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1Curso Ênfase © 2021 Filosofia Do Direito – Chiara Ramos Conceito E Tarefa Da Filosofia Do Direito Axé, juristas! Vamos finalmente iniciar o módulo de aprendizagem 1 de Filosofia do Direito: conceito e tarefa da Filosofia do Direito. Bem, como eu já falei que a filosofia é muito mais sobre perguntas do que sobre respostas, e que a gente vai se apaixonar por todo saber filosófico durante essas seis unidades de aprendizagem, eu gostaria de começar com uma pergunta provocadora: E que deve está aí rolando na mente de cada uma e cada um de vocês. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 2Curso Ênfase © 2021 "Chiara, para que me serve a Filosofia do Direito? A que, a serviço de que esse conhecimento nos é exigido nas provas de concurso? A serviço de que existe essa Filosofia? E por que mais uma dessas matérias, que muitas vezes tem a sua importância desconsiderada ou subconsiderada? Mas vamos tentar responder essa pergunta sobre para que serve, do ponto de vista prático, do ponto de vista pragmático, a partir de sua conceituação e das tarefas comumente atribuídas a essa filosofia. Para que a gente seja bem didático, realmente, vamos começar pela palavra em si. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 3Curso Ênfase © 2021 Pela etimologia. Filosofia vem de philos e sophia. Palavras de sobreposição de origem grega, que significa "amor pela sabedoria". E é muito importante que nós saibamos quem é Sophia. Sophia é considerada a parte feminina de Deus. Sophia é considerada, inclusive pelos gnósticos, como aquele ventre que materializou toda a humanidade. Sem Sophia não seria possível o plano terreno, o plano humano. Sophia, portanto, é a inteligência divina e é o ventre que pariu o mundo. E como comprova todos os estudos de arqueologia, como comprova toda a história, esse ventre que pariu o mundo é um ventre preto. É um ventre africano. Não à toa, não à toa que quem traz essa palavra filosofia é Pitágoras. Pitágoras, muito conhecido lá pelos seus teoremas matemáticos, que estudou no Egito, e que trouxe justamente do Egito (África! Não esquecendo que o Egito é África!), trouxe justamente do Egito, das suas pirâmides, a questão do teorema de Pitágoras. E ele trouxe também diversas concepções filosóficas e concepções de saber, e muitas vezes é apagada dessa narrativa da tradição ocidental. Portanto, a palavra filosofia, ela foi cunhada por Pitágoras, dizendo "Não, eu não sou um sábio. Eu sou um amante, um amigo, um apaixonado por Sophia", que é justamente essa sabedoria. Essa sabedoria que é o ventre que pare toda a humanidade. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 4Curso Ênfase © 2021 Então, essa filosofia, ela se alicerça nisso que entendemos por ser, nisso que entendemos por mundo. Ela nos diz, por exemplo, e nos dá a possibilidade de pensar a partir de um elemento que se chama razão e explicar, inicialmente, os elementos externos ao ser humano. A gente vai ver no módulo de aprendizagem 2, na unidade de aprendizagem 2 exatamente isso, exatamente a história. Mas eu quero só adiantar que, primeiro, a gente olha pra fora (porque chove, porque tem dia e noite, porque existem ciclos e estações do ano). Existe algo que seja essencial a todas as coisas ou não. O homem se preocupa em olhar para o céu, para o universo e para a realidade e explicar a realidade natural. E isso fazem os pré-socráticos, os filósofos chamados da natureza. Depois se faz necessário olhar para a sociedade, para os homens. Em razão, de diversos fatores que conversaremos na próxima unidade. Mas quando se faz necessário olhar para os homens surgem os sofistas, com a sua retórica e os seus ensinamentos, justamente sobre como argumentar, como debater em esfera pública, como ensinar a retórica. E em oposição aos sofistas surgem os chamados socráticos, considerados aí realmente os pais da filosofia. A partir de Sócrates, Platão e Aristóteles. O que temos que entender, inicialmente, portanto, que a filosofia é um profundo questionamento. Primeiro sobre o que está externo a nós, depois sobre como vivemos em sociedade, depois sobre a própria sociedade, as regras que constituem a sociedade. Portanto, é muito mais sobre perguntas, como eu já disse, do que efetivamente sobre respostas. As condições, segundo grande parte das bancas, realmente, de concurso, são condições geográficas (porque a Grécia tá ali naquele mapa, naquela bota, entre