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1 Gestão do Conhecimento Unidades I e II Prof. Osmar Martins APRESENTAÇÃO Prof. Osmar de Jesus Martins Osmar de Jesus Martins é brasileiro, natural e residente da cidade de São Paulo, 55 anos de idade. É mestrando em Administração de Empresas, MBA, especialista em Administração, Engenheiro, além de ter complementação em Negociação, Logística Empresarial e Didática do Ensino Superior a Distância. Também é técnico em mecânica. Tem atuado como professor universitário, desde 2008, em diferentes instituições de ensino superior, em cursos de graduação das áreas administração de empresas, comércio exterior, engenharia, logística e relações internacionais e em programas de pós-graduação nas áreas de logística, gestão hospitalar e engenharia. Tem mais de 35 anos de atuação profissional em posições de liderança, gestão, engenharia e operações, em empresas da área industrial, serviços e varejo, com passagens por empresas como IPT, Força Aérea Brasileira, Camargo Correa, Vicunha Têxtil, Vidraria Santa Marina, Valtra, Accor Hotels, Casas Pernambucanas. Atualmente atua como consultor especializado nas áreas de Supply Chain, Operações Logísticas e Estratégia. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3 UNIDADE I 4 1 CONHECIMENTO ....................................................................................... 4 1.1 CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO ............................................................................... 4 1.2 CONHECIMENTOS TÁCITO E EXPLÍCITO .................................................................. 7 1.3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL ............ 13 1.4 ATIVOS INTANGÍVEIS .......................................................................................... 17 2 LADO HUMANO ....................................................................................... 22 2.1 FATOR HUMANO ................................................................................................ 22 2.2 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS ............................................................. 25 2.3 GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO: CONCEITOS E DIMENSÕES ................ 29 UNIDADE II 35 3 ORGANIZAÇÃO ........................................................................................ 35 3.1 FATORES ESTRATÉGICOS E O PAPEL DA ALTA ADMINISTRAÇÃO ............................. 35 3.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ........................................................................... 38 3.2.1 Tipos básicos de estruturas organizacionais ............................................ 38 3.3 PROCESSO DECISÓRIO ...................................................................................... 41 3.3.1 Elementos do processo de tomadas de decisão ....................................... 44 3.3.2 Modelos de tomadas de decisão .............................................................. 45 3.4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ........................................................................... 48 3.5 POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO ........................................................................ 51 3.6 CICLO DE VIDA DE CONHECIMENTO ..................................................................... 52 3.7 BARREIRAS ORGANIZACIONAIS PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO ................. 53 3.8 CADEIA DE VALOR ............................................................................................. 54 3.9 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL .............................................................................. 55 3.10 TI INTERFACES NA GESTÃO DO CONHECIMENTO .................................................. 57 3.11 A PROPRIEDADE INTELECTUAL ........................................................................... 59 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 61 3 INTRODUÇÃO Caro aluno, Você está sendo apresentado há conceitos bastante avançados sobre gestão do conhecimento. Nesse material você terá oportunidade descobrir a diferença entre dado, informação e conhecimento de forma estruturada, fazendo com que você perceba a importância da coleta estruturada de dados, de como empresas pautadas na captura de informações e na transferência de informações em tempo real, conseguem utilizar dados estruturados e desestruturados na medição os fatores de consumo, bem como da criação de modelos de formação de opinião, identificando demanda e oferta estruturada de produtos e serviços. Outro ponto importante será observar como o conhecimento impacta a vida cotidiana de empresas e como o conhecimento pode ser fator importante na busca por ganhos acima da média. Não menos importante será a descoberta da diferença do conhecimento tácito e do conhecimento explícito, conceito esse desenvolvido pela escola de negócios japonesa, que já há décadas vem se destacando na utilização de experiências profissionais aplicadas diretamente na produção de bens e serviços. Boa leitura. 4 UNIDADE I 1 CONHECIMENTO 1.1 Criação de conhecimento Segundo Davenport e Prusak (1998), “dado” pode ser definido como “Simples observação sobre o estado do mundo” ou ainda, “Registro acerca de um determinado evento para o sistema”. Porém, um dado não quer dizer praticamente nada quando está sozinho e estático. Segundo os mesmos autores, “dado é inerte”. Agora, sem os dados, não se consegue criar Informação. E o que é Informação? Mantendo o foco na visão dos mesmos autores, Informação pode ser descrita como “dados dotados de relevância e propósito” ou ainda, “Conjunto de dados com um significado para o sistema”. Informação cria padrões e ativa significados na mente das pessoas, algo que o dado, isoladamente não consegue. E Conhecimento? Sabemos definir conhecimento? Costumo afirmar em minhas aulas que uma de minhas ambições é conseguir, após transferir as informações para os alunos, contextualizar situações para que eles possam desenvolver seu senso crítico e possam transformar essas informações em Conhecimento. Vou novamente utilizar a visão de Davenport e Prusak: conhecimento “possui contexto, significado, além da reflexão, interpretação e síntese”. Ao nos depararmos com a dinâmica do ensino superior, percebemos a heterogeneidade do corpo discente, diferentes em gênero, faixa etária, background, visão de mundo, objetivos, ambições, história de vida etc. O que acabamos por fazer durante o programa do curso, aula após aula, é transferir informação de forma padronizada para um público heterogêneo. Segundo Bruna BuenoI e Alsones Balestrin, em seu ensaio Inovação colaborativa: uma abordagem aberta no desenvolvimento de novos produtos, “Em indústrias intensivas em conhecimento, as práticas de inovação colaborativa já ocorrem há algum tempo, como é o caso das indústrias de biotecnologia (POWELL, 1998) ou de produtos eletrônicos (DITTRICH e DUYSTERS, 2007). Ainda são pouco conhecidas na literatura, no entanto, as práticas colaborativas de inovação em indústrias mais maduras, como no caso do desenvolvimento de produtos na indústria automotiva. A tradição dessa indústria está no desenvolvimento de produtos por meio de alto nível de internalização, em especial devido aos altos investimentos em ativos específicos na produção de componentes constituintes de um veículo (CLARK e FUJIMOTO, 1991)”. A Figura 1.1.1 mostra o modelo Davenport, 1998 e nele podemos observar que conhecimento não está disponível sem antes haver uma estruturação de seus principais componentes. 5 Figura 1.1.1 – Modelo Davenport, 1998 Fonte: Davenport e Prusak (1998, p. 18). Note que o dado por si só, isolado, não tem finalidade objetiva e só será relevante quando for acumulado de forma a poder ser trabalhado.Imagine um ponto de checkout em um supermercado, comumente chamado no Brasil de “caixa”, e pense em quantos registros de produtos são capturados ao longo do turno de trabalho do terminal de checkout. Um ponto interessante e que abordaremos posteriormente está no fato que não existe a necessidade de um operador neste ponto de checagem ou verificação. O consumidor ou cliente pode capturar os dados dos produtos que estão sendo comprados, fechar a fatura e pagar sozinho. Já existem instrumentos para isso, aliás, sempre houve em mercados mais maduros. Em mercados menos maduros como o brasileiro, o operador está mais para fiscalizar do que para registrar os dados, mas isso é um problema de ética. Voltemos aos dados capturados no ponto de verificação. Se resolvermos entender o comportamento das vendas deste estabelecimento comercial, devemos organizar os dados coletados de forma que eles possam “falar”, que comuniquem algo. Nessa ideia está inserida a semente da informação, dar significado aos dados de forma que eles possam “falar” com seus interlocutores. Podemos intuir, pela visão de Davenport que embora as respostas estejam nos dados, sem as devidas perguntas, nada poderá ser interpretado ou entendido. Neste contexto é mais importante saber fazer as perguntas do que saber as respostas, respostas essas que somente serão entendidas se as perguntas certas forem feitas. Então vamos a um exemplo: Quantas latas de refrigerante foram vendidas às 14h? Qual seria a resposta correta? Eu quero saber quantos refrigerantes são vendidos diariamente às 14h ou em um dia ou data específicos? Os dados estão lá, capturados, porém, são inertes se não forem alocados nos devidos pontos de interrogação. A relevância e propósito propostos por Davenport levam em conta que para um dado servir para algo, ele deve ser capturado de forma estruturada, mas, sem a devida contextualização feita para sua ordenação, ele nunca será informação. É provado aqui que é mais importante saber fazer as perguntas, isto é, organizar o contexto daquilo que se deseja saber do que ter as respostas, até porque as respostas encerram uma ideia e as perguntas as mantêm em funcionamento. Então, fechando o raciocínio, vamos fazer as perguntas objetivas e relevantes. Seja uma rede varejista que queira dinamizar as suas vendas, como ela deve iniciar esse movimento? Primeiro, saber o que está vendendo, com qual intensidade, por qual valor e com que ganho. Observe que todos os dados estão 6 registrados na ferramenta de gerenciamento que a empresa utilize, seja uma ficha Kardex1 física, seja um sistema ERP totalmente estruturado. Se a rede varejista quiser saber o volume total de vendas no ano, a pergunta é qual é o faturamento de todas as lojas no ano 2019, de 1° de janeiro até 31 de dezembro. Todos os registros de vendas serão somados e o valor do faturamento será informado. A pergunta pode ser um pouco mais fechada, indicando as vendas mês a mês durante o ano, semana a semana ou loja por loja, categoria de produto, produtos específicos etc. O formato da informação que será construída com os dados capturados é bem abrangente e pode atender os diferentes stakeholders. Acionistas querem saber o lucro, gestores de estoque querem o giro de estoque, gestores de compras querem o volume de vendas para garantir disponibilidade, e a tesouraria quer saber o fluxo de pagamentos e a geração de caixa. Observe que cada área da rede varejista irá utilizar os dados para responder seus questionamentos específicos e um sistema de informações deve ter responsividade para gerar informações conforme as necessidades de cada stakeholder. Desta forma, os dados ganharão relevância, estrutura, propósito e podem ser analisados pelo agente que necessita da informação. Os dados “falarão” através da informação estruturada que foi organizada e darão respostas que organizarão os próximos passos da organização ou mesmo do indivíduo. Com essas informações será possível observar se a rede varejista de nosso exemplo está com crescimento de vendas, faturamento e lucro ou o oposto. Tendências poderão ser identificadas e ações corretivas serão implementadas. Já o conhecimento, necessita de informação assim como a informação necessita de dados, porém o conhecimento exige uma sofisticação maior no processamento de informações. O conhecimento vem da capacidade de extrapolação que o indivíduo desenvolve diante das barreiras que possam existir para estruturação dos dados, da capacidade de gerar informação mesmo com dados desestruturados, na capacidade de cruzamento de dados aparentemente não comparáveis para gerar informação estruturada para tomada de decisão. É difícil passar conhecimento entre stakeholders pois conhecimento exige certa repetição na manipulação, leitura e entendimento de informações. Uma analogia que pode ser feita é a capacidade que o indivíduo desenvolve para dirigir um veículo automotor. No início o motorista novato tem dificuldade de sentir as reações do veículo, de calcular o tempo de resposta dessas reações e, por causa disso, é recomendável que a velocidade de condução seja baixa, a distância para iniciar uma frenagem seja grande e a atenção seja integral. Com o passar do tempo e a prática intensa, o condutor novato começa a adquirir experiência, acumular informações, aguçar os sentidos. Desta forma, o tempo de reação para a tomada de decisão é menor pois o condutor se sente integrado com o veículo, entendendo melhor suas reações. O que ocorre de forma tácita é o acúmulo de dados sobre sons, aceleração, desaceleração, movimentos. Com esses dados o condutor é capaz de gerar informações e conduzir o veículo com mais firmeza. Com o passar do tempo, ele conhece o veículo, suas reações e consegue decidir com maior precisão o que deve ser feito. Ao se levar esse raciocínio para a análise de dados empresariais, é possível perceber que a repetição na análise de dados fará com que o indivíduo consiga 1 Ficha de controle de entrada e saída de produtos no estoque das empresas. 7 perceber se tudo está ocorrendo conforme os parâmetros esperados, se as informações analisadas são coerentes e se os resultados obtidos refletem a realidade que a informação está relatando. Como o modelo Davenport propõe, “Conhecimento possui contexto, significado, além de reflexão interpretação e síntese […]”. Neste contexto as redes sociais têm uma produção muito pequena de informação estruturada, que parte de dados estruturados. O termo “Fake News”, bastante divulgado nos meios de comunicação e imprensa em geral, que pode ser entendido como “Notícias Falsas”, representa um comportamento que se torna cada vez mais presente nas redes sociais, que, diferente dos meios acadêmicos que geram informação partindo de base de dados confiáveis e estruturados, são alimentadas por informação gerada sem uma base sólida de dados. Informação sem uma base sólida de dados não contém contexto e relevância e na maior parte das vezes, tem o propósito de realmente desinformar. Não é possível gerar conhecimento tendo como base informações erradas ou faltas, até porque, por serem erradas ou falsas, elas não podem ser consideradas informação. 1.2 Conhecimentos tácito e explícito Quando pensamos em algo tácito, temos a visão de alguma coisa não formalmente expressa, oculta, subliminar. Quando pensamos em algo explícito, temos a visão de alguma coisa expressa às claras, franca, direta, objetiva. Ao se levar essas duas visões para a gestão do conhecimento, percebemos grande número de estudos, definindo os dois modelos e demonstrando a importância de ambos. Figura 1.2.1 – Gestão do Conhecimento: autores e abordagem adotada AUTORES ABORDAGEM ADOTADA Wiig (1993) Baseada nas práticas de exploração do conhecimento e sua adequação a partir de práticas de gestão específicas. Leonard-Barton (1995) Foco em atividades que envolvem:(1) busca de soluções criativas de forma compartilhada, (2) implementação e integração de novas metodologias e ferramentas nos processos atuais; (3) prática de experimentos, a partir de protótipos e projetos piloto para desenvolvimento de competências; (4) importação e absorção de metodologias e tecnologias externas. Barclay e Murray (1997) Ênfase em processos culturais e de redefinição de processos. Nonaka e Takeuchi (1997) Baseada na conversão de conhecimento tácito em conhecimento explícito (e vice-versa) nas organizações, por meio de etapas de combinação, internalização, socialização e externalização do conhecimento. Edvinsson e Malone (1998) Baseada em três tipos de recursos organizacionais – capital humano, capital organizacional e capital do cliente – e seus inter-relacionamentos, que geram o capital intelectual de uma organização, devendo-se, portanto, expandir a expertise, encorajar a inovação e exercitar a integridade. Fleury e Fleury A gestão do conhecimento está associada aos processos 8 (1998) de aprendizagem dos membros de uma organização. Sveiby (1998) Orientada para a gestão da informação, para a aprendizagem organizacional e para a definição e utilização de competências. Davenport e Prusak (1998) A gestão do conhecimento é um conjunto de processos relacionados à geração, codificação e transferência do conhecimento. Terra (2001) A gestão do conhecimento é um processo de busca, seleção, organização, análise e disponibilização do conhecimento de forma clara e eficiente. Probst, Raub e Romhardt (2002) A gestão do conhecimento é constituída de oito elementos construtivos do conhecimento: metas de conhecimento, identificação do conhecimento, desenvolvimento do conhecimento, partilha e distribuição do conhecimento, utilização do conhecimento, retenção do conhecimento e avaliação do conhecimento. Fonte: Rodrigues e Graeml (2013), adaptado de Guedes et al. (2006) e Cândido e Silva Filho (2003). Um dos estudos mais profundos sobre conhecimentos explícito e tácito foi desenvolvido pelos professores Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi em seu livro The Knowledge-Creating Company, (Criação de conhecimento na empresa, Campus, 1997), onde foi apresentado o modelo SECI. O modelo SECI vem das iniciais das palavras Socialização, Externalização, Combinação e Internalização. Para Nonaka e Takeuchi, os dois conhecimentos, explícito e tácito, são igualmente importantes e podem ser aliados na construção de um modelo de gestão de conhecimento nas organizações. De forma literal, conhecimento Tácito diz respeito àquilo que o indivíduo desenvolve ao longo do tempo; representa as informações absorvidas e interiorizadas, tornando-se assim uma espécie de conhecimento particular do indivíduo. Até por isso, o conhecimento Tácito torna-se de difícil propagação por não estar registrado, documentado e estar muito ligado ao indivíduo e suas experiências e informações absorvidas ao longo do trato sobre o tema em questão As empresas japonesas e ocidentais parecem estar adotando duas abordagens opostas na criação do conhecimento organizacional. Já aludimos ao fato de que a forma dominante do conhecimento no Ocidente é o conhecimento explícito, que pode ser rapidamente transmitido, formal e sistematicamente aos indivíduos. As práticas administrativas ocidentais enfatizam o conhecimento explícito, criado através de habilidades analíticas e de formas concretas de apresentação oral e visual, como documentos, manuais e bases de dados computacionais. Os japoneses, no entanto, encaram o conhecimento explícito apenas como a ponta do iceberg. Consideram o conhecimento como principalmente tácito – isto é, algo que não é facilmente visível e exprimível, que é altamente pessoal e difícil de formalizar, obtido através do uso de metáforas ou pinturas, algo profundamente enraizado na ação e na experiência do indivíduo (NONAKA; TAKEUCHI, 2004, p. 29). O conhecimento explícito é formatado, compartimentado, registrado e por consequência, tende a ser facilmente propagado. Muitos pensadores ocidentais têm uma visão objetiva sobre o conhecimento de forma estruturada ou explícita, citados 9 por Marcos Mazurek Rodrigues e Alexandre Reis Graeml em seu artigo “Conhecimento Tácito ou Explícito? A Dimensão Epistemológica do Conhecimento Organizacional na Pesquisa Brasileira sobre Gestão do Conhecimento” (p. 131-144): Para Drucker (1988), a definição prática de conhecimento, em uma visão tipicamente do ocidente, está na aplicação da informação para a obtenção de resultados, que estão, necessariamente, presentes fora das pessoas, na economia, sociedade e até mesmo na disseminação do conhecimento. Kotler (1998) argumenta, contudo, que o conhecimento está na ação e aprendizado das pessoas, um fator comportamental que faz com que os indivíduos adquiram crenças e atitudes, fatores que influenciam no comportamento de consumo. Leydesdorff (2001b) destaca essa dimensão cognitiva, condicionada pela variação de regras sociais, enquanto Davenport e Prusak (1998) percebem o conhecimento como uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado […] A Figura 1.2.2 enfatiza as diferenças entre visões do ocidente e oriente sobre o conhecimento. Figura 1.2.2 - Visões do oriente e do ocidente para conhecimento Fonte: Rodrigues e Graeml (2013), a partir das visões de conhecimento de Davenport e Prusak (1998), Drucker (1988), Kotler (1998), Leydesdorff (2001a), Nonaka e Takeuchi (1997, 2004) e Terra (2001). De forma direta, Davenport e Prusak (1999) descrevem sua visão sobre conhecimento explícito e tácito. O conhecimento tácito é complexo, desenvolvido e interiorizado pelo indivíduo ao longo do tempo, diferente do que ocorre com o conhecimento explícito, que é de fácil assimilação e disseminação e está presente no ambiente (DAVENPORT; PRUSAK, 1999). A Figura 1.2.3 resume Davenport e Prusak e demonstra suas visões sobre as diferenças entre conhecimento explícito e tácito. 