreendedor brasileiro começou a 
consolidar-se em 1990, quando instituições como o Sebrae 
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – www.
sebrae.com.br) e a Softex (Sociedade Brasileira para Exportação 
e Software – www.softex.br) foram criadas. Anteriormente a 
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esse fato, o ambiente político econômico não era favorável para 
a livre-iniciativa.
O Sebrae é o órgão mais conhecido pelo microempresário 
brasileiro. Estabeleceu-se uma parceria, onde esse empresário 
busca o apoio e o suporte que precisa para iniciar sua empresa 
ou projeto. Lá ele encontra consultoria e treinamentos 
que possibilitam a solução de obstáculos pontuais de seu 
empreendimento.
Já a Softex iniciou suas operações com a intenção de levar 
empresas de software para o mercado externo, por meio da 
capacitação em gestão e tecnologia. Uma parceria criada entre 
a Softex, incubadoras de empresas e a universidade (cursos de 
Ciências da computação e informática) desencadeou o interesse 
pelo tema empreendedorismo no país. Até então, jargões muito 
utilizados organizacionalmente eram desconhecidos, como, por 
exemplo, business plan (plano de negócios).
Percorridas duas décadas, pode-se dizer que o Brasil tem o 
potencial de desenvolver um dos maiores planos de ensino de 
empreendedorismo de todo o mundo. Hoje são mais de 2000 
escolas atuantes. Seria ousadia afirmar isso se não houvesse 
ações históricas apontando esse sucesso, tais como:
1. Os programas Softex e Genesis (geração de novas empresas 
de software, informação e serviços), criados em 1990, 
para estimular as universidades a ensinar a disciplina para 
a geração de novas empresas de software (start-ups).
2. O programa Brasil Empreendedor do governo federal, 
realizado de 1999 a 2002, dirigido à capacitação de 
6.000.000 empreendedores brasileiros.
3. Os programas Empretec e Jovem Empreendedor do Sebrae. 
Esses cursos mantêm liderança de demanda por parte do 
público empreendedor.
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4. Diversos cursos oferecidos em universidades brasileiras, 
como o caso do Estado de Santa Catarina, que oferece o 
programa Engenheiro Empreendedor.
5. Outro evento pontual que contribuiu para a disseminação 
do empreendedorismo foi a explosão de aberturas 
de empresas “pontocom” nos anos de 1999 e 2000, 
movimentando vários empreendimentos na Internet.
6. Segundo dados da Anprotec (Associação nacional de 
entidades promotoras de empreendimentos e tecnologias 
avançadas, em 2008, mais de 400 incubadoras de empresas 
estavam ativas no país.
7. Existem ainda programas específicos de educação 
continuada sendo oferecidos em empreendedorismo 
como: MBA (Master Business Administration) e EaD 
(Ensino a Distância).
8. E, finalmente, de acordo com a Associação Brasileira 
de Franchising, em 2007 havia 1200 redes de franquia 
constituídas no país, com cerca de 65.000 unidades 
franqueadas, ou seja, um setor em plena expansão 
vislumbrado por empreendedores.
Portanto, é necessária a quebra do paradigma cultural de não 
valorização de pessoas de sucesso que têm gerado riquezas para 
o país, mas dificilmente são reconhecidas por seus esforços. Elas 
são geralmente vistas como pessoas de sorte ou que venceram 
por meios alheios e não devido à sua competência. Essa 
mudança deverá levar mais algum tempo, mas esse processo de 
amadurecimento já começou.
3 ESTUDO DE CASO
Neste livro-texto, serão apresentados três estudos 
de casos ao longo dos capítulos, onde se destacarão os 
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papéis dos empreendedores e intraempreendedores e seus 
comportamentos no desenvolvimentode produtos e serviços 
inovadores. Invariavelmente, você encontrará: visão, percepção 
de oportunidade, avaliação de recursos, criação de equipes, 
motivação dos parceiros, liberdade com responsabilidade e 
respeito ao grupo.
Ao descrever as ações empresariais, você perceberá a atitude 
participativa e os programas de incentivo institucionais com 
foco no cliente. Chamo atenção para que, nos estudos de 
casos a seguir, você revise todas as considerações detalhadas 
nos primeiros capítulos do livro-texto e procure aplicar esses 
conceitos tanto nas experiências descritas, como no seu 
cotidiano.