o Oriente e a África), e ali ela passa a ser um porto em que, cosmopolita, em que várias realidades se encontram, várias narrativas, várias culturas. E aquela efervescência possibilita o surgimento da polis e a crítica sobre a polis, a crítica e a necessidade de construção a partir de ideias políticas. Então, são conjunturas geográficas, são conjunturas históricas, são conjunturas sociais que torna aquele ambiente, um ambiente rico e um ambiente propício para que efetivamente surja a filosofia. Ela se difere, essa filosofia, de outros saberes. A filosofia, ela não é senso comum. O senso comum, ele é justamente aquele conjunto de saberes que não têm metodologia, que são populares, que a sabedoria popular legitima, mas que não se comprovam, nem MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 5Curso Ênfase © 2021 empiricamente nem cientificamente. Esse senso comum é muito visível no Direito. Hoje, assistindo telejornais com os nossos pais que não são juristas ou com amigos e amigas que não são juristas, nós vemos que as pessoas têm, dentro do senso comum como deveria ou não se aplicar a lei, como deveria ou não se fazer justiça. Esse senso comum não é filosofia. Também é filosofia (e aí o principal: isso aí é tema cobrado em concurso público, porque é muito próximo) a filosofia da ciência. As duas se fundamentam na ideia de razão. Só que a ciência, ela também, além da questão da razão, tem a questão do método. E a ciência do Direito, portanto, ela passa a ser percebida justamente como um pensamento tecnológico para trazer e fixar dogmas, pontos de partida a partir do uso da razão e do uso do método. Ciência, portanto, tem a ver com experimentações, muitas vezes, e ela nasce (não cabe aqui a gente fazer todo esse, essa retrospectiva histórica do nascimento ciência), mas ela, essa concepção é muito moderna.Essa concepção, primeiro, de experimentação, tanto que as ciências nascem como ciências naturais, aquelas que podem ser visualizadas em laboratório. Tanto que a sociologia, as ciências sociais quando elas nascem, elas nascem como física social, também tentando trazer leis universais. A ciência tenta experimentar para trazer leis universais. A filosofia, ela vai questionar. Então, se distingue da ciência, se distingue do senso comum. Sobre o senso comum é muito interessante uma passagem de Mariana Chauí, que ela fala o seguinte: enquanto no senso comum se pergunta que horas, que horas são, o filósofo, a filósofa pergunta o que é o tempo. Então, são questões muito mais complexas, do ponto de vista de questionamento. A ciência também não é técnica. E aí, vamos tomar mais uma vez o Direito como referência. O Direito como técnica significa um saber para tomar uma decisão. Direito como técnica significa decidibilidade. A filosofia, no seu eterno questionar, não possibilitaria que se fechasse uma decisão que solucionasse conflito e pacificasse socialmente. Por isso que também existe a necessidade da técnica. A técnica como técnica social específica, que tenta aí ocasionar uma conduta que seja querida, que seja desejável, que seja desejada pela estrutura jurídica, pela estrutura dominante. Também não se mistura filosofia, ciência e religião. Isso dentro do parâmetro e do MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 6Curso Ênfase © 2021 paradigma da modernidade. Porque se olharmos para a Grécia, se olharmos para a Idade Média, vamos ver que ocorre o que se chama alopoiese. "Chiara, que nome feio é esse?" É o nome que Luhmann utiliza e Tercio Sampaio Ferraz traz para a teoria do Direito no Brasil, dizendo que não há uma diferenciação entre o que é Direito, o que é política, o que é religião, o que é ética, tá tudo misturado. Tanto é que Aristóteles diz que o Direito é a arte do justo. Então, vejam: mistura a arte e a justiça no conceito de Direito. Isso significa que os sistemas sociais não estão totalmente definidos em caixas, em especializações, como surge com a modernidade. Então, portanto, existe essa cisão, até esse rompimento com o saber mitológico mostra que filosofia não é ciência, não é teologia, como também não é arte, não tem a ver com estética. Não tem a ver justamente com essa representação criativa de objetos e do ser. Isso também se distingue do que é saber filosófico. "Mas, Chiara, e Filosofia do Direito?" A gente falou de filosofia e queremos saber sobre Filosofia do Direito. O que seria? Antes de eu falar, vamos ver a visão de um especialista. Um