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científica digital 2023 - GUARUJÁ - SP 1ª EDIÇÃO científica digital Diagramação e arte Equipe editorial Imagens da capa Adobe Stock - licensed by Editora Científica Digital - 2023 Revisão Os Autores 2023 by Editora Científica Digital Copyright da Edição © 2023 Editora Científica Digital Copyright do Texto © 2023 Os Autores Acesso Livre - Open Access EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA Guarujá - São Paulo - Brasil www.editoracientifica.com.br - contato@editoracientifica.com.br Parecer e revisão por pares Os textos que compõem esta obra foram submetidos para avaliação do Conselho Editorial da Editora Científica Digital, bem como revisados por pares, sendo indicados para a publicação. O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que pela origem da publicação e no formato Acesso Livre (Open Access), com os créditos atribuídos aos autores, mas sem a possibilidade de alteração de nenhuma forma, catalogação em plataformas de acesso restrito e utilização para fins comerciais. Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C569 Ciência das plantas: desafios e potencialidades em pesquisa / Organizadores Flávia Cartaxo Ramalho Vilar, Teonis Batista da Silva. – Guarujá-SP: Científica Digital, 2023. E- BO OK AC ES SO LI VR E O N L INE - IM PR ES Sà O P RO IBI DA Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-65-5360-349-3 DOI 10.37885/978-65-5360-349-3 1. Plantas. I. Vilar, Flávia Cartaxo Ramalho (Organizadora). II. Silva, Teonis Batista da (Organizador). III. Título. CDD 582 Índice para catálogo sistemático: I. Plantas 2 0 2 3 Elaborado por Janaina Ramos – CRB-8/9166 científica digital científica digital Direção Editorial Reinaldo Cardoso João Batista Quintela Assistentes Editoriais Erick Braga Freire Bianca Moreira Sandra Cardoso Bibliotecários Maurício Amormino Júnior - CRB-6/2422 Janaina Ramos - CRB-8/9166 Jurídico Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852 C O N SE LH O E D IT O R IA L M es tr es , M es tr as , D ou to re s e D ou to ra s C O R P O E D IT O R IA L Prof. Dr. Carlos Alberto Martins Cordeiro Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Rogério de Melo Grillo Universidade Estadual de Campinas Profª. Ma. Eloisa Rosotti Navarro Universidade Federal de São Carlos Prof. Dr. Ernane Rosa Martins Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás Prof. Dr. Rossano Sartori Dal Molin FSG Centro Universitário Prof. Dr. Carlos Alexandre Oelke Universidade Federal do Pampa Prof. Esp. Domingos Bombo Damião Universidade Agostinho Neto - Angola Prof. Me. Reinaldo Eduardo da Silva Sales Instituto Federal do Pará Profª. Ma. Auristela Correa Castro Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Dalízia Amaral Cruz Universidade Federal do Pará Profª. Ma. Susana Jorge Ferreira Universidade de Évora, Portugal Prof. Dr. Fabricio Gomes Gonçalves Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Me. Erival Gonçalves Prata Universidade Federal do Pará Prof. Me. Gevair Campos Faculdade CNEC Unaí Prof. Me. Flávio Aparecido De Almeida Faculdade Unida de Vitória Prof. Me. Mauro Vinicius Dutra Girão Centro Universitário Inta Prof. Esp. Clóvis Luciano Giacomet Universidade Federal do Amapá Profª. Dra. Giovanna Faria de Moraes Universidade Federal de Uberlândia Prof. Dr. André Cutrim Carvalho Universidade Federal do Pará Prof. Esp. Dennis Soares Leite Universidade de São Paulo Profª. Dra. Silvani Verruck Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Me. Osvaldo Contador Junior Faculdade de Tecnologia de Jahu Profª. Dra. Claudia Maria Rinhel-Silva Universidade Paulista Profª. Dra. Silvana Lima Vieira Universidade do Estado da Bahia Profª. Dra. Cristina Berger Fadel Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª. Ma. Graciete Barros Silva Universidade Estadual de Roraima Prof. Dr. Carlos Roberto de Lima Universidade Federal de Campina Grande Prof. Dr. Wescley Viana Evangelista Universidade do Estado de Mato Grosso Prof. Dr. Cristiano Marins Universidade Federal Fluminense Prof. Me. Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Prof. Dr. Daniel Luciano Gevehr Faculdades Integradas de Taquara Prof. Me. Silvio Almeida Junior Universidade de Franca Profª. Ma. Juliana Campos Pinheiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Raimundo Nonato Ferreira Do Nascimento Universidade Federal do Piaui Prof. Dr. Antônio Marcos Mota Miranda Instituto Evandro Chagas Profª. Dra. 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Patrício Francisco da Silva Universidade de Taubaté Profª. Esp. Bianca Anacleto Araújo de Sousa Universidade Federal Rural de Pernambuco Prof. Dr. Pedro Afonso Cortez Universidade Metodista de São Paulo Profª. Ma. Bianca Cerqueira Martins Universidade Federal do Acre Prof. Dr. Vitor Afonso Hoeflich Universidade Federal do Paraná Prof. Dr. Francisco de Sousa Lima Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Profª. Dra. Sayonara Cotrim Sabioni Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano Profª. Dra. Thais Ranielle Souza de Oliveira Centro Universitário Euroamericano Profª. Dra. Rosemary Laís Galati Universidade Federal de Mato Grosso Profª. Dra. Maria Fernanda Soares Queiroz Universidade Federal de Mato Grosso Prof. Dr. Dioniso de Souza Sampaio Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Leonardo Augusto Couto Finelli Universidade Estadual de Montes Claros Profª. Ma. Danielly de Sousa Nóbrega Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre Prof. Me. Mauro Luiz Costa Campello Universidade Paulista Profª. Ma. Livia Fernandes dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre Profª. Dra. Sonia Aparecida Cabral Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Profª. Dra. Camila de Moura Vogt Universidade Federal do Pará Prof. Me. José Martins Juliano Eustaquio Universidade de Uberaba Prof. Me. Walmir Fernandes Pereira Miami University of Science and Technology Profª. Dra. Liege Coutinho Goulart Dornellas Universidade Presidente Antônio Carlos Prof. Me. Ticiano Azevedo Bastos Secretaria de Estado da Educação de MG Prof. Dr. Jónata Ferreira De Moura Universidade Federal do Maranhão Profª. Ma. Daniela Remião de Macedo Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa Prof. Dr. Francisco Carlos Alberto Fonteles Holanda Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Bruna Almeida da Silva Universidade do Estado do Pará Profª. Ma. Adriana Leite de Andrade Universidade Católica de Petrópolis Profª. Dra. Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Prof. Dr. Claudiomir da Silva Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Prof. Dr. Fabrício dos Santos RitáInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Brasil Prof. Me. Ronei Aparecido Barbosa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Prof. Dr. Julio Onésio Ferreira Melo Universidade Federal de São João Del Rei Prof. Dr. Juliano José Corbi Universidade de São Paulo Profª. Dra. Alessandra de Souza Martins Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Dr. Francisco Sérgio Lopes Vasconcelos Filho Universidade Federal do Cariri Prof. Dr. Thadeu Borges Souza Santos Universidade do Estado da Bahia Profª. Dra. Francine Náthalie Ferraresi Rodriguess Queluz Universidade São Francisco Profª. Dra. Maria Luzete Costa Cavalcante Universidade Federal do Ceará Profª. Dra. 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Réia Sílvia Lemos da Costa e Silva Gomes Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Evaldo Martins da Silva Universidade Federal do Pará Prof. Dr. António Bernardo Mendes de Seiça da Providência Santarém Universidade do Minho, Portugal Profª. Dra. Miriam Aparecida Rosa Instituto Federal do Sul de Minas Prof. Dr. Biano Alves de Melo Neto Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Profª. Dra. Priscyla Lima de Andrade Centro Universitário UniFBV Prof. Dr. Gabriel Jesus Alves de Melo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Prof. Esp. Marcel Ricardo Nogueira de Oliveira Universidade Estadual do Centro Oeste Prof. Dr. Andre Muniz Afonso Universidade Federal do Paraná Profª. Dr. Laís Conceição Tavares Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Me. Rayme Tiago Rodrigues Costa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme Universidade Federal do Tocatins Prof. Me. Valdemir Pereira de Sousa Universidade Federal do Espírito Santo Profª. Dra. Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida Universidade Federal do Amapá Prof. Dr. Arinaldo Pereira Silva Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Profª. Dra. Ana Maria Aguiar Frias Universidade de Évora, Portugal Profª. Dra. Deise Keller Cavalcante Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro Profª. Esp. Larissa Carvalho de Sousa Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal Esp. Daniel dos Reis Pedrosa Instituto Federal de Minas Gerais Prof. Dr. Wiaslan Figueiredo Martins Instituto Federal Goiano Prof. Dr. Lênio José Guerreiro de Faria Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Tamara Rocha dos Santos Universidade Federal de Goiás Prof. Dr. Marcos Vinicius Winckler Caldeira Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Dr. Gustavo Soares de Souza Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Profª. Dra. Adriana Cristina Bordignon Universidade Federal do Maranhão Profª. Dra. Norma Suely Evangelista-Barreto Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Prof. Me. Larry Oscar Chañi Paucar Universidad Nacional Autónoma Altoandina de Tarma, Peru Prof. Dr. Pedro Andrés Chira Oliva Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Daniel Augusto da Silva Fundação Educacional do Município de Assis Profª. Dra. Aleteia Hummes Thaines Faculdades Integradas de Taquara Profª. Dra. Elisangela Lima Andrade Universidade Federal do Pará Prof. Me. Reinaldo Pacheco Santos Universidade Federal do Vale do São Francisco Profª. Ma. Cláudia Catarina Agostinho Hospital Lusíadas Lisboa, Portugal Profª. Dra. Carla Cristina Bauermann Brasil Universidade Federal de Santa Maria Prof. Dr. Humberto Costa Universidade Federal do Paraná Profª. Ma. Ana Paula Felipe Ferreira da Silva Universidade Potiguar Prof. Dr. Ernane José Xavier Costa Universidade de São Paulo Profª. Ma. Fabricia Zanelato Bertolde Universidade Estadual de Santa Cruz Prof. Me. Eliomar Viana Amorim Universidade Estadual de Santa Cruz Profª. Esp. Nássarah Jabur Lot Rodrigues Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. José Aderval Aragão Universidade Federal de Sergipe Profª. Ma. Caroline Muñoz Cevada Jeronymo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Profª. Dra. Aline Silva De Aguiar Universidade Federal de Juiz de Fora Prof. Dr. Renato Moreira Nunes Universidade Federal de Juiz de Fora Prof. Me. Júlio Nonato Silva Nascimento Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Profª. Dra. Cybelle Pereira de Oliveira Universidade Federal da Paraíba Profª. Ma. Cristianne Kalinne Santos Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte Profª. Dra. Fernanda Rezende Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudo em Educação Ambiental Profª. Dra. Clara Mockdece Neves Universidade Federal de Juiz de Fora Profª. Ma. Danielle Galdino de Souza Universidade de Brasília Prof. Me. Thyago José Arruda Pacheco Universidade de Brasília Profª. Dra. Flora Magdaline Benitez Romero Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Profª. Dra. Carline Santos Borges Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria de Estado de Direitos Humanos. Profª. Dra. Rosana Barbosa Castro Universidade Federal de Amazonas Prof. Dr. Wilson José Oliveira de Souza Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Prof. Dr. Eduardo Nardini Gomes Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Prof. Dr. José de Souza Rodrigues Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Prof. Dr. Willian Carboni Viana Universidade do Porto Prof. Dr. Diogo da Silva Cardoso Prefeitura Municipal de Santos Prof. Me. Guilherme Fernando Ribeiro Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profª. Dra. Jaisa Klauss Associação Vitoriana de Ensino Superior Prof. Dr. Jeferson Falcão do Amaral Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira Profª. Ma. Ana Carla Mendes Coelho Universidade Federal do Vale do São Francisco Prof. Dr. Octávio Barbosa Neto Universidade Federal do Ceará Profª. Dra. Carolina de Moraes Da Trindade Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Prof. Me. Ronison Oliveira da Silva Instituto Federal do Amazonas Prof. Dr. Alex Guimarães Sanches Universidade Estadual Paulista Profa. Esp. Vanderlene Pinto Brandão Faculdade de Ciências da Saúde de Unaí Profa. Ma. Maria Das Neves Martins Faculdade de Ciências da Saúde de Unaí Prof. Dr. Joachin Melo Azevedo Neto Universidade de Pernambuco Prof. Dr. André Luís Assunção de Farias Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Danielle Mariam Araujo Santos Universidade do Estado do Amazonas Profª. Dra. Raquel Marchesan Universidade Federal do Tocantins Profª. Dra. Thays Zigante Furlan Ribeiro Universidade Estadual de Maringá Prof. Dr. Norbert Fenzl Universidade Federal do Pará Prof. Me. Arleson Eduardo Monte Palma Lopes Universidade Federal do Pará Profa. Ma. Iná Camila Ramos Favacho de Miranda Universidade Federal do Pará Profª. Ma. Ana Lise Costa de Oliveira Santos Secretaria de Educação do Estado da Bahia Prof. Me. Diego Vieira Ramos Centro Universitário Ingá Prof. Dr. Janaildo Soares de Sousa Universidade Federal do Ceará Prof. Dr. Mário Henrique Gomes Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais, Portugal Profª. Dra. Maria da Luz Ferreira Barros Universidade de Évora, PortugalCONSELHO EDITORIAL Profª. Ma. Eliaidina Wagna Oliveira da Silva Caixa de Assistência dos advogados da OAB-ES Profª. Ma. Maria José Coelho dos Santos Prefeitura Municipal de Serra Profª. Tais Muller Universidade Estadual de Maringá Prof. Me. Eduardo Cesar Amancio Centro Universitário de Tecnologia de Curitiba Profª. Dra. Janine Nicolosi Corrêa Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profª. Dra. Tatiana Maria Cecy Gadda Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profª. Gabriela da Costa Bonetti Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Me. Thales do Rosário De Oliveira Universidade de Brasília Profª. Dra. Maisa Sales Gama Tobias Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Pedro Igor Dias Lameira Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Geuciane Felipe Guerim Fernandes Universidade Estadual do Norte do Paraná Prof. Me. Teonis Batista da Silva Universidade do Estado da Bahia Profª. Ma. Aline Maria Gonzaga Ruas Universidade Estadual de Montes Claros Profª. Dra. Alessandra Knoll Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Profª. Ma. Carla Cristina Sordi Universidade Estadual do Ceará Profª. Dra. Caroline Lourenço de Almeida Fundação Educacional do Município de Assis Profª. Dra. Rosângela Gonçalves da Silva Fundação Educacional do Município de Assis Prof. Dr. Marcus Fernando da Silva Praxedes Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Prof. Dr. Cleberton Correia Santos Universidade Federal da Grande Dourados Prof. Dr. Leonardo de Carvalho Vidal Instituto Federal do Rio de Janeiro Profª. Dra. Mônica Aparecida Bortolotti Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná Profª. Dra. Lucieny Almohalha Universidade Federal do Triângulo Mineiro Prof. Esp. Layane Caroline Silva Lima Braun Universidade Federal do Pará Profª. Ma. Michelle Cristina Boaventura França Universidade Federal do Pará Prof. Dr. Fernando da Silva Cardoso Universidade de Pernambuco Prof. Me. Hugo José Coelho Corrêa de Azevedo Fundação Oswaldo Cruz Profª. Ma. Letícia Keroly Bezerra Alexandrino Universidade de Fortaleza Prof. Dr. Luiz Gonzaga Lapa Junior Universidade de Brasília Profª. Ma. Martha Luiza Costa Vieira Universidade Federal do Pará Profª. Dra. Vânia Maria Arantes Universidade Federal do Triângulo Mineiro Prof. Me. Paulo Roberto Serpa Universidade do Vale do Itajaí Prof. Dr. Hercules de Oliveira Carmo Faculdade de Educação de Guaratinguetá Profª. Dra. Caroline Nóbrega de Almeida Universidade Presbiteriana Mackenzie Profª. Ma. Camila Tâmires Alves Oliveira Universidade Federal Rural do Semiárido Prof. Me. Francisco Lidiano Guimarães Oliveira Universidade Estadual do Ceará Prof. Dr. Mauro José de Deus Morais Universidade Federal do Acre Profª. Ma. Terezinha Maria Bogéa Gusmão Instituto Histórico e Geográfico de Arari Prof. Dr. Felipe Vitório Ribeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões neste espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas de abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais e internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conhecimentos das diversas áreas do Saberes. Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática. Flávia Cartaxo Ramalho Vilar Teonis Batista da Silva A P R E SE N T A Ç Ã O SUMÁRIO Capítulo 01 CARACTERÍSTICAS GERAIS E MORFOAGRONÔMICA DO MELOEIRO: UM ESTUDO DE REVISÃO Teonis Batista da Silva; Gênesis Alves de Azevedo; Manoel Abílio de Queiróz; Flávia Cartaxo Ramalho Vilar ' 10.37885/230513123 ................................................................................................................................................................................................11 Capítulo 02 COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE DA ARBORIZAÇÃO URBANA DE TRÊS BAIRROS DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ Wellington Rodrigues de Matos ' 10.37885/230512999 ................................................................................................................................................................................................27 Capítulo 03 CRIOPRESERVAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS: UMA REVISÃO Roziane Pereira Paiva; Mairon César Coimbra; Ana Hortência Fonsêca Castro ' 10.37885/230513004 ................................................................................................................................................................................................36 Capítulo 04 ESTRATÉGIAS ECOLÓGICAS CSR DE ESPÉCIES DOMINANTES EM DUNAS MÓVEIS DE SANTA CATARINA João Carlos Ferreira de Melo Júnior; Heloísa Fagundes Salvador; Gustavo Borba da Silva; Bruna Brodbeck; Rodrigo Dümes Chaves Cabral ' 10.37885/230412635 ................................................................................................................................................................................................52 Capítulo 05 IDENTIFICAÇÃO DE FABACEAE (LEGUMINOSAE) FORRAGEIRAS DO IFSERTÃOPE CAMPUS PETROLINA ZONA RURAL Leonardo Feijó Cadena de Oliveira Filho; Teonis Batista da Silva; Flavia Cartaxo Ramalho Vilar ' 10.37885/230513127 .................................................................................................................................................................................................66 Capítulo 06 INVENTÁRIO FLORÍSTICO DE UM PARQUE AMBIENTAL LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE ANAPURUS, MARANHÃO, NORDESTE DO BRASIL Mateus César Araújo Pestana; Pedro Victor Cardoso dos Santos; Mateus Monteles Vieira; José Augusto dos Santos Silva; Alessandra Vieira Monteles; Maria Ildilene da Silva; Maria Erika de Sousa Silva ' 10.37885/230412774 .................................................................................................................................................................................................85 Capítulo 07 LEVANTAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DE PLANTAS DANINHAS NO CULTIVO DO COENTRO (CORIANDRUM SATIVUM L.) NO MARANHÃO Mário Luiz Ribeiro Mesquita; Ricardo Vitor Silva de Lima ' 10.37885/230513021 ................................................................................................................................................................................................98 SUMÁRIO Capítulo 08 PRODUÇÃO DE ÁCIDO CHIQUÍMICO A PARTIR DE FONTES ALTERNATIVAS AO ILLICIUM SPP. Marcus Barifouse Matallo; Sydney Dionísio Batista de Almeida; Daniel Andrade de Siqueira Franco; Sonia Claudia do Nascimento de Queiroz; Antonio Luiz Cerdeira ' 10.37885/230312549 ................................................................................................................................................................................................113 Capítulo 09 PRODUÇÃO DE SABONETE LÍQUIDO UTILIZANDO EXTRATOS DE ANDIROBA E MULATEIRO POR MEIO DA APLICAÇÃO DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL Rudyere Nascimento Silva; Heloide de Lima Cavalcante ' 10.37885/230111799 .................................................................................................................................................................................................121 SOBRE OS ORGANIZADORES ............................................................................................................................. 138 ÍNDICE REMISSIVO .............................................................................................................................................139 01 '10.37885/230513123 01 CARACTERÍSTICAS GERAIS E MORFOAGRONÔMICA DO MELOEIRO: UM ESTUDO DE REVISÃO Teonis Batista da Silva Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Gênesis Alves de Azevedo Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UEPJMF) Manoel Abílio de Queiróz Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Flávia Cartaxo Ramalho Vilar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) https://dx.doi.org/10.37885/230513123 RESUMO O Nordeste brasileiro é responsável por quase totalidade da produção nacional de melão sendo também destaque mundial. Devido sua tamanha relevância, a qualidade da semente é fator de extrema importância para que se obtenha a produtividade esperada; manter se- mentes em armazenamento tem como objetivo básico manter o nível de qualidade fisiológica das sementes. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento bibliográfico sobre a cultura do melão e seus aspectos voltados para germinação, emergência e o arma- zenamento de sementes. Os procedimentos metodológicos adotados tiveram como base a pesquisa bibliográfica, onde foi realizado um levantamento das publicações mais relevantes acerca do assunto. Palavras-chave: Germinação, Cucurbitaceae, Fisiologia de Sementes, Variabilidade Genética. 13 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO O melão é conhecido como uma das relevantes olerícolas produzidas no Brasil e de maior popularidade no mundo (KIST, 2021). Segundo dados da FAO (2018) cerca de 80% da produção mundial de alimentos provem da agricultura familiar, sendo responsável por uma ocupação de 85% das terras cultivadas da Ásia, 83% das Américas do Norte e Central, 68% do continente Europeu, 62% da África e 18% da América do Sul. Destaca-se que no Brasil mais de 80% das explorações agrícolas são do tipo familiar, e, esse cenário brasileiro, permite que o país se destaque como o 8ª maior produtora de alimentos no mundo nesse segmento (SEAD, 2018). No Semiárido nordestino o melão tem um papel socioeconômico de grande importância nas regiões produtoras, devido à grande demanda de mão de obra vinculada de forma direta e indireta na cadeia produtiva da cultura (SILVA et al., 2014). Compreende-se que a região Nordeste do Brasil é a principal produtora de melão do Brasil, sendo o Rio Grande do Norte o estado de maior significância, com cerca de 375.574 toneladas de área produzida, 13.669 ha de área colhida e rendimento médio 27.476 kg/ ha. A produção está concentrada nos municípios de Mossoró, Tibau, Baraúna e Apodi (IBGE, 2021). Distribuição das principais áreas de produção de melão do Nordeste brasi- leiro o Rio Grande do Norte com cerca de 361.649 toneladas de área produzida, 13.760 hectares de área colhida e rendimento médio 26.283 Kg por hectare o Ceará com cerca de 70.665 toneladas de área produzida, 2.585 hectares de área colhida e rendimento médio 27.337 Kg por hectare. A Bahia com cerca de 86.866 toneladas de área produzida, 3.304 hectares de área colhida e rendimento médio 26.291 Kg por hectare. E Pernambuco com cerca de 37.525 toneladas de área produzida, 1.394 hectares de área colhida e rendimento médio 26.919 Kg por hectare. (IBGE, 2021). É importante destacar que a cultura do melão apresenta duas situações de cultivo bem destacadas no Semiárido brasileiro. De um lado os cultivos comerciais que ocorrem em locais com disponibilidade de água como ocorre nos estados mencionados no parágrafo anterior no estado do Rio Grande do Norte, onde se tem a maior produção de melão comercial de região Semiárida (IBGE, 2021). “A segunda situação ocorre, principalmente nos estados do Maranhão e até certo ponto também no estado do Piauí, no entorno de Teresina. Nesses cultivos, os agricultores plantam totalmente em áreas dependentes da chuva, também chama- dos de cultivo de sequeiro, e nesses casos os agricultores guardam as sementes dos frutos que são selecionados pelos agricultores de acordo com as suas preferências para cultivo no ano seguinte. No entanto, se pode incluir nesse sistema de cultivo, os plantios feitos por agricultores familiares, mesmo em áreas onde tem grande disponibilidade de água, onde os agricultores podem até comprar sementes de alguns híbridos ou cultivares de polinização 14 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br aberta, porém, só adquirem sementes de casas comerciais para o primeiro cultivo e a partir daí, utilizam as sementes próprias” (comunicação pessoal, 31 de outubro de 2022). O uso de sementes com alto potencial fisiológico é fundamental para o sucesso na produção agrícola (PEREIRA FILHO; BORGHI, 2016). Então, mediante esse contexto é fundamental se compreender que o armazenamento tem como objetivo básico manter o nível de qualidade fisiológica das sementes até sua utilização na semeadura (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). Segundo Santos; Menezes; Vilella (2005) relatam que a qualidade das sementes não pode ser melhorada durante o armazenamento, mas pode ser preservada quando as con- dições de conservação são favoráveis. O armazenamento e qualidade fisiológica de sementes auxiliam na manutenção da viabilidade e do vigor contribuindo para a produção de mudas (INÔ et al., 2019). A manu- tenção da qualidade fisiológica de sementes é diretamente afetada pela embalagem, tempo e ambiente de armazenamento, que acumulam prejuízos fisiológicos resultando na redução do poder germinativo e do vigor (MARCOS-FILHO, 2015). A deterioração das sementes está associada às características dos recipientes que as contêm, dependendo da maior ou menor facilidade para as trocas de vapor d’água entre as sementes e a atmosfera, e das condições do ambiente em que as mesmas permanecem armazenadas (MARCOS FILHO, 2015). A cultura do meloeiro O meloeiro originou-se na África, contudo, foi na Índia e nos países tropicais, que o seu cultivo se difundiu com algumas cultivares, a exemplo do Amarelo, o Pele de Sapo, o Cantaloupe, Orange Flesh e o Gália (MANSOURI et al., 2017). Neste sentido, Nunes et al. (2018) afirmam que no Brasil, o seu cultivo ocorreu a par- tir da década de 1960, época em que a produção nacional se estabelecia, principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, no entanto, as condições edafoclimáticas eram limitantes. O melão é uma das hortaliças mais apreciada em todo o mundo. Observa-se que no país brasileiro é considerado um dos maiores produtores da fruta, destinando cerca de 60% da produção para exportação e entre os principais importadores estão a Comunidade Europeia e o Canadá (HF BRASIL, 2020). Características morfofisiológicas e botânicas do meloeiro O meloeiro é uma das olerícolas pertencente à classe Dycotyledoneae, da ordem Cucurbitales, família das Cucurbitáceas, gênero Cucumis (MANSOURI; MIRZABE; RAUF, 2015). Essa hortaliça trata-se de uma dicotiledônea herbácea, de caule prostrado que 14 15 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br apresenta variações no número de hastes ou ramificações. As folhas são de tamanho va- riável, alternadas, simples, ásperas, providas de tricomas, limbo orbicular, reniforme, pen- talobadas, com as margens denteadas. O sistema radicular é fasciculado com crescimento abundante nos primeiros 30 cm de profundidade no solo (HORA et al., 2018). As pesquisas recentemente apontam que, a cultura do melão também apresenta exigência quanto ao tipo de solo, privilegiando solos bem drenados, com alta fertilidade e baixa acidez (ZEBALOS et al., 2017). As flores são