História de um empreendedor de sucesso
Júlio Worcman é um empreendedor de sucesso. Sua história 
mostra como o verdadeiro empreendedor busca aproveitar as 
oportunidades na hora certa, mas muitas ideias e tentativas não 
dão certo, rendendo apenas algum aprendizado. Ele é o CEO 
(chief executive officer – Presidente) da Synapse-Brazil (http://
synapse-brazil.com), uma empresa situada no Rio de Janeiro, 
especializada na distribuição das produções audiovisuais 
independentes brasileiras para o mercado internacional, e na 
distribuição das produções independentes estrangeiras para o 
mercado nacional de televisão e vídeo. Atuando no mercado 
desde 1991, é considerada a principal empresa brasileira no 
segmento de documentários e programação infantil com perfil 
didático.
Júlio estudou agronomia até a metade do curso, não chegando 
a concluí-lo. Nesse período, criou processos de laboratório para 
pesquisa e identificação de substâncias naturais que fossem 
antibióticos específicos para pragas que assolam certas lavouras 
brasileiras. Realizou pesquisas sobre o uso de energias alternativas, 
como a solar, a eólica e a reciclagem de orgânicos gerando gás 
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metano, porém ainda sem o despertar do empreendedorismo, 
característica que seria marcante em sua vida.
Tudo começou com um acontecimento que para muitos 
pode ser considerado ocasional, mas para ele foi o início de uma 
mudança radical em sua vida:
“Troquei o mundo da pesquisa em fitopatologia/química e 
sobre novas fontes de energia (por perceber que o meu perfil 
não se adaptava à vida em laboratórios) em virtude da primeira 
greve em serviços públicos que testemunhei na vida, a dos 
motoristas de ônibus no Rio de Janeiro, em 1979, movimento 
que me impressionou e que, por isso, documentei com uma 
câmera Super-8 e um gravador portátil a tiracolo.”
Júlio fez vestibular para Jornalismo, passou e jamais retornou 
à Universidade Rural. Seu primeiro estágio foi no departamento 
de documentação e pesquisa (para o jornalismo) da TV Globo, 
período em que conseguiu fazer um curso de cinegrafista 
interno da emissora.
“Paralelamente, a história política do Brasil me fascinava e, 
durante seis meses, escrevi seis horas por dia, com um amigo, 
Vinicius Vianna, um roteiro cinematográfico sobre o personagem 
Cabo Anselmo. Talvez por sermos muito jovens, não conseguimos 
recursos para realização do projeto.
A inviabilidade do projeto abriu um vazio que se abateu sobre 
mim. Não havia nada que me cativasse no horizonte profissional 
daquela época. Surgia o vídeo portátil como revolução 
tecnológica para o barateamento dos cursos de produção 
de jornalismo e, teoricamente, um modo acessível de dar aos 
cidadãos não corporativos a possibilidade de expressarem-se 
pela televisão com baixo custo.
Negociei com a família poder viajar para Nova York, com o 
objetivo de estudar vídeo. Viajei e, 15 dias após chegar ao destino, 
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consegui um estágio como cinegrafista numa ONG que operava 
a programação em um canal de acesso público nos sistemas de 
TV a cabo. A ONG chamava-se Channel L e aplicava os preceitos 
da Pedagogia da Libertação, de Paulo Freire, à TV a cabo, dando 
às organizações sem fins lucrativos os meios necessários para 
produzirem os próprios programas de televisão, com direito a 
documentários sobre o assunto em pauta, além de debates em 
estúdio, com participação ao vivo de telespectadores.”
Nesse período nos Estados Unidos, Júlio teve contato 
com tecnologias e teorias ligadas ao direito à informação 
e à democratização das comunicações. De volta ao Brasil em 
1981, estagiando na redação do Jornal do Brasil, continuou 
acompanhando de perto o movimento da produção de 
documentários independentes e se antecipando ao futuro que 
estava por vir em função das tecnologias que apontavam para a 
democratização das comunicações.
