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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Clínica Cirúrgica, VIII° ATENÇÃO, este é mais um assunto no mínimo IMENSO! Nos deteremos aqui à explicação GERAL dos conceitos, tratamento clínico e medicamentoso. Este resumo não trará a explicação de cada fratura de forma específica (ombro, tornozelo, quadril, etc.), conforme orientação dos preceptores de RCC da turma do 8° período 2023.1. Torção é uma lesão na junção muscular ou musculotendinosa Entorse é uma lesão no ligamento. Contusão muscular ocorre quando um músculo é submetido a uma força compressora intensa e repentina, como uma pancada direta no músculo Nas distensões, uma força excessiva aplicada ao músculo leva ao estiramento excessivo das miofibrilas e consequente ruptura próxima da junção musculotendinosa. Cerca de 30% a 50% das lesões musculoesqueléticas (tendão/músculo/osso) atendidas pelos médicos consistem em lesões de tendão e ligamento. As lesões musculares podem ser causadas por contusão, distensão ou laceração. Mais de 90% de todas as lesões esportivas consistem em contusões ou distensões. Definições importantes: Fratura: é a perda parcial ou total da continuidade da estrutura óssea. Pode ser completa ou incompleta dentre outras especificidades; Luxação: é a perda total da congruência entre duas superfícies articulares. A perda parcial é chamada de subluxação; Entorse: é a lesão de ligamentos, que pode ser, também, parcial ou total. A entorse é dividida em três graus: no grau I, há apenas distensão das fibras; no grau II, há lesão parcial; e, no grau III, há lesão total; Contusão: é a lesão em amassamento de partes moles por trauma direto, sem cortes; Estiramento muscular: é como a entorse, porém em músculos. Apresenta a mesma divisão em graus; Epífise: região articular “externa” à fise de crescimento. Metáfise: região intermediária, “interna” à fise de crescimento. Tem osso esponjoso e menos resistente. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Diáfise: região central óssea, rodeada por osso cortical e mais resistente. Tratamento?!? Luxações (por incrível que pareça) geralmente são mais urgentes que fraturas (a depender de profundidade, extensão, etc. é claro!) e tem indicação de REDUÇÃO DE EMERGÊNCIA! A contusão e a entorse, porém, são de tratamento conservador pelo método PRICE: P- Proteção R- Repouso I- Ice (gelo) C- Compressão E- Elevação A imobilização pode ser realizada de forma temporária (tala de imobilização armada, tala gessada e órtese) ou definitiva (gesso circular). TODA FRATURA deve ser imobilizada desde sua primeira abordagem. ATENÇÃO! Como reconhecer uma síndrome compartimental aguda? Regra dos 6 P’s: • Pain (Dor): dor intensa, que não melhora com medicação. • Palidez • Pulso • Parestesia • Perfusão • Paralisia • Palpável edema. Estiramento muscular pode seguir também o método PRICE. Quando for realizado pedido de radiografia do membro afetado lembrar sempre de radiografar o osso longo proximal e o distal nas lesões articulares, e as articulações proximal e distal nas lesões de ossos longos. A consolidação óssea depende de boa vasculatura e estabilidade. Quando há consolidação clássica e adequada, há a formação do calo ósseo. OBS.: o que é a pseudoartrose? Pseudoartrose não é somente um atraso de consolidação, ela é o resultado final desse atraso, em que o calo ósseo forma uma articulação falsa, com líquido sinovial em seu interior. Traços de fratura. 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! IMPORTANTE SABER que logo após a fratura a primeira fase de consolidação é uma fase inflamatória, anti-inflamatórios atrapalham a consolidação óssea. Da mesma forma, o tabagismo, por comprometer os vasos, também atrapalha o processo de consolidação. A consolidação óssea é composta por quatro fases: inflamatória, reparatória (1. calos mole e 2. duro) e remodelamento. Os fatores mais importantes são a vascularização e a estabilidade da fratura. A tríade clássica da apresentação de fraturas é DID: Dor, Impotência e Deformidade. A dor é SEMPRE presente, já a impotência e a deformidade são achados variáveis. Pode haver também presença de hematoma, equimose (ambas associadas à ruptura de vasos) e crepitação óssea nas fraturas. Os exames de imagem no geral pedidos para avaliação de fraturas são: radiografia, tomografia e ressonância magnética. A radiografia é o mais simples, com maior visualização da estrutura óssea em si e o primeiro a ser pedido sempre. A ultrassonografia pode ser utilizada principalmente na avaliação de cistos, bursas e tendões. Mecanismos de fraturas completas. Por fim, temos as fraturas cominutas, que não representei no esquema, pois são fraturas de alta energia, com diversas formas de ocorrência. O importante é compreender que a alta carga energética do trauma esmigalha os ossos no meio do caminho. Quando transfundir um paciente ortopédico? Lembrar das indicações de transfusão na hemorragia aguda: - Quando houver perda de volemia estimada em 30% ou mais. - Hb < 5g/dL. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! - Parâmetros clínicos que indicam transfusão imediata: taquicardia; hipotensão arterial; queda no débito urinário; taquipneia; diminuição do tempo de enchimento capilar; alteração do nível de consciência. - Idosos: sintomáticos, transfundir se Hb < 10g/dL. - Cardiopatas: manter sempre Hb > 9g/dL. Momentos ortopédicos para considerar a transfusão: - Paciente instável, antes da intervenção cirúrgica (estabilização). - Paciente durante ou após passos em que há grande chance de sangramento, como, por exemplo, à mobilização da bacia ou após osteotomia femoral. Objetivo: obter valor entre 6 e 10 g/dL ou estabilidade hemodinâmica. E quanto às FRATURAS EXPOSTAS?!? A fratura exposta consiste em uma fratura (perda da continuidade da estrutura óssea) cujo hematoma fraturário tem contato com o meio externo. Nem sempre a fratura exposta está “exposta” de fato! Não é necessário que o osso esteja exposto para que seja considerada assim, basta que haja comunicação do meio externo com a fratura (interna). Muitas das vezes visualizamos apenas um leve sangramento saindo de um pequeno orifício de uma fratura na perna por exemplo. Se visualizarmos presença de um sangue “brilhoso” saindo do membro fraturado, isso indica presença de conteúdo da medula óssea amarela nesse sangue (substância gordurosa), o que indica fratura exposta! A tíbia é o principal osso envolvido em fraturas expostas! Em idosos, é o rádio distal. É CRUCIAL saber a classificação de fraturas expostas e a mais utilizadas é a classificação de Gustilo e Anderson. O mneumônico para ela é TECPaM: Tamanho da lesão; Energia do trauma (ou grau de lesão óssea); Contaminação; e Partes Moles. Classificação de Gustilo e Anderson para fraturas expostas Tipo Tamanho Grau de contaminação Lesão de partes moles Lesão óssea I <1cm Limpa Mínima Simples, cominuição mínima (baixa energia) II >1cm Moderada Moderada, com alguma lesão muscular Cominuição moderada (energia moderada) IIIA >10cm Alto Grave, com esmagamento. Há cobertura de estruturas nobres (osso) Cominuição grave (alta energia) Fratura segmentar ou cominuta IIIB Não há cobertura de estruturas nobres (osso) IIIC Lesão vascular que necessitade reparo 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! O tamanho da lesão auxilia bastante, mas não é um fator definidor. Para a classificação, deve-se sempre avaliar o pior item como definidor. Isso significa que, se houver lesão vascular que necessite de reparo, por exemplo, será sempre IIIC, mesmo que seja puntiforme e limpa; se houver lesão por arma de fogo (portanto, de alta energia) ou tiver ocorrido em ambientes altamente contaminados, como fazendas, ou rodovias com presença de areia, pedras ou asfalto no ferimento, também será considerada grau III. Sobre o grau III: nele, há três subdivisões. Na primeira (A), tem-se que, apesar do alto grau de energia e cominuição, há ainda cobertura de estruturas nobres. A presença de cobertura óssea indica um bom potencial de consolidação e menor chance de infecção. No grau IIIB, porém, não há cobertura de estruturas nobres (osso). Contudo, a classificação não é estanque. Isso significa que, embora uma fratura possa apresentar-se como grau IIIB, inicialmente, após a cirurgia para tratamento de urgência, pode-se conseguir cobertura óssea (por exemplo, em um desluvamento) – transformando-a em uma fratura IIIA. Isso também é importante para o grau IIIC. Note que o comprometimento vascular necessita de reparo. Isso significa que, se, durante a cirurgia, consegue-se recuperar a perfusão sem uma intervenção vascular (anastomose, enxerto, prótese ou qualquer outra técnica), a lesão não era IIIC, tornando-se IIIB ou IIIA. O próximo ponto CRUCIAL a se cuidar na fratura exposta é cuidar no controle de possível infecção! Os principais agentes são: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Condutas em Fraturas Expostas Ambiente pré-hospitalar No atendimento pré-hospitalar pelo serviço de resgate, é realizado sempre um curativo da ferida, com compressão do foco ou garroteamento (medida de exceção) para estancar o sangramento, e imobilização com tala armada. DÚVIDA: pôr ou não pôr o membro em “posição anatômica”? Então. . . o ideal seria que ao imobilizar o membro, o colocássemos em posição a mais próxima possível da anatômica, MAS, isso depende da avaliação do profissional, pois se ao realizar movimentos com o membro fraturado, o pulso local DESAPARECE, o ideal é que eu o leve ao servido de emergência sem mudar o formato como o membro fraturado foi encontrado na cena. . . eu apenas faço a imobilização