10 Figura 1.2.3 – Dimensões do Conhecimento CONHECIMENTO TÁCITO CONHECIMENTO EXPLÍCITO Não passível de ensino Passível de ensino Não articulado Articulado Não observável em uso Observável em uso Substancial Esquemático Complexo Simples Não documentado Documentado Fonte: Davenport e Prusak (1998). As perguntas que podem ser feitas são: conhecimento explícito e conhecimento tácito são correntes divergentes? São modelos antagônicos? Empresas ou indivíduos têm que escolher entre um ou outro modelo? O modelo SECI concebido por Nonaka e Takeuchi (1997) nos mostra que a resposta é não para as três perguntas e, indo além, mostrando que a base para a criação do conhecimento organizacional está em se conseguir converter o conhecimento. Modelo SECI Baseado em quatro ações distintas, Socialização, Externalização, Combinação e Internalização, uma analogia simples sobre os verbos das distintas ações, socializar, externalizar, combinar e internalizar nos leva ao seguinte raciocínio: quando o indivíduo socializa sua visão sobre determinado tema ou assunto, ele está trocando informações sobre seu conhecimento tácito. Ao fazer isso, naturalmente ele externou sua visão e informações sobre o tema o que propicia que seu interlocutor traga para essa socialização sua visão também particular ou, caso tenha conhecimento explícito, sobre o tema. Por exemplo alguém que tenha um automóvel que esteja apresentando um problema, explique para uma pessoa sobre a situação que está passando e esta outra pessoa seja um técnico especializado sobre veículos. A socialização que está provocando uma externalização de ideias, baseadas no veículo e seus defeitos, acaba por combinar visões, informações e conhecimentos técnicos, formais ou não, sobre o assunto, que levam ao encontro da solução do problema através da internalização das informaçõese ações sobre o tema. A Figura 1.2.4 mostra o modelo SECI concebido por Nonaka e Takeuchi (1997). 11 Figura 1.2.4 – Modos de conversão do conhecimento Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 69). Para Rodrigues e Graeml (2013 apud Nonaka e Takeuchi, 2004), […] Socialização é a conversão de conhecimento tácito em outro conhecimento tácito, é um processo de compartilhamento de experiências e habilidades individuais. Para Nonaka e Takeuchi (2004), a chave para a aquisição do conhecimento tácito é a experiência, usando o compartilhamento da linguagem, observação, imitação e prática. No ambiente organizacional, o treinamento de trabalho utiliza esse princípio. Terra (2001) destaca a importância desta etapa na criação dos modelos mentais e das habilidades técnicas dos funcionários. Representando a passagem de conhecimento tácito para explícito, a externalização é a forma mais importante de conversão no processo de criação do conhecimento organizacional, conforme Nonaka e Takeuchi (1997). Neste processo, o tácito torna-se explícito, agrupando e decodificando metáforas, conceitos, analogias, modelos e hipóteses. Terra (2001) salienta a importância deste modo de conversão por facilitar a comunicação do conhecimento tácito, geralmente de difícil verbalização. Combinação é a transformação de conhecimento explícito em outro conhecimento explícito. Nonaka e Takeuchi (2004) descrevem esta etapa como a sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento, a conversão pelo emparelhamento de diferentes modos do conhecimento explícito. As pessoas compartilham informações em variados meios de comunicação, como documentos e reuniões, entre outros. Para eles, a sistematização do conhecimento existente, seja pela separação, adição ou classificação do conhecimento explícito, é chave para a criação de um novo conhecimento. A educação formal utiliza este princípio de combinação para disseminação e compartilhamento do conhecimento explícito. O processo de combinação é comum na visão do ocidente pela troca de informações explícitas e a utilização 12 da tecnologia da informação (TERRA, 2001). A internalização é a conversão de conhecimento explícito em conhecimento tácito. Nonaka e Takeuchi (2004) explicam que este processo está ligado ao “aprender fazendo”. O conhecimento internalizado aparece nas pessoas na forma de modelos mentais compartilhados e de know- how, um conhecimento técnico especializado […]. Estas visões do conhecimento, que criaram o modelo SECI, de forma evolutiva, ampliaram a forma de pensamento sobre o conhecimento organizacional. A chamada Espiral de criação de conhecimento organizacional, proposta por Nonaka e Takeuchi, propõe que o conhecimento cresce a partir das trocas entre o conhecimento explícito e tácito e quanto maior é o grupo envolvido, maior tende a ser este crescimento e sua organização. Figura 1.2.5 – Espiral de criação do conhecimento organizacional Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 82). Epistemologia é o ramo da filosofia que estuda a ciência e o conhecimento, métodos de absorção do conhecimento, estrutura do conhecimento, desde sua origem até a sua aplicação em uma versão mais ampla. Ontologia na visão do filósofo Christian Wolff (1679-1754) “[…] é a filosofia básica […]”. O Dicionário Aurélio define ontologia como "Parte da filosofia que considera o ser em si mesmo, na sua essência, independentemente do modo em que se manifesta. Por Extensão, Reunião de conceitos e definições; representação de um conceito compartilhado […]”. Nonaka e Takeuchi entendendo a natureza evolutiva do conhecimento, propõe que no momento que o indivíduo entende a importância da socialização na busca pelo conhecimento, ele começa um processo de ampliação de acesso ao conhecimento. Aquele conhecimento tácito e inerente dele enquanto indivíduo começa a fluir e a se ampliar quando combinado com conhecimento explícito que outros indivíduos têm; um grupo de busca e ampliação do conhecimento está formado e naturalmente a externalização desse conhecimento, que deixou de ser tácito e se tornou explícito vai ampliando este mesmo conhecimento dentro e 13 através do grupo. Uma organização pode se valer dessa combinação e a internalização do conhecimento tácito, isto é, sua ampliação pode ser definida como um processo sem volta; o conhecimento em suas duas formas tende a se ampliar cada vez mais. Naturalmente, uma organização interage com outras organizações, assim como o indivíduo interage com outros indivíduos e assim, o ciclo virtuoso da troca e ampliação do conhecimento, tanto tácito quanto explícito, está em marcha. 1.3 Dados, informação e conhecimento no contexto organizacional Já vimos que no modelo Davenport e Prusak propõe a construção do conhecimento partindo da captura do dado, estruturando esse dado dando propósito e significado e com isso gerando informação e, a partir de conjuntos de informações somados às experiências de vida do indivíduo, o conhecimento é alcançado. Novos significados e contextos podem ser descobertos com a ampliação do conhecimento que pode ser exponencial dependendo da capacidade de processamento e interesse do indivíduo. Nas organizações, a geração de dados é constante e seu volume depende da intensidade de negócios e trocas que uma empresa realiza na linha do tempo. Não se trata de medir a importância da empresa pelo tamanho, é só uma questão de complexidade operacional. Ao se comparar duas empresas do mesmo setor, mas de tamanhos distintos, por exemplo uma mercearia de bairro e uma grande rede varejista, podemos pensar em um primeiro momento que pôr as duas estarem concorrendo no mesmo mercado varejista, com muitos produtos similares, suas necessidades de processamento de dados é similar. Mas vamos comparar as operações. Empresa A Loja de varejo com uma unidade de negócios sediada na periferia da zona leste de São Paulo. Categorias de produtos comercializados: Proteína in natura, padaria, laticínios, higiene e limpeza, higiene pessoal, hortaliças, granja, frutas, láteos, bebidas, enlatados, alimentos processados. Volume de vendas: Custo de Mercadoria Vendida: Margem Bruta: Despesas de Vendas e Administração: EBTIDA: Empresa B Rede Varejista com 679 distribuídas em todo território nacional com negócios em varejo, atacado, e-commerce e serviços financeiros. Categorias de produtos comercializados: Proteína in natura, padaria, confeitaria, laticínios, higiene e limpeza, higiene pessoal, hortaliças, granja, frutas, láteos, bebidas, enlatados, alimentos processados, itens importados, vestuário, cama, mesa e banho, alimentação e higiene Pet, linha branca, linha marrom, TI, celulares, jardinagem, equipamentos de lazer, insumos automobilísticos. Volume de vendas: Custo de Mercadoria Vendida: Margem Bruta: 14 Despesas de Vendas e Administração: EBTIDA: A geração de dados é imensamente maior na empresa B, sua complexidade de negócios também, seu risco também é maior e, por consequência, o volume de informações é muito maior. Isso faz com que a empresa B tenha em sua operação a necessidade de sistemas e periféricos para coleta dados dispostos em mais pontos, com mais operadores de checkout efetuando a coleta de dados. Todo este aparato que é utilizado a cada momento da operação, exige uma capacidade de armazenamento desses dados, em tempo real, de forma que nenhum movimento de pessoas ou produtos não seja registrado. Com 679 pontos de venda, a empresa B comercializa a cada minuto um volume de produtos, que necessita de registro, controle e reposição. Como esse volume é muito grande, a empresa B não pode comprar apenas contra demanda, ela precisa administrar um estoque de produtos e utiliza Centros de Distribuição para o armazenamento e redistribuição de produtos porque, como tem um volume comercial enorme, tem atratividade junto a indústria e pode comprar grandes quantidadespor preços menores, porém, não tem como armazenar todo volume comprado somente nos pontos de venda, daí a necessidade dos Centros de Distribuição e com isso, mais pontos de coleta de dados pois mais tipos de operações são feitas como recebimento, conferência, armazenamento, controle, separação, expedição e transporte para os pontos de vendas. Enfim, uma enormidade de dados é gerada a cada minuto da operação na empresa B. Já a empresa A, utiliza um sistema de checkout apenas para registro de entrada e saída de caixa. Controla seu estoque em um Kardex físico e utiliza uma pasta física para armazenar os boletos de pagamento. A empresa A registra seu movimento, ela acumula dados, mas tem dificuldade de gerar informações com eles pois a captura desses dados é fragmentada e desestruturada. Veja, neste exemplo, não é apenas o volume de dados que diferencia as duas empresas, mas principalmente a forma como cada uma captura, registra e armazena seus dados. A conclusão neste raciocínio é que mesmo que os dados sejam, como expressado por Davenport e Prusak (1998), “ […] Registro a cerca de um determinado evento para o sistema […] inertes […] simples observação sobre o estado do mundo […]”, dados devem ser capturados de forma estruturada para facilitar seu processamento quando houver a necessidade de acessar esses dados para transformá-los em informação. Para que informações sejam estruturadas e tenham valor analítico elas precisam estar dispostas de forma a responder perguntas. Do ponto de vista organizacional, diferentes perguntas são feitas por diferentes stakeholders para que haja a garantia da continuidade operacional. Um modelo bastante resumido de informação é o DRE – Demonstrativo de Resultados do Exercício. Trata-se de uma ferramenta contábil e financeira que ajuda a empresa a medir seu resultado financeiro e operacional na linha do tempo, podendo inclusive ser medido diariamente, embora a frequência mais comum seja mensal. Vejamos como as informações são alocadas em um DRE: 15 Figura 1.3.1 – DRE de empresa industrial DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO 2012 Janeiro AV AH Fevereiro AV AH Março AV AH Q1 1. RECEITA 938.741,13R$ 100% 1.320.464,87R$ 100% 41% 1.280.164,93R$ 100% -3% 3.539.370,92R$ 3. CUSTO 626.330,37R$ 67% 505.340,71R$ 38% -19% 543.960,68R$ 42% 8% 1.675.631,76R$ RESULTADO OPERACIONAL BRUTO 119.334,41R$ 13% 515.211,22R$ 39% 332% 446.556,22R$ 35% -13% 1.081.101,84R$ 4. DESPESAS 219.809,52R$ 23% 231.471,50R$ 18% 5% 239.229,98R$ 19% 3% 690.511,00R$ (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 143.172,62-R$ -15% 172.944,69R$ 13% 114.870,44R$ 9% -34% 144.642,51R$ RESULTADO ACUMULADO 143.172,62-R$ 29.772,07R$ 144.642,51R$ 31.241,96R$ Fonte: elaborado pelo autor. Neste DRE pode-se observar a apuração de Receita, Custos e Despesas no 1º trimestre do ano de 2012, bem como as análises verticais e horizontais de cada mês, além do acumulado do Quartil ou trimestre. Não é possível analisar quais são os fatores que impactam e contribuem o resultado. Ao se abrir um pouco mais de informações no relatório, a necessidade de dados será maior, mas a visibilidade da informação também será maior. Figura 1.3.2 – DRE com rubricas abertas DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO 2012 Janeiro AV AH Fevereiro AV AH Março AV AH Q1 1. RECEITA 938.741,13R$ 100% 1.320.464,87R$ 100% 41% 1.280.164,93R$ 100% -3% 3.539.370,92R$ 1.1 Receitas Premium 161.236,53R$ 17% 135.693,44R$ 10% -16% 88.187,50R$ 7% -35% 385.117,47R$ 1.2 Receitas RD 350.410,13R$ 37% 535.516,68R$ 41% 53% 467.348,02R$ 37% -13% 1.353.274,82R$ 1.3 Receitas Ramos 427.094,47R$ 45% 649.254,75R$ 49% 52% 724.629,41R$ 57% 12% 1.800.978,63R$ 1.4 Outras receitas 0% 2. DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 193.076,35R$ 21% 299.912,94R$ 23% 55% 289.648,03R$ 23% -3% 782.637,32R$ 2.1 Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas 193.076,35R$ 21% 299.912,94R$ 23% 55% 289.648,03R$ 23% -3% 782.637,32R$ 2.1 .1 Premium 31.329,50R$ 3% 28.079,84R$ 2% -10% 20.211,14R$ 2% -28% 79.620,48R$ 2.1.2 RD 85.105,86R$ 9% 130.063,61R$ 10% 53% 113.507,15R$ 9% -13% 328.676,62R$ 2.1.3 Ramos 76.640,99R$ 8% 141.769,49R$ 11% 85% 155.929,74R$ 12% 10% 374.340,22R$ RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 745.664,78R$ 79% 1.020.551,93R$ 77% 37% 990.516,90R$ 77% -3% 2.756.733,60R$ 3. CUSTO 626.330,37R$ 67% 505.340,71R$ 38% -19% 543.960,68R$ 42% 8% 1.675.631,76R$ 3.1. Mão de obra direta 315.571,78R$ 34% 322.237,26R$ 24% 2% 335.905,16R$ 26% 4% 973.714,20R$ 3.2 Matéria Prima direta 310.758,59R$ 33% 183.103,45R$ 14% -41% 208.055,52R$ 16% 14% 701.917,56R$ 3.2.1 Premium 65.256,86R$ 7% 40.639,21R$ 3% -38% 10.061,64R$ 1% -75% 115.957,71R$ 3.2.2 RD 19.755,20R$ 2% 9.812,12R$ 1% -50% 30.788,67R$ 2% 214% 60.355,99R$ 3.2.3 Ramos 225.746,53R$ 24% 132.652,12R$ 10% -41% 167.205,21R$ 13% 26% 525.603,86R$ 3.2.4 Pastene 0% 0% 0% RESULTADO OPERACIONAL BRUTO 119.334,41R$ 13% 515.211,22R$ 39% 332% 446.556,22R$ 35% -13% 1.081.101,84R$ 4. DESPESAS 219.809,52R$ 23% 231.471,50R$ 18% 5% 239.229,98R$ 19% 3% 690.511,00R$ 4.2 ADMINISTRATIVAS 142.882,41R$ 15% 144.142,89R$ 11% 1% 153.149,50R$ 12% 6% 440.174,81R$ 4.2.2 MATERIAL INDIRETO 384,49R$ 0% 1.147,91R$ 0% 199% 1.151,50R$ 0% 0% 2.683,90R$ 4.2.3 SERVIÇOS DE TERCEIROS -R$ 0% -R$ 0% 6.000,00R$ 0% #DIV/0! 