dos principais especialistas. VISÃO DO ESPECIALISTA No Brasil, Miguel Reale é considerado, realmente, uma das grandes referências e extremamente citado pelas bancas de concurso. E ele diz o seguinte: MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 7Curso Ênfase © 2021 Isso ele diz no seu livro "Lições preliminares de direito". O que é que significa que essa Filosofia do Direito, ela é um perquirimento, um questionamento, um perguntar desinteressado? Significa que ela não tem o compromisso de que o Direito enquanto técnica tem, de solucionar, de pacificar as controvérsias, de solucionar conflitos. Ela não tem a pretensão de, ao menos em tese, em teoria, ela não tem pretensão de conformar, de normatizar. Mas, sim, de questionar, e independente, sem estar com dogmas e com morais, questionar os próprios dogmas, a própria moral, os próprios fundamentos, os próprios pressupostos. Por isso que Tercio Sampaio Ferraz, ele vem nos dizer que essa filosofia é uma disciplina zeetética. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 8Curso Ênfase © 2021 É uma disciplina que questiona os nossos pontos de partida. Porque quando falamos da dogmática jurídica, quando falamos do Direito enquanto técnica, a gente tem que partir de alguns pressupostos, como, por exemplo, que não é possível ao judiciário não dizer o direito. O princípio da vedação do non liquet. É justamente desses dogmas que se tornam possíveis as decisões. Portanto, para Tercio, a filosofia é uma disciplina zeetética, é uma disciplina de um eterno questionar, que não se fecha, que está sempre aberta a novas possibilidades. E depois eu vou, ao final, trazer uma crítica que a filosofia tem essa perspectiva de crítica de absolutamente tudo, menos de si própria. E isso é um ponto que nós podemos abordar mais a frente. Quais são essas questões dentro desses fundamentos, dessas questões fundamentais, dessas perguntas que se preocupa a Filosofia do Direito? Eu digo que tem duas principais. Primeiro, o que é o Direito? E, segundo, o que é a justiça e a sua relação com o direito? São o que a gente chama de questões fundamentais. Do mesmo jeito que a filosofia MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 9Curso Ênfase © 2021 geral vai ser quem somos, para onde estamos indo, de onde viemos, o que é a vida, o que é felicidade. E a Filosofia do Direito tem essas duas questões fundamentais. O que é o Direito? Direito é uma palavra multívoca, que admite várias possibilidades de sentido e que muda a partir de contextos históricos. E a filosofia vai se preocupar sobre o que é o Direito. O Direito é a norma? O Direito é o que é justo? O que é o Direito? O Direito é o que provém da fundamentação divina? É o que tá na bíblia? É o que tá no alcorão? O que é o Direito? E o que é a justiça? Todo Direito é justo? Se não for justo, é Direito? São questões que a filosofia se preocupa, a filosofia em específico como uma, um ramo específico da filosofia se preocupa. E dentro desse contexto zeetético eu ainda tenho, nós ainda temos alguns outros, outras subdivisões dessa filosofia jurídica, como, por exemplo, a própria epistemologia jurídica, que é o estudo sobre o saber mesmo. É o estudo sobre a ciência, como se fosse a ciência da ciência. Essa epistemologia que busca a raiz desse conhecimento filosófico jurídico. Nós temos, e aqui a contribuição de Bobbio, que vez por outra essa contribuição é cobrada em provas. E Bobbio é um dos preferidos, como eu já falei pra vocês, das bancas de concurso em geral, não é de uma apenas. Ele vem fazer uma distinçãoentre deontologia jurídica, que e justamente a questão da justiça. E ele diz o seguinte "justiça, uma norma justa é aquela que deveria ser enquanto que uma norma injusta é aquela que não deveria ser". Então, a questão de justiça não é uma questão ontológica, não é uma questão do ser, é MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 10Curso Ênfase © 2021 uma questão do dever ser, é uma deontologia jurídica. Já a ontologia, ele diz que se restringe às questões de validade. É Direito ou não é Direito. E a gente diz o que é Direito e o que não é Direito a partir do que é válido ou do que não é válido. E a própria discussão em torno do que é validade é algo fundamental na Filosofia do Direito. Porque quando se diz, como Kelsen disse, que o Direito é norma e que, portanto, o Direito se auto valida a partir do conceito de norma, você chega a uma questão fundamental: o que