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METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 Diferenciação: didática, metodologia e método Este tópico concentra-se no conceito e na diferenciação dos termos didática, metodologia e método que deve estar no cerne da profissão docente de maneira clara e precisa. O entendimento desse conceito contribui para a seleção de práticas docentes específicas, capazes de auxiliar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Consoante a isso, Zoppo (2020), afirma que didática é um conceito fundamental, na prática, educacional, destacando-se como uma prática social e dinâmica. É importante compreender que a educação não ocorre de forma estática e única, mas sim por meio de um constante movimento de saberes, conceitos, métodos e orientações que são reinterpretados ao longo do tempo. Nesse contexto, é relevante esclarecer alguns termos amplamente utilizados no campo educacional, que continuam em evolução. A palavra “didática” teve seu primeiro registro no mundo grego e originalmente significava facilitar o ensino e a aprendizagem dos modos de conduta. A partir desse ponto, seu uso se expandiu e a didática passou a ser aplicada tanto na transmissão de conteúdos morais quanto cognitivos. Portanto, atualmente, a didática abrange ambos os aspectos (LUCKESI, 2014). A didática refere-se à maneira pela qual o professor utiliza metodologias e estratégias para conduzir diferentes etapas do processo de ensino. E desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma aula, possibilitando um diálogo crítico entre todos os elementos envolvidos no processo pedagógico, incluindo o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. É por meio da aplicação adequada da didática que se promoverá uma aprendizagem significativa e eficaz, estimulando a participação ativa dos alunos e favorecendo a compreensão e assimilação dos conteúdos abordados. Corretamente observado, nenhuma prática pedagógica é neutra, ao estar intrinsecamente relacionada a concepções filosóficas de educação que influenciam como o ensino é conduzido em uma determinada instituição educacional. Zoppo (2020), define o conceito de didática como a mediação realizada pelo professor, que transforma a teoria pedagógica em prática pedagógica. Nesse sentido, a didática desempenha um papel fundamental ao traduzir os princípios teóricos em ações concretas de ensino, considerando as características dos alunos, os objetivos educacionais e o contexto em que ocorre o processo de ensino-aprendizagem. Através dessa mediação, a didática possibilita a aplicação efetiva das teorias pedagógicas no cotidiano escolar, promovendo uma educação mais significativa e enriquecedora. A didática vai além do ensino de técnicas e estratégias para o desenvolvimento da aprendizagem; ela desempenha um papel mais relevante: o de fomentar uma ação-reflexão crítica por parte do professor na condução da prática educativa. Ela estabelece uma conexão entre as opções filosóficas e políticas da educação, considerando a complexidade técnica, humana e política envolvida. Não se limita apenas à transmissão de conhecimentos e habilidades, mas engajará o professor em uma abordagem reflexiva, onde suas escolhas pedagógicas são conscientemente fundamentadas e direcionadas pelos princípios filosóficos e políticos subjacentes à educação. Além disso, a didática reconhece a natureza multidimensional da prática educativa, envolvendo aspectos técnicos, humanos e políticos, e incentiva uma análise crítica dessas dimensões para promover uma educação mais abrangente e impactante (ZOPPO, 2020). Em se tratando a método, consoante a referida autora, o termo tem origem no latim, derivado da palavra “methodus”, que significa o caminho ou a via para alcançar algo. Dessa forma, o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. Os métodos de ensino consistem nas estratégias planejadas e implementadas pelo professor, de modo a organizar e estruturar as atividades visando promover a aprendizagem em relação a um conteúdo específico. Dentro desse contexto, existem diferentes classificações dos métodos de ensino consoante o que Libâneo (1994) citado por Zoppo (2020) apresenta, incluindo o método de exposição pelo professor, método de trabalho independente, método de elaboração conjunta ou conversação, método de trabalho em grupo e método de atividades especiais. Cada um desses métodos tem características e abordagens distintas, adequados para diferentes contextos e objetivos educacionais. Método de exposição: envolve o professor transmitindo informações como atividade principal. Esse método é valioso quando utilizado para motivar e estimular os estudantes a aprender, mediante relatos, curiosidades ou experiências que despertem seu interesse. Método de autonomia na aprendizagem: tem como propósito apresentar cenários de aprendizagem direcionados e orientados pelo professor de maneira indireta, seja por intermédio da leitura de um texto, seja por uma atividade de estudo direcionada ou pela elaboração de um esboço cartográfico. Método de colaboração mútua ou diálogo: neste método, o propósito é incentivar os alunos a manifestarem suas perspectivas, compartilhando experiências, debatendo e permitindo que se expressem, resultando na construção de novos conhecimentos. Método de colaboração em equipe: enfatiza a cooperação no desenvolvimento de uma atividade específica. As equipes são normalmente formadas por três a cinco alunos, de preferência com competências e aptidões diversas, de modo a promover a assistência mútua entre os membros da equipe. Método de práticas diferenciadas: apresentará práticas diferenciadas, como encontros de estudantes, excursões a museus, instituições de caridade, indústrias, mercados, universidades, usinas de energia, entre outras. De forma que essas práticas complementem os demais métodos de ensino e também ampliar o conhecimento dos alunos. Em uma única aula é possível abranger diversos métodos, no entanto, a seleção do método dependerá da finalidade que o professor alcançará nessa atividade educacional. No que tange a metodologia é a exploração de múltiplos caminhos refere- se ao ensino que os professores observam, planejam e vivenciam em sala de aula, ou seja, orienta o ensino-aprendizagem de acordo com determinados objetivos ou metas educacionais. Com base na definição anterior, entende-se que a metodologia refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos métodos utilizados. Um professor deve ser um bom estrategista e saber claramente o que planeja alcançar com o processo de ensino. Assim, pode-se concluir que as estratégias de ensinopodem auxiliar os alunos na aquisição de novos conhecimentos e são necessárias para a aprendizagem (ZOPPO, 2020). 1.1 As atribuições dos recursos e materiais pedagógicos Para Zoppo (2020), os recursos e materiais didáticos desempenham um papel fundamental nos procedimentos de ensino e aprendizagem, quando forem empregados adequadamente e com a participação ativa dos alunos durante as aulas. Nesse contexto, é responsabilidade do professor monitorar atentamente as reações dos estudantes, a fim de determinar se há um envolvimento genuíno de toda a turma nas atividades propostas e se o material selecionado atende às necessidades individuais de cada aluno. Entende-se que o material didático desempenha um papel auxiliar essencial nos processos de ensino e aprendizagem, e uma variedade de materiais é aprimorada e redesenhada para melhor atender aos interesses tanto do professor quanto do aluno. Existem alguns materiais didáticos levados para a sala de aula pelo professor, mas que não foram originalmente desenvolvidos com finalidade pedagógica específica. Um exemplo disso é o ábaco, que foi criado e projetado para auxiliar as pessoas nos cálculos. Atualmente, esse recurso é utilizado na sala de aula como um material didático para auxiliar os alunos a compreender o sistema de numeração e as operações fundamentais. Em contrapartida, podemos mencionar o material dourado, que foi criado e desenvolvido com propósitos pedagógicos. Sua invenção surgiu devido às dificuldades enfrentadas por estudantes com necessidades especiais em relação às relações numéricas abstratas. A educadora e médica Maria Montessori, ao perceber que seus alunos aprendiam mais através da ação do que apenas do pensamento abstrato, desenvolveu o material dourado para disponibilizá-lo para uso de todos. Ela constatou que as crianças aprendem por meio de experiências concretas, dispensando a necessidade de repetir várias listas de exercícios, o que se torna um trabalho exaustivo e desprovido de significado. De acordo com Montessori (1965), quando as crianças interagem com o material, elas se dedicam a uma atividade concentrada e séria, que aparenta emergir do âmago de sua consciência. É possível afirmar, de fato, que as crianças se situam em circunstâncias propícias para alcançar a mais alta realização de que sua mente é capaz. Outrossim, Zoppo (2020), esclarece que assim como a utilização dos tradicionais quadro-negro, giz e apagador quanto o aproveitamento de outras tecnologias, como computadores, televisões e softwares, os materiais didáticos desempenham um papel significativo na prática docente em sala de aula e devem estar alinhados ao plano de ensino. Contudo, o sucesso de sua eficácia não se limita apenas às características do recurso, mas também à maneira como o professor o emprega. É incontestável que alguns recursos didáticos podem contribuir para os alunos refletirem e se apropriarem dos conteúdos abordados em uma aula, porém é