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DPOC CONTEUDO E CASO CLÍNICO

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Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
DEFINIÇÃO: Doença importantíssima, sendo a 4ª principal causa de morte no
mundo, com expectativa de se tornar a 3ª a partir de 2020. Apesar da recente
tendência de redução na prevalência de tabagismo, a DPOC ainda está crescendo,
contando com os fumantes das últimas décadas, além de um aumento no número de
mulheres tabagistas.
O grande fator de risco é o tabagismo, sendo a deficiência de alfa-1-antitripsina uma
causa importante de DPOC não relacionada ao tabaco. Outros fatores de risco são
exposição à poluição e asma. Patogenia : A DPOC é uma doença que afeta as vias
aéreas inferiores, com inflamação crônica e fibrose da parede dos brônquios,
bronquíolos e espaços respiratórios distais. Como consequência, existe uma
obstrução de vias aéreas permanente, ao contrário da obstrução intermitente da asma.
A DPOC pode ter um predomínio de acometimento de vias aéreas mais proximais
(bronquite obstrutiva crônica) ou distais (enfisema pulmonar), mas ambas estão
presentes na maioria dos pacientes, contribuindo com os sintomas da doença.
•Enfisema centroacinar: relacionado ao tabagismo, afeta bronquíolos respiratórios
distais, que são as partes mais centrais dos ácinos.
•Enfisema panacinar: relacionado à deficiência de alfa-1-antitripsina, afeta o ácino
inteiro, atingindo também os ductos e sacos alveolares.
Lembre-se que a DPOC é uma doença de diagnóstico espirométrico.
Diagnóstico e quadro clínico
Espirometria com índice de Ti�eneau (VEF1/CVF) reduzido após prova broncodilatadora:
VEF1/CVF < 0,7 após prova broncodilatadora.
Apesar do diagnóstico ser feito somente com essa relação acima, o primeiro parâmetro
espirométrico a ser alterado é o FEF 25-75%
Quadro clínico
Os sinais/sintomas mais importantes são a tosse crônica produtiva associada à
dispneia progressiva aos esforços. Didaticamente, existem dois espectros distintos de
evolução da DPOC:
•Soprador róseo (pink pu�er): predomínio de enfisema pulmonar, com tempo
expiratório prolongado para vencer o aprisionamento de ar nos espaços enfisematosos.
Clinicamente, o paciente é emagrecido, diâmetro ântero-posterior aumentado e tem
pletora facial.
•Inchado azul (blue bloater): predomínio de bronquite obstrutiva crônica, com
doença bronquiolar importante, gerando muita obstrução, hipoxemia e retenção de CO2
em casos avançados. Esse é o espectro mais afetado pelo cor pulmonale , que nada
mais é do que uma insuficiência ventricular direita, causada por doença pulmonar (e
consequente hipertensão pulmonar). Exatamente pela insuficiência de VD, os pacientes
são edemaciados;
Diagnóstico:
A radiografia de tórax não é suficiente para confirmar o diagnóstico, mas existem
alterações típicas da DPOC , especialmente relacionadas à hiperinsuflação pulmonar -
coração em gota, aumento da hipotransparência, retificação das cúpulas
diafragmáticas, visualização de mais de mais de 8-9 arcos costais posteriores
(geralmente se vê até o 6-7), aumento dos espaços intercostais.
