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03 - Métodos em Engenharia de Produção Estudo de Caso e Pesquisa Ação

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Prévia do material em texto

Projeto de Graduação: 
Desenvolvimento
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Brena Bezerra Silva
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
• Métodos de Pesquisa em Engenharia;
• Estudo de Caso;
• Pesquisa-Ação.
· Realizar uma introdução aos métodos de pesquisa em Engenharia;
· Definir o método de estudo de caso e suas etapas;
· Definir o método de pesquisa-ação e suas etapas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
Métodos de Pesquisa 
em Engenharia
Uma pesquisa científica deve ter pré-determinado e planejado o caminho a ser 
percorrido para alcançar os seus resultados e a explicação aos quais. Para tanto, a 
escolha do método é determinante para uma boa pesquisa científica, uma vez que 
apresenta o passo a passo a ser utilizado para alcançar determinado objetivo.
Dessa forma, uma pesquisa pode garantir a explicação do estudo, reproduti-
bilidade, replicação e consistência necessária para sustentar os seus resultados.
Uma definição clara de problema de pesquisa, conforme Rudio (2003) é a 
dificuldade a ser resolvida, transformando a mesma em um enunciado de questão 
que possa ser resolvido pelos métodos científicos e que seja factível de acordo 
com a competência do pesquisador e os recursos disponíveis. Na área da Enge-
nharia de Produção (EP), tratam-se dos problemas que envolvem “[...] o projeto, 
o aperfeiçoamento e a implantação de sistemas integrados de pessoas, mate-
riais, informações, equipamentos e energia para a produção de bens e serviços” 
(FLEURY, 2012, p. 34).
Martins, Mello e Turrioni (2014) ressaltam a importância da definição do pro-
blema de pesquisa ao relatarem que uma investigação sem um foco claro pode 
ser “subjugada pelo volume de dados” e que a definição desse problema auxilia 
o pesquisador, fornecendo-lhe parâmetros para especificar questões como o tipo 
de organização a ser abordada e os meios de coleta de dados que serão utilizados.
Conforme Fleury (2012), o caráter interdisciplinar da Engenharia torna a ta-
refa de pesquisa um pouco mais complexa do que em outras áreas de estudo. 
Muitas vezes, um tema de estudo da Engenharia como, por exemplo, gestão de 
estoques abrangerá temas como planejamento e gestão de compras.
Além disso, ainda nesse tema, se o problema de pesquisa for minimizar os 
custos de estoque, deve-se optar pelo método modelagem; se o objetivo da pes-
quisa for aplicar e guiar uma melhoria, deve-se escolher o método pesquisa-ação; 
e se o objetivo for analisar um caso, deve-se optar pelo método estudo de caso.
Assim, o pesquisador deve entender o seu tema e delimitar, de forma adequa-
da, o problema de pesquisa. Para tanto, é importante que os métodos sejam es-
tabelecidos de maneira adequada, conforme o problema de pesquisa delimitado. 
Dessa forma, os métodos de pesquisa para a área de EP podem ser esco-
lhidos conforme a delimitação do tema e problema de pesquisa. Para tanto, 
Nakano (2012) apresenta os seguintes métodos de pesquisa utilizados na Enge-
nharia de Produção:
 · Survey: aplicação em uma população previamente definida e coleta de da-
dos em amostras grandes, análise estatística dos dados e uso de um único 
instrumento para a coleta de dados – comumente um questionário;
8
9
· Estudo de caso: aproximação entre o pesquisador e objeto de estudo – nor-
malmente empresas – por meio de visitas, para a realização de análises de um 
ou mais casos, com a utilização de múltiplos instrumentos de coleta de dados;
· Modelagem/simulação: uso de técnicas de modelagem matemática e sof-
twares computacionais para descrever, analisar, simular e propor melhores 
opções para determinado processo em estudo;
· Experimento e quase-experimento: pesquisas em ambientes controla-
dos, comumente laboratórios, para estudo de relacionamentos entre duas 
ou mais variáveis de um sistema; e
· Teórico/conceitual: pesquisas com base em discussões conceituais de 
diversas fontes da literatura acadêmica, tais como artigos científi cos de 
congressos e journals, livros, dissertações e teses.
Diante dos métodos de pesquisa utilizados em EP, veremos cada um de forma 
mais detalhada, de modo a esclarecer as suas particularidades.
Estudo de Caso
É um estudo considerado empírico e que objetiva a realização de uma inves-
tigação em relação a um fenômeno da atualidade, partindo-se do pressuposto 
que não há uma definição clara entre as fronteiras entre o fenômeno e contexto, 
sendo uma maneira de se fazer pesquisa social de modo empírico (YIN, 2015). 