6.000,00R$ 4.2.4 INFRA ESTRUTURA 43.606,56R$ 5% 46.186,53R$ 3% 6% 48.748,88R$ 4% 6% 138.541,97R$ 4.2.5 VEÍCULO 3.504,58R$ 0% 1.421,67R$ 0% -59% 1.862,34R$ 0% 31% 6.788,59R$ 4.3 FINANCEIRAS 51.347,60R$ 5% 51.347,60R$ 4% 0% 51.197,60R$ 4% 0% 153.892,80R$ 5.1 PARTICIPAÇÕES DE ADMINISTRADORES 42.697,50R$ 5% 42.697,50R$ 3% 0% 42.697,50R$ 3% 0% 128.092,50R$ 5.1.1 Retiradas 42.697,50R$ 5% 42.697,50R$ 3% 0% 42.697,50R$ 3% 0% 128.092,50R$ 5.1.2 Encargos 0% 0% 0% #DIV/0! -R$ 5.1.3 Benefícios 0% 0% 0% #DIV/0! -R$ 5.1.4 Reembolso 0% 0% 0% 5.1.5 Contrato de Mútuo 0% 0% 0% (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 143.172,62-R$ -15% 172.944,69R$ 13% 114.870,44R$ 9% -34% 144.642,51R$ RESULTADO ACUMULADO 143.172,62-R$ 29.772,07R$ 144.642,51R$ 31.241,96R$ Fonte: elaborado pelo autor. É possível entender um pouco mais sobre o comportamento da empresa analisada e tomar as decisões de correção de rota caso os resultados estejam ruins ou abaixo do esperado.Embora as informações estejam formatadas para entender o comportamento operacional e financeiro da empresa em questão, outras informações mapeadas através dos dados operacionais capturados diariamente podem dar noções sobre os rumos que a empresa está tomando ou mesmo sobre o clima organizacional. As empresas têm acesso a dados macroeconômicos, que afetam ao mercado como um todo, em diferentes fontes como Bacen (Banco Central do Brasil), 16 Ministério da Economia, Portal Contas Abertas, Petrobrás etc. Estes dados sobre indicadores econômicos como taxa de inflação e taxa básica de juros, número de empregados, valor médio da renda, salário mínimo, entre outros, quando analisados junto aos indicadores de cada empresa, vão nortear os negócios e as tomadas de decisão em termos de investimentos, contratações, precificação, estoques, etc. Por exemplo, ao se observar o comportamento dos juros e da inflação nos últimos 6 anos, ano base 2014, vemos que existe uma tendência estabelecida. Figura 1.3.3 – Inflação mensal do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base de informações do IBGE (https://bit.ly/3z35E9d – Tabela completa de séries históricas). Interessante observar que os dados são os mesmos, mas, como a pergunta é diferente, a informação apresentada é outra. No primeiro gráfico, é apresentado o cruzamento entre mês e ano, obtendo-se uma comparação ano a ano do comportamento do IPCA. É possível ver a inflação mês a mês, mas é difícil identificar a tendência. No segundo gráfico, são apresentados os dados inflacionários, mês a mês, porém, de forma sequencial do primeiro até o último. Desta forma, conseguimos ver como foi a evolução do índice IPCA e estabelecer uma tendência. Como conseguir entender a diferença entre as duas formas de apresentação dos dados, ou, como entender as duas informações? Isso é possível com o conhecimento que se tenha do impacto inflacionário em uma economia. O conhecimento explícito nos fará entender o mecanismo de elaboração do gráfico, com o objetivo de gerar a informação e responder às perguntas. Mas, o conhecimento tácito sobre o impacto inflacionário na micro e macroeconomia fará a diferença. A questão é, qual stakeholder quer saber o comportamento inflacionário dos últimos 6 anos? O economista olhará para o passado e fará as comparações, ano contra ano para saber se o Banco Central está administrando bem a inflação através de suas ferramentas de Política Econômica. Um administrador de fundos de investimentos olhará para a tendência para decidir como fará a alocação de recursos nas diferentes opções de fundos acionários, isto é, em quais empresas colocará recursos de investimento para fazer com que elas prosperem e o fundo cresça e tenha lucro. Em uma empresa a evolução do conhecimento pode ser constante se o chamado capital intelectual for preservado e incentivado. Existem situações nas quais as empresas são impactadas e têm a necessidade de reduzir seus custos de forma mais drástica. Uma dessas formas é a redução do quadro de funcionários, outra, é a troca de fornecedores de produtos ou serviços. Em ambas as situações haverá um impacto no capital intelectual da empresa; haverá redução da quantidade de conhecimento que a empresa acumulou, 17 principalmente se esse conhecimento estiver totalmente formatado como conhecimento tácito. Desta forma, em movimentos que possam ser necessários e que possam impactar o capital intelectual das empresas, uma preparação prévia deve ser organizada. Na verdade, toda empresa deve ter comprometimento com seu futuro, através do aprimoramento do acúmulo e conservação do conhecimento. Programas de treinamento, montagem e manutenção de acervos técnicos, transferência de informações entre diferentes stakeholders, ampliação do parque tecnológico, digitalização de dados, todas essas iniciativas e programas devem ser planejados e implantados para que a empresa possa garantir o futuro operacional e organizacional. Um exemplo prático são os processos de certificação que as empresas decidem implementar, como a ISO 9000. Em processo como esse, toda empresa passa por uma modificação de comportamento e passa a registrar e documentar toda e qualquer ação operacional que possa ser feita. O conhecimento explícito e tácito passa a ser explorado e o processo que gera a Espiral de criação do conhecimento organizacional proposta por Nonaka e Takeuchi (1997) entra em marcha e todo e qualquer conhecimento, registrado ou não, passa a ser identificado, registrado e processado, gerando uma nova abordagem empresarial. Não se trata de uma nova organização, mas uma organização que evolui para novos processos e formas de descrição processual por meio do aprendizado que a certificação ISO 9000 trouxe. 1.4 Ativos intangíveis Podemos medir o sucesso de uma empresa de diferentes formas. Podemos atribuir o sucesso pelo aumento consecutivo das vendas e/ou do lucro, pelo aumento do número de clientes/consumidores, pelo número de patentes aprovadas, pelos anos consecutivos de existência/operação, pelo nível de rotatividade dos funcionários, pelo índice de satisfação dos funcionários, pela participação de mercado (Market Share), enfim, por diferentes formas e metodologias. Todas as que acabaram de ser citadas são mensuradas através de indicadores tangíveis, que são medidos e quantificados e quando sofrem uma variação é possível desenvolver uma métrica para entender não só o comportamento, mas também o impacto dessa variação. Por exemplo, ao se observar a evolução de vendas, podemos nos confrontar com uma grande queda no volume de vendas em valores nominais. Isso significa que a empresa irá quebrar, que irá à falência? Não. Significa que houve uma alteração no comportamento econômico da empresa e é necessário fazer uma comparação mais abrangente do comportamento das vendas, na linha do tempo, por exemplo, nos últimos 5 anos de operação e cruzar com a lucratividade da empresa. A empresa pode ter vendido menos pois retirou de produção uma linha de produtos que era deficitária, que dava prejuízo e ao fazer isso, embora esteja vendendo menos, por ter um aumento da lucratividade pois todos os produtos da carteira de vendas são vendidos com lucro. Este mesmo raciocínio pode ser levado para controle de estoque, quantidade de ativos fixos, como edifícios, veículos e máquinas, também pelo tamanho da força de trabalho, número de funcionários etc. No tocante ao número de funcionários, 18 pode haver uma oportunidade a ser explorada na hora de ampliar ou reduzir o efetivo profissional. Figura 1.4.1 – Espiral do conhecimento Fonte: Nonaka e Takeuchi (2008). Ao se observar o modelo SECI, proposto e desenvolvido por Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka, é possível entender que o processo de conversão do conhecimento é contínuo e cíclico; envolve a troca de experiências e informações, muitas delas não registradas formalmente, registradas apenas de forma tácita. Isso torna esse conhecimento praticamente pessoal, porém não intransferível. Através de diferentes interações o conhecimento será convertido e ampliado, pois aquele que transfere o conhecimento tácito recebe conhecimento explícito e nesse processo de troca de experiências e informações os stakeholders, todos eles, acabam crescendo não só intelectual, mas também, pessoalmente. Seja, por exemplo, um profissional que detenha uma habilidade de execução de tarefa importante e exclusiva; um artesão do ramo de móveis. Como fazer para absorver esse conhecimento que essa pessoa desenvolveu pela observação e pela prática profissional aliada ao método de tentativa e erro? Em uma situação como essa, a observação pode ser uma alternativa. Um aprendiz é colocado para auxiliar esse artesão e, durante a curva de aprendizado, o aprendiz absorverá informações e técnicas, passando pelos estágios clássicos de aprendizado, sejam eles manutenção da limpeza e organização doambiente de trabalho, disponibilização de ferramentas e acessórios, bem como sua limpeza, arrumação e guarda, pequenas intervenções em peças simples, auxílio na montagem e transporte de conjuntos complexos até o momento que poderá efetuar a execução de projetos completos. Essa curva de aprendizado irá depender da capacidade de absorção de informações que esse aprendiz possua e geralmente é demorada. Na hipótese de ausência desse artesão, quanto a empresa irá gastar na preparação desse aprendiz, sem um registro formal dos processos de fabricação e execução? Talvez não seja possível preparar esse aprendiz e, assim, a linha de produtos que o artesão produz não existirá mais. 19 De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em seu Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) Ativo Intangível, “ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física” (2010). Não se pode tocar um ativo intangível, porém, embora ele não exista fisicamente e seja de difícil mensuração, ele possui valor intrínseco no futuro ou, no caso empresarial, tem importância na existência futura da empresa. “Os bens intangíveis, portanto, são bens que não podem ser tocados porque não têm corpo.” (HOSS; ROJO; GRAPEGGIA, 2010). Um exemplo atual são as empresas de mídia social, como Facebook e LinkedIn. A princípio, essas empresas não produzem conteúdo, não geram informação e não são meios de informação formal como um site de notícias ou uma emissora de televisão, mesmo assim, o Facebook possui 2,4 bilhões de usuários ativos mensalmente, conforme medição feita no mês de outubro de 2019 pela empresa de marketing Statista, especializada em medição de comportamento do consumidor. Uma empresa que possui a capacidade de gerar interesse em mais de 2,4 bilhões de usuários capta e gere um banco de dados enorme, capaz de emular informações sobre diferentes temas e perfis; é o chamado Big Data. Empresas como Facebook e Google coletam dados de seus usuários em tempo real e armazenam esses dados a cada instante, criando uma malha de dados que é conhecida como Metadados; mas o que vem a ser Metadados? De acordo com o Endeavor (2015) […] os metadados são marcos – ou pontos de referência – que permitem catalogar e classificar uma informação sob todas as formas. Pode se dizer que são resumos de informações sobre a forma ou conteúdo de uma fonte. O prefixo “meta” vem do grego, e significa “além de”. Assim, os metadados são informações que são acrescentadas aos dados, e que têm como objetivo nos informar sobre estes dados para que sua organização se torne mais fácil. Em suma, são dados sobre outros dados. Um item de um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível por um computador. Dessa forma, o que Facebook e Google, entre outras empresas, fazem é capturar todo e qualquer dado que seja processado em seus sites e aplicativos, sejam eles dados estruturados, como um texto ou artigo, sejam eles desestruturados como fotos, vídeos e áudios. O que é feito com esses dados na sequência é o agrupamento deles em bancos de dados de forma que possam ser relacionados e utilizados em algoritmos, na busca por aplicações comerciais ou mesmo soluções empresariais. Quando essas plataformas, Facebook e Google, foram imaginadas e desenhadas, não se havia ideia de onde isso iria parar. Dessa forma, qual era o valor percebido pelos investidores que colocaram dinheiro para que essas plataformas prosperassem? Está aí a grande diferença entre um ativo tangível, que é adquirido para que uma solução empresarial seja escalável e prospere, e de se perceber que existe um ativo intangível, que pode ou não crescer ou dar certo. No caso de ativos tangíveis, o negócio já existe e adquirir um prédio, um veículo ou mesmo uma máquina é uma decisão meramente financeira, onde se calcula o ROI (Return of Investiment – Retorno sobre investimento) e se decide se o 20 retorno esperado, isto é, o lucro que se deseja pode ser atingido e em quanto tempo. Quando tratamos de ativos intangíveis, é muito mais difícil se conceber esse retorno, e uma componente de risco bastante considerável deve ser levada em conta. O conhecimento é um ativo intangível. Embora possa medir o grau de instrução dos funcionários de uma empresa e decidir por investir na contratação de pessoal mais qualificado ou mesmo em qualificar o pessoal existente, para ambos os casos, falaremos sobre conhecimento explícito, isto é, aportar e agregar conhecimento formal através do acréscimo de formação técnica ou acadêmica; mas e o conhecimento tácito, como ele poderá ser aplicado? Uma revolução está acontecendo desde o início do século 21, principalmente no mundo das startups, que iniciam suas operações baseadas em uma ideia concebida pelo fundador da empresa, que, em alguns casos, possui a ideia e a capacidade de desenvolvimento do produto, mas não tem a capacidade de execução. Mesmo assim a indústria 4.0, IoT (Internet of Things – Internet das Coisas), redes de comunicação, virtualização, robótica, deixaram de ser apenas possibilidades para se tornarem parte da vida das pessoas, empresas e governos. Neste ponto, existe um cruzamento interessante de todas as ideias acerca do conhecimento exploradas por diversos autores até se chegar ao modelo DIKW (Data, Information, Knowledge, Wisdon – Dado, Informação, Conhecimento, Sabedoria). O modelo proposto por Jonathan Hey (2004) traz a evolução do modelo proposto por Davenport e Prusak. 21 Figura 1.4.2 – Modelo DIKW Fonte: adaptado de Hey (2004). Nesse modelo, podemos observar um processo evolutivo que ganha consistência e abre possibilidades de enxergar o novo através do aumento do entendimento sobre o assunto ou área de interesse e pela visão contextualizada sobre o tema. É importante lembrar que um dado é inerte, é um evento fora do contexto e sem significado para o sistema (Davenport; Prusak, 1998) e por isso ele está na base da geração do conhecimento ou no limite da sabedoria. Ao se iniciar o processo de construção da base informacional, esses dados coletados são agrupados, organizados no entorno de um contexto e, naturalmente, são absorvidos e entendidos, podendo ser úteis ou descartados dentro do contexto proposto. O interessante está no fato que o acúmulo de informações estruturadas, ricas em dados, devidamente contextualizadas e entendidas, gera conhecimento que, uma vez aprendido, facilita a execução de ações positivas, que têm sentido e que levam o agente a interagir com o ambiente de forma objetiva e construtiva. As tomadas de decisão são leves e rápidas pois o conhecimento traz em seu bojo, a experiência que foi vivida durante a construção do conhecimento. É a base da formulação da boa ciência: registrar os fatos, analisar os dados e fatos, determinar o como e o porquê e, ao final, apresentar as conclusões. Entretanto, por que a evolução do conhecimento é a sabedoria? O sábio é aquele que observa, busca a erudição e não descarta nenhum dado ou ideia, ao contrário, explora o potencial de cada uma delas pois mesmo que não possam ser utilizadas no curto prazo, podem ser uma centelha de uma grande descoberta, isto é, o sábio é aquele que através do entendimento e do contexto, vê solução para problemas intricados e de difícil solução. A pergunta que podemos fazer é: qual o tamanho desse ativo intangível para a sociedade? Fica a reflexão. 22 2 LADO HUMANO O impacto que o conhecimento gera nas empresas e nas pessoas. 2.1 Fator humano Em tempos de reflexão sobre o papel da sociedade no destino da nação, observa-se que a fila dos questionamentos é sempre maior do que a fila da ação, isto é, dos atores que estão realmente engajados com mudanças que alterem o futuro de forma positiva, assertiva e produtiva. Um processo de transformação que resulte em evolução de diferentes pontos; econômico, social, cultural e estrutural,passa por repensar o que está sendo feito, como está sendo feito e porque está sendo feito. Pela visão meramente macroeconômica, bem simplista aliás, investimento hoje garante PIB (Produto Interno Bruto) de amanhã. Agora, se utilizarmos este raciocínio para a visão educacional, educar hoje garante, praticamente, tudo no amanhã. Uma nação necessita de toda sorte de profissionais, sejam arquitetos e engenheiros, assim como técnicos em edificações, mecânicos, eletricistas etc., para que a infraestrutura do país esteja em pleno funcionamento e preparada para evoluir. Médicos, dentistas, enfermeiros, fisiatras, técnicos etc., para a manutenção da saúde e a redução no longo prazo do acometimento, pela sociedade, de enfermidades, o que garante inclusive a redução de custos com saúde pública e o aumento da longevidade das pessoas. Se levarmos este raciocínio para todas as profissões, podemos escrever longos artigos. Todo este mecanismo que evolui no mínimo organicamente necessita de pesquisa e desenvolvimento. Os profissionais envolvidos devem buscar atualização constante pois, embora possam ter sido provados, conceitos evoluem, assim como as tecnologias empregadas. Como os recursos naturais são finitos, a busca por fazer mais com menos é constante e isso passa, obrigatoriamente, por pesquisas. Este é um dos grandes obstáculos, pois pesquisar leva tempo, exige recursos, é de resultado e retorno incertos e é pouco valorizado no Brasil. O Brasil produz pouca pesquisa, a maioria ligada a instituições de ensino, e isso leva a outro problema, que é a baixa taxa de adesão de pessoas a programas de capacitação. Os profissionais no Brasil se capacitam por obrigação profissional, o que pode levá-los a programas que eles não escolheram. Diante da realidade da educação, observa-se que o professor, em todos os níveis, é o agente da transferência de informação, deve estar preparado para estimular o aluno para utilizar essa informação como base da construção do conhecimento, o que denota mais pesquisa, leitura e reflexão, mas o professor não tem tempo nem recursos para manter seu nível de qualificação em constante evolução. Até porque, assume uma carga horária elevada para poder ter remuneração condizente com seus custos. Embora esse raciocínio seja a conclusão daquilo que se experimenta no Brasil no início da terceira década do século 21, a busca pela solução de problemas é inerente ao ser humano, desde os primórdios. 