Estadiamento
A DPOC possui diferentes graus de gravidade e é fundamental realizar o estadiamento
para iniciar a terapêutica. Até alguns anos atrás, o único fator avaliado era é o
comprometimento do VEF1 em relação ao previsto, seguindo os famosos estágios de
GOLD:
Estadiamento da DPOC de acordo com a espirometria:
Tr a t a m e n t o
O tratamento da DPOC possui diversos pontos controversos, já que nenhuma medicação
- inalatória
ou oral - comprovadamente reduz a mortalidade da doença. Apesar disso, uma medida
que quando
bem indicada pode reduzir a mortalidade é o uso de oxigenioterapia. Existem
alguns conceitos
IMPORTANTE: os corticoides inalatórios possuem papel secundário, bem diferente do
que ocorre na asma. Na DPOC, eles são usados especialmente para pacientes com
muitas exacerbações e história de asma ou eosinofilia
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica:
(https://sppt.org.br/wp-content/uploads/2022/08/PCDT_DPOC_2022.pdf )
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se pela limitação crônica ao
fluxo aéreo, não totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória anormal à
inalação de partículas ou gases nocivos. Do ponto de vista da fisiopatologia, a
obstrução crônica ao fluxo aéreo na DPOC ocorre devido a uma associação de
inflamação nas pequenas vias aéreas (bronquiolite respiratória) e destruição
parenquimatosa (enfisema). A contribuição relativa de cada fator varia de pessoa para
pessoa . Os SINTOMAS: têm início insidioso, são persistentes, pioram com exercício, e
tendem a aumentar em frequência e intensidade ao longo do tempo, com episódios de
agravamento que duram geralmente alguns dias (exacerbações). Nas fases mais
avançadas a DPOC leva a significativo prejuízo na qualidade de vida, devido às
exacerbações mais frequentes e graves, bem como à incapacidade funcional associada
à insuficiência respiratória crônica. Além de fadiga e intolerância ao exercício,
pacientes com DPOC grave podem também apresentar perda de peso, redução da
massa muscular e mesmo caquexia, atribuídas a quadro inflamatório sistêmico.
https://sppt.org.br/wp-content/uploads/2022/08/PCDT_DPOC_2022.pdf
Nas últimas décadas, foi a quinta maior causa de internação no Sistema Único de
Saúde entre pacientes com mais de 40 anos, correspondendo a cerca de 200.000
hospitalizações e gasto anual aproximado de 72 milhões de reais;
A prevenção primária envolve principalmente o combate aos fatores de risco
ambientais, especialmente o tabagismo. Em todas as consultas, independentemente da
queixa, fumantes devem ser estimulados a parar de fumar. Evitar uso de biomassa como
combustível em domicílios, diminuir a poluição urbana e reduzir a exposição
ocupacional a fumaça e gases tóxicos são outras importantes medidas preventivas.
Dada a fisiopatologia da doença, a DPOC não é diagnosticada em crianças.
DIAGNÓSTICO: A DPOC deve ser considerada em pacientes fumantes, ex-fumantes ou
com histórico de exposição ocupacional ou ambiental a agentes nocivos (forno a lenha,
sílica, entre outros) com mais de 40 anos que apresentem sintomas respiratórios
crônicos, incluindo tosse, sibilância/chiado no peito, dispneia aos esforços e
expectoração. Sinais ao exame físico, como cianose, tórax em barril/ hiperinsuflação
pulmonar e tiragem intercostal, apontam para a existência de DPOC em fase avançada.
Além da presença de sintomas respiratórios crônicos e de fatores de risco, o
diagnóstico de DPOC requer a demonstração de distúrbio ventilatório de tipo obstrutivo
não completamente reversível, por meio de prova de função pulmonar completa com
broncodilatador (espirometria)
REFERÊNCIA DO GOLD:
● O consumo de cigarros é um fator de risco ambiental fundamental para a DPOC.
Os fumadores de cigarros têm uma prevalência mais elevada de sintomas
respiratórios e anomalias da função pulmonar, uma maior taxa anual de declínio
no VEF1, e uma maior DPOC. No entanto, menos de 50% dos fumadores pesados
desenvolvem DPOC e estima-se que metade de todos os casos de DPOC a nível
mundial são devidos a factores de risco para além do tabaco, pelo que outros
fatores patogénicos
● Madeira, estrume animal, resíduos de culturas e carvão, tipicamente queimados
em fogueiras a céu aberto ou em fogões de mau funcionamento, podem levar a
níveis muito elevados de poluição do ar doméstico.