Gil (2009) apresenta algumas características do estudo de caso:
· Delineamento de pesquisa: estudo de caso é um método de pesquisa, 
logo, não é uma estratégia de coleta de dados;
· Preserva o caráter individual do fenômeno pesquisado: investigação 
como um todo do caso, podendo tal fenômeno estar integrado a um 
indivíduo, grupo, evento, programa, processo, comunidade, organização, 
instituição social, ou a uma cultura como um todo e, por isso, devendo ser 
respeitadas as suas particularidades;
· Investiga um fenômeno contemporâneo: apesar de considerar fatos 
referentes a diversos condicionamentos históricos, o objeto do estudo de 
caso se dá no momento presente em que se realiza a pesquisa;
· Não separa o fenômeno do contexto: não limita o número de variáveis 
a serem estudadas;
· Estudo de profundidade: é comum nos estudos de caso a utilização das 
entrevistas pouco estruturadas para a obtenção de dados com maior nível 
de profundidade;
· Requer a utilização de múltiplos procedimentos de coleta de dados:
para a validação e confi abilidade dos dados coletados, é necessário realizar 
a comparação de diversas fontes de evidência de dados, tais como entre-
vista, observação e documentos.
9
UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
O estudo de caso permite que seja possível o desenvolvimento de teorias 
já existentes ou de novas proposições, esclarecendo questões ainda pouco elu-
cidadas (MIGUEL; SOUSA, 2012). Assim, esse métodopode ser usado para 
diferentes propósitos de pesquisa, tais como exploração, construção, teste ou refi-
namento da teoria (VOSS et al., 2002), vejamos: 
 · Pesquisa exploratória: é empregada nas fases iniciais do desenvolvi-
mento de uma teoria e permite o uso de um ou mais casos para valida-
ção e confirmação das conclusões teóricas;
 · Construção de teoria: permite a investigação de variáveis-chaves, estu-
do das relações entre as mesmas e investigação do “por quê” as relações 
entre as quais existem;
 · Teste de teoria: os casos permitem o teste de teorias desenvolvidas em 
etapas anteriores, podendo confirmá-las ou invalidá-las, e prever resul-
tados futuros;
 · Extensão/refinamento de teoria: a partir dos casos, pode-se realizar 
reestruturações, modificações e aperfeiçoamentos nas teorias existentes. 
Um exemplo seria a investigação dos limites de aplicação de certa teoria 
em determinado caso. 
Para estabelecer um bom estudo de caso, é recomendado que alguns passos 
sejam seguidos em sua condução, a saber: definição de uma estrutura conceitual 
teórica, planejamento do estudo de caso, coleta de dados, análise dos dados e 
relatório de pesquisa – os quais serão tratados individualmente a seguir.
Definir uma estrutura conceitual teórica:
O primeiro passo dentro de um estudo de caso é realizar um mapeamento 
da literatura referente ao assunto delimitado no estabelecimento do problema 
de pesquisa. Dentro desse método, tal etapa é conhecida como a definição da 
estrutura conceitual teórica.
Nessa fase deve ser montada uma estrutura na qual são identificados outros 
trabalhos já realizados de caráter teórico e empírico sobre o tema e mostrada 
a abrangência das fontes bibliográficas existentes acerca do tópico estudado 
(MIGUEL; SOUSA, 2012).
Os frutos dessa etapa de estruturação teórica são úteis para alguns pontos muito 
importantes do estudo de caso, vejamos:
 · Identificação das lacunas presentes na literatura e referentes a justificativas 
para a pesquisa;
 · Resumir os constructos;
 · Delimitar as fronteiras do que será investigado; e
 · Fornecer o embasamento teórico para a pesquisa (MIGUEL; SOUSA, 2012).
10
11
Constructos: são elementos extraídos da literatura e que representam um conceito a ser 
verifi cado de forma empírica. Ex
pl
or
Ainda conforme Miguel e Sousa (2012), a partir dos constructos podem ser 
estabelecidas as proposições do estudo, estas que são as representações dos cons-
tructos para fins de mensuração e/ou expressões – baseadas na literatura – do que 
realmente será verificado na fase empírica do estudo.
Miguel (2007) ressalta ainda algumas características sobre o referencial teórico 
para a pesquisa, o qual deve estar relacionado diretamente ao estudo de caso, ou 
seja, devem ser identificadas as lacunas da pesquisa e a partir destas, prover os 
objetivos e as questões que o trabalho estudará.
Planejamento do estudo de caso:
Envolve a escolha da população que será candidata à coleta de dados do es-
tudo de caso e a quantidade de casos que será realizada. O primeiro passo da 
etapa de planejamento do caso é a definição do tipo e número de casos a serem 
estudados, considerando que o estudo de caso pode ser de um caso único ou múl-
tiplos, de modo que tal escolha deve ser feita antes do início da coleta de dados 
(MARTINS; MELLO; TURRIONI, 2014; MIGUEL; SOUSA, 2012).
De acordo com Yin (2015), os estudos de caso único permitem ao pesqui-
sador testar uma teoria já formulada, analisar casos raros e extremos e casos 
reveladores – onde tem acesso a uma situação considerada inacessível a investi-
gações. Como uma desvantagem dos estudos de caso único, cita-se a limitação 
presente para generalização das conclusões, teorias e modelos desenvolvidos a 
partir do mesmo (MARTINS; MELLO; TURRIONI, 2014).