23 Ao imaginarmos a humanidade antes da estruturação do conhecimento, antes da imprensa de Guttenberg ou antes do papel, descoberta atribuída aos chineses, observamos que desde a pré-história o homem buscou encontrar formas de registrar sua visão de mundo. As pinturas rupestres, datadas de 40.000 anos a.C., têm uma estimativa de terem sido feitas no período Paleolítico. O ser humano já há muito tempo tem procurado registrar fatos e dados importantes durante a sua existência e a busca incessante por tecnologia não é algo novo, mas sim, é inerente a psique humana, pois, como se trata de uma espécie frágil, desde o seu nascimento, desprovida de instrumentos naturais de defesa, para não ser extinta, teve que evoluir através da busca do conhecimento. Esse conhecimento inicialmente é pautado pelo acúmulo de experiências notadamente ligadas a tentativa e erro; o aprendizado vem dessa “insistência” no aprimoramento. Podemos imaginar que, ao pintar uma gravura em uma caverna, o ser humano está registrando seu triunfo sobre sua presa e mostrando para os seus semelhantes, no “agora” e no futuro, que foi bem-sucedido na empreitada da caça, pois, se está pintando significa que está vivo, isto é, bem-sucedido. Com a capacidade de articular as situações e buscar soluções mais adequadas para situações problema, o homem iniciou sua trajetória na busca do conhecimento de forma errática, mas expansivamente. Uma descoberta leva à solução do problema do momento, que leva a uma nova demanda. Se o ser humano, por observação, desenvolve a capacidade de caça ele irá buscar o tipo de caça que esteja ao seu alcance. Seja por consumir demais, seja por perceber que pode caçar uma presa maior e mais complexa, ele busca o aprimoramento de soluções para solucionar problemas. As primeiras ferramentas foram desenvolvidas a partir de pedra lascada. Após a descoberta do fogo, o homem pôde desenvolver a capacidade de cocção dos alimentos, o que levou a cardápios mais sofisticados e à necessidade de utensílios de barro. Depois vem a descoberta do metal, iniciando pelo cobre em 3.300 a.C., depois o bronze, que é uma liga metálica composta por cobre e estanho, até chegar à idade do ferro, em 1.200 a.C. e começar a produzir utensílios, artefatos e armas de maior capacidade e durabilidade, pois o ferro é um metal que apresenta características de dureza e resistência maiores do que as ligas não ferrosas. É importante notar que esse momento histórico está muito distante daquele onde o papel foi desenvolvido e mais distante ainda da imprensa de Guttenberg, mesmo assim, os registros de manuseio e processos já começavam a ser feitos em paredes e pedras, de forma mais organizada. É o princípio de criação de registro histórico e processual, o que atualmente Nonaka e Takeuchi chamam de conhecimento explícito. Pode-se concluir que até então, mesmo sem ter a noção do que se tratava, o conhecimento tácito era a grande mola propulsora das descobertas e inovação. Nessa época, o ser humano dava os primeiros passos para viver em sociedade, não somente com sua família nuclear, mas compondo lugares onde grupos se associavam para proteção e troca daquilo que era importante para a sobrevivência. Dando um salto no tempo e indo até a Grécia Antiga, com suas conquistas e filosofia em expansão, observamos os feitos de Alexandre Magno (335 a 323 a.C.), em sua busca pelo saber conquistando e vivendo entre outras culturas. Embora Alexandre Magno seja mais conhecido como grande conquistador e estrategista militar, as cidades ou localidades conquistadas, mantinham sua cultura matriz, tendo 24 a filosofia grega sendo incorporada, mas nunca sufocando ou acabando com a cultura da região. Ele acreditava na convivência das duas culturas e no crescimento de seu império com premissas gregas, mas com conhecimento legado de cada região, muito embora, a imposição da língua grego-helenística seja um ponto de grande conflito e dificuldade da convivência inicial das duas culturas. Até por causa disso, diferentes cidades foram rebatizadas e chamadas de Alexandria, um lugar onde o novo e o histórico se fundiam. Ao longo da história, vemos o ser humano buscando sempre aumentar sua capacidade cultural e intelectual pois isso sempre serviu para o seu crescimento pessoal e econômico. Seja no período do Império Romano, depois na Idade Média, à época das grandes navegações até a Idade Contemporânea, o ser humano pautou seu progresso na busca e no acúmulo de conhecimento. Podemos observar uma grande aceleração nessa busca e mesmo no acúmulo de dados e informações a partir da Revolução Industrial (1760 – 1840 d.C.). Na visão de Eric Hobsbawm em seu livro A Era de Revolução (1962), “[…] a revolução "explodiu" na Grã-Bretanha na década de 1780 e não foi totalmente percebida até a década de 1830 ou de 1840 […]”. Seja como for, a Revolução Industrial foi o marco na transição do trabalho artesanal para a produção industrial, sendo responsável pelo surgimento e ampliação dos grandes centros urbanos contemporâneos, significou a inclusão do homem comum ao consumo de produtos manufaturados e a criação do conceito de demanda. Quando existem processos formalmente estabelecidos, a necessidade de registros sobre seu andamento se faz necessário pois, enquanto não existe padronização na produção artesanal, o que traz um senso de exclusividade, na produção industrial a padronização é o centro da atividade e aquilo que garantirá economia de escala, controle deprocessos, controle de custos e preços economicamente viáveis e, naturalmente, maiores lucros. Esse movimento trouxe a necessidade de organização e criação de métodos e controle de processos de produção industrial. Entre tantas iniciativas e pensamentos sobre a administração, disciplina que nasceu sobre a égide da industrialização do trabalho, podemos citar: 1903 – Teoria da Administração Científica – Taylor, Gilberth. 1909 – Teoria da burocracia – Weber. 1916 – Escola dos Princípios de Administração – Fayol. 1932 – Escola das relações Humanas – Mayo e Lewin. 1947 – Teoria das decisões – Simon. 1951 – Teoria dos Sistemas – Bertalanffy, Kast e Rosenzweig. 1953 – Teoria dos Sistemas Sociotécnicos – Emery e Trist. 1954 – Teoria Neoclássica da Administração – Newman, Druker. 1957 – Escola Comportamental da Administração – McGregor. 1962 – Escola do Desenvolvimento Organizacional – Bennis. 1972 – Teoria da contingência - Woodward, Laurence e lorsch. Todas essas teorias e conceitos desenvolvidos por diferentes pensadores, como: Frederick Taylor, Max Weber, Henry Fayol, Elton Mayo, Ludwig von 25 Bertalanffy, Peter Drucker, Warren G. Bennis, que continuam válidas e estudadas, ajudaram o ser humano e a sociedade em seu caminho de modernização, exigindo cada vez mais estudos e levando a administração das organizações a registrar, catalogar, analisar e aprender como funciona o comportamento humano na sua busca por soluções, seja nas relações meramente sociais, sejam na relações empresariais. 2.2 Cultura e valores organizacionais Empresas possuem cultura e valores próprios assim como os indivíduos, isso é um traço de individualidade que define a sociedade. O senso ético em relação ao ser humano, ajuda a definir os limites de moralidade e comportamento dentro das empresas e da sociedade em geral. Essa percepção de valores éticos vem sendo construída ao longo do tempo e aquilo que foi passivo de pena de morte na época da inquisição, não tem mais sentido nos dias de hoje, assim como os duelos para defesa da honra, muito comuns na idade média e no velho oeste americano, não tem mais cabimento em sociedades evoluídas. Os seres humanos reagem às forças econômicas, sociais e políticas do ambiente, mas, ao contrário das partículas inanimadas das ciências físicas, os humanos têm percepções e atitudes que, ao mesmo tempo, transformam essas forças que atuam sobre eles. Essa atuação reflexiva de dois sentidos entre as expectativas dos participantes e as ocorrências efetivas é essencial para a compreensão de todos os fenômenos econômicos, políticos e sociais. (SOROS, 1998, p. 24). Na maioria das vezes, uma cultura organizacional está pautada nas crenças e ações de seus fundadores que estão conduzindo essas empresas. Isso não chega a ser um grande problema no início da jornada, visto que toda empresa que está iniciando sua jornada necessita de um guia, um desbravador do caminho e normalmente essa figura é desenvolvida pelo fundador ou por seus sócios. Como tudo na vida, a evolução corporativa é uma exigência que o mercado cobra de forma contínua. Empresas devem estar em movimento e em evolução o tempo todo, não somente em termos tecnológicos no que tange Tecnologia da Informação, Gestão de Processos e Operações, mas também na condução de sua força de trabalho, parte vital para o atingimento de metas que garantem não só a sobrevivência mais a evolução das empresas. O mercado - clientes, consumidores, agentes de fomento e financeiros - monitora constantemente o comportamento das empresas e de tempos em tempos, promove uma revisão de contratos. As pessoas, individualmente, mudam suas preferências, sem contar que a evolução da sociedade exige novidades constantemente. 26 Figura 2.2.1 - Dilbert by Scott Adams Fonte: https://deposito-de-tirinhas.tumblr.com/image/21215216855. Segundo Chiavenato (1997), clima organizacional é “a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e que influencia seu comportamento". Valores organizacionais são o senso ético que as empresas desenvolvem e acreditam, “[…] enquanto essência da filosofia da organização para obter o sucesso, os valores fornecem um senso de direção comum para todos os empregados e um guia para o comportamento diário […]” (DEAL; KENNEDY, 1988). A cultura organizacional tornou-se no final do século XX e início do XXI um tema e uma prática importante para as organizações, onde os indivíduos ao participarem das organizações assumem sua cultura, assimilando-a ou rejeitando-a. A cultura organizacional contribui para que os indivíduos estabeleçam sentido em suas ações e serve como marca de referência para elas. A cultura organizacional difere de clima organizacional. Dias (2007, p.30) citando Drucker define a organização do ponto de vista conceitual como “[…] um grupo humano, composto por especialistas que trabalham em uma tarefa comum”. Como as organizações, mesmo concorrentes e produzindo a mesma linha de produtos, são únicas, como cada indivíduo o é, acabam desenvolvendo práticas únicas que somente serão compreendidas e se necessário, mudadas, quando a cultura organizacional for mapeada, estudada e compreendida. Figura 2.2.2 – Níveis de cultura Fonte: adaptado de Schein (1992, p.17). 27 Segundo Schein (1992), a base da cultura organizacional está nas crenças básicas, que estão incutidas no inconsciente coletivo da organização, são percebidos como uma filosofia de existência corporativa e não são visíveis, não estão, geralmente, escritas e são na verdade rituais que vão sendo desenvolvidos ao longo do tempo. De certa forma, é o que liga as pessoas à organização e dá senso de “pertencer”. Já os valores acabam por definir o caminho, aquilo que é certo e errado, que faz sentido e pode ser quantificado e que de certa forma limitam as tomadas de decisão, os riscos que serão contratados e os ganhos que se deseja obter. Para que os valores levem a organização para frente, são necessários instrumentos operacionais, as ferramentas, os produtos e a forma como a empresa faz negócio e se apresenta ao mercado. Nesse raciocínio, existem empresas que tem cara e jeito de jovem, mesmo possuindo décadas de existência, como a Apple. A constituição e consolidação dos grupos é uma forma do estudo da cultura organizacional. A formação do grupo, para Schein, é um processo em que os códigos culturais contribuem para a dinâmica formativa dos grupos, sendo que um dos elementos centrais nessa criação/formação é o processo de aprendizagem cultural. Em muitos casos, o profissional recém contratado não consegue se adaptar à empresa, se sentido um “peixe fora do aquário” ou neste caso, um mamífero se afogando em um rio corporativo pois não tem as ferramentas comportamentais para se adaptar a correnteza e nadar. É papel vital da liderança da empresa, observar como está o clima organizacional e tomar as medidas corretivas para manter esse clima saudável. O conceito de cultura organizacional que o autor Dias utiliza é apropriado a partir da perspectiva de Schein e seria, portanto, “[…] sistema de ações, valores e crenças compartilhado que se desenvolve numa organização e orienta o comportamento dos seus membros […]”. Para Schein, a cultura organizacional possui a função de orientar a integração do indivíduo à organização, procurando solucionar os problemas advindos desse processo. É necessário observar que a cultura organizacional está intrinsicamente ligada à cultura geral da sociedade. Dias apresenta as principais características da cultura organizacional: Cada organização possui sua cultura própria (identidade). É implícita na estrutura e explícita pelos membros da organização. Mesmo sendo intangível, ela influencia decisivamente nas estruturas organizacionais. Ela é expressa em sinais, como linguagem,emoções, ordem, disciplina e até no ambiente físico. É aceita pelos membros e transmissível e desenvolve identidade entre eles. Algumas funções principais da cultura organizacional: Define limites e papéis para os integrantes e estabelecendo distinções entre as organizações. Fortalece a estabilidade organizacional, produzindo identidade e coesão. Influencia e molda o comportamento dos integrantes da organização. 28 É a memória da organização, conservando as tradições dela. É a ponte entre o ambiente externo e interno da organização. Alguns elementos que compõem a cultura organizacional: valores; crenças; ritos, rituais e cerimônias; estórias e mitos; linguagem; lendas e sagas; slogans e lemas; condutas de forma geral; tabus; símbolos, símbolos sociais, heróis, hábitos; normas e costumes; comunicações; ideologia; elementos materiais; elementos estruturais. O clima organizacional é a percepção do coletivo, isto é, a expressão pessoal da visão que os trabalhadores e dirigentes adquirem da organização à qual pertencem, podendo ser negativa ou positiva. Está diretamente ligado com o grau de satisfação, com as expectativas e necessidades de seus membros. Algumas características do clima organizacional foram descritas por Dias: O clima é molecular e sintético de uma organização: é a personalidade dela. É uma configuração particular de variáveis situacionais. Seus elementos podem variar, mas seu elemento principal pode se manter. O clima pode ser contínuo, não como a cultura, organizacional é, pois, pode mudar a partir de intervenções. Ele é um fenômeno exterior ao indivíduo, mas o indivíduo sente-se como agente de produção e reprodução do clima organizacional. O clima é diferente de tarefa, pois numa mesma tarefa podem existir muitos climas. O clima é baseado nas características da realidade externa. Pode ser mensurado, porém é mais fácil percebê-lo. É um determinante direto do comportamento, atuando sobre atitudes e expectativas. A organização pode, a partir do clima organizacional provocar insegurança, motivação e responsabilidade. A percepção entre os membros favorece um clima de diálogo ou de insegurança, favorecendo alinhamento aos objetivos ou o contrário. Variáveis que afetam o clima organizacional: Comunicação interna. Salário. Instabilidade externa. Condições de trabalho. Transporte até o trabalho. Possibilidades de crescimento de carreira. Alinhamento dos valores organizacionais com os valores pessoais. Tarefas realizadas. Relacionamentos interpessoais. Higiene no ambiente de trabalho. Padrão de desempenho esperado coerente. O clima organizacional pode existir sem intenção ou também propositadamente. 29 Alguns tipos de clima podem provocar algumas consequências: De intimidade. De espírito de equipe. Com ênfase na produção. Burocrático. De cordialidade. De tolerância. O clima organizacional retrata a satisfação ou não dos membros, contribuindo para a predisposição em implantar e manter “filosofias” gerenciais. Ele está intimamente ligado à cultura organizacional, surgindo principalmente em mudanças. Formas de percepção: absenteísmo, alta rotatividade, desperdícios, rumores, conflitos etc. A cultura organizacional pode influenciar o clima, a partir de suas características, como também o mesmo pode ser influenciado por fatores externos à organização. 2.3 Gestão Estratégica do conhecimento: conceitos e dimensões O conhecimento permeia as organizações de forma definitiva e ampla e desde que uma empresa inicia suas operações, ela está em busca do aprimoramento do conhecimento através da busca e contratação de mão de obra qualificada, da introdução de tecnologias que corroborem e ampliem sua capacidade operacional e de comunicação, inclusive na comunicação formal com seus stakeholders. Dentro desse contexto, e com o advento da digitalização da sociedade, a integração de negócios vem apresentando um crescimento exponencial nas últimas duas décadas, principalmente da segunda metade dos anos 1990 em diante. A complexidade do ambiente de negócios aumenta em consonância com o aumento da demanda e do consumo. No início do século 20, período que ainda engatinhava no desenvolvimento tecnológico que a Revolução Industrial (1760 – 1840) despertou, a população mundial era estimada em um pouco menos de 2 bilhões de habitantes (este número foi atingido em 1927 segundo o Fundo de População das Nações Unidas) e no início da terceira década do século 21 a estimativa é de mais de 7,7 bilhões de habitantes2. É um crescimento de 2,5 vezes em 120 anos. Imagine como a demanda cresceu nesse período e quantos produtos e serviços nasceram e morreram. O automóvel não existia como meio de transporte viável em 1900 e hoje discutimos se vale a pena comprar um automóvel, mesmo sendo um produto viável, testado e de certa forma, de importância para o deslocamento das pessoas. A medicina era incipiente no início do século 20 e atualmente é muito menos invasiva, com exames de imagem altamente sofisticados. A comunicação era restrita a curta distância e saber o que ocorria em outras partes 2 Dados medidos pelo painel worldometers.info/br/, em 24 de janeiro de 2020. 30 do mundo além de muito difícil, levava meses, entretanto, já é possível acompanhar em “tempo real” acontecimentos em todas as partes do globo. Enquanto Santos Dumont conseguia decolar com seu 14 bis no campo de Bagatelle na França, em 1906 e realizar um voo de 220 metros em 21,5 segundos, tendo decolado e pousada por propulsão própria, os irmãos Wright em 1905 conseguiam voar distâncias superiores a 15 km, mantendo voos de até 38 minutos, porém o aeroplano deles necessitava de um equipamento de lançamento, isto é, o aeroplano não decolava sozinho, mas conseguia manter voo. Atualmente conseguiríamos chegar à conclusão de quem é o “pai” da aviação mais rapidamente. A despeito de quem “inventou” o avião, a questão está no quanto os meios de comunicação foram evoluindo até chegarmos as telecomunicações em tempo real existentes na atualidade, o que nos propiciou quase infinitas possibilidades e a criação da economia de compartilhamento. Uber, Airbnb, Yellow, Cabify, Rappi e tantas outras iniciativas são exemplos da economia de compartilhamento; mas o que está por trás do sucesso desse modelo de negócio? A Figura 2.3.1 mostra o modelo de gestão de demanda desenvolvido por Keely Croxton (2002, p. 53) e toda intricada conexão entre atividades e visão estratégica e operacional. Figura 2.3.1 – Modelo de Gestão de Demanda Fonte: Croxton et al. (2002, p. 53). Toda e qualquer empresa necessita mapear e entender sua demanda, que envolve o que produzir, quando produzir, como produzir, por quanto produzir, para quem produzir, além claro dos aspectos econômicos como quais os custos 31 envolvidos na produção, quais os custos envolvidos na distribuição, quais os custos envolvidos no financiamento e qual o preço que fará sentido para o consumidor e qual é o lucro objetivo. Analisando cada componente do modelo, pela ótica estratégica, a Definição dos objetivos e estratégias da gestão da demanda diz respeito à sincronização entre a capacidade produtiva e as necessidades de vendas, de forma a garantir flexibilidade no sistema produtivo, sem grandes aumentos de estoque, e a rápida resposta às alterações de comportamento de consumo dos consumidores. Já a Definição dos procedimentos de previsão diz respeito à profundidade dos modelos de previsão; se as observações serão mensais, semanais, diárias ou em tempo real. Aliás, modelagem desenvolvidas partindo de dados em tempo real só foi possível com toda integração dos sistemas informatizados através de telecomunicação integrada, algo que a evolução da internetpossibilitou. O Fluxo de informação é algo mais sofisticado e deve ter uma atenção especial, pois através dele é que os dados serão capturados e tratados e nem toda informação diz respeito a toda organização. A utilização de sistemas específicos como VMI (Vendor Management Inventory – Gerenciamento do estoque de vendas) e CPFR (Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment - planejamento colaborativo, previsão e reabastecimento) ajudam no desenho de previsão indicando quais os melhores produtos para clientes específicos. A sincronização da cadeia de abastecimento é vital para que sejam evitados ruptura de estoque (quando o produto está em falta e não pode ser entregue) e excesso de estoque. É importante salientar que a sincronização está ligada a diferentes fatores e áreas como Compras, Marketing, Operações, Financeiro, Logística e Contas a Pagar são responsáveis por manter os sistemas atualizados de forma que o SO&P (Sales and Operations Planning – Vendas e Planejamento Operacional) possam utilizar dados consistentes para manter a cadeia de suprimentos sincronizada. Sistema de Gerenciamento de Contingências ou em muitas empresas, principalmente varejistas, chamado de Loss Prevention (prevenção de perdas), é uma importante ferramenta que monitora as ações operacionais evitando assim que eventos não programados possam comprometer a operação e gerar perdas financeiras para a empresa. Ferramentas como CRM (Customer Relantionship Management – gerenciamento do relacionamento com clientes) e SRM (Supply Relationship Management – gerenciamento do relacionamento com fornecedores) são empregas para a geração de relatórios situacionais acerca de entregas, níveis de estoque X pedidos firmes e tempo de ressuprimento. As ferramentas BI (business intelligence) são a base do Sistema de Indicadores de Desempenho. Toda empresa necessita monitorar seus negócios em todos os níveis e os indicadores de desempenho são a base desse monitoramento, pois de forma instantânea (quando gerados em tempo real), dão a visão do andamento de diferentes atividades, operações e processos que estão ocorrendo na empresa. A quantidade de dados necessários para responder essas questões é enorme e somente com a digitalização dos processos de processamentos de dados, foi possível viabilizar negócios tão incipientes, que são difíceis de entender e tão disruptivos em relação aos produtos tradicionais. Vamos analisar a busca por imóveis via internet como exemplo. 