Prévia do material em texto
Tema: Introdução às radiações e aplicação na área farmacêutica Radiações A radiação é a propagação de energia sob várias formas, sendo dividida em dois tipos: - radiação corpuscular - radiação eletromagnética A radiação corpuscular é constituída pó um feixe de partículas elementares ou núcleos atômicos. A radiação eletromagnética é constituída de campos elétricos e magnéticos oscilantes e propagam-se com velocidade constante ‘c’ no vácuo. Onde ‘c’ é a velocidade da luz no vácuo e equivale a 3 x 108 m/s. As figuras 1 e 2 representam um modelo de radiação eletromagnética e o espectro eletromagnético respectivamente. Figura 1: Radiação eletromagnética Fonte: http://www.fq.pt/images/luz/onda.jpg Figura 2: Espectro eletromagnético Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EM_spectrum_pt_2.svg A Teoria dos Quanta, postulada por Planck em 1901 e Einstein em 1905 explica que a radiação eletromagnética é emitida e se propaga de forma descontínua, ou seja, em ‘pacotes’ de energia, quanta ou fótons. Dessa forma, as ondas eletromagnéticas também apresentam comportamento corpuscular. Dessa forma, é possível calcular a energia de um fóton utilizando a seguinte expressão: 𝐸 = ℎ . 𝑓 Onde: ‘h’ é uma constante universal denominada ‘constante de Planck’, em homenagem a Max Planck. Seu valor é 6,63 x 10-34 J.s, ‘E’ representa a energia e ‘f’ a frequência. Já em 1924, Louis de Broglie postula que a matéria apresenta características tanto ondulatórias como corpusculares. Isso permite a compreensão de diversos fenômenos e a criação de equipamentos como o microscópio eletrônico, cujo funcionamento baseia- se nas propriedades ondulatórias do elétron. Tipos de radiação e suas características Radiação alfa ou partícula alfa (): - Núcleos do átomo de hélio (He). - Constituídos de 2 prótons e 2 elétrons. - Partícula é mais ‘pesada’ que um e-. - Apresenta trajetória retilínea num meio material. - Ioniza o meio percorrido. - Num dado meio, partículas de igual energia têm o mesmo alcance. Sendo que o alcance representa a distância que uma partícula percorre antes de ‘parar’. - Num dado meio, partículas de igual energia têm o mesmo alcance. - Fixando-se a energia da partícula , o alcance diminui, se a densidade do meio aumentar. - O alcance das partículas é muito pequeno – são facilmente blindadas. Partículas são produzidas nos decaimentos dos elementos pesados como urânio, tório, plutônio, rádio etc. - Normalmente são acompanhadas de radiação β e . Radiação beta ou partículas beta (β): - São elétrons (e-) e pósitrons (e+). - São mais penetrantes que as partículas . - Ao passar por um meio material perde energia ionizando os átomos deste meio. - Pode ser blindada com plástico ou alumínio. Nêutrons (n): - Partículas sem carga. - Não produzem ionização diretamente, mas indiretamente. -Transferem energia para outras partículas carregadas, estas podem produzir ionização. - Percorrem grandes distâncias através da matéria – antes de interagir com o núcleo dos átomos do meio. - São muito penetrantes. - Podem ser blindados por materiais ricos em hidrogênio. Ex: parafina, água. Radiação gama ou raios gama (): - Origem: núcleo atômico. - São ondas eletromagnéticas extremamente penetrantes. - Interage com a matéria pelo efeito fotoelétrico, pelo efeito Compton ou por produção de pares - nesses efeitos: são emitidos e- ou pares (e-/e+) – estes ionizam o meio. - Fóton de radiação pode perder toda ou quase toda energia numa única interação. - A distância que ele percorre antes de interagir não pode ser prevista. - Pode-se prever, apenas, a distância que ele tem 50% de chance de interagir – camada semi-redutora. - Para blindar radiação : chumbo, concreto, aço ou terra. Raios X: - São ondas eletromagnéticas. - Origem: fora do núcleo atômico – desintegração dos e-. - Características: mesmas da radiação . Desintegração Nuclear No núcleo encontram-se basicamente prótons + nêutrons. Cada elemento químico: nº específico de prótons. Ex: C – 6, N – 7, O – 8 e o número de nêutrons pode variar para cada elemento. Assim, temos: Isótopos – mesmo nº atômico (Z), mas nº de nêutrons diferente. Podem ser estáveis ou instáveis. Núcleos de isótopos instáveis – estão em níveis energéticos excitados. Podem dar origem à emissão espontânea de ‘partículas’ nucleares. Temos então: Núcleo (pai) → núcleo (filho) Nível energético mais excitado → nível menos excitado ou fundamental. Por emissão de partículas e energia. Denominamos o fenômeno como: Desintegração ou decaimento nuclear ou decaimento radioativo Isótopos instáveis são radioativos → radioisótopos. Obs: isótopos estáveis não sofrem desintegração, portanto não são radioativos. Exemplo: Carbono tem 2 isótopos estáveis: 12C e 13C e diversos radioisótopos: 11C, 14C, 15C etc... Elementos com nº atômico de 1 (hidrogênio) → 92 (urânio) são encontrados na natureza. Aqueles com Z entre 93 e 103: são produzidos artificialmente e decaem até se transformar em Pb. Nesse processo a meia-vida é um parâmetro fundamental. Numa desintegração, o núcleo emite partículas alfa, beta ou raios gama (fóton). Esse fenômeno permite ao núcleo adquirir uma configuração mais estável. Como não é possível predizer quando um dado núcleo irá se desintegrar trabalha-se com probabilidades de ocorrência do evento. Ou seja, em média, é possível predizer que após um dado intervalo de tempo (Δt) (meia-vida), metade dos núcleos de desintegram. A meia-vida recebe a designação de T1/2. Um radioisótopo com meia-vida longa decai mais lentamente que um ouro com meia-vida curta. Existe uma expressão matemática que permite trabalhar com esses parâmetros de decaimento para cada radioisótopo, pois cada um tem comprimento de onda (λ) próprio. Esses parâmetros são muito utilizados em Medicina Nuclear e radiofarmácia. N = N0 . e −λt ou N = N0 . [2 – t/T1/2] Existe uma relação entre a constante de desintegração e a meia-vida: Observe que 0,693 é o valor de ln 2. Outro parâmetro extremamente importante é a ‘atividade’. A atividade ‘reflete a velocidade de desintegração dos átomos. Não há uma maneira direta de se determinar o número de átomos presentes numa amostra, exceto através da radioatividade desses átomos. Radiofármacos Radiofármaco – é uma molécula ou uma estrutura celular que apresenta em sua constituição um isótopo radioativo. Pode se usado para diagnóstico e/ou tratamento de patologias. Em Medicina Nuclear, aproximadamente 95% dos radiofármacos são usados para fins diagnósticos. Características de um Radiofármaco: - Alta seletividade e afinidade pelo alvo. - Reprodutibilidade. - Atividades adequadas. - Rápido ‘clearence’ de sítios não específicos de ligação. - Esterilidade e apirogenicidade. - Toxicidade. - Econômico e acessível. Os radionuclídeos utilizados no preparo dos radiofármacos podem produzidos em: reator, cíclotron ou gerador (gerador de Tc99m). Apesar da disponibilidade de inúmeros isótopos radioativos, apenas um número limitado deles apresenta características adequadas. Na preparação de um radiofármaco observa-se as seguintes etapas: - Obtenção do componente não radioativo: molécula ou estrutura celular. - Reação do radionuclídeo com o elemento não radioativo – Marcação. - Purificação. A aquisição de imagens pode ser feita por: -SPECT (single photon emission computed tomography) – tomografia computadorizada por emissão de fóton único. São utilizados nessa técnica emissores de radiação e elementos que decaem por captura eletrônica. - PET (positron emission tomography) – tomografiapor emissão de pósitrons. São utilizados nessa técnica emissores de radiação β+ (pósitron).