responsabilidade do educador fazer uso oportuno e criativo dos inúmeros materiais disponíveis. Lopes (2019) leciona que, embora os recursos didáticos apresentem vantagens evidentes, nem todos os educadores os exploram e utilizam adequadamente. A maioria dos professores tende a adotar abordagens de ensino tradicionais, como aulas expositivas, em que prevalece a transmissão dos conteúdos e das ideias pelo docente, demonstrando certa relutância em buscar inovações, muitas vezes impulsionados pelo receio ou pela comodidade. Os conteúdos transmitidos aos alunos por meio de aulas expositivas não interativas podem ser mais facilmente esquecidos, uma vez que esse método de aprendizagem se mostra menos eficiente, podendo comprometer o potencial de aquisição de conhecimento. O professor eficaz é aquele que demonstra flexibilidade em relação ao seu estilo e prática pedagógica, adaptando-se conforme as necessidades de aprendizagem de seus alunos. Os recursos didáticos desempenham um papel crucial ao auxiliar e facilitar o desenvolvimento de diversas atividades em sala de aula. É imprescindível que o docente esteja familiarizado com os recursos disponíveis e consiga selecionar e utilizar o material adequadamente, considerando o conteúdo a ser abordado, o perfil do público-alvo e os objetivos educacionais a serem alcançados. Quanto maior for a disponibilidade de acesso a uma ampla gama de materiais diversificados, maiores serão as oportunidades de encontrar aqueles mais adequados às necessidades educacionais. Nesse sentido, os educadores assumem a responsabilidade de selecionar, adaptar e até mesmo criar novas alternativas, valendo-se de diferentes recursos, como textos, experiências práticas, vídeos e revistas de divulgação científica, entre outros. 1.2 Parâmetros para seleção, emprego e criação de recursos e materiais didáticos na educação básica Para explorar os parâmetros que norteiam a seleção, o uso e a elaboração de recursos e materiais didáticos na educação básica, é fundamental realizar uma análise aprofundada do desenvolvimento cognitivo. Para Zoppo (2020), consoante a Piaget (1971) e Vygotsky (2007), respectivamente, o progresso cognitivo humano é baseado em um sistema biológico e ocorre em fases determinadas pela idade. No entanto, durante esse processo de desenvolvimento, é crucial que o indivíduo desempenhe um papel ativo, agindo como um explorador do mundo. Ao interagir com o ambiente externo e com outros indivíduos, eles ampliam seus conhecimentos. As interações sociais desempenham um papel primordial na construção do conhecimento, uma vez que são por meio delas que ocorre o desenvolvimento. A linguagem e a manipulação de ferramentas são elementos essenciais que facilitam a mediação dessas interações com outros indivíduos e até mesmo com o ambiente natural, contribuindo, assim, para o progresso da cognição humana. Ao selecionar recursos didáticos, o professor pode embasar sua escolha nos estágios de desenvolvimento da inteligência humana propostos por Piaget, conforme a epistemologia genética: 1. Estágio sensório-motor — crianças de 0 a 2 anos; 2. Estágio pré-operatório — crianças de 2 a 7 anos; 3. Estágio operacional concreto — de 7 a 11 anos; 4. Estágio operacional formal — de 11 anos até a fase adulta. O estágio sensório-motor, caracterizado por crianças de até cerca de 2 anos, é um período em que a descoberta do mundo ocorre principalmente por meio dos sentidos e da manipulação. Nessa etapa, é recomendável utilizar materiais didáticos adequados, como objetos com diversas características, como tamanho, forma, textura, cor e consistência; brinquedos com tampas e elementos atrativos; brinquedos de encaixe; livros com imagens grandes, entre outros exemplos. O estágio pré-operatório é identificado como uma fase em que as crianças apresentam um desenvolvimento significativo da imaginação e memória, além de demonstrarem curiosidade por tudo ao seu redor. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, tais como blocos pedagógicos, jogos de encaixe, quebra-cabeças, materiais recicláveis, uma variedade de livros de literatura, música, filmes, entre outros recursos. O estágio das operações concretas é reconhecido como uma fase que traz consigo importantes mudanças cognitivas. Nesse período, as crianças começam a resolver problemas mentalmente, apresentam maior habilidade com números e conseguem distinguir a fantasia da realidade. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, como bola de futebol, bola de basquetebol, bolinha de gude, jogos de montar, jogos com regras estabelecidas, jogos de construção, jogos de perguntas e respostas, quebra- cabeças com níveis de dificuldade mais complexos, materiais para contagem (como tampinhas e botões), diferentes conjuntos de miniaturas para agrupamentos, filmes variados,livros literários e didáticos, mapas, obras de arte e material dourado, entre outros recursos. O estágio das operações formais é o período em que os estudantes conseguem atribuir significado a termos abstratos, ou seja, conseguem resolver situações sem depender de material manipulável. Além disso, conseguem lidar com situações hipotéticas, criando outras possibilidades e estratégias para a resolução de problemas. Exemplos de materiais didáticos adequados para essa fase incluem jogos com regras estabelecidas, jogos de tabuleiro, softwares educacionais, dicionários, jornais, panfletos, mapas, entre outros recursos. Em suma, Zoppo (2020), reconhece que os estágios de desenvolvimento cognitivo nem sempre ocorrem na idade esperada. No entanto, utilizar esses estágios como referência para a seleção de materiais didáticos pode ser uma das opções disponíveis. A seleção dos recursos e materiais didáticos deve ser realizada com base em um planejamento cuidadoso dos processos de ensino, considerando as diversas situações que podem surgir ao abordar os conteúdos e os objetivos desejados. Além disso, é importante considerar a motivação esperada por parte dos alunos e saber utilizar o material adequadamente. 1.3 Resumindo Nesta aula aprendemos, que diante das reflexões e ao considerar as discussões realizadas, constata-se que durante o planejamento de uma aula, o professor é responsável por tomar decisões que abrangem desde a seleção dos métodos de ensino até a definição da metodologia e a escolha dos recursos a serem utilizados em sala. Essas escolhas desempenham um papel crucial no momento da elaboração da aula, ao procurarem facilitar, mediar e estimular a aprendizagem dos estudantes. Todo esse processo de preparação e condução da aula está inserido no âmbito da didática do professor. Na diferenciação entre didática, metodologia e método, aprendemos que a didática abrange como o professor emprega metodologias e estratégias para guiar as diversas etapas do processo de ensino, desempenhando um papel crucial no progresso de uma aula. Ela permite estabelecer um diálogo crítico entre todos os elementos presentes no contexto pedagógico, como o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. Já o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. Quanto a metodologia, refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos métodos utilizados. Portanto, a fim de investigar os princípios que orientam a escolha, o uso e a criação de recursos e materiais didáticos para educação básica, é essencial realizar uma análise detalhada do desenvolvimento cognitivo. 2 Concepções epistemológicas do material didático O uso de recursos, como modelos e materiais didáticos, para ilustrar aulas não é algo novo. Desde a Didática Magna de Comenius, publicada em 1657, já se enfatizava a significância da utilização de diversos recursos materiais para promover uma aprendizagem mais efetiva. Educadores renomados, como Pestalozzi e Froebel nos séculos XVII e XIX, também defendiam a utilização de uma abordagem ampla e interativa com discentes, acreditando que isso resultaria em uma "educação ativa". Nesse sentido, Justino (2013), apresenta que a pedagogia ativa ganhou força no Brasil doravante ao movimento da Escola Nova, estabelecido com o manifesto de 1932, sendo pioneiro nesse movimento John Dewey. Essa abordagem pedagógica valorizava a autoinstrução do aluno, permitindo que ele se tornasse autor de suas próprias experiências mediante atividades e métodos ativos e criativos. Em outras palavras, essa pedagogia tinha como foco central o interesse do aluno. Espera-se que, nas atividades de aprendizado, haja uma integração entre os propósitos educacionais e os interesses pessoais do estudante. Educadores renomados, como Maria Montessori e Ovide Decroly, foram inspirados pelas ideias de Dewey e criaram diversos jogos e materiais com o propósito de aprimorar o ensino. Desde então, foram desenvolvidos numerosos recursos didáticos com essa finalidade. Dentro do contexto da Escola Nova, além de John Dewey, reconhecido como seu pioneiro, existem outros educadores escolanovistas que desenvolveram métodos relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A seguir, a luz dos pensamentos de Justino (2013), estudaremos os principais escolanovistas e suas contribuições nesse campo. Kilpatrick (1871-1965), foi discípulo de Dewey, desempenhou um papel significativo na disseminação dos princípios da Escola Nova. Um dos métodos desenvolvidos por ele foi o método de projetos, que se baseia na realização de atividades intencionais em que os alunos participam ativamente em um ambiente natural, integrando e globalizando o processo de ensino. Por exemplo, a construção de uma casinha de coelhos pode envolver diversos ensinamentos, como