Inquieto, Júlio elaborou um projeto de pesquisa sobre a 
Democratização das Comunicações e a Democratização da 
Sociedade (que incluía um trabalho de consultoria a organismos 
da sociedade como Farej e Farej), e conseguiu, por dois anos, 
bolsa de iniciação científica do CNPq, orientada por Muniz Sodré, 
da UFRJ: “Esse trabalho foi interessantíssimo e gerou inúmeros 
resultados...”, disse Júlio.
No jornalismo, logo percebeu o interesse emergente da 
sociedade pelo mundo dos computadores e vídeo. Propôs 
ao editor do jornal, na época Paulo Henrique Amorim, uma 
coluna no caderno de classificados sobre vídeo, video game, 
microcomputação e afins. A coluna durou mais de cinco anos. 
Devido à intensa produção de pautas, começou a produzir 
matérias também para suplementos de outros jornais e revistas 
especializadas, e tornou-se praticamente uma agência (de um 
redator apenas) de reportagens sobre o assunto e sobre o futuro 
da tecnologia de informação. Conseguiu um bom rendimento, 
para um rapaz daquela idade, com este trabalho que era, porém, 
muito cansativo.
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Uma curiosidade no meio do caminho, que Júlio considera 
um desvio de rota: “Cansado, tomando banho na casa de minha 
namorada, tive a ideia de um objeto plástico com largo potencial 
para uso doméstico feminino: um gancho-pregador com o qual 
as moças poderiam pendurar suas calcinhas para secar no alto, 
no cano do chuveiro, e não na torneira, como era tradicional 
– mas onde sempre molhava novamente, com o banho de 
outras pessoas. A ideia ganhou dimensão comercial a partir de 
um projeto de campanha publicitária cômica na televisão, uma 
piada. Requeri registro de patente (excelente aprendizado!), 
mas o projeto não deu certo porque o circuito de camelôs e 
pirataria de objetos de plástico injetado com certeza extraviaria 
rapidamente o mercado criado pela campanha de televisão 
elaborada...
Três fatos ocorridos no final da década de 1980 levaram 
Júlio a criar uma empresa para distribuição internacional 
da produção audiovisual independente brasileira na Europa: 
o aparelho a preço acessível (quando custava US$1.000), o 
formato VHS ter-se tornado um padrão mundial e o processo 
de privatização das televisões europeias, que começavam a 
estruturar departamentos de compras para cada modalidade de 
programação.
Esta exportadora de programas brasileiros funcionou. O 
negócio, porém, não prometia muito, devido ao pequeno número 
de bons títulos produzidos anualmente à época no Brasil. Mas 
a participação em festivais no exterior (levando programas 
do Brasil), onde conheceu bastante da produção estrangeira 
de documentários, deu-lhe a luz que faltava: importar para o 
Brasil programas que gostaria de ver exibidos nas emissoras 
brasileiras.”
Para se ter uma ideia, a cada ano a empresa analisa cerca 
de mil títulos, indexa setecentos em banco de dados (em que 
é possível fazer pesquisas por palavras-chave, produtores, 
diretores, país de origem etc.), licencia os direitos de televisão 
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e vídeo para o Brasil e produz as versões brasileiras de cerca de 
duzentas horas de programação. De 1995 a 2007, a empresa 
cresceu em média 10% ao ano, superando os R$4,5 milhões/ano 
de receita.
“Nos idos de 1993, apesar do bom funcionamento da 
distribuidora, senti-me desatualizado com relação às novas 
tecnologias multimídias que surgiam, como, por exemplo, os 
CD-ROMs, cujo funcionamento e potencialidade não conseguia 
compreender substancialmente. Reuni amigos em torno de um 
grupo de estudos sobre o assunto. O grupo de estudos levou-me 
a compreender os mecanismos da Internet comercial em 1995. 
Nesse ano, formulei e produzi, com ajuda de um casal de amigos 
que moravam em Washington, no Banco Mundial, meu primeiro 
piloto de website, o Museu do Fonograma Brasileiro, um sistema 
com base em banco de dados e que serviria como instrumento 
de pesquisa e divulgação da música brasileira. Apresentamos o 
projeto às grandes gravadoras de discos que atuaram no Brasil. 