● A idade é frequentemente listada como um fator de risco para DPOC porque há
um declínio fisiológico da função pulmonar com a idade. No entanto, não está
claro se um envelhecimento saudável como tal leva à DPOC ou se a idade reflete
a soma das exposições cumulativas ao longo da vida. No entanto, o
envelhecimento das vias respiratórias e o parênquima imitam algumas das
mudanças estruturais associadas ao DPOC e há evidências de envelhecimento
acelerado em doentes com DPOC.
● No passado, a maioria dos estudos relatou que a prevalência e mortalidade da
DPOC são maior entre os homens do que entre as mulheres, mas dados
posteriores dos países desenvolvidos mostraram que a prevalência da DPOCé
quase iguais em homens e mulheres, refletindo provavelmente a mudança dos
padrões de tabagismo. Embora controverso, alguns estudos sugeriram que as
mulheres podem ser mais susceptíveis aos efeitos nocivos do tabagismo do que
os homens, levando a doenças mais graves para a quantidade equivalente de
cigarros consumidos.
● A pobreza está consistentemente associada à obstrução do fluxo aéreo e um
nível socioeconômico mais baixo está associado a um aumento do risco de
desenvolvimento de DPOC. No entanto, não é claro se este padrão reflete a
exposição às famílias e poluentes do ar exterior, má nutrição, infecções, ou outros
fatores relacionados com o baixo nível socioeconômico.
● Em doentes com DPOC podem ser encontradas alterações patológicas nas vias
respiratórias, parênquima pulmonar e pulmonar vasculatura. Estas incluem
alterações inflamatórias e estruturais que aumentam com a severidade do fluxo
de ar obstrução e pode persistir na cessação do tabagismo. A inflamação
observada nos pulmões dos pacientes com DPOC parece ser uma modificação
da inflamação normal resposta a irritantes crônicos, como o fumo do cigarro. Os
mecanismos para esta inflamação amplificada ainda não estão completamente
compreendidos, mas pode, pelo menos em parte, ser determinado
geneticamente.
● A DPOC é caracterizada pelo aumento do número de macrófagos nas vias
respiratórias periféricas, parênquima pulmonar e pulmonar. vasos, juntamente
com o aumento de neutrófilos ativados e aumento de linfócitos. Estas células
inflamatórias, em conjunto com células epiteliais e outras células estruturais
libertam múltiplos mediadores inflamatórios que atraem a inflamação células da
circulação (fatores quimiotáticos), amplificar o processo inflamatório (através de
citocinas pró-inflamatórias), e induzir mudanças estruturais (através de fatores
de crescimento).A inflamação pulmonar pode persistir após a cessação do
tabagismo através mecanismos ainda pouco claros, embora os auto antígenos e
perturbações no microbioma pulmonar possam desempenhar um papel. A
inflamação sistêmica pode também estar presente e pode desempenhar um
papel nas condições comorbitárias frequentemente encontradas em pacientes
com DPOC. Embora tanto a DPOC como a asma estejam associadas à inflamação
crónica do tracto respiratório, existem diferenças nas células inflamatórias e
mediadores envolvidos nas duas doenças. embora alguns pacientes com DPOC
têm um padrão inflamatório com aumento de eosinófilos e células ILC2,
semelhante ao da asma.
● O estresse oxidativo também pode contribuir para o DPOC, Biomarcadores de
estresse oxidativo (por exemplo, peróxido de hidrogênio, 8-isoprostano) são
aumentados no condensado exalado do hálito, expectoração, e circulação
sistêmica dos pacientes com DPOC. O stress oxidativo é ainda aumentado
durante as exacerbações. Os oxidantes são ambos gerados pelo fumo do cigarro
e outros inaladas e libertadas de células inflamatórias ativadas, tais como
macrófagos e neutrófilos.
● A inflamação pode preceder o desenvolvimento de fibrose ou lesões repetidas da
própria parede das vias aéreas e pode levar a produção excessiva de tecido
muscular e fibroso. Isto pode ser um fator que contribua para o desenvolvimento
de pequenas obstruções das vias aéreas. A vasculatura pulmonar também pode
ser alterada em doentes com DPOC, mesmo naqueles com doença ligeira.