geometria, desenho, cálculo e história natural. Os projetos são divididos em quatro etapas: estabelecer o objetivo final, preparar o plano, executá-lo e avaliá-lo. Eles podem se enquadrar em diferentes categorias, como projetos de produção, nos quais os alunos criam algo; projetos de consumo, nos quais eles exploram e analisam algo existente; projetos de resolução de problemas, nos quais buscam soluções para desafios específicos; e projetos de aperfeiçoamento de técnicas, nos quais procuram melhorar habilidades ou conhecimentos prévios. Decroly (1871-1931), desempenhou um papel importante como precursor dos métodos ativos, que se baseiam na ideia de permitir que os alunos conduzam seu próprio processo de aprendizagem e, assim, aprendam a aprender. Ele desenvolveu o método dos Centros de Interesse, que abordam temas como a família, o universo, o mundo animal e vegetal, entre outros. Esses centros de interesse são projetados para promover a observação, a associação e a expressão dos alunos. Diferentemente dos projetos, o método dos Centros de Interesse não pretende a construção de algo físico ou a conclusão de um projeto específico. Em vez disso, ele se concentra na exploração e no aprofundamento dos temas de interesse, incentivando os alunos a observar, fazer conexões e se expressar de diferentes maneiras. O foco está na participação ativa dos alunos e no desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais através da imersão em assuntos relevantes e significativos. Maria Montessori (1870-1952), foi uma das pioneiras na criação e implementação de métodos ativos na educação. O método Montessoriano possui um enfoque principal nas atividades motoras e sensoriais, especialmente na educação pré-escolar, e também é aplicado durante a segunda infância. Esse método valoriza o trabalho individual das crianças, embora também tenha um caráter social, pois incentiva a colaboração entre os alunos para criar um ambiente escolar positivo. O material utilizado no método Montessoriano é cuidadosamente projetado para estimular tanto o desenvolvimento sensorial quanto intelectual das crianças. O objetivo é proporcionar experiências enriquecedoras que promovam o aprendizado por meio da exploração, da experimentação e do envolvimento ativo dos alunos. Claparéde (1873-1940), utilizou o termo "educação funcional" para descrever a abordagem educacional que busca desenvolver os processos mentais, não apenas por si, mas em relação à sua utilidade para a ação presente ou futura, ou seja, para a vida na totalidade. A educação funcional busca atender às necessidades e interesses da criança, tornando-se um processo interno e não imposto externamente. Essa abordagem enfatiza a magnitude da atividade vital para o ser humano, sendo ao mesmo tempo, individualizada e social, promovendo a interação e socialização entre os alunos. O objetivo é proporcionar umaeducação que seja significativa, relevante e que esteja em sintonia com as dificuldades e interesses da criança, permitindo assim o desenvolvimento pleno de suas capacidades mentais e sociais. Piaget (1896-1980), renomado teórico da epistemologia, dedicou-se a explicar a evolução da inteligência humana. Seu foco principal foi o estudo da natureza do desenvolvimento intelectual em crianças. Ele advogou pelo uso do método da observação, por intermédio da pedagogia experimental, para compreender como a criança organiza mentalmente a realidade; enfatizou a importância de estimular o pensamento da criança, colocando-a em situações que a desafiem intelectualmente, e também defendeu que os professores devem respeitar as diferentes etapas do desenvolvimento da criança, adaptando suas abordagens apoiando as habilidades e necessidades individuais de cada estudante. Ao reconhecer e trabalhar com as particularidades do processo de desenvolvimento cognitivo da criança, é possível promover uma educação mais eficaz e adequada ao seu estágio de crescimento. Cousinet (1881-1973), foi responsável pelo desenvolvimento do método de trabalho em equipe, o qual consiste em diversas etapas: a) Acumulação de informações por intermédio de pesquisas; b) Exposição e elaboração das informações; c) Correção dos erros; d) Cópia individual dos resultados; e) Realização de desenhos individuais; f) Seleção do desenho mais significativo para ser arquivado na sala; g) Leitura do trabalho em grupo; h) Elaboração de uma ficha resumo. Ele era defensor da liberdade no ensino e do trabalho coletivo, acreditando que o trabalho em grupo possui valor pedagógico ao desenvolver virtudes sociais, tais como cooperação, auxílio mútuo, espírito de sacrifício, camaradagem e lealdade. Além disso, ele acreditava que essa abordagem fortalece o senso de grupo e colaboração entre os alunos. 2.1 O emprego dos materiais didáticos na educação básica É fundamental que o professor saiba como utilizar de forma efetiva um material didático em sala de aula, para que esse recurso exerça seu papel como mediador da aprendizagem. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), esclarece sobre a importância em compreender que o material didático nunca deve ultrapassar a categoria de meio, ou seja, auxiliar de ensino, sendo uma alternativa metodológica tanto para o professor quanto para o aluno. É essencial compreender que o material didático por si só não garante um bom ensino nem uma aprendizagem significativa, e ele não substitui a presença do professor. Todo material utilizado na sala de aula deve ser cuidadosamente selecionado e avaliado, pois, independentemente de quão estimulante possa parecer, o aspecto mais importante é a experiência significativa que o material proporcionará aos estudantes na compreensão dos conteúdos. O professor desempenha um papel fundamental ao guiar e contextualizar o uso do material didático, garantindo que ele seja integrado de maneira adequada ao processo de ensino-aprendizagem, enriquecendo a experiência educacional dos alunos. Corroborando, Justino (2013, p. 108 e 109): No contexto educacional, o material didático é a ligação entre a teoria (palavra) e a prática (realidade). Quando a aprendizagem não pode ocorrer a partir das experiências de vida, isto é, a partir do meio onde o aluno está inserido, o uso do material didático pode possibilitar esse aprendizado, representando, da melhor forma possível, saudações que favoreçam a compreensão do aluno. O material didático pode tornar concreto o que é estudado por meio de palavras, compapel importante no trabalho docente de todas as disciplinas. É preciso lembrar que o material didático por si só não contempla o que é necessário para uma boa aula. É preciso que o professor, além do conhecimento que adquiriu e adquire constantemente, saiba utilizá-lo de forma criativa para tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. Nesse sentido, a referida autora reafirma que a incorporação dos materiais didáticos nas escolas ocorreu gradualmente, influenciada por diversos educadores como Rousseau (1712-1758), Pestalozzi (1746-1827), Herbart (1776-1841), Froebel (1782-1852), Decroly (1871-1932) e Montessori (1879- 1952). Esses educadores desempenharam um papel importante ao estabelecer as bases teórico-metodológicas para a utilização desses recursos no processo educacional. Eles compreenderam a importância fundamental de aprender a aprender e, portanto, sentiram a necessidade de criar modelos de ensino que atendessem às demandas educacionais reais, levando em consideração o avanço científico e tecnológico. Durante muito tempo, educadores e demais envolvidos com a educação dedicaram-se a criar, desenvolver e aprimorar materiais didáticos pedagógicos, visando facilitar a aprendizagem e promover a melhoria da qualidade do processo educativo. O interesse em explorar e utilizar esses recursos visava oferecer suporte e enriquecer a experiência educacional, buscando estratégias mais eficientes para engajar os alunos e tornar o ensino mais eficaz. Ao produzir recursos e materiais didáticos para educação básica, Zoppo (2020), esclarece que o trabalho realizado pelo professor em sala de aula é estruturado de maneira organizada, intencional e sistemática, para promover a formação integral do aluno. Nesse sentido, é responsabilidade do professor planejar cuidadosamente as atividades de ensino, levando em consideração as necessidades individuais de cada estudante, além de selecionar os recursos adequados e definir as formas de avaliação. Ao selecionar os materiais, é preciso considerar os elementos que fazem parte do processo educacional: os sujeitos envolvidos (professor e aluno), os objetivos visados (as metas de ensino e aprendizagem a serem atingidas) e a situação de aplicação (tempo, espaço, equipamentos, tipos de materiais) (JUSTINO, 2013, p. 112, grifos do autor). Antes de entrar em sala de aula, o professor deve ter previamente selecionado ou produzido um material didático que seja capaz de auxiliar no processo de mediação entre o estudante e os objetos de conhecimento. Esse material tem o propósito de facilitar a compreensão, a aprendizagem e a interação do aluno com os conteúdos abordados, sendo uma ferramenta essencial para promover um ensino eficaz. O professor desempenha um papel crucial ao escolher e utilizar esses recursos, garantindo que sejam adequados ao contexto educacional e capazes de promover uma experiência de aprendizagem significativa para os estudantes. Cabe ressaltar que o recurso pedagógico em si não abrange o conjunto de elementos indispensáveis a uma aula de qualidade. É imprescindível que o docente, além de possuir e aprimorar constantemente seu conhecimento, seja