Buscar

artigo - meloxicam função renal em cães

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

25
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DO MELOXICAM SOBRE A
FUNÇÃO RENAL EM CÃES
(Evaluation of the pharmacologic activity of Meloxicam on renal function in dogs)
Marilac Maria Arnaldo ALENCAR*, Marília Taumaturgo PINTO, Diana Magalhães OLIVEIRA,
Adriana Wanderley de Pinho PESSOA, Ivanilde Andrade CÂNDIDO, Camila Virgínio GOMES,
Henrique Sousa Matos COELHO & & & & & Marcos Fábio Gadelha ROCHA
Pós-graduação em Ciências Veterinárias/Faculdade de Veterinária/Universidade Estadual do Ceará
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi investigar os efeitos deletérios do meloxicam, inibidor seletivo de
ciclooxigenase-2, sobre a função renal, em cães. Para tanto, após os exames clínico e laboratoriais,
dosagem de uréia e creatinina, de 23 cães, sem raça definida, foram distribuídos nos seguintes
grupos: I - água (placebo), II - 1,0 mg/kg de piroxicam, III - 0,2 mg/kg de meloxicam, IV - 1,0 mg/
kg de meloxicam e V 2,0 mg/kg de meloxicam. Os fármacos foram usados, por via oral, em mg/kg/
dia, por 16 dias. No 170 dia, repetiam-se os exames supracitados e, em seguida, procedia-se a
eutanásia para realização da necropsia e obtenção de fragmentos de tecido renal para análise
histológica. No grupo I, não houve alterações nos parâmetros avaliados. No grupo II, apenas um
cão (20%) apresentou elevação sérica de uréia. No exame histológico, 80% dos cães apresentaram
discreto infiltrado inflamatório, hialinização e atrofia glomerular. No grupo III, nenhum cão apresentou
alteração nos teores de uréia e creatinina. A análise histológica demonstrou apenas discretas alterações
no epitélio tubular renal. No grupo IV, os valores médios finais de uréia e creatinina mostraram-se
elevados de maneira significativa em relação aos valores médios iniciais, em 80 e 40% dos cães,
respectivamente. Ademais, todos os cães apresentaram lesões renais microscópicas, sugestivas de
nefrite e nefrose tubular. No grupo V, houve um aumento significativo de uréia e creatinina em 100
e 50% dos cães, respectivamente; bem como foram observadas lesões histológicas compatíveis com
nefrite e nefrose tubular, em 100% dos animais. Portanto, conclui-se que o meloxicam, na sua dose
terapêutica, não induz alterações na função renal. Contudo, doses cinco e dez vezes superiores
provocam alterações drásticas na função renal, evidenciando, assim, sua estreita margem de segurança
em cães.
PALAVRAS-CHAVE: antiinflamatório, meloxicam, cão, rim.
ABSTRACT
The objective of this study was to investigate the deleterious effects of Meloxicam, selective inhibitor
of cyclooxygenase-2, on the renal function, in dogs. Upon clinical and laboratorial examination urea
and creatinine dosages, 23 dogs of undefined race were distributed into the following groups: I -
water (placebo), II - 1.0 mg/kg Piroxicam, III - 0.2 mg/kg Meloxicam, IV - 1.0 mg/kg of Meloxicam
and V - 2.0mg/kg of Meloxicam. The drugs were used in mg/kg/p.o/day, for 16 days. On the 17th
day the above-mentioned exams were repeated, and followed by euthanasia and necropsy to obtain
*Autor para correspondência:
Rua Pe. Leopoldo Fernandes, 573 60.411-180 Fortaleza
e-mail: marilacalencar@.bol.com.br
Ciência Animal, 12(1):25-33, 2002
26
fragments of renal tissue for histological analysis. In group I, placebo, there were no alterations in
the parameters evaluated. In group II, only one dog (20%) presented uric seral elevation. In the
histological analysis, it was shown that 80% of the dogs presented a discrete renal inflammatory
infiltration, hyalinosis and glomerular atrophy. In group III, no animal showed alterations in the
tenor of urea and creatinine. Histological analysis showed only slight alterations in tubular renal
epithelium. In group IV, the final average values of urea and creatinine were significantly increased
compared to the initial average values in 80 and 40% of dogs, respectively. In addition, all of the
dogs showed microscopic renal lesions, suggesting nephritis and tubular nephrosis. In group V, there
was a significant increase in urea and creatinine in 100 and 50% of dogs, respectively, and microscopic
lesions compatible with nephritis and tubular nephrosis in 100% of the dogs were observed. Therefore,
it can be concluded that Meloxicam, in its therapeutic dosage, does not induce alterations in renal
function. However, doses five and ten times higher cause drastic alterations in renal function thusly
showing its strict safety margin in dogs.