32 Figura 2.3.2 – Modelo de Negócio E-Buyer no mercado imobiliário Fonte: acervo do autor. A ideia nesse modelo é fazer com que os stakeholders que desejam comprar ou vender imóveis usados não precisem recorrer a um corretor e possam fazer seus negócios em uma plataforma digital de forma rápida e barata. O modelo operacional está demonstrado na Figura 2.3.3. Figura 2.3.3 – Modelo Operacional E-Buyer Fonte: acervo do autor. O modelo de negócio não tão simples, pois o ciclo de venda de um imóvel em um grande centro chega a 8 meses. Isso é uma oportunidade interessante, pois se esse ciclo for reduzido, o vendedor conseguirá vender seu imóvel mais rapidamente e o comprador, caso queira revender após reformar o imóvel, terá seu retorno de investimento mais rapidamente. Mas como fazer isso com um ciclo processual tão complexo, como demonstra a Figura 2.3.4? 33 Figura 2.3.4 – Fluxo operacional de reforma de imóvel Fonte: acervo do autor. Será muito difícil realizar a busca pelo imóvel ideal e pelo cliente ideal, se isso for feito manualmente, através de buscas individuais. Como resolver esse dilema? 34 Figura 2.3.5 – Modelo de automatização de processos Fonte: acervo do autor. Através de tecnologias modernas de vetorização de dados, que é a capacidade que os processadores de dados em computadores têm de carregar e realizar operações com múltiplos dados consecutivos em uma única ação de processamento, é possível criar algoritmos3 que farão com que as máquinas de processamentos executem ordens específicas, complexas e repetidas, como o que acontecem em robôs que buscam informações específicas em infinitas páginas referenciadas na internet. A ideia final do conceito de gestão estratégica do conhecimento é que não existem mais limites na busca por soluções de problemas e que o conhecimento explícito pode transpassar barreiras de espaço, para servirem de base para geração de diferentes negócios e soluções. Empresas podem evoluir através de modernas soluções de processando de dados para gerar informações, que auxiliarão na tomada de decisão e que servirão de base para a construção do acervo de conhecimento que ela possui. A sabedoria está em empresas entenderem e se aproveitarem de seu conhecimento acumulado, não trocando tecnologia porque algo novo surgiu, sem investigar se essa nova tecnologia realmente pode ser implantada pois o legado se exauriu. O inverso também é válido pois se uma empresa armazena conhecimento, mas não o torna disponível, por mais valioso que seja, ele tenderá a ficar obsoleto e perder a relevância. Para finalizar esta parte, sempre lembremos dos conceitos de Nonaka e Takeuchi. 3 “São procedimentos precisos, não ambíguos, mecânicos, eficientes e corretos” (DASGUPTA; PAPADIMITRIOU; VAZIRANI; 2006). 35 UNIDADE II 3 ORGANIZAÇÃO 3.1 Fatores estratégicos e o papel da alta administração A definição de alta administração ainda no início do século 21, está pautada no modelo das legiões romanas, do Império Romano, onde os “superiores” estão no topo, com todo status quo que a função lhes garante, e nas camadas abaixo estão aqueles que obedecem a ordens. Sam Walton, fundador do Walmart, talhou uma frase que, de certa maneira, pôs em evidência a fragilidade desse modelo, dizendo: “Existe apenas um chefe, o cliente; e ele pode demitir todos na empresa, desde o presidente, simplesmente gastando o dinheiro em outro lugar”. Por esse raciocínio, de nada adianta ter status e poder se não há possibilidade de controle sobre o imponderável, que seja, a vontade do cliente. Posto isso, o papel da alta administração vem estando mais ligado a criação de fatores motivantes, seja para as equipes de trabalho, seja para os clientes, do que simplesmente o de dar ordens. A alta administração deve ser a mola propulsora da liderança das empresas, focadas na melhoria contínua das operações. Uma das coisas importantes da administração diz respeito a como as pessoas que estão nas camadas operacionais poderão compreender os comandos de execução e poderão aprender durante esse processo. Não é possível implementar uma estratégia sem que haja uma análise detalhada dos dados que são coletados durante a operação e desta forma, os aspectos estratégicos de qualquer empresa devem levar em consideração como as informações são criadas e disponibilizadas ao longo da estrutura empresarial. Nessa linha de raciocínio não cabe mais o represamento de informações. É claro que existe um grau de confidencialidade em todo processo, mas de toda forma, é extremamente importante que as empresas mantenho um canal de comunicação aberto no fluxo operacional. A alta administração deve ter em sua agenda estratégica, espaço para que o conhecimento seja desenvolvido e que possa permear todas as áreas da empresa. É estabelecer a visão de que conhecimento é um ativo importante na organização. Tais visões têm por objetivo estabelecer os resultados esperados em produtos e ampliação do estoque de conhecimentos existentes na organização (TERRA, 2005). O desenvolvimento de novos produtos passa pela análise de comportamento do consumidor, passa pela análise dos fatores de produção, disponibilidade de matérias-primas, disponibilidade de mercado fornecedor, disponibilidade de infraestrutura de armazenamento, disponibilidade de distribuição logística.A disseminação do conhecimento é uma das grandes dificuldades e um dos grandes desafios das empresas principalmente nas corporações transnacionais, devido a existência de uma estrutura muito grande, sendo que dessa forma, existem diferentes departamento e a ocorrência de barreiras na comunicação acaba sendo natural no fluxo informacional. Isto não significa que essas barreiras informacionais 36 sejam positivas ao contrário elas criam incertezas que geram desperdício de tempo durante a execução dos trabalhos. Nas pequenas e médias empresas, a concentração dos níveis organizacionais facilita a interação, a troca de experiências e o compartilhamento do conhecimento. Mesmo assim não existe a garantia de que a qualidade das informações e por consequência a transferência do conhecimento estejam garantidos. Alguns fatores estratégicos relevantes, que devem estar na pauta das empresas e que não são complexos em sua implantação podem ser listados da seguinte forma: Envolvimento e comprometimento da liderança – É impossível envolver as pessoas que irão construir o futuro das empresas contando apenas com a hierarquia funcional; os líderes devem estar na linha de frente e devem validar as lideranças situacionais que serão desenvolvidas durante os processos de implantação da estratégia de longo prazo. É importante salientar também que em muitos casos, investimentos significativos serão feitos e é importante que a liderança deixe claro a importância das melhorias processuais que virão desses investimentos. Clareza na comunicação da estratégia – O fluxo informacional das empresas deve garantir que todas as áreas envolvidas nos processos de execução da estratégia estejam “na mesma página”, isto é, que todos saibam do que se trata a estratégia, o papel de cada área e o impacto que a estratégia terá sobre o futuro da empresa. Cultura organizacional – Empresas não são seus “chefes” ou seus produtos, empresas são as pessoas que realizam a estratégia. Um clima organizacional pautado na meritocracia e definição de papeis claros fará com que a cultura organizacional, local e global, possa ser leve, objetiva e focada na realização dos objetivos e no atingimento de metas. Processo de gestão estratégica - As organizações devem ter processos estruturados de gestão estratégica, as empresas devem formalizar o planejamento estratégico de forma a nortear suas ações de forma estruturada, buscando atingir os objetivos e metas futuras. Ferramentas BI – Business Intelligence é a base do controle de metas e devem ser estruturados em diferentes níveis, estratégico, tático e operacional. Refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte a gestão de negócios. É um conjunto de técnicas e ferramentas para auxiliar na transformação de dados brutos em informações significativas e uteis a fim de analisar o negócio. As tecnologias BI são capazes de suportar uma grande quantidade de dados desestruturados para ajudar a identificar, desenvolver e até mesmo criar uma oportunidade de estratégia de negócios. O objetivo do BI é permitir uma fácil interpretação do grande volume de dados. Identificando novas oportunidades e implementando uma estratégia efetiva baseada nos dados, também pode promover negócios com vantagem competitiva no mercado e estabilidade a longo prazo. Monitoramento e reavaliação – Toda estratégia, mesmo as que são bem desenvolvidas e implantadas necessitam de revisão pois o mercado é dinâmico e hábitos de consumo são alterados constantemente. Um bom exemplo dessa situação é o mercado da moda, que necessita desenvolver coleções sazonalmente e podem ser afetadas por alterações climáticas, como no caso de invernos menos intensos que fazem com que a antecipação do lançamento da coleção primavera verão seja antecipada. 37 A instabilidade do ambiente e a necessidade de aprender com as mudanças do contexto originaram o fator Aprendizagem com o Ambiente, referido por Davenport e Prusak (1998), Argote et al. (2003), Fleury e Felury (2001 e 2003), Lester (2004). Os consumidores, os fornecedores, parceiros estratégicos, e até mesmo concorrentes, fornecem à empresa condições de se apropriar de informações privilegiadas, podendo transformá-las em novos conhecimentos. Segundo Johnson (2004), a maioria das organizações vem enfrentando dificuldades no desenvolvimento de projetos de gestão do conhecimento, por algumas razões específicas como: os gestores terem dificuldade em identificar quem efetivamente está gerando um desempenho excepcional e como essas forças iriam interagir em outro departamento ou unidade; as pessoas não transferirem o conhecimento para outras situações por não acreditarem que serão eficazes em uma nova situação; os membros da organização não perceberem ou não reconhecerem seus pares como especialistas; as pessoas não reconhecerem o valor do conhecimento ou não terem habilidades e experiências necessárias; ou, ainda, não usam o conhecimento transferido a ponto de incorporar no seu modo de trabalho; as empresas não disporem de sistemas e estruturas para capacitar as pessoas, reconhecer e alavancar o conhecimento existente; as pessoas de diferentes unidades não terem histórico positivo de comunicação e colaboração. A existência de dificuldades na gestão do conhecimento deve servir de base ao processo de planejamento e à implementação de ações que propiciem a correção das deficiências percebidas. A busca de efetividade nos processos de transferência e reutilização do conhecimento requer ações gerenciais que oportunizem a transferência de conhecimento e deem utilidade em novas aplicações (Terra, 2005). O desafio das empresas modernas é identificar as necessidades e confrontá- las com as capacidades e conhecimentos existentes. O dimensionamento do conhecimento existente permite identificar e planejar as ações gerenciais e os investimentos necessários à implantação de um projeto de gestão do conhecimento compatível com as expectativas da organização (WANG et al., 2006). As metas e objetivos devem ser transmitidos a todos os níveis organizacionais com clareza, para que cada um perceba o que a organização espera dele, quais recursos estão disponíveis e que incentivos são ofertados. A aquisição de conhecimentos não é uma mera transferência de conhecimento de uma pessoa para outra, mas uma construção individual baseada em informações, motivações e atitudes (WINKLER; MANDL, 2004). A interação com o ambiente externo permite a captura de dados e informações, constituindo-se no elo inicial do processo. A construção do conhecimento se efetiva pela análise e comparação com outras informações conhecidas (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Atuando num mercado altamente concorrencial as empresas se deparam com a necessidade de reformular periodicamente a sua visão estratégica e de buscar uma eficiência coletiva como forma de sobrevivência no longo prazo (FLEURY; FLEURY, 2001). A definição estratégica e a necessidade de eficiência são variáveis que se associam a uma cultura voltada à gestão do conhecimento. Trata-se de gerir o fluxo de informações e conhecimentos entre os funcionários para possibilitar a manutenção de vantagens competitivas e a sobrevivência num mercado altamente disputado (TERRA, 2005; SVEIBY, 1998). Assim a implantação de um projeto de gestão do conhecimento deve atender aos aspectos internos e externos da organização, que segundo o modelo de Nonaka e Takeuchi (1997) e a teoria de Davenport e Prusak (1998), se assenta num conjunto de fatores que atuam de forma 38 estratégica nas ações e práticas das organizações. Esses fatores estão detalhados na seção a seguir. 3.2 Estrutura organizacional O século XXI trouxe altos níveis de mudança no ambiente de negócios, empresas líderes de mercado por décadas não existem mais e fusões e aquisições mudaram a geografia empresarial e as regras do jogo. Fazer oserviço funcionar é o desafio máximo. Como desenvolver operações voltadas ao serviço de alta qualidade e consistente? Como se pretende usar a força da Cadeia de Suprimentos para criar valor os clientes? É necessário compreender detalhadamente como o valor para o cliente é criado e entregue nos mercados nos quais a empresa compete. A estrutura organizacional é o elemento fundamental para que uma empresa mantenha o foco nos seus objetivos. A missão, a visão, os valores e as estratégias de mercado servirão de base para a formulação da estrutura. Estrutura organizacional é o conjunto ordenador de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacionais de uma organização. É a forma pela qual as atividades são divididas, organizadas e coordenadas, provocando impactos na cultura organizacional. A estrutura de uma organização está diretamente ligada à sua estratégia e envolve aspectos físicos, humanos, financeiros, jurídicos, administrativos e econômicos. 3.2.1 Tipos básicos de estruturas organizacionais Conforme Chiavenato (2006), a teoria neoclássica da administração assume que a organização formal consiste em camadas hierárquicas ou níveis funcionais estabelecidos pelo organograma e com ênfase nas funções e nas tarefas. Neste contexto, uma organização é um conjunto de cargos funcionais e hierárquicos a cujas prescrições e normas de comportamento todos os seus membros devem se sujeitar. Chiavenato (2006) complementa que a característica mais importante da organização formal é o racionalismo. Este ponto de vista assume que a formulação de um conjunto lógico de cargos funcionais e hierárquicos está baseada no princípio de que as pessoas irão agir efetivamente de acordo com esse sistema racional. A seguir são elencados os principais tipos de estruturas organizacionais. 3.2.1.1 Estrutura linear É a forma estrutural mais simples e antiga. Tem sua origem em antigos exércitos. Possui formato piramidal, pois possui linhas diretas e únicas de responsabilidade entre superior e subordinados. Demonstra visivelmente os princípios da unidade de comando, ou seja, cada empregado deve receber orientações de apenas um superior, que seguem, por via hierárquica, do escalão mais alto para o escalão mais baixo. Algumas características são: autoridade linear ou única, linhas formais de comunicação, centralização das decisões e aspecto piramidal. 39 3.2.1.2 Estrutura funcional Aplica o princípio funcional ou princípio da especialização das funções: separa, distingue e especializa. O modelo desenvolve o princípio da especialização diante da necessidade de decompor as funções para torná-las mais fáceis. Na estrutura funcional, cada subordinado reporta-se a diversos superiores simultaneamente, porém, cada superior responde apenas pelas suas especialidades, não interferindo nas especialidades dos demais. Não é a hierarquia, mas a especialidade que promove as decisões. Algumas características são: autoridade funcional ou dividida, linhas diretas de comunicação, descentralização das decisões e ênfase na especialização. 3.2.1.3 Estrutura linha-staff É o resultado da combinação dos tipos de organização linear e funcional, com o predomínio da estrutura linear, a fim de reunir as vantagens destes dois tipos e reduzir as desvantagens. Apesar de seguir as características básicas da estrutura linear, diferencia-se dela no que diz respeito à presença de órgãos de apoio junto aos gerentes de linha (staff). As atividades de linha estão diretamente ligadas aos objetivos básicos da organização, enquanto as atividades de staff estão ligadas indiretamente. Os órgãos que executam as atividades-fim da organização são considerados de linha e o restante das atividades são consideradas staff. A autoridade nos órgãos de linha é linear, ou seja, os órgãos são decidem e executam as atividades principais. Já a autoridade nos órgãos de staff é de assessoria, de planejamento e controle, de consultoria e recomendação, isto é, autoridade funcional. Autoridade de linha: linear; absoluta, total; cadeia escalar, relação hierárquica entre chefe e subordinado. Autoridade de staff: funcional; relativa, parcial; especialização, relação de consultoria, de assessoria (PRATES, 2017). Figura 3.2.1.3.1 – Estrutura Linha-Staff Fonte: Prates (2017). 