@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); 5 A CRIANÇA E AS ABORDAGENS PSICOLÓGICAS \u2013 BREVE INTRODUÇÃO.Ao pensarmos em teorias da aprendizagem infantil é necessária uma breve situada no que se refere à relação da criança com o ensino formal, que tem na escola o seu locus principal. É importante lembrar que a concepção de criança que temos hoje começa a ser construída a partir do século XVII. Até esse momento histórico a criança era concebida como um pequeno adulto (homúnculo) e, portanto, deveria, a partir decerta idade, ter as mesmas funções do adulto ou pelo menos acompanhá-los em suas atividades cotidianas.Podemos observar esta afirmativa, a partir das pinturas da época, onde o corpo infantil era representado com as mesmas proporções e tamanho do corpo adulto. Não havia a noção de que a criança possuía uma série de peculiaridades que deveriam ser levadas em consideração para a sua compreensão e seu processo de desenvolvimento. Naquela época, as crianças que sobrevivessem, já que a expectativa de vida era bem baixa, já deveria estar inserida no mundo adulto. Não havia, pois, o reconhecimento da infância como uma fase do desenvolvimento humano.O avanço das descobertas científicas permitiu o prolongamento da vida e a diminuição da mortalidade infantil. A partir do século XVII, passou-se a considerar o fato da criança ser diferente do adulto e que, portanto mereceria um maior preparo para a vida. Aos pais, então, cabia não apenas garantir a sua sobrevivência, mas também seriam responsáveis pela sua formação, entendida aqui como moral e espiritual.Esta concepção afasta a criança do convívio direto com os adultos \u2013 onde sua socialização acontecia, na medida em que ao auxiliar os mais velhos, ela aprendia seus valores e costumes - colocando-a junto à família e à escola; esses passam a ser os responsáveis pela formação da criança, neste momento histórico. A criança passa a ser objeto central de interesse, atenção e cuidado dos adultos.Os pais que se preocupam com a educação de suas crianças merecem mais respeito do que aqueles que se contentam em pô-las no mundo. Eles lhes dão não apenas a vida, mas uma vida boa e santa. Por esse motivo, esses pais têm razão em enviar os filhos, desde a mais tenra idade, ao mercado da verdadeira sabedoria (o colégio), onde eles se tornarão os artífices de sua própria fortuna... (ARIÈS apud FONTANA e CRUZ, 1997: 7)O afastamento da criança do mundo adulto modificou a maneira da sociedade pensar sobre elas. Foi sendo reconhecido um mundo próprio a criança e que sua mente funcionava de modo diferente da mente do adulto. Refletir, mesmo que brevemente sobre isso, pode ser surpreendente, uma vez que somos levados a crer que todo conhecimento já é dado e não construído. Pode parecer óbvio com todo conhecimento do qual dispomos atualmente sobre acriança de que ela é diferente do adulto, que seu funcionamento mental e formas de organização do conhecimento são peculiares, mas foi somente no século XX que se iniciou efetivamente o estudo científico da criança e do desenvolvimento infantil.Diversas abordagens foram desenvolvidas com vistas a explicar o comportamento/funcionamento infantil que colocaram luz em diferentes aspectos, de acordo com o interesse científico em questão, tais como: a inteligência, a motivação, a maturação, a influência do meio, a aprendizagem, o processo de construção do conhecimento entre outros. Essas abordagens têm exercido considerável influência nos meios educacionais e levado a reflexões sobre as metodologias e conteúdos do ensino escolar.A psicologia é uma das ciências que estuda sobre a educação escolar. Sendo uma das ciências que estuda o homem, a psicologia se debruça sobre o estudo dos mais variados temas, tais como: a afetividade, o desenvolvimento da criança, a velhice, a psicopatologia, as relações institucionais etc. No entanto, todos os estes estudos psicológicos, que \u2018alimentaram\u2019 as práticas pedagógicas, não foram desenvolvidas com este objetivo, foram adaptadas para este fim. Entendemos que as contribuições da psicologia fundamentais à prática educativa são aquelas que podem lançar luz sobre aspectos do ensinar e aprender.A maior parte do conhecimento produzido nesta área diz respeito à relação entre desenvolvimento e aprendizagem, já que desenvolvimento e aprendizagem são processos, de alguma forma, inter-relacionados.Quando dizemos que para uma criança aprender determinado conteúdo precisa amadurecer ou atinja certa idade, estamos subordinando a aprendizagem ao desenvolvimento. Por outro lado, não são raras as vezes que ouvimos que o ensino deve estimular o desenvolvimento da criança. Distintas abordagens lançam olhares também distintos sobre estas questões; questões estas que, dependendo do enfoque dado a um ou outro aspecto, influenciam sobremaneira as práticas pedagógicas de uma escola.A discussão sobre a evolução psíquica do ser humano é alvo de um debate que teve início no final do século XIX e continua até os dias de hoje. Diferentes autores, teorias e modelos explicativos tentaram formular uma explicação convincente, especialmente para a relação entre o desenvolvimento e aprendizagem humana. Dentre elas, três posições tornaram-se clássicas:O desenvolvimento seria um processo relativamente independente e dissociado das diversas aprendizagens e, portanto, das práticas educativas. Como consequência do desenvolvimento biológico, seguiria um percurso de mudanças mais ou menos estável e, até certo ponto, pré-programado;O desenvolvimento e a aprendizagem seriam processos coincidentes. A ênfase é dada à aprendizagem. O ambiente e a experiência são determinantes do comportamento. O desenvolvimento nada mais é do que o resultado das aprendizagens acumuladas durante a vida. Dessa forma, os dois processos não se distinguem;O desenvolvimento e a aprendizagem são dois processos que se inter- relacionam. O desenvolvimento é visto como um processo mediado, ou seja, as mudanças que ocorrem ao longo da vida estão marcadas pela interação que as pessoas estabelecem com seu meio social e cultural. Considera-se o desenvolvimento biológico como um dos fatores do desenvolvimento psicológico, na medida em que este se relaciona com o meio sociocultural. Dito de outra maneira, o "programa biológico" das pessoas pode concretizar-se, porém, está submetido ao "filtro" social e cultural.Dentre estas posições, destacamos a abordagem inatista-maturacionista, a comportamentalista, a piagetiana e a histórico-cultural.