KEY WORDS: anti-inflammatory, meloxicam, dog, kidney.
2, enzima induzida, particularmente presente em
células inflamatórias, leva à formação de
prostaglandinas relacionadas com o processo
inflamatório (GLASER, 1995; VANE &
BOTTING, 1995; PAIRET et al., 1998;
TAKEUCHI et al., 1998; KAY-MUGFORD et
al., 2000).
Há uma grande variedade de DAINES
no mercado e há, ainda, um fluxo contínuo de
pesquisas, buscando novos medicamentos desta
natureza. Este fato significa que nenhuma dessas
substâncias, pelo menos até o presente momento,
tem sido ideal no controle ou modificação dos
sinais da inflamação, sem causar efeitos
deletérios no organismo (KORE, 1990;
BOOTHE, 1995; RANG et al., 1996; BOOTHE,
2001). A maioria das DAINES, em uso clínico,
inibe ambas as enzimas ciclooxigenases.
Entretanto, mais recentemente, têm surgido
fármacos com ação seletiva para COX-2, como
o meloxicam, por exemplo, trazendo novas
perspectivas para a terapia antiinflamatória não
esteróide (WATSON et. al., 1996; FORSYTH
et al., 1998; RICKETTS et al., 1998,
RAINSFORD et al., 1999; MATHEWS et al.,
2001).
O meloxicam tem ação inibitória seletiva
pela COX-2, o que o torna promissor dentre as
DAINES. A farmacocinética desta droga varia
de acordo com a espécie animal, podendo
apresentar meia-vida de 3 a 36 horas. Na espécie
INTRODUÇÃO
Os fármacos utilizados na terapia
antiinflamatória não-esteróide constituem um
grupo variado de drogas que, apesar de diferirem
nos seus aspectos químicos e farmacocinéticos,
apresentam uma grande similaridade clínica e
toxicológica (CONLON, 1988; KORE, 1990;
BOOTHE, 1995; BUDSBERG, 1999;
BOOTHE, 2001).
O mecanismo de ação das drogas
antiinflamatórias não-esteróides (DAINES)
baseia-se especialmente na inibição da enzima
ciclooxigenase (COX) araquidônica e, por
conseguinte, na modulação da gênese de
prostaglandinas e tromboxanos (VANE, 1971).
No final da década de 1980, foi descoberta a
existência de dois tipos de ciclooxigenase, COX-
1 e COX-2. Assim, os mediadores da quebra do
ácido araquidônico pela COX-1, enzima
constitutiva, expressa em muitos tecidos, estão
representados principalmente pelas
prostaglandinas relacionadas com os efeitos
fisiológicos nos sistemas renal, gastrintestinal,
cardiovascular e reprodutor (CONLON, 1988;
BOOTHE, 1995; FROLICH, 1997; TASAKA,
1999; TANAKA et al., 2001). Por conseguinte,
o uso de DAINES, que bloqueiam de maneira
inespecífica as enzimas ciclooxigenases, podem
levar ao aparecimento de uma série de efeitos
indesejados. Por outro lado, a atividade da COX-
27
canina, por exemplo, possui longa meia vida de
eliminação de ± 20 h, que permite sua
administração em dose única diária (0,2 mg/kg/
p.o) (VAN BREE et al., 1994; TASAKA, 1999;
BOOTHE, 2001).
Com o surgimento de DAINES com uma
maior seletividade para a enzima COX-2,
especialmente na medicina veterinária, fazem-se
necessários estudos com diferentes espécies
animais, visando estabelecer a margem de
segurança e real eficácia destes fármacos. Por
conseguinte, este trabalho teve como objetivo
avaliar a atividade farmacológica do meloxicam,
inibidor COX-2, sobre a função renal em cães.
MATERIAL E MÉTODOS
Nesta investigação, foram utilizados 23
cães adultos, sem raça definida, com peso
variando entre 8 e 16 kg, procedentes do canil da
Prefeitura Municipal de Fortaleza. Os animais
foram avaliados clínico e laboratorialmente e
mantidos em observação antes da realização do
protocolo experimental. Os cães eram
alimentados, duas vezes ao dia, com ração
comercial e recebiam água a vontade.
