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ANÁLISE ESTRATÉGICA DE CUSTOS AULA 2 Prof. Allan Marcelo de Oliveira 2 CONVERSA INICIAL Olá, caro(a) aluno(a), chegamos à nossa segunda aula da disciplina de Análise Estratégica de Custos. Agora que você já passou pela primeira aula, está mais apto(a) dentro da área de custos, podendo aprofundar alguns outros aspectos com o objetivo de se preparar para atuar como contador(a) de custos. Vamos iniciar esta aula tratando sobre decisões de alocação dos custos fixos, que, como vimos, são aqueles que permanecem com valor igual, ou seja, não variam conforme o volume produzido, cabendo agora estudarmos como faremos a alocação desses custos aos produtos, pois há várias maneiras, como veremos no decorrer da aula. Seguindo a mesma vertente da alocação dos custos fixos, veremos que existem limitações para realizar essa alocação, que podem ser problemas se não conhecidas tais limitações, no entanto, conhecendo-as, a empresa pode ter vantagens nos processos de alocação dos custos fixos. Vamos, então, tratar sobre o custeio variável, que é um método de custeio que considera como custo apenas os custos variáveis, considerando os custos fixos diretamente no resultado, como se fossem despesas. Ainda sobre o método do custeio variável, explicaremos o motivo da não utilização desse método no balanço da empresa. Finalizaremos nossa aula estudando qual olhar deve ser aplicado sobre os custos fixos e os custos variáveis para elaborar o mix de produtos da empresa. Com esta aula, você estará mais preparado(a) para atuar com análise gerencial de custos. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Um dos primeiros passos para que a empresa possa seguir o caminho do sucesso é o correto cálculo de custos, pois cálculos distorcidos vão ocasionar decisões inadequadas, bem como divergentes dos objetivos da empresa. Então, as decisões de como calcular custos são essenciais. Naquilo que diz respeito aos custos variáveis, a gestão sempre tenta reduzi-los na escala unitária, uma vez que se elevam proporcionalmente ao volume produzido, tentando assim atacar o início do processo. Entretanto, os gestores buscam a redução dos custos fixos, tentando otimizar a utilização das áreas da empresa, como substituindo máquinas antigas por outras mais eficientes produtivamente e que 3 consumam menos energia. Esses são só exemplos simples, porém não basta apenas reduzir os custos fixos, é necessário saber como alocar esses custos, pois a alocação incorreta dos custos fixos pode subestimar o custo de um produto e superestimar o custo de outro, influenciando na formação do preço de venda. O produto que tiver o custo subestimado terá um preço de venda subestimado, assim como o custo superestimado terá um preço de venda superestimado, influenciando o resultado da empresa e, em casos extremos, a própria sobrevivência da companhia. Então, é importante para as indústrias saber como alocar os custos fixos e gerenciá-los de forma eficiente, buscando, em essência, reduzir suas bases unitárias. TEMA 1 – DECISÕES PARA ALOCAÇÃO DE CUSTOS FIXOS Como já estudamos, em conceito, custo é aquele gasto empregado na produção de um produto ou serviço. Ele pode ser fixo ou variável, conforme vimos: os custos variáveis variam de acordo com o volume de produção, com isso sabemos qual é o custo variável de cada produto, e os custos fixos são aqueles que, independentemente do volume produzido, mantêm-se constantes. No que se refere aos custos fixos, surge uma reflexão de como esses custos (fixos) serão alocados aos produtos. Surgem também alguns questionamentos que instigam a busca pela melhor decisão de alocação, tais como: Eu poderia me desfazer desses custos fixos? Como vou atribuir esse custo fixo ao produto? Será que devo utilizar só um critério ou mais que um critério para a alocação? Devo juntar todos os custos fixos para fazer alocação ou considerar cada custo fixo separadamente? Na cabeça dos gestores de indústrias, essas perguntas são frequentes, em especial a busca de tentar fazer com que os custos fixos deixem de existir, sendo até possível a redução, mas não o corte total. Para conseguir a redução dos custos fixos, a entidade deve atuar com mais eficiência e maior organização dos seus processos, buscando a otimização. Nakagawa (1991) já dizia que, para que aconteça a redução dos custos, é necessário atuar com foco em redução dos desperdícios, colaborando para a 4 empresa vencer a competição da concorrência, que só ocorre devido a melhoria da produtividade e qualidade da linha de produção da organização. Um desafio ainda proeminente nas empresas é a forma de tratar seus custos fixos. Para que a empresa atinja tais pontos de sucesso, são necessárias decisões adequadas, embasadas em informações precisas e atualizadas, compreendendo melhor as atividades da empresa, e uma dessas decisões é a alocação dos custos fixos. A alocação é denominada de rateio, pois o custo fixo será rateado aos produtos ou setores, considerando algum critério. Vários critérios de rateio podem ser a base para a alocação dos custos fixos, podendo haver o mais adequado para cada caso (Ribeiro, 2013). Escolher um critério é uma decisão crítica, pois cada vez mais as bases para apropriação vêm diminuindo, elevando o risco de erro por escolha de uma base inadequada. Com o tempo, os critérios que podem ser utilizados para realizar o rateio estão diminuindo, em grande parte devido à automação constante das empresas, que acaba alterando a estrutura de custos, elevando os custos fixos e reduzindo os custos variáveis, estes últimos que muitas vezes são utilizados como base de rateio. Sem muitas bases de rateio, a escolha se reduz a um número menor de opções, porém surge o problema de verificar o quão arbitrário ficará a alocação de custos por cada critério, tentando ao máximo minimizar essa arbitrariedade. Vamos agora verificar um exemplo de decisão de alocação do custo fixo. 1.1 Exemplo de alocação de custos A empresa Custos SA enfrenta problemas para alocação dos custos fixos e contratou você para realizar a tarefa de decidir como fazer isso e apresentar possíveis soluções. No Quadro 1, são apresentadas algumas informações sobre os produtos. Cada produto possui custo variável formado pela soma do valor da matéria-prima (MP) e da mão de obra direta (MOD). Então, para chegar ao custo variável unitário, soma-se MP e MOD. São apresentadas no quadro também as informações sobre quantas horas de MOD são necessárias para a produção de cada unidade de produto, bem como quantos quilos de MP são necessários para a produção de cada unidade de produto. 