amarelas constituídas por cinco pétalas e estão presentes em diferentes pontos da planta: as flores masculinasaparecem em ramas primárias enquanto as femininas e hermafroditas aparecem em ramas secundárias e terciárias (HORA et al.,2018). Os frutos do meloeiro são bagas carnudas que apresentam tamanhos, formatos e colorações variadas. A colheita dos frutos pode variar entre 60 e 70 dias (SALVIANO et al., 2017). O seu ciclo é anual, diplóide, de crescimento rasteiro, com inúmeras ramificações (MALLEK-AYADI et al., 2018). Pitrat (2016) elaborou e propôs algumas modificações na classificação intraespecífica de C. melo, o que a diferenciou das outras classificações já existentes. Deste modo, Pitrat (2016) sugere que não seja necessário manter a classificação intraespecífica de subespécies para o melão, sendo necessário usar, apenas, o nível de grupo e, em alguns casos, o nível de subgrupo. Assim, são sistematizados 19 grupos botânicos, sendo eles descritos a seguir: Grupo agrestis, Grupo kachri, Grupo chito, Grupo tibish, Grupo acidulus, Grupo momordi- ca, Grupo conomon, Grupo makuwa: Subgrupo ogon, Subgrupo nashi-uri, Subgrupo yuki, Subgrupo kanro, Subgrupo ginmakuwa, Subgrupo seikan, Grupo chinensis, Grupo flexuo- sus: Subgrupo adjour, Subgrupo tara, Subgrupo arya, Grupo chate, Grupo dudaim, Grupo chandalak, Subgrupo zami, Subgrupo tachmi, Subgrupo garma, Subgrupo bucharici, Grupo indicus, Grupo ameri: Subgrupo ananas, Subgrupo maculati, Subgrupo bargi, Subgrupo mashhadi, Grupo cassaba: Subgrupo kirkagac, Subgrupo hassanbey, Subgrupo kuscular, Grupo ibericus: Subgrupo pele de sapo, Subgrupo amarillo, Subgrupo tendral, Subgrupo rochet, Subgrupo branco, Grupo inodorus, Subgrupo honeydew, Subgrupo earl’s, Grupo cantalupensis: Subgrupo prescott, Subgrupo saccharunus, Subgrupo charentais, Subgrupo ogen, Subgrupo american western e Subgrupo american eastern. Contudo, os melões cultivados no Brasil comercialmente e que entram nas estatísticas oficiais são apenas dos grupos inodorus e cantalupensis e têm programas de melhoramento bem estabelecidos seja no setor público como a Embrapa como no setor privado de onde vem a grande maioria das cultivares comerciais utilizadas atualmente nos perímetros irriga- dos (ARAGÃO, 2013). Por outro lado, existe cultivo de diferentes grupos botânicos no Sul do Brasil notadamente os tipos cultivados na agricultura tradicional, tendo sido resgatados 16 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br 30 acessos (PRIORI et al., 2010) dos quais uma parte desses acessos coletados no Rio Grande do Sul e Paraná foram caracterizados morfologicamente (NEITZKE et al., 2009). Todavia, é na agricultura familiar também no Nordeste brasileiro que existe uma gran- de atividade na produção de melões, como indicado anteriormente. Foi resgatado um bom número de amostras tendo-se cerca de 140 acessos de diferentes Estados, porém, a maior contribuição foi conseguida com os agricultores familiares do estado do Maranhão (cerca de 70%). Esses acessos estão no Banco Ativo de Germoplasma de Cucurbitáceas para o Nordeste brasileiro que estão armazenados em câmara fria a 10 ºC e 40% de umidade relativa na Embrapa Semiárido, em Petrolina-PE (QUEIRÓZ, 2011). Uma amostra desse germoplasma foi caracterizada por Torres Filho (2008) tendo encontrado grande variação genética entre os acessos e, posteriormente, Aragão (2011) fez uma caracterização mole- cular dos mesmos acessos e confirmou a grande variação entre os acessos da agricultura familiar do Maranhão. Posteriormente, Santos (2015) usando a classificação de Pitrat et al. (2000) caracterizou uma amostra de 15 acessos da agricultura tradicional do Maranhão (amostra I) e encontrou melões pertencentes aos grupos cantalupensis, momordica, conomom e chandalak, enquan- to no estudo de uma nova amostra adicional de mais 15 acessos (amostra II) coletados no mesmo Estado foram identificados os grupos botânicos makuwa, cantalupensis e reticula- tus (AMORIM, 2016). Foi possível se detectar variação entre e dentro dos acessos muito contrastante inclusive com teor médio de açúcar ao redor de 10 ºBrix, diferentes formatos e cores internas e externas de frutos, tolerância ao oídio (SANTOS, 2011) e vários outros caracteres. Esses resultados foram muito promissores, pois se observou grande variação de tipos e formatos. “Os estudos realizados foram mais concentrados na caracterização dos recursos gené- ticos disponíveis, dando-se ênfase à avaliação agronômica dos acessos visando identificar caracteres de importância que possam ser usados nos programas de melhoramento de melão (duração de prateleira, conteúdo de açúcar, presença de compostos bioativos, entre outros). Também foram examinadas a tolerância a estresses bióticos (oídio, broca dos frutos, mosca minadora, viroses, entre outros). Nesse estudo se deve ter como referência as culti- vares comerciais disponíveis, visando comparar a variabilidade do germoplasma comercial com o germoplasma existente nas populações tradicionais da agricultura familiar e assim identificar o potencial desse germoplasma para o melhoramento das cultivares comerciais e até o melhoramento dos próprios tipos tradicionais, pois poderá ser possível selecionar um tipo de melão com bom teor de açúcar entre os melões da variedade botânica makuwa” (comunicação pessoal, 18 de Julho de 2022). 16 17 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Aspectos econômicos da cultura do meloeiro O melão (Cucumis melo L.) é uma das hortaliças de grande importância no mun- do. De acordo com a FAO (2022) maiores produtores mundiais desse fruto em 2020 foram China, Turquia e Índia. Dentre as frutas mais exportadas no Brasil, o melão, apesar de ser uma hortaliça, é comercializado como fruto, ocupa segundo lugar, demonstrando expressiva participação na balança comercial brasileira (CARVALHO et al., 2017; COSME et al., 2017). A região do Submédio do Vale do São Francisco que engloba os estados de Bahia e Pernambuco o município de Petrolina/PE obteve uma produção de 375 t, com rendimento médio de 25.000 kg/ha e Juazeiro/BA tendo uma produção de 7.159 t, com rendimento médio em torno de 30.991 kg/ha (SIDRA, 2021). Neste contexto o cultivo do melão tem grande importância econômica no mercado bra- sileiro, por se tratar de uma cultura que se destaca no mercado de exportações (DALASTRA et al., 2016). Além da relevância no mercado de exportação, o cultivo de melão desempe- nha um papel socioeconômico muito importante para o país, podendo gerar cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos nessa atividade (SANTOS et al., 2021). Qualidade das sementes A semente consiste em um insumo básico para a produção de alimentos (JILITO et al. 2020), pois nela está contida a informação para o desenvolvimento de uma futura planta (CHABLE et al. 2020). De acordo com Peske et al. (2012), a qualidade da semente é determinada como o conjunto de todos os atributos genéticos (compostos pela pureza varietal, potencial produtivo, resistência a pragas e doenças e qualidade do grão), físicos (grau de umidade, pureza física, massa de mil, aparência e peso volumétrico), fisiológicos (germinação, dormência e vigor) e sanitários (incidência de fungos, vírus, bactérias e nematoides) que afetam a capacidade de originar plantas de alto desempenho. A qualidade fisiológica da semente está intimamente relacionada com o estado de deterioração que a mesma se encontra e deste modo, sementes deterioradas possuem menor qualidade fisiológica, o que repercute em um primeiro momento na redução do vigor e em um segundo momento, na redução do número de plântulas normais, até a morte da semente (MARCOS-FILHO, 2020). Pode-se afirmar que a execução de análise biométrica de sementes proporciona a compreensão dos atributos físicos e concede o desenvolvimento de tecnologias e planeja- mento para a coleta desementes, sendo possível deste modo a diferenciação de espécies e favorecendo a sua dispersão (LEÃO et al., 2015). 18 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Segundo Oliveira-Bento (2012) destaca-se que classificar as sementes por tamanho ou por massa é um aspecto que pode ser praticado para homogeneizar a emergência das plântulas e obter mudas de tamanho similar ou de maior vigor. Germinação O potencial fisiológico de um lote de sementes é determinado através do teste de ger- minação. Porém, este considera apenas a viabilidade das sementes, concedendo referências quanto a maior porcentagem de germinação de um lote (LEITE et al., 2019). Dessa maneira, a demanda de se acrescentar os conhecimentos oferecidos pela avaliação de germinação e a probabilidade de aplicação de meios tecnológicos de alta pontualidade para avaliar o potencial fisiológico são fundamentais aos programas de controle de qualidade das empresas produtoras de sementes (CASTAN et al., 2018). De acordo com Dutra (2016) a germinação é definida por uma continuação de even- tos fisiológicos, tornando-se descrita posteriormente a embebição pelo começo da atuação metabólica, possibilitando o desenvolvimento do eixo embrionário, seguidamente acontece intervalo de preparação e ativação do metabolismo e logo a protrusão do embrião. A germinação e formação de plântula são processos dinâmicos controlados por uma série de genes de forma coordenada (FU; AHMED; DIEDERICHSEN, 2015), sendo de muita valia para a ecologia das espécies vegetais, uma vez que determina o desenvolvimento e a perpetuação das espécies, e do ponto de vista agronômico, determina também a produtivi- dade das culturas (FINCH-SAVAGE; BASSEL, 2016; DWIVEDI et al., 2021). Emergência Segundo Ramos et al. (2014) relatam que o teste de emergência em campo contribui na estimação do vigor das sementes. No momento em que é associado à presença de pa- tógenos, o teste de vigor é ainda mais sensível para identificar diferenças sutis no potencial fisiológico, entre lotes com germinação aceitável. O teste de emergência é eficiente para avaliar o potencial fisiológico de lotes de semen- tes, por ser conduzido em condições que simulam aquelas que as sementes estarão sujeitas em campo. Através desse teste pode-se determinar o índice de velocidade de emergência, que objetiva detectar diferenças de vigor, pois quanto mais rápido a semente germinar ou emergir, maior o vigor (MARCOS FILHO, 2005). A emergência das plântulas corresponde às fases do ciclo de vida de uma planta em que ela se encontra mais vulnerável aos estresses do ambiente e aos ataques de pragas e doenças (MARCOS FILHO, 2005). Diante disso, quanto maior for a velocidade de emergência 18 19 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br de uma plântula, menos tempo ela ficará exposta aos fatores bióticos e abióticos que possam prejudicar seu desenvolvimento (SAMPAIO et al, 2015). Armazenamento O armazenamento surge como uma ferramenta importante na conservação da viabi- lidade e vigor das sementes, especialmente quando se utiliza embalagens que atenuam a influência do ambiente externo, diminuindo a interferência na respiração e no processo de de- terioração das sementes (CAPILHEIRA et al., 2020). A embalagem em que a semente é arma- zenada também influência na conservação da qualidade fisiológica (MARCOS-FILHO, 2015). A semente em posse do agricultor para o cultivo no próximo plantio e para que con- serve suas características germinativas, é necessário um adequado armazenamento, pois, após a colheita, a semente continua em um processo contínuo de respiração e deterioração natural (MARCOS FILHO 2015). A realidade da agricultura familiar em relação ao armaze- namento de sementes é descrita como rudimentar (Da Silva et al., 2021). Durante o período em que permanecem armazenadas, as sementes podem ficar expostas a condições não controladas, com oscilações de temperatura e umidade relativa do ar, ataque de pragas e fungos de armazenamento, sendo que isso pode contribuir para diminuir sua qualidade (ZUFFO et al., 2017). Santana (2014) menciona que as exigências de armazenamento são fundamentais para a conservação da qualidade fisiológica das sementes, lembrando que a sua qualidade não possa ser melhorada, as boas práticas no decorrer deste período colaborarão para mantê- -las viáveis por um maior período, retardando o processo de deterioração, e manutenção da viabilidade das sementes. Embalagens de armazenamento Na região do Submédio do Vale do São Francisco é muito comum a realização da prática de agricultores rurais guardar suas sementes de um cultivo para plantar em um novo ciclo futuro. De fato, é importante destacar que mesmo em áreas de disponibilidade de água para irrigação, alguns agricultores adquirem sementes de alguns híbridos ou cultivares de melão e a seguir, retiram sementes e seguem com os próximos plantios de forma similar aos agricultores familiares das áreas de sequeiro. Desse modo, os agricultores acabam preservando e valorizando as sementes da agri- cultura familiar, tornando está atividade relevante de convivência com o semiárido, possi- bilitando também mais autonomia ao agricultor, na medida em que lhe permite plantar no tempo que lhe convém (TEIXEIRA; PIRES, 2017). 20 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br É comum na agricultura familiar que o armazenamento de sementes e grãos seja feito em garrafas PET (Polietileno tereftalato), devido à limitação de investimentos para construção de unidades armazenadoras e na capacitação dos agricultores quanto ao armazenamento adequado. Vale salientar que esse armazenamento nesses recipientes deve ser realiza- do corretamente, evitando, assim, prejuízos quanto a sua qualidade fisiológica e sanitária (RODRIGUES et al., 2018). Condutividade elétrica Dentre os testes que avaliam a qualidade fisiológica das sementes pode-se destacar a condutividade elétrica (FERREIRA et al., 2017; HAESBAERT et al., 2017). Segundo Fatonah et al. (2017), o teste de condutividade elétrica de sementes avalia o vigor da semente pela quantidade retirada de eletrólitos liberados pela semente e isso pode ser um indicativo da emergência da semente em campo. O teste de condutividade elétrica é eficiente e rápido na determinação da qualidade fisiológica das sementes (TORRES et al., 2015), em que o aumento na quantidade de li- xiviados na água de embebição em que as sementes ficam imersas (LIMA et al., 2015) é proporcional ao nível de deterioração das sementes (AZEREDO et al., 2016). O teste de condutividade elétrica detecta o início do processo de deterioração, que é ca- racterizado pela desestruturação do sistema das membranas celulares, ou seja, as sementes menos vigorosas apresentam menor velocidade de restabelecimento da integridade das membranas celulares durante a absorção de água para a germinação e, em consequência, liberam maiores quantidades de solutos para o exterior (MARCOS FILHO, 2015). A condutividade elétrica tem sido usada na avaliação do vigor de sementes em culturas como por exemplo em: algodão, ervilha, café, girassol, feijão, soja, milho e várias outras espécies, sendo uma ferramenta de fundamental importância aplicada com frequência em programas internos de controle de qualidade de sementes, especialmente para as cultu- ras de grãos e hortaliças (HERTER; BURRIS, 1989; BRUGGINK et al., 1991: BILIA et al., 1994; FAHL et al. 1994; VIEIRA, et al., 1994; VON PINHO, et al. 1996; FAGIOLI, 1997; MARCOS-FILHO, 2015). Teor de umidade ideal para armazenar sementes A umidade é um dos fundamentais fatores que influenciam na qualidade das sementes,principalmente no período de armazenamento, visto que a umidade promove o aumento da respiração, insetos e microrganismos, diminuindo o poder germinativo e o vigor da semente, pois os mesmos provocam a queima das reservas, provocam danos físicos, inviabilizando as sementes em algumas situações (PARRELLA, 2011). 20 21 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br A importância da umidade na conservação da qualidade fisiológica das sementes armazenadas, que confirma ser um dos fatores mais importantes na longevidade destas sementes, se fazendo capaz de colher no momento certo e baixar a umidade antes de se levar para o armazenamento (BRAGANTINI, 2005; CASSOL et al., 2012). Bancos de Germoplasma Os Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) são criados com a finalidade de conservar e preservar a diversidade genética, manejar a variabilidade genética entre e dentro de gêneros ou espécies, evitar ou minimizar o processo de erosão genética, com fins de utilização para a pesquisa, especialmente para o melhoramento genético, além de alimentar as atividades de intercâmbio nacional e internacional (CARVALHO; ARAÚJO; SILVA, 2008; CARVALHO; SILVA; MEDEIROS, 2009). Os bancos de germoplasma podem ser classificados em dois tipos: a) bancos ativos de germoplasma, os quais tratam de conservação de sementes em curto e médio prazos onde são desenvolvidas atividades pertinentes aos recursos genéticos, tais como: introdução, intercâmbio, avaliação, caracterização, seleção, multiplicação, regeneração e preservação (se for pouco tempo) (SALOMÃO, 2010); e b) banco base de germoplasma, o qual se refere a um local de armazenagem de acessos, a longo prazo podendo ser conservados em câ- maras-frias de -10 a -20°C com controle de umidade, in vitro e em tambores com nitrogênio líquido (VEIGA et al., 2015). REFERÊNCIA ABRAFRUTAS, 2018. Cenário Hortifruti Brasil 2018. Disponível em: https://abrafrutas.org/ wpcontent/uploads/2019/09/Relatorio-Hortifruti.pdf. Acesso 20 Jul 2020. BILIA, D.A. et al. Comportamento de sementes de milho híbrido durante o armazenamento sob condições variáveis de temperatura e umidade relativa do ar. 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As famílias com maior riqueza de espécies foram Fabaceae (7 sp.), Anacardiaceae (5 sp.), Arecaceae (4 sp.) e Myrtaceae (4 sp.). Com base nos resultados conclui-se que a composição da vegetação urbana dos bairros analisados está dentro do esperado, quando comparado a outros bairros do município. Sendo esse um número menor do que o recomendado. Assim comprometendo a qualidade de vida da população. Sobretudo dos bairros mais carentes, onde a percepção dos moradores muitas vezes é de que as plantas representam mais problemas do que be- nefícios. Além de ações do poder público para garantir áreas verdes, também é necessário investir em educação ambiental. Possibilitando assim que as pessoas sejam conscientes sobre o papel da vegetação para sua qualidade de vida. Palavras-chave: Cidades, Vegetação, Florestas Urbanas, Urbanização. 29 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO A importância de se estudar as florestas urbanas pode ser entendida não somente no tempo presente, mas também nas perspectivas para o futuro. Segundo o World Resource Institute (2001) a urbanização é um fenômeno mundial. As estimativas são de que em 2025 entre 75 e 80% da população sul americana esteja vivendo em cidades. No Brasil mais de 75% da população é urbana segundo o IBGE (www.ibge.gov.br, capturado em 2006), com tendência a aumentar. Esse fenômeno ao mesmo tempo deverá aumentar todas as pressões que as áreas de florestas urbanas sofrem, mas também deverá aumentar a carência por seus benefícios. Isso torna então imprescindível que no presente momento sejam concentrados esforços para estudos e projetos multidisciplinares que visem estudar, administrar e preservar essas áreas naturais. Konijnendijk (2000) discute a demanda por florestas urbanas, ou seja, pelos seus benefícios para a sociedade na Europa. Segundo Graziano (1994), a arborização urbana é essencial para diversas funções nos centros urbanos. Ela melhora a qualidade de vida no ambiente urbano, pois tem a capacidade de produzir sobra, mitigando assim o calor do sol e reduzindo a temperatura. Também reduz o ruído, e produzindo oxigênio e mantendo a umidade do ar acaba por também melhorar a qualidade do ar. Para Gonçalves et al. (2002), a arborização nas cidades além de servir ao paisagismo acaba por fornecer proteção contra o vento, mitigar a poluição, reduzir o gás carbônico, proteger dos raios solares e da poluição sonora. Para Tarnowski (1991) deve servir a paisagem urbana de forma que possam cooperar para mitigar efeitos da edificações e vias das cidades. Para Bonametti (2020), seu planeja- mento deve estar de acordo com as vias e circulação de carros e pedestres, a fim de evitar conflitos. Ainda segundo o autor a arborização urbana é retrato da sociedade na qual esta está estabelecida. Refletindo assim a própria história da sociedade e sua relação com a natureza. Em Campos dos Goytacazes a falta de área verde é uma realidade já destacada na mídia e em artigos científicos (ARAÚJO; AGUIRRE, 2014). De acordo com Melo et al. (2019) e Takahashi (1994) o conhecimento da arborização urbana depende de uma avaliação por meio de inventário florístico. Assim é possível conhecer as espécies que ocorrem na região e observar também outros dados como conflitos e estado fitossanitário das plantas. Sendo este dados fundamentais para o manejo da vegetação e planejamento de ações de melhorias e adequações. Entre os trabalhos recentes sobre arborização no município de Campos dos Goytacazes podemos citar as contribuições de De Souza, et al. (2011a).; De Souza, et al. (2011b; Araújo, et al. (2018), De Souza et al. (2019), e Araújo e Aguirre, (2014). 30 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Diante do exposto acima o presente trabalho teve como objetivo principalavaliar a composição e diversidade arbórea da vegetação urbana de três bairros residenciais em Campos dos Goytacazes, RJ. Resultados e Discussão O trabalho foi realizado em três bairros do município de Campos dos Goytacazes no estado do Rio de Janeiro, sendo eles: Parque Vista Alegre, Parque Benta Pereira e Parque Jóquei Clube. A distribuição destes bairros pode ser vista na no mapa da Figura 1. Estes bairros se destacam por serem tipicamente residenciais, apenas um uma rua com grande concentração comercial. Apenas uma praça é encontrada na área da amostra, além de outros terrenos vazios. Segundo Silva Neto et al. (2018) os bairros possuem um total aproximado de 8000 habitan- tes, distribuídos por 1619 no Parque Vista Alegre, 1641 no Parque Benta Pereira e 4824 no Parque Jóquei Clube. Segundo levantamento de Araújo e Aguirre (2014) estes três bairros contam com muito pouca área verde, sendo a arborização das ruas a quase que a única vegetação presente. Figura 1. Mapa dos bairros analisados neste levantamento. Em VERMELHO - Bairro Vista Alegre, VERDE - Bairro Pereira Benta e AZUL - Bairro Parque Jóquei Clube. A amostragem do material ocorreu no período de dezembro de 2021 a janeiro de 2022. O material coletado foi herborizado segundo recomendações de Guedes-Bruni et al. (2002). A maior parte das espécies encontradas são de espécies comuns e não foi preciso 30 31 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br coleta para sua identificação. A documentação fotográfica do material botânico e da paisa- gem foi feita com uma máquina fotográfica digital CANON 5I. Para as espécies que necessitam de análise mais detalhadas para sua identificação fo- ram utilizadas a lupa Carl Zeiss, Stemi SV 6 e bibliografias auxiliares à identificação de famílias e gêneros, tais como: Barroso et al. (1978), Barroso et al. (1984), Barroso et al. (1986), Gentry (1993), Lima et al. (1994), além de monografias diversas sobre famílias e/ou gêneros. A pa- dronização dos binômios foi feita pelos indexadores taxonômicos publicados nas webs do Missouri Botanical Garden (MBG W3 Tropicos) e do The International Plant (IPNI). Os nomes dos autores dos binômios foram abreviados segundo Brumitt & Powell (1990). Ao final do levantamento foram encontradas 43 espécies vegetais arbóreas, divididas em 20 famílias, como pode ser visto na Tabela 1. Este valor é maior do que o encontrado por Araújo et.al. (2018) em levantamento feito no Centro histórico do Município de Campos dos Goytacazes, quando encontraram 24 espécies. Grande parte das espécies encontradas são exóticas, e amplamente utilizadas pelo homem, seja para fins alimentícios ou paisagís- ticos. A espécie quantitativamente mais comum foi Murraya paniculata (murta), encontrada nos três bairros e com grande frequência nas calçadas. Entre as espécies alimentícias mais comuns destaca-se Mangifera indica (mangueira) e Persea americana (abacateiro) As famílias com maior riqueza de espécies foram Fabaceae (7 sp.), Anacardiaceae (5 sp.), Arecaceae (4 sp.) e Myrtaceae (4 sp.). Já 12 famílias foram representadas apenas por uma espécie. Os gêneros com maior número de espécies foram Schinus, Dypsis, Hibiscus e Syzygium, cada um com duas espécies. A falta de áreas verdes nos bairros analisados acaba por comprometer a qualidade de vida da população, que não conta com os benefícios proporcionados pela vegetação, quando integrada às demais estruturas urbanas. Em estudo realizado em quatro bairros do presente municípios Benevenuto et al. 2017 verificou-se que a presença de áreas verdes é proporcional à renda da população. Ao mesmo tempo, o autor verificou que em áreas com menor poder aquisitivo as pessoas tendem a reduzir a presença de plantas, indicando para isso motivos como violência, limpeza e aumentar os espaços para o lazer. Das espécies encontradas 42% são consideradas frutíferas. Esse valor é esperado para regiões onde a arborização urbana fica a cargo dos moradores. Estes muitas vezes privilegiam a produção de frutas, desconsiderando características técnicas, como o tamanho das folhas e resistência dos caules. Em trabalho realizado no município de Campos dos Goytacazes, Beraldi, (2019) analisou a percepção dos moradores sobre a vegetação e em seu resultado ficou claro que uma das principais importâncias citadas era a produção de frutos. Verificou-se que uma grande diferença entre a quantidade de árvores nas ruas, desta- cando-se a Av. Winston Churchill no bairro do Jóquei Clube como uma das mais arborizadas 32 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br (Figura 2). Já muitas outras ruas apresentaram um número muito reduzido de árvores, principalmente considerando-se a presença de indivíduos arbóreos de grande porte, desta- cando-se a Rua Dr Ricardo Quitete. Figura 2. Arborização da Av. Winston Churchill no bairro do Jóquei Clube. Tabela 1. Lista de espécies encontradas no levantamento Composição e diversidade da arborização urbana de três bairros em Campos dos Goytacazes, RJ. N FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR 1 Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Cajú 2 Mangifera indica L. Mangueira 3 Schinus molle L Aroeira-mole 4 Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira-vermelha 5 Spondias purpurea L Seriguela 6 Apocynaceae Allamanda cathartica L Alamandra 7 Thevetia peruviana (Pers.) K.Schum. Cascabela 8 Nerium oleander L Espirradeira 9 Arecaceae Dypsis decaryi ( Jum. ) Beentje & J.Dransf. Palmeira-triângulo 10 Dypsis lutescens (H. Wendl.) Beentje & J. Dransf. Areca-bambu 11 Phoenix roebelenii O´Brien Palmeira-fenix 12 Cocos nucifera L Coqueiro 13 Asparagaceae Yucca elephantipes Regel Yucca 14 Bignoniaceae Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos Ipê-amarelo 15 Caricaceae Carica papaya L. Mamão 16 Chrysobalanaceae Licania tomentosa (Benth) Cowan Oiti 17 Combretaceae Terminalia catappa L. Amendoeira 18 Cupressaceae Juniperus chinensis L. Pinheirinho 19 Euphorbiaceae Aleurites moluccana (L) Willd. Nogueira-de-iguape 32 33 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br N FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR 20 Fabaceae Bauhinia variegata L. Pata-de-vaca 21 Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf. flamboyant 22 Erythrina crista-galli L. Corticeira 23 Cenostigma pluviosum (DC.) E. Gagnon & G.P. Lewis Sibipiruna 24 Cassia fistula L Cássia-imperial 25 Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz Pau-ferro 26 Albizia falcataria (L.) Fosberg Albizia 27 Lauraceae Persea americana Mill. Abacateiro 28 Lythraceae Punica granatum L. Romã 29 Malpighiaceae Malpighia emarginata DC Acerola 30 Malvaceae Hibiscus tiliaceus L Algodoeiro-da-praia 31 Hibiscus rosa-sinensis L. Brinco-de-princesa 32 Pachira aquatica Aubl. Falso-cacau 33 Moraceae Ficus benjamina L. Figueira 34 Morus nigra L Amoreira 35 Myrtaceae Eugenia uniflora L. Pitangueira 36 Psidium guajava L. Goiabeira 37 Syzygium jambos (L.) Alston Jambo 38 Syzygium cumini (L.) Skeels Jamelão 39 Oxalidaceae Averrhoa bilimbi L. biribiri 40 Rubiaceae Genipa americana L. Jenipapo 41 Morinda citrifolia L. Noni 42 Rutaceae Citrus sp. Limoeiro 43 Murraya paniculata (L.) Jack Murta-de-cheiro CONCLUSÃO Com base nos resultados conclui-se que a composição da vegetação urbana dos bair- ros analisados está dentro do esperado, quando comparado a outros bairros do município. Também fica evidente o predomínio de espécies exóticas e que o estabelecimento da arbo- rização urbana se deu mais pela atuação dos moradores do que por ação do poder público. Os benefícios da arborização para a qualidade de vida da população já são bem co- nhecidos, contudo ainda falta conscientização do poder público para o estabelecimentode um plano gestor para este aspecto tão importante da estrutura urbana das cidades. Dessa forma além de ações do poder público visando garantir a presença de áreas verdes no mu- nicípio também é importante ações de educação ambiental, a fim de informar os moradores sobre a importância das plantas para sua qualidade de vida. 34 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br REFERÊNCIAS ARAÚJO, R. DE S.; AGUIRRE, C. A. F. Espaços Públicos: Áreas Verdes em Campos dos Goytacazes e São João Da Barra - RJ. Perspectivas Online: Humanas & Sociais Aplicadas, v. 3. n.8. p.56-76. 