Já os estudos de casos múltiplos permitem maior grau de generalização, ten-
do, no geral, as suas provas consideradas mais convincentes; porém, a profundi-
dade de avaliação dos casos é menor e os recursos consumidos para a efetivação 
dessa modalidade de estudos de caso são muito maiores (YIN, 2015; MARTINS; 
MELLO; TURRIONI, 2014; SOUSA, 2005).
Os casos podem ainda ser escolhidos conforme o tipo de análise que se pre-
tende utilizar – retrospectivas ou longitudinais. Para análises retrospectivas – in-
vestigação baseada em dados passados –, cujas relações de causa e efeito são 
difíceis de serem estabelecidas, devido à sua natureza histórica, e análises longitu-
dinais – investigação do presente –, que podem apresentar dificuldades de acesso 
aos dados, pois o tempo de coleta de dados pode ser elevado. Além disso, as 
análises longitudinais podem não ser conduzidas em tempo real, fazendo com 
que essa modalidade apresente determinado grau de retrospectividade (MIGUEL; 
SOUSA, 2012; SOUSA, 2005).
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UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
Uma pesquisa para estudar a evolução e maturidade de um sistema de gestão organizacional 
em uma empresa requer uma análise de dados históricos e das condições atuais, logo, 
apresenta características longitudinais e retrospectivas.
Ex
pl
or
Finalmente, após a seleção das análises, deve ser escolhida a população que será 
estudada. A opção de uma população deve ser justificada pelas suas características 
a fim de que sejam generalizadas em uma teoria mais abrangente (MIGUEL; 
SOUSA, 2012).
É importante ressaltar que um estudo de caso de construção de teoria deve 
permitir a sua replicação em outros ambientes, geralmente em duas situações:
1. Replicação teórica: onde o resultado é diferente por razões previsíveis;
2. Replicação literal: esperam-se idênticos resultados aos mesmos métodos 
(MIGUEL; SOUSA, 2012).
Coleta de dados:
Após o planejamento dos casos, devem ser determinados os instrumentos e 
meios de coleta de dados que serão utilizados. Para essa etapa é recomendada a 
seleção de múltiplas fontes de evidências, possibilitando a triangulação de dados 
– comparação entre os dados coletados, geralmente de três fontes diferentes –, 
garantindo, assim, a confiabilidade da coleta de dados.
Geralmente, são utilizadas como fontes de evidências no estudo de caso 
as entrevistas, a análise documental e as observações (MARTINS; MELLO, 
TURRIONI, 2014), vejamos:
 · Entrevistas: podem ser estruturadas – em questionários fechados –, se-
miestruturadas – em lista de tópicos com o que será coletado, que pode 
variar a ordem das questões de acordo com o perfil dos entrevistados –, ou 
não estruturadas – quando não há uma estrutura pré-definida. No método 
estudo de caso é mais comum o uso de entrevistas semiestruturadas ou 
não estruturadas. Os principais benefícios das entrevistas semiestruturadas 
e não estruturadas no estudo de caso correspondem ao possível apareci-
mento de informações que não constavam na teoria, promovendo, assim, 
o desenvolvimento dessa; se malconduzidas, porém, podem se tornar ten-
denciosas, sejam por ter questões mal elaboradas, por respostas enviesa-
das e/ou imprecisas;
 · Análise documental: engloba o exame de documentos como relatórios, 
cartas, atas de reunião ou formulários, que podem ser avaliados para a 
construção da pesquisa. Tais documentos são evidências por basicamente 
serem relatos de uma rotina, política ou mesmo fruto de procedimentos 
de trabalho. As vantagens dos dados documentais é que podem ser revisa-
dos – melhores analisados – por várias vezes, contemplando significativo 
espaço de tempo e ainda com grande nível de detalhes sobre um evento. 
12
13
Porém, os documentos estão sujeitos a interpretações subjetivas do pes-
quisador, seletividade na escolha por parte da empresa ou até mesmo a 
negativa de fornecimento dos mesmos; 
· Observações: podem ser diretas, em que o pesquisador analisa a rotina 
de uma empresa por meio da visita à qual. Assim, é possível observar o 
que está acontecendo no ambiente no exato momento em que é realizado 
algum evento ou atividade no local, tratando os acontecimentos em tempo 
real e contextualizados;porém, consomem muito tempo e são passíveis 
de interpretações subjetivas dos fatos. As observações podem ser também 
do tipo participante, que são situações nas quais o pesquisador exerce um 
papel de tomada de decisão na organização estudada, com base na teoria 
sobre o tema, possibilitando análises tendenciosas, já que o observador 
manipula os eventos. 
Delimitados os instrumentos de coleta de dados, recomenda-se o desenvol-
vimento de um protocolo de pesquisa, o qual deve conter informações sobre o 
trabalho, tais como procedimentos, regras relacionadas às fontes de coletas de 
dados, visitas etc.; além de um roteiro das entrevistas necessárias conforme as 
áreas investigadas.
