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Gestão de Obras: Orçamento e controle -Júlia Hein Mazutti

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GESTÃO DE 
OBRAS
Júlia Hein Mazutti 
Orçamento e controle
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar a quantificação e os critérios de medição dos recursos 
necessários.
 � Selecionar pacotes de contratação (EAP de contratação).
 � Elaborar os planos de contratação dos recursos necessários.
Introdução
Toda obra é projetada com base em uma estimativa de quanto se deseja 
gastar com a sua construção. Por isso, o orçamento da obra é uma parte 
vital para o empreendimento, impactando diretamente no lucro do inves-
timento. A quantificação e a contratação de todos os recursos necessários 
para executar a obra devem ser feitas com cuidado, de maneira detalhada 
e com o objetivo de abranger todas as atividades envolvidas no projeto.
Neste capítulo, você vai aprender a quantificar os recursos necessários 
para a obra e os critérios de medição desses recursos. Além disso, você 
verá que a Estrutura Analítica de Projeto (EAP) e as composições de 
custos unitários ajudam muito nessas tarefas e aprenderá a dividir os 
possíveis pacotes de contratação de recursos com a ajuda da Curva ABC 
e da categorização dos materiais utilizados na obra. Por fim, você verá 
como um plano de contratação pode ser elaborado, analisando mais a 
fundo o relacionamento com os fornecedores, a negociação de preços, 
o cumprimento de prazos e a qualidade dos recursos.
Quantificação e critérios de medição 
de recursos
Poder quantificar quanto um projeto inteiro vai custar é um critério decisivo 
em gestão de obras. Isso pode decidir se a obra é viável, qual será o custo e 
o lucro previsto ao empreendedor, o preço final para o cliente, entre muitos 
outros fatores. Por isso, é muito importante realizar um levantamento de 
quantitativos detalhado para todas as atividades da obra. Você já se perguntou 
como quantificar todos os materiais, equipamentos, mão de obra e trabalhos 
que envolvem uma obra? Os critérios de medição e a estrutura analítica da 
obra podem ajudar você a realizar essa tarefa.
Primeiramente, você deve compreender os indicadores de produção, que 
mostram os recursos utilizados em função do produto ou resultado. Dois dos 
indicadores mais importantes na construção civil, para entender a quantificação 
da produtividade de mão de obra e do consumo de materiais, respectivamente, 
são a Razão Unitária de Produção (RUP) e o Consumo Diário de Materiais 
(CUM). Suas equações estão apresentadas nas equações 1 e 2 a seguir, con-
forme Souza, Morasco e Ribeiro (2017).
Onde:
Hh = homens-hora;
QS = quantidade de serviço realizado.
Onde:
Qmat = quantidade de material;
Qserviço = quantidade de serviço.
A RUP apresenta quantas horas de trabalho necessita-se para realizar, por 
exemplo, um metro quadrado de alvenaria ou um metro cúbico de escava-
ção. Já a CUM apresenta a quantidade de material necessária para realizar o 
projetado — por exemplo, pode-se necessitar 1,2 metros cúbicos de concreto 
para realizar um metro cúbico de concretagem devido a perdas de material. 
Com esses indicadores, pode-se quantificar a quantidade de mão de obra e de 
material para as etapas da obra. Lembre-se que os indicadores podem apresentar 
unidades diferentes, mas, mesmo assim, estar quantificando quantidade de 
serviço e quantidade de material.
Sabendo isso, você pode se perguntar: mas onde conseguir essas informa-
ções? Como saber quanto tempo de trabalho é necessário para realizar uma 
parede de alvenaria ou quanto material é preciso para concretar uma laje? 