40 3.2.1.4 Estrutura com base em projetos Este tipo de estrutura tem por base o projeto desenvolvido segundo especificações de clientes, que podem vir a ser, até a própria empresa. Enquanto a estrutura funcional enfatiza a especialização, a por projetos enfatiza o negócio, mas não a especialização por funções (PRATES, 2017) Figura 3.2.1.4.1 – Estrutura com base em projetos Fonte: Prates (2017). 3.2.1.5 Estrutura matricial É a de estágio mais desenvolvido dentre as estruturas contemporâneas, pois combina as estruturas funcional e por produtos. A matriz apresenta duas dimensões: i) gerentes funcionais e ii) gerentes de produtos ou projetos. A proposta da estrutura matricial é de satisfazer as necessidades organizacionais de especialização e de coordenação. Dessa forma, a coordenação lateral é melhorada, enquanto a cadeia de comando e a coordenação vertical é enfraquecida. O princípio da unidade de comando deixa de existir, uma vez que cada departamento passa a possuir dupla subordinação. Neste sentido, a matriz enfatiza a interdependência entre os departamentos e exige uma necessidade de lidar com um ambiente complexo (PRATES, 2017) 41 Figura 3.2.1.5.1 – Estrutura matricial Fonte: Prates (2017). 3.2.1.6 Estrutura tipo comissão ou colegiado Caracteriza-se pela pluralidade de membros que dividem a responsabilidade, embora não caiba a eles o poder decisório maior. Embora prevaleça a vontade da maioria, cabe ao chefe-executivo, a responsabilidade pelo que foi decidido (PRATES, 2017) 3.2.1.7 Estrutura divisional Ocorre quando a empresa está organizada através de um conjunto de várias divisões de produção, ou seja, quando, devido a algumas atividades vinculadas a um objetivo comum, estão agrupadas em um mesmo setor (PRATES, 2017) 3.2.1.8 Estrutura com base em função Esta estrutura agrupa num órgão específico, as atividades análogas e interdependentes e constitui uma unidade setorial da instituição (PRATES, 2017) 3.3 Processo decisório O processo decisório nas organizações é um tema bastante abrangente e são numerosas as publicações na literatura. Vários autores propõem estudos estabelecendo modelos de tomadas de decisão, sendo que tais modelos preveem 42 diferentes fases para o processo decisório, para que os tomadores de decisão possam fazer a escolha mais adequada para a organização. O cenário em que as organizações estão inseridas se modifica constantemente, exercendo nelas toda a sua influência. Diante disto, faz-se necessário permanente alerta por parte dos administradores, para perceberem o que os ambientes interno e externo da organização indicam em relação às ameaças e oportunidades, pois as escolhas devem ser feitas com base na realidade organizacional. De acordo com Stoner e Freeman (1995 apud JAMIL, 2006), o processo decisório envolve a identificação de um problema específico e a escolha de uma ação para resolvê-lo ou aproveitar uma oportunidade. Da mesma maneira, Drucker (2001) defende a necessidade da atenção por parte do gestor em relação a sua percepção do que ocorre no mundo. Segundo o autor, este procedimento influenciará a forma como a organização poderá ser vista e será determinante para a tomada de decisão. A tomada de decisão, segundo Oliveira (2004), é a conversão das informações analisadas em ação. Os desafios impostos levam os administradores a buscar informações que espelhem fielmente a real situação das organizações, para que o processo decisório seja efetuado de forma eficaz, para alcançar os resultados pretendidos.Neste sentido, entende-se que as decisões precisam ser tomadas de forma ágil e correta, pois o desempenho das organizações depende da qualidade de seu gerenciamento. Constantemente, os administradores deparam-se com um determinado número de opções de decisão e, dentre estas, devem ser escolhidas aquelas que levem a organização a atingir seus resultados. Assim sendo, Mañas (2002) defende a tomada de decisão de forma consciente de um curso de ação, entre as alternativas disponíveis, na busca do resultado que se deseja alcançar. O processo decisório nas organizações, portanto, converte-se na essência da habilidade gerencial, em que a responsabilidade do gestor é decidir a melhor alternativa para cada momento em que se encontra a organização, de modo a garantir os resultados esperados. A afirmação de Drucker (1966 apud JAMIL, 2006, p. 8) corrobora o supracitado: “O que define o gerente é justamente esperar-se dele, por virtude da formação e do conhecimento, que tomem decisões com significativo impacto sobre toda a organização, seu desempenho e resultados.” Fatores tais como a globalização, o avanço tecnológico, o desenvolvimento das telecomunicações e a diminuição do tempo de processamento das informações, fazem com que o ambiente organizacional fique cada vez mais complexo, levando os administradores a reavaliarem constantemente o processo decisório. Deles é exigida visão sistêmica e cautela nas tomadas de decisão. Deste modo, pode-se afirmar que o processo de tomada de decisão envolve riscos para os administradores. Existem fatores que influenciam direta ou indiretamente no processo decisório. Um desses fatores é a incerteza, bem como a quantidade insuficiente de informações necessárias ao processo decisório. Andrade (2000) define risco como uma estimativa do grau de incerteza que se tem em relação à realização de resultados futuros almejados. Assim sendo, o risco sobrevém quando da incerteza de se prever os resultados. O processo de tomada de decisão é sempre desafiador para os administradores e exige deles diferentes habilidades. Solino e El-Aouar (2006) destacam a relevância das habilidades dos membros da organização, no sentido de 43 escolher a melhor maneira de enfrentar a dinâmica dos mercados, evidenciando o incentivo à criatividade e ao talento, a partir da delegação de responsabilidades de tomadas de decisão a todos os níveis organizacionais, de forma que o desenvolvimento dessas habilidades resulte em vantagem competitiva. Os autores afirmam que, para desenvolver tais habilidades, os administradores assumem determinados tipos de comportamentos, ligados a suas funções, sendo que a função de decisão é ligada ao papel decisório, cuja ênfase reside na capacidade analítica de identificação e solução de problemas. Outro autor que discute a questão das habilidades gerenciais é Mintzberg (1973 apud MAXIMIANO, 1995, p. 83). Este autor afirma que a tomada de decisão sob condições de incerteza constitui-se em uma das habilidades mais importantes para um gerente. Assim sendo, o tomador de decisão assume um papel fundamental nas organizações, pois o processo decisório deve levar a organização à otimização de seus recursos, redução dos custos, elevação de desempenho e ganhos de resultados. As medidas adotadas pelo gestor adquirem relevância em todas as etapas do processo decisório, para que possa haver sintonia entre os objetivos pretendidos e os resultados alcançados pela organização. O processo de tomada de decisão, portanto, não se constitui em tarefa fácil para o administrador, que tem que levar em conta as várias nuanças do complexo ambiente organizacional. As decisões são classificadas por Simon (1965 apud OLIVEIRA, 2004, p. 148) em: decisões programadas e decisões não-programadas. As decisões programadas são caracterizadas por serem repetitivas, rotineiras e estruturadas – decisões automatizadas por uma sequência de procedimentos, não necessitando da intervenção do decisor – além de serem permanentes, servindo de norteamento para a definição das metas, objetivos, políticas e procedimentos organizacionais. As decisões não-programadas são caracterizadas pela novidade, além de serem desestruturadas – decisões não automatizadas, que dependem de solução do decisor. A característica da novidade se apresenta porque não existem referenciais anteriores para a resolução do problema ou em razão de sua complexidade, ou porque, para sua resolução, torna-se necessária a implementação de medidas específicas. Essas classificações evidenciam as características do processo de tomada de decisão e permitem a programação do que deverá ser feito durante esse processo. No processo decisório, a qualidade da decisão é fator fundamental, porque afeta o futuro da organização. Conforme Maximiano (1995), a racionalidade do gestor é necessária nas tomadas de decisão, mas deverá estar em consonância com as informações advindas do diagnóstico do problema, bem como da análise e avaliação das alternativas, no sentido de evitar problemas superiores aos que deram origem ao processo decisório. Desta maneira, a capacidade de compreensão e de escolha do administrador são desafiadas a todo instante a tornarem-se objetivas, pela necessidade da decisão racional diante do cenário de incertezas no qual estão inseridas as organizações. A percepção da realidade organizacional é essencial para que o administrador possa realizar a escolha de uma ou mais alternativas que melhor se adéquem a esta realidade e levem ao encontro dos objetivos organizacionais. Sendo assim, uma decisão de qualidade está pautada no uso adequado da informação no processo decisório, de modo a traçar as alternativas e escolher a opção que leve a resultados positivos para a organização. 44 A decisão acertada é, portanto, o fator mais importante do processo decisório, e deve ser embasada pela análise e uso adequado da informação. Segundo Stoner e Freeman (1995), a decisão é pautada pela opção ou seleção, dentre várias alternativas de cursos de ação, daquela que mais se adéque à organização. Para Drucker (1998 apud DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 19), informação é definida como “[…] dados dotados de relevância e propósito.” Deste modo, a informação torna-se relevante quando passa a ter valor agregado. Esse valor agregado é o que confere importância à informação, fazendo-a constituir-se em subsídio essencial para a tomada de decisão. Assim, a informação passa a ser produto qualificado, quando recebe tratamento e interpretação, para que possa gerar impacto nas pessoas que dela se utilizam Porter (1986) defende que, no ambiente competitivo, um dos fatores que determina o diferencial das empresas é a forma como a informação é utilizada. Desta maneira, a estreita sintonia entre a informação e as escolhas dos administradores favorecerá o processo decisório. 3.3.1 Elementos do processo de tomadas de decisão Para Chiavenato (2004, p. 255), são vários os elementos que compõem o processo decisório. O autor destaca os principais: O estado da natureza: condições de incerteza, risco, ou certeza de que existem no ambiente decisório que o tomador de decisão deve enfrentar. O tomador de decisão: indivíduo ou grupo que escolhe entre as várias alternativas. Os objetivos: fins que o decisor almeja alcançar com as suas ações. Preferências: critérios que o decisor utiliza para determinar sua opção. Situação: os aspectos ambientais que envolvem o tomador de decisão, às vezes não controláveis, fora do alcance de seu conhecimento ou compreensão que influenciam na sua escolha. Estratégia: curso de ação que o decisor escolhe no sentido de atingir os objetivos da melhor forma, sendo esta dependente dos recursos disponíveis. Resultado: consequência de uma estratégia. Dentre os elementos que compõem o processo de tomadas de decisão, alguns influenciam diretamente na escolha dos administradores, e trazem consequências diretaspara os demais. O estado da natureza, os objetivos e a situação irão determinar as alternativas possíveis para a escolha da estratégia que melhor definirá a tomada de decisão. E, finalmente, os resultados serão consequências da estratégia estabelecida para alcançá-los. Segundo Oliveira (2004), no processo decisório, é estabelecida orientação em relação à alternativa escolhida, necessitando, desse modo, de uma racionalidade objetiva dos administradores. O autor classifica o processo decisório em fases, a saber: Identificação do problema: consiste em identificar o cenário em que a organização se encontra. 45 Análise do problema a partir da consolidação das informações sobre o problema, devendo o mesmo ser tratado como um sistema, considerando as ameaças e oportunidades. Estabelecimento de soluções e alternativas para a resolução do problema. Análise e comparação das soluções alternativas através do levantamento das vantagens e desvantagens de cada alternativa. Seleção de alternativas mais adequadas, conforme critérios preestabelecidos, mediante o conhecimento das vantagens e desvantagens dessas alternativas. Implantação da alternativa selecionada, incluindo o devido treinamento das pessoas envolvidas. Avaliação da alternativa selecionada, através de critérios aceitos pela organização, em que a tal alternativa deverá fornecer resultados a serem avaliados. (OLIVEIRA, 2004, p. 147). O autor destaca que o sucesso do processo decisório depende da escolha correta durante essas fases. Deste modo, evidencia-se a importância da teoria da decisão, que define o modo pelo qual deverá passar o processo decisório na busca da decisão adequada para a resolução do problema, bem como a definição do futuro da organização. 3.3.2 Modelos de tomadas de decisão Os modelos de tomadas de decisão, no seu início, tratavam o processo decisório como uma questão racional, em que as organizações deveriam, tão somente baseadas na racionalidade, adaptar-se aos cenários em que estavam inseridas. Posteriormente, tais modelos e sua racionalidade passaram a ser questionados, sendo propostos modelos mais flexíveis e adaptáveis à realidade organizacional, que permitiram aos tomadores de decisão fazerem a melhor escolha diante dos limites de conhecimento do problema a ser resolvido no processo decisório, tais como falta de informações. 3.3.2.1 Modelo racional O Modelo racional baseia-se na teoria microeconômica neoclássica, em que a racionalidade é fator fundamental para a tomada de decisão. Trata a informação objetivamente e evidencia a lógica no processo decisório, em que o tomador de decisão não pode deixar envolver-se por otimismo ou pessimismo (BERNSTEIN, 1997). Assim sendo, observa-se que as tomadas de decisão de modo racional levam os gestores a enxergar a organização de forma sistêmica, a considerar o cenário em que se insere a organização, sua cultura, bem como uma gama de alternativas possíveis, de modo a ponderar as consequências que podem vir a ocorrer, antes de tomarem suas decisões. Para Baron (1994 apud DACORSO, 2000), as tomadas de decisão de forma racional decorrem da utilização de métodos que levam o administrador à escolha da melhor solução para alcançar os objetivos pretendidos, sem que, necessariamente, deva existir ausência de erros. O autor entende que, apesar da utilização da 46 racionalidade, o administrador poderá fazer suas escolhas baseado em crenças que, anteriormente, foram concebidas de modo irracional. Deste modo, considera-se que a racionalidade do processo decisório nasce conforme a escolha do administrador, a partir de alternativas viáveis. O processo de escolha racional, entretanto, demonstra as limitações do ser humano que conduz o tomador de decisão a não mais fazer escolhas que o levem à rigorosidade nos resultados, mais a resultados aceitáveis, dentro das metas organizacionais. 3.3.2.2 Modelo Carnegie O Modelo Carnegie ou Modelo da Racionalidade Limitada, preconizado por Simon, trata da impossibilidade do administrador ter acesso a todas as possibilidades de ação, de modo a conseguir avaliar todas as alternativas, visto que é impossível, fisicamente, ter acesso e processar todas as informações referentes à decisão a ser tomada (AIDAR, 2006). Nessa perspectiva, a organização é vista como uma aliança entre os diversos interesses que a envolvem, em que o processo decisório advém de acordos entre os decisores, conforme suas preferências. As informações, bem como as alternativas, estão disponibilizadas de maneira limitada, sendo que as soluções são escolhidas através do processo de estabelecimento de regras, conforme os interesses e objetivos dos envolvidos nesse processo. Assim, a escolha da decisão se faz a partir da opção considerada satisfatória para a organização (RASKIN, 2006). Desta maneira, percebe-se nesse modelo que, apesar do administrador desejar agir com racionalidade nas organizações, suas ações são limitadas pela reduzida gama de informações necessárias para o processo decisorial. Tampouco possui a capacidade de processamento necessária para assimilar todas as informações no devido momento, sendo também limitado pelas várias interposições causadas entre as partes que irão determinar a escolha. 3.3.2.3 Modelo incrementalista O Modelo Incremental de Lindblom e Quinn retrata as impossibilidades do racionalismo e a necessidade de focalização das informações. Nesse modelo, não existe apenas uma decisão correta, mas uma série de tentativas selecionadas por análises e avaliações, em que as ações são tratadas de maneira flexível, até atingir o grau almejado (GIRÃO; VILLAS BOAS FILHO; SILVA JUNIOR, 2006). Entende-se que no processo de tomadas de decisão, as ações diferem das anteriormente utilizadas, de forma a corrigir ou evitar erros pelas sucessivas mudanças incrementais, levando a organização a um novo curso de ação. Durante o processo, o curso de ação e os objetivos organizacionais podem mudar, todavia, essas mudanças, segundo Raskin (2006), serão efetuadas de forma amena, de maneira tal que a ação corretiva possa ser tomada, no momento da percepção do erro. Nesse modelo, os administradores não dispõem de informação nem de previsão, entretanto, escolhem cursos de ação alternativos, que diferem incrementalmente dos aplicados no passado. Esta precaução se faz presente no sentido de diminuir as chances de possíveis erros (RASKIN, 2006). 47 Assim sendo, os administradores não se restringem a delimitar objetivos e avaliar as alternativas para alcançá-los, ao contrário, passam a escolhê-las após confrontá-las, visando alcançar os resultados desejados. Deste modo, a decisão mais adequada é gerada a partir de um consenso e visa a garantir a conformidade entre as partes interessadas. 