Após o exame clínico, os cães que não
apresentaram alterações nos padrões avaliados,tais como: estado nutricional, mucosas, secreções,
temperatura, comportamento etc., foram
considerados aptos para o experimento. Sendo,
em seguida, colhido sangue para dosagem de
uréia e creatinina. Os cães que apresentaram
alterações nestes exames não entraram na
pesquisa. Após esta triagem, os cães eram
vermifugados, por administração única da
associação de pamoato de pirantel, pamoato de
oxantel e praziquantel nas doses de 14,5, 9,5 e
2,5 mg/kg/p.o, respectivamente. A seguir,
permaneciam por um período de observação de
7 a 10 dias, para que se iniciasse o protocolo
experimental. Os grupos experimentais foram
divididos da seguinte forma: grupo I (n = 3) cães
que receberam o placebo, 2ml/dia de água; grupo
II (n = 5), cães que receberam 1,0 mg/kg/p.o/dia
de piroxicam; grupo III (n = 5), cães tratados
com meloxicam na dose de 0,2 mg/kg/p.o/dia;
grupo IV (n = 5), cães tratados com meloxicam
na dose de 1,0 mg/kg/p.o/dia e grupo V (n = 5),
cães que receberam meloxicam na dose de 2,0
mg/kg/p.o/dia. Todos os fármacos administrados
foram diluídos em 2 mL de água destilada. Os
grupos I e II foram tomados como controles
negativo e positivos, respectivamente. Os animais
foram tratados, uma vez ao dia, durante 16 dias
e, neste período, foram clinicamente avaliados
diariamente, sendo anotadas as alterações clínicas
ocorridas durante cada tratamento. No décimo
sétimo dia, foram realizadas as coletas de sangue
para os procedimentos dos exames laboratoriais
(dosagem de uréia e creatinina). Estes exames
foram realizados, através de um kit para
diagnóstico, in vitro, LABTEST, por meio do
método de point final. A eutanásia foi procedida
de acordo com os padrões éticos da pesquisa
científica, utilizando-se tiopental sódico na dose
de 25 mg/kg, por via endovenosa. Realizava-se,
então, a necrópsia dirigida aos rins e eram
coletados fragmentos de tecido renal, que eram
acondicionados em formol a 10%, para posterior
realização de exames histológicos. Vale salientar
que, durante o tratamento, os animais que vieram
a óbito foram necropsiados e fragmentos dos
órgãos de interesse foram obtidos remetidos para
o exame histológico. As lâminas foram coradas
pela técnica hematoxilina – eosina (HE).
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise estatística foi realizada,
comparando-se o valor médio inicial versus o
final entre os grupos, por meio do modelo GLM,
empregando-se uma análise de variância
univariável, seguida do teste LSD. Vale salientar
que somente os valores de P≤0,05 foram
considerados significativos.
RESULTADOS
No grupo I, controle negativo,
constituído pelos animais que receberam o
placebo, água destilada, não foram verificadas,
em nenhum dos animais, alterações nas taxas de
uréia (Fig. 1) e creatinina (Fig.2), nem lesões
28
 
26,4 
45,4 
22,8 28,6 27,5 25,2 24,8 
92,2 
149,1 
27,9 
0 
20 
40 
60 
80 
100 
120 
140 
160 
180 
Placebo PI 1,0 mg/kg Mel. 0,2 
mg/kg 
Mel. 1,0 
mg/kg 
Mel. 2,0 
mg/kg 
U
ré
ia
 (
m
g/
dL
) 
Inicial 
Final 
* 
* 
Figura 1. Níveis séricos médios de uréia em cães tratados com meloxicam (Mel.) e piroxicam (PI).
O valor de P≤ 0,05 refere-se a comparação entre o valor médio inicial versus o final entre cada
grupo ensaiado.
Figura 2. Níveis séricos médios de creatinina em cães tratados com meloxicam (Mel.) e piroxicam (PI).
O valor de P≤0,05 refere-se a comparação entre o valor médio inicial versus o final entre cada grupo
ensaiado.
macro e microscópicas renais (dado não
mostrado).