E quanto custa? O próximo passo é conhecer os sistemas de composição de 
Orçamento e controle2
preços unitários da construção civil, que trazem essas informações e as com-
posições de custos unitários dos serviços de engenharia da obra. Dois sistemas 
muito conhecidos são as Tabelas de Composições de Preços para Orçamento 
(TCPO) e o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção 
Civil (SINAPI). Veja um exemplo de composição de custo unitário, em reais, 
para a execução de uma parede de alvenaria segundo a TCPO, destacado por 
Mattos (2015), no Quadro 1.
Fonte: Adaptado de Mattos (2015).
Insumo Unidade Índice Custo unit. Custo total
Pedreiro h 0,6432 9,00 5,79
Servente h 0,3216 5,00 1,61
Bloco concreto 
9x19x39 cm
un 10,1721 2,00 20,34
Argamassa 1:2:8 m³ 0,0088 0,34 0,00
Tela de aço 
soldado
un 0,6283 3,00 1,88
Pino de aço 
zincado
un 0,7479 2,00 1,50
31,13
Quadro 1. Exemplo de composição de custo unitário para execução de um m2 de parede 
de alvenaria (em reais)
O Quadro 1 mostra que, para executar um metro quadrado de parede de 
alvenaria nas condições especificadas de mão de obra e materiais (existem 
outros tipos de composição com outros materiais, por exemplo), o custo final 
é de 31,13 reais. Necessita-se, por exemplo, de 0,64 horas de um pedreiro, cujo 
trabalho é remunerado a 9,00 reais/horas, de modo que o custo total gasto 
com pedreiro é de 5,79 reais. A partir de tabelas desse tipo, pode-se realizar 
o levantamento de quantitativos de todas as partes da obra.
Deve-se destacar que, para obras rodoviárias e de infraestrutura, as tabelas 
do SICRO (Sistema de Custos Rodoviários) do DNIT (Departamento Nacional 
de Infraestrutura de Transportes) são geralmente utilizadas. Segundo o Site 
3Orçamento e controle
Noventa (COMO..., 2017), as composições contemplam obras de: drenagem, 
hidrovias, obras de arte especiais, referências de sinalização rodoviária, supe-
restrutura ferroviária, terraplenagem, pavimentação rodoviária, manutenção 
rodoviária e túneis. Além disso, esse documento é muito importante por ser 
amplamente utilizado no setor público e na análise de licitações. 
Quando a composição de preços unitários não constar nas tabelas con-
vencionais, pode-se montar a composição para o serviço desejado. Para isso, 
Barbosa (2018) destaca os passos descritos a seguir.
 � Detalhar o serviço: deve-se listar todos os materiais, a mão de obra 
e os equipamentos necessários para realizar o serviço e sua unidade 
de medida (metros, metros quadrados, horas, etc.). Nessa etapa, é 
importante que a unidade de medida esteja de acordo com a unidade 
de pagamento.
 � Estabelecer preços reais para materiais e serviços: o preço dos 
serviços listados deve ser estabelecido de acordo com a realidade do 
mercado. Deve-se utilizar cotações recentes de preço unitário por 
unidade de medida devido à oscilação de preços no setor da cons-
trução civil.
 � Estabelecer índices de produtividade: para estabelecer os índices, 
pode-se partir das medidas estabelecidas pelas tabelas TCPO, SINAPI 
e SICRO. O ideal, nesse ponto, é calibrar esses índices teóricos com a 
realidade da empresa, ou seja, realizar medições da produtividade dos 
serviços e adicionar nos valores dos índices.
Para saber todas as partes que compõem uma obra, uma opção é basear-se 
na Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que é a estruturação hierárquica 
visual de toda a obra. Veja, na Figura 1, um exemplo de EAP simples para uma 
casa apresentado por Mattos (2010). A EAP pode ser subdividida e detalhada 
até atingir pacotes de trabalho que sejam quantificáveis pelas composições 
unitárias; assim, pode-se ter uma visão geral e específica das partes da obra 
ao mesmo tempo, conforme o detalhamento que se desejar obter.