3.3.2.4 Modelo desestruturado O Modelo Desestruturado foi proposto por Mintzberg, que denominou as decisões não-programadas de decisões estratégicas desestruturadas. Segundo esse modelo, no início do processo decisório, o administrador possui pouco conhecimento do problema, das alternativas e das possíveis soluções. Nesse modelo, o processo decisório é caracterizado como dinâmico e com interferências. (CORNÉLIO, 1999). Esse modelo se aplica quando o nível de incerteza é alto. O processo decisório não é linear e desenvolve-se de forma desestruturada e não previsível. Ao se depararem com quaisquer dificuldades, as organizações reavaliam as alternativas, voltando atrás até que seja possível tomar a decisão final. Esse modelo é caracterizado como desestruturado, em função das constantes mudanças (RASKIN, 2006). Conforme Mintzberg (1995), nesse modelo, as fases que compõem o processo decisório são: Identificação, Desenvolvimento e Seleção. Na fase de identificação, é efetuado o reconhecimento da situação e o diagnóstico; na fase do Desenvolvimento, existem as rotinas e pesquisa de soluções alternativase de delineamento ou projeto da solução; e a fase da Seleção pode ser dividida em três etapas: pré-seleção; avaliação/escolha; autorização. Segundo o autor citado, ao final das três fases da tomada de decisão surgem as rotinas de apoio ao processo decisório: rotina de controle, que conduz o processo; rotina de comunicação, que fornece informações e elabora relatórios; e rotina de políticas, que permite ao tomador de decisão procurar uma solução própria em um ambiente cheio de influências. Nesse modelo, ao se depararem com obstáculos, os gestores reavaliam as alternativas e voltam atrás, se necessário, iniciando novamente o processo. São várias as etapas percorridas em um processo não linear, em que os decisores utilizam-se da intuição até alcançar a melhor decisão, o que demanda um bom período. 3.3.2.5 Modelo da lata de lixo O Modelo da Lata de Lixo ou decisão por omissão, de Cohen, March e Olsen, leva em conta a decisão tomada sem a devida consistência. O gestor não procura identificar e analisar o problema para, então, delinear as alternativas possíveis de solução (DACORSO, 2000). Conforme March e Olsen (1976, apud ZANELA, 1999), esse modelo trata do processo decisório em ambientes altamente ambíguos, denominados "anarquias organizadas". Essa ambiguidade aparece de três maneiras: 48 Preferências problemáticas: os tomadores de decisão, às vezes, possuem preferências inconsistentes e mal definidas, sendo suscetíveis a descobrir suas metas e entender suas prioridades através da ação. As pessoas possuem apenas uma leve compreensão dos fins e dos meios. Os participantes da organização ganham conhecimento por tentativa e erro, mas sem um claro entendimento de causas subjacentes. Anarquias organizadas (as organizações) têm a característica de leve participação. Os tomadores de decisão vêm e vão através do processo. Entende-se que a decisão ocorre por escolhas, procurando por problemas; problemas, procurando por escolhas; soluções, procurando por problemas para responder; e decisores, procurando por alguma coisa para decidir. Neste sentido, as soluções são anteriores aos problemas. Na lata de lixo estão os problemas disponíveis, sendo que os indivíduos vão à lata de lixo procurar problemas para serem resolvidos. Percebe-se, nesse modelo, uma fragmentação da visão e estratégia global da empresa numa série de escolhas parciais, separadas no plano temporal, com os subsistemas obedecendo a diferentes calendários. Diante do exposto, compreende-se que, embora os modelos de tomadas de decisão sejam diferentes entre si, todos eles convergem para as etapas que deverão ser seguidas na resolução de cada problema organizacional. Possuem, todavia, características próprias em relação ao processo decisório, pois cada um delibera sua própria ordem nas fases do processo. 3.4 Planejamento estratégico O processo de gestão estratégica é o conjunto completo de compromissos, decisões e ações necessárias para uma empresa alcançar competitividade estratégica e obter retornos acima da média. A competitividade estratégica é conseguida quando uma empresa formula e implementa com sucesso uma estratégia de criação de valor, objetivando alcançar retornos acima da média, através de uma estratégia que os concorrentes não estão implementando simultaneamente, oferecendo benefícios que concorrentes atuais e potenciais não conseguem duplicar. A incerteza de um investidor sobre os ganhos ou perdas econômicas que resultarão de um investimento específico, e que traz em seu bojo os riscos associados, será tão maior quanto a falta de informação que esse mesmo investidor tiver sobre o campo onde estiver jogando com seus negócios e retornos iguais são esperados pelo investidor quando ele corre riscos semelhantes. A natureza fundamental da concorrência está mudando. Muitas mudanças estão em curso no mercado internacional: A dinâmica das manobras estratégicas entre combatentes globais e inovadores. Posicionamento de qualidade, preço e know-how do competidor inovador e pioneiro. Invasão de mercados estabelecidos por produtos substitutos em posições geográficas concorrentes. Bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias circulam livremente através das fronteiras geográficas e mais livremente no ambiente virtual. 49 Difusão de inovações econômicas e tecnológicas em todo o mundo, o tempo todo. Ajustes políticos e culturais acontecendo simultaneamente e por conta das mudanças. Aumento da taxa de mudança e difusão tecnológica. A Era da Informação aumentando a criação e absorção do conhecimento. Um conjunto de recursos usados para responder a várias demandas e oportunidades existentes em um ambiente competitivo dinâmico e incerto, envolve lidar com a incerteza e os riscos que a acompanham, sendo que a estratégia está sendo ditada pelos ambientes externos da empresa (que oportunidades existem nesses ambientes?), e as empresas devem desenvolver habilidades internas exigidas pelo ambiente externo (o que a empresa pode fazer sobre as oportunidades?). Sendo assim: 1. Presume-se que o ambiente externo possua pressões e restrições que determinam as estratégias que resultariam em retornos acima da média. 2. Presume-se que a maioria das empresas que competem em um determinado segmento ou em um determinado segmento controlem recursos estrategicamente relevantes semelhantes e busque estratégias semelhantes à luz desses recursos. 3. Os recursos usados para implementar estratégias são altamente móveis entre as empresas. 4. Presume-se que os tomadores de decisão organizacionais sejam racionais e comprometidos em agir no melhor interesse da empresa, como mostra seus comportamentos de maximização de lucro. Evidencia-se, assim, que a implementação dessas variáveis estratégicas está subordinada à existência de recursos e processos que atendam às expectativas internas e externas. A qualidade de produtos e serviços e a capacidade em responder rapidamente às demandas do mercado podem impactar no grau de satisfação dos clientes. A deterioração deste índice significa contração nos resultados (Oliveira; Moresi, 2005). Os principais fatores estratégicos, na visão de Terra (2005), Davenport e Prusak (1998), Nonaka e Takeuchi (1997), Wang et al. (2006), Eslabão (2004) e Soares (2005), entre outros autores, são: alta administração, cultura organizacional, novas estruturas organizacionais, práticas e políticas de gestão de pessoas, sistemas de informação, mensuração dos resultados, aprendizagem com o ambiente e orientação para processo. O primeiro fator destacado na literatura é associado à gestão da empresa, denominado Alta Administração. Autores como Lee e Hong (2002), Nonaka e Takeuchi (1997), Davenport e Prusak (1998), Mintzberg e Quinn (2001), Probst et al. (2000 apud Winkler e Mandl, 2004) e Terra (2005) destacam a responsabilidade da Alta Administração na mobilização dos demais níveis hierárquicos, através do suporte ao compartilhamento do conhecimento, da criação de condições internas para a disseminação do conhecimento, definição clara de metas, objetivos e resultados esperados, e liberdade de interação entre as pessoas e grupos. O segundo fator identificado se relaciona ao ambiente interno da organização, denominado Cultura Organizacional. Para autores, entre os quais, Desouza e Evaristo (2003), Braghetti (2003), Mussi, Angeloni (2004), Wang et al. (2006), as 50 ações da alta administração e a motivação dos quadros internos desenvolvem a cultura da organização com capacidade de direcionar as ações operacionais e a maior ou menor agregação do conhecimento. Este fator envolve ter uma cultura interna alinhada ao processo de aprendizagem, programas de incentivos, orientação positiva para o compartilhamento do conhecimento, existência de um clima organizacional positivo e funcionários comprometidos com a organização. A definição de Novas EstruturasOrganizacionais é conceituada por Drucker (2001), Lee e Hong (2002), Hoff et al. (2002), Fleury e Fleury (2003b) e Terra (2005), como fator estratégico e se constitui em um processo contínuo de adequação ao contexto de mercado. Neste fator são considerados os seguintes aspectos: mudanças internas, cooperação entre equipes distribuídas fisicamente, equipes definidas por projeto, descentralização de tarefas, autonomia e delegação de poder na motivação para o aprendizado, redução de níveis hierárquicos e desempenho vinculado à satisfação dos clientes. As práticas e políticas de gestão de pessoas são definidas por Sveiby (1998), Costa et al. (2003), Mason e Pauleen (2003) como fator estratégico direcionado ao aumento do capital intelectual da empresa. Os investimentos na contratação e treinamento de pessoas devem ser acompanhados da definição de critérios de acompanhamento e premiação pelo desempenho observado. A adequada gestão do capital humano interno, dentro de um processo integrado, em que as responsabilidades atribuídas são acompanhadas de critérios de valorização, proporciona aumento no capital intelectual. Em relação a este fator, os autores mencionam: identificação de competências internas e externas, seleção de novos funcionários com capacidade cognitiva, programa de treinamento e qualificação, sistema de avaliação e recompensa, incentivos ao compartilhamento, clima de confiança, feedback, pressão de tempo e metas excessivas, e visão coletiva da missão e objetivos da empresa. Os Sistemas de informação compõem outro fator estratégico identificado na literatura. Para os autores Mussi e Angeloni (2004), Heinrichs e Lim (2003, (2005), Nemati et al. (2002), Alavi e Leidner (2001), Winkler e Mandl (2004), o fator não é apenas representado pela estrutura tecnológica, mas também pelos softwares e bancos de dados que registram e permitem a disseminação de informações e conhecimentos em todos os setores da empresa, mesmo os distribuídos remotamente. Existe a preocupação com a adoção de múltiplos métodos de disseminação, clareza e simplicidade na comunicação, qualidade do conhecimento, e política de amplo acesso às informações. A Mensuração dos Resultados a partir da definição de métricas tem a finalidade de avaliar os investimentos em gestão do conhecimento, bem como identificar a aderência da GC aos objetivos de negócio. Para Sveiby (1998), Davenport e Prusak (1998), Terra (2005), Brito et al. (2005), perceber os resultados é um estímulo à manutenção e até o incremento dos valores aplicados, definidos evidentemente, pelos resultados proporcionados. Apesar da dificuldade de definir indicadores e avaliar os resultados, existe concordância entre os vários autores da necessidade de mensurar os investimentos, mesmo que os resultados não apresentem exatidão matemática. A instabilidade do ambiente e a necessidade de aprender com as mudanças do contexto originaram o fator Aprendizagem com o Ambiente, referido por Davenport e Prusak (1998), Argote et al. (2003), Fleury e Fleury (2001 e 2003), Lester (2004). Os consumidores, os fornecedores, parceiros estratégicos, e até 51 mesmo concorrentes, fornecem à empresa condições de se apropriar de informações privilegiadas, podendo transformá-las em novos conhecimentos. A sistematização dos processos é uma prática direcionada à qualidade dos produtos e serviços e à busca de satisfação dos clientes. Davenport e Prusak (1998), Figueiredo (2005), Lee e Hong (2002), Mintzberg e Quinn (2001), e Garvin (2001) relacionam o fator Orientação para Processos com a disseminação do conhecimento e sua efetiva utilização nos processos de negócios, considerando arranjos físicos bem projetados e qualidade dos processos internos. 3.5 Posicionamento estratégico Um modelo de posicionamento estratégico deve levar em consideração ganhos acima da média, o que em primeira análise, não parece ser uma ação simples de se implementar. Alguns passos que devem ser seguidos na busca pelo retorno acima da média: 1. Estudar o ambiente externo, especialmente o ambiente industrial, economias de escala, barreiras à entrada no mercado, diversificação, diferenciação do produto e grau de concentração de empresas no setor. 2. Localizar um setor atraente com alto potencial de retorno acima da média. Indústria atraente: aquela cujas características estruturais sugerem retornos acima da média. 3. Identifique a estratégia exigida pelo setor atraente para obter retornos acima da média. Formulação da estratégia: seleção de uma estratégia vinculada a retornos acima da média em um determinado setor. 4. Desenvolver ou adquirir ativos e habilidades necessárias para implementar a estratégia. Ativos e habilidades: os ativos e habilidades necessárias para implementar uma estratégia escolhida. 5. Use os pontos fortes da empresa (seus ativos e habilidades desenvolvidos ou adquiridos) para implementar a estratégia. Implementação da estratégia: selecione ações estratégicas vinculadas à implementação eficaz da estratégia escolhida. 6. Identifique os recursos da empresa - pontos fortes e fracos em comparação com os concorrentes. Recursos: insumos no processo de produção de uma empresa. 7. Determinar os recursos da empresa - o que ela pode fazer melhor do que seus concorrentes. Capacidade: capacidade de um conjunto integrado de recursos para executar integradamente uma tarefa ou atividade. Existem quatro atributos básicos que podem levar uma empresa a se posicionar acima da concorrência: Ativos Valiosos - permite que a empresa explore oportunidades ou neutralize ameaças em seu ambiente externo; Ativos Raros - possuído por poucos, se houver, concorrentes atuais e potenciais (exemplo: Petróleo, água, minérios); Caro para se copiar ou imitar - quando outras empresas não podem obtê-los ou devem obtê-los a um custo muito maior; Insubstituível - a empresa está organizada adequadamente para obter todos os benefícios dos recursos, a fim de obter uma vantagem competitiva. 52 8. Determinar o potencial dos recursos e capacidades da empresa em termos de vantagem competitiva. Vantagem competitiva: capacidade de uma empresa superar seus rivais. 9. Localize uma indústria (mercado ou atividade) atraente. Um setor atraente: um setor com oportunidades que podem ser exploradas pelos recursos e capacidades da empresa. 10. Selecione uma estratégia que melhor permita à empresa utilizar seus recursos e capacidades em relação às oportunidades no ambiente externo. Formulação e implementação da estratégia: ações estratégicas adotadas para obter retornos acima da média. 3.6 Ciclo de vida de conhecimento O ciclo de vida do conhecimento se inicia através de uma necessidade, que pode ser empírica ou não, e isso nos leva a primeira ação que é a questão da geração do conhecimento normalmente iniciada através de uma pesquisa. Através do processo de pesquisa, todo um grupo de dados e informação são gerados processados, nos levando a um conjunto de respostas para uma demanda específica. Segundo passo dentro desse processo nos leva a entender como esse conhecimento é, como essa série de informações que gerou esse conhecimento interagem dentro do meio onde ele foi desenvolvido. Nós podemos definir esse como o processo de assimilação, que passa pela ação de educar, de transmitir ou de organizar a transmissão desse conhecimento. Como exemplo podemos citar o que ocorre dentro do meio acadêmico onde professores, com sua experiência acadêmica e profissional, são levados a compartilhar informações, contextualizando essas informações de forma que os alunos possam compreender os conceitos que estão sendo replicados e compartilhados. O terceiro passo do ciclo de vida do conhecimento diz respeito a como esse conhecimento é divulgado, como ele é comunicado, como ele é compartilhado e em alguns momentos, ele pode ser formal, novamente como exemplo o meio acadêmico. Em alguns momentos, ele pode ser divulgadode forma empírica dentro do trato social. De toda forma, o processo de divulgação ou comunicação desse conhecimento vai depender da capacidade que o detentor desse conhecimento tenha em socializar e transmitir essa informação, mesmo de forma não tão estruturada como no caso do conhecimento tácito. Esse conhecimento pode ser transportado, pode ser transferido para um grupo de pessoas ou instituições e a partir disso, esse grupo de pessoas ou instituições podem efetivamente fazer uso desse conhecimento; entramos assim na fase da aplicação do conhecimento. Aplicação do conhecimento ou o atuar em cima do conhecimento, que foi levantado, gerando algum valor dentro do contexto onde o seu conhecimento está sendo aplicado, fecha de uma certa forma esse ciclo de vida e ele retroalimenta normalmente um novo ciclo de pesquisa, educação, divulgação e aplicação e dessa forma, entendemos que o conhecimento é dinâmico e ele vai evoluindo e circulando dentro dos meios com a velocidade com que, necessidades circunstanciais desse meio exigiam dessa transferência e desse ciclo efetivamente. Uma das partes interessantes dentro desse processo é que ele não é estanque, ele é bastante dinâmico e precisa de subdivisões em cada uma dessas 4 etapas. 53 A pesquisa (geração) do conhecimento nos leva a como identificar os dados, como é que nós vamos coletar os dados que serviram de base para a geração da informação e como consequência o conhecimento. No processo de educar (assimilação) é necessário classificar e organizar esse conhecimento porque não se pode divulgar ou disseminar informações ou conhecimentos tácitos sem uma devida análise da sua aplicação senão efetivamente eles poderão não ter nenhum uso depois posterior. Ao se divulgar (comunicar) o conhecimento precisamos efetivamente dividir todo esse conteúdo e organizar sua disseminação pois o objetivo e a forma de como ele vai será comunicado, fará com que na última fase, a Aplicação (atuação) o acesso a esse conhecimento e principalmente a compreensão, seja de fácil assimilação senão, dificilmente esse conhecimento pode efetivamente trazer algum valor agregado para o processo que gerou a necessidade de disseminação do próprio conhecimento. Dentro desses 4 pilares do ciclo de vida do conhecimento, pesquisar, educar, divulgar, aplicar, o grande desafio nos dias de hoje está na classificação de dados e informações relevantes. Não há grande dificuldade em se buscar e encontrar dados e informações, os conceitos Big Data e metadados nos levam à uma quantidade muito grande de dados disponíveis em diferentes frentes principalmente dentro da internet; o grande desafio se torna-se classificar todos esses dados organizá-los de forma que possa se gerar informações relevantes e se aprender com essas informações, aprendizado esse que é a base do conhecimento. 