● O número reduzido de pequenas vias respiratórias identificadas em doentes com
DPOC pode ser devido a uma maior perda de vias aéreas e/ou um
desenvolvimento deficiente dos pulmões[...]Todas estas alterações limitam o
esvaziamento dos pulmões durante a expiração forçada, diminuem o VEF1 e a
relação VEF1/CVF, e contribuem para o aprisionamento de gás e hiperinflação
pulmonar. A hiperinsuflação pulmonar estática relacionada com a perda de recuo
elástico reduz a capacidade inspiratória e está geralmente associada com
hiperinflação adicional (dinâmica) durante o exercício relacionado com a
limitação do fluxo aéreo, causando dispneia por esforço e limitando a
capacidade de exercício. Isto pode acontecer mesmo em doentes com ligeira
obstrução do fluxo de ar.
● A Hiperinflação pulmonar contribui para a diminuição das propriedades
contráteis dos músculos respiratórios, principalmente do diafragma. Os
Broncodilatadores actuam em estas vias respiratórias periféricas, reduzem o
aprisionamento de gás e melhoram a falta de ar e a capacidade de
exercício.Anormalidades de troca de gases pulmonares: Anomalias estruturais
nas vias respiratórias, alvéolos e circulação pulmonar em doentes com DPOC
alteram o normal distribuições de ventilação-perfusão (VA/Q). Este é o principal
mecanismo de troca de gases pulmonares anormais resultante em diferentes
graus de hipoxemia arterial, sem ou com hipercapnia .A destruição
parenquimatosa devido ao enfisema também leva a uma diminuição da
capacidade de difusão pulmonar (DLco). Em geral, as trocas gasosas pulmonares
agravam-se à medida que a doença progride.
● A maioria dos pacientes com DPOC sofrem de doenças crônicas concomitantes
ligadas aos mesmos fatores de risco, isto é, o tabagismo, envelhecimento e
sedentarismo, que podem ter um impacto importante no estado de saúde e
sobrevivência. Obstrução do fluxo aéreo e particularmente a hiperinflação afeta a
função cardíaca. Os mediadores inflamatórios na circulação podem contribuir
para esqueleto e caquexia muscular, e pode iniciar ou agravar comorbidades
tais como doença cardíaca isquémica, coração falência, osteoporose, anemia
normocítica, diabetes e síndrome metabólica (ver Capítulo 6).As comorbidades
são comuns em qualquer gravidade da DPOC e o diagnóstico diferencial pode
muitas vezes ser difícil. Por exemplo, num doente com DPOC e insuficiência
cardíaca, uma exacerbação da DPOC pode ser acompanhada por um
agravamento do coração falha ou vice-versa. Embora o COPD seja
negativamente afetado por múltiplas comorbidades, o próprio COPD é uma das
condições mais importantes que afetam negativamente os resultados de outras
doenças. Por exemplo, os doentes com insuficiência cardíaca congestiva ou
aqueles submetidos a procedimentos cardíacos como a cirurgia de
revascularização do miocárdio têm maior morbilidade e mortalidade quando a
DPOC está presente em comparação com quando está ausente
● O diagnóstico de DPOC deve ser considerado em qualquer paciente que tenha
dispneia, tosse crónica ou produção de expectoração, um historial de infecções
recorrentes das vias respiratórias inferiores e/ou um história de exposição a
factores de risco da doença, mas espirometria forçada mostrando a presença de
um pós-broncodilatador. O FEV1/FVC < 0,7 é obrigatório para estabelecer o
diagnóstico da DPOC. Os objectivos da avaliação inicial da DPOC são determinar
a gravidade da obstrução do fluxo aéreo, o impacto da doença no estado de
saúde do doente, e o risco de eventos futuros (tais como exacerbações,
internamentos hospitalares, ou morte), para orientar a terapia. Avaliação clínica
adicional, incluindo a medição dos volumes pulmonares, capacidade de difusão,
testes de exercício e/ou imagem pulmonar podem ser considerados em
pacientes com DPOC persistentes sintomas após o tratamento inicial.