capaz de empregá-lo de maneira inventiva, a fim de conferir dinamismo e atratividade às suas aulas. A finalidade do material didático em sala de aula é propiciar o aprendizado ao aluno, oferecendo a ele um ensino de qualidade, em que associe o conhecimento já adquirido aos novos. Para tanto, o professor deve atender aos critérios de qualidade na escolha dos materiais a serem utilizados, tendo em mente a importância deles à bem como sua influência na aprendizagem (JUSTINO, 2013, p. 112). Deste modo, consoante a Nérici (1971) citado por Zoppo (2020) as atribuições do material didático são as seguintes: 1. Aproximar o discente da realidade do conteúdo a ser ensinado, proporcionando-lhe uma compreensão mais precisa dos eventos ou fenômenos investigados; 2. Estimular o interesse pela aula; 3. Favorecer a percepção e a compreensão dos eventos e conceitos; 4. Concretizar e exemplificar o que está sendo verbalmente apresentado; 5. Minimizar os esforços necessários para conduzir os alunos à compreensão dos eventos e conceitos; 6. Contribuir para a consolidação da aprendizagem por meio de uma impressão mais vívida e sugestivaque o material pode suscitar; 7. Proporcionar oportunidades para a expressão de habilidades e o desenvolvimento de competências específicas por parte dos alunos, seja através da manipulação de dispositivos ou da sua própria construção. Outrossim, conforme Justino (2013), os recursos pedagógicos apresentam diversas características que podem ser combinadas para apoiar a elaboração de um planejamento de atividades que estimulem a motivação, despertando o interesse e a participação dos estudantes. Quando viável, é recomendável que o professor ofereça oportunidades aos alunos para que eles próprios confeccionem os materiais a serem utilizados. Dessa maneira, será possível despertar o interesse e a curiosidade em relação ao tema a ser abordado em sala de aula, além de proporcionar satisfação através da realização da atividade. Podemos conceber qualquer recurso utilizado no processo educativo como material didático, uma vez que seu propósito é facilitar a aprendizagem. Existem diversos tipos de materiais empregados para facilitar a compreensão dos alunos, variando desde os mais especializados até os menos especializados. Por exemplo, jornais e revistas podem ser excelentes recursos tanto para os estudantes quanto para os professores, quando utilizados para pesquisa de notícias e assuntos relacionados à sociedade, entre outros temas que ofereçam informações relevantes sobre a atualidade. No entanto, quando seu uso não é direcionado para ser um recurso didático, esses materiais tornam-se menos especializados em comparação, por exemplo, com vídeos preparados pelas Secretarias de Educação, que servem como auxílio no trabalho com temas transversais. Dessa maneira, os recursos pedagógicos são ferramentas utilizadas pelos profissionais envolvidos no processo educativo - educadores e investigadores - com o propósito de realizar a prática pedagógica, com o intuito de promover a construção do saber por meio da interpretação e utilização das tecnologias educacionais presentes nesse contexto (JUSTINO, 2013). 2.2 Resumindo Nesta aula aprendemos, que a utilização de meios, tais como exemplares e recursos pedagógicos, para ilustrar as aulas não constitui uma prática recente, vindo desde a obra Didática Magna de Comenius, veiculada em 1657. Embora não exista uma fórmula pronta para o emprego de cada recurso, é crucial ressaltar que a atenção cuidadosa por parte do professor está diretamente relacionada à efetividade do material. Todo recurso utilizado no ambiente de sala de aula deve ser criteriosamente escolhido e avaliado pelo educador, haja vista que, independentemente do quão estimulante possa parecer, o recurso pedagógico em questão jamais deve transcender a classificação de instrumento complementar de ensino, configurando-se como uma opção metodológica tanto para o docente quanto para o discente. É imperativo compreender que o recurso pedagógico, por si só, não assegura uma instrução de qualidade nem uma aprendizagem de relevância, e ele não substitui a presença ativa do professor. Além dos recursos pedagógicos prontos para serem utilizados em sala, é viável também a criação de outros materiais por meio de parcerias entre estudantes e professores, seja utilizando materiais recicláveis ou até mesmo na forma digital, como jogos, vídeos, slides, entre outros 3 Material didático, definição e atribuição As ferramentas de ensino devem obedecer ao princípio de atender às exigências do aprendizado, com efetividade e desempenho, e não com o propósito de diminuir o esforço do educador. Do ponto de vista de Justino (2013), a efetividade do processo de ensino-aprendizagem está associada à qualidade e quantidade dos conhecimentos construídos e compartilhados, por meio da interação com indivíduos e o ambiente, de forma autônoma e com o auxílio do professor. A maneira e as estratégias pelas quais o educador utiliza os recursos pedagógicos o auxiliarão a alcançar os objetivos estabelecidos por ele, relacionados ao tópico em questão. Portanto, é necessário adquirir conhecimento sobre os diferentes tipos de recursos pedagógicos disponíveis para auxiliar no desenvolvimento do processo educativo. No passado, o material didático tinha como função principal ilustrar as aulas e era apresentado aos alunos para reforçar o conteúdo explicado pelo professor. Atualmente, a finalidade dos materiais vai além de ilustrar, eles auxiliam os alunos no trabalho a ser desenvolvido, incentivando-os a investigar, descobrir e construir conhecimento. Dessa maneira, tornam o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, proporcionando oportunidades para enriquecer as experiências dos alunos e aproximá-los da realidade. Com o contínuo avanço das tecnologias, muitos materiais foram aprimorados e modernizados. Portanto, é crucial que as escolas incorporem essas tecnologias, pois elas desempenham um papel importante na melhoria da qualidade do ensino, em conjunto com as inovações na prática pedagógica. No entanto, é importante destacar que não basta apenas utilizar a tecnologia, é necessário também inovar em termos de prática pedagógica. Do mesmo modo, segundo Bandeira (2017), a informatização das sociedades é resultado dos esforços científicos, tecnológicos e políticos, fruto de um rápido avanço decorrente da colaboração entre governos e organizações: desde a origem e desenvolvimento da internet, no período entre os anos de 1960 e 1980, até a consolidação dos usos da rede e a proliferação de dispositivos de comunicação, como os telefones celulares, na década de 1990, e o surgimento das redes sociais e diversas outras ferramentas digitais, como blogs e repositórios digitais, que se popularizaram por volta dos anos 2000. Dessa forma, dentre as várias transformações ocorridas nesse intervalo, que culminaram na caracterização da chamada sociedade da informação, destaca-se a implementação de um conjunto de tecnologias que contribuíram para a expansão do trabalho colaborativo on-line. Nesse contexto, muitas pessoas já possuíam os recursos materiais e cognitivos para acessar a internet, e uma ampla gama de serviços foi viabilizada pelo uso das redes eletrônicas, tais como transações bancárias e comunicação por e-mail ou chat entre entidades públicas e cidadãos. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) desempenham um papel crucial na redução das barreiras de tempo e espaço na sociedade, facilitando a circulação de textos, imagens, áudios e vídeos por meio das redes de informação. Nesse sentido, a educação desempenha um papel fundamental, pois é necessário aprender a produzir, distribuir e compartilhar informações para expandir significativamente o conhecimento. Nesta perspectiva, Karling (1991) introduz uma nova taxonomia em que as tecnologias ganham destaque em relação ao paradigma anterior. Conforme mencionado por esse autor, os recursos instrucionais podem ser categorizados em: 1. Recursos perceptivos: Esses recursos pretendem apoiar o processo de educação e aprendizagem, uma vez que a visualização do material desperta a atenção do estudante para o conteúdo em questão. São elementos que exibem ícones, os quais, por meio da percepção visual, fornecem a exposição da mensagem pretendida. Entre os recursos perceptivos estão o álbum seriado, cartazes, diafilmes, diagramas, espécimes e exposições. 2. Recursos acústicos: Esses recursos visam promover a aprendizagem por meio da audição. Incluem elementos sonoros, como gravações de áudio, podcasts, palestras gravadas, entrevistas em formato de áudio e narrativas auditivas. 3. Recursos audiovisuais: Esses recursos combinam elementos visuais e acústicos para enriquecer a experiência de aprendizagem. Abrangem materiais como vídeos educacionais, animações, documentários, apresentações multimídia e aulas em vídeo. 