A mesma EAP pode também ser escrita de outra maneira, chamada de 
forma analítica por Mattos (2010). A forma analítica apresenta o agrupamento 
das atividades com índices no formato de tabela. Para a Figura 1, a forma 
analítica da EAP com índices ficaria como mostra o Quadro 2.
Orçamento e controle4
Figura 1. Estrutura Analítica do Projeto (EAP) de uma casa.
Fonte: Mattos (2010).
Casa
Fundação
Escavação
Sapatas
Alvenaria
Telhado
Instalações
Esquadrias
Revestimento
Pintura
Estrutura
Acabamento
Fonte: Adaptado de Mattos (2010).
1 Casa
 1.1 Fundação
 1.1.1 Escavação
 1.1.2 Sapatas
 1.2 Estrutura
 1.2.1 Alvenaria
 1.2.2 Telhado1.2.3 Instalações
 1.3 Acabamento
 1.3.1 Esquadrias
 1.3.2 Revestimento
 1.3.3 Pintura
Quadro 2. EAP em forma analítica
5Orçamento e controle
Esses índices podem ser chamados de contas de controle, que são os 
códigos hierárquicos da EAP, conforme Duarte (2016). Esse código pode, 
então, ser utilizado para o levantamento quantitativo da obra, com total de 
horas trabalhadas, total de material utilizado, total de gastos ou o que mais 
interessar ao gestor do empreendimento. Um exemplo interessante é mostrado 
no Manual de Abastecimento de Materiais e Canteiro de Obras pela DTC (DTC, 
[2014?]), na Figura 2, para a montagem de um kit lavatório de fixar. Observe 
que a etapa foi subdividida até chegar a uma lista completa dos materiais 
necessários para montar o produto final — esse processo pode ser feito para 
todas as partes da obra. O agrupamento dos gastos dos níveis inferiores aos 
superiores mostra o total de gastos das etapas e da obra.
Figura 2. Estrutura Analítica do Projeto (EAP) de uma casa.
Fonte: DTC ([2014?]).
Produto �nal Lista de materiaisEtapa dapré-montagem
Lavatório de louça sem coluna
Válvula para lavatório
Torneira para lavatório
Fixação para lavatório
Engate para PEX - ф 16
Adaptador tipo luva - ½’’ × ½’’
Tubo PEX − ф 16 
Sifão para lavatório
Carenagem para lavatório
Joelho 90º - ф 40
Tubo ф 40
Coifa de vedação ф 50
Coifa de vedação ф 32
Kit lavatório
de �xar
Conjunto
tubulação
esgoto
Conjunto
alimentação
de água
Conjunto
louça e
metais
Os custos baseados nos custos unitários dos serviços são chamados de 
custos diretos. Também se deve considerar, no orçamento de uma obra, os 
custos indiretos. Para isso, o BDI (Benefícios e Despesas Indiretas — do 
inglês Budget Difference Income) ajuda o responsável pelo orçamento a in-
cluir os custos indiretos na obra. Mas você sabe o que são custos indiretos? 
Segundo o site Sienge (BDI..., 2016), os custos indiretos são aqueles que não 
são incorporados ao produto final, mas que, mesmo assim, impactam no custo 
total, como: administração central da empresa, custo financeiro do contrato, 
Orçamento e controle6
seguros, garantias e tributos sobre a receita. Para calcular o BDI, o site Sienge 
(2016) recomenda a seguinte equação:
Onde:
 � AC — administração central: é o rateio do custo da sede entre as obras 
da construtora. Para empresas de grande faturamento, varia de 7% a 
15% e, para empresas de pequeno faturamento, de 10% a 20%;
 � CF — custo financeiro: deve-se verificar a necessidade de incluir esse fator 
a partir das condições de medição e pagamento estabelecidos no contrato; 
 � S — seguros: deve ser incluído a partir dos custos de seguros estabe-
lecidos em contrato;
 � G — garantias: são os custos envolvidos no cumprimento do contrato, 
como cauções, seguro garantia, etc.;
 � MI — margem de incerteza: o objetivo desse fator é melhorar as dis-
torções provocadas por cálculos estimados. Assim, deve ser utilizado 
somente por empresas contratantes. Geralmente, varia de 5% a 10%;
 � TM — tributos municipais: abrange tributos municipais e deve ser 
analisado para cada cidade, como o Imposto Sobre Serviços (ISS);
 � TE — tributos estaduais: abrangem tributos estaduais, como o Imposto 
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
 � TF — tributos federais: abrangem tributos federais, como Programa 
de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Se-
guridade Social (COFINS), Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e tributos do Instituto 
Nacional do Seguro Social (INSS);
 � MBC — margem bruta de contribuição (ou lucro bruto previsto): é 
um valor respectivo a cada empresa ou proposta de preços e baseia-se, 
principalmente, em função do mercado.