2014. ARAÚJO, R. DE S.; DANTAS DA SILVA NETO, J., RIBEIRO RAMOS, M., PARODI DE SOUZA, S., FERREIRA RANGEL, H. C., & EARLY MARQUES, J. P. Arborização no Centro Histórico De Campos Dos Goytacazes - RJ. Perspectivas Online: Humanas & Sociais Aplicadas, v. 8. n. 23. p.59-70. 2018. BARROSO, G. M., GUIMARÀES, E. F., ICHASO, C. L. F., COSTA, C. G.; PEIXOTO, A. L. 1978. 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World Resource Institute, Washington DC, Disponível em: http://earthtrends.wri. org/ Acesso em: 5 out. 2021. 03 '10.37885/230513004 03 CRIOPRESERVAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS: UMA REVISÃO Roziane Pereira Paiva Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Mairon César Coimbra Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Ana Hortência Fonsêca Castro Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) https://dx.doi.org/10.37885/230513004 RESUMO À medida que a população mundial aumenta, as fronteiras agrícolas se expandem, ocupando o habitat de várias espécies de interesse medicinal. A criopreservação é um processo que preserva organelas, células, tecidos ou qualquer outro material vegetal resfriando as amostras a temperaturas muito baixas. A criopreservação bem sucedida de células e tecidos têm gra- dualmente aumentando nos últimos anos, com o uso de agentes crioprotetores. Entretanto, o sucesso da criopreservação depende da compreensão contínua das propriedades físicas e químicas que ocorrem no ciclo de congelamento e descongelamento, porque a formação de cristais de gelo, o choque osmótico e danos à membrana durante o congelamento e descon- gelamento podem causar a morte celular. Nesta revisão foi realizada uma análise qualitativa breve dos processos representativos de criopreservação, com ênfase na vitrificação, e nos agentes crioprotetores, por meio da análise de dezoito artigos publicados entre os anos de 2016 e 2020. Além disso, alguns efeitos adversos da criopreservação são mencionados. Concluiu-se que as técnicas abordadas são relevantes e úteis para a preservação, conser- vação e melhoramento genético das plantas estudadas. Palavras-chave: Preservação, Planta Medicinal, Vitrificação, Crioprotetores. 38 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO A utilização de plantas medicinais ocorre desde os primórdios da humanidade e constitui uma importante fonte de recursos terapêuticos. Atualmente, sabe-se que 25% das drogas existentes no mercado são derivadas de plantas e muitas outras são sintéticas análogas, produzidas a partir de compostos isolados de plantas (MUTHEE et al., 2011). A ação medicinal das plantas se deve à presença de substâncias bioativas, geralmente provenientes do metabolismo secundário, as quais estão envolvidas em processos de cres- cimento, desenvolvimento e reprodução das plantas, como flavonoides, alcaloides, taninos, terpenos, entre outros (MAZID et al., 2011). À medida que a população mundial aumenta, as fronteiras agrícolas se expandem, ocupando o habitat de várias espécies de interesse medicinal. A expansão agrícola também é favorecida pelo grande emprego na agricultura de espécies melhoradas geneticamente, devido ao seu potencial dietético, alta produtividade e/ou resistência a doenças e estresses ambientais (SAKAI; ENGELMANN, 2007). Várias espécies medicinaissão alvo da exploração indiscriminada e predatória, que muitas vezes ameaçam sua perpetuação. Devido a elevada importância das espécies medicinais, protocolos têm sido elaborados no sentido de favore- cer a conservação das espécies fora do seu ambiente natural. O emprego de técnicas de melhoramento genético tem favorecido o advento de novas cultivares que atendam de perto as necessidades agrocomerciais, no que diz respeito à proteção de acessos armazenados dentro de grandes bancos de germoplasma em diversas instituições (SILVA et al., 2014). Atualmente, a proteção do germoplasma de espécies medicinais ainda é realizada mais especificamente, por meio de banco de sementes e coletas disciplinares. Esse tipo de proteção supre, em parte, as necessidades modernas de conservação das espécies, apre- sentando baixo custo de proteção, entretanto, não protegem completamente as coleções do ataque de pragas e doenças e também da deterioração natural, além de não serem satisfa- tórias para espécies que produzem sementes recalcitrantes (SAKAI; ENGELMANN, 2007). A criopreservação é uma técnica que consiste no armazenamento de material biológico a temperaturas ultrabaixas, frequentemente em nitrogênio líquido (-196oC). Esta técnica per- mite a conservação segura e econômica a longo prazo dos recursos genéticos de espécies que têm sementes recalcitrantes ou que são propagadas vegetativamente (ENGELMANN, 2004). Muitos progressos foram feitos nos últimos anos nesta área, com o desenvolvimento de técnicas de criopreservação para centenas de espécies de plantas. Os protocolos de criopreservação estão cada vez mais disponíveis para a rotina e aplicação em bancos de germoplasma. No entanto, a maior parte dos trabalhos se refere a espécies medicinais de clima temperado e as pesquisas sobre espécies medicinais tropicais e subtropicais ainda ocorrem em menor número (ENGELMANN, 2011). 38 39 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre a técnica de criopre- servação, com ênfase na conservação de espécies com importância medicinal. DESENVOLVIMENTO Criopreservação A criopreservação é uma técnica utilizada para a conservação de várias espécies vege- tais por meio da permanência de sementes, ápices caulinares, segmentos nodais e células em suspensão em nitrogênio líquido (NL), por longos períodos (CHEN et al., 2011). Em tem- peraturas ultrabaixas, os processos metabólicos são interrompidos, o que permite o armaze- namento de uma grande quantidade de material em um pequeno espaço, por tempo ilimitado, sem que haja alterações no material (ENGELMANN, 2004). A conservação a longo prazo de espécies vegetais pode ser obtida através de meto- dologias de criopreservação, um método disponível para a conservação em longo prazo dos recursos genéticos de espécies propagadas vegetativamente ou ameaçadas de extinção (ENGELMANN, 2011). A criopreservação consiste em conservar o material biológico em temperaturas ultra- -baixas, em nitrogênio líquido (NL), a -196ºC, ou em seu vapor, em torno de -170ºC. A esta temperatura, a divisão celular e os processos metabólicos cessam ou são paralisados e mantidos em estado latente, podendo o material permanecer armazenado por tempo inde- finido sem alterações em sua estrutura (ZANG et al., 2017). As técnicas de criopreservação são simples e aplicáveis a uma ampla gama de genóti- pos. Essas requerem espaço mínimo e manutenção e o material vegetal desejado pode ser preservado por períodos ilimitados sem alteração (PANIS, 2008; KAVIANI, 2011). De acordo com Engelmann (2011), a criopreservação, ao proporcionar uma redução baixa do me- tabolismo celular, mantém intacto o material biológico conservado, assegurando-lhe alta estabilidade genética e fisiológica. Além da redução de espaço no armazenamento do material e do tempo de preservação indeterminado, há vantagens na criopreservação relacionadas à redução dos custos asso- ciados à manutenção de coleções in vivo. Apesar dos custos variarem quanto à espécie, métodos e reagentes, no geral a criopreservação é o conjunto de métodos com menores custos de manutenção à longo prazo (LI; PRITCHARD, 2009). O ponto mais crítico do processo é a presença de água no material a ser criopreser- vado. Quando a semente possui um elevado teor de umidade pode ocorrer a formação de cristais de gelo intracelular durante o congelamento podendo causar a ruptura do sistema de endomembranas e resultando na perda da semipermeabilidade e da compartimentalização 40 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br celular (KAVIANI et al., 2009). A maioria dos explantes utilizadas na criopreservação con- tem quantidades elevadas de água intracelular e, portanto, extremamente sensível a lesões de congelamento causadas pela formação de cristais de gelo, quando expostas a baixas temperaturas (REED, 2008). A criopreservação pode ser aplicada para a conservação de diferentes tipos de ex- plantes como protoplastos, suspensões celulares, calos embriogênicos, ápices caulinares, gemas laterais, sementes, embriões zigóticos e somáticos (BENSON, 2008). A criopreservação oferece aos responsáveis pelos bancos de germoplasma uma al- ternativa a mais, para incrementar as formas de conservação de germoplasma já existen- tes. A opção por determinado método de conservação irá depender do período de conser- vação desejável, das espécies a serem conservadas, da parte da planta a ser preservada, da disponibilidade de mão de obra e dos recursos financeiros disponíveis. Espera-se que em poucos anos, a criopreservação se torne cada vez mais utilizada no armazenamento de materiais vegetais e, consequentemente, na conservação das fontes genéticas vegetais por longos períodos de tempos (ENGELMANN, 2011). Criopreservação de sementes A criopreservação de sementes é um método simples, de menor custo inicial e de manutenção e que permite o armazenamento do material biológico por longos períodos de tempo (TOWIL, 2002). Dependendo de sua maior ou menor tolerância à dessecação e ao armazenamento sob baixas temperaturas, as sementes podem ser classificadas em orto- doxas, recalcitrantes ou intermediárias. Sementes ortodoxas em geral, apresentam elevada longevidade, podendo ser secas até baixo teor de água (entre 5% e 7%) e armazenadas em ambientes com baixas temperaturas por longos períodos (COSTA, 2009). As sementes ortodoxas, pelo fato de resistirem à desidratação, podem ser criopreser- vadas sem qualquer tratamento, o que não ocorre com a maioria dos materiais empregados em experimentação (calos, meristemas, sementes recalcitrantes, entre outros), os quais possuem quantidade elevada de água em seus tecidos (REED et al., 2011). De acordo com Carvalho (2006), sementes ortodoxas podem ter seu teor de água reduzido e serem colo- cadas diretamente em nitrogênio líquido. Em espécies ortodoxas, o resfriamento rápido de embriões e sementes com teor de água reduzido dispensam o uso de crioprotetores (etileno glicol, glicerol, dimetilsulfóxido) (ENGELMANN, 2011). Buscando avaliar o sucesso da criopreservação em sementes ortodoxas, vários pes- quisadores têm realizado estudos, a exemplo de Gonzaga et al. (2003) que relataram su- cesso na criopreservação de sementes de aroeira (Astronium urundeuva Engl.) e baraúna (Schinapsis brasiliensis Engl) e Salomão (2002) que estudou a tolerância à criopreservação 40 41 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br de sementes ortodoxas de 66 espécies nativas do Cerrado e da Mata Atlântica de diferentes famílias, inclusive Fabaceae, demonstrando a eficiência deste método como alternativaem relação à conservação à -20ºC. Lima et al. (2008) estudaram a tolerância à criopreservação de 19 espécies da floresta decídua do Vale do Rio Paraná, em Goiás, pertencentes à dife- rentes famílias, incluindo Fabaceae e observaram que todas as espécies toleraram bem a criopreservação. A criopreservação é utilizada na conservação de sementes ortodoxas, principalmente visando prolongar a longevidade das sementes em que a viabilidade é reduzida com o tempo e também para espécies em risco de extinção. No mundo, atualmente existem alguns bancos de germoplasma, com o objetivo de garantir a preservação de espécies de interesse, como exemplo o Centro Nacional para Preservação dos Recursos Genéticos (NCGRP- National Center for Genect Resources Preservation, Fort Collins, CO, EUA) conserva aproximada- mente 360.629 sementes, armazenadas em fase de vapor do NL. Uma outra é a Agência Nacional para Pesquisa de Recursos Genéticos Vegetais (NBPGR- National Bureau for Plant Genect Resources, New Delhi, Índia) conserva 1.200 acessos de 50 espécies diferentes, sendo, em sua maioria, espécies de plantas medicinais em risco de extinção. A criopreser- vação é também realizada em vários jardins botânicos. Mais de 110 acessos de espécies raras ou ameaçadas estão criopreservadas no “Perth Royal Botanic Garden”, na Austrália e o jardim botânico de Cincinnati (EUA) também conserva sementes de espécies raras ou ameaçadas em NL (ENGELMANN, 2011). As técnicas clássicas de criopreservação envolvem resfriamento lento até uma tempe- ratura de pré-congelamento, seguida de imersão rápida em nitrogênio líquido. Com redução da temperatura durante o resfriamento lento, as células e o meio externo inicialmente super esfria, seguida de formação de gelo no meio. A membrana celular atua como uma barreira física e impede que o gelo semeie o interior da célula e as células permanecem desconge- ladas, mas super-resfriadas. Como a temperatura é diminuída ainda mais, uma quantidade crescente da solução extracelular é convertida em gelo, resultando assim na concentração de solutos intracelulares (BERJAK; PAMMENTER, 2013). Estas técnicas têm sido aplicadas com sucesso em sistemas de cultura indiferenciados, como suspensões de células e calos (VOLK, 2010). No caso de estruturas diferenciadas, essas técnicas podem ser empregadas para congelar ápices de espécies (FONSECA et al., 2019). Para uma criopreservação bem-sucedida é essencial evitar congelamento que ocorre durante o resfriamento rápido em nitrogênio líquido (PANIS; LAMBARDI, 2005). Assim, os espécimes a serem preservados devem ser suficientemente desidratados para evitar o congelamento intracelular e, assim, vitrificar após resfriamento rápido em nitrogênio 42 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br líquido. A vitrificação pode ser o único mecanismo para evitar o congelamento que permi- te que células, tecidos e órgãos hidratados sobrevivam à temperatura do líquido nitrogê- nio (SAKAI, 2000). Para a criopreservação de plantas, alguns métodos criogênicos simplificados e valiosos podem ser utilizados como vitrificação (JANSKA et al., 2010), secagem ao ar (FISCHER et al., 2015) e a técnica de encapsulamento-desidratação (ENGELMANN, 2011). Criopreservação de ápices caulinares Para a criopreservação de ápices caulinares, a técnica mais utilizada é a “droplet vitrification” onde os ápices são pré-tratados em meios com diferentes concentrações de sacarose e, após são tratados em uma solução chamada de carregamento que é com- posta por 2 M de glicerol + 0,4 M de sacarose em meio de cultura MS (MURASHIGE e SKOOG, 1962), antes da imersão em solução de vitrificação (solução de PVS2) a 0°C. O descongelamento é realizado à temperatura ambiente, em solução de diluição rica em sacarose. Após o descongelamento, os ápices são colocados em meio específico de regeneração previamente estabelecido e a retomada do crescimento é avaliada após algumas semanas de cultivo (ENGELMANN, 2011; CHEN et al., 2011). Vitrificação A vitrificação é um método breve, que já não requer o uso de dispositivos únicos, porém, utiliza concentrações excessivas de crioprotetores, o que pode ser perigoso para a viabilidade do embrião ou do gameta a ser criopreservado. A vitrificação, que na verdade significa “transformação em vidro”, pode ser descrita como a conversão do material genéti- co, com o auxílio do uso de viscosidade crescente, sem extravasamento de segmentos ou cristalização de água e, consequentemente, em total ausência de gelo. Este fenômeno pode ser executado com a ajuda de agentes crioprotetores, com o objetivo de evitar a formação de cristais de gelo durante a queda de temperatura, o que acontece em algum momento dentro das células e dentro do segmento líquido final (SAKAI; ENGELMANN, 2007). A chave para o sucesso da criopreservação por vitrificação é induzir a tolerância de amostras à desidratação com uma solução de vitrificação altamente concentrada. No méto- do de vitrificação, células e meristemas excisados são geralmente pré-cultivados em meio enriquecido com sacarose ou sorbitol por 1 ou 2 dias para induzir a tolerância à desidratação (ENGELMANN, 2011). Um alto nível de açúcar ou sorbitol acumulado durante a pré-cultura tem sido relatada como muito importante para melhorar a sobrevivência de células e meris- temas criopreservados (FISCHER et al., 2015). O acúmulo de açúcares aumenta a estabili- dade das membranas sob condições de desidratação severa (SAKAI; ENGELMANN 2007). 42 43 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Principais técnicas de criopreservação As principais técnicas de criopreservação empregadas e os resultados conclusivos sobre a criopreservação de algumas espécies vegetais entre os anos de 2016 e 2020 podem ser observados nas Tabelas 1 e 2. Os processos de criopreservação podem ser agrupados nos seguintes tipos: a) con- gelamento lento; b) vitrificação; c) armazenamento não congelante abaixo de 0oC e d) pre- servação no estado seco (Tabela 1). Entre as técnicas de criopreservação mais utilizadas nos trabalhos consultados destaca-se a técnica de vitrificação utilizada por Pathirana et al. (2016), Bruňáková et al. (2016), Ghaffarzadeh-Namazi et al. (2017), Pettinelli et al. (2017), Köpnick et al. (2018), Li et al. (2019), Yong et al. (2019), Vettorazi et al. (2019), Bekheet et al. (2020) e Edesi et al. (2020) (Tabela 2). Na técnica de criopreservação por vitrificação é importante o uso de substâncias criopro- tetoras. Os crioprotetores são substâncias geralmente fluidas, que reduzem a lesão por congelamento durante o processo de criopreservação. De acordo com Jang et al. (2017), os crioprotetores devem ser biologicamente aceitáveis, capazes de penetrar nas células e ter baixa toxicidade; estes são usados para reduzir a quantidade de gelo formado em qualquer temperatura, dependendo do tipo de célula, taxa de resfriamento e taxa de aquecimento. A fim de alcançar a melhor taxa de sobrevivência de células e tecidos, o volume da amostra, taxa de resfriamento, aquecimento e as concentrações de crioprotetores devem ser otimizadas dependendo dos diferentes tipos de células e contexto dos tecidos (ENGELMANN, 2011). 44 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Tabela 1. Principais técnicas de criopreservação empregadas na conservação de espécies medicinais entre 2016 e 2020. Técnica Parte da Planta Espécie Vegetal Família Usos Medicinais Referência Criopreservação (placa V) Ápices caulinares Marchantia polymorpha Marchantiaceae Cicatrizante, anti-inflamatória Tanaka et al., (2016) Conservação e repro- dução in vitro Sementes, pólen, protoplasmas,ápices, suspensões celulares, rizomas, tecidos meris- temáticos Dendrobium nobile., Dendrobium cv., Lady Hamilton, Calanthe furcate, Dendrobium nobile, Dactylorhiza fuchsii Orchidaceae Tratamento de insônia, ansiedade, infestações helmínticas e estresse Popova et al. (2016) Vitrificação Gemas axilares e apicais Vitis vinifera Vitaceae - Pathirana et al. (2016) Criopreservação clássica Sementes e pontas de brotos Betula lenta Betulaceae Tratar febres, resfriados e gripes Rathwell et al. (2016) Criopreservação lenta, vitrificação Meristemas apicais, pontas de broto e sus- pensões celulares Hypericum perfo- ratum, Hypericum richeri, Hypericum um- bellatum, Hypericum rumeliacum Hypericaceae Tratamento da depressão, efeitos antimicrobianos, efeitos anti-inflamató- rios, ação antitumoral e antiviral. Bruňáková et al. (2016) Vitrificação Calos Satureja spicigera Lamiaceae Atividade antibacteriana Ghaffarzadeh-Namazi et al. (2017) Vitrificação Embriões Petiveria alliacea. Phytolaccaceae Propriedades antitumo-rais Pettinelli et al. (2017) Criopreservação clássica Sementes Catasetum atratum. Orchidaceae Tratamento de ansiedade Suzuki et al. (2018) Resfriamento lento e rápido Sementes Coffea canephora Rubiaceae Energético Coelho et al. (2018) Vitrificação e congela- mento de gotas Pontas de brotos Solanum tuberosum Solanaceae Emoliente Köpnick et al. (2018) Criopreservação (placa V) Pontas de brotos Passiflora suberosa Passifloraceae Calmante, relaxante, atividade hipoglicêmicas e hipolipidêmicas. Vianna et al. (2019) Vitrificação, Encapsu- lamento-vitrificação e encapsulamento-desi- dratação Pontas de brotos, pólen e sementes Lilium spp. Lamiaceae Atividade antioxidante Li et al. (2019) Vitrificação e encapsu- lamento Sementes Artemisia sieversiana Asteraceae Cicatrizante, atividade anti-inflamatória. Yong et al. (2019) Vitrificação Sementes imaturas e sementes maduras Cattleya harrisoniana × Cattleya walkeria- na, Cattleya tigrina e Cattleya guttata. Orchidaceae Atividade anti-inflama-tória Vettorazzi et al. (2019) Vitrificação por gotí- culas Botões florais Rubus humulifolius Rosaceae Antimicrobiano Edesi et al. (2020) Criopreservação clássica Pontas de brotos Persea americana Lauraceae Controle lipídico O’Brien et al. (2020) Crio-placa e placa de vitrificação Sementes Dendrobium cruentum Orchidaceae Antimicrobiano Prasongsom et al. (2020) Vitrificação Ápices dos brotos Cynara scolymus Asteraceae Controle lipídico e con-trole glicêmico. Bekheet et al. (2020) https://www.google.com/search?rlz=1C1FCXM_pt-PTBR995BR995&sxsrf=ALiCzsZa7QKrqgsYlc1z4_pXk1BdW29J4w:1656894580997&q=Passifloraceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MDZKSylfxMoXkFhcnJmWk1-UmJyamAoAWczzax4AAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjGx7in_d34AhXgu5UCHa59D-oQmxMoAXoFCIYBEAM https://www.google.com/search?rlz=1C1FCXM_pt-PTBR995BR995&biw=1366&bih=625&sxsrf=ALiCzsaidfAVy6vxPtV6RlBA1ZmjEqvdHA:1656895420255&q=Lauraceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MMxOL7FcxMrpk1halJicmpgKAB7IW7gZAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwj0zdC3gN74AhVKjZUCHSIkBOsQmxMoAXoECG4QAw http://pt.wikipedia.org/wiki/Asteraceae 44 45 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Tabela 2. Resumo sobre os resultados dos estudos sobre criopreservação de plantas medicinais entre 2016 e 2020. Autores Objetivos Resumo Conclusões Tanaka et al. (2016) Verificar os benefícios da criogenia no cultivo de plantas O método V-Cryoplate requer três etapas críticas antes da imersão em nitrogênio líqui- do. Primeiro, os materiais vegetais a serem criopreservados são pré-cultivados para in- duzir a tolerância à desidratação. Em seguida, os materiais pré-cultivados são encapsulados em grânulos de alginato, em uma crioplaca, para permitir a desidratação lenta na etapa se- guinte. Finalmente, os materiais vegetais são desidratados para evitar a formação de gelo. A criopreservação permitiu a preser- vação clonal e a rápida propagação de linhagens transgênicas ou mutantes. Popova et al. (2016) Avaliar o uso da criogenia em diferen- tes partes de diferentes plantas O desenvolvimento e a aplicação bem-su- cedidos da criobiotecnologia se estendem a quase 100 espécies e híbridos comerciais de orquídeas, sustentando futuros programas de melhoramento e conservação de espécie. Foi possível fornecer uma contribui- ção para o progresso de criobancos de várias partes de orquídeas, incluindo sementes, pólen, protocormos, ápices extirpados de plantas in vitro, suspen- sões celulares e rizomas. Pathirana et al. (2016) Elucidar como genótipos de Vitis são recalcitrantes à criopreservação. A toxicidade da solução de vitrificação foi tes- tada em gemas axilares e apicais de acessos de Vitis. Houve considerável contribuição para a conservação do germoplasma de Vitis, evitando os riscos associados à técnica baseada em campo. Rathwell et al. (2016) Verificar se há maior regeneração de plantas após descarregamento (reidra- tação) em meio com 0,8 mol·L–1 de sacarose, em 30 min. O estudo descreve um método de criopreser- vação para sementes e pontas de brotos in vitro de Betula lenta para conservar o germo- plasma disponível. Análise de calorimetria de varredura diferencial confirmou a ausência de cristalização de gelo nas pontas dos brotos durante o resfriamento e rea- quecimento. Bruňáková et al. (2016) Avaliar o uso da criogenia em diferen- tes espécies de Hypericum O armazenamento criogênico de longo prazo representa uma ferramenta adequada para a preservação de recursos genéticos de espécies de Hypericum ameaçadas de extinção ou no- vas variantes somaclonais com propriedades únicas. Muitos representantes do gênero são conhecidos como produtores de policetídeos farmacologicamente importantes, como naf- todiantronas e floroglucinóis. Os efeitos de proteção do ABA foram comprovados em níveis fisiológicos e estruturais através da redução do teor de água, incluindo a proporção de água congelável, preservação da integridade do tecido meristemático e estabilização do sistema de membrana interna do aparelho fotossintético. Ghaffarzadeh-Namazi et al. (2017) Verificar como a criogenia é benéfica no cultivo de calos de Satureja spici- gera. Foi adotado o procedimento de reaqueci- mento rápido, que consistiu em mergulhar os criotubos em banho-maria a 40 ◦C por 2 min. Depois removendo o PVS3, o conteúdo dos criotubos foi despejado em uma placa de Petri com 4 ml de sacarose 1,2 M. Os aglome- rados de calos foram incubados nesta solução a 25 ◦C por 20 min. A porcentagem de rebrota do calo crio- preservado foi significativamente maior após o tratamento com PVS3 (98,7%). Com base neste resultado, a vitrificação com PVS3 é recomendada como proto- colo mais adequado para criopreserva- ção de calos de S. spicigera. Pettinelli et al. (2017) Verificar como a criogenia é benéfica no cultivo de plantas Com a técnica de vitrificação, os SEs tratados com solução de PVS2 (0,4 M de sacarose, 3,3 M de glicerol, 2,4 M de etilenoglicol e 1,9 M DMSO) por 30 min apresentou alta viabilidade (85%) e recuperação de proliferação interme- diária (cerca de 12 SEs adventícios produzidos a partir de SEs originais [SEs/SE] após 90 dias da cultura). A técnica de crioplaca levou a alta via- bilidade (85%) e recuperação da proli- feração (19 SEs/SE) de SEs criopreser- vados após 90 min desidratação. Nas condições experimentais testadas, o método de crioplaca D foi a técnica mais eficiente para criopreservação de SEs de P. alliacea. Suzuki et al. (2018) Avaliar o efeito de diferentes criopro- tetores em sementes de orquídea Ca- tasetum atratum. As soluções crioprotetoras foram: glicerol, sacarose, PVS2 e floroglucinol isolados e combinados. A sobrevivência dos protocormos foi de 62,0% (PVS2) e 65,4% (+ 1% sacarose floroglucinol). Coelho et al. (2018) Estabelecer um protocolo de criopre- servação para armazenar sementesde Coffea canephora, aplicando-se dois métodos de criopreservação: resfria- mento lento e rápido. No primeiro experimento, as sementes secas foram submetidas a tratamentos de resfria- mento lento nas velocidades -1 ºC min.-1, -3 ºC min.-1 e -5 ºC min.