5 Quadro 1 – Custos de matéria-prima e de mão de obra Produto MOD/um MP/un Custo variável/un Quantidade produzida Horas de MOD / un Kg de MP / un X $ 800,00 $ 450,00 $ 1.250,00 1.000 unidades 29 h 30 Y $ 1.200,00 $ 360,00 $ 1.560,00 2.000 unidades 50 h 18,25 Z $ 1.000,00 $ 400,00 $ 1.400,00 2.000 unidades 33 h 15,50 Vemos no Quadro 1 o valor da mão de obra direta e da matéria-prima de cada unidade de produto – nesse caso, apenas mão de obra direta e matéria- prima são custos variáveis. Também vemos quantas horas de mão de obra e quantos quilos de matéria-prima são utilizados em cada unidade de produto. Os custos fixos são de $ 3.900.000,00 ao mês, composto pelos valores constantes no Quadro 2. Quadro 2 – Custos fixos mensais Custo fixo Valor Depreciação do prédio da fábrica $ 300.000,00 Salários da mão de obra indireta $ 1.800.000,00 Provisões para 13º e Férias dos salários $ 350.000,00 Encargos sobre os salários da mão de obra indireta $ 650.000,00 Provisão de encargos sobre 13º e férias $ 140.000,00 Energia elétrica $ 100.000,00 Depreciação das máquinas (linear) $ 560.000,00 Total de custos fixos $ 3.900.000,00 Vamos agora alocar os custosfixos de quatro formas diferentes para podermos analisar como as decisões de alocação (bases de rateios) podem influenciar no custo dos produtos. Já sabemos o custo variável unitário conforme consta no Quadro 1, agora vamos tratar dos custos fixos. 1.1.1 Rateio pela quantidade de horas de MOD 1º passo: X – 29 h/un x 1.000 un = 29.000 Y – 50 h/un x 2.000 un = 100.000 Z – 33 h/un x 2.000 un = 66.000 195.000 3.900.000 ÷ 195.000 = 20 2º passo: X – 29.000 x 20 = $ 580.000,00 Y – 100.000 x 20 = $ 2.000.000,00 Z – 66.000 x 20 = $ 1.320.000,00 6 Chegamos agora ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto. Para isso, basta dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. 3º passo: X – $ 580.000,00 ÷ 1.000 = $ 580,00/un Y – $ 2.000.000,00 ÷ 2.000 = $ 1.000,00/un Z – $ 1.320.000,00 ÷ 2.000 = $ 660,00/un Logo, para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário (Quadro 1) com o valor encontrado da alocação do custo fixo. 4º passo: X – $ 580,00 + $ 1.250,00 = $ 1.830,00 Y – $ 1.000,00 + $ 1.560,00 = $ 2.560,00 Z – $ 660,00 + $ 1.400,00 = $ 2.060,00 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. 1.1.2 Rateio pela quantidade de matéria-prima 1º passo: X – 30 kg/un x 1.000 un = 30.000 Y – 18,25 kg/un x 2.000 un = 36.500 Z – 15,5 kg/un x 2.000 un = 31.000 97.500 3.900.000 ÷ 97.500 = 40 2º passo: X – 30.000 x 40 = $ 1.200.000,00 Y – 36.500 x 40 = $ 1.460.000,00 Z – 31.000 x 40 = $ 1.240.000,00 Chegamos agora ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto e vamos dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida, mas já podemos ver que, alterando o critério de alocação, já há diferença no valor de custo fixo alocado a cada produto. 3º passo: X – $ 1.200.000,00 ÷ 1.000 = $ 1.200,00/un Y – $ 1.460.000,00 ÷ 2.000 = $ 730,00/un Z – $ 1.240.000,00 ÷ 2.000 = $ 620,00/un 7 Logo, para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário (Quadro 1) com o valor encontrado da alocação do custo fixo. 4º passo: X – $ 1.200,00 + $ 1.250,00 = $ 2.450,00 Y – $ 730,00 + $ 1.560,00 = $ 2.290,00 Z – $ 620,00 + $ 1.400,00 = $ 2.020,00 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Reparamos, já, na diferença entre os custos unitários ao final das alocações. 1.1.3 Rateio pelo valor do custo variável 1º passo: X – $ 1.250,00 x 1.000 un = 1.250.000 Y – $ 1.560,00 x 2.000 un = 3.120.000 Z – $ 1.400,00 x 2.000 un = 2.800.000 7.170.000 3.900.000 ÷ 7.170.000 = 0,543933 2º passo: X – 1.250.000 x 0,543933 = $ 679.916,32 Y – 3.120.000 x 0,543933 = $ 1.697.071,13 Z – 2.800.000 x 0,543933 = $ 1.523.012,55 Chegamos agora ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto e vamos dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Novamente, vemos a diferença dos custos atribuídos a cada produto. 3º passo: X – $ 679.916,32 ÷ 1.000 = $ 679,92/un Y – $ 1.697.071,13 ÷ 2.000 = $ 848,54/un Z – $ 1.523.012,55 ÷ 2.000 = $ 761,51/un Logo, para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário (Quadro 1) com o valor encontrado da alocação do custo fixo. 4º passo: X – $ 679,92 + $ 1.250,00 = $ 1.929,92 Y – $ 848,54 + $ 1.560,00 = $ 2.408,54 Z – $ 761,51 + $ 1.400,00 = $ 2.161,51 8 Chegamos, então, ao custo unitário do produto e, mais uma vez, temos diferença entre os custos unitários. 1.1.4 Rateio pelo valor mão de obra direta 1º passo: X – $ 800,00 x 1.000 un = 800.000 Y – $ 1.200,00 x 2.000 un = 2.400.000 Z – $ 1.000,00 x 2.000 un = 2.000.000 5.200.000 3.900.000 ÷ 5.200.000 = 0,75 2º passo: X – 800.000 x 0,75 = $ 600.000,00 Y – 2.400.000 x 0,75 = $ 1.800.000,00 Z – 2.000.000 x 0,75 = $ 1.500.000,00 Chegamos agora ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto e vamos dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Antes, utilizamos as horas de mão de obra, agora o valor da mão de obra, existindo diferença no valor dos custos atribuídos a cada produto. 