A utilização do BDI é essencial para finalizar um orçamento de acordo 
com a realidade econômica da empresa. Para incluir o BDI no orçamento, 
basta utilizar a seguinte equação, segundo o site Sienge (2016):
7Orçamento e controle
Com a inclusão dos custos diretos e indiretos no orçamento, a quantificação 
dos recursos da obra estará completa. Uma boa ideia para os custos diretos 
é realizar uma planilha de Excel para fazer os levantamentos quantitativos. 
Softwares com Building Information Modeling (BIM) auxiliam muito na 
quantificação dos materiais, e softwares como o MSProject atuam diretamente 
no planejamento e no controle da obra. Além disso, o mercado oferece diversas 
planilhas com incorporação dos custos unitários e diversas facilidades para 
o gestor, economizando bastante tempo e tornando mais prática a elaboração 
do levantamento de quantitativos.
Pacotes de contratação
Para que uma obra seja executada sem interrupções, é essencial que sempre 
haja no canteiro os trabalhadores, os equipamentos e os materiais suficientes 
para atender às atividades que estão em andamento. Os pacotes de contratação 
definem quando os materiais e equipamentos chegam à obra e quantas pessoas 
estarão trabalhando em cada fase do projeto. Você já se perguntou como o 
gestor pode planejar os pacotes de contratação de uma obra? O histograma 
de recursos é uma importante ferramenta para entender o que é necessário 
em cada etapa da obra.
O histograma de recursos, conforme descrito por Mattos (2010), é um 
gráfico de colunas que representa a quantidade requerida do recurso por 
unidade de tempo. Por exemplo, pode-se apresentar o número de pedreiros 
necessários na obra em cada mês ou a quantidade de tijolos utilizados em cada 
semana. Esse tipo de dado ajuda o gestor a planejar os pacotes de contratação 
necessários para a obra, seja de mão de obra, materiais ou equipamentos. 
Para isso, deve-se ter o cronograma do planejamento das atividades. Veja, 
na Figura 3, uma maneira simples de compreender o histograma de recursos 
conforme Mattos (2010).
Orçamento e controle8
Figura 3. a) cronograma; b) histograma de recursos.
Fonte: Mattos (2010)
DIA
ATIV.
DIA
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 8 8 11 11 1 1 1 1 2
 6 6 6 6
 1 1 1 1
 5 5
 2
 2 2
2 2
10 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0-10
10-20
10-30
20-10
30-40
40-50
12
10
8
6
4
2
0
Pedreiros
Acumulado
Pe
dr
ei
ro
s
2 4 12 20 31 42 43 44 45 46 48
a)
b)
A Figura 3a apresenta o cronograma do número de pedreiros necessários 
para 11 dias, conforme as atividades de 0 a 50. A Figura 3b apresenta o his-
tograma de recursos, ou seja, um gráfico com uma barra para cada dia com o 
número de pedreiros que deverão trabalhar nesse dia para que as atividades 
sejam realizadas. O número de pedreiros acumulado apresenta o total de 
dias trabalhados pelos pedreiros ao final desse ciclo e que deverão entrar no 
orçamento da empresa.