Importante!
Apesar de não ser prática comum nos estudos de caso, Miguel e Sousa (2012) reco-
mendam a aplicação de um teste piloto antes de partir para a coleta de dados pro-
priamente dita. Este teste teria a função de verifi car os procedimentos de aplicação 
com base no protocolo, buscando o seu aprimoramento, a verifi cação da qualidade 
dos dados obtidos até o momento – se estão ou não contribuindo ao atendimento 
das propostas da pesquisa.
Importante!
A execução da coleta de dados depende do nível de acesso que o pesqui-
sador possui na empresa. É importante que o mesmo busque pessoas de re-
ferência na organização – comumente algum profissional da alta e/ou média 
gerência – que indique os melhores caminhos para a obtenção das informações 
necessárias, desde o fornecimento de documentos até quem são as melhores 
pessoas a serem entrevistadas.
O pesquisador deve deixar claro que a investigação também tem o objetivo de 
trazer benefícios para a empresa, dado que esse método muitas vezes é passível de 
questionamentos devido a limitações metodológicas na escolha do caso, nas cole-
tas e análises de dados, apresentações dos resultados e conclusões geradas pelas 
evidências (MIGUEL; SOUSA, 2012). Logo, é importante a boa condução de um 
trabalho baseado nesse método para que possua embasamento metodológico o 
suficiente a fim de ser válido e confiável.
A coleta de dados deve ser feita de acordo com os instrumentos definidos no 
planejamento. Vale ressaltar que as entrevistas devem ter questões adequadas aos 
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UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
objetivos do trabalho, enquanto que o entrevistador necessita ter audição apurada, 
desprovida de qualquer preconceito, com sólido embasamento teórico para 
compreender as respostas do entrevistado. Ademais, o uso de gravadores de voz 
deve ser empregado apenas com o consentimento do entrevistado. Já os registros 
das informações de campo devem ser aplicados de forma imediata ou o mais breve 
possível a fim de preservar a informação exatamente como vista, mesmo se tal for 
oriunda de uma fonte não planejada (MIGUEL; SOUSA, 2012; YIN, 2015). 
As informações coletadas serão as que comporão o banco de dados do estudo 
de caso, este que se refere à organização e disposição das informações coletadas 
de maneira formal e apresentável para outros pesquisadores (MARTINS; MELLO; 
TURRIONI, 2014), sendo que a coleta de dados pode ser entendida como con-
cluída somente após a obtenção da “saturação teórica”, ou seja, com a adição 
de mais itens ao banco de dados do estudo de caso, quando se percebe que não 
colaboram com novas informações à pesquisa (MIGUEL; SOUSA, 2012).
Análise dos dados:
Para realizar a análise dos mesmos, primeiramente o pesquisador necessita pro-
duzir algo parecido com uma narrativa geral do caso, selecionando para análise 
apenas os dados condizentes ao objetivo e aos constructos da pesquisa.
Nessa etapa serão realizadas as transcrições das entrevistas, anotações e demais 
evidências, de acordo com o estabelecido no protocolo de pesquisa, o qual pode 
ser revisado pelos respondentes (MIGUEL; SOUSA, 2012).
Esse tipo de análise permite que seja desenvolvida uma descrição do caso, cuja 
etapa auxilia diretamente na identificação de relações causais ou mesmo sendo o 
suficiente quando o objetivo do estudo de caso for descritivo (MARTINS; MELLO; 
TURRIONI, 2014; MIGUEL; SOUSA, 2012).
Um instrumento para auxiliar na análise de dados coletados é a construção de 
painéis conforme o seguinte modelo:
Quadro 1 – Exemplo ilustrativo de painel dos dados coletados
CONSTRUCT Liderança Práticas de QM Estratégia
FONTE Data: 02/07/05
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Data: 15/06/05
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Entrevista
Análise 
Documental
Atas 
Relatórios
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NÃO DISPONÍVEL
14
15
Visita à Planta
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asdasdadsadasdasds
asdasdadsadasdasds
asdasdsadsadsadasd
Fonte: Adaptado de Miguel, 2007
A construção de painéis para a visualização geral dos dados, separados por 
elementos conceituais e fontes de evidência permite a extração de conclusões 
baseadas nesses dados. Na coleta de dados em estudo de casos múltiplos, um 
painel deve ser construído para cada caso, a fim de que seja possível cruzar as 
informações e identificar as convergências e divergências entre as fontes (MIGUEL; 
SOUSA, 2012).
Relatório da pesquisa:
Essa etapa representa a síntese do estudo de caso, em que será gerado o 
trabalho final – tese, dissertação e/ou artigos para congressos –, sempre com o 
devido cuidado de não ajustar a teoria aos dados, pautando-se pela confiabilidade 
– o que determina a possibilidade de replicação do estudo – e validade (MIGUEL; 
SOUSA, 2012).