3º passo: X – $ 600.000,00 ÷ 1.000 = $ 600,00/un Y – $ 1.800.000,00 ÷ 2.000 = $ 900,00/un Z – $ 1.500.000,00 ÷ 2.000 = $ 750,00/un Logo, para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário (Quadro 1) com o valor encontrado da alocação do custo fixo. 4º passo: X – $ 600,00 + $ 1.250,00 = $ 1.850,00 Y – $ 900,00 + $ 1.560,00 = $ 2.460,00 Z – $ 750,00 + $ 1.400,00 = $ 2.150,00 Chegamos, então, ao custo unitário do produto e, mais uma vez, temos diferença entre os custos unitários. Vejamos um quadro comparativo: Quadro 3 – Comparação entre os valores encontrados para os custos Critérios de rateio Qtd. horas MOD Qtd. kg de MP Custo variável Valor da MOD X $ 1.830,00 $ 2.450,00 $ 1.929,92 $ 1.850,00 Y $ 2.560,00 $ 2.290,00 $ 2.408,54 $ 2.460,00 9 Z $ 2.060,00 $ 2.020,00 $ 2.161,51 $ 2.150,00 Como podemos ver, a cada critério de rateio o custo unitário sofreu alteração, e essa é a realidade das empresas, então a escolha do critério de rateio é decisão crítica para uma apropriação de custos mais adequada, com menor nível de distorção impactando ao custo unitário. Caro(a) aluno(a), a decisão de alocação dos custos fixos é muito importante e vai impactar no custo unitário do produto, por isso deve ser bem pensada pela gestão da empresa. No próximo tema, vamos estudar sobre as limitações para a alocação dos custos fixos, percebendo alguns dilemas que acontecem dentro das empresas. TEMA 2 – LIMITAÇÃO NA METODOLOGIA DE ALOCAÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS/FIXOS Vimos no início da aula como podemos alocar os custos fixos aos produtos – tal alocação pode ser feita de diversas maneiras, sendo a escolha do contador/empresa o critério a ser utilizado. Como observamos, o procedimento de rateio dos custos fixos é relativamente simples de ser operacionalizado, porém, dentro desse processo, existe a subjetividade da escolha do critério, podendo ser decidida pela utilização de qualquer critério. Essa liberdade de escolha de bases de rateio acaba criando limitações para o processo, uma vez que uma gama enorme de possibilidades leva a inúmeros resultados diferentes. Cada resultado vai impactar nos custos unitários dos produtos: enquanto um critério pode carregar mais determinado produto (deixando-o mais caro), outro critério pode ter resultado diferente (deixando-o mais barato). Para que possamos ver como a escolha do método de alocação pode causar divergências significativas, vamos utilizar os dados dos exemplos que vimos sobre métodos de alocação. Quadro 4 – Divergências entre os métodos de alocação Critério Produtos X Y Z Horas de MOD Horas 29.000 100.000 66.000 CF/um $ 580,00 $ 1.000,00 $ 660,00 Kg de MP Kg 30.000 36.500 31.000 CF/um $ 1.200,00 $ 730,00 $ 620,00 10 Custo variável CV 1.250.000 3.120.000 2.800.000 CF/um $ 679,92 $ 848,54 $ 761,51 Valor da MOD $ MOD 800.000 2.400.000 2.000.000 CF/um $ 600,00 $ 900,00 $ 750,00 Observando o Quadro 4, podemos identificar que o custo fixo unitário se altera conforme o critério de rateio, podendo haver alteração menos significativa, como também variação mais drástica. Vejamos no gráfico para ficar mais claro. Gráfico 1 – Divergências entre os métodos de alocação Podemos identificar o quanto varia o valor do custo fixo alocado ao produto dependendo do critério utilizado. O produto X, por exemplo, utilizando as horas de MOD ou o valor da MOD, é o produto que recebe menor valor de custo fixo unitário, no entanto, se utilizarmos os kg MP, será o produto que terá maior carga dos custos fixos; enquanto o produto Y tem o valor de custo fixo reduzido se utilizarmos os kg de MP como critério e com os outros critériosdo exemplo recebe a maior carga de custo fixo por unidade produzida. O produto Z é aquele que sofre menor impacto pela troca do critério de rateio, pois sua variação unitária do menor para o maior valor é de R$ 141,51, enquanto Y varia até R$ 270,00, e X varia R$ 620,00. Essa variação do valor a ser alocado a cada produto causa a limitação da indústria em tentar escolher aquele critério que melhor vai refletir a utilização dos custos fixos por cada produto. R$- R$200,00 R$400,00 R$600,00 R$800,00 R$1.000,00 R$1.200,00 R$1.400,00 Horas MOD KG MP Custos Variáveis Valor MOD X Y Z 11 Cabe, então, à empresa conhecer seus processos, produtos e custos, podendo sempre aprimorar seus métodos de alocação dos custos fixos aos produtos, buscando evitar a sobrecarga sobre um produto, impactando também em seu preço de venda. A alocação dos custos fixos deve estar atrelada à estratégia de vendas da empresa para que a produção e as vendas tenham o mesmo objetivo. Alinhando os objetivos, é mais fácil alcançar o sucesso. TEMA 3 – ABORDAGEM DO CUSTEIO VARIÁVEL Ao se apurar o custo dos produtos, geralmente todos os custos são alocados aos produtos, sejam variáveis ou fixos. Os custos variáveis são diretos por natureza, de fácil identificação ao produto, bem como facilitam a apuração do custo. Já os custos fixos necessitam de algum critério para serem alocados aos produtos, e, conforme vimos anteriormente, pode haver as mais diversas formas de alocar esses custos aos produtos, cabendo sempre ao contador ter em mente que a escolha do método inadequado pode sobrecarregar algum produto com muitos custos, enquanto pode deixar outros com custos menores, distorcendo os reais gastos produtivos. Contrapondo os métodos que atribuem todos os custos aos produtos, surge o custeio variável, que é uma abordagem diferenciada. Bornia (2010) define o custeio variável como aquele em que apenas os custos variáveis e diretos são considerados como custo dos produtos, enquanto os custos fixos são considerados como custos do período, e não dos produtos. De forma sintética, esse tipo de custeio separa os custos fixos dos variáveis, visando ter uma perspectiva mais gerencial focada para as tomadas de decisões, pois é gerada informação interna da contabilidade para os usuários internos, uma vez que, independentemente da quantidade produzida de cada produto, ou preferência por um produto em detrimento a outro, os custos fixos não sofrem impacto, enquanto os variáveis são influenciados. Então, o custeio variável forma o custo apenas levando em conta os custos variáveis da produção, considerando os custos fixos como do período, e não dos produtos. Para que a empresa funcione, são necessários custos fixos, e essa abordagem trata que a empresa deve trabalhar para pagar esses custos fixos, posteriormente alcançando o lucro. 