4. Recursos multimodais: Essa categoria engloba materiais queutilizam múltiplos recursos, como texto, imagens, áudio e vídeo, de forma integrada. Proporcionam uma abordagem ampla e diversificada para a aprendizagem, podendo incluir recursos como livros interativos, aplicativos educacionais, jogos educativos e ambientes virtuais de aprendizagem. O quadro a seguir apresenta um resumo dos recursos mais utilizados na educação básica, consoante a Justino (2013): Quadro 1 – Recursos pedagógicos mais utilizados Recursos visuais Quadro de giz, flanelógrafo, imantógrafo, cartazes, mapas, flip-chart (bloco de papel), álbum seriado, dispositivos, diafilmes, retroprojetor (transparências), fotografias, mural didático, objetos, holografia. Recursos auditivos Rádio, discos, fita magnética, CD, DVD. Recursos audiovisuais tradicionais Dispositivos com som, diafilmes com som, cinema sonoro, televisão, videocassete, aparelho DVD. Recursos audiovisuais integrados ao computador CD-ROM, bases de dados, pacotes estatísticos, softwares, projetor de multimídia. Recursos audiovisuais baseados na internet Bases de dados, e-mail, áudio e videoconferências. Fonte: Justino (2013, p. 116) Essa classificação, proposta por Karling (1991), ressalta a importância das tecnologias como ferramentas de apoio ao processo educativo, oferecendo uma variedade de recursos para aprimorar a experiência de ensino e aprendizagem. Segundo Bandeira (2017), é importante ressaltar que muitas das decisões tomadas pelas editoras nesse ramo específico também são influenciadas pelas exigências do mercado e do público-alvo. Por exemplo, produzir materiais didáticos consoante os critérios de avaliação dos programas governamentais de distribuição para o ensino médio. Consequentemente, uma definição de material didático é amplamente difundida e influenciada pelos documentos das políticas públicas para a leitura no Brasil, ações estabelecidas a partir da década de 1990, especialmente pelo Ministério da Educação (MEC), visando implementar programas para o livro escolar. Entre os programas implementados pelo MEC na educação básica, destacam-se as políticas educacionais nas áreas de alfabetização, leitura e capacitação dos profissionais da educação. Essas ações abrangem a aprendizagem dos alunos, visam valorizar os educadores e têm como meta melhorar a infraestrutura física e pedagógica das escolas, sendo a maioria delas executadas como apoio aos órgãos estaduais e municipais. Um aspecto importante das políticas educacionais do MEC são os programas direcionados à alfabetização. Em 2007, por exemplo, pesquisadores envolvidos na produção de uma série sobre alfabetização para o Ministério levantaram diversas questões com base nas perguntas feitas por professores da educação básica sobre o uso do livro didático em suas práticas de ensino. As várias edições do PNLD desempenharam um papel fundamental na ampliação do uso do livro didático nas escolas, além de contribuírem para a atualização das concepções relacionadas ao ensino da língua portuguesa e da alfabetização. 3.1 O livro didático como ferramenta pedagógica O livro didático é um dos meios empregados com maior regularidade nas instituições educacionais do Brasil. Outrossim, Zoppo (2020), afirma que isso ocorre em virtude de diversos elementos, tais como a sua acessibilidade facilitada, capaz de contribuir para a estruturação do material didático e para o arranjo da sessão de ensino, frequentemente poupando o tempo do educador na criação de tarefas. Ademais, é importante ressaltar que o livro didático constitui uma fonte de pesquisa variada acerca dos temas a serem abordados. E ainda, a referida autora discorre que no território brasileiro, o livro didático emergiu aproximadamente no século XIX, período em que o acesso à educação deixou de ser exclusividade da elite. Nessa conjuntura, esse instrumento educativo congregava todos os conhecimentos que deveriam ser transmitidos aos discentes. À medida que o ensino foi desmembrado em matérias distintas ao longo desse mesmo século, o livro começou a ser concebido por docentes especializados, assumindo, nesse momento, o papel primordial de estruturar e orientar as aulas. A partir do ano de 1938, mediante a promulgação do Decreto-lei 1.006, o manual pedagógico adquiriu a condição de recurso educativo, adotando uma perspectiva político-ideológica. Os docentes selecionavam os livros de uma lista previamente estabelecida pelo Estado, conforme as regulamentações dispostas no artigo 208, inciso VII, da Constituição Federal do Brasil de 1937. Nesse dispositivo, estabeleceu-se a responsabilidade estatal com a educação por meio de programas complementares e de material didático escolar. No que diz respeito ao papel desempenhado pelo manual pedagógico, conforme argumentado por Zoppo (2020), frente às contínuas mudanças tecnológicas que a sociedade tem enfrentado, o livro didático mantém sua relevância no ambiente escolar, pois os conhecimentos contidos nele estão de certa maneira organizados e isso pode auxiliar o docente na estruturação das atividades de ensino-aprendizagem. Contudo, o educador não deve restringir sua prática pedagógica à utilização exclusiva do livro didático: é imperativo diversificar os recursos didáticos empregados para enriquecer as aulas. Na atualidade, é possível observar nos livros didáticos como uma ampliação dos materiais anexados ao próprio livro, como adendos para produção de diversos materiais e indicações de fontes em plataformas digitais, como objetos de aprendizagem, sítios, produções cinematográficas, vídeos, entre outras sugestões. O educador não deve limitar sua prática pedagógica ao uso do livro didático: é essencial diversificar os materiais didáticos empregados para enriquecer as aulas. 3.2 Parâmetros de avaliação: elementos das diretrizes governamentais para a alocação do livro didático A preocupação constante de todo educador é: como escolher o material didático apropriado para cada contexto de ensino-aprendizagem no trabalho pedagógico? Quais são as opções disponíveis de materiais didáticos e como utilizá-los na sala de aula? Bandeira (2017), retrata que o processo de seleção e avaliação do material didático é uma tarefa demorada e complexa, envolvendo professores, gestores e, por vezes, até mesmo alunos e a comunidade escolar. No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) é o órgão responsável por estabelecer critérios de avaliação para os livros didáticos. A maioria dos guias de avaliação concentra-se em duas etapas: a primeira aborda aspectos relacionados à sua materialidade (suporte, design e layout), enquanto a segunda está relacionada à garantia dos indicadores de qualidade estabelecidos para o conteúdo. Durante um longo período, entre as décadas de 1960 e 1970, o livro didático era concebido como um modelo vinculado aos manuais escolares, cujo objetivo principal era apresentar o desenvolvimento do conteúdo curricular, em detrimento de uma abordagem mais sintética que pudesse apoiar o processo de ensino e aprendizagem. Em relação a essa perspectiva, Zoppo (2020, p. 56) afirma que: O Programa Nacional do livro didático (PNLD) é um programa cujo objetivo é destinar obras didáticas e literárias de forma gratuita às escolas públicas e instituições filantrópicas que tenham o apoio do governo, visando contribuir com a prática pedagógica do professor. Com mais de 80 anos, esse programa vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo. A primeira iniciativa do projeto ocorreu em 1937 com a criação da Instituto Nacional do Livro, mas foi em 1985 que o governo federal criou o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) por meio do decreto 91.542, de 19 de agosto de 1985, para distribuir livros escolares a todos os alunos matriculados nas escolas públicas de ensino fundamental do país. Atualmente, o Programa Nacional do LivroDidático (PNLD) é executado pelo governo em etapas sucessivas, abrangendo os quatro níveis da educação básica: educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental e ensino médio. O Ministério da Educação (MEC) é responsável pela seleção inicial, elaboração do guia PNLD, aquisição e distribuição dos materiais. As obras são distribuídas para todas as escolas públicas cadastradas no censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP). A entrega é realizada pelos Correios mediante um contrato estabelecido com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), onde a empresa contratada recolhe diretamente o material das editoras e efetua a entrega nas escolas. Os livros submetidos ao PNLD passam por uma avaliação técnica e pedagógica coordenada pelo MEC. Após essa avaliação, os livros são aprovados e incluídos na lista disponibilizada no guia do PNLD, para que a escolha dos livros seja feita por todos os segmentos da escola. É possível considerar que esse programa governamental desempenha um papel importante no processo de ensino em todas as escolas brasileiras (ZOPPO, 2020). Deste modo, para Luz (2016), o livro didático como material pedagógico desempenha um papel valioso no acesso à cultura e no desenvolvimento da educação. Em muitos lares brasileiros, ele assume a posição de primeiro livro, estabelecendo as bases para o hábito da leitura e o processo de aprendizagem. Ao longo de dois séculos, desde os primeiros manuais didáticos produzidos no Brasil, os livros passaram por inúmeras transformações, para acompanhar as novas dinâmicas presentes nas salas de aula e contribuir para uma aprendizagem significativa. Esses avanços refletem o compromisso da indústria editorial em incorporar novas tecnologias, avanços metodológicos, recursos visuais, diretrizes governamentais e atender à demanda dos educadores por materiais de qualidade que promovam valores de cidadania. 