No grupo II tratado com piroxicam,
apenas um animal apresentou elevação sérica de
uréia (valor inicial: 20,73mg/dL vs. final: 64,82
mg/dL). No entanto, os valores médios do grupo
permaneceram dentro dos padrões de referência
para a espécie (valor médio inicial: 25,24 mg/dL
vs. final: 45,36 mg/dL). Não houve alterações
significativas nos níveis séricos de creatinina
(valor médio inicial: 0,86 mg/dL vs. final: 0,95
mg/dL). No exame post-mortem, nenhum animal
do grupo apresentou lesão renal macroscópica.
Os principais achados histopatológicos, presentes
em 80% dos cães, foram: discreto infiltrado
inflamatório, hialinização e atrofia glomerular.
Ademais, foram observados microabscessos
renais em um animal deste grupo.
 
 
29
No grupo III, tratado com meloxicam 0,2
mg/kg, nenhum cão apresentou elevação sérica
significativa de uréia e creatinina. Dessa forma,
os valores médios do grupo permaneceram dentro
dos padrões de referência para a espécie (valor
médio inicial de uréia: 24,81 mg/dL vs. final:
27,9 mg/dL e valor médio inicial de creatinina:
0,74 mg/dL vs. final: 1,06 mg/dL). As principais
lesões microscópicas renais foram: necrose do
epitélio tubular, degeneração difusa do epitélio
tubular e discreto infiltrado inflamatório.
No grupo IV, tratado com 1,0 mg/kg de
meloxicam, 80% dos animais apresentaram
elevação sérica de uréia (valor inicial: 39,7;
23,57; 20,78 e 25,75 mg/dL vs. final: 358,02;
83,15; 150,17 e 119,14 mg/dL, respectivamente),
obtendo-se, portanto, valores médios no grupo,
bem acima dos valores de referência (valor médio
inicial: 28,61 mg/dL vs. final: 149,1 mg/dL;
P≤0,05). Ademais, 40% dos cães tiveram um
aumento de creatinina (valor inicial: 1,27 mg/dL
e 0,68 mg/dL vs. final: 4,68 mg/dL e 1,69 mg/
dL, respectivamente). Dessa forma, a média de
creatinina do grupo ficou acima do valor de
referência para a espécie (valor médio inicial:
0,81 mg/dL vs. final: = 1,97 mg/dL; P≤0,05).
Os achados histopatológicos revelaram lesões
renais sugestivas de nefrite e nefrose tubular, em
todos os animais do grupo. Sendo que três cães
(60%) apresentaram atrofia glomerular,
hialinização, necrose glomerular, congestão de
vasos, moderado infiltrado inflamatório
mononuclear, destruição epitelial e aumento da
luz tubular, enquanto os outros dois (40%)
apresentaram degeneração difusa do epitélio
tubular, congestão e dilatação dos túbulos e
ausência de infiltrado inflamatório.
No grupo V, tratado com 2,0 mg/kg de
meloxicam, foi observado que 100% dos cães,
que suportaram o tratamento (n = 4), tiveram
aumento na taxa de uréia sérica (valor inicial:
22,2; 20,54; 20,26; 28,13 mg/dL vs. final: 78,89;
Figura 3. Comparação das alterações microscópicas renais em cães tratados com inibidores seletivo ou não
da enzima ciclooxigenase. No grupo tratado com meloxicam (0,2 mg/kg), observa-se apenas discreto infiltrado
inflamatório (A). As doses de 1,0 e 2,0 mg/kg induziram discreto infiltrado inflamatório (A), atrofia glomerular
(B), degeneração tubular (C) e destruição glomerular (D). No grupo do piroxicam, observa-se discreto infiltrado
inflamatório (A) e atrofia glomerular (B). Coloração: HE; aumento: 100x.
MELOXICAM (0,2mg/kg) MELOXICAM (1,0mg/kg) 
MELOXICAM (2,0mg/kg) PIROXICAM (1,0mg/kg) 
A 
C 
A 
B 
D 
B 
A 
A 
B 
30
139,18; 81,20 e 69,43mg/dL, respectivamente).