Expandindo o histograma para todos os recursos que a obra utilizará, 
pode-se saber quando cada item será necessário no canteiro. Adicionando 
as condições de capacidades de estocagem para os materiais no canteiro de 
obras, pode-se concluir de quanto em quanto tempo deve-se encomendar 
cada material. Com isso, os pacotes de contratação podem ser definidos. 
Deve-se destacar que os histogramas da obra podem ser facilmente traçados 
em softwares como MsProject.
9Orçamento e controle
O histograma de recursos também é muito utilizado para realizar o nivelamento de 
recursos e trabalhadores na obra. O objetivo é, a partir da identificação dos picos do 
histograma de recursos, realizar adaptações no cronograma que evitem a superlotação 
de trabalhadores ou recursos na obra. Essa pode ser a solução para canteiros de obras 
que possuem pouco espaço físico para armazenamento, por exemplo.
Os pacotes de contratação devem ser escolhidos estrategicamente em cada 
obra, conforme o tempo de aplicabilidade dos recursos. Deve-se selecionar 
e classificar os materiais e equipamentos, podendo dividi-los em três tipos:
 � adquiridos somente uma vez durante a obra — por exemplo, betoneiras, 
louças, caixa d’água, elevador, entre outros;
 � recebidos em um determinado período diversas vezes —é o caso, 
geralmente, de tijolos, concreto e armaduras;
 � adquiridos toda semana.
A categorização pode ser criada conforme a necessidade de cada obra. Os 
materiais ainda podem mudar de categoria conforme o projeto. Por exemplo, 
para uma determinada obra, os tijolos podem ser entregues de semana em 
semana; para outra, de mês em mês. Por isso, cada obra deve ser analisada 
separadamente.
Quanto antes seja possível planejar as compras de uma obra, melhor. Porém, 
não se pode garantir que a obra não tenha atrasos ou sofra alterações no seu 
planejamento. Isso faz com que muitas compras tenham que ser planejadas 
durante o andamento da obra. Conforme o tempo necessário para a entrega do 
material, pode-se dividir os pacotes em compras padrão e complexa, conforme 
Cardoso ([2017]).
 � Compra padrão: são itens encontrados facilmente em lojas de materiais 
de construção, ou seja, que possuam bastante oferta. Essas compras 
devem ter antecedência mínima de uma semana com o prazo de entrega. 
Tipicamente, são materiais como cimento, agregados, aço em barra 
reta, tintas, ferragens, entre outros.
 � Compra complexa: são recursos que requerem maiores especificação 
técnica e que não são facilmente encontrados no mercado. Essas compras 
Orçamento e controle10
devem ser feitas com antecedência mínima de 30 a 60 dias com o prazo 
de entrega desejado. Geralmente, esses são os materiais que têm alto 
impacto financeiro nas obras, como pedras, revestimento cerâmico, 
esquadrias, entre outros.
A realização de compras globais, ou seja, da quantidade total de certo material com 
somente um fornecedor, permite a redução dos preços. O mais interessante, nesse 
caso, é negociar entregas parciais do material durante a execução da obra. Com isso, 
o gestor economiza dinheiro, não sobrecarrega seu estoque e otimiza seu tempo, não 
precisando mais se preocupar com novas compras desse material.
Com a compreensão do histograma de recursos e a categorização dos 
materiais e das compras, o gestor está apto a planejar seus pacotes de con-
tratação. Sempre se deve lembrar que cada obra tem suas peculiaridades e 
deve ser analisada separadamente. Com os pacotes estruturados, evita-se 
compras emergenciais, economizando tempo e dinheiro, e garante-se que o 
planejamento da obra seja seguido.
