Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Brasília-DF. Técnicas de inspeção Elaboração Wellington Paulo da Silva Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÕES SOBRE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ....................................................................... 9 CAPÍTULO 2 PRINCIPAIS REQUISITOS PARA SE APLICAR O ENSAIO NÃO DESTRUTIVO .................................... 13 UNIDADE II PARTÍCULA MAGNÉTICA ....................................................................................................................... 15 CAPÍTULO 1 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ...................................................................................................... 15 CAPÍTULO 2 METODOLOGIA PARA MAGNETIZAÇÃO ................................................................................... 22 UNIDADE III ULTRASSOM ......................................................................................................................................... 31 CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MÉTODO ......................................................................................... 31 CAPÍTULO 2 TIPOS E UTILIZAÇÕES DE TRANSDUTORES ................................................................................. 42 UNIDADE IV LÍQUIDO PENETRANTE .......................................................................................................................... 60 CAPÍTULO 1 METODOLOGIA E APLICABILIDADE DO ENSAIO ....................................................................... 60 CAPÍTULO 2 REVELADORES E APLICAÇÕES ................................................................................................ 67 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 79 4 Apresentação Caro aluno, A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Os ensaios mecânicos, por apresentarem quase a totalidade de todos os processos para a fabricação de equipamentos, tornaram-se essenciais a toda e qualquer indústria. Geralmente, para realizá-los, é necessário algum esforço mecânico como tração, compressão, torção entre outros. No ramo industrial, os materiais ferrosos são os mais importantes e, por isso, ensaios que definam suas características são tão importantes. Como vantagens na realização de ensaios podemos citar o controle de problemas, reduzção de custos, manutenção da qualidade, satisfação dos clientes, atender a normas vigentes entre outros. Para se realizar um ensaio é necessário um corpo de prova, seja ele um material ou peça. Quando pensamos em ensaios, os ligamos diretamente a normas e procedimentos que devem ser seguidos a fim de se obter resultados satisfatórios com os ensaios em questão. Podemos classificar os ensaios mecânicos em destrutivos e não destrutivos. Neste Caderno de Estudos explicaremos os ensaios de cunho não destrutivo em que a peça ou material em questão pode ser utilizado(a), passando para próximas etapas de sua confecção sem problemas, já que este tipo de ensaio não deixa nenhuma marca. Objetivos » Apresentar o que são ensaios não destrutivos. » Mostrar ensaio por meio de particula magnética. » Conhecer ensaios por ultrassom. » Analisar ensaios por líquido penetrante. 8 9 UNIDADE IENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS CAPÍTULO 1 Definições sobre ensaios não destrutivos Este tipo de ensaio tem como finalidade realizar a medição, a fim de ser expor as propriedades referentes a um material, podendo o mesmo ser metálico ou não, em formato de produtos semiacabados, ou já em formatos de peças. É por meio desse tipo de ensaio que ocorre a possibilidade de se verificar alguma descontinuidade no material em estudo. Com isso, cria-se a garantia de que o material atingirá os objetivos ao qual será exposto (ZOLIN, 2011). A aplicação e realização do ensaio não afeta a peça ou o material, portanto não prejudicam o funcionamento da peça. Alguns dos fatores que podemos citar do porquê utilizar esse tipo de ensaio são: » Verificação de possíveis diferenças quando se realiza a medição de dimensões, de formatos e também posições. » Por meio do estudo da estrutura do componente é possível estabelecer a capacidade de se terminar propriedades ópticas, propriedades mecânicas, elétricas etc. De acordo com Andreucci (2013), ensaio é tido como influenciador dentro do controle da qualidade, especialmente quando pensamos na ISO 9001. Para que o ensaio seja realizado corretamente, os profissionais envolvidos precisam ser treinados, qualificados e certificados. Para tal,existem entidades nacionais como a Associação Brasileira de Ensaio não Destrutivo (Abendi) e entidades internacionais como a Sociedade Norte-Americana de Engenheiros Mecânicos. 10 UNIDADE I │ ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS Alguns fatores devem ser levados em consideração para se escolher um método a ser utilizado, conforme podemos verificar a seguir: » qual o tipo do material; » qual será a propriedade do material que será inspecionada; » qual o custo para se realizar o ensaio; » existe mão de obra especializada; » existe instalação correta para realização do ensaio etc. A escolha do método a ser aplicado resume-se a que capacidade ele tem de alcançar os objetivos esperados. Se mais de um método tiver esta capacidade, adota-se o que mais se adequa à inspeção, o que tem um tempo menor de preparação e resultado, levando em consideração sempre a interação com o menor custo possível (ZOLIN, 2011). Pode-se classificar os métodos de avaliação não destrutiva em dois grupos: » Inspeção da superfície: consiste em visualizar na superfície interna ou externa alguma protuberância, ou seja, uma descontinuidade. Estão presentes nesse grupo os ensaios de líquidos penetrantes e partículas magnéticas e também o ensaio visual. » Inspeção volumétrica: consiste em verificar o interior dos materiais em estudo de descontinuidades. Estão presentes nesse grupo o ensaio radiográfico, ultrassom e termografia (ZOLIN, 2011). No quadro a seguir, podemos visualizar as diferenças entre os métodos de ensaio. Quadro 1. Diferenças entre os métodos de ensaio. Métodos de ensaio Variáveis Ultrassom Raio X Correntes parasitas Partículas magnéticas Líquidos penetrantes Capital Médio para alto Alta Baixa para média Médio Baixo Tempo para os resultados Imediato Atraso Imediato Pequeno atraso Pequeno atraso Efeito da geometria Importante Importante Importante Não tão importante Não tão importantes Problemas de acesso Importante Importante Importante Importante Importantes Tipos de defeito Internos Maioria Externos Externos Superficiais Sensibilidade Alta Alta Baixa Baixa Registros formais Caros Padrão Caros Não usual Não usual Habilidade do operador Alta Alta Média Baixa Baixa 11 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS │ UNIDADE I Métodos de ensaio Variáveis Ultrassom Raio X Correntes parasitas Partículas magnéticas Líquidos penetrantes Treinamento dos operadores Importante Importante Importante Importante Importante Necessidade de formação Alta Alta Alta para média Baixa Baixa Portabilidade do equipamento Alta Baixa Alta para média Alta para média Alta Dependência da composição do material Muito baixo Bastante Muito Somente ferromagnéticos Pouca Capacidade de automatização Boa Razoável Boa Pouca Pouca Fonte: Zolin (2011). Na figura 1 e 2 a seguir, podemos verificar como são detectadas as descontinuidades na superfície. Figura 1. Descontinuidades que se formam nas superfícies e subsuperfícies e como detectá-las. Eletromagnética Visual Ultrassom (Ondas Superficiais) Eletropotencial Resistividade Elétrica Partículas Magnéticas Líquidos permanentes Fonte: Zolin (2011). Figura 2. Descontinuidades internas e seus diferentes métodos de detecção. Raio Gama Raio X Ultrassom Resistividade Elétrica Ondas transversais Ondas Longitudinais Filme Fluorescente Termografia Fonte: Zolin (2011). 12 UNIDADE I │ ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS Pode ser adotada a utilização do ensaio não destrutivo como complementar ao ensaio destrutivo. Com a aplicação dos ensaios, é possível conhecer as propriedades do material. O ensaio não destrutivo (END) é eficaz quando pensamos em realizar uma observação, se há imperfeições tanto interna quanto externamente. Na figura 3 e 4 a seguir, podemos visualizar um tipo de inspeção em tanque, cuja finalidade é a de armazenar combustível a uma dada pressão. Figura 3. Andaimes sendo montados pela parte externa do tanque. Fonte: https://www.utmaax.com.br/template/imagens/palavras-chave/inspecao-tanques-armazenamento-3.jpg. Acesso em: 21 out. 2019. Figura 4. Inspeção de cordão de solda por meio de aparelho de ultrassom. Fonte: <https://static1.squarespace.com/static/590cd934e6f2e1fda3fb906e/t/5bc47d314192027cad80fc6c/1539776824681/ Ultrassom.jpg?format=500w>. Acesso em: 21 out. 2019. 