Por conseguinte, a média do grupo ficou acima
dos valores normais de referência (valor médio
inicial: 22,78 mg/dL vs. final: 92,18 mg/dL;
P≤0,05). Quanto a taxa de creatinina, houve
elevação sérica em 50% dos cães que chegaram
ao final do experimento (valor inicial: 0,48 e 0,80
mg/dL vs. final
 
=1,75 e 1,93 mg/dL,
respectivamente). Contudo, mesmo assim, a
média do grupo ficou dentro dos valores normais
de referência para a espécie (valor médio inicial:
0,71 mg/dL vs. final: 1,63 mg/dL), devido à perda
de um animal do grupo que veio a óbito por
peritonite secundária a perfuração gástrica. Na
histopatologia, os rins dos animais apresentaram
lesões características de nefrite e nefrose tubular,
tais como: edema, destruição glomerular,
hialinização e necrose do epitélio tubular, luz
tubular aumentada e ausência de infiltrado
inflamatório.
DISCUSSÃO
A resposta inflamatória é um processo
dependente da interação de vários mediadores,
que, agindo em conjunto, induzem modificações
morfológicas e funcionais peculiares ao processo,
tais como: eritema, calor, edema, dor e perda da
função. Estes mediadores pró-inflamatórios são
tanto de origem tissular como, por exemplo:
eicosanóides (prostaglandinas, tromboxanos e
leucotrienos), fatorde ativação plaquetária,
aminas vasoativas (histamina e serotonina),
citocinas (interleucina-1, interleucina-8, fator de
necrose tumoral-α, e interferon-γ), óxido nítrico
etc.; como de origem plasmática, aqui
representados por componentes dos sistemas
complemento, coagulação, fibrinolítico e das
cininas (BOOTHE, 1995; RANG et al., 1996;
TASAKA 1999; BOOTHE, 2001). Neste
contexto, é importante ressaltar que dentre todos
os mediadores inflamatórios, os eicosanóides têm
um papel de destaque, pois tanto encontram-se
envolvidos no controle de muitos processos
fisiológicos, do tipo: síntese de ácido clorídrico
, citoproteção gástrica, agregação plaquetária,
hemodinâmica renal, filtração glomerular, função
reprodutiva etc., como estão entre os mais
importantes moduladores do processo
inflamatório, sendo, portanto, o principal alvo
de ação das DAINES (BOOTHE, 1995; RANG
et al., 1996; TASAKA 1999).
As DAINES, ao inibirem a gênese de
importantes prostaglandinas vasodilatadoras,
como: prostaciclina e prostaglandina E
2
, induzem
uma diminuição no fluxo sangüíneo renal e na
taxa de filtração glomerular, podendo causar uma
insuficiência renal aguda. Estes fármacos podem
promover, ainda, retenção de sódio, cloreto,
potássio e água, e, por conseguinte, aumentar o
volume plasmático; bem como alterar a dinâmica
cardíaca. Ademais, o uso prolongado de
DAINES tem sido associado com necrose papilar
e insuficiência renal crônica (KORE, 1990;
KHAN et al., 1988; LOBETTI & JOUBERT,
2000).
Recentemente foram introduzidas na
medicina veterinária, especialmente na clínica de
pequenos animais, DAINES com maior
seletividade para COX-2, como, por exemplo:
carprofeno, ketoprofeno e meloxicam (BUSCH
et al., 1998; TAKENEUCHI et al., 1998;
RICKETTS et al., 1998; BUDSBERG, 1999;
RAINSFORD et al., 1999; DOIG et al., 2000;
KAY-MUGFORD et al., 2000; MATHEWS et
al., 2001). Com o surgimento destas drogas,
espera-se uma diminuição acentuada na
incidência de seus efeitos colaterais.
Para a realização desta pesquisa, utilizou-
se o meloxicam em três diferentes dosagens, a
fim de avaliar sua margem de segurança em cães.
Assim, usou-se a dose terapêutica, 0,2 mg/kg/
p.o/dia, preconizada por VAN BREE et al.
(1994); bem como foram testadas concentrações
cinco e dez vezes superiores. Nesta mesma
investigação, o inibidor inespecífico de
ciclooxigenase, piroxicam a 1,0 mg/kg/p.o/dia,
foi usado como controle positivo, pois nesta
dosagem é capaz de produzir alterações
significativas no trato gastrintestinal e sistema
renal de cães, que podem cursar com vômitos,
diarréia, ulcerações gastrintestinais e
insuficiência renal aguda, decorrentes de sua
inespecificidade de bloqueio sobre as enzimas
31
ciclooxigenases (BOOTHE, 1995; BOOTHE,
2001). O controle negativo, ou seja, o placebo,
foi representado pelo grupo experimental que
recebeu apenas o veículo, por via oral.