é validade? E que vários autores vão trazer as suas enunciações, as suas percepções a partir desse questionamento. E além disso, Bobbio nos fala também da fenomenologia, que aqui está ligada nem à validade nem à justiça, mas, sim, à eficácia. Ou seja, aquela norma produz o padrão de comportamento ao qual ela se propõe a normatizar, ou seja, ela é obedecida espontaneamente? Se ela não for obedecida, a sanção é aplicada? Ou seja, ela é ou não é eficaz? Isso é um ponto também da fenomenologia do Direito. Existem, além de tudo isso que eu já falei pra vocês, alguns critérios que Cretella Júnior traz para dizer que existem muitos conceitos de filosofia. Conceituar filosofia não é tarefa fácil, ou seja, já estamos em mais da metade da aula e a gente não chega a um conceito de filosofia. Mas existe, por exemplo, critérios que podemos adotar para conceituar a filosofia e a Filosofia do Direito. Não existe um conceito pronto e acabado, mas existem critérios. E eu vou falar pra vocês aqui dos critérios utilizados por Cretella Júnior, que também é referência em algumas bancas, alguns exames e algumas provas. Por exemplo: MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 11Curso Ênfase © 2021 O primeiro critério a gente já abordou, que é o critério nominal, etimológico, ou seja, filosofia significa amar a sabedoria, ter amizade pelo saber. Portanto, a Filosofia do Direito seria justamente esse amor ao saber jurídico, essa preocupação constante, profunda em saber, em compreender o Direito, em compreender o fenômeno jurídico. E isso, realmente, nessa busca a partir do amor ao saber. Nós temos também um critério global, aquelas tentativas generalizantes que tentam abarcar todas as questões dentro do Direito. E pelo critério global, a filosofia do Direito, ela deve buscar não explicações especializadas, particularizadas do que seja o jurídico, mas, sim, buscar uma explicação global desse fenômeno. A filosofia do direito, portanto, seria aquela ciência universal do mundo jurídico. Essa ciência da jurisprudência e do ponto de vista de universalidade. O que é uma tendência bem característica da filosofia ocidental, da filosofia de raiz grega. Temos o critério causal, que na realidade, a filosofia busca as causas primeiras, os elementos essenciais. E isso desde os filósofos da natureza, como vamos ver com Anaximandro, Anaxímenes, que vai dizer, por exemplo, que o arquet de tudo o que compõem o universo é a água ou são os quatro elementos ou é o átomo, como diz Demócrito. Isso aí você vai perceber que é uma busca, portanto, do que gera todas as coisas, a busca da causa inicial. Essa aí seria uma forma de conceituar filosofia a partir de um critério causal. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 12Curso Ênfase © 2021 Temos também os critérios dos postulados. Isso significa filosofia crítica. A filosofia que se preocupa com os postulados procura os fundamentos das coisas, procura esses dogmas, essas pré-compreensões. Ela é uma filosofia que, em geral, os considera insuficientes e passa a criticar os próprios pressupostos. Portanto, muito parecida com a concepção de zeetética analítica, 100% analítica, que Tercio nos traz. Portanto, é a busca por esse fundamento das coisas, dizendo o quanto que as soluções obtidas pelas ciências particularizadas não conseguem ter essa visão holística, essa visão do todo. Portanto, a filosofia, ela se diferencia da ciência por esse grau máximo de abstração. Por fim, temos o critério axiológico que é a partir da filosofia que nós traríamos os valores para o Direito, aproximaríamos o discurso da ciência jurídica da justiça, da ética e dos valores. Dito isto, gente, vamos pra um conteúdo importante. Vamos ver esse conteúdo importante que faz parte do nosso objeto principal. CONTEÚDO IMPORTANTE Quais são as tarefas? "Pra que que serve Chiara, a filosofia do Direito?" Primeiro, tem uma função fundamentadora nessa busca das causas primeiras, nessa busca e nesse questionamento dos fundamentos e dos próprios dogmas do Direito. A MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 13Curso Ênfase © 2021 filosofia, ela tem essa função de fundamentar. Ela traz uma narrativa que, quando aceita, se torna uma narrativa e um projeto hegemônico, inclusive. Essa fundamentação, ela é, portanto, um eterno questionamento da filosofia. Esse é um conhecimento que vocês não podem tirar dentro do que a gente diz de tradição e dentro do que cobram as bancas de