13 CAPÍTULO 2 Principais requisitos para se aplicar o ensaio não destrutivo São principais requisitos para a aplicação de ensaios não destrutivos: » Selecionar que meio será adotado para a inspeção do material ou do produto como aplicação de radiação, som ou eletromagnético. » Se o ambiente a ser inspecionado refere-se a imperfeições ou algum tipo de alteração de suas propriedades. » Aplicação por intermédio de dispositivos que possuam sensibilidade à modificação que está no material. » Todo um conjunto de variáveis que apresente os dados, um colaborador que esteja treinado e capaz de exercer tal função, para que o ensaio seja realizado de forma eficaz. Como principal fator, podemos levar em consideração em um ensaio não destrutivo, podendo colocar os dados detectados pelos colaboradores envolvidos: » corrosões; » porosidades; » bolhas; » inclusões. Normalmente, temos que as imperfeições começam quando algum fator externo age sobe o material em questão e com isso no decorrer do tempo o problema pode aumentar, acarretando defeitos muito grandes que podem resultar em um material ou peça que ficará inutilizado. Todo colaborador que esteja habilitado a realizar tais ensaios deve ser treinado e habilitado. Quando pensamos em executar tais ensaios, devemos ter em mente que para uma inspeção correta de um ensaio END deve-se levar em consideração a vida útil do material ou peça em estudo (ZOLIN, 2011). 14 UNIDADE I │ ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS Alguns ensaios END que são realizados em indústrias são: » teste hidrostático; » estanqueidade; » ultrassom; » líquidos penetrantes; » raios x; » gamagrafia; » partículas magnéticas etc. Algumas vezes, temos algumas limitações que são desvantagens como: precisão, imperfeições etc. Podemos, então, assumir que o uso de mais de um ensaio seja necessário. No quadro a seguir, pode ser verificado um comparativo entre as desvantagens, vantagens e o uso dos END. Quadro 2. Comparativo entre ensaios não destrutivos. Comparativo entre ensaios não destrutivos Método Características Vantagens Limitações Exemplo de uso Ultrassom Mudança na impedância acústica causada por trincas, inclusões ou interfaces. Podem penetrar em materiais espessos, excelente para detecção de trincas, de ser automatizados. Normalmente requer o acoplamento ao material, contato com a superfície ou imersão tal como a água. Superfície deve ser lisa. Inclusões, laminação, trincas, rechupes, poros, falta de fusão. Radiografia Mudanças na densidade por vazios, inclusões, materiais variados, localização de partes internas. Podem ser usados para inspeção de uma gama de materiais e espessuras, versátil possui filmes para gravação das inspeções. Segurança radiológica, requer precauções, detecção de trincas, podem ser difíceis perpendicularmente ao raio X. Solda de penetração em tubos para inclusões e vazios internos. Ensaio Visual Superfícies características tais como trincas com cores, tensão em materiais transparentes, corrosão. Muitas vezes conveniente, pode ser automatizado. Só pode ser aplicado em superfícies por meio de abertura de superfície, ou material transparente. Madeira, o metal para acabamento superficial e uniformidade. Corrente Parasita Mudança na condutividade elétrica causada por vários materiais, trincas, vazios ou inclusões. Prontamente automatizado, custo moderado. Limitado a materiais condutores de eletricidade, profundidade de penetração limitada. Tubos de trocador de calor para a parede desbastes e trincas. Líquido penetrante Aberturas de superfície devido a trincas, porosidade, soldagensou dobras. Barato, fácil uso, prontamente portátil, sensível para pequenas falhas superficiais. As falhas devem estar abertas à superfície. Não é útil em materiais porosos ou superfícies rugosas. Lâmina de turbina com trincas superficiais ou porosidade. Partícula magnética Fuga de fluxo magnético gerado pela superfície ou próximo a superfície, trincas, vazios, materiais com ou sem alterações de geometria. Baratos ou com custo moderado, sensíveis a ambas as superfícies e defeitos. superficiais próximos. Limitada a materiais ferromagnéticos, pode ser necessária a preparação de superfície e desmagnetização pós inspeção. Rodas ferroviárias com trincas, grandes peças. Fonte: Zolin (2011). 15 UNIDADE IIPARTÍCULA MAGNÉTICA CAPÍTULO 1 Descrição do método O ensaio por partículas magnéticas ocorre por meio de uma visualização de onde está ocorrendo a imperfeição, seja ela superficial ou sub superficial, em materiais de natureza ferromagnética. A utilização de tal pode ser em materiais acabados, semiacabados ou durante qualquer etapa do processo de fabricação. Temos que tal processo ocorre quando um material ou peça é exposto a um campo magnético, se este tiver alguma imperfeição nas propriedades magnéticas do material em questão irá ocorrer uma fuga de fluxo magnético, com isso ocorre um aglomerante de partículas férricas no campo de fuga já que acontece uma atração dessas partículas por intermédio do campo magnético que se forma. Quando ocorre esse aglomerante de partículas, estas formam um campo de fuga nítido, o qual indica eficazmente onde ocorre a imperfeição e qual seu real tamanho. Magnetismo É sabido de todos que um material que apresente as características ferromagnéticas quando aproximado a um material imã é atraído por este. Portanto, temos que o magnetismo nada mais é do que uma atração entre esses materiais. Essa formação pode ser do tipo repulsão ou atração. Com isso, pode-se classificar os imãs como: » Artificiais, que são feitos a partir de bases metálicas para tal finalidade. » Naturais, como sendo pedras imãs encontradas na natureza. 16 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA A palavra magnetismo é originária da Turquia, onde o mineral, conhecido como magnetita, que se trata de um imã natural, foi descoberto. Na figura a seguir, podemos verificar como funciona um imã. Figura 5. Funcionamento de um imã, seja ele natural ou artificial. Campo magnético Imã permanente Fonte: Ferraresi (2011). Polos magnéticos Tratando-se de barra imantada, suas características são diferentes em pontos distintos, ocorre uma força de repulsão ou de atração na sua extremidade. Nessa extremidade em que acontece a atração, adotamos como sendo o polo magnético. Quando colocamos em um experimento duas barras imantadas próximas, sendo uma fixada e a outra livre, ocorre uma força de atração, e as barras se juntam se girarmos a barra em 180o e encostarmos a outra verificaremos ocorrerá a repulsão, com isso tiramos que existem duas espécies de polos. Um gera a atração e outro repulsão. Concluímos então que polos iguais repelem e polos diferentes atraem. Campo magnético Nada mais é do que uma modificação de certo local devido à presença de um imã. Quando nesse campo coloca-se, por exemplo, lima de ferro podem ser visualizadas as linhas de indução que se formam, elas têm como característica serem contínuas e formam o campo magnético. Vetor indução magnética Com o intuito de se determinar a ação do imã em específicos locais do campo magnético, nesse local adiciona-se um vetor que também é conhecido como vetor de indução, cuja simbologia é B. 17 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II Temos que a medida da concentração das linhas de indução é dada em tesla (T) ou gauss (G). Caso as linhas de indução sejam paralelas entre si, podemos dizer que o vetor indução é constante em qualquer ponto daquela região em específico. O sistema internacional de unidades define que Tesla (T) nada mais é do que uma indução do tipo magnética uniforme que produz uma força constante de 1N/m2 referente a um condutor do tipo retilíneo que fica localizado no vácuo e é percorrido por uma corrente invariável de 1 ampere, sendo perpendiculares as direções de indução magnética, força e corrente (FERRARESI, 2011). Os campos magnéticos não acontecem somente quando tem imã. Foi em meados de 1820 que o renomado físico Hans Christian Oersted revelou a todos que uma corrente elétrica poderia passar por um fio condutor e produzir um campo magnético de intensidade igual a corrente elétrica aplicada. Ele comprovou por meio do experimento que podemos visualizar na figura a seguir. Figura 6. Experimento de Oersted. Bateria 12V Ponta do compasso Fonte: Ferraresi (2011). Se um material é exposto a um campo magnético de indução, este forma um campo magnético que é constituído por infinitos dipolos magnéticos que ficam alinhados na direção H. O que pode acarretar um magnetismo na superfície e interior do material. Esse campo magnético induzido recebe o nome de B. A força magnetizante “H” pode ser medida em Oersted (Oe) ou Amperes/metro (A/m). Sendo que a relação entre “B” e “H” define uma característica do material magnetizado ao que denominamos de permeabilidade magnética do meio. Tem-se, por definição e convenção, a intensidade de um campo magnético criado por uma corrente de 1A que caminha num condutor retilíneo de comprimento infinito e com área de seção transversal desprezível, em qualquer ponto de uma superfície cilíndrica de diretriz circular com 1m de circunferência e que tem como eixo o referido condutor. 