● As doenças crônicas concomitantes (multimorbilidade) ocorrem frequentemente
em doentes com DPOC, incluindo doença cardiovascular, disfunção do músculo
esquelético, síndrome metabólica, osteoporose, depressão, ansiedade, e cancro
do pulmão. Estas comorbidades devem ser activamente procuradas, e tratadas
adequadamente quando presentes, porque influenciam o estado de saúde, as
hospitalizações e a mortalidade independentemente da gravidade da obstrução
do fluxo de ar devido à DPOC
● A dispneia crônica é o sintoma mais característico da DPOC. A tosse com
produção de expectoração está presente em até 30%. de pacientes. Estes
sintomas podem variar de dia para dia(2) e podem preceder o desenvolvimento
da obstrução do fluxo aéreo por muitos anos. Os indivíduos, particularmente
aqueles com factores de risco COPD, que apresentem estes sintomas devem serexaminado para procurar a(s) causa(s) subjacente(s). A obstrução do fluxo aéreo
também pode estar presente sem dispneia crónica. e/ou tosse e produção de
expectoração e vice-versa.(3) Embora a COPD seja definida com base na
obstrução do fluxo de ar, na prática, a decisão de procurar ajuda médica é
normalmente determinada pelo impacto dos sintomas no funcionamento de um
paciente estatuto. Uma pessoa pode procurar assistência médica devido a
sintomas respiratórios crónicos ou devido a uma doença aguda, episódio
transitório de sintomas respiratórios exacerbados.
● Avaliação: Na avaliação de um paciente com DPOC é importante:
determinar o nível de limitação do fluxo aéreo; mensurar o impacto dos
sintomas sobre a saúde do paciente; e investigar história de
exacerbações e risco de eventos futuros (exacerbações, hospitalização ou
morte). A GOLD sugere o uso de uma avaliação combinada com base nos
sintomas e histórico de exacerbação para orientar a terapia.
● A classificação espirométrica tem valor prognóstico e varia de 1 a 4,
conforme a gravidade da limitação do fluxo aéreo. O valor a ser avaliado é
aquele após a utilização do broncodilatador. A deterioração da limitação
ao fluxo aéreo está associada ao aumento de exacerbações,
hospitalizações e risco de morte.
● Classificação combinada dos sintomas (A, B, C e D) A classificação de
GOLD ABCD diferencia os pacientes conforme os sintomas atuais e risco
de exacerbações futuras. É utilizada para orientar o tratamento do
paciente.
● Comorbidades crônicas: pacientes com DPOC, especialmente os idosos,
costumam apresentar importantes comorbidades crônicas. Dentre elas:
doenças cardiovasculares (risco chega a ser quase cinco vezes maior do
que naqueles sem DPOC), distúrbios respiratórios do sono (incluindo
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono), diabetes, osteoporose,
depressão, ansiedade e câncer de pulmão. Essas condições pioram o
prognóstico e devem ser tratadas da mesma maneira que em pessoas
sem DPOC.
● Hipertensão pulmonar ou cor pulmonale: diagnóstico presente na doença
avançada e deve ser considerado em pessoas com manifestações de
insuficiência cardíaca direita como:
● hiperfonese de B2 em borda esternal superior esquerda (foco
pulmonar), turgência jugular, refluxo hepatojugular e edema de
membros inferiores;
● radiografia ou TC de tórax com aumento do ventrículo direito ou
artérias pulmonares;
● eletrocardiograma sugerindo sobrecarga de câmaras direitas;
● ecocardiograma com aumento de ventrículo direito, pressão sistólica
da artéria pulmonar acima de 35mmHg.
● Diante da suspeita clínica, um eletrocardiograma de repouso e um
ecocardiograma transtorácico estão recomendados.
● Questões psicossociais e emocionais: avaliar questões psicossociais e
emocionais associadas à doença, atentando para isolamento social,
sofrimento e limitação funcional.