3.3 Resumindo Nesta aula, tivemos a oportunidade de refletir sobre a importância das ferramentas de ensino em atender às necessidades de aprendizagem com eficácia e desempenho, em vez de apenas buscar facilitar o trabalho do educador. Ao contrário do passado, quando sua função principal era ilustrar as aulas e reforçar o conteúdo apresentado aos alunos, os materiais educacionais têm passado por constantes melhorias e modernizações com o avanço das tecnologias. No entanto, é importante ressaltar que não basta simplesmente utilizar a tecnologia, é necessário também inovar em termos de práticas pedagógicas. Durante a aula, foram apresentados os critérios utilizados para avaliar a qualidade do livro didático, considerado, pela maioria dos especialistas, como o recurso educacional mais aceito, democrático e abrangente. Além de fornecer uma breve contextualização sobre a utilização do livro didático no Brasil, foram mencionados alguns critérios a serem considerados na seleção do material. Também foi abordado o conceito do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e seu objetivo dentro do contexto do governo federal. Em conclusão, é importante ressaltar que o livro didático é apenas um dos recursos disponíveis para os professores, devendo ser utilizado em conjunto com outras ferramentas trazidas para a sala de aula. Exatamente por isso, tem sido considerado um fio condutor na educação. 4 Desenvolvimento de materiais didáticos alinhados ao planejamento O planejamento de ensino é um documento que contém os objetivos gerais e específicos, os conteúdos a serem abordados, a metodologia de desenvolvimento e os recursos utilizados. Podendo estabelecer metas a serem alcançadas em curto, médio ou longo prazo. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), afirma, que uma preparação adequada para as aulas é essencial, pois improvisos e atividades descontextualizadas não são recomendados. Portanto, para a elaboração dos planos de aula é imprescindível, por permitir aos professores organizarem objetivos significativos, metodologia e avaliação coerentes. É de extrema importância ter uma clareza abrangente do que será realizado durante a aula. Um plano de aula detalhado deve ser elaborado, incluindo o tema a ser abordado, os objetivos a serem alcançados, o material a ser utilizado ou disponibilizado aos alunos, além das atividades a serem realizadas. Distribuir adequadamente o tempo para cada etapa do processo de ensino e aprendizagem promove um desenvolvimento mais efetivo das atividades em geral. Nesse sentido, é evidente que a aula começa antes mesmo do professor entrar na sala, pois sua preparação é resultado do diagnóstico da realidade na qual irá atuar. Portanto, o ato de planejar uma aula é uma das responsabilidades mais importantes do professor, sua preparação é uma das atividades essenciais no trabalho educacional. Nada substitui a relevância da preparação adequada da aula em si. Essa tarefa está intrinsecamente ligada à competência teórica do professor e aos compromissos com a democratização do ensino. Ao planejá-la, o professor estabelece objetivos claros, define os conhecimentos que serão abordados e cria desafios que incentivam os alunos a aprender. Dessa forma, fica evidente que o planejamento requer reflexão, pesquisa e cuidado, uma vez, que deve prever uma ampla variedade de recursos e estratégias para atender às diferentes demandas que surgirão ao longo do processo de ensino-aprendizagem. O plano de aula não pode ser considerado uma atividade aleatória, por estabelecer métodos, recursos e objetivos a serem alcançados em um dia de aula. Evidente a esta colocação, Justino (2013, p. 82) esclarece: O sujeito pode ser considerado em atividade quando o objetivo da ação é o motivo de sua atividade. Diferenciando as atividades teóricas das práticas, é o objeto, o motivo, que sempre responde à necessidade criada pelo sujeito, direcionando-o para a realização da atividade. Para promover uma prática docente eficaz, um plano de aula deve ser elaborado seguindo uma estrutura organizada, na qual todas as ações sejam intencionalmente pedagógicas. É a partir dos objetivos que os conteúdos de um componente curricular são estabelecidos. Se almejo que meus alunos sejam participativos e críticos, não posso considerar os objetivos apenas como um fim em si; o componente curricular deve ser utilizado como um meio para alcançar projetos mais amplos. Os objetivos educacionais são essenciais para o trabalho docente, exigindo que o professor os expresse ativamente, tanto no planejamento escolar quanto no desenvolvimento das aulas. Os conteúdos e os objetivos devem estar interligados, pois os conteúdos são os recursos utilizados para atingir um objetivo maior. Com objetivos e conteúdo definidos, o professor seleciona os procedimentos didáticos a serem utilizados para alcançar esses objetivos, ou seja, define a metodologia de ensino. Esses procedimentos compreendem atividades, métodos, técnicas e modalidades de ensino escolhidos com o propósito de facilitar a aprendizagem. São diversas formas de organizar as condições externas mais adequadas para promover a aprendizagem. A avaliação é a estratégia que o professor utiliza em sala de aula para avaliar a assimilação pelos alunos de um determinado conteúdo. A avaliação deve estar relacionada aos objetivos da aula. Por meio dela, o professor pode refletir sobre suas práticas, o desempenho dos estudantes e, assim, rever algo que não tenha ficado claro para eles (ZOPPO, 2020). Nesta perspectiva, Justino (2013), define que durante a prática pedagógica, o professor tem a oportunidade de observar e avaliar a eficácia de seus métodos e abordagens de ensino, buscando soluções práticas por meio da pesquisa para os problemas identificados. Além de elaborar e planejar as atividades, e ter um domínio do conteúdo a ser trabalhado, o professor também precisaselecionar e determinar quais materiais ou recursos didáticos serão utilizados. Nesse processo, é importante considerar critérios que permitam utilizar e avaliar como esses materiais didáticos podem contribuir para a ocorrência de uma aprendizagem significativa. 4.1 A relação entre o processo de ensino-aprendizagem e os materiais didáticos Os materiais didáticos desempenham um papel importante como ferramentas e recursos de apoio para a prática docente. Justino (2013), retrata que, para sua elaboração e utilização, é crucial considerar a busca por uma aprendizagem significativa, pois isso promove a conexão com as questões do cotidiano do aprendiz. É interessante que o aluno participe ativamente da construção dos materiais utilizados, a fim de facilitar esse processo de aprendizagem. Existem diversas opções de materiais a serem utilizados em sala de aula, desde aqueles feitos com materiais reciclados até o quadro negro, televisão e os recursos mais modernos que envolvem novas tecnologias. A seguir, serão apresentados alguns materiais didáticos necessários e essenciais para o processo de ensino-aprendizagem. Sucatas Sucatas são materiais considerados inúteis que podem ser reciclados, reaproveitados e transformados em objetos com diversas finalidades, como artesanato, decoração, recreação, educação, entre outros. Na escola, o uso de sucatas como material didático oferece benefícios significativos. Quando os alunos participam da criação desses materiais, sentem-se motivados e estimulados criativamente, despertando o interesse nas atividades propostas. Ao utilizar sucatas na confecção de materiais, o professor proporciona aos alunos o desenvolvimento de estruturas cognitivas essenciais para a autonomia e a construção do conhecimento. Quando as sucatas são utilizadas para criar novos sentidos e significados, elas possibilitam aplicar ações pedagógicas que estimulam a criatividade na confecção de materiais diferenciados, motivando e facilitando a aprendizagem. Quando transformadas em materiais pedagógicos, se tornam recursos motivadores e enriquecedores do processo educativo. O objetivo da construção desses materiais é proporcionar aos alunos a oportunidade de estimular e desenvolver sua percepção visual e tátil, coordenação motora e habilidades de linguagem oral. Existem diversos exemplos de sucatas que podem ser utilizados na criação de materiais educativos, como garrafas PET, tampas plásticas, caixas de leite, papelão, revistas, jornais e outros materiais recicláveis. Essas sucatas são excelentes para a confecção de materiais didáticos, atendendo a dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, possuem baixo custo, tornando viável o seu uso nas escolas. Em segundo lugar, contribuem para o desenvolvimento da consciência ecológica dos alunos, atendendo a uma necessidade da sociedade atual (JUSTINO, 2013). Massinha ou massa de modelar No ambiente escolar, as crianças têm grande afinidade com a massinha de modelar. Quando participam da preparação dessa massinha, a atividade se torna animada e divertida, permitindo que aprendam como ela é feita. A massinha de modelar é um material de fácil manuseio e possibilita a criação de uma variedade de objetos, como bonecos, animais, frutas, legumes, entre outros. É importante ressaltar que a massinha utilizada deve ser adequada para crianças, considerando sua segurança e faixa etária (JUSTINO, 2013). Quadro de giz ou quadro branco No passado, especificamente até o século XIX, o quadro de giz era amplamente utilizado pelos professores, uma vez que os alunos tinham acesso limitado aos livros. Nesse contexto, o professor escrevia no quadro um resumo do conteúdo para os alunos poderem estudar. Atualmente, embora muitos professores ainda utilizem o quadro para essa finalidade, outros o utilizam apenas para demonstrar exercícios e fazer explicações. O quadro de giz é empregado pelos professores principalmente quando o assunto abordado é de difícil apresentação e representação por meio de outros materiais. Sempre que possível, é recomendável que os alunos também utilizem o quadro como ferramenta de aprendizado. É importante que o quadro seja dividido adequadamente em duas ou três partes, dependendo de seu tamanho. No