18 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA Fluxo magnético De acordo com o sistema internacional de medidas, pode-se dizer que o Weber (Wb) é o fluxo magnético que atravessa uma superfície plana cuja área corresponde a 1 metro quadrado, perpendicular à direção de indução magnética homogênea de 1 tesla, logo podemos expressá-la como: 1 Wb = 1 T.m2 Expressa o quanto o material pode ser magnetizado ou não. Trata-se de uma relação estabelecida entre duas grandezas, condutividade magnética do ar e condutividade magnética do material, exposto ao magnetismo externo e uma força de magnetização externa. Esse tipo de permeabilidade não é constante e se relaciona diretamente à força externa de magnetização. Materiais classificados de acordo com sua magnetização Podemos classificar os materiais em três distintos grupos, os quais são: » diamagnéticos; » paramagnéticos; » ferromagnéticos. Diamagnéticos (µ<1) Trata-se de que pouco se repelem de um imã. Não sendo próprios para esse tipo de material os ensaios por meio de partículas magnéticas. Ex.: chumbo, zinco, prata entre outros. Paramagnéticos (µ=1) Trata-se de um tipo de material que pouco se atrai por um imã. Não sendo próprios para inspeção por partículas magnéticas. Ex.: alumínio, cromo, estanho, platina entre outros. Ferromagnéticos (µ>1) Trata-se de material muito atraído por um ímã. Sendo os mais indicados para a inspeção por partículas magnéticas. Ex.: quase todos os tipos de aço. 19 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II O magnetismo do material e a magnetização externa estão diretamente ligados à permeabilidade magnética de um material. Existem tabelas que nos trazem a condição de saturação magnética total de vários materiais, vendo essa saturação adquirida quando ocorre um aumento do campo magnetizante (H) e nenhuma alteração no magnetismo do material (B) (FERRARESI, 2011). No vácuo, a permeabilidade fica em: µ = 4. x 10-7 T.m/A (MKSA), utilizada para calcular os campos magnéticos formados a partir de condutores elétricos. Por meio da curva de Histerese, pode-se verificar a variação de B e H, conforme figuras 7 e 8 a seguir. Figura 7. Curva de Histerese. B B H Hc Saturação Fonte: Santos (1999). Figura 8. Intensidade do campo magnético de acordo com cada tipo de material. 2,0 2,0 2,0 0,5 0 H 0 Aço 2,02,0 2,0 5000 10000 15000 Fonte: Santos (1999). 20 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA No quadro a seguir, podemos verificar para alguns materiais a variação de indução (B) e a forma magnetizante (H). Quadro 3. Variação da Indução B com a Força magnetizante H de alguns materiais. H B (Grauss) Oersted Ferro Níquel Cobalto 20 15500 5100 1200 40 16200 5500 2800 60 16800 5700 4400 80 17300 5800 6000 100 17700 5900 6800 120 17900 6000 7500 Fonte: Santos (1999). Retentividade É a capacidade de um dado material segurar uma porção do campo magnético depois que a força magnetizante para. Força coercitiva É uma magnetização do tipo inversa, a qual é realizada no material anulando o magnetismo residual. Campo de fuga Quando ocorre o novo caminho das linhas de força que dão origem a novos polos ocasionando, assim, uma dispersão das linhas fluxo magnético que originam um campo de fuga. Na figura a seguir, podem ser verificadas as linhas de força perturbadas pela presença de uma descontinuidade e, assim, originando um campo de fuga. Figura 9. Material contendo uma trinca superficial, originando campo de fuga. Campo de fuga Campo magnético Material Ferro magnético Fonte: Santos (1999). 21 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II Quando realizamos o ensaio de partículas magnéticas, ao colocarmos um pó de ferro magnético onde ocorre o campo de fuga, ocorrerá 1 aglomerado de partículas, as partículas se unem no contorno do campo de fuga, já que ocorre um dipolo magnético. Portanto, o ensaio por partícula magnética é um detetive de campos de fuga, cujos são vistos em presença de acúmulo de partículas. Quando pensamos na prática de fuga, esta só ocorre quando a intensidade desse campo atingir adequados valores e as linhas de força serem perpendiculares ao plano de descontinuidade, pois caso não existam essas condições, não se acumulam nitidamente. O campo de fuga somente pode ser visto quando ocorre uma diferença nas características magnéticas do material. Dessa forma, todo tipo de descontinuidade como trinca, falta de fusão, escórias, porosidade entre outras tem características magnéticas bem diferentes do metal base, com isso o ensaio tem grande sensibilidade de detectá-lo (FERRARESI, 2011). O tamanho da descontinuidade apresentada pelo material também interfere no campo de fuga, o que acarreta o ensaio por partículas magnéticas, sejam os mais indicados dos métodos superficiais até mais que o ensaio de líquido penetrante para materiais ferromagnéticos. 22 CAPÍTULO 2 Metodologia para magnetização Magnetização do tipo longitudinal Ocorre um campo magnético na longitudinal da peça. Essa magnetização longitudinal é tida por meio de indução de campo por bobinas ou eletroímãs, como podemos verificar na figura a seguir. Figura 10. Magnetização do tipo longitudinal por meio de bobina indutora. Bobina indutora Corrente elétrica Corrente elétrica Campo magnético Fonte: Santos (1999). Magnetização circular Nesse tipo de magnetização, que pode ser realizada por meio de indução ou passagem de corrente elétrica através do material, as linhas de força que formam o campo magnético transitam pela peça em um circuito fechado, dando ponte muito utilizada para a detecção de descontinuidade longitudinal. Na seguinte figura, podemos verificar uma magnetização do tipo circular por meio de corrente elétrica por um condutor. 23 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II Figura 11. Magnetização circular por meio de corrente elétrica por condutor. Condutor Campo magnético Fonte: Santos (1999). Magnetização do tipo multidirecional Chamada também de vetorial ou combinada é uma técnica na qual se utiliza ao mesmo tempo dois ou mais campos magnéticos em um material ou uma peça, por meio do método longitudinal e outro por meio do método circular. Nada mais é do que a combinação de duas técnicas que geram o vetor rotativo, possibilitando a visualização de descontinuidades em várias orientações do material ou da peça. Existem algumas normativas que indicam a utilização de corrente trifásica, retificadores de onda completa para a utilização desse tipo de técnica (FERRARESI, 2011). São vantagens dessa técnica: » redução do tempo de inspeção; » redução de utilização de partículas magnéticas; » menor probabilidade de erros ao inspecionar a peça, já que se observa ao mesmo tempo descontinuidades tanto na transversal quanto na longitudinal; » ensaio mais rápido; » produtividade maior. Portanto, realizar a magnetização simultânea reduz o tempo de execução aumentando a produção. 24 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA Porém, ressalta-se que existe um limite de ajuste da intensidade do campo magnético que é preciso a fim de se obter um resultado capaz de detectar as descontinuidades nas duas direções do material ou peça em estudo, tanto as longitudinais quanto as transversais (FERRARESI, 2011). Esse tipo de ajuste é feito em peças ou materiais com defeitos conhecidos, a magnetização simultânea é mais eficaz em detectar descontinuidades de diferentes direções, afirma-se que uma desvantagem é o acréscimo de uma etapa do ensaio. Um campo magnético só é formado quando ocorre a indução deste ou indução da corrente elétrica, ocorrendo quando o campo magnético que foi feito na peça é induzido de forma externa. Quando temos a passagem de corrente onde ocorre a magnetização, ou a peça em estudo integrante do circuito elétrico do equipamento de magnetização, ou seja, a corrente de magnetização passa pelo próprio material. É muito importante ter cautela na utilização desse tipo de técnica de magnetização por passagem de corrente, já que pode haver um espaço de um arco elétrico nos pontos de saída de corrente, queimadura no material nessa região quando pensamos em uma peça do tipo acabada e isso é inadmissível e também pode representar um risco de explosão de incêndio, caso no ambiente em questão tenha vapores ou gases do tipo inflamável (SANTOS, 1999). Correntes elétricas utilizadas A fim de se inspecionar por meio de partículas magnéticas, as correntes elétricas mais usuais são: » A corrente contínua: feita por intermédio de baterias, mas, atenção, pois não são usuais em processos industriais. Figura 12. Corrente contínua. - V + Tempo Corrente Contínua Fonte: Santos (1999). 25 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II » Corrente alternada: utilizada para se descobrir descontinuidades superficiais em materiais ou peças por seu ciclo ser alternado. É capaz de realizar uma mobilidade maior das partículas, linhas de força com maior concentração superficial e com isso mais utilizadas para detecção de descontinuidades superficiais. Na figura a seguir, podemos verificar uma corrente alternada. Figura 13. Corrente alternada. V+ Tempo - Corrente Alternada Fonte: Santos (1999). » Corrente alternada de meia onda: utilizada para verificar a descontinuidade subsuperficial, ou seja, há poucos milímetros de profundidade. Figura 14. Corrente alternada retificador de meia-onda. Tempo V+ - Fonte: Santos (1999). » Corrente alternada retificada de onda completa: utilizada para verificar descontinuidades subsuperficiais. Sua utilização e algumas técnicas podem apresentar até 12mm de profundidade. Podemos verificar esse tipo de corrente na figura a seguir. 