Quadro 2 – Tipos de validade
Validade Defi nição
Interna Nível de confiança em relação à causa e ao efeito entre as variáveis
Externa Grau de generalização das conclusões de pesquisa, ou seja, o quão são aplicáveis os resultados obtidos em outros objetos de análise
Do constructo Consiste na extensão pela qual a observação mede o conceito que se pretende mensurar pelo estabelecimento de corretos padrões operacionais em relação a esse conceito
Descritiva Expressa o grau pelo qual o relatório de pesquisa é exato em relação à situação investigada
Interpretativa Compreende a extensão pela qual a interpretação dada representa o que é estudado
Teórica Constatação se o que o pesquisador relatou teoricamente é coerente com os dados apresentados
Fonte: Adaptado de Miguel e Sousa, 2012
O Quadro 3 apresenta os tipos de testes que devem ser realizados para garantir 
as validades e a relação com as etapas de pesquisa. Segundo Yin (2015), quatro 
testes são comumente utilizados para determinar a qualidade de qualquer pesquisa 
empírica. O objetivo desses testes é julgar a qualidade do estudo por meio da 
verificação da fidedignidade, credibilidade, confiabilidade e fidelidade dos dados.
Quadro 3 – Táticas do estudo de caso para quatro testes
Teste Tática do estudo de caso Fase da pesquisa
Validade do constructo
· Usa múltiplas fontes de evidência; 
· Estabelece o encadeamento de evidências; 
· Revisão do relatório do estudo de caso por informantes-chave.
Coleta de dados;
Análise de dados.
Validade interna
· Adequação dos dados à teoria e comparação das múltiplas 
fontes de evidência;
· Realiza a construção da explicação.
Análise de dados. 
15
UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
Teste Tática do estudo de caso Fase da pesquisa
Validade externa
 · Usa a teoria nos estudos de caso único;
 · Usa a lógica da replicação nos estudos de casos múltiplos.
Projeto de 
pesquisa.
Confiabilidade
 · Usa o protocolo do estudo de caso;
 · Desenvolve uma base de dados de estudo de caso. Coleta de dados.
Fonte: Adaptado de Yin, 2015
As validações do estudo de caso são importantes para que o relatório gerado 
seja consistente e,consequentemente, aprovado ao seu objetivo final. Assim, pode-
-se elaborar um resultado sólido de geração de conhecimento aos outros estudio-
sos, profissionais da área e à sociedade em geral sobre determinado setor, método 
de trabalho, sistema gerencial etc.
Pesquisa-Ação
Inicialmente, a pesquisa-ação era uma modalidade de abordagem de pesquisa 
social que se somava à geração de teoria por parte do pesquisador com alguma 
ação ou resolução de determinado problema no meio estudado – devido à ação do 
próprio pesquisador. 
Contudo, uma definição atual para a pesquisa-ação pode ser feita desmembran-
do os termos do método. Assim, refere-se à produção do conhecimento, cujo 
termo ação diz respeito à modificação intencional de dada realidade.
Na pesquisa-ação, a produção de conhecimento e mudança de realidade acon-
tecem simultaneamente e ambos os fatos apenas ocorrem um devido ao outro 
(MARTINS; MELLO E TURRIONI, 2014).
De acordo com Turrioni e Mello (2012), na Engenharia, a pesquisa-ação vem 
com os mesmos objetivos – produção de conhecimento e resolução de problemas 
práticos –, de modo que podem ser divididos em objetivos:
 · Técnico: aquele que contribuir da melhor maneira possível com a solução 
do problema, levantando propostas de ações para auxiliar o agente na sua 
atividade transformadora; e
 · Científico: que visa a obtenção de informações que seriam de difícil aces-
so por meio de outros procedimentos, objetivando o aumento da base de 
conhecimento sobre determinadas situações.
Para o desenvolvimento de uma pesquisa-ação, o investigador deve estar atento 
para as características desse método de pesquisa; segundo Martins, Mello e Turrioni 
(2014), tratam-se dos seguintes aspectos:
 · Pesquisa com ação ao invés de pesquisa sobre a ação: a pesquisa-ação 
usa de uma abordagem científica para estudar a resolução de assuntos so-
ciais e organizacionais em conjunto com as pessoas inseridas no meio;
16
17
· Participativa: quem está presente no meio estudado participa ativamen-
te dos processos da pesquisa, não se limitando a ser mero objeto de 
estudo do pesquisador;
· Simultânea com a ação: objetiva a realização de ações efetivas enquanto 
simultaneamente é construído o conhecimento;
· Sequência de eventos e uma abordagem para a solução de proble-
mas: compreende uma sequência de ciclos de coleta de dados, realimen-
tação, análises, planejamento e tomada das ações e avaliações. Como 
abordagem para solução de problemas, espera-se da pesquisa-ação um 
papel de aplicação de métodos científi cos à descoberta de dados e experi-
mentação aos problemas práticos que requerem atuação dos envolvidos;
· Envolve dois objetivos: colaboração com a Ciência e solução de problemas;
· Cooperativa: requer cooperação entre os profi ssionais da empresa e o 
pesquisador, sendo de caráter interativo;
· Holística: visa a compreensão do sistema como um todo, logo, o pesqui-
sador necessita de tráfego pleno entre as estruturas formais e informais;
· Focada na mudança: trata-se fundamentalmente da realização de alte-
rações, sendo aplicável ao entendimento, planejamento e à implantação 
de mudanças;
· Diversifi cação de técnicas: pode-se usar das mais variadas técnicas de 
coleta de dados, sejam qualitativas ou quantitativas; e
· Diagnóstica: requer um bom entendimento prévio do ambiente empre-
sarial, das condições de negócio, da estrutura e dinâmica dos sistemas 
operacionais e de suas justifi cativas.