12 Martins (2010) defende que o fato de a escolha do método para alocar os custos fixos aos produtos ser uma situação arbitraria, que traz alto grau de subjetividade, faz com que essa alocação não tenha tanta utilidade para fins gerenciais e de tomada de decisão. O autor elenca três problemas em alocar os custos fixos aos produtos, conforme segue. O primeiro problema é que os custos fixos existem, a empresa produzindo volume maior ou menor, considerando que tais custos são muito mais um encargo para que a indústria tenha condições de produzir do que um valor gasto especificamente para produzir esta ou aquela unidade de produto. São necessários muitos outros gastos para que a indústria possa produzir dentro de uma capacidade instalada, que são os custos variáveis, que se elevam ou se reduzem conforme a produção (Martins, 2010). Tem-se como segundo problema da alocação dos custos fixos o fato de que esses custos não dizem respeito a esse ou àquele produto, então sua distribuição utiliza critérios de rateio com graus de arbitrariedade maior ou menor, conforme o caso. Percebe-se que as apropriações seguem fatores de influência, que muitas vezes não vinculam o custo a cada produto de forma adequada, visto que essa alocação acaba ocorrendo de maneira forçada. Ainda dentro do segundo problema, quando se altera o procedimento de distribuição de custos fixos, isso pode tornar um produto rentável em não rentável devido apenas a alocação dos custos fixos. Não havendo lógica em alterar a rentabilidade de um produto em função da alteração da forma do rateio, acaba sendo uma forma de se enganar (Martins, 2010). Por fim, o terceiro problema: o valor do custo fixo por unidade de produto vai depender da quantidade produzida. Elevando o volume produzido, o custo fixo será menor por unidade, enquanto o contrário também é verdadeiro, ou seja, reduzindo o volume produzido, o custo fixo por unidade será maior. Sempre será associado o custo à sua base global e ao volume. Enquanto analisando isso ao reduzir o volume de produção o custo fixo a ser atrelado ao produto vai elevar- se, logo o custo se altera em relação ao volume produzido. Sabendo que a indústria produz mais de um produto, além do volume a ser considerado como fator de variação do custo fixo alocado a cada unidade de produto, mas também a variedade de produtos fabricados, esses fatores definirão a carga de custo fixo de cada produto, e tais variações acabam prejudicando a tomada de decisão (Martins, 2010). 13 Vistos os problemas apontados por Martins (2010), a abordagem do custeio variável segue essa linha de considerar apenas os custos variáveis para formar o custo do produto. Vamos a um exemplo de Bornia (2010) para exemplificar o custeio variável. Exemplo 1: Supondo que a Empresa X, em um determinado período, produziu 80.000 unidades de um produto, os custos totais do período foram de $ 1.400.000,00, sendo que, desse total, $ 1.000.000,00 se referem a custos fixos, enquanto $ 400.000,00 são custos variáveis. Então, caro(a) aluno(a), como descobrimos o valor do custo de cada unidade de produto considerando o custeio variável? Temos como custo unitário o valor de $ 5,00 ($ 400.000,00/80.000), enquanto os outros $ 1.000.000,00 são considerados custo do período, e não dos produtos, por serem custos fixos. Analisando o exemplo, podemos diagnosticar que, caso tivessem sido considerados os custos fixos, o custo unitário seria de $ 17,50 ($ 1.400.000,00/80.000). O valor de $ 12,50 por unidade está sendo considerado do período. Pode até parecer um valor elevado, no entanto, se a produção for reduzida de 80.000 unidades para 50.000, por exemplo, o custo unitário, considerando o custeio variável, continua sendo de $ 5,00, porém o custo considerando os custos fixos o custo unitário seria de $ 25,00 ($ 1.250.000,00/50.000). Vemos que a carga de custo fixo ao produto se elevou devido à redução do volume produzido, sendo essa uma das ideias defendidas por Martins (2010), conforme vimos anteriormente. Vamos agora ver um exemplo com mais de um produto. Exemplo 2: Supondo que a Empresa Y, em um determinado período, produziu 2.000 unidades do produto Alfa e 2.000 unidades do produto Beta, os custos estão representados no Quadro 4. Quadro 4 Produtos Energia por unidade Custo unidade MP Custo unidade MOD Custo variável unidade Custo fixo do período 14 Alfa 2,50 7,40 3,50 13,40 6.000,00 Beta 3,00 5,60 5,50 14,10 Para encontrar o valor do custo variável por unidade, basta somar o valor da energia por unidade com o valor da MP e da MOD, chegando ao valor do custo variável unitário. Podemos ver que o custo variável unitário é de $ 13,40 para Alfa e de $ 14,10 para Beta. Se considerarmos os custos fixos alocados aos produtos, imaginemos que o critério de rateio seja a quantidade produzida, logo temos o seguinte: $ 6.000,00 ÷ 4.000 = 1,50. Alfa: 2.000 x 1,50 = 3.000,00. Beta: 2.000 x 1,50 = 3.000,00.Então, temos $ 3.000,00 para cada produto. Ao dividirmos esse total pela quantidade produzida, temos o valor de custo fixo a ser somado aos custos variáveis (3.000,00 ÷ 2.000 = 1,50). Agora, temos o custo por unidade produzida considerando os custos variáveis e custos fixos, tendo Alfa o custo unitário de $ 14,90, e Beta, o custo unitário de $ 15,60. Percebe-se a elevação do custo e, caso o volume produzido seja inferior às 2.000 unidades do exemplo para cada produto, vai elevar a carga de custo fixo por unidade, como também, se o volume aumentar, vai reduzir a carga desses custos. Essas mudanças de volume alteram o custo unitário quando consideramos os custos fixos, por isso no custeio variável não se consideram tais custos, pois, com os custos variáveis, apenas a avaliação de custo e a tomada de decisões ficam facilitadas. Identificando os custos variáveis, percebe-se que até mesmo a apuração é mais fácil por meio da abordagem do custeio variável, pois não necessitamos pensar em meios de alocação (bases de rateios) dos custos fixos. TEMA 4 – RAZÕES DO NÃO USO DO CUSTEIO VARIÁVEL NOS BALANÇOS Para a tomada de decisões, o custeio variável possui muito mais condições de fornecer informações mais rápidas e úteis para as empresas, bem como o resultado fornecido pelo seu método gera mais informações para a organização, devido ao fato de deixar os custos fixos de lado, atribuindo-os ao período, e não aos produtos (Martins, 2010). 