26 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA Figura 15. Corrente alternada retificada de onda completa. V tempo + - Fonte: Santos (1999). Existem duas opções para se utilizar a corrente trifásica na forma retificada de meia-onda ou onda completa, sendo esta a que mais se parece com uma corrente contínua. Corrente alternada trifásica retificada de onda completa As correntes alternadas podem ser obtidas em forma monofásica ou trifásica, o que afeta momento do sistema de expressão a ser escolhido. Magnetização por passagem de corrente elétrica É o tipo de técnica em que a corrente circulapelo material por meio de contato direto ou eletrodos. Técnica dos eletrodos Técnica na qual se utilizam eletrodos conhecidos também como “Pontas”, os quais quando apoiados sobre a superfície do material possibilitam a passagem de corrente elétrica. O campo magnético que se forma é do tipo circular. Esse tipo de técnica é aplicado em soldas, peças brutas fundidas, caldeiraria entre outros. Inspeção por eletrodos A técnica acima de escada forma um campo magnético que depende da distância entre o eletrodo é a corrente elétrica que circula por eles normalmente 27 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II esses valores são tabelados e ficam disponíveis dentro das normas técnicas de expressão que são aplicadas ao produto ou material ensaiado (SANTOS, 1999). São de 8 polegadas o máximo espaçamento que se pode dar entre o eletrodo. Espaçamentos menores podem ser usados quando existe uma limitação na geometria da área que está sendo ensaiada, sendo que 3 polegadas é o mínimo de espaçamento que se pode deixar entre os eletrodos. Na figura a seguir, podemos verificar um aparelho utilizado para a técnica de eletrodos, ele é portátil e permite atingir até 1500 amperes, sendo utilizada corrente contínua ou alternada. Figura 16. Aparelho para ensaio de eletrodos. Fonte: http://equipamentos.entran.com.br/wp-content/uploads/2016/09/hipots_mini.png. Acesso em: 21 out. 2019. Técnica do contato direto Técnica de magnetização onde ocorre a passagem da corrente elétrica de uma extremidade a outra do material, sendo o campo magnético de formato circular. Pode ser utilizada em sistemas de inspeção semiautomático para ensaios com barras, parafusos, eixos e, principalmente, em indústria automobilística ou fábricas de produtos de pequeno porte. (SANTOS, 1999). Figura 17. Técnica de inspeção por contato direto. Peça Polos magnéticos Correntes elétricas Campo magnético circular Fonte: Santos (1999). 28 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA Algumas outras limitações podem ser requeridas de acordo com o ensaio ou a especificação aplicável na expressão. Quando a peça não tem o formato redondo, a corrente elétrica aplicada pode ser determinada por meio do diâmetro maior da peça da seção perpendicular, o fluxo da corrente elétrica passa a ser obtido por limitações técnicas dos equipamentos utilizados, utiliza-se o padrão indicativo de campo magnético para a certificação de que foi satisfatória a máxima corrente elétrica aplicada (SANTOS, 1999). Magnetização por indução de campo magnético Após o material ter sido inserido dentro de uma bobina solenoide, gera-se o campo longitudinal na peça. Essa bobina ou solenoide é constituída por um enrolado de fios que conduzem a corrente elétrica, seja ela alternada ou contínua, dando origem ao campo magnético, cuja intensidade depende diretamente da corrente que passa na bobina e também do número de voltas que o enrolamento da bobina tem (SANTOS, 1999). Existe uma fórmula que estipula a razão entre o comprimento e o diâmetro da peça, vejamos: Ampere-volta = 35000/ (L/D) +2 (10%) Onde: l = comprimento da peça D = diâmetro da peça Técnica do Ioque ou Yoke Consiste na indução de um campo magnético formado por meio de um eletroímã em formato de U invertido que fica apoiado no material a ser ensaiado. Por meio do eletroímã circula a corrente elétrica contínua ou alternada. É formado, então, um campo magnético na peça paralelo à linha imaginária que une as duas pernas do Yoke, como podemos verificar na figura a seguir. Figura 18. Técnica de inspeção por meio de Yoke magnético. Bobina Campo magnético longitudinal Solda Fonte: Santos (1999). 29 PARTÍCULA MAGNÉTICA │ UNIDADE II A produção de campos magnéticos longitudinais ocorre por meio dos ioques, podendo ser de pernas articuláveis ou fixas. Ioques de pernas articuláveis Possuem uma série de posições de trabalho, garantindo assim um bom encaixe dos polos magnéticos. Não aquece os pontos de contato, pois utiliza corrente elétrica magnetizante que passa pelo enrolamento da bobina do ioque e não pela peça (SANTOS, 1999). Algumas normas estipulam que o campo magnético formado na região de interesse de uma determinada área esteja entre 17 e 65 A/cm. Outros dados devem ser levados em consideração, como a capacidade mínima de levantamento de massa calibrada, a qual deve equivaler a 4,5 de aço, em um máximo entre polos quando for utilizada a corrente alternada de 18,1 kg. Figura 19. Magnetização utilizando ioke. Fonte: https://portalmbinspecoes.files.wordpress.com/2007/12/83.jpg?w=468. Acesso em: 21 out. 2019. Técnica de inspeção por condutor central Nesse tipo de técnica um fio condutor ou um conjunto de cabos passa no seu centro. A corrente elétrica resulta em um campo magnético circular na superfície interna ou externa da peça. Dessa maneira, o tipo de peça que pode ser inspecionada utilizando esse tipo de técnica são as com geometria circular como porcas, anéis entre outras. 30 UNIDADE II │ PARTÍCULA MAGNÉTICA Em caso em que a peça tem um diâmetro muito grande ou condutor pode ser colocado na superfície interna da peça, sendo que as superfícies devem ser inspecionadas em incrementos como no contato direto a corrente elétrica de magnetização é determinada, considera apenas que um condutor passe internamente à peça, o campo magnético cresce de acordo com o número de cabos condutores centrais que passam na peça. O uso do padrão indicat ivo de campo é sempre um requis i to recomendado para a cer t i f i cação da intens idade do campo magnét ico gerado (SANTOS, 1999) . 31 UNIDADE IIIULTRASSOM CAPÍTULO 1 Princípios básicos do método Sons de frequência muito baixa, ou até 20Hz, ou com frequências muito altas, ou seja, acima de 20kHz não são perceptíveis pelo aparelho auditivo humano. São esses princípios simples que constituem o fundamento do ensino ultrassônico de materiais. Temos no passado que ensaios de sinos ou eixos ferroviários eram realizados com testes por meio de martelo, em que o som produzido pela peça apresentava a presença de rachaduras ou trincas grosseiras devido ao som característico emitido. Uma onda sonora reflete a luz que incide num anteparo qualquer à vibração. Uma onda ultrassônica ao percorrer um meio elástico pode ser um metal, um plástico, concreto etc. Reflete da mesma forma ao emitir numa descontinuidade ou numa falha interna neste meio considerado. São detectadas localizando e interpretando as descontinuidades do material. Um ensaio por ultrassom nada mais é que um método não destrutivo com o objetivo de detectar defeito ou descontinuidade interna presente nos mais variados tipos ou formas de materiais. Os defeitos vão desde microtrincas, dupla laminação, escórias duplas entre outros. Esse tipo de exame visa diminuir o grau de certeza na utilização de materiais ou peças de grande responsabilidade. Campo de aplicação Atualmente, para materiais não ferrosos é difícil de ser utilizado, já que requer procedimentos especiais. 32 UNIDADE III │ ULTRASSOM Limitações Vantagens e limitações para sua aplicação: Esse tipo de método é bem sensível para detectar pequenas descontinuidades como: » Trincas causadas por tratamento térmico, fissuras e outros que são difíceis de detectar por ensaio de radiação penetrante. » A expressão ocorre de forma rápida, já que os dados obtidos não precisam de processos intermediários. » Não precisa de qualquer utensílio ou planos especiais de segurança para aplicação. O estudo do tamanho e como está formada essa descontinuidade são fatores intrínsecos a esse tipo de exame, enquanto os demais exames não conseguem definir esses fatores. Exemplo, defeito apontado por um ensaio com a utilização de um filme radiográfico pode definir tamanho, porém a profundidade não é definida, sendo esse um dos fatores mais importantes para se realizar um reparo. Comparação a outros ensaios » O inspetor deve ter grandeembasamento teórico e experiência. » Não há facilidade para se obter o registro permanente desse tipo de ensaio. » Uma grande dificuldade para a aplicação do ensaio são faixas com espessuras muito finas. » Em alguns casos, é preciso fazer um reparo na superfície para sua aplicação, casos como solda é necessário remover o reforço da solda. » É comum o inspetor ficar inseguro quanto à identificação do que foi detectado. Esse tipo de ensaio é concorrente direto dos ensaios radiográficos, pois estes são capazes de detectar descontinuidades internas. Porém, por meio da imagem radiográfica das descontinuidades torna-se mais confiável e fácil de ser interpretado se comparado a uma indicação mostrada na tela de um aparelho de ultrassom. 33 ULTRASSOM│ UNIDADE III Diante do tipo de descontinuidade encontrada, alguns códigos de construção ressaltam que o ensaio radiográfico deve ser realizado antes do ultrassom. Nas figuras 20 e 21 a seguir, podemos verificar uma descontinuidade de uma solda em uma imagem radiográfica e como é visualizada na tela de um aparelho de ultrassom. Figura 20. Descontinuidade de uma solda detectada via imagem radiográfica. Fonte: https://docplayer.com.br/docs-images/71/65896282/images/26-0.jpg. Acesso em: 21 out. 2019. Figura 21. Descontinuidade de uma solda detectada em uma tela do aparelho de ultrassom. Fonte: https://yata.ostr.locaweb.com.br/2b077802dca4ba6c7e07bcfba04a511c46767cfe368da21dcd3b4ee3bcd085cf. Vibrações mecânicas Tipos de ondas O teste ultrassônico é realizado por meio da utilização de ondas mecânicas ou ondas acústicas que são propagadas onde está ocorrendo a inspeção. 