Planos de contratação de recursos
Você já sabe separar os pacotes de contratação para os recursos da sua obra, 
mas você já se perguntou como realmente realizar a compra? Para isso, é muito 
importante ter um plano de contratação de recursos, levando em consideração 
os fornecedores disponíveis no mercado, os preços, os prazos e as condições 
gerais da obra, como a capacidade de estoque e as tecnologias utilizadas.
Para realizar um plano de contratação, destacam-se os seguintes fatores:
 � seleção de fornecedores;
 � cotação de preços;
 � negociação dos preços e das condições gerais;
 � decisão e pedido de compras;
 � recebimento dos materiais;
 � avaliação e fortalecimento de laços com os fornecedores.
11Orçamento e controle
São os fornecedores os responsáveis por entregar os materiais na obra no 
tempo correto e, assim, possibilitar que a obra possa continuar sem interrupções. 
Por isso, a seleção de fornecedores é crucial para o futuro da obra. Nessa etapa, 
deve-se listar os possíveis fornecedores para cada insumo, selecionando-os com 
cuidado. Conforme o Sienge (2017a), nessa fase, é prudente iniciar verificando 
se o fornecedor pode oferecer documentos básicos, como a certidão negativa de 
débito, que atesta que a empresa paga seus impostos e direitos trabalhistas. O 
Sienge (2017a) destaca os seguintes cuidados para a listagem de fornecedores:
 � verificar noticiários;
 � consultar sites de reclamação;
 � buscar saber mais sobre as origens da empresa;
 � pedir recomendações sobre fornecedores on-line ou com contatos;
 � visitar o site da empresa;
 � ter um contato de referência que já tenha trabalhado com o fornecedor;
 � formalizar as relações por contrato.
Em seguida, deve-se realizar a cotação de preços, que tem grande impacto 
sobre o orçamento da obra. Nessa etapa, é importante levantar os valores dos produ-
tos e as condições de entrega do material. A cotação deve ser realizada com todos 
os fornecedores selecionados na etapa anterior. Santos e Jungles (2008) propõem 
que uma cotação de preços típica deve conter os itens relacionados no Quadro 3. 
Fonte: Adaptado de Santos e Jungles (2008).
Item Caracterização
Lista de materiais Características dos materiais que serão adquiridos 
para todas as obras no período de um ano
Previsão de consumo Planejamento das aquisições
Anexos Projetos e especificações dos materiais
Escolha dos fornecedores Definição dos fornecedores cadastrados
Preço Preço mínimo dos materiais, quando desejável
Requisitos Prazo de entrega e condições de pagamento
Compra As condições da compra orçada 
(custo, tempo de entrega)
Fornecedores Como serão administrados os diversos fornecedores
Quadro 3. Quadro de cotação de materiais
Orçamento e controle12
Após a cotação dos preços, passa-se para a fase de negociação de preços e 
condições gerais, na qual se deve negociar o melhor preço dentro das condições 
de entrega e qualidade do material necessários para a obra. Deve-se deixar 
claro os prazos de entrega, as especificações dos materiais e as consequências 
do não cumprimento do contrato. O Sienge (2017a) destaca que o bom relacio-
namento com o fornecedor ajuda muito na hora na negociação. Ter dinheiro 
para pagar à vista ou comparar fornecedores também são estratégias que 
funcionam na hora de negociar preços. Uma dica essencial é realizar pedidos 
em maior quantidade, com o que, geralmente, pode-se obter um desconto 
maior e, nesse caso, é interessante que o fornecedor possa entregar o material 
durante o decorrer da obra devido às condições de estocagem.
Uma obra possui diversos itens diferentes e, por isso, é importante centrar 
os esforços de negociações nos recursos que apresentam maior impacto para o 
orçamento da obra. Por exemplo, se o custo do concreto apresenta 5% do valor 
total da obra e o custo de pregos 0,1%, os esforços devem ser concentrados nas 
negociações do preço do concreto. Para isso, existe a Curva ABC, que é uma 
ferramenta gerencial de fácil implementação e que classifica os itens de maior 
impacto (SIENGE, 2017b). A Curva ABC, apresentada na Figura 4, separa 
os itens em três classes, A, B e C, conforme o valor que eles representam no 
total dos gastos considerados para a obra.