concurso. Essas duas tarefas se destacam: a função fundamentadora e a função avaliativa crítica. Dá-se bastante ênfase dentro da crítica, justamente a essas questões da escola, trazida pela Escola de Frankfurt, trazida pelo pós Segunda Guerra Mundial, trazida pela insuficiência das questões objetivada pelo positivismo jurídico com a separação entre direito e moral, e as atrocidades ocorridas a partir dessa cisão entre o que é direito e o que é justiça. E essa função avaliativa, crítica, ela gera um ruído na ciência do direito, como diz a teoria dos sistemas sociais. E esse ruído faz com que haja transformações, alterações, evolução de sentidos, de significados e, por isso, temos rompimentos de paradigmas filosóficos. A filosofia, portanto, ela nos serve dessa forma. Mas além disso, nós temos o que nos diz Biattar, que sistematiza, eu trouxe aqui numMARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 14Curso Ênfase © 2021 quadrinho pra vocês, algumas das tarefas da filosofia que ele elenca. Primeiro: questionar e criticar a realidade por meio da razão. Lembre-se sempre a tradição filosófico ocidental, a razão é o grande centro, porque coloca o homem como centro de explicação do universo e razão de todas as coisas, e fundamento de todas as coisas. Biattar também diz que é tarefa da filosofia proceder à crítica sobre sistema de justiça. Quem tem esse papel não é a dogmática, a dogmática, como técnica, ela se preocupa em decidir de forma definitiva, pacificar socialmente os conflitos. A filosofia, ela justamente busca esse eterno questionar, como diz aí o terceiro, a terceira tarefa que Biattar coloca: questionar a atividade dos legisladores e oferecer suporte reflexivo para essas atividades. Além disso, investigar as causas da desconstrução, do enfraquecimento, da ruína do sistema jurídico. Agora a gente vive uma total crise de legitimidade, uma crise paradigmática. É a filosofia do Direito que vai se debruçar sobre isso. Ela vai proceder, portanto, com a discussão sobre os valores, sejam valores econômicos, valores morais, que impactam no sistema jurídico. Essa é a filosofia, por isso juristas, não errem. Não errem! NÃO ERRE Sempre que se falar em filosofia estamos falando em crença na razão como método. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 15Curso Ênfase © 2021 Esse é o método filosófico. É desconsiderar os sentidos, desconsiderar as intuições e tentar desconsiderar todas as crenças mitológicas, para, a partir da razão se chegar a verdade. Então, acredita-se inicialmente não só na busca mas na possibilidade de encontrar a verdade. E a filosofia serve muito e tem servido cada vez mais pra fundamentar decisões judiciais. Por isso, vamos trabalhar aqui uma jurisprudência que cita especificamente uma questão filosófica. JURISPRUDÊNCIA Bem, diz uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Aqui comigo na tela, diz. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 16Curso Ênfase © 2021 Um filósofo justamente da tradição medieval. Ou seja, se utiliza de Tomás de Aquino pra fundamentar decisões e isso vemos com bastante frequência. Isso vemos, sobretudo, com Aristóteles, com a lógica da proporcionalidade. E, por fim, eu só queria deixar uma contrapartida do que eu penso como função da filosofia. Sobretudo, essa função da filosofia ocidental. Eu entendo que essa filosofia, quando ela quebra com a lógica, com a explicação mitológica, com as cosmo visões, ela está a serviço de um projeto hegemônico de visão de mundo. Então, não subestimem o papel da filosofia. É a partir da filosofia que essa noção de mundo e sociedade é possível. É a partir da filosofia grega, da ótica da razão, a partir da ótima do individualismo e do renascimento dessas ideias na modernidade que nós temos esse predomínio de uma epistemologia que só considera uma forma de narrativa do mundo, que é a narrativa eurocêntrica. É essa filosofia que está, portanto, a serviço da ideia hegemônica e que constrói toda a nossa sociedade a partir dos dia de hoje. Portanto, por isso que eu disse, a filosofia questiona todos os fundamentos, menos a si própria. MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 17Curso Ênfase © 2021 Deixando essa pulguinha aqui com vocês, nos encontramos na próxima unidade de aprendizagem. Até mais! Axé! MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817 MARIA AUGUSTA SANTOS PARRETTI 03351169817
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