15 Mesmo tendo uma utilidade perceptível, o custeio variável não pode ser utilizado nos Balanços Patrimoniais, pois os auditores não aceitam tal procedimento, bem como o Fisco também não o permite, principalmente devido à distorção que acontece no resultado no período de ocorrência dos custos fixos, que, ao serem apropriados ao período, iriam reduzir substancialmente o resultado. Outra vertente que explica o motivo de tal proibição são os princípios contábeis que norteiam a ciência contábil desde seu surgimento. Vejamos os princípios da competência, por exemplo. Eles tratam sobre o registro dos fatos no momento em que acontecem, então devemos apropriar receitas no período em que acontecem, deduzindo delas todos os sacrifícios envolvidos para sua obtenção (Martins, 2010). Então, ao produzir algo hoje, temos os custos de produção, que deverão ser atrelados a receitas futuras das vendas desses produtos fabricados hoje. Logo, nesse raciocínio, não seria correto atribuir todos os custos fixos às vendas de hoje, já que os produtos fabricados hoje serão vendidos amanhã, então os custos devem ser atribuídos amanhã, sejam custos variáveis ou custos fixos relativos aos produtos vendidos. A situação de não aceitação por auditores e pelo fisco se caracteriza principalmente por ferir a competência, visto também que teria influência no resultado do período e em outras apurações. A proibição de utilização em balanços não impede que a indústria utilize o custeio variável para finalidades de apurações internas, bem como em planejamento e tomada de decisões. Pode-se também dizer que as empresas não só podem, mas devem utilizar a abordagem do custeio variável para gerar informações para a tomada de decisões. TEMA 5 – AVALIAÇÃO DOS CUSTOS FIXO E VARIÁVEL NO MIX DE PRODUTOS A empresa, conhecendo seus custos fixos e variáveis, deve utilizar tais informações com a finalidade de planejar qual será o seu mix de produtos. O mix de produtos compreende a quantidade de cada tipo de produto que a indústria vai fabricar, com a finalidade de atender seus clientes, mas também buscando alcançar o maior lucro possível. Quando o mix de produtos é planejado, a informação de custos deve ser considerada, principalmente quando se tratar da busca por maior valor de lucro, 16 então cabe agora entender como os custos influenciam nos produtos, ou seja, qual é o valor dos custos fixos e variáveis dentro do custo de uma unidade de produto. Gomes e Santana (2015) relatam que devem ser utilizadas algumas perguntas para subsidiar a formação do mix, que são: Qual produto gera maior lucratividade? Existem restrições nos processos produtivos? Quais produtos ocupam mais as restrições do sistema? Qual volume de produção o mercado vai consumir? Qual é a produção necessária para obter lucro? Esses simples questionamentos podem guiar a formação do mix de produtos. Vamos, então, utilizar dados numéricos para buscar as respostas das perguntas. Uma determinada indústria pretende produzir 2.000 unidades do produto Alfa e 2.000 unidades do produto Beta. Os preços de venda e custos estão representados no Quadro 5. Quadro 5 – Preços de custos e venda dos produtos Alfa e Beta Produtos Preço de venda Energia por unidade Custo unidade MP Custo unidade MOD Custo variável unidade Custo fixo unidade Custo unitário Produto Alfa 18,20 2,50 7,40 3,50 13,40 1,50 14,90 Produto Beta 18,50 3,00 5,60 5,50 14,10 1,50 15,60 Se alocarmos os custos fixos baseados na quantidade produzida, teremos o custo unitário de $ 14,90 para Alfa e de $ 15,60 para Beta. Então, considerando esse aspecto, o produto Alfa oferece um “lucro” de $ 3,30, enquanto o do produto Beta é de $ 2,90. Em um primeiro olhar, a rentabilidade de Alfa é maior, e, mesmo se considerarmos o custeio variável, teremos o custo unitário de $ 13,40 para Alfa e de $ 14,10 para Beta. Ainda assim, Alfa oferece maior retorno, podendo ser priorizado no mix de produtos. Agora, pensando na segunda e na terceira perguntas, se houver alguma restrição nos processos, a prioridade poderá mudar. Percebe-se que Alfa utiliza mais matéria-prima, então, se houver restrição desse material, o mix poderá reduzir a produção de Alfa para poder produzir Beta, mantendo um equilíbrio na quantidade produzida, garantindo atender a demanda dos clientes por um produto ou outro. Situação oposta acontece caso tenha-se uma restrição de mão 17 de obra, que o produto Beta utiliza mais, também sendo necessário equilibrar a produção. Para o equilíbrio da produção, é necessário seguir a linha da quarta pergunta, verificando quanto o mercado vai consumir, pois não basta produzir para ficar gerando estoque ocioso: é necessário produzir e colocar no mercado, e o mix precisa contemplar a necessidade do mercado para atender os clientes e não manter estoque ocioso. Conseguindo atender a quarta pergunta, estamos muito próximos da resposta para a quinta pergunta, que é atingir produção que ofereça um lucro, ou seja, que os custos e despesas sejam cobertos e ainda se tenha lucro. As cinco perguntas se completam, pois devemos alinhar a rentabilidade dos produtos conhecendo as restrições do sistema produtivo, tirando maior proveito delas em prol da obtenção do lucro, bem como atender a necessidade do mercado, deixando clientes satisfeitos que comprarão novamente. TROCANDO IDEIAS Caro(a) aluno(a), vamos agora entrar no fórum e trocar ideias com seus colegas a respeito das situações descritas na sequência: a. Relacionado a alocação dos custos, qual seria um critério que você acha mais justo para realizar essa alocação? Por quê? b. Imaginando que 70% do total dos custos fixos corresponda a mão de obra indireta, seria interessante utilizar as horas ou o valor de mão de obra direta para alocar os custos fixos? Por quê? c. Supondo que 80% do total dos custos fixos corresponda a materiais indiretos, poderíamos pensar em utilizar a mão de obra direta, seja em horas ou valor, para alocar os custos fixos? Por quê? d. A alocação dos custos de maneira indevida pode prejudicar a rentabilidade dos produtos? Justifique. e. A alocação dos custos de maneira indevida pode prejudicar a estratégia de vendas da empresa? f. Se você fosse contratado por uma empresa para descobrir a melhor forma de alocar os custos fixos, como atuaria para superar as limitações impostaspor possíveis rateios arbitrários? 