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HIGIENE DO TRABALHO I W B A 03 08 _v 1. 1 2 Flavio Augusto Carraro Joubert Rodrigues dos Santos Júnior São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 HIGIENE DO TRABALHO I 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) _________________________________________________________________________________________ Carraro, Flavio Augusto C313h Higiene do trabalho I/ Flavio Augusto Carraro, Joubert Rodrigues dos Santos Júnior - São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A. 2021. 77 p. ISBN 978-65-86461-99-2 1. Higiene. 2. Etapas da Higiene no trabalho I. Júnior, Joubert Rodrigues dos Santos. II.Título. CDD 363.11 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Fundamentos da higiene do trabalho ______________________________ 05 Agentes ambientais do trabalho ____________________________________ 21 Avaliação ocupacional do calor ______________________________________ 38 Trabalho em pressões anormais ____________________________________ 56 Ruído e a saúde do trabalhador _____________________________________ 73 Vibração ocupacional _______________________________________________ 92 Radiações relacionadas ao trabalho _________________________________ 110 HIGIENE DO TRABALHO I 5 Fundamentos da higiene do trabalho Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos Nesta aula, você estudará conceitos que, historicamente, relacionam-se à higiene no trabalho, derivados da 1ª Revolução Industrial (na Europa, séculos XVIII e XIX) e embasam as atividades até os dias atuais. Você conhecerá, de modo introdutório, as estratégias e metodologias para identificação dos agentes de risco, princípios e domínios da higiene do trabalho. Além disso, estudará como o profissional da segurança do trabalho precisa se instrumentalizar para melhorar condições e a saúde no trabalho. Objetiva-se, assim, os seguintes aspectos: • Estudar os conceitos essenciais relacionados à higiene ocupacional derivados do contexto histórico. • Entender sobre estratégias e metodologias para identificação dos agentes de riscos, princípios e domínios da higiene do trabalho. • Entender quais considerações devem ser feitas durante o reconhecimento, a avaliação e controle dos riscos ambientais, considerando todas as normas técnicas e sua vinculação aos agentes ocupacionais conforme documentos do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e seu papel como instrumento efetivo de prevenção à saúde e bem-estar do trabalhador. 6 1. Higiene ocupacional O termo higiene se define, essencialmente, por um conjunto de condições ou hábitos que conduzem ao bem-estar e à saúde, por meio do asseio e limpeza. Este, depende diretamente da conduta individual ou coletiva quanto à existência de hábitos saudáveis e associa-se à noção de equilíbrio entre o corpo, coletividade e seu meio. Esta percepção da higiene promotora do estado de equilíbrio e suporte à saúde é relativamente recente na abordagem no trabalho, e seus fundamentos surgiram a partir da 1ª Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX). Neste contexto histórico, houve significativas mudanças socioeconômicas decorrentes da mecanização dos processos produtivos e da exploração da mão de obra pelo capital, em que a grande massa de trabalhadores disponíveis, além de mal remunerados, encontravam-se em condições ambientais de trabalho pouco adequadas à higiene. O êxodo rural é resultado da concentração das indústrias na cidade. Além disso, o adensamento populacional cria, também, condições insalubres e ambientalmente nocivas na questão habitacional ao longo da 1ª Revolução Industrial. A máquina a vapor aumentou a escala e a velocidade da produção, a locomotiva facilitou a logística de escoamento dos produtos para novos mercados, e ambas agilizaram a mudança dos processos artesanais de produção para a manufatura industrial. Essa necessidade de agilidade, no “ritmo da máquina”, submeteu o trabalhador aos novos riscos ergonômicos e de acidente. Além disso, os novos processos de fabricação e novos materiais inseriram riscos adicionais, muitos dos quais somente se tornaram conhecidos depois de já ter havido consequências à saúde dos trabalhadores. A higiene ocupacional e coletiva encontra seus fundamentos de prevenção a partir do conhecimento da insalubridade nas indústrias e nas