●
Tratamento:
● Broncodilatadores: são as medicações de primeira linha para o
tratamento do DPOC. Utilizados de forma contínua ou conforme a
necessidade, para prevenir ou reduzir sintomas. Os broncodilatadores
podem ser adrenérgicos ou anticolinérgicos, tanto de curta ou de longa
ação. Inicialmente, pode ser prescrito broncodilatador adrenérgico de
curta ação (SABA), conforme necessidade, associado ou não a
broncodilatador anticolinérgico de curta ação (SAMA). Caso haja
progressão da doença e piora dos sintomas diários, o uso contínuo de
broncodilatador de longa ação adrenérgico (LABA) ou anticolinérgico
(LAMA) pode ser iniciado.
● Corticoides inalatórios: o tratamento com corticoides inalatórios (CI) deve
ser considerado em pacientes com eosinófilos ≥300 ou em pacientes com
histórico de asma e, como segunda linha, em pacientes pertencentes às
categorias GOLD C ou D. Não devem ser usados sozinhos, mas em
associação com LABA ou em terapia tríplice (LABA+LAMA+CI), com
expectativa de melhora de função pulmonar, qualidade de vida e redução
das exacerbações nesses grupos. O tratamento regular com CI está
associado ao aumento de risco de pneumonia em alguns pacientes. Sua
suspensão deve ser avaliada naqueles em que a frequência de infecções
respiratórias baixas aumentou após início de esquema contendo CI. O
efeito adverso mais comum é a candidíase oral, que pode ser reduzido
com higiene adequada após a utilização da medicação (escovação dos
dentes ou higiene da cavidade oral)
A história médica de um novo paciente que se sabe, ou se suspeita que tenha
DPOC deve incluir:
► A exposição do paciente a factores de risco, tais como fumar e exposições
ambientais (casa/fora de casa).
► O historial médico passado, incluindo eventos de vida precoce
(prematuridade, baixo peso à nascença, tabagismo materno durante
gravidez, exposição passiva ao fumo durante a infância), asma, alergia, sinusite,
ou pólipos nasais;
infecções respiratórias na infância; VIH; tuberculose.
► História familiar de DPOC ou outra doença respiratória crónica.
► Padrão de desenvolvimento de sintomas: A DPOC desenvolve-se tipicamente
na vida adulta e a maioria dos doentes está consciente
de maior falta de ar, "constipações de Inverno" mais frequentes ou prolongadas, e
alguma restrição social para
alguns anos antes de procurar ajuda médica.
► História de exacerbações ou de hospitalizações anteriores por doença
respiratória. Os doentes podem estar cientes de
agravamento periódico dos sintomas, mesmo que estes episódios não tenham
sido identificados como exacerbações de
COPD.
► Presença de comorbilidades, tais como doenças cardíacas, osteoporose,
perturbações músculo-esqueléticas, ansiedade e
depressão, e malignidades que também podem contribuir para a restrição da
actividade.
► Impacto da doença na vida do doente, incluindo a limitação da actividade,
trabalho faltante e impacto económico,
efeito sobre a rotina familiar, sentimentos de depressão ou ansiedade,
bem-estar, e actividade sexual.
► Apoio social e familiar disponível para o doente.
► Possibilidades de reduzir os factores de risco, especialmente a cessação do
tabagismo.
Pensando em história médica pregressa:
● História de tabagismo, que é a principal causa de DPOC;
● História de exposição ocupacional ou ambiental a poeira, gases e produtos químicos,
que também podem levar ao desenvolvimento de DPOC;
● História de infecções respiratórias recorrentes;
● História de tosse crônica e expectoração, que são sintomas comuns da DPOC;
● História de dispneia (falta de ar) progressiva, especialmente durante atividades físicas;
● História de hospitalizações ou visitas frequentes ao pronto-socorro por crises agudas
de dispneia;
● História de uso prévio de medicamentos broncodilatadores e corticosteroides
inalatórios para controle da doença;
● História de comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e doenças
cardiovasculares, que são comuns em pacientes com DPOC e podem afetar o
tratamento e prognóstico da doença.
CASO CLÍNICO
Paciente: João, 65 anos, masculino, aposentado
Queixa Principal: Falta de ar progressiva.