18 g. É possível utilizar critérios diferentes para alocar partes diferentes dos custos fixos? Explique. h. Como você explicaria sobre a importância do custeio variável para a tomada de decisões dentro de uma indústria? i. Mesmo não sendo autorizada a utilização em Balanços Patrimoniais, você utilizaria custeio variável em sua empresa com a finalidade gerencial? j. Qual é a importância do mix de produto para uma empresa? k. O erro na formação do mix de produtos pode prejudicar a rentabilidade da empresa? Como? NA PRÁTICA Querido(a) aluno(a), vamos agora praticar um pouco. Problema da empresa que não sabe como apurar custos Uma empresa não sabe como apurar seus custos, então lhe contratou para realizar tal tarefa. Dentre os pedidos da empresa, ela gostaria de saber qual é o custo do produto considerando sete tipos de metodologia de alocação dos custos fixos, bem como apurar o custo pelo custeio variável, formando assim um quadro comparativo para facilitar o entendimento dos proprietários. No Quadro 6, são apresentadas algumas informações sobre os produtos. Quadro 6 – Informações sobre os produtos Produto MOD/um MP/un Energia direta/um Quantidade produzida Horas de MOD / un Kg de MP / un Alfa $ 70,00 $ 75,00 $ 8,00 4.000 5 h 11,0 Beta $ 65,00 $ 66,00 $ 2,00 8.000 4 h 10,0 Gama $ 50,00 $ 90,00 $ 3,60 5.000 6 h 9,5 Delta $ 50,00 $ 74,00 $ 3,00 3.000 6 h 9,5 Observando o Quadro 6, temos informações dos valores dos custos variáveis, que são a mão de obra direta, a matéria-prima e a energia de cada unidade dos produtos. Também vemos quantas horas de mão de obra e quantos quilos de matéria-prima são utilizados em cada unidade de produto. Os custos fixos são de $ 300.000,00, composto pelos valores constantes no Quadro 7. Quadro 7 – Custos fixos Custo Fixo Valor Depreciação do prédio da fábrica $ 30.000,00 19 Salários da mão de obra indireta $ 120.000,00 Provisões para 13º e férias dos salários $ 24.000,00 Encargos sobre os salários da mão de obra indireta $ 40.000,00 Provisão de encargos sobre 13º e Férias $ 6.000,00 Energia elétrica indireta (iluminação da fábrica) $ 40.000,00 Depreciação das máquinas (linear) $ 40.000,00 Total de custos fixos $ 300.000,00 E agora, caro(a) aluno(a), por onde vamos começar para resolver o problema que a empresa nos deu? Lembrando, precisamos ratear de sete formas para alocar os custos fixos, então teremos sete custos unitários alocando os custos fixos de maneiras diferentes e também precisamos apurar o custo pela abordagem do custeio variável. Iniciaremos a apuração pelo custeio variável, assim já teremos o custo variável de cada produto, que também poderemos depois somar com o resultado de processo de alocação dos custos fixos. Custo unitário pela abordagem do custeio variável Para essa apuração, basta somar os custos variáveis do Quadro 6. Alfa: $ 70,00 + $ 75,00 + $ 8,00 = $ 153,00 Beta: $ 65,00 + $ 66,00 + $ 2,00 = $ 133,00 Gama: $ 50,00 + $ 90,00 + $ 3,60 = $ 143,60 Delta: $ 50,00 + $ 74,00 + $ 3,00 = $ 127,00 Como vimos durante a aula e agora, novamente, a apuração por meio da abordagem do custeio variável é muito fácil e ágil, basta alinharmos os custos variáveis, somá-los, chegando assim ao custo unitário do produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pela quantidade de horas de MOD Para que possamos alocar os custos fixos utilizando a quantidade de horas de MOD como critério, devemos utilizar as horas necessárias para elaborar uma unidade de produto, depois disso multiplicamos pela quantidade da produção daquele produto. Vejamos abaixo: Alfa – 5 h/un x 4.000 un = 20.000 Beta – 4 h/un x 8.000 un = 32.000 Gama – 6 h/un x 5.000 un = 30.000 Delta – 6 h/un x 3.000 un = 18.000 100.000 20 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 300.000 ÷ 100.000 = 3 Com o novo resultado, basta multiplica-lo pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. Alfa – 20.000 x 3 = $ 60.000,00 Beta – 32.000 x 3 = $ 96.000,00 Gama – 30.000 x 3 = $ 90.000,00 Delta – 18.000 x 3 = $ 54.000,00 Chegamos, agora, ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto. Basta dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 60.000,00 ÷ 4.000 = $ 15,00/un Beta – $ 96.000,00 ÷ 8.000 = $ 12,00/un Gama – $ 90.000,00 ÷ 5.000 = $ 18,00/un Delta – $ 54.000,00 ÷ 3.000 = $ 18,00/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário com o valor encontrado da alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 15,00 = $ 168,00 Beta – $ 133,00 + $ 12,00 = $ 145,00 Gama – $ 143,60 + $ 18,00 = $ 161,60 Delta – $ 127,00 + $ 18,00 = $ 145,00 Chegamos, então, ao custo unitário de cada produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pela quantidade de matéria- prima Para que possamos alocar os custos fixos utilizando a quantidade de matéria-prima como critério, devemos utilizar os quilos de MP necessários para elaborar uma unidade de produto, depois disso multiplicamos pela quantidade da produção daquele produto. Vejamos abaixo: Alfa – 11 kg/un x 4.000 un = 44.000 Beta – 10 kg/un x 8.000 un = 80.000 Gama – 9,5 kg/un x 5.000 un = 47.500 Delta – 9,5 kg/un x 3.000 un = 28.500 200.000 