Assim, a execução do método pesquisa-ação requer participação ativa do pes-
quisador frente a resolução de problemas de um determinado caso. Ao contrário 
do método estudo de caso, na pesquisa-ação o investigador deve participar e pro-
por soluções em conjunto com os profissionais da empresa.
Devido a isso, a execução do método pesquisa-ação exige um passo a passo es-
truturado, para que a pesquisa seja executada adequadamente. Segundo Coughlan 
e Coghlan (2002), os passos para a execução de uma pesquisa-ação são: planeja-
mento, coleta de dados, análise dos dados, planejamento das ações, implantação 
das ações e elaboração do relatório final. Além disso, esses passos devem ser segui-
dos como um ciclo e monitorados. A Figura 1 apresenta o ciclo para a realização 
da pesquisa-ação:
17
UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
Planejamento
Monitoramento
Coleta de dados
Análise de dadosImplementação 
das ações
Avaliação dos
resultados e
relátorio �nal
Planejamento
 das ações
Figura 1 – Etapas da pesquisa-ação
Fonte: Adaptada de Martins, Mello & Turrioni, 2014 e de Turrioni & Mello, 2012
A seguir serão descritas as etapas desse método:
 · Planejamento: Coughlan e Coghlan (2002) subdividem esta fase da 
pesquisa em três etapas: definição do contexto e propósito da pesquisa, 
definição da estrutura conceitual-teórica e seleção do local da análise e 
técnicas de coleta de dados. Na definição do contexto e do propósito de 
pesquisa são estabelecidas as questões da investigação, como a raciona-
lidade da ação e pesquisa, além do que deve iniciar em tempo real com 
a pesquisa-ação propriamente dita. Os membros-chave da empresa es-
tudada começam a se questionar e entender os propósitos da ação e os 
pesquisadores devem refletir o porquê de tal fenômeno merecer um estu-
do aprofundado (TURRIONI; MELLO, 2012). Assim, os pesquisadores e 
participantes estabelecem os objetivos principais da pesquisa. Finaliza-se 
esta etapa com a definição da equipe de pesquisadores e participantes 
da empresa analisada que terão papéis efetivos na condução da pesqui-
sa, coleta de dados e demais etapas da pesquisa-ação, já definindo aqui 
os meios de avaliação das ações planejadas e implantadas. Na definição 
da estrutura-conceitual teórica, deve-se traçar o referencial teórico so-
bre o assunto abordado na pesquisa, contextualizando e fundamentando 
os problemas encontrados, podendo ser feito algum redirecionamento 
ou reformulação do problema para a sua adequação ao modelo teóri-
co (TURRIONI; MELLO, 2012). Ainda para esses autores, o problema 
de pesquisa e seus objetivos são definidos como auxílio para a proposição 
de soluções ao problema e colaboração com a base de conhecimento. Já 
a seleção do local de análise deve contemplar as questões levantadas no 
início da pesquisa, juntamente com as formuladas na revisão de literatura, 
18
19
sendo que este conjunto de considerações deve servir de justifi cativa e dire-
cionamento à escolha da unidade de análise (TURRIONI; MELLO, 2012). 