34 UNIDADE III │ ULTRASSOM Uma onda mecânica é composta por oscilações de partículas no meio em que está inserida. A energia acústica que transita entre o meio permite que as partículas que a compõem realizem o movimento de oscilação em torno da posição de equilíbrio, sendo sua amplitude de movimento menor conforme o tempo que a onda perde energia adquirida. Caso o meio em inspeção seja elástico, ou seja, suas partículas são rigidamente ligadas, vendo celular em qualquer direção com isso classificamos as ondas acústicas em quatro diferentes tipos. Ondas longitudinais ou de compressão Trata-se de onde as partículas oscilam na direção de propagação da onda, podendo ser transmitidas a sólidos e gases. Quando ocorre o primeiro plano de partícula vibrar e transferir essa energia cinética para o próximo plano, todos passam auxiliar e vibrar na mesma direção de propagação da onda com isso forma-se zonas diluídas. Sendo que a distância entre duas ondas de compressão determina o comprimento de uma onda. O método de propagação da onda longitudinal possui uma alta velocidade de propagação. Quadro 4. Velocidades de previsão de ondas de alguns materiais. Material Velocidade m/s Ar - Alumínio 3100 Cobre 2300 Acrílico 1100 Alumínio 3100 Ouro 1200 Aço 3200 Aço inoxidável 3100 Aço fundido 2400 Nylon 1100 Óleo (SAE30) - Água - Prata 1600 Titânio 3100 Níquel 3000 Magnésio 3000 Fonte: Andreucci (2014). 35 ULTRASSOM│ UNIDADE III Pelo fato de o movimento oscilatório da partícula da superfície ser complexo, a velocidade de propagação da onda superficial entre duas fases diferentes equivale a ser 10% menor do que uma onda transversal. A onda superficial que não possui um componente normal se propaga em movimento paralelo à superfície e transversal em relação à direção de propagação, sendo chamada de onda de Love, é aplicada a exames de finas camadas de materiais que recobrem outros tipos de materiais. Já para ondas superficiais que se propagam com comprimento de onda próximo à espessura da chapa ou do material ensaiado, a expressão não fica somente na superfície, mas em todo o material esse tipo de onda damos o nome de Lamb. Ela pode ser gerada a partir de uma onda longitudinal quem decide de acordo com o ângulo de inclinação em relação à chapa do material. Frequência A classificação das ondas acústicas acontece por meio da frequência sendo medida em ciclos por segundo. Portanto, o número de ondas que passam por segundo pelos nossos ouvidos é como são classificadas e medidas as ondas acústicas. Caso tenhamos algum som com 280 Hz, significa que 280 ciclos ou ondas passam por nosso ouvido a cada segundo. Na figura 22 abaixo, podemos verificar as ondas de infrassom e ultrassom. Figura 22. Campo de audibilidade das vibrações mecânicas. 20Hz 20Hz Fonte de som Infrassom Som Ultrassom Fonte: Andreucci (2014). Por meio da figura 24, podemos verificar que o campo de audibilidade é conservado de 20kHz, a partir deste denomina-se ultrassônica. Propagação Existem inúmeras formas para o som se propagar. A velocidade nada mais é do que a distância que a onda ultrassônica percorre por unidade de tempo, sendo 36 UNIDADE III │ ULTRASSOM que a velocidade está ligada ao meio sendo sempre uma constante independente da frequência. Comprimento de onda Como exemplo, podemos citar o ato de jogar uma pedra no lago com águas calmas, instantaneamente cria-se uma pergunta: pela pedra, o que forma ondas superficiais circulares? Sendo a frequência o número de ondas que passam por um observador fixo, a velocidade pode ser imaginada e também podemos estabelecer o comprimento entre dois picos de ondas consecutivos, para esta medida damos o nome de comprimento de onda e é representado pela letra grega Lambda (λ). Relações entre velocidade, comprimento de onda e frequência Relação entre comprimento de onda, frequência e velocidade Podemos estabelecer a seguinte relação entre esses três parâmetros: velocidade, frequência e comprimento de onda. V = λ.f Onde: V = velocidade; F = frequência; λ = comprimento de onda. Desta equação podemos definir o comprimento de onda, já que a velocidade geralmente é conhecida, porém depende da fonte de emissão que também geralmente é dada. Intensidade sonora Temos algumas definições importantes a serem apresentadas: Bell trata-se de uma grandeza que define o nível de intensidade sonora comparando entre dois sons distintos. Como podemos ver na expressão a seguir. . . . log lN I S B lo = 37 ULTRASSOM│ UNIDADE III Onde: I e Io são duas intensidades sonoras (W/cm2). Mas, temos que um decibel é igual a 1/10 do Bell, então temos que a expressão fica: . . . 10 log lN I S dB lo = Por fim, podemos, por meio da teoria de movimentos harmônicos, colocar que quantidade de vibração é proporcional ao quadrado, e com isso escrever a equação para forma de nível de amplitude sonora (NAS). . . . 20 log AN A S dB Ao = A relação acima é uma comparação entre o sistema eletrônico que contém duas amplitudes de sinais emitidos e recebidos pelo transdutor ultrassônico. Campo próximo Conhecido também como zona de fresnel, delimitando que o cristal piezoelétrico é o gerador de ondas ultrassônicas e seja formado por infinitos pontos de maneira que cada ponto produz ondas que se propagam no meio, como uma pedra que cai em uma água calma produzindo ondas circulares na superfície cada ponto se mantém da mesma forma e produz ondas esféricas no meio de propagação. Campo Sônico próximo Cristal Esta região próxima ao cristal onde os fenômenos se manifestam denomina-se com uma extração N, está ligada ao diâmetro do cristal e do comprimento de onda da vibração podendo ser obtida pela seguinte equação: 2 2 ou 4 4v Def Def fN N λ = = Onde: Def = diâmetro efetivo do cristal; - cristais circulares Def = 0,97 x diâmetro do cristal. - cristais retangulares, Def = 0,97 x metade do comprimento do lado; 38 UNIDADE III │ ULTRASSOM maior do cristal; f = frequência ultrassônica; λ = comprimento de onda; v = velocidade de propagação do som = λ x f. Esse Campo próximo significa uma dificuldade para se avaliar ou verificar pequenas descontinuidades ou se discute melhores menores do que o transdutor que fica nessa região, temos que o inspetor deultrassom deve manter a atenção a este possível problema. Campo distante Nesse tipo de campo comparando a taxa de luz de uma lanterna, reduza a intensidade comparado ao inverso do quadrado da distância. Conforme o campo próximo, campo distante e o fenômeno da divergência o campo sônico pode ter a seguinte forma geral como podemos verificar na figura a seguir. Figura 23. Classificação do tipo de zonas do campo sônico. Campo próximo Campo distante 1 2 3 Fonte: Andreucci (2014). Classificação das zonas do campo Sônico Conforme a figura acima, representado na região transdutor, descontinuidades estão difíceis de serem visualizadas, já na região 2 ocorrem descontinuidades um pouco maiores que podem ser visualizadas, e na região 3 as descontinuidades podem ser detectadas. Atenuação sônica Quando a onda percorre um material ela sofre alguns efeitos de dispersão e também de absorção que geram uma redução da energia desta. 39 ULTRASSOM│ UNIDADE III Esse tipo de pressão está ligada diretamente à interface natural da própria estrutura ou também seu processo de fabricação. Já o fenômeno de absorção acontece quando uma vibração acústica percorre um meio elástico. Então, a energia sai pela onda onde cada partícula do meio executa o movimento de oscilação transmitindo, assim, a vibração até as outras partículas do próprio meio. Com isso, se somarmos o fenômeno de dispersão e de absorção temos uma atenuação sônica. Esse tipo de fenômeno pode ocorrer e ser observado na tela de um aparelho de ultrassom, no qual ocorrem vários fatores de reflexão de fundo que provêm de uma peça com superfície paralela. A altura do eco diminui conforme a distância percorrida pela onda. Na figura 24, a seguir, podemos verificar como ocorre a absorção e a dispersão por meio de um aparelho de ultrassom. Figura 24. Absorção e dispersão por meio de ultrassom. 1 2 Estrutura fina Estrutura grosseira 1 2 Fonte: Andreucci (2014). Quadro 5. Exemplos de valores de atenuação. Material Aço CrNi Atenuação sônica em (dB/mm) Forjados 0,009 a 0,010 Laminados 0,018 Fundidos 0,040 a 0,080 Fonte: Andreucci (2014). 40 UNIDADE III │ ULTRASSOM Esse fator pode até inviabilizar o ensaio. Como exemplo, podemos citar as soldas em aço inoxidável, as quais o controle de avaliação desta atenuação é a razão para justificar procedimentos de ensaios especiais. Avaliar de maneira certa essa terminação pode ser feita por meio do diagrama AVG ou DGS que veremos a seguir. Divergência do feixe sônico Responsável por perda de parte da intensidade de energia da onda sônica, fica em evidência quando ocorre o afastamento da fonte emissora das vibrações acústicas. Medimos esse fenômeno por meio do fator k na fórmula da divergência, na qual assumimos valores conforme verificamos no quadro a seguir. Quanto mais a borda do feixe sônico incide na descontinuidade em questão, menor será a amplitude do eco que estará relacionado ao fator K. Quadro 6. Valores de k, de acordo com a intensidade sônica. K % dB 0,37 71 -3,0 0,51 50 -6,0 0,70 25 -12,0 0,87 10 -20,0 0,93 6 -24,0 1,09 1 -40,0 1,22 0 0 Fonte: Andreucci (2014). Efeito piezelétrico Um determinado emissor vibrando certa frequência gera ondas ultrassônicas no material em estudo. O emissor nomeado transdutor, o cabeçote, pode ser de formato circular ou retangular. Se em uma lâmina ou placa aplicar-se coisas sobre esta, surge na superfície cargas elétricas, o contrário disto também é verídico, já se aplicar dois eletrodos sobre as faces opostas de uma placa de cristal piezoelétrica de forma que se possa carregar as faces eletricamente, a placa tem comportamento como se estivesse sob pressão e diminui a espessura. 