cidades deste momento histórico da industrialização. A ausência de 7 um aparato estatal assistencial ao trabalhador e a quase ausência de legislação e normas de prevenção foram características da 1ª Revolução Industrial. Assim, boa parte do que se discute em higiene ocupacional e coletiva hoje teve início nesse momento histórico. O termo higiene é mais comumente utilizado em ciências associadas à saúde (medicina, enfermagem etc.), aliado à ideia da prevenção. Em segurança do trabalho, trata-se do mesmo conceito, mas com uma abordagem multidisciplinar. Para exemplificar, esse conceito engloba: produtividade e condições de trabalho, organização dos processos (Administração, Engenharia de Produção, ergonomia), condições ambientais (Engenharia Civil e Arquitetura), legislação e normas (Direito), comportamento e cultura do trabalho (Psicologia, Administração e áreas associadas a gestão de pessoas e gestão da cultura organizacional), além de aspectos ligados a saúde (medicina do trabalho, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição etc.). Foi a partir da 1ª Revolução Industrial que se acentuou a preocupação sobre a criação de uma estrutura estatal assistencial, em um primeiro momento, tentando remediar a situação já instalada. Em um segundo momento, a higiene ocupacional, dado seu caráter multidisciplinar, contribuiu para a criação de diversos instrumentos, políticas, métodos destinados à proteção do trabalhador, focando em aspectos relacionados à saúde, à previdência, e na evolução de legislações e normas, muitas das quais fundamentam as normas atuais e em diversos países. A cultura de prevenção de um país é resultado do seu processo histórico de industrialização, e o detalhamento das legislações e normas relacionadas à saúde e segurança do trabalhador, pode ser um bom indicador, principalmente quando constantemente revisadas e amplamente assimiladas pela sociedade. Em países em que o processo industrial teve implantação primária (1780-1840), como os europeus, houve significativa evolução da 8 legislação e normas de segurança e emparelhamento do aparato estatal voltado a saúde do trabalhador. Nesses países, existe também uma maior adesão cultural por parte de empregados e empregadoresà prevenção No Brasil, o processo de industrialização era ainda embrionário em 1930, tendo urgência de adequação econômica para se adequar ao que estava acontecendo no mundo na época (entre Guerras, e o financiamento norte-americano). Nosso país (basicamente agrário) urbaniza-se rapidamente, e o parque fabril se consolida somente no meio da segunda metade do século XX, subjugando a questão da prevenção em detrimento ao lucro. Assim, comparando países europeus com o Brasil, nota-se que aparato estatal de assistência ao trabalhador (saúde, previdência e evolução das normas) é, de certo modo, incipiente nesse momento histórico. Evidência disto é a que a temática de segurança acontece subsequente a uma fase de industrialização (década de 1930), na qual o Ministério do Trabalho foi criado em 1941 por Getúlio Vargas e a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) surge pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, na qual se faz pela primeira vez a citação de segurança no trabalho. Trinta e cinco anos depois, surgem as Normas Regulamentadoras (NRs), criadas a partir da Lei Federal n° 6.514 de 1977. A referida lei alterou o Capítulo V, do Título II, da CLT, relativo à segurança e medicina do trabalho. As NRs foram efetivamente aprovadas pela Portaria MTb n. 3.214, em 08 de junho de 1978, depois de certa pressão internacional (Organização Internacional do Trabalho – OIT), o que coincide com a época em que a indústria brasileira se consolida (segunda metade do século XX). Nessa fase, ocorreu pressão da OIT, que cobrava do Brasil melhoramento das normas relacionadas à prevenção do trabalho e alinhamento conceitual, além de aplicação efetiva dos conceitos da higiene ocupacional. Assim, em 1986, em Luxemburgo, várias organizações e pesquisadores alinharam-se quanto à definição e o papel da higiene ocupacional, e Saliba (2011) sugere atenção quanto às 9 definições mais difundidas. A primeira definição é dada pela American Industrial Hygiene Association (AIHA): [...] ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. (SALIBA, 2011, p. 24) Outra definição da American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) é: [...] ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões ambientais originadas do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos da comunidade. (SALIBA, 2011, p. 24) Percebe-se, pelas definições expostas anteriormente, que há uma concordância na definição do papel da higiene ocupacional, visto que em ambas fica claro que esta se propõe a identificar/reconhecer, avaliar e controlar os riscos ambientais. Com isso, ao buscarmos a Norma Regulamentadora 09 (NR-09), percebe-se a congruência conceitual do papel da norma descrito no artigo 9.5.2 da NR-09: [...] Devem ser adotadas as medidas necessárias para a eliminação ou o controle das exposições ocupacionais relacionados aos agentes físicos, químicos e biológicos, de acordo com os critérios estabelecidos nos Anexos desta NR, em conformidade com o PGR. (BRASIL, 2020c) A NR-09 tem em seu escopo a preocupação de delimitar as responsabilidades do empregador em relação aos trabalhadores, quanto a reconhecer, avaliar e controlar os riscos ocupacionais, considerando todas as demais normas técnicas. Além disso, deve sobretudo articular a execução do PGR com o disposto nas demais Normas Regulamentadoras, em especial com o Programa de Controle 10 Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) previsto na NR-07 (BRASIL, 2020b). O PCMSO tem por diretrizes o artigo 7.3.1 da NR-07: [...] 7.3.1 - O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da organização no campo da saúde de seus empregados, devendo estar harmonizado com o disposto nas demais NR.. (BRASIL, 2020b). Em suma, o PGR tem caráter preventivo, atuando diretamente no ambiente e em seus parâmetros, e pode influir na cultura e hábitos dos trabalhadores (uso de equipamentos de proteção individual e coletiva – EPI e EPC), ao passo que o PCMSO já é a medida de contenção pois tem o papel do monitoramento da saúde do trabalhador. Em conjunto, esses dois instrumentos visam proteger o trabalhador e minimizar o passivo trabalhista. Um esclarecimento necessário refere-se à aplicação conforme art. 1.2.1 da NR-01 (BRASIL, 2020a) em que “As NR obrigam, nos termos da lei, empregadores e empregados, urbanos e rurais”. Quanto ao público, este deve ser observado tanto pelo Programa de Gerenciamento de Risco quanto pela PCMSO (NR-07) (BRASIL, 2020b). 1.1 Reconhecimento, avaliação e controle da higiene ocupacional Se o objetivo da higiene ocupacional é reconhecer, avaliar e controlar os riscos ambientais, é necessário entender cada uma dessas etapas: 1.1.1 Reconhecimento A etapa envolve o levantamento das variáveis relacionadas às condições ambientais do trabalho e, por este motivo, é necessário ir a fundo nos 11 processos, conhecer os materiais, produtos, métodos de trabalho, maquinários, ferramentas, instrumentos envolvidos, mapeando o fluxo de trabalho. Levanta-se a organização do layout das instalações, sendo que a organização e a quantidade dos trabalhadores envolvidos nos processos são essenciais. É uma etapa que precede um planejamento e uma metodologia a serem adotados, assim como a escolha dos equipamentos (calibrados) que irão lhe auxiliar na abordagem das fontes dos agentes de riscos ambientais. 1.1.2 Avaliação Se a etapa do reconhecimento é basicamente o levantamento de dados, na avaliação busca-se o refinamento destes, sob abordagem quantitativa e qualitativa, estabelecendo sua correlação com os parâmetros normativos, em que encontram-se os limites de tolerância e condições aceitáveis por norma. Pode-se subdividir em duas subetapas: 1. De campo ou higiene de campo: de caráter qualitativo, está diretamente relacionada à análise dos postos de trabalho e detecção das variáveis não mensuráveis. 2. Higiene analítica: toma por base valores quantitativos e amostrais, que subsidiarão cenários, produzidos em inferência estatística, que ressaltarão pontos prioritários de atenção para intervenção e mitigação de riscos. Sugere-se nova reavaliação (levantamento de dados póstumos) para verificação do controle dos riscos, confirmando a eficiência. 