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Aula 2 - Direito Empresarial - Aula 05 _ Passei Direto

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Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
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Endosso Cessão civil do crédito 
 É o ato pelo qual o credor de um 
 título de crédito com a cláusula à 
 ordem transmite os seus direitos 
à outra pessoa. 
 É o ato pelo qual o credor de 
 um título de crédito com a 
 cláusula não à ordem transmite 
os seus direitos à outra pessoa. 
 Quem transfere o título de 
 crédito responde pela existência 
 do título e também pelo seu 
pagamento. 
 Quem transfere o título de 
 crédito só responde pela 
 existência do título, mas não 
responde pelo seu pagamento. 
 O devedor não pode alegar 
 contra o endossatário de boa-fé 
exceções pessoais. 
 O devedor pode alegar contra o 
 cessionário de boa-fé exceções 
pessoais. 
 
Sobre os tipos de endosso, divide- ele em se próprio ou impróprio. 
 
 O endosso próprio ou puro e simples transfere a propriedade imediata do 
 título e torna o endossante responsável (lembre-se: segundo o solidariamente 
 CC, apenas se contiver cláusula expressa, todavia, a legislação especial que 
 rege os diversos títulos previu a responsabilidade solidária) pelo pagamento do 
crédito. 
 
 O endosso impróprio é o que não transfere a propriedade do título, 
 permitindo apenas ao endossatário exercer direitos relativos à cártula. Da 
 espécie endosso impróprio resultam as espécies endosso-mandato e endosso-
caução. 
 
 A FGV, no concurso para Procurador do TCM-RJ, 2008, explorou este assunto, 
 com a seguinte sentença: O endosso impróprio transfere o exercício dos direitos 
inerentes à cambial. 
 
 O item deve ser analisado com muita cautela. O endosso impróprio 
 transfere, sim, os direitos inerente à cártula, exceto a transmissão da 
propriedade. Gabarito, portanto, correto. 
 
 Do genero endosso mandato resultam os endossos do tipo mandato ou 
procuração e caução ou pignoratício. 
 
 Endosso-mandato ou é aquele através do qual o endosso procuração
 endossatário atua em nome do endossante, não possuindo a posse sobre o 
 título. Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde 
 eficácia o endosso-mandato (CC, art. 917, §2º). Ademais, o título poderá ser 
 novamente endossado, desde que nos mesmos poderes recebidos e, também, 
na qualidade de endosso-procuração. 
 
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 O endosso caução, endosso garantia ou endosso penhor é utilizado quando o 
 endossante deposita ou dá o título, perante o endossatário como garantia de 
uma dívida. 
 
 O título endossado em garantia permanecerá com o endossatário até que haja a 
 liquidação da dívida. Com o inadimplemento do endossante, o endossatário 
 passará a ter a efetiva propriedade do título. 
 
 Existe, ainda, o endosso após o vencimento do título, que é conhecido como 
endosso póstumo. Produzirá efeitos tal como tivesse sido feito antes do 
 vencimento, salvo se feito após o protesto por falta de pagamento ou após a 
expiração do prazo para protestar. 
 
AVAL 
 
 Falemos agora sobre o instituto do . Não raramente, vocês, quando já AVAL
 houverem passado nos certames que desejam, cheios de dinheiro, deverão se 
 deparar com o seguinte pedido de um amigo: “Fulano, seja meu avalista na 
compra de tal coisa?”. 
 
 Mas o que vem a ser o aval? Pois bem, Fábio Ulhoa Coelho o define como “ATO 
 CAMBIÁRIO PELO QUAL UMA PESSOA (AVALISTA) SE COMPROMETE A 
 PAGAR TITULO DE CRÉDITO, NAS MESMAS CONDIÇÕES DO DEVEDOR 
 DESTE TITULO (AVALIZADO)”. Vejamos também a explicação do Código 
Civil: 
 
 Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar 
soma determinada, pode ser garantido por aval. 
Parágrafo único. . É VEDADO O AVAL PARCIAL
 
 Um aspecto importantíssimo para a prova é também o seguinte: O AVALISTA 
 RESPONDE SOLIDARIAMENTE (OU SEJA, SEM BENEFÍCIO DE ORDEM) 
 COM O DEVEDOR PRINCIPAL. Assim, se o título não for pago no vencimento, 
 o credor poderá cobrar diretamente do avalista, se quiser. 
 