41 ULTRASSOM│ UNIDADE III Portanto, o cristal piezelétrico tem o poder de transformar energia elétrica alternada em oscilações mecânicas e também de transformar a energia mecânica em energia elétrica. Diferentes cristais Materiais piezelétricos são: quartzo, sulfato de lítio, metaniobato de chumbo, zirconato-titanato de chumbo, titanato de bário etc. A fim de uma boa inspeção ultrassônica, não somente a potência de emissão mas também a sensibilidade de recepção são fatores importantes na escolha do Cristal. A frequência ultrassônica de cristal está diretamente ligada à sua espessura, cerca de 1mm para 4 MHz e 2 mm para 2 MHz. 42 CAPÍTULO 2 Tipos e utilizações de transdutores Transdutor normal Nada mais são do que cabeçotes monocristais geradores de ondas longitudinais do tipo normal até a superfície de acoplamento. São feitos de cristais piezelétricos que são acoplados a um bloco rígido denominado de amortecedor, sendo que sua parte livre é coberta por uma membrana de borracha ou resina especial. O amortecedor tem como função apoiar o cristal e também absorver as ondas emitidas pela face junto a ele. São três os tipos mais usuais de transdutores: » normais; » angulares; » especiais. O transdutor gera um impulso ultrassônico que ultrapassa o material e reflete em sua interface produzindo o eco. Esse eco retorna ao transdutor por meio de um sinal elétrico. Devemos ter cautela e proteger a face de contato entre o transdutor e a peça, evitar desgastes mecânicos. Pode ser utilizada membrana de borracha fina enriquecida com óxido de alumínio. Normalmente, os transdutores circulares têm diâmetro variando entre 5 a 24 mm, sendo com frequência entre 05 a 6 MHz, outros diâmetros e frequências também existem, porém são utilizados somente em aplicações especiais. Transdutores angulares O cristal forma certo ângulo com a superfície de um material, sendo esse ângulo inserido em uma cunha de plástico entre o cristal piezelétrico e a superfície em estudo. Essa cunha pode ser fixa, onde é fixada pela carcaça ou intercambiável. 43 ULTRASSOM│ UNIDADE III A cunha de plástico tem como função amortecer o cristal piezelétrico após a emissão dos impulsos. Sendo que o cristal piezelétrico pode variar em dimensão que recebe ondas ou impulsos ultrassônicos que penetram na cunha na direção paralela de emissão e em sentido contrário. Transdutores duplo-cristal Quando é necessário medir materiais com espessura menor ou quando é necessário definir descontinuidades logo abaixo de uma superfície, sua zona morta existente impede tal feito. Nesse caso, o cristal piezelétrico em um pequeno espaço de tempo após emissão recebe uma resposta não tendo essas vibrações amortecidas de forma suficiente. É aqui que a utilização do transdutor duplo cristal trabalha perfeitamente, em ambos os cristais são incorporados, na mesma carcaça, separados por um material acústico isolante inclinado em relação à superfície de contato. Cada um desses cristais tem como função emitir ou somente receber sendo indiferente qual deles exerce tal função. Por meio de um cabo é conectado o aparelho de ultrassom, o qual é ajustado para dois cristais. Por haver essa inclinação nos transdutores duplos, não podem ser utilizados para qualquer distância ou profundidade, visto que possuem uma boa faixa de expressão que deve ser observada. Esse tipo de transdutor é o mais utilizado e em procedimento de medição de espessura por ultrassom. Transdutor “PhasedArray” São transdutores compostos por dezenas de pequenos cristais ligados a circuitos independentes, os quais são responsáveis pelo controle do tempo de excitação de outros cristais. Na figura 25, podemos visualizar o funcionamento de um transdutor do tipo PhasedArray. 44 UNIDADE III │ ULTRASSOM Figura 25. Transdutor do tipo PhasedArray. Cristais com sinal em fase Cristais com sinal defasado no tempo Frente de onda resultante Frente de onda resultante Fonte: Andreucci (2014). Por meio desse tipo de transdutor é possível verificar a peça ou material de muitos ângulos, o que permite uma velocidade maior de inspeção. Por exemplo, podemos citar a inspeçãoem soldas, que conforme recomendado deve ser realizada pelo menos em dois ângulos diferentes. Vantagens em se utilizar o transdutor PhasedArray: » variedade de pontos focais para um mesmo transdutor; » variedade de ângulos de incidência para um mesmo transdutor; » varredura do material de forma eletrônica do feixe sônico; » variedade dos modos de inspeção; » maior flexibilidade; » para inspeção de juntas complexas. Impedância acústica, interface, acoplantes Quando colocamos o transdutor sobre o material ou peça a ser ensaiada, forma-se entre os dois uma camada de ar, cuja finalidade é impedir que vibrações mecânicas aconteçam. Definimos impedância acústica como sendo o produto da densidade do meio pela velocidade de propagação neste meio, representando assim a quantidade de energia acústica que é transmitida ao meio. Conforme podemos observar na expressão a seguir: Z = ρx V 45 ULTRASSOM│ UNIDADE III Onde: Z = impedância acústica; ρ = densidade do meio; V = velocidade do meio. Normalmente, o cálculo das frações de energia que é transmitida e refletida por meio da interface dos materiais é expresso como sendo: 2 2 1 2 2 1 ( Z ) ( Z ) ZR Z − = − Energia refletida T = 1 - R Energia Transmitida Onde: Z1 e Z2 = impedâncias dos dois meios que formam a interface. Como exemplo, podemos citar uma interface de aço com água transmitindo apenas 12%, em contrapartida, reflete 88% da energia ultrassônica. Logo, é importante utilizar líquidos para diminuir essa diferença e possibilitar que ocorra passagem das vibrações para o material ou a peça. Esse tipo de líquido é chamado de líquido acoplante e, de acordo com o acabamento superficial da peça, este é selecionado. Alguns fatores devem ser levados em consideração para a seleção eficaz de um líquido acoplante, sendo: o formato da peça, a dimensão da área de varredura, o tipo de material e a posição para inspeção. Quadro 7. Materiais acoplados mais utilizados. Acoplante Densidade (g/cm3) Vel. da onda longa (m/s) Impedância acústica (g/cm2.s) Óleo (SAE 30) 0,9 1700 1,5 x 10 x 102 Água 1,0 1480 1,48 x 102 Glicerina 1,26 1920 2,4 x 102 Carbox Metil Celulose 1,20 2300 2,76 x 102 Aço 7,8 5900 46 x 102 Ar ou gás 0,0013 330 0,00043 x 102 Aço inoxidável 7,8 5800 45,4 x 102 Alumínio 2,7 6300 17,1 x 102 Acrílico 1,18 2700 3,1 x 102 Cobre 8,9 4700 41,6 x 102 Borracha 1,1 1800 2 x 102 Titânio 4,5 6100 27,3 x 102 Magnésio 1,74 5800 10 x 102 Vidro 2,5 5700 14,2 x 102 Fonte: Andreucci (2014). 46 UNIDADE III │ ULTRASSOM Diagrama AVG Também conhecido como DGS, esse tipo de diagrama tem como finalidade facilitar a inspeção de uma série de parâmetros dentro do ensaio ultrassônico referente ao material, qual o tamanho mínimo da descontinuidade, o feixe sônico entre outros. Por meio desse diagrama, podemos determinar a atenuação sônica do material, por este que é muito cobrado para se comparar o critério de qualidade requerido principalmente em forjados, nas maiorias das aplicações. Como se determina o tamanho de um refletor no diagrama DGS A determinação do tamanho desta continuidade ocorre por meio do método do AVG, caso a descontinuidade seja menor que o diâmetro do transdutor. Ocorre que para se determinar o tamanho da continuidade é realizado um comparativo ao refletor equivalente no diagrama AVG, com as seguintes etapas, para isso vamos adotar um exemplo de transdutor normal B2S e uma peça forjada com superfície paralela de espessura de 250 MM que contém um pequeno refletor a uma profundidade de 200 mm a ser determinada: » Deve ser realizado ajuste do eco de fundo a fim de que a altura esteja a 80% da altura da tela, em certa região da peça onde não tenha descontinuidades. » O eco correspondente ao transdutor que está em cima da descontinuidade deve ser maximizado. » Deve ser realizada a leitura em dB da diferença entre o fundo a 80% e o Eco da descontinuidade, utilizando o controle de ganho, a título de exemplo vamos considerar +14 dB: › realiza-se uma perpendicular na profundidade de 250mm até a curva do Eco de fundo no diagrama AVG do transdutor B2s; › determinado este, na mesma perpendicular reduzir 14 DB e segue paralelo ao eixo de profundidade no caso o eixo X até encontrar com a perpendicular que equivale à profundidade da descontinuidade de 200 mm; 47 ULTRASSOM│ UNIDADE III › nesse ponto de cruzamento, realiza-se a leitura da curva do refletor que estiver mais próxima. Deve-se levar o tamanho do refletor equivalente encontrado. A aplicação para esse tipo de diagrama é para realizar a inspeção de forjados e solda, é preciso o refletor de referência, o que é estabelecido pela Norma, o código para calibração do ensaio. Atualmente, vários