-1 até às temperaturas finais de -40 ºC, -50 ºC, e -60 ºC, por meio de um biocongelador, e posteriormente imersas em nitrogênio líquido. A secagem das sementes de Coffea canephora até o teor de água de 0.25 g g-1 não prejudica a viabilidade das sementes. As enzimas catalase e este- rase são bons marcadores bioquímicos para sementes de café criopreservadas e sua atividade é maior nas sementes de maior qualidade fisiológica. file:///Volumes/EDITORA/%3e%3ePREPARADOR%20ARTIGOS%3c%3c/ARTIGOS%20TAG/javascript:; 46 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Autores Objetivos Resumo Conclusões Köpnick et al. (2018) Verificar como a criogenia é benéfica no cultivo de Solanum tuberosum As correlações entre o crescimento da ponta do broto e a concentração de açúcar estava ausente e significativa em baixa extensão com ATP (r = 0,4, P <0,01). A criopreservação, genótipos, período de pré-cultivo e número de subcultu- ras afetam a capacidade de rebrota dos explantes. Vianna et al. (2019) Estabelecer um protocolo de crio- preservação de pontas de brotos de P. suberosa com a técnica de V-Cryo- -plate, avaliando a influência da idade do explante e exposição às soluções de vitrificação PVS2 e PVS3. A ocorrência do estresse oxidativo nas dife- rentes etapas do protocolo foi avaliada por meio do monitoramento da peroxidação lipí- dica e da atividade de enzimas antioxidantes. A maior recuperação pós-congelamento foi observada em pontas de brotos de 40 dias tratadas com PVS2 por 60 min (45%) ou PVS3 por 45 a 90 min (50–60%). Esses ensaios revelaram que o estresse oxidativo ocorreu, principalmente, nas etapas de osmoproteção e desidratação PVS3, que foram consideradas as mais críticas do protocolo V-Cryo-plate para a criopreservação de pontas de brotos de P. suberosa. Li et al. (2019) Verificar o sucesso na criopreservação de pólen, sementes e pontas de brotos em Lilium. Genes que existem em Lilium, incluindo aque- les que regulam a forma, cor e tamanho das flores, e que são resistentes ao estresse pelo frio e doenças causadas por fungos e vírus, fornecem uma rica fonte de recursos genéti- cos valiosos para programas de melhoramen- to para criar nova cultivares exigido pelos mer- cados globais de floricultura e ornamentais. O estudo forneceu informações atuali- zadas e abrangentes sobre o desenvol- vimento de técnicas que têm avançado na criopreservação de Lilium. Yong et al. (2019) Avaliar o benefício da criogenia para a conservação de Artemisia sieversiana. Quando encapsulado, tanto a vitalidade quan- to a taxa de germinação diminuíram. Mudan- ças na taxa de vitalidade durante o período de armazenamento foram medidos. Como resultado, a vitalidade mantida pela semente quando a solução de vitrificação é utilizada. As sementes podem ser preservadas com segurança sem deterioração da vitalidade pela criopreservação, usan- do a solução PVS 3 Vettorazzi et al. (2019) Avaliar a eficiência da criopreservação pela técnica de vitrificação, como mé- todo de conservação a longo prazo de sementes imaturas do híbrido Cattleya harrisoniana × Cattleya walkeriana. O experimento foi conduzido em um deline- amento inteiramente casualizado com cinco tratamentos, a saber: germinação direta de sementes in vitro sem PVS2 e sem nitrogênio líquido; PVS2 a 0°C por 60 min sem nitrogê- nio líquido; PVS2 a 0 °C por 30 min ou 1 h, seguido por imersão em nitrogênio líquido; e imersão direta das sementes em nitrogênio líquido sem PVS2. Para sementes maduras de C. guttata com baixo teor de água, a imersão di- reta em nitrogênio líquido sem PVS2 foi eficaz, não sendo necessário o uso de vitrificação. Esses resultados demons- tram o efeito do teor de água das se- mentes na criopreservação. Edesi et al. (2020) Estudar o efeito de um pré-tratamento de 10 dias com 0, 2 ou 4 mg/l de ABA, em comparação com gemas recém dissecadas. Sementes de R. humulifolius foram utiliza- das em meio a técnica de pré-tratamento com ABA. A regeneração de gemas contro- le não criopreservadas aumentou de 51% a 70%, 90% ou 87%, enquanto a regeneração de gemas criopreservadas diminuiu de 52% a 35%, 6% ou 9% após pré-tratamentos de 0, 2 ou 4 mg/l de ABA, respectivamente. Plan- tas subcultivadas por 1 mês tiveram 63% de sobrevivência, que, no entanto, diminuiu para 29% após 2 ou 4 meses de subcultura. O cultivo no jardim é necessário para restauração futura da espécie na na- tureza. Crioarmazenamento e outras ações de conservação ex situ realizados em jardins botânicos pode ser de cres- cente importância como ferramenta para manter biodiversidade de plantas no futuro. O’Brien et al. (2020) Analisar os efeitos da criopreservação combinada conservar o germoplasma do abacate. Plantas de abacate foram submetidas a duas condições diferentes de pré-tratamento; 1) alta sacarose (0,3 M) ou 2) baixa temperatura (10 ° C), durante um período de 2 semanas antes da extração das pontas dos rebentos. As pontas de brotos extraídas foram submetidas a tratamentos com PVS2 e avaliados quanto à sobrevivência e rebrota antes do tratamento com nitrogênio líquido. As condições de pré-tratamento bem- -sucedidas podem ser usadas para preparar pontas de broto de abacate para crioprotetores e é fundamental para preparar o caminho para o de- senvolvimento do primeiro protocolo de criopreservação de pontas de brotos para abacate. Prasongsom et al. (2020) Avaliar criopreservação em Dendro- bium cruentum Sementes de Dendrobium cruentum foram submetidas à criopreservação para conser- vação a longo prazo, usando as técnicas de crioplaca D e crioplaca V. A viabilidade das sementes foi testada. Para a técnica de crio- placa, as sementes foram encapsuladas sobre a placa criogênica usando 2% (p/v) alginato de sódio e polimerizado com 100 mM CaCl2. O excesso de desidratação pode causar a redução da germinação e regeneração das plantas. A técnica de crioplaca mos- trou-se adequada para criopreservação de sementes de D. cruentum. 46 47 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Autores Objetivos Resumo Conclusões Bekheet et al. (2020) Este estudo foi realizado para otimizar um método confiável para criopreser- vação in vitro de ápices caulinares e culturas de calos de alcachofra, usando dimetilsulfóxido (DMSO) e Soluções de Vitrificação de Plantas 2 (PVS2) como soluções crioprotetoras. Os ápices dos brotos foram expostos a DMSO ou PVS2 por 20, 40, 60 e 80 minutos antes do mergulho nitrogênio líquido (LN). Consta- tou-se que o uso de PVS2 como crioprotetor na criopreservação de ápices caulinares de alcachofra foi mais eficaz em comparação com o uso de DMSO sozinho. Entre os tempos de exposição testados, 60 min apresentou o me- lhor resultado de sobrevivência. Os resultados demonstraram que o uso de PVS2 como crioprotetor na criopre- servação de ápices caulinares e culturas de calos de alcachofra foi mais eficaz, em comparação com DMSO. Os crioprotetores podem ser divididos em duas categorias: (1) crioprotetores que permeiam a membrana celular, como dimetilsulfóxido, glicerol,19 e 1,2-propanodiol; e (2) crioprotetores não permeáveis à membrana, como 2-metil-2,4-pentanodiol e polímeros como polivinilpirrolidona, hidroxietilamido e vários açúcares (JANG et al., 2017). CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do levantamento realizado conclui-se que as técnicas de criopreservação abor- dadas são relevantes para a preservação e conservação de espécies de interesse medicinal, uma vez que as mesmasmantêm as características genéticas importantes para a expressão de moléculas com potencial curativo. O progresso no desenvolvimento e aplicação das técnicas de criopreservação apre- sentadas possibilitará uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na indução de tolerância à desidratação e criopreservação em explantes congelados. Pesquisas focadas em diferentes aspectos desses mecanismos estão em curso e possibilitarão a conservação de um número cada vez maior de espécies de interesse farmacêutico. Agradecimentos Os autores agradecem à Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais pelo apoio financeiro. O presente trabalho foi realiza- do com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. 48 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br REFERÊNCIAS BEKHEET, S. A.; SOTA, V.; EL-SHABRAWI, H. M.; EL-MINISY, A. M. Cryopreservation of shoot apices and callus cultures of globe artichoke using vitrification method. Journal of Genetic Engineering and Biotechnology, v. 18, n. 1, p. 1-8, 2020. BENSON, E. E. Cryopreservation of phytodiversity: a critical appraisal of theory & practice. 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(Convolvulaceae) e Remirea maritima Aubl. (Cyperaceae). 60% das espécies exibiram estratégia tolerante ao estresse (S, 97 a 100%) e as demais mostraram condições de competidoras tolerantes ao estresse (S/CS), com elevada representatividade da estratégia tolerante ao estresse (S, 79 a 80%) e baixa representatividade de competição (C, 20 a 21%). Os dados obtidos ajudam na compreensão da montagem e no funcionamento das comunidades biológicas da restinga, podendo ser usados em ações de conservação da biodiversidade. Palavras-chave: Ecologia Funcional, Restinga, Mata Atlântica, Conservação da Biodiversidade. 54 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO Discussões acerca da abrangência do termo restinga divide opiniões e estimula autores de diferentes campos de estudos a reverem sucessivamente o seu conceito (SOUZA et al., 2008). Quando examinado a uma visão ecológica, o termo restinga, no Brasil, se estabe- lece como um ecossistema típico de planícies costeiras pertencente ao domínio da Mata Atlântica, com área de ocupação aproximada de pouco menos do que três quartos de todo litoral brasileiro e de vegetação formada por um mosaico de comunidades florísticas fisiono- micamente distintas (ARAÚJO, 1992). Seu habitat oferece condições extremas de sobrevi- vência, caracterizadas por altas luminosidade e temperatura, ventos frequentes, alternância de períodos de inundação e seca, salinidade elevada e escassez de nutrientes. Pelo solo presente nesse ecossistema ser arenoso e pobre em nutrientes, a principal fonte nutritiva acaba sendo o spray marinho (LACERDA & ARAÚJO, 1987). Em consequência desse filtro ambiental, sua flora utiliza numerosos mecanismos adaptativos para sobreviver (MELO JÚNIOR et al., 2017; SILVA et al., 2016; MELO JÚNIOR e BOEGER, 2015; CABRAL, 2018). A vegetação de restinga, distribuída ao longo de um gradiente edáfico, apresenta formações com gradativo aumento de riqueza específica, incluindo a formação herbácea, menos diversa e composta por espécies herbáceas e subarbustivas, psamófilas e halófitas; formação de restinga arbustiva, constituída por maciços mosaicos de arbustos; formação de restinga arbustiva-arbórea, composta por arbustos e arvoretas; e a floresta de transição ou floresta de restinga, que possui maior diversidade de espécies e tem predomínio de arvo- retas e árvores (MELO JÚNIOR et al., 2018). A biodiversidade dessas áreas é proveniente de biomas como Cerrado, Caatinga e a Mata Atlântica, sendo representada por espécies adaptadas às condições litorâneas (MELO JÚNIOR & BOEGER, 2015). As formações de restinga são definidas pela influência marinha e pelas condições de solo (SOUZA, 2004; SAMPAIO et al., 2005). Os solos associados à região do pós-praia, porção em forma-se o ambiente de dunas, possuem coloração amarela, pouca incidência de ácido húmico e baixa disponibilidade de matéria orgânica, tais fatores somam-se à bai- xa capacidade de retenção de água e de nutrientes (MELO Jr. & BOEGER, 2015). Sendo assim, o ambiente de dunas, com baixa capacidade de retenção de água e baixa fertilidadenatural, é considerado limitante ao desenvolvimento das espécies capazes de colonizá-lo. A adaptação das espécies às condições determinadas pelo ambiente de desenvolvi- mento é regrada pela capacidade plástica de um genótipo em exibir seus atributos fenotípi- cos funcionais (BRADSHAW, 2006) e, por meio dessa capacidade, a ecologia tem tentado compreender melhor como se dá o processo de montagem das comunidades biológicas, o padrão de dominância de certas espécies (ROSADO & DE MATTOS, 2017) e, também, como estas funcionam dentro dos ecossistemas (PIERCE et al., 2017). Nesta perspectiva, 54 55 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br atributos funcionais das plantas são expressados em diferentes níveis de organização do corpo vegetal, sendo representados por atributos morfológicos, anatômicos, ecofisiológicos, fenológicos e reprodutivos que traduzem as estratégias ecológicas adotadas pelas plantas em resposta aos fatores ambientais, além de influenciarem outros níveis tróficos e as pro- priedades dos ecossistemas (PÉREZ-HARGUINDEGUY et al., 2013). A compreensão sobre os atributos funcionais direciona ao entendimento da diversida- de funcional. Embora a ideia de diversidade funcional seja até intuitiva, inexiste no campo científico um consenso a respeito deste tema (CIANCIARUSO et al., 2009), mas se assu- me como mais aceito o conceito que diz que o valor e a variação das espécies e de suas características influenciam o funcionamento das comunidades (TILMAN, 2001), ou seja, o alcance das características das espécies irá determinar o funcionamento do ecossistema, ao invés da riqueza de espécies em si (DÍAZ & CABIDO, 2001). Como forma de avaliar tais atributos funcionais e o seu papel ecossistêmico exercido por uma população vegetal, a teoria CSR apresenta três principais estratégias que as plan- tas possuem para ocupar diferentes ambientes lidando com os recursos neles disponíveis: competição (C), tolerância ao estresse (S) ou ruderal (R) (GRIME & PIERCE, 2012). Assim, as espécies competidoras (C) sobrevivem em habitats relativamente estáveis e produtivos através do investimento de recursos em crescimento vegetativo contínuo e rápida obtenção de grande tamanho individual; as espécies estresse tolerantes (S) apresentam desempenho metabólico em ambientes variáveis e com poucos recursos por investir principalmente na capacidade de reter recursos e reparar componentes celulares em tecidos densos e persisten- tes; as espécies ruderais (R) investem grande proporção de recursos, não no indivíduo, mas em propágulos a partir dos quais a população pode se regenerar face a distúrbios (PIERCE et al., 2017). Em adição, nesta teoria, são apresentadas quatro estratégias secundárias: i) ruderal–competidora (C-R) frequente nos ambientes de estresse e competição considerados baixos, mas com sujeição para distúrbios de nível intermediário; ii) competidora-tolerante ao estresse (C-S) com ocorrência em condições não perturbadas, mas pode ocorrer estresse de nível intermediário; iii) ruderais-tolerantes ao estresse (S-R), ocorrendo em ambientes com estresse de nível moderado com distúrbios menores; iv) plantas C-S-R expostas em ambientes de perturbação, estresse e competição de nível moderado (GRIMES & PIERCE, 2012). Os estudos voltados a CSR vêm demonstrando eficácia à medida que seus dados podem ser calibrados de forma a melhor compreender as particularidades de diferentes biomas e propor um sistema global de ecologia vegetal comparativa (PIERCE et al., 2017). O presente estudo objetivou identificar as estratégias funcionais de espécies dominan- tes em dunas da restinga do Parque Estadual Acaraí, município de São Francisco do Sul, 56 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Santa Catarina, por meio do método global de cálculo de estratégias ecológicas de plantas, à luz do conceito CSR. CONSTRUINDO A BASE DE DADOS O ambiente de ocorrência natural das espécies vegetais investigadas compreende o maior remanescente de restinga do Estado de Santa Catarina, nominado Parque Estadual Acaraí, uma unidade de conservação localizada no município de São Francisco do Sul (coordenadas de 26º17’S e 48º33’W) com cerca de 6.667 ha e tida como área prioritária para a conservação da biodiversidade (PROBIO, 2003; MELO JÚNIOR & BOEGER, 2017). Seu relevo caracteriza-se em planície costeira coberta por formações de restinga herbácea, restinga arbustiva, restinga arbustivo-arbórea e floresta de transição (Figura 1), além de floresta submontana, várzeas e manguezais em pequenas proporções (MELO JÚNIOR & BOEGER, 2015). O clima, fortemente influenciado pela umidade marítima, é mesotérmico sem estação seca definida e com verões quentes (Cfa, segundo a classificação de Köeppen), com índices pluviométricos médios de 1.874 mm ao ano (KNIE, 2002). Na restinga herbácea o solo é classificado como Neossolo Quartzarênico de origem eólica e marinha (OLIVEIRA & VIEIRA, 2008). A seleção de espécies para a caracterização de atributos funcionais considerou os dados de estrutura comunitária da flora publicada para o Parque Estadual Acaraí (MELO JÚNIOR & BOEGER, 2015), considerando aquelas de maior índice de valor de importância no ambiente de dunas, isto é, as espécies dominantes na formação de restinga herbácea. São elas Smilax campestris Griseb. (Smilacaceae), Scaevola plumieri (L.) Vahl. (Goodeniaceae), Canavalia rosea (Sw.) D.C. e Stylosanthes viscosa (L.) Sw. (Fabaceae), Blutaparon portula- coides (A.St.-Hil.) Mears (Amaranthaceae), Ipomoea imperati (Vahl) Griseb. (Convolvulaceae) e Remirea maritima Aubl. (Cyperaceae). De cada espécies foram selecionados 15 espécimes, dos quais foram coletadas 10 folhas completamente desenvolvidas as quais foram fixadas entre o 3º e o 6º nós, no sentido ápice-base, totalizando 150 folhas por espécime. Foram mensurados os seguintes atributos funcionais foliares: a) massa fresca foliar (MFF, mg); b) massa seca foliar (MSF, mg); e área foliar (AF, mm²). O conjunto de dados foi analisado pelo protocolo StrateFy para calcular as proporções relativas das estratégias CSR para cada espécie (PIERCE et al., 2017). Dados ambientais como radiação luminosa, disponibilidade hídrica e condição nutricional do solo foram mensuradas para melhor se relacionar os resultados funcionais obtidos das espécies. 56 57 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 1. Localização geoespacial e respectivas formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, SC, Brasil. OS RECURSOS DISPONÍVEIS NO AMBIENTE DE DUNAS Um dos caminhos para entender a origem do ecossistema de restinga é levar em consi- deração as características de solo compartilhadas por essas formações ao longo do território 58 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br que compreendem em um conjunto de depósitos arenosos costeiros variados provenientes da ação dos ventos, da deriva litorânea e, principalmente, das regressões e das transgressões marinhas (TURQ, 1984). Estudos apontam que as categorias de solos identificados na costa brasileira são em sua grande maioria Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos (MOURA FILHO, 1998; GOMES et al., 1998; ROSSI, 1999). Neossolos Quartzarênicos são localizados mais próximos do mar, logo após a faixa de praias, possuem horizontes A-C e diferem dos Espodossolos essencialmente pela falta de horizonte espódico (B) (GOMES et al., 2007). Solos Espodossolos são solos minerais, que quando nos trópicos, são tipicamente hidro- mórficos e profundos, possuemhorizontes A-E-Bh podendo apresentar horizontes Bs ou até mesmo Bhs-C, simbolizados conforme predomínio do teor de matéria orgânica (h), óxidos de alumínio e, ou ferro (s) ou ambos (hs), localizado logo abaixo de horizontes E ou A, exibe consistência arenosa ao longo do horizonte e quanto ao caráter químico, são solos ácidos e de baixa fertilidade natural, solos com horizonte B estão presentes em ambientes costeiros de restingas brasileira datados do período Quaternário (OLIVEIRA, 2007). O ambiente de dunas, imediato à porção pós-praia, é caracteristicamente formado por sedimentos arenosos, do tipo Neossolo Quartzarênico, de origem eólica e marinha. Como a cobertura vegetal é esparsa e de pequeno porte, não há o acúmulo de serapilheira para a formação de uma camada húmica, o que resulta na baixa fertilidade do solo. As caracte- rísticas físicas do sedimento, tais quais a granulometria e porosidade, dificultam a retenção hídrica e de nutrientes. A radiação luminosa incidente atinge a vegetação de forma direta e expõe igualmente as populações de plantas à elevada luminosidade, uma vez que neste ambiente há ausência de elementos altos ou mesmo de estratificação. A tabela 1 sumariza as condições ambientais observadas nas dunas e que exercem influência direta no estabeleci- mento, crescimento e desenvolvimento das espécies vegetais nelas encontradas. Importante salientar que as condições observadas, quando comparadas a outros ambientes de restinga mais distantes do mar, tornam as dunas um ambiente limitante ao desenvolvimento. Tabela 1. Variáveis químicas do solo, salinidade, espessura da serapilheira, umidade gravimétrica e radiação fotossinteticamente ativa no ambiente de dunas da restinga do Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina, Brasil. Componente Variável Unidade de medida Teor Potencial hidrogeniônico (pH) - 5,47 Fósforo (P) mg.dm-3 2,67 Potássio (K) mmolc.dm-3 1,13 Sódio (Na) mmolc.dm-3 0,93 Solo Calcio (Ca) mmolc.dm--3 9,33 Magnésio (Mg) mmolc.dm-3 2,67 Acidez potencial (H + Al) mmolc.dm-3 9,00 Soma de bases (SB) mmolc.dm-3 14,07 Capacidade de troca catiônica (CTC) mmolc.dm-3 23,07 58 59 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Componente Variável Unidade de medida Teor Saturação por bases (V) % 59,67 Matéria orgânica (MO) g.dm-3 7,33 Camada húmica cm 0,1 Água Retenção hídrica % 4,9 Luz Radiação fotossinteticamente ativa (PAR) μmol.s-1.m-2 1.512,7 AS ESTRATÉGIAS ECOLÓGICAS DAS ESPÉCIES Ocupado por uma vegetação, na maioria das vezes esparsa, ora rala ora adensada em pequenas moitas rentes ao sedimento, formando um mosaico de vegetação e sedimentos desnudos, o ambiente de dunas é recoberto por uma formação de restinga caracterizada por plantas psamófilas e halófitas, com predomínio do hábito herbáceo rizomatoso, ces- pitoso e reptante. Do conjunto de espécies dominantes da formação herbácea de restinga, ocorrendo sobre dunas, aproximadamente 60% exibiram estratégia tolerante ao estresse (S, 97 a 100%) e as demais mostraram condições de competidoras tolerantes ao estresse (S/CS), com elevada representatividade da estratégia tolerante ao estresse (S, 79 a 80%) e baixa representatividade de competição (C, 20 a 21%) (Tabela 2). Tabela 2. Estratégias ecológicas CSR de espécies dominantes em dunas da restinga do Parque Estadual Acaraí, município de São Francisco do Sul, Santa Catarina. Espécie Família AF CMSF AEF CSR Análise (mm²) (mg) (mm².mg-¹) C (%) S (%) R (%) Proporção Estratégia Smilax campestris Smilacaceae 331.49 62.65 5.895 9.13 90.87 0.00 9 : 91 : 0 % S Scaevola plumieri Goodeniaceae 1244.25 54.92 4.72 20.75 79.25 0.00 21 : 79 : 0 % S/CS Canavalia rosea Fabaceae 2263.09 77.74 9.39 20.65 79.35 0.00 21 : 79 : 0 % S/CS Stylosanthes viscosa Fabaceae 23.32 7.64 7.62 0.00 100.00 0.00 0 : 100 : 0 % S Blutaparon portulacoides Amaranthaceae 131.24 5.79 5.54 2.91 97.09 0.00 3 : 97 : 0 % S Ipomoea imperati Convolvulaceae 1088.39 54.81 8.16 19.52 80.48 0.00 20 : 80 : 0 % S/CS Remirea maritima Cyperaceae 68.61 19.52 5.85 1.90 98.10 0.00 2 : 98 : 0 % S Nota: as espécies estão organizadas em ordem decrescente de valor de importância, conforme Melo Júnior e Boeger (2015). Condições ambientais variam espacial e temporalmente e exibem padrões complexos na natureza, os quais podem ser limitantes ao estabelecimento e desenvolvimento da ve- getação (ROSSATTO et al., 2009). Fatores como clima, precipitação, altitude, relevo, solo e luz exercem influência sobre as características estruturais das plantas (GIVNISH, 1983). Dentre esses fatores, a fertilidade do solo e a luminosidade afetam de forma direta o cres- cimento das plantas (HENRIQUES & MARCELIS, 2000). A disponibilidade de nutrientes do solo condiciona diferentes estratégias de alocação dos recursos minerais disponíveis e alterações em certos atributos funcionais da planta (BOEGER et al., 2004), enquanto que a radiação luminosa incidente, por apresentar maior heterogeneidade espacial e temporal 60 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br (PUGNAIRE & VALLADARES, 2007), regula o crescimento vegetal por sua conversão em biomassa (GIVNISH, 1988). Uma forma de compreender essas relações se dá por meio da determinação das estratégias que as espécies possuem para ocupar diferentes ambientes lidando com os recursos neles disponíveis. Para tanto, os atributos de área foliar, massa seca e área específica foliar são determinantes (PIERCE et al., 2017). O espectro da área foliar em espécies coexistentes num mesmo habitat tem sido um atributo funcional bem documen- tado, que evidencia a produção de folhas menores em locais mais secos e mais pobres em nutrientes (PICKUP et al., 2005). Já a massa seca foliar representa a contribuição líquida da parte aérea de uma planta na alocação de recursos e, consequentemente, no ganho de biomassa (PICKUP et al., 2005). Por fim, a área específica foliar representa um indicador de estratégias ecológicas relacionadas à produtividade em ambientes sob estresse (NIKLAS & CHRISTIANSON, 2011) e da fertilidade do solo (HODGSON et al., 2011) que, por sua vez, é interpretada como importante driver ambiental que controla as funções dos ecossistemas terrestres (SHIPLEY et al., 2006). A combinação desses três atributos foliares evidenciou, neste estudo, que as espécies possuem, em maioria, a estratégia “estresse tolerante” (S), podendo ocorrer em ambientes variáveis e com poucos recursos por investir principalmente na capacidade de reter recursos e reparar componentes celulares em tecidos densos e persistentes. O estresse consiste em condições que restringem o crescimento da planta, podendo ser exercido por fatores lumínicos, nutricionais e de temperatura (PIERCE et al., 2017). Conforme Melo Júnior & Boeger (2015), a espécie Smilax campestris, que faz parte do grupo de espécies estresse tolerantes (S), é encontrada de forma abundante nas for- mações de restinga mais próximas ao mar, mas também é encontrada em formações mais interioranas deste ecossistema. Trata-se de uma espécie nativa, presente além da restinga na Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica stricto sensu e Pampa (Flora do Brasil, 2017). Possui forma herbácea, lianescente ou subarbustiva cespitosa. Seus frutos são utilizados como re- curso alimentar, tendo influência direta na permanência de animais na restinga (Cabral et al., 2018). A espécie Stylosanthes viscosa (L.) Sw., apresenta um elevado nível de tolerância à seca, à salinidade e adaptabilidade a diversos tipos de solo (AMÉRICO, 2019). É uma planta neotropical, perene, com flores e frutos durante o ano todo, muito comum no litoral brasileiro, cerrado com solo arenoso ou argiloso e no semiárido (AMÉRICO, 2019). Sua ocorrência é bem distribuída por todas as regiõesgeográficas do Brasil, Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (REFLORA, 2020). Nas costas do sul do Brasil, Blutaparon portulacoides produz um grande número de inflorescências durante a primavera e o verão (CORDAZZO & SEELIGER, 1988; BERNARDI & SEELIGER, 1989), mas também se res- tabelece rapidamente a partir do rizoma fragmentado após perturbações pela quebra das 60 61 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br ondas do mar. A espécie Remirea maritima foi listada como característica e exclusiva das formações de vegetação típica das dunas móveis e semi-fixas para as formações na ilha de Santa Catarina (BRESOLIN, 1979), sendo resistente à alta salinidade, baixo teor de nutrien- tes no solo, altas temperaturas, alta insolação e elevada mobilidade da areia (CORDEIRO, 2005; BOEGER & GLUZEZAK, 2006; ALMEIDA & ZICKEL, 2009). Na estratégia competidoras tolerantes ao estresse (S/CS), há um grupo formado por três espécies: Scaevola plumieri, Canavalia rosea e Ipomoea imperati. A espécie S. plumieri encontra-se exclusivamente na planície costeira, do Ceará até Santa Catarina. A espécie é xeromórfica, composta por indivíduos subarbustivos a arbustivos. Nas dunas móveis e semifixas, auxilia na estabilização da areia movida pelo vento ao longo da praia (MELO JÚNIOR et al., 2017). A espécie C. rosea é uma planta de hábito herbáceo, com o desen- volvimento de caules estoloníferos, os quais auxiliam na estabilização dos cordões areno- sos na região pós-praia, muito importantes como fixadoras de dunas (MELO JÚNIOR & BOEGER, 2015). Além disso, distribuídas amplamente em toda região costeira dos trópicos e subtrópicos, é adaptável à seca, salinidade/alcalinidade e estresse térmico (ZOU, et al., 2022). A espécie I. imperati é uma planta estolonífera, característica das dunas de quase todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. No litoral brasileiro, apresenta ampla distribuição (O’DONELL, 1960; FALCÃO, 1976; FALCÃO & FALCÃO, 1976), sendo que na Ilha de Santa Catarina ocorre nas dunas móveis e semifixas, funcionando como fixadora de areia (BRESOLIN, 1979) De modo geral, as plantas adaptadas à colonização das dunas nas formações pioneiras do litoral brasileiro estão sujeitas a uma ampla gama de fatores relacionados ao estresse ambiental (HESP, 1991). Nessa condição limitante, tais espécies tendem a ser funcionalmente mais redundantes, produzem estratégias que lhes permitem alocar os escassos recursos em favor de estruturas mais duradouras, uma vez que a escassez hídrica e nutricional não permite uma reposição rápida do corpo vegetal. Em adição, a sua propagação no ambien- te ocorre por meio de crescimento clonal ou por produção de sementes. O primeiro modo garante longevidade, proliferação de baixo risco e manutenção da população localmente adaptada (GRIME, 1979). O segundo modo favorece a dispersão de muitas sementes to- lerantes ao estresse para garantir a sobrevivência dos indivíduos (FENNER, 1985). Numa perspectiva mais ampla acerca das estratégias ecológicas adotadas pelas plantas, pode-se inferir que sua compreensão contribui para embasar iniciativas de conservação da biodiver- sidade (VIBRANS et al., 2012). 