da forma como o membro do paciente está. MAS, se o pulso não se altera, reposiciono o membro para próximo de sua 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! posição anatômica, imobilizo e o levo ao PS mais próximo. Setor de emergência Ao chegar à emergência, o paciente será avaliado conforme o ATLS (XABCDE). A ortopedia está envolvida no item C (Circulação), ao avaliar-se a estabilidade da bacia e sangramentos que precisam ser controlados. Nesse caso, há que se considerar, por exemplo, uma amputação traumática, em que é necessário controlar o sangramento para controlar o choque. Isso geralmente é obtido no atendimento pré- hospitalar, com o curativo ou garroteamento. Depois, a ortopedia aparece novamente no item E, ao expor-se todas as superfícies do corpo e buscar lesões. Contudo, a avaliação ortopédica cuidadosa e detalhada só é feita realmente na reavaliação ampla do paciente, em um segundo passo. Após cumprir todos os passos do XABCDE, podemos agora realizar: Antibiótico EV + analgesia Vacina antitetânica Avaliação neurovascular Alinhamento do membro Reavaliação neurovascular Retirada de contaminantes grosseiros Curativo estéril Imobilização provisória e radiografias Encaminhamento ao centro cirúrgico (em até 24 horas) Antibioticoterapia A janela ideal de tempo é nas primeiras três horas da fratura. Mas, independentemente do tempo que ele for iniciado, deve ser SEMPRE INSTITUÍDO e deve ser ENDOVENOSO. O tempo de uso é de 72 horas ou até o fechamento de partes moles, o que vier antes. Quando for indicada a fixação definitiva da fratura, o antibiótico deve ser usado em dose única, antes da indução anestésica. Diferentes referências e suas indicações de antibioticoterapia na fratura exposta Tipo Prática clínica Rockwood 9° ed ATLS 10° edição I Cefazolina Cefazolina (Cefalosporina 1G) Cefazolina (Cefalosporina 1G) II Cefazolina ou clindamicina + gentamicina Cefazolina (Cefalosporina 1G) Cefazolina (Cefalosporina 1G) III Cefazolina ou Clindamicina + Gentamicina Cefazolina + Gentamicina (Cefalosporina 1G + Aminoglicosídeo) Cefazolina + Gentamicina (Cefalosporina 1G + Aminoglicosídeo) Contaminação por solo ou esgoto + Penicilina +/- Metronidazol + Penicilina +/- Metronidazol Piperacilina e Tazobactam Alergia à penicilina Clindamicina em vez de Cefazolina Clindamicina em vez de Cefazolina Clindamicina em vez de Cefazolina 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Avaliação neurovascular Pede-se que o paciente faça os movimentos-chave de cada grupo muscular e avalia-se a sensibilidade conforme os dermátomos. Do ponto de vista vascular, palpam- se os pulsos distais (radial e ulnar nos membros superiores, pediosa e tibial posterior nos inferiores) e observa-se também o tempo de enchimento capilar. Alinhamento do membro e reavaliação neurovascular Após o alinhamento deve-se reavaliar pulso, perfusão, tempo de enchimento capilar, sensibilidade e motricidade. Se a partir daí não houver melhora, seguiremos o curso de lesão vascular. O próximo passo é abrir o curativo, expor a ferida e retirar contaminantes grosseiros (pedaços de madeira ou metal, folhas, pedaços de tecido, etc.). Após, fotografe a ferida para evitar a reabertura do curativo. Uma vez concluída a limpeza, realizar um curativo estéril. Não é necessário lavar a ferida no departamento de emergência; isso será feito no centro cirúrgico. Basta cobrir com material estéril. Se necessário, faça compressão para controlar o sangramento. NÃO SUTURAMOS O MEMBRO antes de radiografar a lesão, pois fraturas expostas aumentam o risco de infecção se suturadas. Após curativo estéril, imobilizar o membro e solicitar radiografia. As radiografias seguem o padrão ortopédico: o segmento afetado, associado à articulação proximal e distal se for fratura de osso longo, ou osso longo proximal e distal se for fratura articular, todas em incidências anteroposterior e perfil. Por fim, encaminhar o paciente ao centro cirúrgico. Fraturas expostas não precisam ser operadas imediatamente, exceto se a cirurgia for para salvamento de membro, por lesão vascular ou semiamputação. Têm-se até 24 horas para realização da cirurgia. O passo a passo resumido da cirurgia? Antissepsia, assepsia, colocação de campos estéreis; Lavagem da ferida com soro ambulante + desbridamento; Ferida limpa, membro sujo; Nova antissepsia, assepsia e colocação de campos estéreis; Ferida limpada, membro limpo; Fechamento da ferida; Fixação da fratura; Curativo estéril. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Mapa Mental de Fratura Exposta ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Estratégia MED. Ortopedia. Fraturas e luxações. 2023. Estratégia MED. Ortopedia. Conceitos básicos de trauma. 2023. Estratégia MED. Ortopedia. Fratura exposta. 2023.
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