AVAL  RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. 
 
 Veja-se, ainda, que, segundo o Código Civil, é vedado o aval parcial. Atente-
 se, contudo, para o fato de que a regra que veda o aval parcial não vale para 
 os títulos que contenham legislação específica prevendo de forma contrária. E, 
 de fato, as legislações especiais dos mais diversos títulos de crédito prevêem a 
possibilidade do aval parcial. 
 
 
 Neste escopo, a FGV perguntou aos candidatos do concurso para Procurador do 
 TCM RJ o seguinte: O Código Civil não admite o aval parcial (O item está 
correto, pois faz clara remissão ao CC). 
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 A ESAF, nos idos de 1996, questionou sobre o aval, se tido ou não como 
 obrigação acessória. Ora, a responsabilidade do avalista é solidária juntamente 
 com o avalizado. Trata-se, portanto, de obrigação principal, autônoma, no título 
de crédito. 
 
 Ainda, caso se dê o aval posteriormente ao vencimento do título a produção de 
 efeitos se dará tal como tivesse sido prolatado antes de seu vencimento. Assim 
prevê o CC: 
 
 Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do 
anteriormente dado. 
 
Ao avalizar determinado título, o . O avalista passar a ser devedor solidário
 aval, como dito, , posto que, como já propagado em não é garantia acessória
diversos julgados do STJ, é autônomo e independente. 
 
 O aval, em regra, deve ser feito na frente do título (anverso) CC, art. 898. Se –
 for feito no anverso, basta que o avalista assine. Se for feito no verso, contudo, 
 deverá ser indicado expressamente que se trata de aval, junto da assinatura. É 
 o que se extrai da leitura dos artigos seguintes do Código Civil: 
 
 Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
 § 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples 
assinatura do avalista. 
 
AVAL 
SE FEITO NO ANVERSO (FRENTE): BASTA ASSINATURA! 
 SE FEITO NO VERSO: DEVE SE INDICAR EXPRESSAMENTE TRATAR-SE 
DE AVAL. 
 
O aval, tal como o endosso, pode indicar ou não a pessoa do avalizado. 
 Indicando, será classificado como aval em preto. Não o fazendo teremos 
caracterizado o aval em branco. 
 
De acordo com o Código Civil: 
 
 Art.899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de 
indicação, ao emitente ou devedor final. 
 § 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e 
demais coobrigados anteriores. 
 § 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação 
 daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de 
forma. 
 
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 Assim, de acordo com o artigo 899, §2º, se um negócio jurídico praticado com 
 simulação é avalizado por Beltrano, não poderá ele alegar eventual nulidade no 
 aval, uma vez que o verdadeiro prejudicado com tal situação é o credor. 
 
 Existe, perfeitamente, a possibilidade de mais de uma pessoa ser avalista de 
 um devedor. É o que a doutrina ousa chamar de aval simultâneo. 
 
 Um exemplo proposto por José Paulo Leal: Numa nota promissória, “A” é 
 emitente e “B” o beneficiário. No verso há assinaturas de “C” e “D”, “E” e “F”. 
 Não há restrição alguma, apenas assinaturas; portanto, avais em branco. 
Presume-se que todos avalizaram “A”. 
 
 Difere, todavia, do aval sucessivo, que se dá quando o avalista posterior 
avaliza o anterior. 
 
AVAL SUCESSIVO E AVAL SIMULTÂNEO 
Aval simultâneo B, C, D, E e F avalizam A. 
 Aval sucessivo B avaliza A, C avaliza B, D avaliza C, E avaliza D e F avaliza E. 
 
 Pois bem, feitas as devidas considerações sobre a figura do aval, passemos a 
distingui-la de outro instituto parecido, qual seja, a fiança . 
 