Quanto a bioquímica sérica,
especialmente relacionada com as taxas de uréia
e creatinina, a utilização do meloxicam em sua
dose terapêutica 0,2 mg/kg/p.o/dia, por 16 dias,
não induziu alterações nos parâmetros
bioquímicos analisados, isto é, não houve, em
nenhum animal do grupo, elevação sérica de uréia
ou creatinina acima dos valores de referência para
a espécie canina preconizados por SILVEIRA
(1988) (uréia: 5,0 – 28,0 mg/dL e creatinina: 0,5
– 1,5mg/dL). Portanto, estes dados estão em
consonância com os resultados obtidos por
ENGELHARDT et al. (1996), que não
encontraram alterações importantes na
bioquímica sérica, após o uso do meloxicam nesta
mesma dosagem, por um período de 7 a 14 dias.
Observou-se que as alterações na taxa de
uréia e creatinina induzidas pelo meloxicam
foram mais evidentes com as doses de 1,0 e 2,0
mg/kg. Dessa forma, 80 % dos cães tratados com
meloxicam a 1,0 mg/kg, apresentaram um
aumento significativo nos níveis de uréia,
enquanto 40% tiveram alterações consideráveis
na taxa de creatinina. A dosagem de 2,0 mg/kg,
por sua vez, induziu elevações séricas
representativas nas taxas de uréia e creatinina em
100 e 50% dos animais, respectivamente. Por
conseguinte, estas observações, em conjunto,
sugerem que a margem de segurança do
meloxicam em cães é bastante estreita, podendo
induzir lesões renais, mesmo em concentrações
muito próximas a dose terapêutica. É importante
salientar que o piroxicam, apesar de ser um
inibidor inespecífico da enzima ciclooxigenase,
mostrou-se menos deletério para o sistema renal,
haja vista que ocorreu elevação da taxa de uréia
somente em 20% dos cães, não tendo sido
observada elevação nos níveis de creatinina.
Estes resultados da bioquímica sérica
foram confirmados pelos achados
histopatológicos que evidenciaram, nos rins do
grupo tratado com piroxicam, hialinização e
atrofia glomerular; bem como lesões compatíveis
com nefrite e nefrose tubular nos cães que
receberam 1,0 mg e 2,0 mg de meloxicam. A
nefrose tubular pode resultar de um insulto
isquêmico ou tóxico aos rins. Nessa perspectiva,
as células epiteliais tubulares respondem à
prolongada isquemia com um processo
degenerativo, seguido de necrose, que predispõe
o surgimento dos sinais clínicos de uremia
(ETTINGER & FELDMAN, 1997). Portanto,
dessa forma, podem ser explicados os níveis
aumentados de uréia nos cães tratados com 1,0
mg e 2,0 mg de meloxicam .
Ademais, a função renal pode estar
reduzida por causas pré-renais, como fatores que
reduzem o fluxo sangüíneo renal como, por
exemplo: DAINES, aqui representadas pelo
meloxicam e piroxicam. Uma redução na função
renal pode resultar em retenção plasmática de
constituintes, que normalmente são removidos
pelos rins. Dessa forma, determinados produtos
nitrogenados, tais como: uréia e creatinina,
oriundos do catabolismo protéico, podem ficar
particularmente elevados no plasma. Portanto,
esta é uma explicação plausível para justificar o
aumento nos níveis de uréia e creatinina
provocado pelo meloxicam. Pelas razões
supracitadas, as determinações dos níveis séricos
de uréia e creatinina são testes de triagem
corriqueiramente utilizados na avaliação da
função renal (ETTINGER & FELDMAN, 1997;
COELHO et al., 2001).
As DAINES figuram entre as causas mais
comuns de insuficiência renal aguda, por inibirem
a gênese prostaciclina e prostaglandina E
2
 e, por
conseguinte, promoverem uma diminuição no
fluxo sangüíneo e na taxa de filtração glomerular,
ocasionando danos renais e sistêmicos (KHAN
et al., 1988; KORE, 1990; TASAKA, 1999;
BOOTHE, 2001). Como o meloxicam apresenta
uma seletividade parcial, mas não total, para a
enzima COX-2, é possível que o seu uso induza
um bloqueio na gênese destes prostanóides, via
inibição da enzima COX-1, predispondo os
quadros de nefrite e nefrose tubular observados
nesta investigação. Os efeitos deletérios do
meloxicam sobre o sistema renal foram
sinalizados a partir das alterações nas taxas de
32
uréia e creatinina e ratificados com os achados
histopatológicos.