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 21 300.000 ÷ 200.000 = 1,5 Basta multiplicar o novo resultado pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. Alfa – 44.000 x 1,5 = $ 66.000,00 Beta – 80.000 x 1,5 = $ 120.000,00 Gama – 47.500 x 1,5 = $ 71.250,00 Delta – 28.500 x 1,5 = $ 42.250,00 Chegamos agora ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto, basta dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 66.000,00 ÷ 4.000 = $ 16,50/un Beta – $ 120.000,00 ÷ 8.000 = $ 15,00/un Gama – $ 71.250,00 ÷ 5.000 = $ 14,25/un Delta – $ 42.250,00 ÷ 3.000 = $ 14,25/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário com o valor encontrado da alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 16,50 = $ 169,50 Beta – $ 133,00 + $ 15,00 = $ 148,00 Gama – $ 143,60 + $ 14,25 = $ 157,85 Delta – $ 127,00 + $ 14,25 = $ 141,25 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pelo valor do custo variável Para que possamos alocar os custos fixos utilizando o valor do custo variável como critério, devemos utilizar o valor unitário do custo variável de cada produto e, depois disso, multiplicá-lo pela quantidade da produção daquele produto. Vejamos abaixo: Alfa – $ 153,00 x 4.000 un = 612.000 Beta – $ 128,00 x 8.000 un = 1.064.000 Gama – $ 143,60 x 5.000 un = 718.000 Delta – $ 127,00 x 3.000 um = 381.000 2.775.000 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 300.000 ÷ 2.775.000 = 0,108108 22 Então, basta multiplicar o novo resultado pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. Alfa – 612.000 x 0,108108 = $ 66.162,12 Beta – 1.064.000 x 0,108108 = $ 115.027,03 Gama – 718.000 x 0,108108 = $ 77.621,62 Delta – 381.000 x 0,108108 = $ 41.189,19 Chegamos, agora, ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto. Basta dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 66.162,12 ÷ 4.000 = $ 16,54/un Beta – $ 115.027,03 ÷ 8.000 = $ 14,38/un Gama – $ 77.621,62 ÷ 5.000 = $ 15,52/un Delta – $ 41.189,19 ÷ 3.000 = $ 13,73/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, é preciso somar o custo variável unitário com o valor encontradoda alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 16,54 = $ 169,54 Beta – $ 133,00 + $ 14,38 = $ 147,38 Gama – $ 143,60 + $ 15,52 = $ 159,12 Delta – $ 127,00 + $ 13,73 = $ 140,73 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pelo valor da mão de obra direta Para que possamos alocar os custos fixos utilizando o valor da mão de obra direta como critério, devemos utilizar o valor unitário da mão de obra direta, ou seja, o valor atribuído a cada produto, depois disso o multiplicamos pela quantidade da produção daquele produto. Vejamos abaixo: Alfa – $ 70,00 x 4.000 un = 280.000 Beta – $ 65,00 x 8.000 un = 520.000 Gama – $ 50,00 x 5.000 un = 250.000 Delta – $ 50,00 x 3.000 un = 150.000 1.200.000 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 300.000 ÷ 1.200.000 = 0,25 23 Tendo o novo resultado, basta multiplica-lo pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. Alfa – 280.000 x 0,25 = $ 70.000,00 Beta – 520.000 x 0,25 = $ 130.000,00 Gama – 250.000 x 0,25 = $ 62.500,00 Delta – 150.000 x 0,25 = $ 37.500,00 Chegamos agora ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto, bastando dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 70.000,00 ÷ 4.000 = $ 17,50/un Beta – $ 130.000,00 ÷ 8.000 = $ 16,25/un Gama – $ 62.500,00 ÷ 5.000 = $ 12,50/un Delta – $ 37.500,00 ÷ 3.000 = $ 12,50/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário com o valor encontrado da alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 17,50 = $ 170,50 Beta – $ 133,00 + $ 16,25 = $ 149,25 Gama – $ 143,60 + $ 12,50 = $ 156,10 Delta – $ 127,00 + $ 12,50 = $ 139,50 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pelo valor da matéria-prima Para que possamos alocar os custos fixos utilizando o valor da matéria- prima como critério, devemos utilizar o valor unitário da matéria-prima por produto, depois disso o multiplicamos pela quantidade da produção daquele produto. Vejamos abaixo: Alfa – $ 75,00 x 4.000 un = 300.000 Beta – $ 66,00 x 8.000 un = 528.000 Gama – $ 90,00 x 5.000 un = 450.000 Delta – $ 74,00 x 3.000 un = 222.000 1.500.000 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 300.000 ÷ 1.500.000 = 2 Então, basta multiplicar o resultado pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. 24 Alfa – 300.000 x 0,2 = $ 60.000,00 Beta – 528.000 x 0,2 = $ 105.600,00 Gama – 450.000 x 0,2 = $ 90.000,00 Delta – 222.000 x 0,2 = $ 44.400,00 Chegamos, agora, ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto, bastando dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 60.000,00 ÷ 4.000 = $ 15,00/un Beta – $ 105.600,00 ÷ 8.000 = $ 13,20/un Gama – $ 90.000,00 ÷ 5.000 = $ 18,00/un Delta – $ 44.400,00 ÷ 3.000 = $ 14,80/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário com o valor encontrado da alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 15,00 = $ 168,00 Beta – $ 133,00 + $ 13,20 = $ 146,20 Gama – $ 143,60 + $ 18,00 = $ 161,60 Delta – $ 127,00 + $ 14,80 = $ 141,80 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pelo valor da energia elétrica direta Para que possamos alocar os custos fixos usando o valor da energia elétrica direta como critério, devemos utilizar o valor unitário da energia elétrica direta de cada produto, depois disso o multiplicamos pela quantidade da produção daquele produto. Vejamos abaixo: Alfa – $ 8,00 x 4.000 un = 32.000 Beta – $ 2,00 x 8.000 un = 16.000 Gama – $ 3,60 x 5.000 un = 18.000 Delta – $ 3,00 x 3.000 un = 9.000 75.000 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 300.000 ÷ 75.000 = 4 Em seguida, basta multiplicar o resultado pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. Alfa – 32.000 x 4 = $ 128.000,00 25 Beta – 16.000 x 4 = $ 64.000,00 Gama – 18.000 x 4 = $ 72.000,00 Delta – 9.000 x 4 = $ 36.000,00 Chegamos, agora, ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto, basta dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 128.000,00 ÷ 4.000 = $ 32,00/un Beta – $ 64.000,00 ÷ 8.000 = $ 8,00/un Gama – $ 72.000,00 ÷ 5.000 = $ 14,40/un Delta – $ 36.000,00 ÷ 3.000 = $ 12,00/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário com o valor encontrado da alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 32,00 = $ 185,00 Beta – $ 133,00 + $ 8,00 = $ 141,00 Gama – $ 143,60 + $ 14,40 = $ 158,00 Delta – $ 127,00 + $ 12,00 = $ 139,00 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Custo unitário com alocação dos custos fixos pela quantidade produzida Para que possamos alocar os custos fixos utilizando a quantidade produzida como critério, devemos apenas somar a quantidade de cada tipo de produto. Vejamos abaixo: Alfa – 4.000 un Beta – 8.000 un Gama – 5.000 un Delta – 3.000 un 20.000 O resultado encontrado será o divisor dos custos fixos, conforme abaixo: 300.000 ÷ 20.000 = 15 Com o novo resultado, basta multiplicá-lo pelos valores respectivos de cada produto que formou o valor do divisor. Alfa – 4.000 x 15 = $ 60.000,00 Beta – 8.000 x 15 = $ 120.000,00 Gama – 5.000 x 15 = $ 75.000,00 Delta – 3.000 x 15 = $ 45.000,00 26 Chegamos, agora, ao valor total dos custos fixos a ser alocado a cada produto, bastando dividir o valor de custo fixo do alocado ao produto pela quantidade produzida. Alfa – $ 60.000,00 ÷ 4.000 = $ 15,00/un Beta – $ 120.000,00 ÷ 8.000 = $ 15,00/un Gama – $ 75.000,00 ÷ 5.000 = $ 15,00/un Delta – $ 45.000,00 ÷ 3.000 = $ 15,00/un Para chegarmos ao custo unitário do produto, basta somar o custo variável unitário com o valor encontrado da alocação do custo fixo. Alfa – $ 153,00 + $ 15,00 = $ 168,00 Beta – $ 133,00 + $ 15,00 = $ 148,00 Gama – $ 143,60 + $ 15,00 = $ 158,60 Delta – $ 127,00 + $ 15,00 = $ 142,00 Chegamos, então, ao custo unitário do produto. Quadro-resumo com todos os custos unitários apurados Finalizando a atividade, vamos pegar todos os custos unitários e elaborar o quadro-resumo solicitado. Custeio variável Alocações do Custo Fixo Qtd MOD Qtd MP Custo variável Valor MOD Valor MP Valor energia Qtd Prod. Alfa $ 153,00 $ 158,00 $ 169,50 $ 169,54 $ 170,50 $ 168,00 $ 185,00 $ 168,00 Beta $ 133,00 $ 143,00 $ 148,00 $ 147,38 $ 149,25 $ 146,20 $ 141,00 $ 148,00 Gama $ 143,60 $ 161,60 $ 157,85 $ 159,12 $ 156,10 $ 161,60 $ 158,00 $ 158,60 Delta $ 127,00 $ 145,00 $ 141,25 $ 140,73 $ 139,50 $ 141,80 $ 139,00 $ 142,00 Então, caro(a) aluno(a), observando o quadro-resumo, vemos que, alterando o método de alocação dos custos fixos, vamos alterar o custo unitário. Alguns métodos podem resultar em mesmo custo para o produto, já outros apresentam maiores divergências na carga de custo fixo por unidade produzida, bem como o custeio variável retorna o custo apenas referente àqueles que são variáveis, alocando os fixos ao período, e não aos produtos. FINALIZANDO Querido(a) aluno(a), chegamos ao final da nossa segunda aula, e cada vez mais você está aproximando-se de maior conhecimento sobre custos. Saiba que aprendizado é uma constante que nos traz cada vez mais sede de aprender. 27 Começamos nossa aula abordando decisões de alocação dos custos fixos, pois, como permanecem iguais independentemente da quantidade produzida, é necessário que haja algum meio de aloca-los aos produtos. Vimos, então, que alocação do custo fixo aos produtos acaba sendo uma decisão da administração, podendo ter alto grau de arbitrariedade, cabendo à gestãoescolher dentre inúmeros critérios qual será o utilizado para alocar os fixos aos produtos. Após termos aprendido a alocar os custos fixos, observamos que podem existir problemas para realizar tal alocação, pois a escolha incorreta do critério para alocação dos custos fixos pode sobrecarregar algum produto, o que vai implicar em elevação do preço de venda, podendo prejudicar sua venda. A escolha incorreta do critério de rateio poderá superestimar ou subestimar o custo de alguns produtos, devendo sempre a empresa ter noção dos processos que consomem os custos fixos para poder escolher o melhor critério, evitando tais problemas. Chegamos, então, à abordagem do custeio variável, que é um método de apuração de custos dos produtos levando em conta apenas os custos variáveis, considerando os custos fixos como do período, e não dos produtos. Essa abordagem facilita o processo de tomada de decisão dentro da organização, no entanto também tratamos do motivo para que esse método de custeio não possa ser utilizado nos Balanços Patrimoniais, pois tanto os auditores quanto o Fisco não aceitam tal abordagem, uma vez que, considerando a competência e alocando o custo ao período, e não ao produto, estaríamos ferindo o regime de competência. Fere-se esse regime devido a não confrontar o custo com a receita, já que, alocando ao período, não teria relação com a receita da venda do produto, e o correto é que o custo de fabricação, seja fixo ou variável, seja ligado à receita de venda que ele proporciona. Então, a não aceitação ocorre porque a alocação ao período vai penalizar o resultado do período não ligando a venda ao seu respectivo custo. Terminamos nossa aula tratando sobre como devemos olhar o mix de produtos. Verificamos que precisamos responder a cinco perguntas para decidir qual será o mix de produtos, desde perguntas relativas a rentabilidade de cada produto até sobre a demanda de mercado pelo produto, cabendo sempre avaliar as cinco perguntas para buscar o melhor mix, alcançando o maior lucro para a empresa. 28 REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Altas, 2010. GOMES, S. C.; SANTANA, F. R. Decisão na formação do mix de produto. Techoje, 2015. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Altas, 2010. NAKAGAWA, M. Gestão estratégica de custos: conceito, sistemas e implementação, JIT/TQC. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1991. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos: fácil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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