aparelhos de ultrassom digitais possuem essas curvas já na memória, tendo como vantagem que não é necessário fabricar blocos de referência com furos e com isso reduzir os custos. Temos que a inspeção por ultrassom pode ser realizada por dois métodos distintos, os quais serão vistos a seguir. Técnica de pulso eco Nesse tipo de técnica somente um transdutor fica responsável pela emissão e recebimento das ondas ultrassônicas que se propagam na pesca. Aqui, o transdutor é acoplado somente em um lado da peça e assim pode se concluir a profundidade da descontinuidade, dimensões e a localização. Técnica de transparência Tipo de técnica que se realizam transdutores separados, na qual um transmite e outro recebe as ondas ultrassônicas. Nesse tipo de técnica se faz necessário o acoplamento dos tradutores nos dois lados da peça e de forma que estes estejam alinhados, não é possível determinar a posição de descontinuidade, extensão, nem mesmo sua localização, portanto utiliza-se sua localização na peça sendo somente um ensaio do tipo passa não passa. Esse tipo de técnica pode ser aplicado para chapas, juntas soldadas, barras, em que só se realiza o critério comparativo de avaliação do sinal recebido, ou seja, da altura do eco na tela. Com a automatização crescente e robótica, sistemas digitais de ultrassom ganham espaço, e possibilitam que a inspeção de peças seja realizada de forma simples e rápida. 48 UNIDADE III │ ULTRASSOM Figura 26. Sistema automatizado de inspeção por transparência. Fonte: https://www.bannerengineering.com/br/pt/solutions/part-quality-inspection.img.png. Acesso em: 21 out. 2019. Podemos ter a técnica onde o transdutor é imerso em água em conjunto com a peça que produz um acoplamento sempre homogêneo. Abaixo, na figura 27, podemos verificar um esquema de como ocorrem as indicações na utilização da técnica por imersão. Figura 27. Esquema da técnica por imersão. Água como acoplante Transdutor Tansdutores para imersão Mas, como ocorrem as indicações na tela do aparelho na técnica de imersão? Vejamos o ecograma a seguir. 0 2 4 6 8 10 Fonte: Andreucci (2014). Verifica-se no ecograma acima que a escala é calibrada para termos o pulso inicial do transdutor. Já na marca 4 ocorre a primeira reflexão da superfície do material. 49 ULTRASSOM│ UNIDADE III Devido à água ter velocidade sônica quatro vezes menor que a do aço, este pulso aparecerá na marca de quatro vezes a espessura da coluna d’água. Já o segundo Eco de entrada aparece na marca 8 da escala. Após a primeira reflexão na tela, uma sequência de ecos dois, três e quatro correspondem ao eco do fundo da peça. Dispositivos O aparelho ultrassom tem como finalidade transmitir ao cristal piezoelétrico pulsos elétricos controlados que são transformados por este em ondas ultrassônicas. Na tela do aparelho são captados os sinais dos cristais em forma de pulso luminoso, denominados ecos, os quais podem estar regulados na amplitude, composição na tela graduada e com registro das descontinuidades encontradas no interior da peça. O dispositivo de ultrassom é um osciloscópio que mede o tempo de percurso do sol na festa por meio darelação: S = V x T Onde: S = espaço percorrido; T = tempo; V = velocidade propagação na peça ou material. Esses aparelhos podem ser analógicos ou digitais, é aparelho simples que mede o tempo de percurso sônico no interior da peça por meio da espessura e registra no display o espaço percorrido, ou seja, a própria espessura. Funcionam com transdutores duplo cristais e possuem exatidão na ordem de décimos e centésimos, variando de acordo com modelos adotados. Figura 28. Medidor de espessura digital ultrassônico. Fonte: https://www.manutencaoesuprimentos.com.br/wp-content/uploads/2018/05/sistema-medicao-tanques-combustiveis- sonda-eletronica-10.jpg. Acesso em: 21 out. 2019. 50 UNIDADE III │ ULTRASSOM Esses tipos de aparelhos são muito utilizados para realizar a medição de espessuras de chapas, tubos, corrosão em certos equipamentos entre outros. Para que seu funcionamento seja eficaz, faz-se necessária uma calibração, utilizando blocos com espessuras e material igual ao que vai ser inspecionado, ajustando corretamente a velocidade de propagação do som do aparelho. Na figura a seguir, podemos visualizar o bloco para calibrar o equipamento. Deve ser realizada com no mínimo duas espessuras de blocos de acordo com a espessura medida. Então, o aparelho deve ser ajustado e, assim, consegue trabalhar em uma espessura correta. Figura 29. Calibração do aparelho. Fonte: Andreucci (2014). Todo ajuste no aparelho deve ser realizado de acordo com as instruções, se o aparelho estiver calibrado corretamente sua variação estará entre 0,2mm. De acordo com a norma ASTM E-797, temos uma padronização para se medir espessuras. Quando temos altas temperaturas para a medição recomenda-se que algumas correções referentes à temperatura da peça sejam realizadas. Sendo que o valor que mais se aproxima do real quando pensamos na espessura está diretamente ligado à seguinte expressão: ( ) .Emqx Vsa K TEr Vsa − D = Onde: Er = espessura real (mm); Emq = espessura da medida a quente (mm); 51 ULTRASSOM│ UNIDADE III Vsa = velocidade do som no bloco à temperatura ambiente; DT = diferença entre a temperatura da superfície do bloco e do material inspecionado (º C); K = constante de redução da velocidade em função do aumento da temperatura, igual a 1 m/s /ºC. Quando o trabalho é feito em superfícies com altas temperaturas, o aparelho deve ser calibrado em um bloco distinto com as mesmas características da peça em questão. Muito importante frisar que o cristal no transdutor não tolera temperaturas muito altas, por essa razão as aferições devem ser realizadas de forma rápida com sequente resfriamento em água. Outros erros que podem vir a surgir são: acoplamento difícil sobre a superfície e corrosões. Na figura 30 a seguir, podemos visualizar um esquema para aparelhos que realizam a leitura da espessura de forma digital. Figura 30. Aparelhos que realizam a medição da espessura de forma digital. Superfícies ideais Corrosão Falta de acoplamento Fonte: Andreucci (2014). Os novos equipamentos têm à disposição memória, que é capaz de armazenar muitos dados referentes à espessura em medição, após isso estes podem ser impressos em forma de relatórios. Para que esses tipos de equipamentos trabalhem de forma eficaz, faz-se necessária uma calibragem correta, a qual deve ser realizada utilizando blocos com faixas de espessuras próximas à peça que está em medição. 52 UNIDADE III │ ULTRASSOM Figura 31. Blocos de calibração sugeridos para medidores de espessuras. 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 25 25 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 Bloco A Bloco B Fonte: Andreucci (2014). No quadro a seguir, podemos observar a faixa de aplicação para os blocos que são utilizados para a calibração do aparelho. Quadro 8. Faixa de aplicação dos blocos de calibração A e B. Espessuras selecionadas do Bloco A (mm) Faixa de espessuras aplicáveis ou a serem medidas (mm) 2,0 a 4,0 1,80 a 4,20 4,0 a 6,0 3,80 a 6,20 6,0 a 8,0 5,80 a 8,20 8,0 a 10,0 7,80 a 10,20 Espessuras selecionadas do Bloco B (mm) Faixa de espessuras aplicáveis ou a serem medidas (mm) 5,0 a 10,0 4,8 a 10,20 10,0 a 15,0 9,8 a 15,20 15,0 a 20,0 14,8 a 20,20 20,0 a 25,0 19,8 a 25,2 25,0 a 30,0 24,8 a 30,2 Fonte: Andreucci (2014). Na figura a seguir, podemos verificar como o instrumento de medição por meio de ultrassom produz um pulso por intermédio de um cristal. Esse pulso percorre a peça realizando a contagem do tempo que leva para atravessá-la. 53 ULTRASSOM│ UNIDADE III Figura 32. Instrumento de medição por ultrassom, como o pulso se forma. O aparelho de ultrassom produz um pulso por meio do cristal. Este se propaga pela peça. Inicia-se a contagem do tempo do percurso. Tempo Cristal Descontinuidade (interface) Pulso ultrassônico indo em sentido da descontinuidade Distância (S) Fonte: Andreucci (2014). Quando o pulso incide sobre uma interface, ou seja, na descontinuidade, gera uma reflexão da onda que imediatamente é detectada pelo cristal, o que gera um sinal elétrico que é interpretado e ao mesmo tempo amplificado, sendo representado pelo eco de reflexão na tela do equipamento de ultrassom. Esse posicionamento em tela é proporcional ao tempo que o sinal retorna, e também do caminho percorrido pelo som até a descontinuidade que a peça apresenta. Figura 33. Reflexão da onda em aparelho de ultrassom. Eco da reflexão registrada na tela na marca equivalente à distância S. Ao incidir numa descontinuidade, em uma distância S, ocorre a reflexão da onda detectada pelo cristal. Reflexão da onda no sentido do cristal. Descontinuidade (interface). Tempo Origina-se um sinal elétrico que é interpretado, amplificado, representado pelo eco de reflexão, na tela do aparelho de ultrassom. S Fonte: Andreucci (2014). 