Quanto às técnicas para a coleta de dados, Thiollent (2007) destaca o 
uso de entrevistas: uma coletiva, no local do trabalho e entrevistas in-
dividuais visando um aprofundamento maior das situações. É comum 
também a utilização de questionários e análise documental (TURRIONI; 
MELLO, 2012); porém, a tática de coleta de dados mais utilizada é a de 
observação participante, na qual o pesquisador atua diretamente como 
um fator de infl uência no grupo, para a conscientização dos envolvidos 
da importância da pesquisa (MARCONI; LAKATOS, 2017);
· Coleta de dados: ocorre por meio da presença ativa do pesquisador no 
dia a dia dos processos relacionados à pesquisa, mediante participações, 
observações e intervenções – formais ou informais. Outras maneiras 
para a obtenção de dados são por meio de registros documentais, tais 
como indicadores de desempenho, balanços fi nanceiros, relatórios de 
marketing etc. – considerados dados secundários –; já os dados primá-
rios são obtidos pelas entrevistas, observações e discussões (TURRIONI; 
MELLO, 2012). O pesquisador deve organizar ainda os dados coletados 
ao monitoramento das informações, análises e tratamentos dos quais; 
· Análise dos dados: na pesquisa-ação se dá de forma colaborativa, ou 
seja, tanto os membros do local participante quanto os pesquisadores 
atuam juntos, devido ao fato de que os membros de dado local conhe-
cem o ambiente de maneira mais profunda e o pesquisador está inteira-
do sobre a teoria que envolve o tema, tornando essenciala participação 
de ambos (COUGHLAN; COUGHLAN, 2002; TURRIONI; MELLO, 
2012). Nesta análise, Martins, Mello e Turrioni (2014) destacam que o 
pesquisador deve ter um papel questionador, comparando os dados tabu-
lados após coleta com a teoria do tema pesquisado. Nesta fase, costuma-
-se questionar a coerência dos dados em relação à teoria, contradição e 
convergência entre os quais;
· Planejamento das ações: no fi nal da análise dos dados, deve ser tra-
çado um plano de ação para a solução do problema, incluindo todas as 
recomendações para a solução do mesmo, apontando responsáveis e 
prazos. Como tudo na pesquisa-ação, este planejamento é elaborado em 
conjunto entre pesquisadores e participantes do meio estudado. O plano 
de ação deve responder a perguntas-chave. De acordo com Coughlan 
e Coghlan (2002), as questões a serem respondidas são as seguintes: o 
que deve mudar? Em quais partes da organização? Quais são os tipos 
necessários de mudanças? Qual é o apoio necessário? Como é o com-
promisso a ser formado? Qual é a resistência a ser gerenciada? 
· Implantação das ações: após coleta, análise dos dados e planejamento 
das ações, devem ser implantadas as melhorias propostas para o objeto 
de estudo, dado que nesta fase são inseridas as ações. Ademais, as im-
plantações são de responsabilidade dos participantes do meio investigado.
19
UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
O pesquisador não possui o papel de implantador das modificações ge-
radas no plano de ação, atuando apenas como agente facilitador das 
mudanças (TURRIONI; MELLO, 2012);
 · Avaliação e relatório final: a avaliação dos resultados obtidos no final 
do ciclo é de extrema importância à sua replicação nos ciclos subsequen-
tes. A base para tal avaliação deve ser os objetivos definidos da pesquisa 
– técnicos e científicos – e as proposições anteriormente estabelecidas 
(TURRIONI; MELLO, 2012). Avaliar os resultados é o segredo do su-
cesso de uma pesquisa-ação, pois sem a mesma, o acaso predomina na 
ação, proliferando erros e aumentando a ineficácia (MARTINS; MELLO; 
TURRIONI, 2014). Depois de avaliado e rodado o ciclo pelo número 
de vezes necessárias, deve-se gerar o relatório de pesquisa. Tal relatório 
auxilia o pesquisador no desenvolvimento de seu trabalho final. Nesse 
relatório é importante conter a fundamentação teórica e os desdobra-
mentos da pesquisa empírica, partindo do planejamento até a avaliação 
final e descrição dos resultados alcançados (MARTINS; MELLO, 2012). 
Na redação do trabalho final, o pesquisador deve descrever todas as 
identificações e tratativas dos ciclos de trabalho. Porém, como a pesquisa 
é de caráter cíclico, sem a elaboração de um quadro-resumo do que foi 
realizado em cada período, a tarefa de descrição pode ficar comprome-
tida (MARTINS; MELLO; TURRIONI, 2014). Vejamos um exemplo de 
quadro-resumo para pesquisa-ação:
Quadro 4 – Exemplo de quadro-resumo para pesquisa ação
Ciclo Período Atividades Executadas Reflexão/Avaliação Plano de Ação
1
Agosto 
de 2007 a 
Outubro de 
2007
Busca por produto de referência 
no mercado
Levantamento de dados do 
modelo atual do horímetro.
Foram identificados três fabri-
cantes de horímetros.
Os desenhos do horímetro 
apresentavam falhas, como 
cotas faltantes.
Não havia um levantamento de 
tempos de processo.
Selecionar o melhor produto 
entre os três indentificados.
Refazer desenhos do horímetro 
em software 3D utilizando 
amosras de cada componente.
Mapear processos de montagem 
e levantar tempos do processo.
2
Novembro de 
2007 a Julho 
de 2008
Definição do produto de refe-
rência, com base em análise do 
grupo de pesquisa.
Redesenho do horímetro atual 
em software 3D para facilitar o 
reprojeto do conceito.
Levantamento dos tempos de 
cada processo e custos de cada 
conjunto e componente. 
Foram avaliados os aspectos 
construtivos, tecnologia e 
realizados testes no horímetro 
de referência.
Desmontagem do horímetro de 
referência para avaliação de casa 
conjunto/componente.
Acompanhar processo de monta-
gem do horímetro.
Levantar problemas de monta-
gem e fabrição in loco (observar 
e entrevistar montadoras).
Analisar com a equipe de 
projeto as propostas de 
melhoria do produto.