3.7 Barreiras organizacionais para a produção de conhecimento O compartilhamento do conhecimento, de longe o componente mais importante da gestão do conhecimento, é definido como um conjunto de comportamentos individuais que implicam a partilha do conhecimento relacionado ao trabalho e a experiência com outros membros da organização. (CHENG; YEH; TU, 2008; WANG; VOGEL; RAN, 2011). Práticas de compartilhamento do conhecimento permitem que o indivíduo reutilize e regenere o conhecimento a nível individual e organizacional. (CHAUDHRY, 2005). Porém, no cerne do compartilhamento do conhecimento existem dois tipos de gargalos: barreiras individuais e organizacionais. (HONG; SHU; KOO, 2011). Barreiras individuais incluem resistência interna (BARSON et al., 2000), confiança (BARSON et al., 2000), motivação (DISTERER, 2001) e lacunas na consciência do conhecimento. (BURÊS, 2003). Barreiras organizacionais consistem em linguagem (BURÊS, 2003), a prevenção de conflitos (BURÊS, 2003), a burocracia (DISTERER, 2001) e a distância. (NONAKA, 1991). Para os autores Nonaka, Toyama e Hirata (2011), à medida que o conhecimento é criado na interação dinâmica com o ambiente, o gerenciamento do processo de criação de conhecimento exige a capacidade de promover e administrar essas interações conforme a situação. Assim, a liderança é responsável pela mobilização do conhecimento que é distribuído de forma desigual e, ao mesmo tempo, por determinar o que fazer para melhorar a qualidade do conhecimento em todos os níveis e de que forma se pode sintetizar sua diversidade. A gestão estratégica do conhecimento é uma filosofia gerencial que procura organizar este conhecimento de modo a transformá-lo em vantagem estratégica para as organizações. A gestão do conhecimento surge para gerenciar o capital 54 intelectual, ou seja, o conhecimento que está na mente das pessoas e suas experiências, com o objetivo de criar diferenciais competitivos. O processo de construção coletiva de conhecimento organizacional só é possível em um ambiente de aprendizagem que favoreça o compartilhamento de experiências e de informações entre os indivíduos. A organização que aprende é aquela que dispõe de processos sistematizados onde este conhecimento é compartilhado de maneira significativa e todos se sentem implicados com o próprio desenvolvimento e com isso podem contribuir para o crescimento da empresa como um todo. Alguns autores descrevem que as barreiras organizacionais para a produção e disseminação no conhecimento estão ligadas a fatores estruturais e pessoais. Para Riege (2005), o problema se encontra no receio da perda de poder, fatores organizacionais e a falta de sistemas adequados de recompensa, fatores tecnológicos e fatores individuais, de difícil mapeamento. As principais barreiras individuais ao compartilhamento do conhecimento são: perda de poder, receio de constrangimentos e incerteza, isso na visão de Disterer (2001). Disterer (2001) apresenta ainda as principais barreiras sociais ao compartilhamento do conhecimento: a linguagem, a evitação do conflito, a burocracia e a hierarquia e paradigmas incoerentes. Burês (2003) completa com as seguintes barreiras sociais: subestimação dos níveis hierárquicos inferiores, má avaliação da base de conhecimento dos colegas de trabalho, emoções e pseudoinovações. Além disso, fatores culturais são considerados intrinsecamente inibidores da transferência de conhecimentos. Eles incluem falta de confiança, diferentes culturas e vocabulários, falta de tempo e locais favoráveis a partilha do conhecimento. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Em resumo, as principais barreiras ao compartilhamento do conhecimento nas organizações são a falta de recompensas, a falta de apoio das lideranças, práticas de gestão de recursos humanos ineficazes, estrutura organizacional fraca, infraestrutura inadequada, cultura organizacional pobre, política interna, a falta de gestão do conhecimento ou compartilhamento de estratégias, ausência de vias formais e informais para o compartilhamento do conhecimento, concorrência entre unidades de negócio e falta de treinamento. (RIEGE, 2005; JAIN; SANDHU; SIDHU, 2007; YAO; KAM; CHAN, 2007; LING; SANDHU; JAIN, 2009). 3.8 Cadeia de valor Toda empresa possui diferentes atividades para conseguir executar as suas tarefas ou operações, que estão vinculadas diretamente ao produto e/ou serviços que são comercializados com objetivo de atender as demandas dos clientes. Essas atividades trabalhando em conjunto são capazes de formatar toda operação, desempenhar cada um dos papéis das operações que essa empresa necessita, para no final de todo esse processo alavancar as margens que a empresa necessita para seu crescimento e sustento. Michael Porter (1985) formulou um modelo de cadeia do valor dividindo essa cadeia em atividades primárias e atividades de apoio de forma, que ficasse claro quais eram os processos que eram vitais e estavam ligados ao core Business da empresa, e quais eram os processos que serviam de apoio e que embora 55 importantes, não estavamligados diretamente à produção do produto ou do serviço que a empresa comercializa. A cadeias de valor de Porter representa um modelo que demonstra de forma bastante objetiva, como as empresas funcionam em termos operacionais e quais são os pontos importantes no fluxo informacional da empresa, de forma que os pontos onde as informações precisam ser mapeadas e replicadas, ficam muito fáceis de serem observados dentro do modelo proposto por Porter. Figura 3.8.1 – Modelo de cadeia de valor Fonte: adaptado de Porter (1985). Valor pode ser definido como aquilo que os compradores estão dispostos a pagar em troca de produtos e serviços que atendam suas necessidades. Para que um comprador possa pagar por um produto ou serviço, toda empresa necessita executar tarefas e atividades que adicionem valor ao seu produto ou serviço de forma ordenada para que o seu produto ou serviço, possa competir no mercado e vencer a disputa pelo valor que o cliente está disposto a pagar. 3.9 Inovação organizacional O verbo inovar é um verbo transitivo direto que significa tornar novo, renovar ou restaurar. O verbo inovar também pode ser designado em uma versão em intransitiva como introduzir novidades, fazer algo como não era feito antes. A arte de inovar em qualquer é contexto significa que vamos procurar fazer algo diferente daquilo que está sendo feito com o objetivo de melhorá-lo qualitativamente e em alguns casos, quantitativamente. Qualquer empresa que deseja crescer mesmo em tempos de economia apertada, tem que fazer um esforço de corte nas despesas, renegociar de preços e buscar a eliminação de desperdícios; essa é a base para a melhora nas suas margens. Mas em certas circunstâncias, esse movimento não é suficiente para fazer 56 com que a empresa continue a crescer ou mesmo em casos extremos, possa continuar operando no mercado, isto é, sobrevivendo dentro do mercado. A inovação organizacional é a transformação de métodos de negócios nas empresas visando a melhoria dos seus processos e naturalmente ganhos e margens superiores. Ao observarmos empresas da nova economia, que se tornaram unicórnios (startups com receitas acima de US$ 1 bilhão antes da abertura de capital), notamos que o modelo operacional e a forma como as pessoas efetuam suas tarefas e exercem suas atividades mudou completamente. Por exemplo, na sede do Google verificamos pessoas trabalhando de forma completamente disruptiva, fora de suas estações de trabalho nas mais diferentes posições, às vezes em um jardim, às vezes numa praça, enfim, produzindo e gerando informações, produzindo e gerando conhecimento, de forma bastante produtiva não amarradas a modelos tradicionais de operação como por exemplo estar dentro do escritório numa mesa fixa operando de 8 a 10 horas por dia. A equipe de trabalho com uma mudança de parâmetros e de ambiente, se sente mais motivada para entregar melhor as suas tarefas e os seus resultados e se sente menos cobrada durante esse processo pois se sente parte integrante desse processo, e da criação do futuro da empresa. Espaços de descompressão e mesmo espaços de lazer dentro das empresas da nova economia já são uma realidade há quase uma década. O grande desafio das empresas na criação de uma cultura de inovação é lidar com paradigmas, como por exemplo, as estruturas verticalizadas com uma hierarquia arraigada, porque as equipes de trabalho precisam trabalhar de forma mais horizontalizada, com um modelo mais matricial de tomada de decisão, de forma que as atividades operacionais e a própria tomada de decisão seja mais fluída, mais dinâmica, mais rápida, mais assertiva. Estudos apontam para 4 grandes eixos na dinâmica organizacional, que impactam diretamente as organizações inovadoras. São eles: 1. o desafio de inovar estrategicamente; 2. a busca por vantagens competitivas por meio do desenvolvimento e da reconfiguração de capacidades dinâmicas; 3. a demanda pela articulação e absorção de conhecimento que visa a aprendizagem; 4. o desafio de compreender o contexto organizacional e dar sentido à experiência subjetiva, através de símbolos, para a organização e seus membros. O primeiro desafio, de inovar estrategicamente, exige uma constante adaptação das organizações que pode ser promovida em relação a produtos, serviços, operações, processos e pessoas. Esse desafio requer, especialmente, o acompanhamento das constantes demandas e mudanças do ambiente externo (BAREGHEH; ROWLEY; SAMBROOK, 2009). O segundo desafio está na busca por vantagens competitivas por meio de capacidades dinâmicas. O conceito de capacidade dinâmica como fonte de vantagem competitiva motivou a propagação de estudos nos últimos anos, porém de maneira não homogênea e consensual, o que torna a necessidade de aprofundamento acerca do tema um desafio ainda maior. Atividades coletivas, por meio das quais a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais em busca de maior eficácia, são traços característicos de capacidade dinâmica (ZOLLO; WINTER, 2002). 57 Associado a essa conceituação está o conceito de capacidade de absorção, representado por um conjunto de rotinas organizacionais e processos estratégicos pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram o conhecimento com a finalidade de criar valor e produzir uma capacitação dinâmica (ZAHRA; SAPIENZA; DAVIDSSON, 2006). O terceiro desafio, que se refere à demanda pela capacidade de absorção. Segundo Cohen e Levinthal (1990), precursores de estudos sobre o tema, trata-se de um dos processos fundamentais de aprendizagem em uma organização, ou seja, a capacidade de adquirir conhecimento por meio do ambiente, o que nos leva ao conceito de Conhecimento Tácito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). O quarto desafio, a importância de compreender como ocorrem as trocas subjetivas (simbólicas) dos atores sociais na construção da realidade organizacional, está interligado com todos os demais pois a construção de arquétipos está associada ao meio social. Mesmo que empresas possuam sistemas organizacionais bem estruturados, com processos, procedimentos e sistemas interligados, o simples fato de haver agentes operacionais físicos (pessoas), fará com que a empresa possua um sistema social que transpassa todo e qualquer sistema operacional. Entender processos que ocorrem no contexto organizacional é, antes, entender os significados que o envolvem. Os indivíduos inseridos em uma realidade organizacional constroem definições dessa realidade, tendo como base a construção simbólica que serve como direcionadora para compreender esse contexto e agir sobre ele. As relações simbólicas são, portanto, um caminho para entender as sucessivas transformações no ambiente organizacional. Dependendo de como ela foi socialmente construída, uma relação simbólica pode ter múltiplas implicações organizacionais (CARRIERI; SARAIVA, 2007). 3.10 TI interfaces na gestão do conhecimento O processo de informatização empresarial se tornou muito mais complexo, exigindo uma abordagem abrangente e integradora para o planejamento de uso da tecnologia. Segundo Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.), “O que me contam, eu esqueço. Se eu vejo, eu me lembro. Mas o que eu faço, eu entendo […]”, e esse raciocínio, mesmo tendo mais de 2.500 anos, traduz o que a Tecnologia da Informação significa para a geração, acúmulo e disseminação do conhecimento. A Tecnologia da Informação possibilita acesso em escala geométrica, a um volume de dados que parece não ter fim. Ao digitarmos a letra a no buscador Google, recebemos aproximadamente 25 bilhões de resultados. Se levarmos em conta o modelo de metadados, com dados sendo gerados a partir de dados iniciais, teremos então quase que uma infinidade de possibilidades. Dessa forma, estar permanentemente atento às novas tecnologias de informação passa a ser uma das funções mais importantes em qualquer empresa, e deve ser incorporadaao trabalho de executivos de quaisquer áreas, pois as mudanças nas competências e habilidades exigidas dos novos gestores das áreas de negócio, como o conhecimento para administrar a área de TI da empresa, mesmo que de forma matricial, é fundamental. Hoje é impossível fazer uma empresa escalar sua capacidade produtiva sem a utilização de ferramentas computacionais e, não estamos falando da criação de software ou aplicativos, mas sim, da utilização de ferramentas já existentes. Se 58 olharmos para as possibilidades de solução de problemas que existem na sociedade, a criação de soluções informatizadas é quase uma floresta inexplorada. Segundo Laudon e Laudon (2003), Sistemas de Informação é o conjunto de componentes inter-relacionados que coletam (ou recuperam), processam, armazenam e distribuem informação para o suporte a decisão, coordenação e controle. A Figura 3.10.1 ilustra a distribuição da informação ao longo dos níveis em uma empresa. Figura 3.10.1 – Tipos de informação, funções e sistemas Fonte: adaptado de Laudon K. e Laudon J. (2003) Na base do modelo estão as áreas funcionais das empresas como Vendas e Marketing, Fabricação ou Operações, Finanças, Contabilidade, Recursos Humanos e mais toda e qualquer área que faça parte do modelo de negócios da empresa, pois todas essas áreas são impactadas e necessitam de recursos informatizados, visando o aumento da capacidade de processamento de dados, captura de dados, armazenamento de dados e também, a geração de modelos de negócios. Todos os níveis são importantes, mas cada qual tem seu papel. Na base está o nível operacional, onde os negócios ocorrem, onde as funções estão ligadas diretamente à produção de produtos e serviços, onde o cliente é “servido”. O nível de conhecimento diz respeito à produção de ferramentas de captura e processamento de dados, é a área especializada em TI e que é composta por funções como Help Desk, onde a manutenção e suporte de parque tecnológico é feito, a área de Segurança da Informação que cuida de todos os componentes que evitam as invasões de hackers e software infectados. A área de Programação cuida da criação de aplicações, rotinas e programas que dão suporte às operações da empresa. Existe também a área de Qualidade de Software que analisa a performance dos sistemas da empresa e a área de Administração de Redes cuida da velocidade e consistência da circulação de dados ao longo das redes internas da empresa, bem como a consistência das redes externas de distribuição de dados. O nível gerencial lida com a criação de modelos de negócios e análise de dados estruturados, é onde as informações são geradas, analisadas e informadas para o nível estratégico da empresa. 59 O nível estratégico lida com o futuro e por ter acesso às informações analíticas, é o nível onde o acúmulo de conhecimento é profundo e, pelo acúmulo e sofisticação do conhecimento, propõe alterações de modelo de negócios na linha do tempo, isto é, a criação e finalização de negócios. 3.11 A propriedade intelectual Segundo a WIPO (World Intellectual Property Organization - Organização Mundial da Propriedade Intelectual), propriedade intelectual é “a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico”. É da natureza humana a criação e o desenvolvimento de novas soluções sejam elas produtivas intelectuais ou artísticas. Mas com a capacidade de criação e desenvolvimento também vem a capacidade de se copiar de se aproveitar de uma ideia existente e se apossar dessa ideia. Os mecanismos de propriedade intelectual, de defesa da propriedade intelectual, funcionam como um incentivo para que o inventor, pesquisador ou o agente de criação, possa continuar a produzir aquilo a qual ele tem capacidade de criação e que em muitos casos, pode vir a servir a comunidade, a sociedade e trazer ganhos para investidores que estejam interessados em investir nessa ideia ou nesse projeto. De certa forma a propriedade intelectual é um direito e uma garantia que o produtor ou inventor terá durante tempo determinado, de que sua ideia não poderá ser copiada sem que ele receba alguma contrapartida pela utilização dessa ideia, gerando inclusive um incentivo para que esse criador ou pesquisador, continue investindo seu tempo e recursos na criação e pesquisas de novas ideias e tecnologias. Imagina um mundo onde não houvesse barreiras para que ideias fossem copiadas; o incentivo ao empreendedorismo cairia por terra pois o esforço da criação não seria recompensado. Investidores não teriam segurança jurídica para colocar dinheiro em uma ideia, já que essa ideia poderia ser copiada por outro pesquisador e se outro investidor colocar dinheiro, talvez numa quantia maior, efetivamente o primeiro investidor e o primeiro inventor não conseguiriam escalar a produção da ideia original e por consequência, de seu produto. Existem três grandes subdivisões da propriedade intelectual. A primeira delas é a propriedade industrial que está ligada a marcas patentes desenhos industriais indicações gráficas etc., que são utilizadas no meio empresarial principalmente no modelo industrial de negócios. O direito autoral, normalmente designado como plágio no caso de uma cópia, diz respeito a toda e qualquer produção cultural onde podemos citar filmes, produções gráficas, livros, obras de arte (esculturas ou pinturas), enfim toda e qualquer criação artística acaba sendo protegida pelo direito autoral. 60 A proteção sui generis é o terceiro ramo da propriedade intelectual e é o mais complicado de ser provado no caso de uma cópia, porque ele diz respeito a processos como o cultivo numa área agrícola, o conhecimento tradicional ligado, por exemplo, a hábitos culturais e mesmo ao desenvolvimento de tecnologias complexas, como a topografia de um circuito integrado, o que é de difícil comprovação de cópia por parte dos meios industriais. No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão federal ligado ao Ministério da Economia, é o local onde marcas, patentes, desenhos industriais, indicações geográficas, programas de computador, topografia de circuitos integrados e mesmo transferência de tecnologia, podem ser registrados de forma a proteger o inventor, pesquisador ou criador de alguma ideia que pode se tornar um produto, receber investimento e escalar a sua produção. Há de se observar que a cópia indevida de qualquer ideia, produto, ou sistema de produção, que esteja devidamente registrado é crime passivo de punições no âmbito do INPI. De toda forma, mesmo se a ideia, produto ou meio de produção, não esteja registrado no INPI, existem as questões éticas a cerca de uma cópia indevida. Quer saber como é realizado um pedido de patente ou de marca? Então acesse o site do INPI no link: https://www.gov.br/inpi/pt-br 61 REFERÊNCIAS ANGELONI, M. T. (org.). 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