62 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br REFERÊNCIAS ALMEIDA JR, E. D., & ZICKEl, C. S. Fisionomia psamófila-reptante: riqueza e composição de espécies na praia da Pipa, Rio Grande do Norte, Brasil. Pesquisas, Botânica. v. 60(1), p. 289-299, 2009. AMÉRICO, F. K. A. Variabilidade genética em acessos de Stylosanthes scabra Vogel e Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Com base em descritores morfológicos e bromatológicos. Feira de Santana, BA. Tese (Doutorado em Recursos Genéticos Vegetais). Programa de Pós-graduação em Recursos Genéticos Vegetais da Universidade Estadual de Feira de Santana, p. 28, 2019. ARAÚJO, D. S. D. 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Métodos: foi realizado levantamento florístico por caminhamento em áreas remanescentes de Caatinga e áreas destinadas ao cultivo agrícola visando a coleta das espécies de Fabaceae for- rageiras. As espécies foram coletadas até atingir a curva de coletor. O material coletado foi incorporado no Herbário Vale do São Francisco, registrando assim a ocorrência das espécies no Campus. As amostras foram identificadas através do uso de chaves de iden- tificação pré-existentes, por comparação com outras amostras depositadas e identificadas por especialistas, e a consulta à especialistas na família. Após a identificação, as espécies foram descritas morfologicamente seguindo as regras de taxonomia vegetal. Todas regis- tradas fotograficamente. De acordo com as descrições morfológicas foi elaborada a chave dicotômica. Resultados: Foram encontradas 18 espécies de Leguminosae, distribuidas em 15 gêneros distintos. O Gênero Mimosa L., com três espécies. O hábito mais abundante foi o arbustivo. Quanto a origem das espécies, 23,53% delas são exóticas. Conclusão: Este trabalho é um excelente recurso para identificação correta das Fabaceae forrageiras, auxiliando na pesquisa e ensino. Permitindo a identificação das espécies forrageiras pela chave analítica ou por comparação com descrição morfológica e/ou fotografia, podendo ser utilizado em qualquer pessoa. Palavras-chave: Identificação Botânica, Chave Analítica, Manual de Identificação.68 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO Fabaceae Lindl. é uma das maiores famílias botânicas, ocorre em quase todas as re- giões do mundo, com aproximadamente 765 gêneros e 19.581 espécies (AZANI et al., 2017). Quem realiza os estudos pertinentes a essas espécies é o Grupo de Estudos de Taxonomia de Leguminosae, em inglês Legume Taxonomy Working Group - LTWG. No es- tudo mais atual do grupo, Azani et al. (2017) dividiram Fabaceae em 6 subfamílias, levando em consideração a filogenia das espécies. Porém, para facilitação do entendimento pela população sertaneja, a divisão mais abrangente e mais facilitadora, continua tomando base as questões morfológicas. Queiroz (2009) dividiu em seu estudo de Leguminosae da Caatinga, nas subfamílias Caesalpinoideae Dc., Mimosoideae Dc. e Faboideae Dc., cada uma com suas características específicas, uma divisão já utilizada e de fácil compreensão morfológica. No semiárido nordestino é a família de plantas mais presente na vida do sertanejo, atuando na alimentação do ser humano, com a presença do feijão, da fava, soja, do amen- doim, entre outros. Além de ter um forte desempenho na produção de lenha, madeira para construção e na utilização como pastagens naturais (QUEIROZ, 2009). Sabe-se que o preço para o manejo do gado se torna muito caro, principalmente para pessoas com baixa condição, muitas vezes a presença das Leguminosae para os pequenos pecuaristas se torna a única fonte de alimento alternativo para o gado. (COSTA et al., 2002). Costa et al. (2002) apontam diversas espécies de Leguminosae utilizadas na Caatinga para alimentação caprina, ovina, suína, entre outros. Citando também a parte da planta utilizada, como frutos e folhas. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo produzir uma chave analítica dico- tômica fácil e acessível para ajuda na identificação taxonômica das espécies de Leguminosae forrageiras encontradas no IFSertãoPE Campus Petrolina Zona Rural. Visando facilitar a identificação correta espécies dessa família com importância forrageira principalmente pelos docentes e discentes da área animal e pecuaristas de regiões próximas. Uma chave dicotômica atua como um funil, no início apresentando as característi- cas mais básicas, e à medida que os passos vão se construindo as características ficam mais específicas. METODOLOGIA Foi realizado levantamento florístico por caminhamento em áreas remanescentes de Caatinga e áreas destinadas ao cultivo agrícola do IFSertãoPE Campus Petrolina Zona Rural, visando a coleta das espécies de Fabaceae forrageiras. As espécies foram coletadas 68 69 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br até atingir a curva de coletor, ou seja, quando não se observa novas amostras, e as que já foram coletadas começam a se repetir. O material coletado foi incorporado no Herbário Vale do São Francisco, registrando assim a ocorrência das espécies no Campus, podendo subsidiar outros projetos de estudos com tais amostras. As amostras foram identificadas através do uso de chaves de identificação pré-exis- tentes, por comparação com outras amostras depositadas e identificadas por especialistas, e a consulta à especialistas na família. Após a identificação, as espécies foram descritas morfologicamente seguindo as regras de taxonomia vegetal. Todas registradas fotograficamente. De acordo com as descrições morfológicas foi elaborada a chave dicotômica. RESULTADOS Foram encontradas 18 espécies de Leguminosae, distribuidas em 15 gêneros distin- tos. O Gênero Mimosa L., com três espécies, M. caesalpiniifolia Benth. (sabiá), M. ophthal- mocentra Mart. ex Benth. (jurema-branca) e M. tenuiflora (Willd.) Poir. (jurema-preta). O hábito mais abundante foi o arbustivo com 38,88% (7 spp.) seguido do arbóreo com 33,33% (6 spp.). O hábito trepador com 27,77% (5 spp.) esteve presente apenas na sub- família Faboideae. Quanto a origem das espécies, 23,53% delas são exóticas, dentre elas a algaroba, a leucena e o espinho-de-jerusalém (Parkinsonia aculeata L.) e a cunhã, uma planta natura- lizada no Brasil. Dentre as espécies nativas ocorrem o mororó (Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.), a caatingueira (Cenostigma microphyllum (Mart. ex G. Don) E. Gagnon & G.P. Lewis) e são-joão (Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby var. pudibunda (Benth.) H.S.Irwin & Barneby), entre outras. Chave de identificação para as principais espécies de Leguminosae forrageiras ocorrentes no IFSertãoPE Campus Petrolina Zona Rural 1 Folhas simples bifolioladas ou compostas trifolioladas.....................................................2 1’ Folhas compostas 4 folíolos ou mais................................................................................6 2 Folhas simples bifolioladas, prefloração valvar, pétalas brancas.Bauhinia cheilantha 2’ Folhas compostas trifolioladas..........................................................................................3 70 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br 3 Perianto papilionado, petalas não retorcidas....................................................................4 3’ Perianto papilionado, petalas retorcidas...........................................................................5 4 Folhas triangulares à deltoides, ápice agudo..................Ancistrotropis peduncularis 4’ Folhas estreito-lanceoladas, com nervuras bem visíveis na face abaxi al.......................................................................................................Centrosema pascuorum 5 Pétalas vermelho claro, folhas redondas, caule e folhas com indumento branco à creme, bem pubescente.......................................................................................Macroptilium martii 5’ Pétalas vermelho-arroxeadas, folhas elípticas, caule e folhas com indumento branco, em menor quantidade.......................................................Macroptilium lathyroides 6 Folhas compostas com 4 folíolos, pétalas amarelas, sépalas grandes, órgãos reprodu- tores grandes..................................................................Senna macranthera var. pudibunda 6’ Folhas compostas com mais de 4 folíolos (compostas e bicompostas)............................7 7 Perianto papilionado, petalas azuladas, com centro do estandarte bran- co..................................................................................................................Clitoria ternatea 7’ Perianto não papilionado...................................................................................................8 8 Flores vistosas, geralmente amarelas com uma das pétalas vermelha............................9 8’ Flores diminutas, as vezes reunidas em espigas e glomérulos........................................11 9 Arbusto ou erva prostada, folhas compostas ou bicompostas.........................................10 9’ Árvore exótica, casca esverdeada, ramos bem aculeados, folhas com pecíolo alado e folíolos diminutos de fácil queda, pétalas amarelas, as vezes com uma das pétalas verme- lha.........................................................................................................Parkinsonia aculeata 10 Arbusto ereto, casca esbranquiçada, ramos avermelhados, com pulvino na base das folhas, folhas bicompostas, inflorescência com indumento avermelhado, flores amarelas com uma das pétalas vermelha fortemente zigomorfas, frutos com indumento avermelha- do...................................................................................................Cenostigma microphyllum 10’ Erva prostada, folhas compostas, presença de estípulas, caule com trico- mas, flores amarelas,pétalas amarelas, fortemente actinomorfas, frutos bem pilo- sos........................................................................................................Chamaecrista repens 70 71 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br 11 Arbusto de pequeno porte, folhas diminutas, flores dispostas em gloméru- los diminutos, de 2 à 5 flores por glomérulo, com órgãos reprodutores avermelha- dos.....................................................................................................Calliandra depauperata 11’ Arbustos ou árvores com flores dispostas em espigas ou glomérulo vistosos .............12 12 Arbustos ou árvores com flores dispostas em espigas...................................................13 12’ Arbustos ou árvores com flores dispostas em glomérulos.............................................16 13 Árvores, flores dispostas em espigas, frutos indeiscentes, vagens de coloração creme, conhecida popularmente como algaroba.......................................................Prosopis pallida 13’ Arbustos ou árvores, flores dispostas em espigas, frutos deiscentes com coloração mar- rom claro à escuro...............................................................................................................14 14 Arbusto ou árvore, com caule negro à avermelhado, com flores dispostas em espigas solitárias, frutos do tipo vagem enrugada...................................................Mimosa tenuiflora 14’ Arbusto ou árvore, com caule negro à avermelhado, flores dispostas numa inflorescên- cia composta (racemo de espigas), vagens não enrugadas...............................................15 15 Folhas compostas por folíolos pequenos....................................Mimosa ophtalmocentra 15’ Folhas compostas por folíolos grandes com formato elíptico.......Mimosa caesalpiniifolia 16 Frutos deiscentes...........................................................................................................17 16’ Frutos indeiscentes com aspecto retorcido.......................Enterolobium contortisiliquum 17 Árvores com acúleos arredondados no tronco, com frutos do tipo folículo, abrindo-se em duas abas, sementes mais achatadas...........................................Anadenanthera colubrina 17’ Árvores sem acúleos arredondados no tronco, frutos do tipo vagem, abrindo-se com- pletamente dispersando as sementes..............................................Leucaena leucocephala 72 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br FABACEAE (LEGUMINOSAE) FORRAGEIRAS Ancistrotropis peduncularis (Kunth) A. Delgado Nomes populares: feijãozinho. Erva, ramos volúveis, glabros a glabrescentes. Folhas com 3 folíolos, triangulares ou ovados, ápice agudo, base truncada, membranáceos, glabros em ambas as faces, nerva- ção peninérvea, estipulas estreitas à lanceoladas. Inflorescência racemosa. Flores com cálice verde, com indumento serício; corola pétalas rósea à lilás; Fruto do tipo legume com indumento seríceo. Figura 1. A. peduncularis. (A) Folhas; (B) Flores. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Nomes populares: Angico, angico-branco, cambuí-angico e moró. Árvore, ca. 4,0-10 m alt., caule característico de coloração escura, com acúleos arre- dondados e cônicos, ramos com coloração castanho-escuro à negro. Folhas bicompostas, 40 pinas em média, folíolos com ápice agudo, margem inteira, base assimétrica à truncada, nervura central visível, nervuras secundárias inconspícuas. Inflorescências compostas de vários glomérulos. Flores completas, diclamídeas, perianto infundibuliforme, hermafroditas, pentâmeras; cálice dialissépalo, branco; corola dialipétala, branca; gineceu unicarpelar, uni- locular, pluriovulado, ovário súpero, estilete terminal, estigma único; androceu 10 estames, isodidinamos, diplostêmone, brancos, anteras rimosas, dorsifixas. Frutos do tipo folículo, margens do fruto acompanham formato irregular de cada semente dentro do fruto. Sementes negras, com formato achatado. 72 73 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 2. A. colubrina. (A) Fruto maduro; (B) Fruto imaturo; (C) Inflorescências; (D) Sementes. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Nomes populares: mororó, miroró, mão-de-vaca, pata-de-vaca, unha-de-vaca. Arbusto, ca. 1,5-3,0 m alt., ramos jovens com indumento denso, tricomas curtos e amarelados. Folhas com lâmina cartácea, compostas bifolioladas ou simples bilobadas, lobos com ápice arredondado, base cordada, tricomas tectores, brancos à creme em ambas as faces, tricomas glanduláres próximo as nervuras. Inflorescências terminais, racemo- sas. Flores com botão floral de coloração creme, com tricomas brancos à creme, pétalas 5 brancas; estames 10, isodidinamos, diplostêmones, anteras rimosas; ovário unilocular, unicarpelar, pluriovulado, estilete terminal, estigma único. Fruto do tipo legume, deiscente, aspecto lenhoso. 74 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 3. B. cheilantha. (A) Folhas e botões florais; (B) Flores em antese. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Calliandra depauperata Benth Nomes populares: carqueja. Arbusto ca 1,0-1,5 m alt., ramos lenhosos, muito ramificados. Folhas diminutas, dísti- cas, pecíolo curto, folíolos muito pequenos, 1,5-3 x 0,5-1 mm, lineares, apenas com a nervura central, estípulas na base das folhas, lineares. Inflorescência do tipo glomérulo, diminutos, com 2 a 5 flores. Flores pentâmeras, cálice e corola esverdeados, estames 10, vináceos à avermelhado, ovário unicarpelar, unilocular, ovário súpero, estilete terminal, estigma único. Fruto do tipo vagem deiscente, valvas amarronzadas. Figura 4. C. depauperata. Folhas diminutas, e frutos deiscentes. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. 74 75 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Cenostigma microphyllum (Mart. ex G. Don) E. Gagnon & G.P. Lewis Nomes populares: caatingueira-de-porco, catingueirinho, pempem, catingueira-ras- teira. Arbusto ca 1,0-5,0 m alt., tronco com casca lisa esbranquiçada à acinzentada. Folhas bicompostas, ca. 7 pares de folíolos, divididos em foliólolos pequenos, peciolo avermelhado, pulvino na base da folha, com tricomas brancos à avermelhados. Inflorescência do tipo racemosa, flores dispostas alternadamente, indumentada com tricomas glandulares verme- lhos. Flores pentâmeras, fortemente zigomorfas, amarelas, com estandarte menor que as outras pétalas, com máculas avermelhadas, botôes florais com indumento vermelho, estames 10, heterodidínamos, anteras rimosas, ovário súpero, unicarpelar, unilocular. Fruto do tipo vagem indeiscente, com indumento glutinoso vermelho. Figura 5. C. microphyllum. (A) Flores; (B) Folhas diminutas e inflorescência. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Centrosema pascuorum Mart. ex Benth. Erva, ramos volúveis, pilosos. Folhas com 3 folíolos, coriáceos, formato lanceolado, muito mais longos do que largos, com nervuras expressadas na face abaxial, ápice acumi- nado, base obtusa. Inflorescência composta de racemos curtos. Flores com cálice verde; corola com pétalas róseas; Fruto do tipo legume. 76 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 6. C. pascuorum. (A) Flor; (B) Folhas lanceoladas Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023.Chamaecrista repens (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Nomes populares: angiquinho. Erva ca. 20 cm alt., ramos com indumento pubérulo. Folhas compostas, foliolos es- treitos, 10 pares, ápice cuspidado, nervação palminévia. Flores pentâmeras, com sépalas lanceoladas, verdes; pétalas amarelas, ovais; estames 10, diplostemones, heterodidínamos. Frutos do tipo legume, lineares. Figura 7. C. repens. (A) Hábito; (B) Folhas e flores. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Clitoria ternatea L. Nomes populares: cunhã. Erva, ramos volúveis, pilosos. Folhas com 7 folíolos, membranáceos, formato elíptico, nervura peninérvea, ápice retuso, base atenuada. Inflorescência composta de racemos cur- tos. Flores com cálice verde; corola com pétalas fortemente azuladas, com guia nectarífero branco. Fruto do tipo legume. 76 77 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 8. C. ternatea. (A) Flor em destaque; (B) Folhas e flores Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Nomes populares: tamboril, tamburi, orelha-de-nego. Árvore, ca. 15 m alt., copa bem ramificada, tronco grosso, casca acinzentada. Folhas bicompostas, com 20 pinas. Inflorescências tipo glomérulo, globosos. Flores alvas à creme, estames brancos, 10. Frutos do tipo vagem, retorcidos, negros quando maduros, indeiscen- tes. Sementes negras, arredondadas. Figura 9. E. contortisiliquum. (A) Copa; (B) Frutos, parte frontal e traseira. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. 78 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Nomes populares: leucena. Árvore, ca. 4 m alt. ramos inermes. Folhas alternas, bipinadas, peciolada, 8 pares de folíolos opostos, foliólulos oblongos, ápice agudo, margem inteira, base assimétrica, glabros, nervação actinódroma, com estípulas lanceoladas. Inflorescência do tipo glomérulo. Flores pentâmeras, actinomorfas; cálice gamossépalo, alvo, corola gamopétala, alva; androceu dialistêmone, estames 10, diplostêmone, filetes maiores que o comprimento da corola, al- vos, anteras rimosas; gineceu simples, ovário súpero, pluriovulado, unicarpelar, unilocular, placentação marginal. Fruto do tipo legume deiscente, marrom. Figura 10. L. leucocephala. (A) Inflorescência; (B) Frutos. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Macroptilium lathyroides (L.) Urb. Erva, ramos eretos, glabrescentes à pubescentes. Folhas trifolioladas, folíolos mem- branáceos, com venação camptódroma, face adaxial glabra, face abaxial pubescente, mar- gens inteiras, ovais. Inflorescência do tipo racemo. Flores com corola arroxeada, retorcida. Fruto legume deiscente. 78 79 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 11. (A e B) Folhas e inflorescências de M. lathyroides. Macroptilium martii (Benth.) Maréchal & Baudet Erva, ramos volúveis, densamente pilosos. Erva trifolioladas, faces adaxial e abaxial com pilosidade creme, margem inteira, ovados a largo-elípticos. Inflorescência do tipo ra- cemo. Flores com pétalas vermelhas a alaranjadas, retorcidas. Fruto do tipo legume. Figura 12. (A e B) Inflorescências e folhas de M. martii. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Mimosa caesalpiniifolia Benth. Nomes populares: sabiá. Árvore, ca. 4 m alt. ramos inermes. Folhas alternas, foliolos arredondados. Inflorescência conjunto de espigas. Flores pentâmeras, actinomorfas; cálice gamossépa- lo, alvo, corola gamopétala, alva; androceu dialistêmone, estames 10, diplostêmone, filetes maiores que o comprimento da corola, alvos, anteras rimosas; gineceu simples, ovário súpero, pluriovulado, unicarpelar, unilocular, placentação marginal. Fruto do tipo craspédio. 80 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 13. M. caesalpiniifolia. (A) Folhas; (B) Frutos. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. Nomes populares: jurema-branca, calumbí-vermelho, jureminha. Arbusto, ca. 4 m alt., ramos nigrescentes, com lenticelas brancas, com acúleos pontia- gudos. Folhas bicompostas, com pinas lineares e opostas, ápice obtuso, base cordada, pe- ninérvios. Inflorescência composta por um racemo de espigas, terminais. Flores com cálice verde, corola branca, tetrâmeras; estames brancos. Fruto do tipo craspédio, séssil, plano. Figura 14. M. ophthalmocentra. (A) Acúleos; (B) Folhas; (C) Inflorescências; (D) Flores. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. 80 81 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Nomes populares: jurema-preta, jurema, calumbí. Arbusto, ca. 3 m alt., ramos nigrescentes a avermelhados, com acúleos pontiagudos. Folhas bicompostas, com pinas lineares e opostas, ápice obtuso, base oblíqua, venação uninérvia. Inflorescência do tipo especiforme, axilar. Flores com cálice verde, corola branca, tetrâmeras; estames brancos. Fruto do tipo craspédio, enrugado. Figura 15. M. tenuiflora. (A) Folhas e frutos; (B) Inflorescência. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Parkinsonia aculeata L. Nomes populares: espinho-de-jerusalém, turco, espinho-de-tuco. Arbusto, ca. 4 m alt., ramos esverdeados, com acúleos pontiagudos. Folhas com- postas, pinas diminutas e de fácil queda, raque com espessura grossa. Inflorescência do tipo racemosa, axilar. Flores amarelas, zigomorfas, pétala central com mácula vermelha. Fruto do tipo legume, cilíndrico. Figura 16. P. aculeata. (A) Folhas; (B) Frutos. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Prosopis pallida (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Kunth Nomes populares: algaroba. 82 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Árvores, caule marrom-escuro, com ritidoma fissurado, indumento pubescente nos ramos. Folhas bipinadas; pinas oblongas, ápice agudo, margem inteira, base arredondada. Inflorescência composta de racemos. Flores branco-esverdeadas; cálice campanulado; estames brancos. Frutos do tipo legume, brancos à creme. Figura 17. P. pallida. (A) Tronco; (B) Copa; (C) Frutos. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby var. pudibunda (Ben- th.) H.S.Irwin & Barneb Nomes populares: são-joão. Arbusto, ca. 2 m alt., caule marrom acinzentado. Folhas compostas, 2 pares de fo- líolos, coriáceos, elípticos, ápice arredondado, com tricomas nas margens, margem inteira, base assimétrica. Inflorescência racemosa, axilar. Flores com sépalas maiores, verdes; pétalas amarelas à alaranjadas; estames 10, antera poricida; ovário unicarpelar, unilocular, plurióvulado. Fruto do tipo vagem, cilíndrico, verde, carnoso, negros quando maduros. 82 83 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 18. S. macranthera var. pudibunda. (A) Folha; (B) Sépalas; (C) Pétalas; (D) Fruto. Fonte: L.F.C Oliveira-Filho, 2023. CONCLUSÃO Este trabalho é um excelente recurso para identificação correta das Fabaceae forra- geiras, auxiliando na pesquisa e ensino. Permitindo a identificação das espécies forrageiras pela chave analítica ou por comparação com descrição morfológica e/ou fotografia, podendo ser utilizado em qualquer pessoa. Agradecimentos Meus sinceros agradecimentos a Rubens Teixeira Queiroz (Leguminosae) e Alessandro Soares (Bauhinia) pelas identificações realizadas. Agradeço a FlaviaCartaxo pela orientação no levantamento, nas descrições e na confecção da chave. 84 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br REFERÊNCIAS AZANI, Nasim et al. A new subfamily classification of the Leguminosae based on a taxo- nomically comprehensive phylogeny: The Legume Phylogeny Working Group (LPWG). taxon, v. 66, n. 1, p. 44-77, 2017. COSTA, Jorge Antonio Silva et al. Leguminosas Forrageiras da Caatinga. Universidade Estadual de Feira de Santana, 2002. QUEIROZ, Luciano Paganucci de. Leguminosas da caatinga. Universidade Estadual de Feira de Santana, 2009. 06 '10.37885/230412774 06 INVENTÁRIO FLORÍSTICO DE UM PARQUE AMBIENTAL LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE ANAPURUS, MARANHÃO, NORDESTE DO BRASIL Mateus César Araújo Pestana Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Pedro Victor Cardoso dos Santos Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Mateus Monteles Vieira Universidade Federal do Maranhão (UFMA) José Augusto dos Santos Silva Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Alessandra Vieira Monteles Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Maria Ildilene da Silva Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Maria Erika de Sousa Silva Universidade Federal do Maranhão (UFMA) https://dx.doi.org/10.37885/230412774 RESUMO Este trabalho tem como objetivo disponibilizar o inventario florístico das espécies encontradas no Parque Ambiental do município de Anapurus, Maranhão, Brasil. O levantamento florístico ocorreu durante o mês de agosto de 2022, sendo que o reconhecimento da área e posterior registro dos dados deu-se através de caminhadas aleatórias. As amostras botânicas coleta- das seguiram técnicas usuais de herborização e para identificação das espécies utilizou-se a bibliografia adequada e chaves taxonômicas. No total, registramos 28 famílias, 37 gêneros e 40 espécies, sendo sete espécies pertencentes ao grupo das briófitas, oito são samambaias e 25 são angiospermas. Dentre as famílias mais frequentes, estão: Arecaceae, com cinco espécies, e Araceae com quatro, as demais com uma ou duas espécies, cada. A avaliação das formas de vida revelou uma predominância de ervas: 22 espécies no total, seguido de árvores, seis espécies, e palmeiras, com cinco. Avaliando os tipos de habitat, 25 espécies são terrícolas, sete aquáticas, três epífitas, três corticícola, uma hemiepífita e uma rupíco- la. A área de estudo possui uma elevada diversidade florística. Além disso, apresenta grande importância tanto para o meio urbano, devido aos inúmeros benefícios que pode proporcionar para qualidade de vida dos cidadãos, quanto para o equilíbrio do ecossistema. Palavras-chave: Biodiversidade, Cerrado, Flora Urbana. 87 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO O crescimento populacional estimula a demanda por mais recursos naturais. As so- ciedades modernas são responsáveis por produzirem mais dejetos do que qualquer outro período do passado, fato esse que estar vinculado ao uso intensivo dos recursos naturais por meio de tecnologias sofisticadas. Logo, tal problemática incita a necessidade da criação de espaços que garanta a manutenção do meio natural, conservação da biodiversidade e prote- ção dos ecossistemas, sendo esses espaços conhecidos como “Unidades de Conservação” (HASSLER, 2005). As Unidades de Conservação (UCs) são espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de con- servação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (Lei 9.985/2000) (MEDEIROS et al., 2018, p.13). Outro ponto a ser mencionado são os “Parques Urbanos” que desempenham papéis importantes na qualidade de vida das pessoas. Uma vez que, esses “lugares verdes” pro- movem a manutenção das funções ecológicas/ambientais e tornam-se espaços de lazer, interações sociais e de práticas de exercícios físicos (SOARES et al., 2019). Para Muñoz e Freitas (2017) toda vegetação presente em parques, cidades e praças formam a chamada floresta urbana, espaços de alto potencial pedagógico para práticas conservacionistas, pois estabelecem uma aproximação entre homem e a natureza. Estas interações apresentam grande relevância, principalmente quando se há necessi- dade em compreender o atual estado da biodiversidade. Pensando nisso, surgem os inven- tários florísticos que são pré-requisito de muitas pesquisas fundamentadas em ecologia de comunidades que almejam uma modelagem que proporcione a compreensão dos padrões de diversidade de espécies ou de suas distribuições (JAYAKUMAR et al., 2011). No bioma Cerrado, que se destaca pelos altos níveis de riqueza de espécies, en- demismos e grau de ameaças, os inventários vegetais têm contribuído para esclarecer a riqueza de espécies, as diferenças na composição de comunidades entre áreas e de suas estruturas ao longo do tempo (LIMA et al., 2020). Diante desse cenário, o presente estudo objetiva disponibilizar um inventario florístico de espécies encontradas no Parque Ambiental do município de Anapurus, Maranhão, Brasil. 