54 UNIDADE III │ ULTRASSOM É de suma importância ressaltar que o som que passa na espessura do metal reflete na interface do fundo e superfície deste, de maneira contínua, ou seja, no interior da peça esse som faz um movimento de zigzag continuamente, conforme podemos visualizar melhor na figura a seguir. Figura 34. Movimentação do som emitido dentro da peça. Reflexões múltiplas do ultrassom no interior da peça peça Cristal piezoelétrico Fonte: Andreucci (2014). O mercado apresenta uma gama de equipamentos para medição por meio de ultrassom, com recursos que facilitam sua aplicação em diversas áreas na indústria. Todos os equipamentos mesmo sendo digitais ou analógicos apresentam algumas funções básicas que são comuns, conforme veremos a seguir: Escolha da função Entradas tipos BNC (aparelhos de procedência norte-americana) ou Lemo (aparelhos de procedência alemã), a fim de se utilizar transdutores de monocristais ou duplo-cristais. Potência de emissão Está ligada à oscilação do cristal ou do tamanho do sinal que é transmitido. Normalmente, os aparelhos têm níveis de potência que podem ser manipulados por meio de uma chave seletora que tem de 2 a 5 posições. 55 ULTRASSOM│ UNIDADE III Ganho Refere-se à amplitude que o sinal produz na tela. Todo tipo de equipamento de ultrassom apresenta um ajuste que varia do fino ao grosso, sua calibragem é realizada em dB, podendo ser realizada em um mesmo controle ou em controles separados. Escala De acordo com o que se necessita, as escalas em tela podem ser alteradas. Quando falamos de equipamentos digitais, temos essas alterações sendo realizadas automaticamente. Velocidade de propagação Quando ocorre a mudança na velocidade de propagação, o eco de reflexão que é resultante de uma das interfaces muda de posição na tela do osciloscópio, somente o eco original fica estagnado em sua posição original. Por meio da equação: S= v x T Onde: S = espaço percorrido; V= velocidade de propagação; T= tempo. Ajusta-se o aparelho de ultrassom a fim de se realizar a medição dos temposde percurso na peça ensaiada. Cuidados na calibragem do equipamento A calibragem exata de um aparelho é de suma importância para que os testes gerem resultados corretos. Algumas etapas devem ser seguidas quando se faz necessário recalibrar um equipamento de ultrassom, são elas: » Os transdutores forem trocados após alguma inspeção. » O equipamento for desligado. 56 UNIDADE III │ ULTRASSOM » O aparelho ficar mais de 90 minutos ligado. » Quando houver troca de operador. Quando se verifica a linearidade do aparelho de ultrassom, por meio do controle de ganho, de acordo com o quadro a seguir, podemos verificar o recomendado, também levando em consideração o que mostra a tela do equipamento quando o diâmetro do furo é de 1,5 mm do bloco de calibração Tipo 1. Se a amplitude dos ecos não estiver dentro do esperado, conclui-se que o equipamento precisa de reajustes ou manutenção. Quadro 9. Linearidade vertical do aparelho ultrassom conforme a norma BS-4331. Ganho (dB) Altura esperada do eco em relação à altura da tela (%) Limites aceitáveis da altura do eco +2 100 Não menor que 90% 0 80 - -6 40 35% a 45% -18 10 8% a 12% -24 5 Deve ser visível acima da linha de base. Fonte: Andreucci, 2014. A linearidade também pode ser verificada por meio do Código ASME* Sec. V Art.4 ou 5. Nela, um transdutor deve ser usado em um bloco que tenha no mínimo dois furos, apresentando na tela do equipamento os ecos relativos à aplicação do seguinte quadro a seguir. Quadro 10. Verificar a linearidade em amplitude adotando o Código ASME Sec V Art 4 e 5. Ajuste da indicação de altura total da tela (%) Ajuste do controle de ganho (dB) Limites aceitáveis da altura da menor indicação (%) 80 -6 32 a 48 80 -12 16 a 24 40 +6 64 a 96 20 +12 64 a 96 Fonte: Andreucci, 2014. Outra forma é o transdutor ser colocado sobre o bloco de calibração com seu ponto de saída do feixe angular dirigido para os refletores cilíndricos do bloco, com isso realizam-se os ajustes da escala do equipamento de maneira a se obter ecos bem definidos dos furos de ½ e ¾ T. 57 ULTRASSOM│ UNIDADE III Uma correção tanto do controle de ganho quanto do posicionamento do transdutor ocorre com o intuito de se ter na tela do equipamento dois ecos em uma relação de 2:1 quando pensamos em amplitude, sendo esta maior do que 80% da tela. Sem realizar uma alteração do transdutor, que minimize o controle de ganho em incrementos em torno de 10% ou então steps de 2 sendo que o maior eco fique a 20% de altura da tela o que gera um decréscimo na leitura da altura da menor indicação. Sendo que essa menor leitura deve estar em 50% de altura da maior indicação. Transdutores angulares como proceder As sapatas que são utilizadas nesse tipo de transdutor têm como função formar um ângulo de transmissão claro. Porém, a utilização contínua gera um desgaste nestas, o que afeta na performance do equipamento. Esse problema também pode aparecer devido à pressão do dedo do operador incidir diretamente sobre as bordas, o que gera um desgaste irregular, alterando também o ângulo nominal. Manuseio correto dos equipamentos Deve-se ter cautela ao utilizar o equipamento. Temos que nos analógicos, quando a calibração ocorre, após se funciona o equipamento o mesmo possui um dispositivo que trava esta calibração, e somente após parar o equipamento e destravá-lo que se pode mexer nesta calibração. Já os digitais são acionados por teclas para se realizar a calibração, que pode ocorrer com aparelho ligado. Baterias Normalmente, tais equipamentos têm baterias recarregáveis, geralmente o tempo de recarga é o dobro do que o de utilização. Como calibrar os blocos padrões A calibração deve ser perfeita a fim de atender às especificações para as quais o equipamento será solicitado. 58 UNIDADE III │ ULTRASSOM De acordo com os procedimentos estipulados, é possível realizar ajustes do ganho, de energia e supressor de ruídos. A calibração da escala nada mais é que utilizar blocos especiais, conhecidos como blocos padrões, que possuem todas as dimensões e também formas já calibradas conhecidas, o que permite um controle de velocidade e zeragem até que os ecos de reflexão pareçam em posições definidas nas telas dos equipamentos que correspondem ao caminho do som do bloco padrão. Bloco de calibração Temos dois tipos de blocos de calibração. Tipo 1 Usado para a calibração de escalas em tela do equipamento, utilizando dimensões padrões, respeitando transdutor angular, quanto ao ponto de saída do feixe sônico e o ângulo de refração do transdutor. Normalmente, tolera-se + 2 graus. Podemos verificar um bloco de calibração na figura 35 a seguir. Figura 35. Bloco de calibração com feixe de saída e ângulo do transdutor. 2 1 Fonte: Andreucci, 2014. Na figura acima o 1 refere-se ao ângulo do transdutor e o 2 refere-se ao feixe de saída. 59 ULTRASSOM│ UNIDADE III Tipo 2 Nesse bloco de calibração o transdutor é colocado angular em J sobre o bloco tipo 2, como característica uma sequência de repetição de eco de reflexão com raio de curvatura de 25 MM e 50 mm. Devemos ter atenção, pois os blocos do tipo B2 não podem ser confundidos com os antigos blocos V2 da Norma já extinta DIN 54122. 60 UNIDADE IVLÍQUIDO PENETRANTE CAPÍTULO 1 Metodologia e aplicabilidade do ensaio É um tipo de ensaio especialmente pensado para detectar descontinuidades superficiais que estejam abertas na superfície da peça. Trata-se de um antigo que era utilizado pela indústria Ferroviária para inspecionar eixos, quando desenvolvido o método de líquido penetrante fluorescente o mesmo foi bem disseminado nos Estados Unidos e muito utilizado pela Indústria Aeronáutica. O ensaio além de detectar a descontinuidade superficial que esteja aberta na superfície da peça, como poros, pode ser aplicado a diversos tipos de materiais desde que estes não sejam porosos ou tenham superfície muito grossa. Pode ser utilizado em materiais como o alumínio, magnésio, aços inoxidáveis, cerâmica vitrificada, vidro e plástico. Neste ensaio líquido penetrante entra na abertura da descontinuidade, o excesso de líquido na superfície da peça e retira-se dentro da descontinuidade através de um revelador. A imagem então da descontinuidade fica desenhada sobre a superfície. O método pode ser resumido em seis etapas principais que são: » A preparação da superfície: onde se realiza uma limpeza inicial, antes mesmo do ensaio a superfície da peça é limpa e seca não deixando resquícios de água óleo ou outro contaminante, excesso de ferrugem torna o ensaio ruim. » Aplicação do penetrante: que normalmente tem coloração vermelha, forma um filme sobre a superfície e por ação de capilaridade penetra na descontinuidade, deve-se esperar certo tempo para que a penetração se complete. 61 LÍQUIDO PENETRANTE │ UNIDADE IV » Remoção do penetrante da superfície com produtos adequados, os quais são apropriados ao líquido penetrante utilizado. A superfície da peça deve ficar sem nenhum resquício de líquido penetrante. » Aplicação do filme de revelador de maneira uniforme sobre a superfície: este revelador geralmente é um pó fino branco que é aplicado seco ou em suspensão em algum líquido. Esse revelador precisa de um certo tempo para que o ensaio ocorra de forma eficaz. » Avaliação após aplicação do revelador das indicações que são observadas: lembrando que toda essa expressão deve ser realizada adequadamente, caso o líquido penetrante seja fluorescente deve ser útil negra. » Um relatório escrito deve ser realizado: normalmente detalhando todas as condições do ensaio. Essa etapa é complexa e demorada caso a peça tenha muitos defeitos. Deve ser realizada uma limpeza após o ensaio que é obrigatório já que todos os resíduos devem ser retirados do produto para não prejudicar a etapa posterior da utilização desta peça. Vantagens na utilização do líquido penetrante Como vantagens desse tipo de ensaio podemos citar:
Compartilhar