CONCLUSÃO
Com base nesta investigação, conclui-se
que o meloxicam, na sua dose terapêutica, não
induz alterações na função renal. Contudo, doses
cinco e dez vezes superiores provocam alterações
significativas na função renal, evidenciando,
portanto, sua estreita margem de segurança em
cães.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOOTHE, D.M. Anti-inflammatory drugs. IN:
BOOTHE, D.M. Small Animal Clinical
Pharmacology and Therapeutics. Philadelphia: W.B.
Saunders Company, 1st ed., p.281-311, 2001.
BOOTHE, D. M. The analgesic-antipyretic-
antiiflammatory drugs. IN: ADAMS, H. R.
Veterinary Pharmacology and Therapeutics. Iowa:
Iowa State University Press, 7th ed., p.432-449,
1995.
BUDSBERG, S. C. Tendencias actuales y futuras
en el uso de los AINEs para el tratamiento de la
osteoartritis en los perros. Waltham Focus, v.9, p.26-
31, 1999.
BUSCH, U.; SCHMID, J.; HEINZEL, G.;
SCHMAUS H., BAIERL, J.; HUMBER, C.; ROTH,
W. Kinetics of meloxicam in animals and the
relevance to humans. Drug Metabolism Disposition
v.26, p.576-584, 1998.
COELHO, B.M.P.; IKESAKI, J.Y.H.; SIMÕES,
D.M.N.; KANAYAMA, L.M.; GUERRA, J.L.;
KOGIKA, M.M. Insuficiência renal crônica emcães
jovens: Estudo clínico de 25 casos. Clínica
Veterinária, v.33, p.52-56, 2001.
CONLON, P.D. Nonsteroidal drugs used in the
treatment of inflammation. Veterinary Clinical North
America, v.18, p.1115-1119, 1988.
DOIG, P.A., PURBLIC, K.A, HARE, J.E.,
MCKEOWN, D.B. Clinical efficacy and tolerance
of meloxicam in dogs with chronic osteoarthritis.
Canadian Veterinary Journal v.41, p.296-300,
2000.
ENGELHARDT, G.; HOMMA, D.; SCHLEGEL,
K.; SCHNITZLER, C.; UTZMANN, R. General
pharmacology of meloxicam-Part I: Effects on CNS,
gastric emptying, intestinal transport, water,
electrolyte and creatinine excretion. General
Pharmacology, v. 27, p.673-677, 1996.
ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Sistema
Urinário. In: Tratado de Medicina Interna
Veterinária. São Paulo: Manole, 4a ed., 2355-2374,
1997.
FORSYTH, S. F.; GUILFORD, W. G.; HASLETT,
S. J.; GODFREY, J. Endoscocopy of the
gastroduodenal mucosa after carprofen, meloxicam
and ketorpofeno administration in dogs. Journal of
Small Animal Practice v.39, p.421-424, 1998.
FROLICH, J.C. A classification of NSAIDs
according to the relative inhibition of cyclooxygenase
isoenzymes, TIPS. v.8, p.30-34, 1997.
GLASER, K.B. Cyclooxygenase selectivity and
NSAIDs: Cyclooxygenase-2 selectivity of etodolac
(Lodine). Inflammopharmacology, p.335-345, 1995.
JUSTUS, C.; QUIRKE, J.F. Dose-response
relationship for antipyretic effect of meloxicam in
an endotoxin model in cats. Veterinary Research
Communication, v.19, p.312-330, 1995.
KAY-MUGFORD, P.; BENN, S. J.; LAMARRE, J.;
CONLON, P. In vitro effects of nonsteroidal anti-
inflammatory drugs on cyclooxygenase activity in
dogs. American Journal of Veterinary Research v.61,
p.802-810, 2000.
KH AN, K.N.; VENTURINI, C.M.; BUNCH,
R.T.;BRASSARD, J. A.; KOKI, A.T.; MORRIS,
D.I.; TRUMP, B.F., MAZIASZ, T. J., ALDEN, C.L.
Interspecies differences in renal localization of
cyclooxygenase isoforms: implications in
nonsteroidal anti-inflammatory drug-related
nephrotoxicity. Toxicology Pathology v.26, p.612-
620, 1988.