Desenvolver princípios de solu-
ção para o produto (em 3D)
20
21
Ciclo Período Atividades Executadas Refl exão/Avaliação Plano de Ação
3
Agosto 
de 2008 a 
Dezembro de 
2008
Elaboração de mapa do
processo de montagem com 
tempos padrão de cada etapa.
Definição de conjuntos
específicos do horímetro para 
reprojeto inicial.
Elaboração de relatório de 
problemas de montagem.
Desenvolvimento dos
primeiros princípios de solução 
para reprojeto.
Princípios de solução
analisados e selecionados
pela equipe de projeto.
Verificação da necessidade de 
ajustes em algumas propostas 
de reprojeto dos componentes.
Novas sugestões de melhorias.
Refazer desenhos tridimensio-
nais para apresentação para 
equipe de projeto.
Prototipar peças reprojetadas 
para análise dimensional e de 
montagem dos componentes.
Montagemde um protótipo 
híbrido para simulação de
testes de campo
(principalmente, vibração).
4
Janeiro de 
2009 a Abril de 
2009
Apresentação dos desenhos 3D 
do horímetro reprojetado.
Apresentação das peças
prototipadas para análise da 
equipe de pesquisa.
Elaboração de protótipo híbrido 
para testes.
A equipe de projeto aprovou
os componentes reprojeta-
dos. Uma estimativa mostrou 
que pode ocorrer redução no 
custo-meta do produto, além de 
outras melhorias.
Realizar testes no protótipo 
híbrido (construídos compeças 
em produção e peças
reprojetadas prototipadas) para 
verificar a viabilidade técnica do 
produto reprojetado.
Fonte: Mello et al., 2012
O poder de síntese que esse modelo de quadro-resumo traz é de grande valia 
para a edição de um trabalho final de pesquisa-ação, destacando os principais pon-
tos de cada ciclo e fazendo com que o pesquisador já tenha uma base para delinear 
tal trabalho;
· Monitoramento: esta é uma etapa que se manifesta durante todos os ci-
clos da pesquisa-ação, podendo ser considerada uma metáfase que ocorre 
em reuniões entre pesquisadores e participantes das organizações a fi m 
de discutirem e registrarem aspectos referentes a interpretações de dados. 
Nesta metáfase, os pesquisadores devem esclarecer aos participantes os 
conhecimentos teóricos e técnicos que os primeiros possuem para facilitar 
o debate dos problemas, assinalação das reuniões, informações coletadas, 
dos relatórios de síntese, da concepção e aplicação no desenvolvimento do 
projeto enquanto modalidades de ação em colaboração aos demais parti-
cipantes, refl etindo de forma global sobre o caso para eventuais validações 
e discussões acerca dos resultados no quadro da Engenharia e demais dis-
ciplinas impactadas no problema.
21
UNIDADE Métodos em Engenharia de Produção: 
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Encontro Nacional de Engenharia de Produção: um levantamento de métodos e tipos de pesquisa
BERTO, R. M. V.; NAKANO, D. N. A produção científica nos anais do Encontro 
Nacional de Engenharia de Produção: um levantamento de métodos e tipos de pes-
quisa. Produção, v. 9, n. 2, p. 65-76, 2000.
Pesquisa em Administração: em defesa do estudo de caso
MAIOR FILHO, J. S. Pesquisa em Administração: em defesa do estudo de caso. Re-
vista Administração de Empresas, v. 24, n. 4, p. 146-149, 1984.
Pesquisa-ação: uma introdução metodológica
TRIP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São 
Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, 2005.
O estudo de caso como uma modalidade de pesquisa
VENTURA, M. M. O estudo de caso como uma modalidade de pesquisa. Revista So-
cerj, v. 20, n. 5, p. 383-386, 2007.
22
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Referências
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GIL, A. C. Estudo de caso. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2017.
MARTINS, R. A.; MELLO, C. H. P.; TURRIONI, J. B. Guia para elaboração de 
monografia e TCC em Engenharia de Produção. São Paulo: Atlas, 2014.
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de metodologia da pesquisa científica. 8. ed. 
São Paulo: Atlas, 2016.
MELLO C. H. P. et al. Pesquisa-ação na Engenharia de Produção: proposta de 
estruturação para sua condução. Produção, v. 22, n. 1, p. 1-13, 2012. 
MIGUEL, P. A. C. Estudo de caso na Engenharia de Produção: estruturação e re-
comendações para sua condução. Produção, v. 17, n. 1, p. 216-229, 2007.
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In: MIGUEL, P. A. C. et al. Metodologia de pesquisa em Engenharia de Pro-
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OQUIST, P. The epistemology of action research. Acta Sociologica, v. 21, n. 2, 
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PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: méto-
dos e técnicas de pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo, RS: 
Fevale, 2013.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 31. ed. Petrópolis, 
RJ: Vozes. 2003.
TURRIONI, J. B.; MELLO, C. H. P. Pesquisa-ação na Engenharia de Produção. In:
MIGUEL, P. A. C. et al. Metodologia de pesquisa em Engenharia de Produção. 
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre, RS: 
Bookman, 2015.
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