entanto, deve-se evitar a transcrição de longos textos. Ao escrever, o professor deve evitar ficar de costas para a classe, a fim de não ocultar o que está sendo escrito. Atualmente, algumas escolas adotam o uso do quadro branco magnético, feito com um laminado de fórmica branca brilhante. Ele possui um suporte para canetas especiais desse tipo de quadro e um apagador. Além das anotações feitas com a caneta, é possível fixar ímãs nele. O quadro branco magnético pode ser instalado na sala de aula tanto na posição vertical quanto na horizontal. O quadro de giz é um instrumento utilizado pelos professores para auxiliar na exposição de conteúdo e ilustrar a aula, oferecendo algumas vantagens, tais como: a) Boa visibilidade do que é escrito no quadro; b) Disponibilidade fácil do material, já que todos os estabelecimentos de ensino possuem quadros de giz; c) Possibilidade de complementar outros recursos didáticos; d) Uso constante tanto por parte dos professores quanto dos alunos (JUSTINO, 2013). Quadro expositor É um recurso versátil que serve para expor diferentes elementos. Pode ser confeccionado em materiais como papelão, cartolina ou madeira. Na escola, ele pode ser utilizado de diversas maneiras, como, por exemplo: Disponibilizar os livros de leitura para os alunos terem fácil acesso a eles. Utilizar como um quadro de chamada, onde os alunos colocam crachás com seus nomes. Expor os trabalhos realizados em sala de aula. Como podemos perceber, há diversas possibilidades de uso para esse recurso, sendo necessário apenas ter criatividade. É um material que pode ser aproveitado em todas as disciplinas (JUSTINO, 2013). Cartazes São recursos visuais, com o propósito de transmitir mensagens amplamente, buscando alcançar o maior número possível de pessoas. Eles são considerados meios de comunicação em massa e podem abordar temas religiosos, políticos, comerciais, campanhas educativas, utilidade pública, campanhas de vacinação, recomendações, sugestões, entre outros. A composição dos cartazes pode incluir ações ou sequências de ações, utilizando fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, entre outros elementos. Na escola, especialmente na sala de aula, os cartazes são utilizados visando motivar e fornecer informações aos estudantes. É importante que os cartazes abordem apenas um tema e que o texto seja conciso e objetivo. Um cuidado relevante na elaboração dos cartazes, além do tamanho do texto, é o tamanho da fonte utilizada. Quando o texto é longo e apresenta letras desproporcionais, o cartaz pode se tornar visualmente cansativo, desencorajando as pessoas a lerem o seu conteúdo (JUSTINO, 2013). Mural O mural didático é um recurso muito interessante utilizado para expor textos e ilustrações na sala de aula. Sua finalidade é despertar o interesse dos alunos, introduzir novos conteúdos, complementar as aulas e também servir como uma forma de avaliação dos temas estudados. Diferente do cartaz, o mural didático requer explicações e comparações, sendo mantido na sala de aula para auxiliar na compreensão e aprendizagem dos alunos sobre o conteúdo abordado. Esse material pode ser fixo ou móvel, sendo retangular e tendo sua base feita de isopor, cortiça, madeira, papelão, forrada com feltro, flanela, plástico, entre outros materiais. Geralmente, possui 1 metro de largura e o comprimento varia consoante o tamanho da sala, podendo ocupar uma parede inteira ou não. Ao utilizar o mural didático, o professor deve considerar alguns detalhes que influenciam sua utilização na sala de aula: A mensagemtransmitida precisa ser clara e simples; O título deve ser conciso e chamativo, apenas para chamar a atenção; Na ilustração da mensagem, podem ser utilizados objetos, fotografias, ilustrações, tabelas, gráficos, entre outros recursos visuais; No texto, devem ser apresentados detalhes e explicações mais aprofundados. Esse tipo de mural desperta a atenção e o interesse dos estudantes, transmitindo informações e conhecimentos, além de motivar e estimular o trabalho em grupo. Também auxilia os estudantes na formação de opiniões, proporcionando diversas vantagens para o processo de ensino-aprendizagem (JUSTINO, 2013). Varal Uma opção bastante interessante para ser utilizada em sala de aula é o varal didático. Essa ferramenta consiste em fixar fios em um quadro de giz, parede ou qualquer outra superfície adequada. Esses fios têm a finalidade de sustentar trabalhos feitos em cartolina, papel sulfite ou outros materiais similares. Os trabalhos são pendurados no varal seguindo uma ordem lógica conforme o desenvolvimento da aula. A confecção do varal é bastante simples: basta fixar os fios e preparar os materiais, como cartolinas, papel sulfite, papel cartaz, entre outros, com conteúdo relacionado ao tema de estudo. As folhas podem ser presas no varal mediante dobraduras, ganchos ou grampinhos de roupa, sendo a dobradura a opção mais prática (NÉRICI, 1971). Imagens As imagens, como gravuras, fotografias, pinturas e ilustrações, são exemplos de linguagem visual. A arte dos ícones é considerada uma das formas de mídia mais antigas do mundo. As imagens impressas são recursos visuais amplamente utilizados no ambiente escolar. Além de enriquecerem as aulas expositivas, elas proporcionam uma maior proximidade do aluno com a realidade dos acontecimentos e fatos estudados. Isso estimula a curiosidade do aluno, facilita a assimilação do conteúdo e auxilia no desenvolvimento de sua criatividade. Esses materiais são simples, acessíveis, com um custo baixo. Dependendo do contexto da atividade realizada em sala de aula, as imagens podem se tornar objetos de pesquisa pelos alunos e servir como apoio para o trabalho do professor. Elas podem ser utilizadas para diversos propósitos, como motivação, exercícios de observação, exercícios orais, exercícios de interpretação, exercícios de apreciação e ilustração (NÉRICI, 1971). Ao utilizar imagens impressas, o professor deve observar algumas diretrizes. É importante selecionar imagens alinhadas com as ideias predominantes, evitando, detalhes excessivos. É recomendado utilizar um número limitado de imagens de cada vez, seguindo uma ordem específica, para evitar dispersão durante a apresentação. Durante a exploração das imagens, o professor deve orientar os alunos a observar os detalhes e descrevê-los, promovendo a interpretação deles (JUSTINO, 2013). A ilustração é um recurso valioso que permite transformar pensamentos e discursos em materiais visuais. O desenho pedagógico é especialmente útil para criar ilustrações que auxiliam no desenvolvimento das aulas. Para utilizar esse recurso, pode-se fazer uso de um quadro de giz ou cartazes, ambos adequados para transmitir a mensagem aos alunos de forma mais eficiente (NÉRICI, 1971). As imagens usadas como materiais didáticos devem ter um tamanho apropriado para que todos os alunos da sala possam visualizá-las adequadamente. História em quadrinhos As histórias em quadrinhos fazem parte da produção cultural, assim como pinturas, esculturas, poemas e cinema. As histórias em quadrinhos são amplamente utilizadas no processo de alfabetização, por proporcionarem uma leitura agradável, e os desenhos despertam a atenção e o interesse dos aprendizes. As imagens presentes nas histórias em quadrinhos estimulam o interesse dos alunos, possibilitando uma alfabetização visual. Além de serem consideradas um meio de comunicação e uma forma de literatura, as histórias em quadrinhos oferecem várias vantagens quando utilizadas na educação (JUSTINO, 2013). Retroprojetor É um dispositivo utilizado para projetar imagens ampliadas de textos, desenhos e outros elementos em uma tela ou parede. Essas imagens são impressas em lâminas de plástico transparentes, conhecidas como transparências. O professor pode aproveitar as transparências para ilustrar suas aulas, iniciar uma disciplina, realizar revisões e verificar conteúdos previamente abordados. Esse material é de grande auxílio tanto para o processo de ensino quanto para a aprendizagem, ao conseguir despertar o interesse e a concentração dos alunos. O retroprojetor é um recurso didático amplamente utilizado em salas de aula, auditórios e salas de conferência. Sua utilização apresenta várias vantagens: as transparências são leves e fáceis de transportar, substituem o quadro negro de forma eficiente, são de fácil manuseio e permitem que a pessoa que utiliza o retroprojetor mantenha o contato visual com a plateia. No entanto, atualmente, seu uso diminuiu porque os projetores modernos permitem a conexão direta com computadores e dispositivos de vídeo (JUSTINO, 2013). Datashow O datashow é um dispositivo conectado ao computador e permite a projeção de conteúdos de diversas mídias, como som e vídeo. É um recurso amplamente utilizado para apresentações em sala de aula, palestras e exposições de trabalhos variados (JUSTINO, 2013). Computador e o acesso à internet A presença do computador e da internet torna as aulas interessantes e estimulantes, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem. O professor pode utilizá-los de maneira a proporcionar aos alunos a construção do conhecimento de forma agradável e instigante. A utilização do computador permite ao professor ilustrar a aula através da visualização de conteúdo, como textos, slides, filmes, vídeos, notícias, entre outros recursos. Na atualidade, as tecnologias estão presentes em diversas atividades humanas. Na área da educação, as novas tecnologias oferecem diferentes ferramentas que podem auxiliar. O surgimento do computador pessoal e o uso de recursos como TV, rádio e DVD resultaram no