88 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br MÉTODOS Área de estudos O município de Anapurus está localizado entre as coordenadas 03°44’23” e 03°23’09” S e 43°18’38” e 42°57’46” W (Figura 1). Compreende uma área total de aproximadamente 609 km² e está inserido na mesorregião do Leste Maranhense. A vegetação do município é cons- tituída pelo Cerrado (IBGE, 2020), e o clima, segundo a classificação climática de Köppen, é o Tropical (ANDRADE et al., 2013). Figura 1. Localização do município de Anapurus. Fonte: Autores (2023) - Organizado por Santos, P. V. C. Coleta de dados O levantamento florístico ocorreu no Parque Ambiental de Anapurus, em agosto de 2022. O reconhecimento da área e posterior levantamento de dados se deram através de caminhadas aleatórias (FILGUEIRAS et al., 1990) por toda a área do Parque. As amostras botânicas foram coletadas de acordo com metodologias usuais de her- borização (FIDALGO; BONONI, 1989). A identificação taxonômica das espécies ocorreu através de bibliografia especializada (SOUZA; LORENZI, 2012; LORENZI, 2020), uso de chaves taxonômicas e comparação com imagens de exsicatas disponíveis nos herbários virtuais Reflora e SpeciesLink. Na lista florística as famílias das angiospermas estão de acordo com o APG IV (2016), as samambaias seguem o PPG I (2016) e as briófitas seguem Shaw e Goffinet (2009). O nome das espécies foi redigido conforme sugere o International Plant Name Index (2023), e a 88 89 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br classificação quanto a forma de vida e habitat foram definidas em consultas ao Flora e Funga do Brasil (2023). RESULTADOS Composição florística A flora do Parque Ambiental de Anapurus está representada por 28 famílias, 37 gê- neros e 40 espécies (Tabela 1). Sete espécies pertencem ao grupo das briófitas, oito são samambaias e 25 são angiospermas (Anexo 1; Anexo 2). Tabela 1. Espécies catalogadas no Parque Ambiental de Anapurus. * = Briófitas; ** = Samambaias. Família/Espécie Forma de vida Habitat ARACEAE Montrichardia linifera (Arruda) Schott Erva Terrícola Philodendron acutatum Schott Erva Epífita Urospatha sagittifolia (Rudge) Schott Erva Terrícola Xanthosoma sp. Erva Terrícola ARECACEAE Attalea speciosa Mart. ex Spreng. Palmeira Terrícola Bactris setosa Mart. Palmeira Terrícola Euterpe oleracea Mart. Palmeira Terrícola Mauritiella armata(Mart.) Burret Palmeira Terrícola Mauritia flexuosa L.f Palmeira Terrícola CALYMPERACEAE* Calymperes erosum Müll. Hal. Tapete Corticícola Octoblepharum albidum Hedw. Coxim/tufo Corticícola COMBRETACEAE Terminalia catappa L. Árvore Terrícola COMMELINACEAE Commelina diffusa Burm.f. Erva Terrícola ERIOCAULACEAE Tonina fluviatilis Aubl. Erva Aquática FISSIDENTACEAE* Fissidens sp. Tapete Terrícola HELICONIACEAE Heliconia psittacorum L.f. Erva Terrícola LEJEUNEACAE* Lejeunea sp. Trama Corticícola LENTIBULARIACEAE Utricularia gibba L. Erva Aquática Família/Espécie Forma de vida Habitat LECYTHIDACEAE Lecythis pisonis Cambess. Árvore Terrícola LYGODIACEAE** Lygodium venustum Sw. Erva Terrícola MYRTACEAE 90 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Família/Espécie Forma de vida Habitat Syzygium cumini (L.) Skeels Árvore Terrícola NEPHROLEPIDACEAE** Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott Erva Epífita NYMPHAEACEAE Nymphaea rudgeana G.May. Erva Aquática Nymphaea jamesoniana Planch. Erva Aquática NOTOTHYLADACEAE* Notothylas javanica (Sande Lac.) Gottsche Talosa Terrícola ONAGRACEAE Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H. Raven Erva Terrícola ORCHIDACEAE Vanilla palmarum (Salzm. ex Lindl.) Lindl. Erva Hemiepífita POLYPODIACEAE** Phlebodium aureum (L.) J.Sm Erva Epífita PLANTAGINACEAE Bacopa salzmannii (Benth.) Wettst. ex Edwall Erva Terrícola Bacopa aubletiana Scatigna Erva Aquática POTTIACEAE* Hyophiladelphus agrarius (Hedw.) R.H.Zander Tapete Rupícola PTERIDACEAE** Ceratopteris thalictroides (L.) Brongn Erva Aquática Pityrogramma calomelanos (L.) Link Erva Terrícola RUBIACEAE Genipa americana L. Árvore Terrícola RICCIACEAE* Riccia weinionis Steph. Talosa Terrícola SALVINIACEAE** Salvinia auriculata Aubl. Erva Aquática THELYPTERIDACEAE** Cyclosorus interruptus (Willd.) H. Ito Erva Terrícola Meniscium serratum Cav. Erva Terrícola URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul Árvore Terrícola VOCHYSIACEAE Vochysia ferruginea Mart. Árvore Terrícola Fonte: Autores (2023). As famílias mais frequentes foram Arecaceae, com cinco espécies, e Araceae, com quatro, seguido de Thelypteridaceae, Calymperaceae, Nymphaeaceae, Plantaginaceae e Pteridaceae, com duas espécies cada uma (Figura 2). Estas famílias concentram 49% da diversidade total da área. 90 91 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 2. Riqueza de espécies por famílias. Fonte: Autores (2023). A nível de gêneros, a família Arecaceae foi a mais diversa com cinco (13%), seguida por Araceae com quatro (10%), Calymperaceae, Pteridaceae e Thelypteridaceae com dois gêneros cada uma (26%). Os gêneros mais diversos foram Nymphaea L. e Bacopa Aubl., com somente duas espécies cada um, os demais (89%) foram representados por uma única espécie, demostrando uma alta diversidade genérica no inventário (Figura 2). Formas de vida e habitat A avaliação das formas de vida revelou uma predominância de ervas, com 23 espécies registradas, seguido de árvores, com seis espécies, e palmeiras, com cinco. Em relação às briófitas, que apresentam formas de vida diferentes das angiospermas e samambaias, três são tapete, duas talosa, uma trama e uma coxim/tufo. Avaliando os tipos de habitat, 25 espécies são terrícolas, sete aquáticas, três epífitas, três corticícola, uma hemiepífita e uma rupícola. Embora somente sete espécies foram classificadas como aquáticas, a maioria das espécies catalogadas apresentou distribuição vinculada às áreas úmidas da área de estudos. DISCUSSÃO O predomínio de espécies da família Arecaceae pode ser explicado por possuir espé- cies de ampla distribuição (SOARES et al. 2014). A espécie Attalea speciosa, por exemplo, ocorre na maioria dos estados brasileiros, além de ser amplamente distribuída no Maranhão (SpeciesLink, 2023). 92 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Dentre as espécies de Arecaceae catalogadas, vale destacar a ocorrência de Euterpe oleracea, Mauritiella armata e Mauritia flexuosa, pois geralmente se estabelecem em áreas alagáveis (D’ARACE et al., 2019). A presença dessas espécies é justificada devido o Parque ter sido construído em uma área de brejo, com a presença marcante da M. flexuosa. A espécie Mauritia flexuosa é reconhecida pelo seu importante papel ambiental, pois serve de abrigo para algumas espécies de araras, e faz parte da alimentação de animais, como peixes e primatas, que dependem do fruto para sobreviver, fazendo com que esta palmeira seja símbolo de preservação (RESENDE et al., 2012). As Araceae são mais diversas e abundantes em áreas tropicais úmidas, onde são encontradas em uma grande variedade de formas de vida, além de muitas espécies ocorre- rem como terrestres ou aquáticas (TEMPONI et al., 2005). Dentre as espécies catalogadas, a maioria delas (Montrichardia linifera, Urospatha sagittifolia e Xanthosoma sp.) estavam associadas a corpos d’agua. As famílias de samambaias Thelypteridaceae e Pteridaceae tem sido catalogada com frequência em estudos sobre flora urbana (MACEDO; NONATO, 2018; FREITAS et al., 2021; PINHEIRO et al., 2022). A exemplo disso, Freitas et al. (2021) catalogaram sete espécies de Pteridaceae e seis espécies de Thelypteridaceae em um fragmento florestal urbano no estado do Paraná, com microambientes (sombreamento e umidade) semelhantes ao do Parque Ambiental de Anapurus. As formas de vida estabelecidas para as briófitas estão relacionadas à luminosidade e umidade no ambiente (COSTA; PERALTA, 2015). Portanto, a maior representatividade das espécies tipo tapete (42%) encontradas em este estudo, refere-se à capacidade que elas têm em reter consideráveis quantidades de água por longos períodos. Todas as espécies de briófitas encontradas são generalistas e nenhuma apresenta distribuição restrita ao cerrado (Flora e Funga do Brasil, 2023). Em se tratando de estudos realizados em área de cerrado maranhense a área possui espécies semelhantes com o estudo de Vieira et al. (2017) realizado no município de São João do Sóter. A maior porcentagem de ervas (62%) no inventário pode estar relacionada às ativida- des antrópicas voltadas à visitação do Parque, bem como a derrubada de grande parte do estrato arbóreo para a implementação dele, o que possibilitou a abertura de clareiras na área de estudos. Corroborando com esta afirmação, Braga e Jardim (2019) comentam que elevadas taxas de luminosidade favorecem o desenvolvimento e estabelecimento de ervas, sobrepondo outras formas de vida. Quanto ao hábitat, na área inventariada as espécies de briófitas mostraram preferência pelo substrato Corticícola (48%). A preferência por esse substrato pode ser explicada devido 92 93 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br a elevada umidade na área estudada, o que proporciona condições microclimáticas ideais para o desenvolvimento destas plantas (FRAHM, 2003). Em relação as samambaias e angiospermas, a maioria das espécies apresentaram hábitat terrícola. Segundo dados do Flora e Funga do Brasil (2023), o Brasil possui apro- ximadamente 40 mil espécies classificadas como terrícolas, sendo 30 mil angiospermas. Ademais, a maioria das famílias catalogadas são terrícolas, conforme classificação de Lorenzi (2020), mesmo que Arecaceae, Araceae e Plantaginaceae possuam representantes que toleram solos encharcados. CONCLUSÃO O presente inventário relevou uma elevada composição florística no ecossistema em questão. A maioria das espécies são angiospermas,seguido das samambaias e briofi- tas. O maior percentual de espécies coletadas configuram-se como ervas, seguido por ár- vores e palmeiras. Em relação a forma de vida, as espécies em grande parte são terrícolas, seguido - em menor proporção - da forma de vida aquática. Logo, a área de estudo é de grande importância tanto para o meio urbano, devido aos inúmeros benefícios que pode proporcionar para qualidade de vida dos cidadãos, quanto para o equilíbrio do ecossistema. 94 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br ANEXOS Anexo 1. Algumas das espécies registradas no Parque Ambiental de Anapurus. A: Mauritiella armata; B: Syzygium cumini; C: Lecythis pisonis; D: Mauritiella armata; E: Attalea speciosa; F: Genipa americana; G: Philodendron acutatum; H: Salvinia auriculata; I: Mauritia flexuosa; J: Bactris setosa; K: Terminalia catappa. Fonte: Autores (2023) - Elaborado por M.C.A. Pestana 94 95 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Anexo 2. Algumas das espécies registradas no Parque Ambiental de Anapurus (Continuação). A: Xantossoma sp.; B: Commelina difusa; C: Utricularia gibba; D: Notothylas ja- vanica; E: Cyclosorus interruptus; F: Vanilla palmarum; G: Meniscium serratum; H: Urospatha sagittifolia; I: Ludwigia octovalvis; J: Tonina fluviatilis; K: Bacopa aubletiana. Fonte: Autores (2023) - Elaborado por M.C.A. Pestana 96 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br REFERÊNCIAS APG IV - An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016. BRAGA, E. O.; JARDIM, M. A. G. Florística, estrutura e formas de vida do estrato inferior de uma Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Pará, Brasil. Ciência Florestal, v. 29, p. 1048- 1059, 2019. COSTA, D. P.; PERALTA, D. F. 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NO MARANHÃO Mário Luiz Ribeiro Mesquita Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Campus Bacabal Ricardo Vitor Silva de Lima Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Campus Bacabal https://dx.doi.org/10.37885/230513021 RESUMO O conhecimento sobre a composição florística, a fitossociologia e a diversidade de comu- nidades de plantas daninhas que ocorrem no cultivo do coentro (Coriandrum sativum L.) é crucial para subsidiar a aplicação de métodos de controle sustentáveis. O presente trabalho objetivou avaliar a composição florística, analisar a fitossociologia e calcular a diversidade florística das comunidades de plantas daninhas em quatro áreas de produção de hortaliças na microrregião do Médio Mearim, sendo duas localizadas no município de Bacabal (nos Polos de Produção de Hortaliças de Areal e Catucá) e duas em São Luís Gonzaga (em Centro da Josina e Coheb). O levantamento das espécies foi realizado pelo método quadro inventário, com 30 coletas em cada área de cultivo, totalizando 120 amostras em todoo estudo. Os pa- râmetros fitossociológicos avaliados foram os valores absolutos e relativos da Densidade, Frequência e Abundância, além do Valor de Importância de cada espécie. A diversidade florística foi avaliada por meio do cálculo do Índice de Diversidade de Shannon (H’). No total foram registrados 6727 indivíduos distribuídos em 54 espécies e 24 famílias. As três famílias com maior riqueza de espécies foram Poaceae (n = 7), Asteraceae (n = 6) e Fabaceae (n = 5). Com base no Valor de Importância, as espécies que se destacaram foram Portulaca oleracea, Cyperus iria e Eleusine indica, em Areal, Cyperus iria, Eleusine indica e Synedrella nodiflora, em Catucá, Phyllanthus niruri, Amaranthus lividus e Ludwigia octovalvis, em Centro da Josina, e Phyllanthus niruri, Hedyotis corymbosa e Eleusine indica, em Coheb. O Polo de Produção de Catucá apresentou a maior diversidade florística (H’ = 2,48 nats ind-1). Essas informações podem subsidiar a implantação de métodos de controle eficientes e sustentáveis das plantas daninhas que ocorrem no cultivo do coentro na região. Palavras-chave: Alelopatia, Diversidade, Invasão Biológica. 100 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO O coentro (Coriandrum sativum L.), pertencente à família botânica Apiaceae, é uma planta herbácea, de porte ereto, com hastes que crescem de 20 a 70 cm altura, de ciclo anual, nativa da região do Mediterrâneo oriental, muito utilizada na culinária. As folhas são verdes com uma variável forma lanceolada e superfícies glabras, enquanto as flores são brancas ou rosadas em umbelas com formas assimétricas. O caule é verde pálido com ra- mos ocos e superfície glabra (MAHLEYUDDIN et al, 2021, p. 2). O coentro é rico em vitami- nas A, B1, B2, C e fonte de cálcio e ferro. Além disso, o coentro também tem propriedades medicinais anti-inflamatórias, anestésicas e antioxidantes por meio dos óleos essenciais que podem ser extraídos de todas as partes da planta (MANDAL; MANDAL, 2015, p. 421; SINGLETARY, 2016, p. 151). Como a arquitetura da planta se caracteriza pelas folhas pequenas e crescimento ereto, o coentro não consegue formar copa e dessa forma, não pode sombrear o solo deixando espaços para a germinação e crescimento de plantas daninhas que interferem no cresci- mento e desenvolvimento da cultura, podendo causar perdas de 57% (HASSANEIN et al, 2020, p. 1349) a 62% na produção (SZEMPLIŃSK et al, 2018, p. 456). As plantas daninhas afetam negativamente o cultivo do coentro pela competição por água, nutrientes, espaço e radiação solar. Além disso, muitas espécies possuem mecanismos alelopáticos que impedem ou inibem o crescimento de outras espécies a elas associadas, resultando na diminuição da produção e na renda dos agricultores. Assim, a ocorrência de plantas daninhas é o principal problema biológico que limita a produção desta cultura. O cultivo do coentro tem grande expressividade no Nordeste do Brasil, particularmente no estado do Maranhão. Dados sobre a distribuição geográfica da produção de hortali- ças mostram que, com relação ao número de estabelecimentos que cultivam hortaliças no Maranhão, o coentro, juntamente com a cebolinha (Allium schoenoprasum L.) ocupam a terceira posição, com 1.998 estabelecimentos, ficando atrás apenas do maxixe (Cucumis anguria L.) com 3.788 estabelecimentos e do milho verde (Zea mays L.), com 3.487 esta- belecimentos (EMBRAPA, 2017). Entretanto, não há nenhum relato sobre a ocorrência de plantas daninhas no cultivo do coentro nessa região. Estudos fitossociológicos são fundamentais na obtenção do conhecimento sobre as populações e a biologia de espécies de plantas daninhas, visto que proporcionam a identifi- cação das espécies presentes na área e também daquelas que têm maior importância, o que permite constituir uma ferramenta determinante no embasamento técnico de recomendação de manejo adequado e condução das culturas, reduzindo os custos de produção e o impacto ambiental (ALMEIDA et al, 2018, p. 190; CARVALHO et al, 2019, p. 2). 100 101 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Levantamentos florísticos e fitossociológicos de plantas daninhas já foram realiza- dos em várias espécies de hortaliças incluindo o tomate (Lycopersicum esculentum Mill.) (CORREA, 2015, p. 11), cenoura (Daucus carota L.) (RODRIGUES et al, 2016, p. 73), quiabo (Abelmoschus esculentus Moench) (SANTOS et al, 2017, p. 251), pimenta do rei- no (Piper nigrum L.) (MARTINS et al, 2018, p. 91), feijão-caupi [(Vigna unguiculata) (L.) Walp.)] (BANDEIRA et al, 2018, p. 327) e cebolinha (Allium schoenoprasum L.) (AMORIM; MESQUITA, 2019, p. 1), mas não há relatos sobre levantamentos florísticos e fitossocioló- gicos de plantas daninhas no cultivo do coentro. A identificação das espécies e das famílias botânicas; a quantificação do número de indivíduos de cada espécie; o cálculo dos parâmetros fitossociológicos incluindo a Densidade, Frequência, Abundância; o Valor de Importância de cada espécie e o cálculo da Diversidade Florística da comunidade de plantas daninhas podem ajudar na proposição de programas de controle de plantas daninhas no cultivo do coentro (CORREA, 2015, p. 11). Com isso, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma investigação para avaliar a composição florística, a fitossociologia e a diversidade das plantas daninhas presentes no cultivo do coentro (Coriandrum sativum L.) em quatro locais de produção dessa espécie, nos municípios de Bacabal e São Luís Gonzaga do Maranhão, na microrregião do Médio Mearim, Estado do Maranhão, nordeste do Brasil. MÉTODOS Descrição da área de estudo As coletas das amostras foram realizadas em duas áreas do município de Bacabal, nos polos de produção de hortaliças de Areal (4º14’12,2” S e 44º49’21,8” W) e Catucá (4º09’04” S e 44º40’40,1” W), e em duas áreas do município de São Luís Gonzaga do Maranhão, em hortas familiares nas comunidades rurais Centro da Josina (4º22’25” S e 44º36’05” W) e Coheb (4º21’14” S e 44º39’06” W). Ambos os municípios estão localizados na microrregião do Médio Mearim, Estado do Maranhão. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw tropical, quente e úmido, com uma estação chuvosa que vai de janeiro a junho e outra seca, de julho a dezembro. A temperatura média é de 25°C e a precipitação é de, aproximadamente, 1.800 mm por ano (AMORIM; MESQUITA, 2019, p. 2). O relevo é plano e suave ondulado. A altitude é de aproximadamente 38 metros. Nota- se a presença de morros residuais em alguns trechos. Essas formas foram modeladas nos siltitos, argilitos e às vezes arenitos argilosos e folhelhos que fazem parte da litologia da 102 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Formação Itapecuru que deu origem aos Plintossolos, Argissolos e Latossolos, que predo- minam na região (EMBRAPA, 2018, p. 104). A vegetação natural da área pertence à Floresta Ombrófila Aberta, com Babaçu (Attalea speciosa Mart.) Arecaceae, que não corresponde mais à descrição original devido à prática de corte e queima da vegetação tanto para implantação de pastagens, quanto para plantio de arroz, milho, feijão-caupi, mandioca e hortaliças (GEHRING et al, 2011, p. 128; GOMES et al, 2022, p. 211). O plantio de coentro nas áreas amostradas foi feito de maneira tradicional, por meio de cultivo orgânico, sem uso de agrotóxicos, visando a conservação do agrossistema. Os can- teiros continham cerca de 10 metros de comprimento, 1 metro de largura e 30 cm de altura, preparados manualmente pelos produtores. As sementes foram plantadas em sulcos transver- sais, distanciados em 20 cm entre eles, com uma profundidade de aproximadamente2,0 cm. A adubação foi feita principalmente com esterco bovino, com aproximadamente 20 kg/m2. As plantas foram irrigadas diariamente utilizando o método de irrigação por super- fície. As plantas daninhas foram controladas por capina manual entre e dentro das fileiras, uma ou duas vezes por mês, dependendo do nível de infestação. A colheita do coentro foi feita aos 35 dias após o plantio, sendo arrancada a planta por inteiro do solo. Amostragem e avaliação da composição florística das plantas daninhas As coletas das plantas daninhas foram realizadas no segundo semestre de 2021, nas áreas delimitadas do município de Bacabal (no dia 15 de outubro, em Areal e no dia 22 de outubro, em Catucá). E nas áreas pertencentes ao município de São Luís Gonzaga do Maranhão, as amostras foram coletadas no primeiro semestre de 2022 (no dia 24 de maio, em Centro da Josina e no dia 13 de junho, em Coheb). As amostragens foram feitas pelo método do quadro inventário, por meio de um dispo- sitivo de ferro vazado com as dimensões de 80 cm x 50 cm, perfazendo uma área amostral de 0,40 m². O dispositivo foi lançado aleatoriamente 30 vezes sobre os canteiros de cultivo do coentro em cada área, totalizando 12 m2 em cada local de cultivo. Assim, foram feitos 120 lançamentos em todo o estudo. As plantas encontradas no perímetro do dispositivo foram arrancadas e armazena- das dentro de sacolas plásticas enumeradas de 1 a 30, representando cada lançamento ou área amostral. Após a coleta, as plantas foram separadas, identificadas e contadas por espécie. Dessa forma, as informações foram organizadas em planilhas do software Excel® colocando-se o nome científico de cada espécie, o número de indivíduos e o nome das fa- mílias botânicas. A identificação das espécies foi feita por meio de comparações com outras 102 103 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br espécies já identificadas na literatura (LORENZI, 2008) e também por meio de consultas a especialistas em botânica sistemática. A lista florística com famílias e espécies foi organizada de acordo com o sistema de classificação estabelecido nas diretrizes do Angiosperm Phylogeny Group IV (APG IV, 2016, p. 1). Todos os nomes científicos e seus autores foram confirmados após verificação no International Plant Names Index (IPNI, 2022). Cálculo dos parâmetros fitossociológicos Os dados quantitativos obtidos a partir das coletas das espécies de plantas daninhas, como, por exemplo, o número de indivíduos e número de amostras, serviram para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos, incluindo os valores absolutos e relativos de Densidade, Frequência, Abundância e o Valor de Importância de cada espécie. A Densidade mostra o número de indivíduos de cada espécie por unidade de área. A Frequência permite avaliar a distribuição das espécies na área. A Abundância mostra a relação entre o número total de indivíduos de uma espécie e o número total de unidades amostrais que contém a espécie. A Frequência, a Densidade e a Abundância relativas infor- mam a relação de cada espécie com as outras encontradas na área. O Valor de Importância indica quais são as espécies mais importantes na área estudada sob o ponto de vista quan- titativo e qualitativo (AMORIM; MESQUITA, 2019, p. 5). Os parâmetros fitossociológicos foram calculados utilizando as seguintes fórmulas (MULLER-DOMBOIS; ELLEMBERG, 1974, apud ALMEIDA; FERRÃO, 2022, p. 43): Frequência Absoluta (FA) FAi = !"# !"$ FAi = Frequência absoluta da espécie i NUi = Número de unidades amostrais com a presença da espécie i NUT = Número total de unidades amostrais Frequência Relativa (FR) FRi = 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 ∑𝐹𝐹𝐹𝐹 ×100 FRi = Frequência relativa da espécie i FAi = Frequência absoluta da espécie i ∑ FA = Soma de todas as frequências absolutas Densidade Absoluta (DA) DAi = 𝑁𝑁𝑁𝑁 𝐴𝐴 DAi = Densidade absoluta da espécie i Ni = Número total de indivíduos da espécie i A = Área amostrada em m2 104 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Densidade Relativa (DR) DRi = !"#∑ !" ×100 DRi = Densidade relativa da espécie i DAi = Densidade absoluta da espécie i ∑ DA = Soma de todas as densidades absolutas Abundância Absoluta (ABA) ABAi = !"!#$" ABAi = Abundância absoluta da espécie i Ni = Número total de indivíduos da espécie i NUTi = Número total de unidades amostrais que contém a espécie i Abundância relativa (ABR) ABRi = !"!# ∑ !"