KORE, A.M. Toxicology of nonsteroidal anti-
inflammatory drugs. Veterinary Clinical of North
America Small Animal Practice, v.20, p.419-30
1990.
LOBETTI, R.G.; JOUBERT, K. E. Effect of
administration of nonsteroidal anti-inflammatory
drugs before surgery on renal function in clinically
normal dogs. American Journal of Veterinary
Research, v.61, p.1501-1507, 2000.
MACPHAIL, C.M. Tratamiento de la osteoartritis
canina. Waltham Focus, v.10, p.25-31, 2000.
MARNETT, L.J.; KALGUTKAR, A.S.
Cyclooxygenase 2 inhibitors: discovery, selectivity
and the future. TIPS. 20:465-469, 1999.
MATHEWS, K.A.; PETTIFER, G.; FOSTER,
R.;;MCDONELL, W. Safety and efficacy of
preoperative administration of meloxicam, compared
33
Recebido para publicação em : 13.11.2001 Aceito em : 10.03.2002
with that of ketoprofen and butorphanol in dogs
undergoing abdominal surgery. American Journal of
Veterinary Research, v.62, p.882-888, 2001 .
PAIRET, M.; RYN, J. V.; SCHIEROK, H.; MAUZ,
A.;TRUMMLITZ, G.; ENGELHARDT G.
Differential inhibition of cyclooxygenases 1 and 2
by meloxican and its 4’-isomer. Inflammatory
Research v.47, p.270-276, 1998.
RAINSFORD, K.D.; SKERRY, T. M.; CHINDEMI,
P.; DELANEY, K. Effects of the NSAIDs meloxicam
and indomethacin on cartilage proteoglycan synthesis
and joint responses to calcium pyrophosphate crystals
in dogs. Veterinary Research Communication, v.23,
p.101-13, 1999.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J. M. Anti-
inflammatory and immunosuppressant drugs. IN:
RANG, H.P., DALE, M.M.; RITTER, J. M.,
Pharmacology. New York: Churchill Livingstone,
3th ed., p.246-266, 1996.
RICKETTS, A.P.; LUNDY, K.M.; SEIBEL, S.B.
Evaluation of selective inhibition of canine
cyclooxygenase 1 and 2 by carprofen and other
nonsteroidal anti-inflammatory drugs. American
Journal of Veterinary Research, v.59, p.1441-1446,
1998.
SILVEIRA, J. M. Bioquímica Clínica. IN:
SILVEIRA, J. M. Patologia Clínica Veterinária:
Teoria e Interpretação. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara. S.A, 1a ed., p.86-97, 1988.
TAKENEUCHI, K.; SUZUKI, K.; YAMAMOTO,
H.; ARAKI, H.; MIZOGUCHI, H.; UKAWA, H.
Cyclooxygenase-2 selective and nitric oxide-
releasing nonsteroidal anti-inflammatory drugs and
gastric mucosal response. Journal of Phisiology
Pharmacology, v.49, p.501-513, 1998.
TANAKA, A; ARAKI, H.; KOMOIKE, Y.; HASE,
S.;TAKEUCHI, K. Inhibition of both COX-1 and
COX-2 is required for development of gastric damage
in response to nosteroidal anti-inflammatory drugs.
Journal of Physiology, Paris, v.95, p.21-27, 2001.
TASAKA, A.C. Antiinflamatórios não-esteroidais.
IN: SPINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI,
M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina
Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2ª
ed., p.212-226, 1999.
VAN BREE, H.; JUSTUS, C.; QUIRKE, J.F.
Preliminary observations on the effects of meloxicam
in a new model for acute intra-articular inflammation
in dogs. Veterinary Research Communication v.18,
p.217-224, 1994.
VANE, J.R. Inhibition of prostaglandin synthesis as
a mechanism of action for aspirin-like drugs. Nature,
v.231, p. 232-235, 1971.
VANE, J. R.; BOTTING, R.M. New insights into
the model of action of anti-inflammatory drugs.
Inflammation Research, v.44, p.1-10, 1995.
WATSON, A. D.; NICHOLSON, A.; CHURCH, D.
B.; PEARSON, M.R. Use of anti-inflammatory and
analgesic drugs in dogs and cats. Australian
Veterinary Journal v.74, p.203-210, 1996.

Continue navegando