rápido desenvolvimento dessas ferramentas educacionais e, consequentemente, no uso frequente de representações audiovisuais no contexto escolar. A integração das novas tecnologias, como informática e computador, com os recursos didáticos cogita facilitar o processo educacional. Isso levou ao surgimento de uma nova tecnologia conhecida como multimídia, que utiliza diferentes meios para transmitir informações e conteúdos educacionais. Os multimeios, ou multimídias, possibilitam uma abordagem mais abrangente e interativa no ambiente educacional (JUSTINO, 2013). Multimídias A utilização dos multimeios no contexto educacional integra diversas tecnologias, como DVD, datashow, notebook, home theater, pendrive, MP3 player, MP4 player, celulares e outros dispositivos eletrônicos menores, em benefício da aprendizagem. Ao utilizar os multimeios como material didático, os professores devem fazê-lo adequadamente, considerando as necessidades de aprendizagem dos alunos, a fim de obter resultados significativos na produção do conhecimento. Quando utilizados corretamente, os multimeios promovem o desenvolvimento da criatividade dos alunos, facilitando a compreensão do conteúdo apresentado no ambiente escolar e permitindo uma maior interação entre professor e aluno. No entanto, é necessário que o professor não apenas saiba manusear essas ferramentas, mas também as aproveite adequadamente em sala de aula para estimular a aprendizagem dos alunos. A introdução do computador na área educacional possibilitou o uso de textos, imagens e sons em sala de aula, proporcionando o acesso a materiais interativos. Ele pode ser considerado um recurso dinâmico de mediação entre o professor e o aluno. A utilização dos multimeios e multimídiasna educação nos proporciona a oportunidade de conhecer e utilizar as linguagens presentes nos diversos meios de comunicação. Isso leva os alunos a se envolverem em um processo interativo, reflexivo e socializador, preparando-os para a sociedade contemporânea. Além dos materiais didáticos mencionados anteriormente, existem ainda uma variedade de recursos disponíveis, tais como filmes, vídeos, gravador, folders, jornais, revistas, mapas, museus, rádio, slides, televisão, livros didáticos e paradidáticos, CDs, DVDs, entre outros. A escolha dos materiais didáticos a serem utilizados desempenha um papel crucial. Como o professor é o autor de sua prática e um profissional reflexivo, é importante que ele tenha o cuidado de identificar e selecionar recursos que possam motivar e estimular os alunos, contribuindo para o desenvolvimento da reflexão sobre os conteúdos abordados. É fundamental lembrar que os materiais didáticos precisam ser adequados aos objetivos de aprendizagem. E que o professor faça um planejamento adequado, estabelecendo os objetivos a serem alcançados e como os materiais didáticos poderão auxiliar nesse processo. Dessa forma, as atividades educativas se tornarão eficazes para o aprendizado. 4.2 Resumindo Nesta aula, foi evidente a importância do planejamento na prática, docente. Não é concebível uma instituição educacional sem um plano educacional estruturado e um plano de ensino bem organizado para orientar o professor na elaboração do plano de aula. O planejamento é essencial em todas as ações humanas e indispensável, na prática de ensino, ao ser por meio dele que se verifica se os objetivos educacionais foram alcançados, permitindo a revisão de estratégias caso os resultados não sejam satisfatórios. Um bom planejamento, no contexto educacional como o plano de aula, possibilita a seleção adequada dos materiais didáticos e como eles podem contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. Discutimos também a utilização do material didático, sua classificação e importância. No entanto, é importante ressaltar que o material didático por si só não é suficiente para garantir uma boa aula. O professor, além de possuir conhecimento sólido e estar em constante aprendizado, precisa utilizá-lo de maneira criativa, a fim de tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. É a combinação do material didático adequado com a habilidade pedagógica do professor que promove uma experiência de aprendizagem enriquecedora para os alunos. 5 Legislação relevante para a elaboração e avaliação de materiais didáticos A criação de materiais didáticos envolve uma sequência de atividades cujo objetivo é estabelecer mecanismos eficazes de aprendizagem. Inicialmente, é realizado um processo de análise das necessidades dos alunos, seguido pela definição de objetivos e desenvolvimento dos materiais a serem implementados e avaliados. Nesse sentido, Castro et al. (2021), estabelece que é essencial buscar a integração entre os diferentes formatos de materiais didáticos, como impressos, digitais e audiovisuais, de forma que eles se complementem. É importante considerar também as potencialidades e limitações de cada linguagem utilizada, visando a troca de conhecimento, socialização e interação conforme as diferentes abordagens pedagógicas. Considerando a diversidade dos alunos em termos de condições físicas, intelectuais, emocionais, origens socioeconômicas, crenças, etnias, gêneros e contextos socioculturais, é fundamental que a escola seja acolhedora e inclusiva, oferecendo materiais didáticos adequados que abranjam as diversas áreas do conhecimento. Para atender a essas necessidades, é recomendável desenvolver materiais que englobem as diversas demandas, ampliando assim a oferta de recursos didático-pedagógicos. Nesse processo, é significativo utilizar e combinar diferentes meios de tecnologia da informação e comunicação (TIC). No entanto, é imprescindível que a produção desses materiais esteja conforme as orientações estabelecidas pela legislação educacional, a fim de garantir o desenvolvimento adequado dos processos educacionais. Visando aprimorar a qualidade dos livros didáticos, o Ministério da Educação (MEC) promoveu, em 1994, uma avaliação abrangendo os conteúdos programáticos, assim como os aspectos pedagógicos e metodológicos, dos dez títulos mais utilizados em cada área de ensino fundamental. Os critérios estabelecidos para essa avaliação foram divulgados no livro intitulado “Definição de critérios para avaliação dos livros didáticos”. A Resolução n.º 38 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (CD/FNDE n.º 38), datada de 15 de outubro de 2003, estabeleceu o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Ensino Médio (BRASIL, 2003c). Em 2009 e 2012, foram publicados os primeiros e segundos guias dos livros didáticos para o ensino médio, os quais continham critérios de avaliação específicos para livros de Física nessa etapa. Inicialmente, os critérios para análise dos materiais didáticos impressos eram definidos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Posteriormente, foram incorporados à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), à Legislação em Educação a Distância (EAD), ao Parecer e à Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP) que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação de professores da educação básica, bem como aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A Constituição Federal de 1988 é a principal fonte de normas gerais para a organização do sistema educacional em níveis federal, estadual e municipal. Cada um desses níveis é responsável por estruturar seu próprio sistema de ensino, enquanto a coordenação da política nacional de educação é competência da União. A Lei n.º 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases (LDB), e suas subsequentes alterações foram derivadas da Constituição Federal (artigos 205 a 214). Sua função primordial é regular e organizar a estrutura da educação brasileira, estabelecendo concepções, valores e finalidades para a educação. Ela estabelece referências de qualidade e orientações para a elaboração de materiais didáticos na modalidade de Educação a Distância (EAD) no ensino profissional e tecnológico (BRASIL, 1996). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) também estabelece a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que serve como referência para os currículos dos sistemas de ensino e redes de educação nas diferentes Unidades Federativas do Brasil. Além disso, a BNCC orienta as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas que oferecem educação infantil, ensino fundamental e ensino médio em todo o país. Conforme o artigo 26 da LDB, os currículos do ensino fundamental e médio devem possuir uma base nacional comum, a qual deve ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada que considere as características regionais e locais da sociedade, cultura e economia dos estudantes. A referida Lei estabelece ainda a existência de órgãos com funções normativas nos diferentes sistemas de ensino. No âmbito Federal, temos o Conselho Nacional de Educação (CNE), criado pela Lei Federal n.º 9.131/1995 e vinculado ao Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 1995). Nos estados, existem os Conselhos Estaduais de Educação (CEE), e nos municípios há a possibilidade de organização dos Conselhos Municipais de Educação (CME). O CNE é responsável por emitir pareceres e resoluções sobre atos normativos, que serão analisados pelo MEC e posteriormente homologados ou não. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são normas obrigatórias para a educação básica. Elas orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. Mesmo após a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as diretrizes
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