! ×100 ABRi = Abundância relativa da espécie i ABAi = Abundância absoluta da espécie i ∑ ABA = Soma de todas as abundâncias absolutas Valor de Importância (VI) = 𝐹𝐹𝐹𝐹 + 𝐷𝐷𝐹𝐹 + 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐹𝐹 FR = Frequência relativa DR = Densidade relativa ABR = Abundância relativa Avaliação da Diversidade florística A Diversidade Florística de cada área de cultivo de coentro foi avaliada por meio do cálculo do Índice de Diversidade de Shannon (H’) com base no logaritmo natural, que considera o peso igual entre as espécies raras e abundantes. Tendo em conta que quanto maior o valor de H’, maior a Diversidade Florística (SHANNON; WEAVER, 1949). O Índice de Diversidade de Shannon foi calculado pela fórmula: 𝐻𝐻𝐻 = −%𝑝𝑝𝑝𝑝 ln 𝑝𝑝𝑝𝑝 ! "#$ Onde: H’ = Índice de Diversidade de Shannon; S = Número de espécies (a riqueza de espécies); Pi = Proporção de indivíduos da espécie i com relação ao total de indivíduos (isto é, a abundância relativa da espécie); 104 105 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Pi = !" # ni = Número de indivíduos amostrados da espécie i; ln = Logaritmo natural; N = Número de todos os indivíduos de todas as espécies. Assim, o resultado é expresso em dígitos naturais (nats) por indivíduo, pois a fórmula usa uma base logarítmica e. O Índice de Diversidade de Shannon varia de 1,5 a 3,5 e difi- cilmente ultrapassa 4,0 (KWAK; PETERSON, 2007, p. 699). RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todo o estudo, foram coletados 6727 indivíduos pertencentes a 54 espécies de 24 famílias (Tabela 1). O número de espécies encontrado neste estudo é maior do que aquele encontrado por BANDA et al, 2011, na Colômbia (n = 15), e por JIBAT et al, 2019, na Etiópia (n = 22). A di- ferença no número de espécies registradas entre as áreas cultivadas pode ser explicada pelo histórico das áreas, pelo tempo de cultivo do coentro e pelas práticas de manejo das plantas daninhas utilizadas pelos produtores. Tabela 1. Lista de espécies, famílias e número de indivíduos de plantas daninhas no cultivo de coentro nas quatro áreas de todo o estudo, no município de Bacabal e São Luís Gonzaga do Maranhão, estado do Maranhão Espécies Famílias Números de Indivíduos Bacabal S. L. Gonzaga Areal Catucá Centro da Josina Coheb Trianthema portulacastrum L. AIZOACEAE 22 43 2 59 Alternanthera tenella Colla AMARANTHACEAE 102 48 155 10 Amaranthus lividus L. AMARANTHACEAE 15 17 303 93 Spondias mombin L. ANARCADIACEAE - - - 8 Ageratum conyzoides L. ASTERACEAE 2 - - - Bidens subaltelrnans DC. ASTERACEAE 1 - - - Eclipta alba (L.) Hassk. ASTERACEAE 26 25 - - Emilia coccínea (Sims) G. Don ASTERACEAE 13 5 4 49 Synedrella nodiflora (L.) Gaertn. ASTERACEAE - 148 2 - Xanthium strumarium L. ASTERACEAE - 1 - - Cleome affinis DC. BRASSICACEAE - 10 - 1 Carica papaya L. CARICACEAE - - - 1 Commelina benghalensis L. COMMELINACEAE 58 134 70 20 Commelina erecta L. COMMELINACEAE - - 1 - Murdannia nudiflora (L.) Brenan COMMELINACEAE 18 86 14 9 Ipomoea triloba L. CONVOLVULACEAE 2 - 6 - Ipomoea ramosíssima (Poir.) Choisy CONVOLVULACEAE - 3 - - Momordica charantia L. CUCURBITACEAE - - 38 - 106 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital- www.editoracientifica.com.br Espécies Famílias Números de Indivíduos Bacabal S. L. Gonzaga Areal Catucá Centro da Josina Coheb Cyperus iria L. CYPERACEAE 163 346 35 186 Fimbristylis miliacea (L.) Vahl CYPERACEAE 7 - - - Kyllinga odorata Vahl CYPERACEAE - - - 22 Chamaesyce hirta (L.) Millsp. EUPHORBIACEAE 8 39 38 129 Chamaesyce prostrata (Aiton) Small EUPHORBIACEAE 14 - - 2 Calopogonium mucunoides Desv. FABACEAE 1 1 10 - Crotalaria spectabilis Roth FABACEAE 1 2 - - Desmodium incanum DC. FABACEAE 1 - - - Mimosa pudica L. FABACEAE - 3 - - Senna obtusifolia (L.) H. S. Irwin & Barneby FABACEAE - 5 - - Lindernia crustácea (L.) F. Muell. LINDERNIACEAE 2 1 16 51 Spigelia anthelmia L. LOGANIACEAE - 1 - - Sida cordifolia L. MALVACEAE 15 114 70 5 Sida glaziovii K. Schum. MALVACEAE 3 - - - Sida rhombifolia L. MALVACEAE 1 - 3 - Urena lobata L. MALVACEAE 5 1 - - Ludwigia octovalvis (Jacq.) P. H. Raven ONAGRACEAE 11 32 241 80 Phyllanthus niruri L. PHYLLANTHACEAE 56 73 332 1044 Peperomia pelucida (L.) Kunth PIPERACEAE - - 5 3 Stemodia verticillata (Mill.) PLANTAGINACEAE - - 2 8 Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler POACEAE 6 29 6 - Echinochloa colona (L.) Link POACEAE - - - 6 Echinochloa crus-galli (L.) P. Beauv. POACEAE - 1 - - Eleusine indica L. POACEAE 145 176 45 201 Eragrostis ciliaris (L.) R. Br. POACEAE - - - 15 Eragrostis pilosa (L.) P. Beauv POACEAE - - - 4 Megathyrsus maximus (Jacq.) B. K. Simon & S. W. L. Jacobs POACEAE - - - 8 Portulaca oleracea L. PORTULACACEAE 353 21 21 50 Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. PORTULACACEAE 2 13 - 30 Talinum triangulare (Jacq.) Willd. PORTULACACEAE - - - 19 Hedyotis corymbosa L. RUBIACEAE - - 59 548 Spermacoce palustres (Cham. & Schlldtl.) RUBIACEAE - - 8 - Physalis angulata L. SOLANACEAE 5 1 4 9 Urtica dioica L. URTICACEAE - - 7 110 Espécie não identificada 1 ** - - - 12 Espécie não identificada 2 ** - - - 1 Fonte: De autoria própria, 2022. As três famílias que apresentaram a maior riqueza de espécies foram Poaceae (n = 7), Asteraceae (n = 6) e Fabaceae (n = 5) (Figura 1). Entretanto, a espécie que apresentou o maior número de indivíduos foi Phyllanthus niruri L., pertencente à família Phyllanthaceae, com 1505, representando 22,4% de todos os indivíduos coletados. Tal quantidade ocor- reu principalmente pela alta infestação dessa população encontrada na área de cultivo de Coheb, onde registrou-se 1044 indivíduos dessa espécie, um número muito alto em compa- ração com o que foi identificado nas outras áreas. Isso ser explicado pelo comportamento 106 107 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br adaptativo dessa espécie, fácil reprodução e mecanismos alelopáticos (GÖTTERT, 2014 apud FERREIRA, 2019, p. 87). A riqueza de espécies da família Poaceae está relacionada à forma como a maioria de suas espécies cresce formando touceiras densas ou a presença de indivíduos rizomatosos e estoloníferos amplamente dispersos na comunidade de plantas daninhas. Esta é consi- derada uma das principais características da dominância desta família em muitos campos de cultivo (MUNHOZ; FELFILI, 2006, p. 682). A família Asteraceae contém espécies que produzem muitas sementes pequenas, que tem como principal característica, a facilidade de dispersão pelo vento, facilitando a forma- ção de bancos de sementes no solo, a germinação e o crescimento em áreas cultivadas (KURDIOKOVA, 2018, p. 156). Por outro lado, espécies da família Fabaceae apresentam cumarinas, ácidos fenólicos, flavonoides, alcaloides, terpenóides e taninos como constituintes químicos, sendo notório que tais substâncias despontam uma capacidade alelopática, como por exemplo na espécie Calopogonium mucunoides Desv. (OLIVEIRA et al, 2020, p. 65). Figura 1. Composição florística das comunidades de plantas daninhas registradas em todas as quatros áreas de cultivo do coentro, onde foram realizadas as coletas, no município de Bacabal e São Luís Gonzaga do Maranhão, estado do Maranhão. Fonte: De autoria própria, 2022. Estudos feitos por AMORIM; MESQUITA, 2019, com outra hortaliça nos mesmos polos de produção, realizados no cultivo de cebolinha, mostraram que muitas espécies de plan- tas daninhas são similares às encontradas no cultivo do coentro. No entanto, os resultados diferem quando se compara as famílias que apresentaram maior representatividade com 108 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br relação a riqueza de espécies, por exemplo, no cultivo da cebolinha, as famílias que tiveram a maior riqueza de espécies foram Poaceae (n = 7), Cyperaceae (n= 6) e Asteraceae (n = 3), enquanto que no cultivo do coentro as famílias com maior riqueza de espécies foram Poaceae (n = 7), Asteraceae (n = 6) e Fabaceae (n = 5). Entretanto, apesar da diferença entre as três famílias que mais se destacaram nos dois estudos, a família Poaceae apresentou a maior quantidade de espécies em ambos, devido principalmente às características adaptativas e alta capacidade de competição das espécies representantes desta família. O maior número de indivíduos, 2793 (41,5%) foi registrado na horta familiar na Comunidade Rural Coheb, em São Luís Gonzaga (Tabela 1), assim como também a maior quantidade de espécies, em comparação com as demais localidades (N = 32). A diferença no número de espécies registradas entre os locais, pode ser explicada pelo histórico das áreas, pelo tempo de cultivo do coentro, pelas práticas de manejo das plantas daninhas, utilizadas pelos produtores e, pelo nível de degradação. Das 54 espécies registradas neste estudo, 15 (27,8%) foram comuns às quatro áreas de cultivo: Alternanthera tenella, Amaranthus lividus, Chamaesyce hirta, Commelina benghalen- sis, Cyperus iria, Eleusine indica, Emilia coccínea, Lindernia crustácea, Ludwigia octovalvis, Murdannia nudiflora, Phyllanthus niruri, Physalis angulata, Portulaca oleracea, Sida cordifolia e Trianthema portulacastrum. Isso indica que além de possuírem uma grande capacidade de adaptação a diferentes locais, estas espécies também apresentam uma notável tolerância ao estresse imposto pelo manejo de plantas daninhas utilizado pelos agricultores. Por outro lado, cinco espécies foram registradas somente em Areal: Ageratum cony- zoides, Bidens subalternans, Desmodium incanum, Fimbristylis miliacea e Sida glazio- vii. Do mesmo modo, seis espécies foram registradas apenas em Catucá: Echinocchloa crus-galli, Ipomoea ramosíssima, Mimosa pudica, Senna obtusifolia, Spigelia anthelmia, e Xanthium strumarium. Em Centro da Josina foram registradas três espécies particula- res: Commelina erecta, Momordica charantia e Spermacoce palustris. E em Coheb houve a ocorrência de oito espécies particulares desta área em comparação com as demais: Carica papaya, Echinochloa colona, Eragrostis ciliaris, Eragrostis pilosa, Kyllinga odorata, Megathyrsus maximus, Spondias mombin e Talinum triangulare. Com base no Valor de Importância, obtido a partir do somatório da densidade relativa, frequência relativa e abundância relativa (Tabela 2), das espécies coletadas em Areal, des- tacam-se Portulaca oleracea (VI = 67,12), Cyperus iria (VI = 34,43) e Eleusine indica (VI = 31,32). Já em Catucá, as espécies que apresentaram maior importância foram Cyperus iria (VI = 48,49), Eleusine indica (VI = 29,33) e Synedrella nodiflora (VI = 26,04). Em Centro da Josina, as espécies com maior valor de importância foram Phyllanthus niruri (VI = 45,62), Amaranthus lividus (VI = 42,29) e Ludwigia octovalvis (VI = 36,81). E por fim, em Coheb destacaram-se as espécies Phyllanthus niruri (VI = 71,16), Hedyotis corymbosa (VI = 41,22) 108 109 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.bre Eleusine indica (VI = 19,91) (Figura 2). Isso indica que essas espécies são aquelas que os produtores devem ter o maior cuidado e preocupação quando forem implantar os mé- todos de controle. Tabela 2. Densidade relativa, Frequência relativa, Abundância relativa e Valor de Importância das principais espécies das comunidades de plantas daninhas coletadas no cultivo do coentro, nos quatro polos de produção de hortaliças, nos municípios de Bacabal e São Luís Gonzaga do Maranhão, estado do Maranhão, 2022. Bacabal – MA Areal Catucá Espécies DR (%) FR (%) ABR (%) VI Espécies DR (%) FR (%) ABR (%) VI Portulaca oleracea 33,3 7,0 26,7 67,1 Cyperus iria 25,1 10,2 13,2 48,5 Cyperus iria 15,4 11,5 7,5 34,4 Eleusine indica 12,8 8,6 7,9 29,3 Eleusine indica 13,7 8,0 9,6 31,3 S. nodiflora 10,7 6,7 8,6 26,0 Alternanthera tenella 9,6 6,5 8,3 24,5 C. benghalensis 9,7 10,2 5,1 25,0 Phyllanthus niruri 5,3 10,5 2,8 18,6 Sida cordifolia 8,3 7,1 6,3 21,6 São Luís Gonzaga – MA Centro da Josina Coheb Espécies DR (%) FR (%) ABR (%) VI Espécies DR (%) FR (%) ABR (%) VI Phyllanthus niruri 22,2 9,5 14,0 45,6 Phyllanthus niruri 37,4 7,7 26,1 71,2 Amaranthus lividus 20,2 10,2 11,9 42,3 H. corymbosa 19,6 7,4 14,2 41,2 Ludwigia octovalvis 16,1 7,0 13,7 36,8 Eleusine indica 7,2 7,7 5,2 19,9 Alternanthera tenella 10,3 6,3 9,8 26,4 Cyperus iria 6,7 7,7 4,6 19,0 Sida cordifolia 4,7 7,7 3,6 16,0 Chamaesyce hirta 4,6 6,1 4,0 14,8 Fonte: De autoria própria, 2022. Figura 2. Espécies de plantas daninhas que se destacaram, com base no Valor de Importância, nas quatros áreas de estudo: Areal, Catucá, no município de Bacabal e Centro da Josina e Coheb no município São Luís Gonzaga, estado do Maranhão, 2022. Plantas daninhas mais importantes, em Areal: a – Portulaca oleracea, b – Cyperus iria, c – Eleusine indica; em Catucá: d – Cyperus iria, e – Eleusine indica, f – Synedrella nodiflora; em Centro da Josina: g – Phyllanthus niruri, h – Amaranthus lividus, i – Ludwigia octovalvis; em Coheb: j – Phyllanthus niruri, k – Hedyotis corymbosa, l – Eleusine indica. Fonte: De autoria própria, 2022. 110 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br A maior diversidade florística, fundamentada no Índice de Diversidade de Shannon, foi encontrada no Polo de Produção de Catucá (H’ = 2,48), ficando à frente da Horta familiar em Centro da Josina (H’ = 2,36), seguido pelo Polo de Produção de Areal (H’ = 2,23) e pela Horta familiar em Coheb (H’ = 2,21), respectivamente. Sendo que todos os índices obtidos estão dentro da variação prevista por KWAK; PETERSON, 2007, quanto aos valores obtidos a partir do cálculo do Índice de Diversidade de Shannon. CONCLUSÕES No cultivo do coentro em Bacabal e São Luís Gonzaga do Maranhão, constatou-se a ocorrência de 54 espécies de plantas daninhas, distribuídas em 24 famílias, com a maior incidência de espécies pertencentes às famílias Poaceae, Asteraceae e Fabaceae, eviden- ciando uma maior riqueza de espécies nessas famílias, justificada pelos mecanismos de adaptação, reprodução e alelopáticos de representantes dessas famílias. As espécies mais importantes no cultivo de coentro em Bacabal, no Polo de Produção de Areal, baseadas no Valor de Importância foram, em ordem decrescente, Portulaca olera- cea, Cyperus iria e Eleusine indica, e em Catucá, foram as espécies Cyperus iria, Eleusine indica e Synedrella nodiflora. Por outro lado, em São Luís Gonzaga, no Centro da Josina, as espécies mais importantes foram Phyllanthus niruri, Amaranthus lividus e Ludwigia oc- tovalvis, e em Coheb, destacaram-se Phyllanthus niruri, Hedyotis corymbosa e Eleusine indica. Isso indica, que na prática, os agricultores locais terão que lidar mais com indivíduos dessas espécies, assim, deverão optar por um tipo de manejo que melhor se adeque às características fisiológicas e reprodutivas deste grupo de plantas daninhas. A diversidade florística das espécies de plantas daninhas coletadas variou entre as quatro áreas de estudo, sendo o polo de produção de Catucá a área que apresentou maior valor do Índice de Diversidade de Shannon (H’ = 2,48). Assim, esses resultados podem subsidiar a definição de estratégias de manejo de plantas daninhas mais adequadas e sustentáveis para o cultivo de coentro na microrregião do Médio Mearim, estado do Maranhão. REFERÊNCIAS ALMEIDA, E. I. B; FERRÃO, G. E. Fundamentos em biologia e manejo de plantas da- ninhas. São Luís: EDUFMA, 2022. ALMEIDA, U. O. et al. Ocorrência de plantas daninhas em cultivo de bananeira comprida em diferentes espaçamentos no estado do acre. 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Este ácido é extraído principalmente da planta Illicium verum Hook. A disponibilidade desta planta é um fator limitante para o crescimento do mercado no futuro próximo. Este artigo propõe fontes alternativas e viáveis para a produção do SA como Eichornia crassipes, Ginkgo biloba, Criptomeria japonica, Urocloa plantaginea, Zea mays, Glycine max e Pinus silvestrys. Assim, mais atenção deve ser dada ao desenvolvimento de tecnologias eficien- tes para a produção de ácido chiquímico, bem como encontrar fontes alternativas para sua extração e purificação. Palavras-chave: Produção, Ácido Chiquímico, Illicium spp. 115 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO O recente surto de COVID 19, relatado em dezembro de 2019 seguido pelo anúncio de alerta epidemiológico, que atingiu milhares de pessoas na China e, posteriormente pela disseminação desenfreada da doença a nível mundial, levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar em março de 2020 o surto do novo coronavírus como uma pandemia global (CUcinotta & Vareli, 2020). Em 26 de novembro de 2021, a OMS designou a variante denominada Ômicron e que apresenta um grande número de mutações; outras variantes ainda estão em circulação. Atualmente, de acordo com a OMS estão registrados mais de 750 milhões de casos com um número de mortes superior a seis milhões de pessoas em todo mundo (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2023). Em meio à situação emergencial de pandemia, os medicamentos antivirais comumente usados na prática clínica estão sendo investigados para o tratamento de pacientes infecta- dos pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), com o objetivo de avaliar seu efeito isolado ou em associação com outros medicamentos no tratamento da Covid-19. O oseltamivir é um inibidor potente e seletivo das neuraminidases indicado na prevenção e tratamento de gripe por vírus influenza A e vírus influenza B 2 (Stein et. al., 2020). Embora com restrições, estudos mostram que oseltamivir em combinação com regime de terapia de rotina ou combinado no regime de tratamento quando ocorrer influenza, mos- trou-se mais eficaz em comparação com o regime de terapia de rotina isolado, com rápida recuperação e alta hospitalar precoce, sendo associado a uma menor taxa de mortalidade (Zendehdel et. al., 2022). O fosfato de oseltamivir, é um fármaco semi-sintético, produzido a partir do ácido chi- químico (Figura 1) que é comercializado pela ROCHE sob o nome comercial de TAMIFLU® contra diversas variantes de vírus influenza, incluindo o H1N1 e H5N1, sendo considerado como o mais eficiente tratamento contra a gripe aviária (KRAMER et. al., 2003 ). O ácido chiquímico, isolado pela primeira vez por Eykmann em 1885 em plantas Ilicium religiosum (CHEN, 2014), é uma substância química escassa e de alto custo, obtida princi- palmente a partir de sementes de Ilicium verum, um arbusto nativo da China popularmen- te conhecido como estrela chinesa, e I. anisatum nativo do Japão (SADAKA & GARCIA, 1999). A produção anual de ácido chiquímico é insuficiente para produzir a quantidade de Tamiflu® necessária no caso de uma pandemia (BRADLEY, 2005). Existe, portanto, a necessidade urgente da produção de grandes quantidades desse ácido a partir de fontes diferentes do Ilicium spp. 116 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 2. Estrutura química do ácido chiquímico. Qual o objetivo? Usou qual metodologia ? FONTES ALTERNATIVAS DE OBTENÇÃO DE ÁCIDO CHIQUÍMICO A diversificada gama de vias biossintéticas em plantas e microrganismos contribui significativamente para o fornecimento de uma variedade de estruturas que são a base fundamental de muitos produtos químicos de grande interesse pelo mundo. A capacida- de de produzir produtos valiosos por meio de processos biológicos, utilizando diversos microrganismos e plantas tem se mostrado uma versátil e promissora rota para obtenção de fontes de matéria prima. Assim, as indústrias químicas estão percebendo a utilidade de biossistemas para mediar efetivamente a conversão química para a produção de compostos bioativos importantes (RAWAT et al 2013 ). O ácido chiquímico é um metabolito primário, amplamente distribuído nas plantas, tendo sido identificado em diversas plantas angiosper- mas e gimnospermas. Porconta disso, o ácido chiquímico é um produto químico valioso que tem atraído a atenção mundial devido à sua aplicação farmacêutica, sendo considerado como “commodity químico” (Frost et al. 2001 ). A seguir estão descritos alguns exemplos de espécies produtoras de ácido chiquímico. Eichorni crassipes De acordo com Cardoso (2014), Eichornia crassipes pode ser considerada uma fonte promissora de ácido chiquímico; analisando extratos metanólicos e aquosos das partes aé- reas e das raízes dessa macrófita aquática por CLAE-DAD, em comparação com I. verum, verificou que, apesar das vagens de Illicium verum renderem 3,3% de ácido chiquímico e das partes aéreas de E. crassipes renderem 2,26%, esta última possui a vantagem de ter desenvolvimento mais rápido além de alta produção de biomassa, enquanto que I. verum cresce quase que exclusivamente em quatro províncias montanhosas no sudoeste da China, e suas vagens são colhidas somente entre no período de março a maio. E. crassipes dobra 116 117 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br sua área a cada 6-7 dias, quando em condições ótimas de crescimento, chegando a produzir 480 toneladas de massa verde/ha/ano (Moura et al., 2009 ). Ginkgo biloba Numerosas plantas medicinais contêm ácido chiquímico, uma vez que é um importante intermediário bioquímico na biossíntese de aminoácidos. Nesse contexto, USUKI et al (2011) extrairam ácido chiquímico de folhas de Ginkgo biloba representando 2,64% em peso seco, consequentemente a um fornecimento conveniente de ácido chiquímico, permitindo assim a produção de maiores quantidades do agente antiviral Tamiflu. Criptomeria japônica Trabalhos desenvolvidos conjuntamente pelo Instituto Biológico e Embrapa Meio Ambiente, mostraram que Criptomeria japonica, espécie conífera arbórea de grande porte revelou ser uma fonte renovável e confiável de ácido chiquímico, com uma concentração média de 56,36 mg.kg-1 desse ácido na sua biomassa foliar seca (representando 5,64% em peso seco), frente a 96,57 mg.kg-1 encontrada na semente de I. verum (Cerdeira et al, 2020), com a vantagem de ter um rápido crescimento e boa adaptação ao clima e solo da região sul do Brasil, permitindo sua ampla produção em escala comercial (Kratz, 2011). APLICAÇÃO DE SUBDOSE DE GLIFOSATO PARA INDUÇÃO DA PRO- DUÇÃO DE ÁCIDO CHIQUÍMICO A via metabólica do chiquimato, exclusiva de plantas e microorganismos, é a res- ponsável pela produção dos aminoácidos aromáticos tirosina e fenilalanina. O glifosato é um potente herbicida cujo mecanismo de ação atua por inibição competitiva da enzima 5-enolpiruvilshikimato-3-fosfato sintase (EPSPS), que catalisa uma etapa essencial na via biossintética dos aminoácidos aromáticos. Com o aumento da comercialização de culturas geneticamente modificadas (GM) resistentes ao glifosato, é importante investigar a relação entre o uso desse herbicida e sua relação com o ácido chiquímico. A medição do acúmulo de ácido chiquímico em resposta à inibição de EPSPS pelo glifosato é um ensaio rápido e preciso para quantificar a concentração desse ácido nas plantas por meio da técnica de Cromatografia Líquida de Alta eficiência (HPLC). Acúmulo de ácido chiquímico foi observado por MUELLER et al (2003 ) em populações suscetíveis e resistentes ao glifosato de Conyza canadensis tratadas com esse herbicida, com diferenças nas concentrações entre os biótipos, uma vez que naqueles resistentes a concentração de ácido chiquímico decaiu 40% no período de 2 a 4 dias após a aplicação do 118 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br produto, enquanto que nos biótipos suscetíveis de C. canadensis observou-se um aumento de 35% na concentração desse ácido no mesmo período. Visando determinar a inibição de EPSPs, com base no acúmulo de ácido chiquímico em biótipos de C. bonariensis resistentes e suscetíveis ao glifosato, VARGAS et al (2014), empregando a metodologia descrita por Matallo et al (2009) verificaram que o acúmulo de ácido chiquímico ocorreu em ambos os biótipos após a aplicação do glifosato, mas o biótipo suscetível apresentou as maiores concentrações, indicando maior sensibilidade da enzima EPSPs. Resultado semelhante foi observado por FRANCO et al (2012 ) ao relatarem o acúmulo de ácido chiquímico em soja transgênica resistente ao glifosato. Buscando induzir a produção de ácido chiquímico em plantas de Urocloa plantaginea tratadas com glifosato, como fonte alternativa de matéria prima para a produção de Tamiflu, ALMEIDA et al. (2020) observaram um crescimento exponencial nas concentrações de ácido chiquímico aos 6 dias após a aplicação de glifosato a 36 g.e.a.ha-1, representando, segundo COSTA et al. (2016) um aumento médio de 345% em relação às plantas não tratadas. MATALLO et al. (2014) verificaram um aumento de 969% e 33000% na concentração de ácido chiquímico em milho e soja, respectivamente, quando tratadas com subdoses de gli- fosato de 230 g.e.a.ha-1, quando comparadas com as plantas não tratadas, demonstrando o potencial uso desse herbicida como indutor na exploração de fontes alternativas de ácido chi- químico, e consequentemente para a produção de Oseltamivir, com baixo impacto ambiental. EXTRAÇÃO DE ÁCIDO CHIQUÍMICO DE PLANTAS E MICRORGANIS- MOS Diversos métodos têm sido testados para a extração e purificação do ácido chiquímico a partir de plantas e microorganismos. O ácido chiquímico é altamente solúvel em água (189 g.L-1 a 20 oC) porém insolúvel em solvente apolar (GHOSH et al., 2012), dessa forma a ex- tração com água quente a partir de tecidos vegetais tem se mostrado eficiente. Um método simples e rápido baseado na extração utilizando água quente (45 a 75 oC) como solvente foi empregado em acículas de Pinus silvestrys e produziu 1,6% de ácido chiquímico (p/p) (SUI, 2008). Outro método simples, rápido e eficiente foi obtido utilizando a extração assistida por microondas (MWAE) do ácido chiquímico em plantas de cana de açúcar, soja e U. plantaginea fortificadas, usando como solvente água acidificada e posterior separação e quantificação por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detecção por Arranjo de Diodos (HPLC- DAD). Este último foi desenvolvido por MATALLO et al. (2009) obtendo recuperações com eficiência acima de 90% e ótima seletividade (cromatogramas livres de interferentes). 118 119 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br CONSIDERAÇÕES FINAIS O ácido chiquímico é o intermediário chave na via de biossíntese de aminoácidos aromáticos. É um composto quiral economicamente importante usado como um bloco de construção para a síntese de diferentes fármacos e produtos cosméticos. No entanto, seu mais importante uso é como substrato para indústrias na síntese do Tamiflu, cuja demanda tem aumentado consideravelmente, não alcançando a necessidade global. Portanto, mais atenção deve ser dada ao desenvolvimento de tecnologias eficientes para a produção de ácido chiquímico, bem como encontrar fontes alternativas para sua extração e purificação. REFERÊNCIAS ALMEIDA, S.D.B. et al. Glyphosate on shikimic acid on Urochloa plantaginea. Ciência Rural, v. 50, p. 22-26, 2020. BRADLEY, D. Star role for bacteria in controlling flu epidemic? Nature Reviews Drug Discovery 4: 945-946, 2005. CARDOSO, S.F. et al. Eichornia crassipes: an advantageous source of shikimic acid. Rev. Bras. Farmacogn. v. 24, p. 439-442, 2014. CERDEIRA, A.L. et al. Cryptomeria japonica (L. F.) D. Don as source of shikimic acid. Revista Fitos Eletrônica, v. 14, p. 462-468, 2020. CHEN, F. et al. Extraction and chromatographic determination of shikimic acid in chinese conifer needles with 1-benzyl-3-methylimidazoliumbromide ionic liquid aqueous solutions. J Anal Methods Chem. 2014: 256473. COSTA, M.C. et al. Brachiaria plantaginea as a Potential (New) Source of Shikimic Acid. Quantification by NIR and PLS Regression. Planta Medica Letters, v. efirst, p. 6-6, 2016. Cucinotta, D. & Vanelli, M. WHO Declares COVID-19 a Pandemic. Acta Biomed 2020; Vol. 91, N. 1: 157-160 DOI: 10.23750/abm.v91i1.9397. FRANCO, D.A.S. et. al. 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Microwaved assisted solvent extraction and analysis of shikimic acid from plant tissues. Planta Daninha. 27:987-994, Número Especial. 2009. MOURA, M. A. M.; FRANCO, D. A. S.; MATALLO, M. B. Manejo integrado de macrófitas aquáticas. Biológico, v. 71, p. 77-82, 2009. MUELLER, T.C. et al. Shikimate Accumulates in Both Glyphosate-Sensitive and Glypho- sate-Resistant Horseweed (Conyza canadensis L. Cronq.). J. Agric. Food Chem., vol. 51, n. 3, 2003. p.681-84. ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE. Folha informativa sobre COVID-19. Dis- ponível https://www.paho.org/pt/covid19. Acesso em 11/02/2023. RAWAT, G. et al. Expanding horizons of shikimic acid: Recent progress in production and its endless frontiers in application and market trends. Appl. Microbiol. Biotechnol. 97: 4277-4287. 2013. SADAKA, M., & GARCIA, A.. Extraction of shikimic and quinic acids. Chem. Eng. Commun 173: 91-102, 1999. Stein, C. et. al. Associação hidroxicloroquina/cloroquina e azitromicina para Covid-19. 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Desta forma, o objetivo deste trabalho consistiu em realizar o desenvolvimento de um sa- bonete líquido combinando os extratos vegetais de mulateiro e andiroba, uma vez que não se tem conhecimento de qualquer produto que combine as ações de ambos, com o auxílio de planejamento experimental estatístico. Com esta ferramenta estatística foi possível ava- liar a influência dos principais componentes da formulação (lauril, amida, anfótero, extrato vegetal e essência) nas propriedades físico-químicas do produto. Após o desenvolvimento experimental, verificou-se que a proposta de criação de um sabonete líquido com a utilização dos dois extratos é viável, pois não observou-se desiquilíbrio físico-químico promovido pela combinação nas formulações desenvolvidas. Por sua vez, a análise do planejamento fatorial demonstra que o lauril (lauril éter sulfato de sódio) influenciou as seguintes propriedades: pH, condutividade elétrica, viscosidade, densidade e resíduo seco. A amida (dietanolamina de ácido graxo de coco), por sua vez, influencia o pH, viscosidade e resíduo seco. O com- ponente anfótero (anfótero bezaínico) influenciou as respostas para viscosidade, densidade e resíduo seco. Por fim, a essência foi significativa apenas para a resposta de resíduo seco, enquanto o extrato vegetal nas formulações não apresentou significância estatística nas respostas obtidas. Palavras-chave: Cosméticos, Extratos Vegetais, Plantas Amazônicas. 