Figura 4. Curva ABC.
Fonte: Sienge (2017b, documento on-line).
13Orçamento e controle
As classes dos itens são especificadas da seguinte maneira, conforme o 
Sienge (2017b):
 � Classe A: são os itens que possuem um valor alto sobre o valor da 
obra, ou seja, os mais caros. Conforme a Curva ABC, são classificados 
como A os recursos que apresentam 80% do valor total da obra. Isso 
representará 20% do total de itens utilizados na obra. Esses são os 
itens que devem ser negociados com mais atenção, pois causam mais 
impacto no custo da obra.
 � Classe B: são os itens que possuem um valor intermediário sobre o valor 
da obra. Conforme a Curva ABC, são classificados como B os recursos 
que apresentam uma participação de 15% do valor total da obra. Isso 
representará 30% do total de itens utilizados na obra.
 � Classe C: são os itens que possuem um valor baixo sobre o valor da 
obra. Esses itens representarão 5% do valor total da obra e 50% do 
total de itens.
Após a negociação e definição das condições gerais, deve-se decidir e 
gerar o pedido de compra para o recurso desejado. O levantamento dos 
orçamentos deve ser enviado à diretoria, que aprovará, ou não, a compra. Após 
a compra, o próximo passo é acompanhar o recebimento dos materiais na 
obra. Deve-se conferir se o material entregue é o material comprado, tanto nas 
especificações do material quanto na quantidade, e se tudo está corretamente 
descrito na nota fiscal. 
Por último, deve-se garantir que o fornecedorseja avaliado durante a 
entrega dos materiais e que haja o fortalecimento dos laços da empresa com 
o bom fornecedor. Essas medidas garantem a facilidade das negociações de 
preço e prazos, além de promover a fidelização dos serviços entre as partes. 
Uma boa lista de fornecedores facilita muito a gestão de obras. O Sienge 
(2017b) apresenta uma lista de pontos a serem levados em consideração para 
a avaliação do fornecedor:
 � cumprimento do prazo de entrega;
 � compatibilidade do pedido com a nota fiscal;
 � qualidade do material recebido;
 � se o preço orçado e o praticado são o mesmo;
 � qualidade do atendimento e disponibilidade;
 � garantia e responsabilização pelo produto;
 � impactos causados ao meio ambiente.
Orçamento e controle14
Garantindo uma boa seleção de fornecedores, negociações estratégicas para 
a compra dos recursos e o controle do recebimento dos materiais, garante-se 
um plano de contratação de recursos estruturado e que trará muitos benefícios 
para a gestão da obra. O plano de contratação de recursos é um dos responsá-
veis pelo cumprimento do planejamento da obra, de modo que investir nele é 
sinônimo de economia, cumprimento de prazos e qualidade da obra.
BARBOSA, G. Composição de preços unitários certeira: descubra como fazer. Sienge 
Platform, Florianópolis, 6 mar. 2018. Disponível em: <https://www.sienge.com.br/blog/
composicao-de-precos-unitarios/>. Acesso em: 6 fev. 2019.
BDI na construção civil: o que é e como usar? Sienge Platform, Florianópolis, 23 mai. 
2016. Disponível em: <https://www.sienge.com.br/blog/bdi-na-construcao-civil-o-
-que-e-como-usar/>. Acesso em: 6 fev. 2019.
CARDOSO, V. C. Planejamento de obras: aprenda a segmentar as compras de materiais. 
Conaz Soluções, [2017]. Disponível em: <https://www.conazsolucoes.com.br/2017/06/01/
planejamento-de-obras-aprenda-a-segmentar-as-compras-de-materiais/>. Acesso 
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Orçamento e controle16
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