Aval Fiança 
 Regulado pelo Direito 
Comercial 
Regulado pelo Direito Civil 
Obrigação autônoma Obrigação acessória 
Responsabilidade Solidária Responsabilidade Subsidiária 
 Deve estar contido no título 
de crédito 
 Pode estar em instrumento 
em separado 
 Não pode o avalista opor as 
 exceções pessoais do 
 avalizado para se defender do 
credor de boa- fé
 As exceções pessoais do 
 afiançado podem ser alegadas 
pelo fiador. 
 Necessita de autorização do 
 cônjuge, salvo no regime de 
separação absoluta 
 Necessita de autorização do 
 cônjuge, salvo no regime de 
separação absoluta 
 
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PROTESTO 
 
 Se o devedor original de um título não o paga, o credor poderá cobrar dos 
 demais coobrigados, efetuando antes o protesto do título. 
 
CONCEITO DE PROTESTO 
 
 Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o 
 descumprimento de obrigação originada em títulos e outros 
documentos de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). 
 
 O protesto realiza-se no Cartório de Protesto de Títulos. Sua função é 
 constituir em mora o devedor, fazendo prova sobre a impontualidade do 
devedor. 
 
Agora o principal aspecto quando o assunto é protesto: 
 
SEMPRE CAI EM CONCURSO!!! 
 Cobrança contra o devedor principal e seu avalista: desnecessário o 
protesto. Diz-se que o protesto é facultativo. 
Cobrança contra os demais coobrigados: necessário o protesto. 
 
 A ESAF cobrou o assunto no concurso para AFTN, há mais de 10 anos, em 
 1996, com a seguinte redação: Nos títulos de crédito, a falta do protesto 
 necessário, nos prazos legais, exonera os coobrigados. O item está correto. A 
 execução dos coobrigados depende da realização do protesto. 
 
 Apenas mais um detalhe que também pode ser cobrado sob o protesto: 
 
 Nos títulos de crédito pode existir cláusula denominada “sem protesto” ou 
 “sem despesas”. A aposição desta cláusula dispensará o portador de protestar 
 o título para exercer seu direito de ação contra os coobrigados. 
 
 A cláusula pode ser aposta pelo sacador ou por um endossante ou avalista, 
 nesta última hipótese só produzirá efeito em relação a esse endossante ou a 
esse avalista (art. 46 da LUG e art. 50 da Lei 7.357/1985). 
 
 A FCC cobrou o tema em provas da seguinte forma: 
 
 (Juiz Substituto TJ-PI/2001/FCC) Somente o sacador pode lançar na letra de 
câmbio a cláusula sem despesas ou sem protesto. 
 
 Ora, tanto o sacador como os endossantes ou avalistas podem lançar a cláusula 
 sem despesas ou sem protesto nos títulos de crédito. Item incorreto. 
 
 
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DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
 Os principais títulos de crédito hoje existentes são: cheque, duplicata, nota 
 promissória letra de câmbioe . Esses configuram os chamados títulos de 
crédito próprios. 
 
 Pois bem. O Código Civil apenas traz sobre o assunto, não NORMAS GERAIS 
tratando pormenorizadamente de qualquer deles. 
 
Assim dispôs o artigo 903: 
 
 Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de 
crédito pelo disposto neste Código. 
 
 Com efeito, não havendo previsão na lei que rege o título, devemos aplicar as 
normas do Código Civil. 
 
 Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua 
 validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que 
lhe deu origem. 
 
 Negócio jurídico, segundo a doutrina, é toda ação ou omissão humana cujos 
 efeitos jurídicos - criação, modificação, conservação ou extinção de direitos - 
 derivam essencialmente da manifestação de vontade. Exemplos de negócio 
jurídico são os contratos e os testamentos. 
 
 Os títulos de crédito são , pois produzem NEGÓCIOS JURÍDICOS ABSTRATOS
 efeito independentemente da causa que lhes deu origem. 
 
 O artigo 888 determina que se faltar algum requisito legal para a validade do 
 documento como título de crédito, ele não anulará o negócio como um todo. 
Perderá o documento tão-somente sua validade como título de crédito. 
 
 Perde o título o seu caráter cambiário, mas continua vigendo conforme o direito 
civil. 
 
 Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa 
 dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. 
 