123 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br INTRODUÇÃO A indústria de cosméticos tem investido, já há algum tempo, em uma promissora alter- nativa que vem fornecendo excelentes resultados na estética e nos cuidados especiais com o meio ambiente: a utilização de produtos oriundos de recursos vegetais, principalmente, em substituição aos de origem mineral. Esta nova opção caracteriza a nova tendência de cosméticos ecologicamente corretos e eficazes na obtenção do padrão de beleza tão cobi- çado na sociedade moderna (Cherubim, Martins, Fariña e Lucca, 2019). A utilização de extratos vegetais apresenta muitos benefícios à pele. Estes compo- nentes reagem melhor com o tecido e permitem que tanto a água, como outros princípios ativos existentes nos cosméticos aplicados sejam bem absorvidos. Além disso, aumentam a proteção da pele contra a perda excessiva de líquidos, permitem a respiração cutânea e assimilam a luz solar, auxiliam o restabelecimento de peles rachadas e ressecadas, norma- lizando e reforçando a estrutura do tecido. Também causam menos reações citotóxicas e alérgicas. E, finalmente, são biodegradáveis, não poluem e nem agridem o meio ambiente (Bezerra, Rufino, Luna e Sarubbo, 2018). Dentre os extratos vegetais mais utilizados, destacam-se aqueles oriundos da região amazônica, utilizados na fabricação de diversos bioprodutos. Por causa de suas atraentes propriedades, o mercado mundial para estes produtos encontra-se em constante expan- são. E, desta forma, representam um segmento cada vez mais atrativo para futuros investi- mentos no país, que atualmente tem desenvolvido arranjos políticos, econômicos e ambientais para a exploração deste recurso de maneira sustentável (Paiva, 2019). A Amazônia apresenta inúmeras espécies nativas de plantas que apresentam poten- cial econômico, tecnológico e nutricional, as quais têm despertado o interesse de estudos científicos em diversificadas áreas, tais como: alimentícia, farmacêutica, cosmética, aro- matizante e essências (Pereira et. al., 2021). E dentro deste contexto, encontram-se duas plantas bastante conhecidas na região cujos extratos apresentam ótimos benefícios à pele e, portanto, possuem apreciável potencial de utilização em cosméticos. São eles: o mulateiro (Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K. Schum) e a andiroba(Carapa guianenses Aubl). A utilização da andiroba é bastante conhecida em produtos utilizados em tratamentos capilares com o intuito de deixar os cabelos sedosos, macios e brilhantes; e em produtos utilizados na pele. Os seus principais benefícios são emoliência, maciez, suavidade e res- tauração, entre outros (Ribeiro, Costa, Lima e Silva, 2021). Por sua vez, o extrato obtido do mulateiro possui características antibacteriana, antioxidante, antiparasítica, repelente e inseticida, sendo empregada em cosméticos para eliminação de manchas, cicatrizes e pre- venção de rugas (Dookie, Garcia, Silva, Nunez, Silva e Espinar, 2021). Os extratos dessas plantas são plenamente utilizados para elaboração de diversos produtos cosméticos, inclusive 124 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br em outros países e até mesmo em combinação com outros produtos (Pereira et. al., 2021). Entretanto, não foi encontrado na literatura qualquer produto que utilizasse esses dois ex- tratos simultaneamente. Portanto, torna-se interessante a investigação da possibilidade de desenvolvimento de um produto que combine as propriedades de ambos. Na criação e desenvolvimento de novos produtos, uma ferramenta científica apre- senta-se como ótima alternativa a ser empregada, o planejamento fatorial 2k. De acordo com Montgomey e Runger (2009), este é um método através do qual são realizados testes com diferentes fatores, cada um com dois níveis, e, desta forma, os experimentos podem demonstrar quais fatores possuem efeito em relação ao resultado. Com isso, é possível determinar os parâmetros ideais a fim de obter as características desejadas para o produto que está sendo desenvolvido. Desta forma, tendo em vista a disponibilidade dos recursos destas plantas e do des- conhecimento de um produto que envolva a utilização deles simultaneamente, este trabalho se propôs a desenvolver um cosmético utilizando estes dois extratos com o intuito de ajudar a diversificar a gama de produtos com as matérias-primas da Amazônia e contribuir com os estudos sobre o potencial dos produtos naturais e agregar mais valor aos produtos da região. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho consistiu em realizar o desenvolvimento de um sabonete líquido combinando os extratos vegetais de mulateiro e andiroba com o auxílio de planejamento experimental estatístico. E os objetivos específicos foram: i) Utilizar os principais componentes para a formulação do sabonete líquido como fatores em um plane- jamento fatorial; ii) Realizar a caracterização físico-química das formulações desenvolvidas; iii) Avaliar a influência dos componentes da formulação nas características do produto. METODOLOGIA Formulação cosmética O desenvolvimento das formulações abrange a elaboração de formulações em veículos emulsionados, avaliando-se a obtenção de emulsões macroscopicamente estáveis, com valores de viscosidade variados, de pH compatível com o da pele e de características orga- nolépticas (aspecto, cor e odor) adequadas, segundo critérios do formulador, mercadológicos e outros referendados pela literatura (Brasil, 2011; Minto, Vieira, Viríssimo e Miranda, 2020; Pires, Pires, Lopes, Aguiar, Cavalcante, Oliveira, Dourado e Morais, 2021). Neste trabalho, a composição demonstrada na Tabela 1 foi estabelecida como ponto central para a produção das diferentes formulações de sabonete líquido. A partir dela foram definidos, então, os níveis para os componentes estabelecidos como fatores no planejamento fatorial (Monteiro, Tavares e Vasconcelos, 2020; Silva, Santos e Vasconcelos, 2021). 124 125 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Tabela 1. Composição estabelecida como ponto central. Componente Concentração (% p/p) Lauril éter sulfato de sódio (lauril) 20 Dietanolamina de ácido graxo de coco a 80% (amida) 3 Anfótero betaínico (anfótero) 3 Combinado de extratos vegetais de andiroba e mulateiro 2 Essência de mulateiro 2 Metilparabeno 0,15 Propilparabeno 0,05 EDTA 0,01 Água destilada q.s.p. Fonte: Autores. Dentre os componentes utilizados, metilparabeno, propilparabeno e ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) já estão em sua concentração fixa, não sendo permitida a utilização de níveis mais elevados do que aqueles apresentados na Tabela 1 para estes itens. Desta forma, foram estabelecidas como fatores as matérias-primas que permitiam variação em sua proporção. São elas: lauril, amida, anfótero, extrato e essência; totalizando cinco fatores, cada qual com dois níveis (Tabela 2). Também foi realizada a triplicata no ponto central do planejamento fatorial, portanto o resultado do experimento é definido com a utilização de 35 formulações (Tabela 3). Ao todo, foram preparadas 150 gramas para cada formulação, quan- tidade necessária de amostra para a realização das análises organolépticas e físico-químicas. Tabela 2. Fatores e níveis utilizados no planejamento fatorial 25. Fatores Nível Inferior (-1) Ponto Central (0) Nível Superior (+1) Lauril 15% 20% 25% Amida 1% 3% 5% Anfótero 1% 3% 5% Extrato 1% 2% 3% Essência 1% 2% 3% Fonte: Autores. Tabela 3. Combinações entre os diferentes níveis e fatores. Formulações Lauril Amida Anfótero Extrato Essência 1 1 1 -1 1 -1 2 -1 -1 -1 1 1 3 -1 1 -1 1 -1 4 -1 -1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 6 1 1 -1 -1 1 7 1 1 1 -1 -1 8 -1 -1 1 -1 1 9 -1 -1 -1 1 -1 10 -1 1 1 1 1 11 -1 1 -1 -1 1 12 -1 1 1 -1 1 126 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Formulações Lauril Amida Anfótero Extrato Essência 13 1 -1 1 1 1 14 -1 -1 1 -1 -1 15 1 1 -1 1 1 16 -1 -1 -1 -1 1 17 1 -1 -1 1 1 18 1 -1 -1 1 -1 19 -1 -1 1 1 -1 20 -1 1 1 1 -1 21 1 -1 1 -1 1 22 1 1 1 -1 1 23 1 -1 1 -1 -1 24 1 -1 -1 -1 -1 25 1 1 -1 -1 -1 26 -1 1 1 -1 -1 27 -1 1 -1 -1 -1 28 1 1 1 1 -1 29 1 -1 -1 -1 1 30 -1 1 -1 1 1 31 1 -1 1 1 -1 32 -1 -1 -1 -1 -1 33 0 0 0 0 0 34 0 0 0 0 0 35 0 0 0 0 0 Fonte: Autores. Como resposta deste planejamento fatorial, foram realizadas medições de pH, conduti- vidade elétrica, viscosidade, densidade específica, teste de centrifugação, materiais voláteis e resíduos secos, além das análises organolépticas como odor, aspecto e cor; procedimen- tos realizados para a verificação da estabilidade em cosméticos (Brasil, 2007). Por fim, os resultados foram analisados utilizando-se o software Statistica 10.0. Parâmetros organolépticos As características organolépticas foram determinadas macroscopicamente de acordo com o Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos (Brasil, 2007). pH A medição do pH das formulações foi realizada através da determinação potenciométri- ca utilizando-se o pHmetro digital de modelo CG 1800 da marca GEHAKA. Com o pHmetro previamente calibrado com as soluções-tampão de 4,01, 7,01 e 10,01, as medições foram realizadas em triplicata para cada formulação (Moussavou e Dutra, 2012). 126 127 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Condutiva elétrica A determinação da condutividade das formulações foi realizada em triplicata para cada formulação utilizando-se um condutivímetro de bancada, modelo CG 1800 da marca GEHAKA, a temperatura ambiente, previamente calibrado com solução de KCl com condu- tividade de 1,413 μS/cm (Moussavou e Dutra, 2012). Determinação da viscosidade A viscosidade é uma variável que caracteriza reologicamente um sistema. A avaliação desse parâmetro ajuda a determinar se um produto apresenta a consistência ou fluidez apropriada e pode indicar se a estabilidade é adequada, ou seja, fornece indicação do com- portamento do produto ao longo dotempo (Brasil, 2007). Para esta determinação foi utilizado o aparelho Viscosímetro Rotativo Analógico – Q860A da marca Quimis. No tubo de amostras do equipamento foram introduzidos cerca de 20 a 25 mL das formulações. Dependendo da velocidade de rotação e do tipo de rotor utilizados, obtiveram-se valores para o coeficiente K, ao mesmo tempo em que se obtinham leituras no ponteiro de medição para o ângulo de deflexão (α). Assim sendo, utilizou-se a Equação 1 para se determinar a viscosidade absoluta (η) das amostras (Quimis, 2010). η=κ.α (Equação 1) Densidade específica A densidade específica das formulações foi obtida através de medições com a utilização de picnômetros de vidro de 50 mL, a temperatura ambiente. Primeiramente, pesou-se o pic- nômetro e anotou-se seu peso (M0). Depois encheu-se completamente com água destilada, evitando-se a formação de bolhas. Então, a parte externa do picnômetro foi cuidadosamente seca e o mesmo foi pesado novamente anotando seu peso (M1), a água foi descartada e encheu-se completamente o picnômetro limpo e seco com as amostras, sempre evitando a formação de bolhas, este foi pesado mais uma vez e seu peso (M2) foi anotado para cálculos posteriores. O cálculo foi baseado na Equação 2 onde d representa a densidade específica (Brasil, 2007): 𝑑𝑑 = 𝑀𝑀! −𝑀𝑀" 𝑀𝑀# −𝑀𝑀" (Equação 2) 128 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Materiais Voláteis e Resíduo Seco Esta determinação foi realizada em triplicata para cada formulação. Primeiramente, ob- teve-se a massa inicial (mi) realizando a pesagem de aproximadamente 1,0 g das amostras em vidros de relógio. As amostras foram submetidas ao aquecimento em estufa da marca Sterilifer, modelo SX 1.2 DTME, a 105 ºC até que se atingisse peso constante. O vidro de relógio com o material resultante, conhecido como resíduo seco, foi pesado novamente para a obtenção da massa final (mf). Os cálculos de materiais voláteis (MV) e de resíduo seco (RS) foram realizados conforme as Equações 3 e 4 (Moussavou e Dutra, 2012). 𝑀𝑀𝑀𝑀 = 𝑀𝑀! −𝑀𝑀" 𝑀𝑀! . 100% (Equação 3) 𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝑀𝑀! 𝑀𝑀" . 100% (Equação 4) Teste de Centrifugação Foram pesados cerca de 10 gramas das amostras em tubos para centrífuga. O equi- pamento utilizado foi a centrífuga de modelo Centrifuge Model 90-1. O ensaio de centrifu- gação foi realizado em duas réplicas para cada formulação nas seguintes condições: tem- peratura ambiente e rotações de 1.000, 2.500 e 3.500 rpm durante 30 minutos para cada valor de velocidade. Após o teste, as amostras foram analisadas quanto ao aspecto e classificadas como: (IM) para intensamente modificada; (M) para modificada; (LM) para levemente modificada e (N) para normal, ou seja, sem alteração quanto ao aspecto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação das propriedades organolépticas Resumidamente, as formulações preparadas (Figura 1) apresentaram aspecto homo- gêneo, coloração que variou entre amarelo claro (para aquelas preparadas com o nível mais baixo de extrato) e amarelo escuro (para aquelas com o maior nível de extrato). A coloração apresentada foi o resultado proporcionado pela combinação dos extratos de andiroba e mu- lateiro. Por sua vez, o odor das formulações foi característico da essência utilizada. 128 129 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 1. Aspecto das formulações preparadas. Fonte: Autores. pH Após a realização das medições potenciométricas em triplicata para as formulações determinadas no planejamento experimental, verifica-se que os valores de pH obtidos para as formulações mantiveram-se no intervalo que variou entre 6,82 e 7,94. Os resultados apre- sentaram-se divergentes da faixa compatível com o pH fisiológico da pele, que varia de 4,2 a 5,9, dependendo da área do corpo aferida (Korting e Braun-Falco, 1996). Preferencialmente, se busca utilizar produtos com pH ligeiramente ácido a fim de que a microbiota cutânea não sofra nenhuma interferência e estes produtos também são menos irritantes que os alcalinos (Korting, Hubner, Greiner e Braun-Falco, 1990). De acordo com Soares (2013), para a obtenção do pH desejado em formulações cos- méticas pode se fazer uso da adição de soluções de ácido cítrico ou ácido lático, comumente utilizados para este fim. No trabalho desenvolvido por Pires et. al. (2021), os pesquisadores utilizaram ácido cítrico para atingir o pH de interesse nas formulações elaboradas. Neste trabalho, porém, não foi utilizado este recurso com o intuito de se avaliar este parâmetro como resposta experimental, e assim verificar quais componentes apresentariam influência nesta resposta. Com a aplicação das respostas no planejamento fatorial se obtém o Gráfico de Pareto (Figura 2) que demonstra as variáveis com efeitos estatisticamente significantes em relação à resposta observada. 130 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Figura 2. Gráfico de Pareto. Variáveis significativas para a resposta de pH. Fonte: Autores. A linha tracejada de cor vermelha na Figura 2 representa o nível de significância es- tatística igual a 5%. As variáveis cujos blocos ultrapassam esta linha são estatisticamente relevantes para a resposta. Portanto, observa-se que dentre as variáveis observadas, apenas duas apresentaram significância estatística relevante na determinação do pH das formula- ções, amida e lauril, sendo a amida é a variável com maior influência significativa para elevar o valor do pH das formulações. Segundo Araújo (2011), o fato de a amida ter maior influência no pH das formulações, tornando-as mais alcalinas, deve-se ao par de elétrons livres do átomo de nitrogênio pre- sente na estrutura química da dietanolamina de ácido graxo de coco. Eles estão dispostos a receber cátions H+, fazendo, portanto, que esta substância seja uma base de Lewis. Condutividade elétrica Com relação a este parâmetro observou-se valores na faixa de 36,40 e 69,97 μS/cm para as formulações preparadas. Os resultados obtidos para a condutividade elétrica foram utilizados no planejamento fatorial para a obtenção do Gráfico de Pareto, no qual verificou-se que o fator mais significativo é o componente lauril. Segundo Swisher (1987), tensoativos aniônicos como lauril éter sulfato de sódio origi- nam íons carregados negativamente quando dissociados em água. Os íons liberados pelo tensoativo influenciam no aumento da condutividade elétrica na solução. Diferentes íons variam nessa habilidade, mas em geral, a maior concentração de íons na água natural, corresponde à maior condutividade. Pode-se utilizar o parâmetro da condutividade elétrica para obter uma noção da quantidade de sais na amostra, uma vez que está diretamente ligada à quantidade de sólidos dissolvidos totais (SCHNEIDER, 2022). A determinação da condutividade elétrica das formulações é uma técnica muito utiliza- da para monitorar a estabilidade das emulsões, verificando a integridade da fase externa, 130 131 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br visto que esta é dependente da natureza da fase externa da formulação (Latreille e Paquin, 1990). Através desse método é possível avaliar a variação no conteúdo de água livre no sistema emulsionado e, dessa maneira, identificar mudanças estruturais que possam ocorrer (Korhonen, Hellen, Hirvonen, Yliruusi, 2001). Viscosidade absoluta Os resultados obtidos para a viscosidade absoluta variaram entre 14,10 e 26280,00 mPa.s. Eles foram utilizados no planejamento fatorial para a obtenção do Gráfico dePareto (Figura 3) para a identificação das variáveis significativamente influentes na resposta. Assim sendo, verifica-se que os fatores com maior influência estatística foram lauril, anfótero e amida, nesta ordem de significância. Por possuírem coeficiente positivo, com- preende-se que o aumento da viscosidade absoluta é proporcional ao aumento da quantidade destes componentes. De acordo com Knothe e Steidley (2005), a viscosidade aumenta com o aumento da cadeia carbônica e com o aumento no grau de insaturação, sendo influenciado por ramifica- ções e posicionamento das insaturações. Esta característica é observada nos componentes que apresentaram significância estatística neste planejamento fatorial para a resposta da viscosidade absoluta. As forças intermoleculares comandam o grau de atração das moléculas e podem ser modificadas pela presença de grupos funcionais modificadores de conformação ou de polaridade das moléculas, aumentando ou diminuindo determinado tipo de interação inter- molecular (Knothe e Steidley, 2005). Figura 3. Gráfico de Pareto: efeitos estatisticamente relevantes para a viscosidade absoluta. Fonte: Autores. 132 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Densidade específica Figura 4. Gráfico de Pareto: efeitos estatisticamente relevantes para a densidade específica. Fonte: Autores. Os valores obtidos para densidade específica ficaram bastante próximo entre as for- mulações, variando entre 1,0254 e 1,0450. Valores semelhantes para este parâmetro fo- ram obtidos nos trabalhos desenvolvidos por Pires et. al. (2021), Rusdianto et. al. (2021), Nainggolan e Sinaga (2021), Lopes et. al. (2018), entre outros trabalhos possíveis de serem encontrados na literatura. Segundo o gráfico de Pareto (Figura 4), construído para analisar as contribuições das variáveis observadas neste trabalho, apenas lauril e anfótero mostra- ram-se componentes com relevância estatística neste parâmetro. Materiais voláteis (MV) e resíduo seco (RS) A análise dos parâmetros MV e RS geraram os gráficos de Pareto demonstrados na Figura 5, no qual observa-se que os componentes lauril, amida, anfótero e essência apre- sentaram relevância estatística em ambos os parâmetros. Os valores dessas medições são observados na Tabela 4. 132 133 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br Tabela 4. Valores em porcentagens de MV e RS para as formulações preparadas no planejamento fatorial. Formulação RS (%) ± DP MV (%)± DP Formulação RS (%)± DP MV (%)± DP 1 0,3097 ± 0,0039 0,6903 ± 0,0039 19 0,1824 ± 0,0022 0,8176 ± 0,0022 2 0,1744 ± 0,0016 0,8256 ± 0,0016 20 0,2140 ± 0,0014 0,7860 ± 0,0014 3 0,2084 ± 0,0051 0,7916 ± 0,0051 21 0,2825 ± 0,0042 0,7175 ± 0,0042 4 0,1897 ± 0,0009 0,8103 ± 0,0009 22 0,3151 ± 0,0013 0,6849 ± 0,0013 5 0,3214 ± 0,0017 0,6786 ± 0,0017 23 0,2770 ± 0,0041 0,7230 ± 0,0041 6 0,3119 ± 0,0030 0,6881 ± 0,0030 24 0,2666 ± 0,0016 0,7334 ± 0,0016 7 0,3201 ± 0,0020 0,6799 ± 0,0020 25 0,2760 ± 0,0009 0,7240 ± 0,0009 8 0,1853 ± 0,0041 0,8147 ± 0,0041 26 0,2206 ± 0,0011 0,7794 ± 0,0011 9 0,1644 ± 0,0027 0,8356 ± 0,0027 27 0,2054 ± 0,0041 0,7946 ± 0,0041 10 0,2301 ± 0,0035 0,7699 ± 0,0035 28 0,3229 ± 0,0023 0,6771 ± 0,0023 11 0,2701 ± 0,0108 0,7299 ± 0,0108 29 0,2675 ± 0,0001 0,7325 ± 0,0001 12 0,3031 ± 0,0031 0,6969 ± 0,0031 30 0,2061 ± 0,0035 0,7939 ± 0,0035 13 0,3122 ± 0,0581 0,6878 ± 0,0581 31 0,2848 ± 0,0021 0,7152 ± 0,0021 14 0,1871 ± 0,0034 0,8129 ± 0,0034 32 0,1692 ± 0,0014 0,8308 ± 0,0014 15 0,3478 ± 0,0019 0,6522 ± 0,0019 33 0,2380 ± 0,0008 0,7620 ± 0,0008 16 0,1646 ± 0,0012 0,8354 ± 0,0012 34 0,2390 ± 0,0028 0,7610 ± 0,0028 17 0,2661 ± 0,0024 0,7339 ± 0,0024 35 0,2345 ± 0,0011 0,7655 ± 0,0011 18 0,2671 ± 0,0019 0,7329 ± 0,0019 Fonte: Autores. Figura 5. Gráfico de Pareto: efeitos estatisticamente relevantes para MV e RS. Fonte: Autores. Teste de centrifugação As amostras analisadas receberam classificações quanto às alterações que sofreram após a realização do teste: IM para intensamente modificada; M para modificada; LM para levemente modificada e N para normal, ou seja, sem alteração quanto ao aspecto. Os resultados obtidos no teste de centrífuga demonstraram que as amostras não so- freram modificações significativas quanto ao seu aspecto. Das 35 formulações, apenas 13 demonstraram uma pequena alteração, portanto foram classificação como LM (Figura 6). Tal 134 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br circunstância deve-se, possivelmente, a sedimentação de substâncias insolúveis presentes nos extratos vegetais. Figura 6. Modificação observada em algumas das amostras após o teste de centrifugação. Fonte: Autores. CONCLUSÃO A partir das condições experimentais avaliadas neste trabalho, observou-se que a pro- posta de se utilizar os extratos vegetais de mulateiro e andiroba simultaneamente tornou-se possível, tendo em vista que os parâmetros físico-químicos e organolépticos analisados permaneceram estáveis durante todo o processo de formulação, havendo compatibilidade química entre os componentes de formulação. No entanto, ainda se faz necessário a rea- lização de outros estudos, como teste de eficácia, para se comprovar devidamente a ação dermatológica deste produto. Portanto, conclui-se que o planejamento experimental estatístico é uma ferramenta com grande possibilidade de ser utilizada na elaboração de produtos cosméticos como o proposto por este trabalho. Agradecimentos Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) pelo apoio e infraestrutura. 134 135 Ciência das Plantas: desafios e potencialidades em pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br REFERÊNCIAS ARAÚJO, R. G. R. de. (2011). Aspectos tecnológicos da síntese de carbonato de glicerila e a avaliação de algumas de suas propriedades físico-químicas. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo, São Paulo-SP. BEZERRA, K. G.; RUFINO, O. R. D.; LUNA, J. M.; SARUBBO, L. A. (2018). Saponins and microbial biosurfactants: Potential raw materials for the formulation of cosmetics. Biote- chnol. Prog. 34, 1482–1493. BRASIL. (2004). Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 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Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Ecologia e Taxonomia Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: sistemática, taxonomia, citogenética, invasão biológica, plantas espontâneas e plantas medicinais. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9447112150619350 Teonis Batista da Silva Bacharelado em Agronomia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Campus Petrolina Zona Rural. Especialista em agronomia pela faculdade FAVENI. Mestre em Agronomia: Horticultura Irrigada, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III, Juazeiro, BA . Doutorando em Ciências agrárias pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Técnico em Zootecnia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Campus Petrolina Zona Rural. Atualmente estou trabalhando na Linha de pesquisa: Propagação e manejo cultural de plantas. Possui experiência técnica, científica e acadêmica,com atuação em elaboração de diversos projetos, análises laboratoriais e docência no curso superior e técnico. Possui experiência em aulas Práticas realizadas no Laboratório de Bilogia Vegetal, atuando nas atividades das disciplinas Anatomia Vegetal, Fisiologia Vegetal, Botânica Sistemática e Plantas Medicinais.Possui experiência em Laboratório de Informatica, e de acervo de biblioteca. Possui o curso em Educação Inclusiva com ênfase em LIBRAS- Pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Campus Petrolina Zona Rural. Estagiei no laboratório de análise de sementes atuando na área de germinação,emergência de radícula vigor, pela Embrapa semiárido. Atualmente desenvolvir projetos na área de Ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica. Possui experiência na áreas de conhecimento de plantas medicinais: resgatando e reconhecendo as práticas populares e tradicionais de uso de plantas medicinais e remédios caseiros.Compilando informações relevantes sobre o uso das plantas medicinais e indicando e orientando sobre o uso correto das plantas medicinais e fitoterápicos segundo a ANVISA. Publicou artigos em periódicos especializados e vários trabalhos em anais de eventos, na forma de resumos, resumos expandidos e artigos completos. Possui 8 capítulos de e-books publicados. Faço parte do grupos de pesquisa de Ecofisiologia e Taxonomia das Plantas da Caatinga coordenado pela Professora Dra. Flávia Cartaxo Ramalho Vilar atuando nas linhas de pesquisa, Educação ambiental no campo,Biodiversidade da flora da caatinga: Florística e Fitossociologia, Plantas medicinais: ecologia, anatomia, taxonomia, fitoquímica e farmacobotânica e a extensão rural e o desenvolvimento sustentável. 139 Ciência das Plantas: desafios e potencialidadesem pesquisa - ISBN 978-65-5360-349-3 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br A Alelopatia: 99 Andiroba: 121, 122, 123, 124, 125, 128, 134, 136 B Biodiversidade: 46, 53, 54, 56, 61, 64, 86, 87 C Cerrado: 41, 48, 54, 60, 64, 86, 87, 88, 92, 96, 111 Chave Analítica: 67, 68, 83 Cidades: 28, 29, 33, 87, 96, 97 Conservação da Biodiversidade: 53, 56, 61, 87 Crioprotetores: 37, 40, 42, 43, 45, 46, 47 Cucurbitaceae: 12, 25, 105 D Diversidade: 21, 25, 27, 30, 32, 54, 55, 65, 86, 87, 91, 97, 99, 101, 104, 105, 110 E Ecologia Funcional: 53 F Fisiologia de Sementes: 12, 24 Flora Urbana: 86, 92 Florestas Urbanas: 28, 29 G Germinação: 12, 17, 18, 20, 22, 24, 25, 46, 49, 100, 107 I Identificação Botânica: 67 Illicium spp: 113, 114 Invasão Biológica: 99 M Manual de Identificação: 67 Mata Atlântica: 35, 41, 53, 54, 60 Mulateiro: 121, 122, 123, 124, 125, 128, 134, 135 P Planejamento Fatorial: 122, 124, 125, 126, 129, 130, 131, 133, 136 Planta Medicinal: 37 Preservação: 21, 22, 35, 37, 39, 41, 43, 45, 47, 92, 96 Produção: 12, 13, 14, 16, 17, 22, 24, 26, 31, 60, 61, 68, 96, 99, 100, 101, 107, 109, 110, 111, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 121, 124, 136 R Restinga: 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 62, 63, 64, 65 S Sabonete Líquido: 121, 122, 124, 136 U Urbanização: 28, 29 V Variabilidade Genética: 12, 21, 62 Vegetação: 28, 29, 30, 31, 33, 54, 58, 59, 61, 62, 63, 87, 88, 102 Vitrificação: 37, 42, 43, 44, 45, 46, 47 ÍNDICE REMISSIVO VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS www.editoracientifica.com.br | contato@editoracientifica.com.br científica digital https://twitter.com/EditoraCientfi1 https://www.youtube.com/channel/UCjN42grxlbW3gllZHhbxTqA https://www.editoracientifica.org mailto:contato%40editoracientifica.org?subject= https://www.facebook.com/editoracientifica https://www.instagram.com/editoracientifica/ 01 Características gerais e morfoagronômica do meloeiro: um estudo de revisão Teonis Batista da Silva Gênesis Alves de Azevedo Manoel Abílio de Queiróz Flávia Cartaxo Ramalho Vilar 10.37885/230513123 02 Composição e diversidade da arborização urbana de três bairros do município de Campos dos Goytacazes, RJ Wellington Rodrigues de Matos 10.37885/230512999 03 Criopreservação de plantas medicinais: uma revisão Roziane Pereira Paiva Mairon César Coimbra Ana Hortência Fonsêca Castro 10.37885/230513004 04 Estratégias ecológicas CSR de espécies dominantes em dunas móveis de Santa Catarina João Carlos Ferreira de Melo Júnior Heloísa Fagundes Salvador Gustavo Borba da Silva Bruna Brodbeck Rodrigo Dümes Chaves Cabral 10.37885/230412635 05 Identificação de Fabaceae (Leguminosae) forrageiras do IFSertãoPE Campus Petrolina Zona Rural Leonardo Feijó Cadena de Oliveira Filho Teonis Batista da Silva Flavia Cartaxo Ramalho Vilar 10.37885/230513127 06 Inventário florístico de um Parque Ambiental localizado no município de Anapurus, Maranhão, Nordeste do Brasil Mateus César Araújo Pestana Pedro Victor Cardoso dos Santos Mateus Monteles Vieira José Augusto dos Santos Silva Alessandra Vieira Monteles Maria Ildilene da Silva Maria Erika de Sousa Silva 10.37885/230412774 07 Levantamento, identificação e análise fitossociológica de plantas daninhas no cultivo do coentro (Coriandrum sativum L.) no Maranhão Mário Luiz Ribeiro Mesquita Ricardo Vitor Silva de Lima 10.37885/230513021 08 Produção de ácido chiquímico a partir de fontes alternativas ao Illicium spp. Marcus Barifouse Matallo Sydney Dionísio Batista de Almeida Daniel Andrade de Siqueira Franco Sonia Claudia do Nascimento de Queiroz Antonio Luiz Cerdeira 10.37885/230312549 09 Produção de sabonete líquido utilizando extratos de andiroba e mulateiro por meio da aplicação de planejamento experimental Rudyere Nascimento Silva Heloide de Lima Cavalcante 10.37885/230111799 SOBRE OS ORGANIZADORES ÍNDICE REMISSIVO