História da Doença Atual:
João relata que há cerca de 3 anos tem notado uma dificuldade cada vez maior para
respirar. Inicialmente, ele percebeu essa dificuldade apenas quando subia escadas ou
fazia atividades físicas mais intensas. No entanto, nas últimas semanas, ele tem sentido
falta de ar mesmo em repouso. Ele também tem notado uma tosse com produção de
muco. Esses sintomas o têm deixado preocupado e limitado suas atividades diárias.
História Médica Pregressa:
João é ex-tabagista, tendo fumado durante cerca de 30 anos. Ele parou de fumar há 10
anos, após receber o diagnóstico de hipertensão arterial. Ele também tem diagnóstico
de diabetes mellitus tipo 2, controlada com metformina. Ele já teve algumas infecções
respiratórias no passado, mas nunca foi hospitalizado por problemas pulmonares.
História Social:
João é aposentado e mora com a esposa em uma casa confortável. Ele tem um filho e
duas netas, que o visitam com frequência. Ele nunca trabalhou em ambientes com risco
de exposição a poeiras, gases ou vapores.
Exame Físico:
No exame físico,João apresenta uma frequência respiratória aumentada, com um
padrão respiratório rápido e superficial. O uso de músculos acessórios é notado. Há
sibilos audíveis em ambos os pulmões, com diminuição do murmúrio vesicular. O exame
cardiovascular é normal.
Diagnóstico Presuntivo:
Com base na história clínica e exame físico, João apresenta sinais e sintomas
sugestivos de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Conduta:
O próximo passo seria confirmar o diagnóstico de DPOC por meio de testes de função
pulmonar e radiografia de tórax. Se o diagnóstico for confirmado, o paciente deve ser
tratado com medidas de controle dos sintomas, como medicamentos broncodilatadores
e corticosteroides inalatórios. Medidas preventivas, como cessação do tabagismo,
podem ajudar a retardar a progressão da doença. Além disso, é importante orientar o
paciente sobre a importância da atividade física e cuidados com a dieta para controle
da diabetes. Uma equipe multidisciplinar pode ser necessária para o tratamento
adequado de João.
CASO CLÍNICO 2
Anamnese:
Sr. João, 68 anos, é um paciente que comparece ao consultório com queixa de falta de
ar aos esforços e tosse com expectoração há cerca de 2 anos. Ele relata que a falta de ar
piorou nos últimos meses, impedindo-o de fazer atividades físicas como caminhar e
subir escadas, e que a tosse com expectoração é crônica, com piora durante os meses
mais frios. O paciente refere também ter fumado cerca de um maço de cigarros por dia
por mais de 40 anos, tendo parado há 5 anos. Além disso, o paciente apresenta
histórico de hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, ambos controlados com
medicações prescritas por seu médico de família.
Exame físico:
O Sr. João apresenta-se em regular estado geral, lúcido e orientado. Ao exame
respiratório, há taquipneia (frequência respiratória aumentada) com uso de musculatura
acessória, diminuição dos murmúrios vesiculares com sibilos e roncos difusos à
ausculta pulmonar. A pressão arterial é de 140/90 mmHg e a frequência cardíaca é de
90 bpm. O paciente apresenta edema de membros inferiores, mas não há outros
achados relevantes ao exame físico.
Diagnóstico e conduta:
O Sr. João apresenta um quadro clínico típico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC) exacerbada, com história de tabagismo importante e sintomas crônicos. Além
disso, há comorbidades como hipertensão e diabetes, que podem piorar a evolução da
DPOC. O diagnóstico é confirmado com a realização de espirometria, que demonstra
uma limitação ao fluxo de ar expiratório.
A conduta a ser tomada inclui o tratamento com broncodilatadores e corticosteroides
inalatórios, além do manejo das comorbidades. É importante a orientação sobre a
cessação do tabagismo, bem como a realização de reabilitação pulmonar e de
vacinação contra a influenza e o pneumococo. É também recomendável o
acompanhamento periódico com o médico para monitoramento da evolução da doença
e ajuste da terapia, caso necessário

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