Todas mostraram grande interesse e chegamos a ter certeza 
de que demandava uma ação coletiva...” (Mais uma ideia 
não realizada na bagagem de projetos de empreendimentos 
prazerosos.)
O principal projeto ao qual Júlio tem-se dedicado nos 
últimos anos, como ele mesmo diz, “com foco e sinergias óbvias 
(finalmente!)”, é o de alavancar a exploração do conteúdo 
multimídia da distribuidora Synapse-Brazil – mais de duas 
mil horas em programas curtos nos gêneros edutainment e 
infotainment, já em versão brasileira -, por meio de licenciamentos 
para vários mercados da Internet: redes de escolas, websites de 
conteúdo segmentado, operadoras de broadband etc. E ele tem 
conseguido colocar suas ideias em prática.
Em 2002, lançou o “portacurtas.com.br”, segundo Júlio, “o 
precursor do You Tube”: portacurtas.com.br/estatisticas1.asp e 
portacurtas.com.br/relatórios/índex.htm. Em 2003, sua empresa 
publicou o projeto Tamanduá Cultural, que veio a dar, em 2005, 
na criação do Instituto Tamanduá (institutotamandua.org.br). 
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Ainda em 2005 foram dados os primeiros passos que levaram 
à inauguração, em 2007, de modo independente, do portal 
(curtanaescola.org.br), que promove o professor brasileiro à 
condição de professor-autor.
Fora o andamento diário e todas as circunstâncias que 
sempre se desenvolvem (nos planos tecnológico, regulatório e 
político, inclusive coproduções incentivadas de filmes brasileiros) 
em torno da Synapse-Brazil Prod. & Dist. Ltda. e da Synapse 
Produções Ltda., recentemente Júlio criou ainda a nova Aviva 
(avivanet.com.br). Mas segundo Júlio, “e persiste a sensação que 
(quase) nada aconteceu, ainda... tudo está por vir!)”.
Como Júlio é empreendedor, não deixa de estar atento a 
novos mercados, novas ideias, e não se cansa de trabalhar, pois 
sempre estava envolvido em novos projetos, já que: “O tempo 
é exíguo, não dá pra levar a cabo tudo que desejamos...” No 
entanto, ele também não se cansa de dizer: “Ser empresário é 
saber aproveitar oportunidades que se apresentam e, sobretudo, 
conseguir aprender com os esforços que não resultaram em 
sucesso”.
Histórico da Synapse-Brazil
A Synapse está entre as principais distribuidoras 
independentes de conteúdo audiovisual brasileiro para o 
mercado internacional de televisão, IPTV, DVD e Internet. Em 
operação desde 1991, a empresa possui marca reconhecida 
no exterior, tendo licenciado mais de 200 títulos brasileiros 
para canais como: Canal + (França), Planéte (França), Channel 
4 (Inglaterra), Arte (França/Alemanha), CBC (Canadá), 
SBS (Austrália), Discovery Channel (Estados Unidos), RTP 
(Portugal), Fox (América Latina).
A Synapse distribui programação selecionada de diversos 
gêneros e formatos, desde documentários, curtas-metragens, 
séries e musicais até filmes de longa-metragem. Alguns títulos 
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que estão ou já estiveram sob distribuição exclusiva da empresa 
são: Chico Buarque – Cidades; A vida como ela é; Eletrodoméstica; 
Pierre Verger – Mensageiro entre dois mundos; Além Mar; Nós 
que aqui estamos, por vós esperamos; Caetano Veloso – Prenda 
minha; Extremosul; Dia de festa; Dona Helena; Meninas.
Para alcançar seus objetivos de vendas, a empresa 
participa anualmente dos principais mercados internacionais 
de televisão como MIPTV e MIPCOM em Cannes, França. Além 
disso, possui e mantém um banco de dados com mais de 800 
compradores internacionais e disponibiliza seu catálogo na 
Internet, o que possibilita ações de marketing dirigidas e 
eficientes.
Outras atividades da empresa: importação e venda 
de conteúdo audiovisual para emissoras no Brasil 
(www.synapsedigital.com.br), coproduções nacionais e 
internacionais, administração e manutenção do portal Porta 
Curtas Petrobras e distribuição de DVDs.
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