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Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 11 69 Endosso Cessão civil do crédito É o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos à outra pessoa. É o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula não à ordem transmite os seus direitos à outra pessoa. Quem transfere o título de crédito responde pela existência do título e também pelo seu pagamento. Quem transfere o título de crédito só responde pela existência do título, mas não responde pelo seu pagamento. O devedor não pode alegar contra o endossatário de boa-fé exceções pessoais. O devedor pode alegar contra o cessionário de boa-fé exceções pessoais. Sobre os tipos de endosso, divide- ele em se próprio ou impróprio. O endosso próprio ou puro e simples transfere a propriedade imediata do título e torna o endossante responsável (lembre-se: segundo o solidariamente CC, apenas se contiver cláusula expressa, todavia, a legislação especial que rege os diversos títulos previu a responsabilidade solidária) pelo pagamento do crédito. O endosso impróprio é o que não transfere a propriedade do título, permitindo apenas ao endossatário exercer direitos relativos à cártula. Da espécie endosso impróprio resultam as espécies endosso-mandato e endosso- caução. A FGV, no concurso para Procurador do TCM-RJ, 2008, explorou este assunto, com a seguinte sentença: O endosso impróprio transfere o exercício dos direitos inerentes à cambial. O item deve ser analisado com muita cautela. O endosso impróprio transfere, sim, os direitos inerente à cártula, exceto a transmissão da propriedade. Gabarito, portanto, correto. Do genero endosso mandato resultam os endossos do tipo mandato ou procuração e caução ou pignoratício. Endosso-mandato ou é aquele através do qual o endosso procuração endossatário atua em nome do endossante, não possuindo a posse sobre o título. Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o endosso-mandato (CC, art. 917, §2º). Ademais, o título poderá ser novamente endossado, desde que nos mesmos poderes recebidos e, também, na qualidade de endosso-procuração. Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 12 69 O endosso caução, endosso garantia ou endosso penhor é utilizado quando o endossante deposita ou dá o título, perante o endossatário como garantia de uma dívida. O título endossado em garantia permanecerá com o endossatário até que haja a liquidação da dívida. Com o inadimplemento do endossante, o endossatário passará a ter a efetiva propriedade do título. Existe, ainda, o endosso após o vencimento do título, que é conhecido como endosso póstumo. Produzirá efeitos tal como tivesse sido feito antes do vencimento, salvo se feito após o protesto por falta de pagamento ou após a expiração do prazo para protestar. AVAL Falemos agora sobre o instituto do . Não raramente, vocês, quando já AVAL houverem passado nos certames que desejam, cheios de dinheiro, deverão se deparar com o seguinte pedido de um amigo: “Fulano, seja meu avalista na compra de tal coisa?”. Mas o que vem a ser o aval? Pois bem, Fábio Ulhoa Coelho o define como “ATO CAMBIÁRIO PELO QUAL UMA PESSOA (AVALISTA) SE COMPROMETE A PAGAR TITULO DE CRÉDITO, NAS MESMAS CONDIÇÕES DO DEVEDOR DESTE TITULO (AVALIZADO)”. Vejamos também a explicação do Código Civil: Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval. Parágrafo único. . É VEDADO O AVAL PARCIAL Um aspecto importantíssimo para a prova é também o seguinte: O AVALISTA RESPONDE SOLIDARIAMENTE (OU SEJA, SEM BENEFÍCIO DE ORDEM) COM O DEVEDOR PRINCIPAL. Assim, se o título não for pago no vencimento, o credor poderá cobrar diretamente do avalista, se quiser. AVAL RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Veja-se, ainda, que, segundo o Código Civil, é vedado o aval parcial. Atente- se, contudo, para o fato de que a regra que veda o aval parcial não vale para os títulos que contenham legislação específica prevendo de forma contrária. E, de fato, as legislações especiais dos mais diversos títulos de crédito prevêem a possibilidade do aval parcial. Neste escopo, a FGV perguntou aos candidatos do concurso para Procurador do TCM RJ o seguinte: O Código Civil não admite o aval parcial (O item está correto, pois faz clara remissão ao CC). Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 13 69 A ESAF, nos idos de 1996, questionou sobre o aval, se tido ou não como obrigação acessória. Ora, a responsabilidade do avalista é solidária juntamente com o avalizado. Trata-se, portanto, de obrigação principal, autônoma, no título de crédito. Ainda, caso se dê o aval posteriormente ao vencimento do título a produção de efeitos se dará tal como tivesse sido prolatado antes de seu vencimento. Assim prevê o CC: Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado. Ao avalizar determinado título, o . O avalista passar a ser devedor solidário aval, como dito, , posto que, como já propagado em não é garantia acessória diversos julgados do STJ, é autônomo e independente. O aval, em regra, deve ser feito na frente do título (anverso) CC, art. 898. Se – for feito no anverso, basta que o avalista assine. Se for feito no verso, contudo, deverá ser indicado expressamente que se trata de aval, junto da assinatura. É o que se extrai da leitura dos artigos seguintes do Código Civil: Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. § 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinatura do avalista. AVAL SE FEITO NO ANVERSO (FRENTE): BASTA ASSINATURA! SE FEITO NO VERSO: DEVE SE INDICAR EXPRESSAMENTE TRATAR-SE DE AVAL. O aval, tal como o endosso, pode indicar ou não a pessoa do avalizado. Indicando, será classificado como aval em preto. Não o fazendo teremos caracterizado o aval em branco. De acordo com o Código Civil: Art.899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, ao emitente ou devedor final. § 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais coobrigados anteriores. § 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de forma. Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 14 69 Assim, de acordo com o artigo 899, §2º, se um negócio jurídico praticado com simulação é avalizado por Beltrano, não poderá ele alegar eventual nulidade no aval, uma vez que o verdadeiro prejudicado com tal situação é o credor. Existe, perfeitamente, a possibilidade de mais de uma pessoa ser avalista de um devedor. É o que a doutrina ousa chamar de aval simultâneo. Um exemplo proposto por José Paulo Leal: Numa nota promissória, “A” é emitente e “B” o beneficiário. No verso há assinaturas de “C” e “D”, “E” e “F”. Não há restrição alguma, apenas assinaturas; portanto, avais em branco. Presume-se que todos avalizaram “A”. Difere, todavia, do aval sucessivo, que se dá quando o avalista posterior avaliza o anterior. AVAL SUCESSIVO E AVAL SIMULTÂNEO Aval simultâneo B, C, D, E e F avalizam A. Aval sucessivo B avaliza A, C avaliza B, D avaliza C, E avaliza D e F avaliza E. Pois bem, feitas as devidas considerações sobre a figura do aval, passemos a distingui-la de outro instituto parecido, qual seja, a fiança . Aval Fiança Regulado pelo Direito Comercial Regulado pelo Direito Civil Obrigação autônoma Obrigação acessória Responsabilidade Solidária Responsabilidade Subsidiária Deve estar contido no título de crédito Pode estar em instrumento em separado Não pode o avalista opor as exceções pessoais do avalizado para se defender do credor de boa- fé As exceções pessoais do afiançado podem ser alegadas pelo fiador. Necessita de autorização do cônjuge, salvo no regime de separação absoluta Necessita de autorização do cônjuge, salvo no regime de separação absoluta Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 15 69 PROTESTO Se o devedor original de um título não o paga, o credor poderá cobrar dos demais coobrigados, efetuando antes o protesto do título. CONCEITO DE PROTESTO Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). O protesto realiza-se no Cartório de Protesto de Títulos. Sua função é constituir em mora o devedor, fazendo prova sobre a impontualidade do devedor. Agora o principal aspecto quando o assunto é protesto: SEMPRE CAI EM CONCURSO!!! Cobrança contra o devedor principal e seu avalista: desnecessário o protesto. Diz-se que o protesto é facultativo. Cobrança contra os demais coobrigados: necessário o protesto. A ESAF cobrou o assunto no concurso para AFTN, há mais de 10 anos, em 1996, com a seguinte redação: Nos títulos de crédito, a falta do protesto necessário, nos prazos legais, exonera os coobrigados. O item está correto. A execução dos coobrigados depende da realização do protesto. Apenas mais um detalhe que também pode ser cobrado sob o protesto: Nos títulos de crédito pode existir cláusula denominada “sem protesto” ou “sem despesas”. A aposição desta cláusula dispensará o portador de protestar o título para exercer seu direito de ação contra os coobrigados. A cláusula pode ser aposta pelo sacador ou por um endossante ou avalista, nesta última hipótese só produzirá efeito em relação a esse endossante ou a esse avalista (art. 46 da LUG e art. 50 da Lei 7.357/1985). A FCC cobrou o tema em provas da seguinte forma: (Juiz Substituto TJ-PI/2001/FCC) Somente o sacador pode lançar na letra de câmbio a cláusula sem despesas ou sem protesto. Ora, tanto o sacador como os endossantes ou avalistas podem lançar a cláusula sem despesas ou sem protesto nos títulos de crédito. Item incorreto. Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 16 69 DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO Os principais títulos de crédito hoje existentes são: cheque, duplicata, nota promissória letra de câmbioe . Esses configuram os chamados títulos de crédito próprios. Pois bem. O Código Civil apenas traz sobre o assunto, não NORMAS GERAIS tratando pormenorizadamente de qualquer deles. Assim dispôs o artigo 903: Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código. Com efeito, não havendo previsão na lei que rege o título, devemos aplicar as normas do Código Civil. Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. Negócio jurídico, segundo a doutrina, é toda ação ou omissão humana cujos efeitos jurídicos - criação, modificação, conservação ou extinção de direitos - derivam essencialmente da manifestação de vontade. Exemplos de negócio jurídico são os contratos e os testamentos. Os títulos de crédito são , pois produzem NEGÓCIOS JURÍDICOS ABSTRATOS efeito independentemente da causa que lhes deu origem. O artigo 888 determina que se faltar algum requisito legal para a validade do documento como título de crédito, ele não anulará o negócio como um todo. Perderá o documento tão-somente sua validade como título de crédito. Perde o título o seu caráter cambiário, mas continua vigendo conforme o direito civil. Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. O título de crédito deve conter como : REQUISITOS ESSENCIAIS - : composta por ano, dia e mês. DATA DA EMISSÃO - : Trata-se da importância a ser INDICAÇÃO DOS DIREITOS QUE CONFERE paga. Por exemplo, uma duplicata que tenha por objeto a venda de 100 Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscalda Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 17 69 mercadorias a R$ 10,00, deverá narrar esta quantia. O valor deve ser certo. Não podendo ser indeterminado. Ademais, devem ser indicados também a pessoa do devedor e do credor. - ASSINATURA DO EMITENTE. Art. 889 (...) § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. A data de vencimento do título não é requisito obrigatório. Porém, se o título não contiver a data em que a obrigação vence, será considerado à vista (parágrafo primeiro). O parágrafo segundo traz, outrossim, outro requisito essencial, a saber, o não lugar de emissão e de pagamento do título de crédito. Quando o local não estiver circunstanciado no documento considerar- -á como tal o se DOMICÍLIO DO EMITENTE. Sobre o parágrafo terceiro, apenas legitima a possibilidade de emissão de títulos de maneira informatizada. Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. Assim, são consideradas NÃO ESCRITAS: - Cláusulas de juros; - Cláusula que proíba endosso; - Cláusula que exclua a responsabilidade pelo pagamento ou despesas; - Cláusula que dispense a observância de termos e formalidades prescritas; - Cláusula que exclua, restrinja direitos ou obrigações. Lembre-se de que se houver lei prevendo em sentido contrário, é ela quem prevalecerá. Lei especial prevalece sobre a lei geral. Por exemplo, a Lei Uniforme de Genebra, que regula as notas promissórias e letra de câmbio prevê: Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 18 69 Art. 49 – A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus garantes: 1 – A soma integral que pagou; 2 – Os juros da dita soma, calculados a taxa de 6 por cento, desde a data em que a pagou; 3 – As despesas que tiver feito. Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. Expliquemos o artigo 891. Assim, se duas pessoas, ao emitirem determinado título de crédito, acordam que a cláusula X ou Y será preenchida posteriormente, estão formando o chamado . PACTO ADJETO Pacto adjeto ou acessório é a denominação dada a toda cláusula inserida em acordo, formando uma convenção acessória dentro de uma convenção principal, com a finalidade de garantir seu adimplemento ou modificar seus efeitos. Por exemplo, um pacto no sentido de o portador preencher corretamente o título do qual é beneficiário, de acordo com o que fora acordado. Assim, se ao receber o título, agir em desacordo com a avença poderá o portador ser acionado judicialmente pelo emitente do título. Todavia, se posteriormente esse título de crédito preenchido com má-fé pelo portador é repassado a terceiro, este terceiro terá direito a receber o crédito da forma como consta no título, salvo se este último beneficiário também agir de má-fé. Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante ou representado. Exemplifique-se. Sabemos que o mandato é o instrumento que dá a uma pessoa poderes para praticar atos em nome de outra. Com fulcro no Código Civil: Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 19 69 Deste modo, imagine-se que João confere a Pedro procuração para que assine título de crédito em seu nome, no período de 01.01.2011 a 05.01.2011. De má- fé, Pedro emite determinado título em 07.06.2011, quando a procuração já não era mais válida, para realizar a compra de determinadas mercadorias para a empresa. Como Pedro não tem mais poderes para proceder à emissão, responderá pessoalmente pela emissão. Se Pedro promover, no entanto, a quitação do título, terá a dívida extinta e, também o direito a receber as mercadorias já que “pagando o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante ou representado”. Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes. É o caso típico do endosso. Se A emite cheque a B, como pagamento de determinada obrigação que possui, e B resolve endossar este cheque para C, por possuir dívida com C no mesmo valor, transmite-se o direito a ele não só de receber o título de crédito, originário de A, mas também o direito de cobrar em juízo, por exemplo, caso o título não seja quitado. Com efeito, diz-se que a transferência do título implica a transferência igualmente de todos os direitos que lhe são inerentes. Se C quisesse endossar novamente o título, poderia fazê-lo. E assim por diante. Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da entrega do título devidamente quitado. Para explicar este artigo, precisaremos conhecer um pouco sobre dois títulos de créditos ditos impróprios, quais sejam, o conhecimento de depósito e o warrant. O warrant e conhecimento de depósito são títulos de financiamento da atividade econômica. Fábio Ulhoa Coelho os define como títulos de créditos impróprios (para o autor não se tratam, na verdade, de títulos de crédito, apenas se aproximando do regime jurídico cambial),mais especificamente, na categoria de títulos representativos. Títulos representativos são aqueles que representam mercadorias custodiadas (esta é a palavra chave!) e possibilitam, em algumas condições, a negociação, pelo proprietário, do valor que elas têm. O warrant e conhecimento de depósito são regidos pelo Decreto 1.102/1.903. Quem emite esses títulos é o armazém geral. Se o depositante solicitar, o armazém os emitirá, em substituição ao recibo de depósito. Impresso por Andre, CPF 013.526.630-07 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/08/2020 14:09:19 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo Aula 05– Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br de 20 69 Os títulos são emitidos conjuntamente. O portador só terá direito à entrega da mercadoria depositada se apresentar os documentos juntos, devidamente quitados. Em síntese, é isso o que quer dizer o artigo 894 do Código Civil. Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa. O artigo 895 trata exatamente de um princípio que dissemos no início do estudo dos títulos de crédito, qual seja, o princípio da . Exemplifiquemos. autonomia Imagine-se que A compre um bem a prazo de B, no valor de R$ 1.000,00, para pagamento em 30 dias, mediante a emissão de uma nota promissória (quem emite a nota promissória é o devedor, A, pois se trata de uma promessa de pagamento). B é o legítimo portador dessa nota promissória (beneficiário). B, por sua vez, necessita fazer compra de matéria-prima com o fornecedor C, e, não possuindo recursos, procede ao endosso da nota promissória para C, que passa a ser o legítimo portador do título, tendo direito a receber, na data certa, a quantia estipulada no título emitido por A. Assim, no vencimento, não poderá A, por exemplo, dizer que não pagará C, por estar o bem que comprou de B eivado de vício. Deve, em virtude do princípio da autonomia, A proceder ao pagamento e, em seguida, exigir o ressarcimento por parte de B. Imaginemos a mesma situação. A compra um bem de B, emitindo (A) uma nota promissória em favor de B (que é o portador do título). B tem uma dívida perante C, mas não endossa o título. Ele, simplesmente, diz: C, tenho um bem que vendi para A, e vou deixá-lo como garantia. Poderá C fazer isso?! Não, é claro! Pois as mercadorias já se desvincularam do título de crédito, não mais pertencendo a B, uma vez que houve a tradição (entrega da mercadoria). Em síntese, é isto o que diz o artigo 895: a garantia deve ser instituída sob o título e não sobre as mercadorias que dele são objeto. Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação. O que este artigo quer, em síntese, dizer é que, se uma pessoa é legítima portadora de um título, tendo agido de boa-fé para receber os direitos que lhe são inerentes, não poderá ter seu direito prejudicado por relações travadas anteriormente.
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