O título de crédito deve conter como : REQUISITOS ESSENCIAIS
 
- : composta por ano, dia e mês. DATA DA EMISSÃO
 - : Trata-se da importância a ser INDICAÇÃO DOS DIREITOS QUE CONFERE
paga. Por exemplo, uma duplicata que tenha por objeto a venda de 100 
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 mercadorias a R$ 10,00, deverá narrar esta quantia. O valor deve ser certo. 
Não podendo ser indeterminado. 
 
 Ademais, devem ser indicados também a pessoa do devedor e do credor. 
 
- ASSINATURA DO EMITENTE. 
 
Art. 889 (...) 
 
 § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. 
 
 § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no 
 título, o domicílio do emitente. 
 
 § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador 
 ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, 
 observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
 
 A data de vencimento do título não é requisito obrigatório. Porém, se o 
 título não contiver a data em que a obrigação vence, será considerado à vista 
(parágrafo primeiro). 
 
 O parágrafo segundo traz, outrossim, outro requisito essencial, a saber, o não 
 lugar de emissão e de pagamento do título de crédito. Quando o local não 
 estiver circunstanciado no documento considerar- -á como tal o se DOMICÍLIO 
DO EMITENTE. 
 
 Sobre o parágrafo terceiro, apenas legitima a possibilidade de emissão de 
títulos de maneira informatizada. 
 
 Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva 
 de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, 
 a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além 
 dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. 
 
Assim, são consideradas NÃO ESCRITAS: 
 
- Cláusulas de juros; 
- Cláusula que proíba endosso; 
 - Cláusula que exclua a responsabilidade pelo pagamento ou despesas; 
- Cláusula que dispense a observância de termos e formalidades prescritas; 
- Cláusula que exclua, restrinja direitos ou obrigações. 
 
 Lembre-se de que se houver lei prevendo em sentido contrário, é ela quem 
 prevalecerá. Lei especial prevalece sobre a lei geral. Por exemplo, a Lei 
 Uniforme de Genebra, que regula as notas promissórias e letra de câmbio 
prevê: 
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 Art. 49 – A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus 
garantes: 
1 – A soma integral que pagou; 
 2 – Os juros da dita soma, calculados a taxa de 6 por cento, desde a data em 
que a pagou; 
3 – As despesas que tiver feito. 
 
 Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser 
 preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
 
 Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos 
 que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, 
 salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
 
 Expliquemos o artigo 891. Assim, se duas pessoas, ao emitirem determinado 
 título de crédito, acordam que a cláusula X ou Y será preenchida 
posteriormente, estão formando o chamado . PACTO ADJETO
 
 Pacto adjeto ou acessório é a denominação dada a toda cláusula inserida em 
 acordo, formando uma convenção acessória dentro de uma convenção principal, 
 com a finalidade de garantir seu adimplemento ou modificar seus efeitos. 
 
 Por exemplo, um pacto no sentido de o portador preencher corretamente o 
 título do qual é beneficiário, de acordo com o que fora acordado. 
 
 Assim, se ao receber o título, agir em desacordo com a avença poderá o 
 portador ser acionado judicialmente pelo emitente do título. Todavia, se 
 posteriormente esse título de crédito preenchido com má-fé pelo portador é 
 repassado a terceiro, este terceiro terá direito a receber o crédito da forma 
 como consta no título, salvo se este último beneficiário também agir de má-fé. 
 
 Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua 
 assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, 
 fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos 
que teria o suposto mandante ou representado. 
 
 Exemplifique-se. Sabemos que o mandato é o instrumento que dá a uma 
pessoa poderes para praticar atos em nome de outra. 
 
Com fulcro no Código Civil: 
 
 Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, 
 em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o 
instrumento do mandato. 
 
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 Deste modo, imagine-se que João confere a Pedro procuração para que assine 
 título de crédito em seu nome, no período de 01.01.2011 a 05.01.2011. De má-
 fé, Pedro emite determinado título em 07.06.2011, quando a procuração já não 
 era mais válida, para realizar a compra de determinadas mercadorias para a 
 empresa. Como Pedro não tem mais poderes para proceder à emissão, 
 responderá pessoalmente pela emissão. 
 
 Se Pedro promover, no entanto, a quitação do título, terá a dívida extinta e, 
 também o direito a receber as mercadorias já que “pagando o título, tem ele os 
 mesmos direitos que teria o suposto mandante ou representado”. 
 
 Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que 
lhe são inerentes. 
 
 É o caso típico do endosso. Se A emite cheque a B, como pagamento de 
 determinada obrigação que possui, e B resolve endossar este cheque para C, 
 por possuir dívida com C no mesmo valor, transmite-se o direito a ele não só de 
 receber o título de crédito, originário de A, mas também o direito de cobrar em 
juízo, por exemplo, caso o título não seja quitado. 
 
 Com efeito, diz-se que a transferência do título implica a transferência 
 igualmente de todos os direitos que lhe são inerentes. Se C quisesse endossar 
novamente o título, poderia fazê-lo. E assim por diante. 
 
 Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de 
 transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou 
de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da 
 entrega do título devidamente quitado. 
 
 Para explicar este artigo, precisaremos conhecer um pouco sobre dois títulos de 
 créditos ditos impróprios, quais sejam, o conhecimento de depósito e o warrant. 
 
 O warrant e conhecimento de depósito são títulos de financiamento da atividade 
 econômica. Fábio Ulhoa Coelho os define como títulos de créditos impróprios 
 (para o autor não se tratam, na verdade, de títulos de crédito, apenas se 
 aproximando do regime jurídico cambial),mais especificamente, na categoria 
de títulos representativos. 
 
 Títulos representativos são aqueles que representam mercadorias custodiadas 
 (esta é a palavra chave!) e possibilitam, em algumas condições, a 
negociação, pelo proprietário, do valor que elas têm. 
 
O warrant e conhecimento de depósito são regidos pelo Decreto 1.102/1.903. 
 Quem emite esses títulos é o armazém geral. Se o depositante solicitar, o 
armazém os emitirá, em substituição ao recibo de depósito. 
 
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 Os títulos são emitidos conjuntamente. O portador só terá direito à entrega da 
 mercadoria depositada se apresentar os documentos juntos, devidamente 
quitados. Em síntese, é isso o que quer dizer o artigo 894 do Código Civil. 
 
 Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser 
 dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, 
os direitos ou mercadorias que representa. 
 
O artigo 895 trata exatamente de um princípio que dissemos no início do estudo 
dos títulos de crédito, qual seja, o princípio da . Exemplifiquemos. autonomia
 
 Imagine-se que A compre um bem a prazo de B, no valor de R$ 1.000,00, para 
 pagamento em 30 dias, mediante a emissão de uma nota promissória (quem 
 emite a nota promissória é o devedor, A, pois se trata de uma promessa de 
 pagamento). B é o legítimo portador dessa nota promissória (beneficiário). 
 
 B, por sua vez, necessita fazer compra de matéria-prima com o fornecedor C, e, 
 não possuindo recursos, procede ao endosso da nota promissória para C, que 
 passa a ser o legítimo portador do título, tendo direito a receber, na data certa, 
a quantia estipulada no título emitido por A. 
 
 Assim, no vencimento, não poderá A, por exemplo, dizer que não pagará C, por 
 estar o bem que comprou de B eivado de vício. Deve, em virtude do princípio 
 da autonomia, A proceder ao pagamento e, em seguida, exigir o ressarcimento 
por parte de B. 
 
 Imaginemos a mesma situação. A compra um bem de B, emitindo (A) uma nota 
 promissória em favor de B (que é o portador do título). B tem uma dívida 
 perante C, mas não endossa o título. Ele, simplesmente, diz: C, tenho um bem 
que vendi para A, e vou deixá-lo como garantia. 
 
 Poderá C fazer isso?! Não, é claro! Pois as mercadorias já se desvincularam do 
 título de crédito, não mais pertencendo a B, uma vez que houve a tradição 
 (entrega da mercadoria). Em síntese, é isto o que diz o artigo 895: a garantia 
 deve ser instituída sob o título e não sobre as mercadorias que dele são objeto. 
 
 
 Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o 
 adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua 
circulação. 
 
 O que este artigo quer, em síntese, dizer é que, se uma pessoa é legítima 
 portadora de um título, tendo agido de boa-fé para receber os direitos que lhe 
 são inerentes, não poderá ter seu direito prejudicado por relações travadas 
anteriormente.

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