1.1.3 Controle A etapa de controle consiste nas ações efetivas de mitigação, extinção ou minimização dos efeitos das fontes geradoras de riscos ambientais, como segue: 12 Correlacionadas ao ambiente ou de impacto social: prioriza-se a intervenção nas fontes de maior impacto, que interferem no maior número de trabalhadores e, posteriormente, é feita a intervenção individualizada para aqueles com maior exposição individual. Medidas limitadoras ou administrativas: relacionam-se ao tempo de exposição e intensidade dos riscos ambientais, ou seja, pode-se, dentro dos limites de tolerância, propor carga horária diferenciada e o uso de equipamentos individuais de modo a atender parâmetros normativos. Equipamentos de proteção individual (EPIs): se o controle coletivo das fontes dos riscos ambientais não for possível, adota-se a mitigação complementar dos riscos pela adoção dos EPIs. Exames relacionados da medicina ocupacional: consiste em monitorar a vida laboral do trabalhador em todo seu percurso profissional dentro da empresa, com a realização de exames médicos periódicos (admissional, periódico e demissional), e verificação da efetividade das medidas mitigatórias. 1.2 Consideração sobre os agentes ambientais e o PGR O controle é a fase na qual acontece a ação de mitigação, e para que seja efetiva, carece de esforço contínuo, criando mecanismos de retroalimentação eenvolvendo investimentos, pois atua nas condições de agentes ambientais. Existe certa confusão conceitual quanto ao significado de perigo e risco por parte dos profissionais de segurança no trabalho. Perigo é algo inerente à natureza do elemento (altura, superfície quente etc.) e risco vem da interação com esta condição que se apresenta com a natureza do elemento. Quanto ao termo risco, deriva-se a ideia de ocorrência em função de acontecimentos eventuais, de interação, no qual está embutido certo grau de incerteza ou probabilidade de ocorrência, 13 mas, uma vez que ocorrem, são impactantes ao equilíbrio da saúde e segurança do ser humano e seu meio ambiente. Dá-se o nome de agentes de risco, ao que ou a quem atua, opera, ou altera a condição do trabalho ou condição ambiental associada ao risco. Entende-se como segurança do trabalho algo que tem a capacidade de causar desequilíbrio à saúde, interferir no bem-estar do trabalhador ou interromper a capacidade laboral. Quanto aos agentes de risco, dentro do enquadramento normativo brasileiro, mais especificamente para a composição do PGR conforme a NR-09, são exigidos obrigatoriamente a inserção dos agentes de risco quantitativamente mensuráveis, como é o caso dos riscos: físicos, químicos e biológicos. Não existe consenso por parte de profissionais de segurança do trabalho sobre a inserção dos riscos ergonômicos e de acidente dentro do PGR, visto que a NR-09, em seu item 9.2.1 (BRASIL, 2020c), relata: “As medidas de prevenção estabelecidas nesta Norma se aplicam onde houver exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos)”. Essa ausência de consenso deriva do fato de não existir nota técnica ou jurisprudência que verse sobre o assunto. Ademais, é decorrente da orientação – muitas vezes subjetiva – de auditores fiscais do trabalho que, em suas atividades fiscalizatórias, orientam a inserção dos riscos ergonômicos e de acidentes nas avaliações. Se for levado a termo o que está descrito na NR-09 (BRASIL, 2020c), no PGR bastariam apenas os riscos mensuráveis (químicos, físicos e biológicos). Porém, diversos profissionais de segurança no trabalho, por uma questão cultural e por precaução, descrevem os riscos ergonômicos e o de acidentes, adotando uma descrição qualitativa, já que sua quantificação nem sempre é possível por meio de aparelhos, e a identificação do fenômeno abre margem a subjetividade. 14 Desse modo, o PGR precisa sobretudo ser amplo, detalhado, dinâmico (revisado constantemente) e útil à função legal a qual se destina. Por este motivo, não se deve ficar restrito ao que está apenas descrito na NR-09 sobre os riscos ambientais (quantitativamente mensuráveis), mas também ter condições de “articular com as demais normas regulamentadoras” (BRASIL, 2020c). A incorporação dos riscos ergonômicos e de acidente é essencial para intercâmbio informacional com os demais instrumentos/documentos que normativamente são exigidos de uma empresa. A lista dos principais documentos derivados do PGR é a que segue: • PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. • PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário. • LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho. • PCA – Programa de Conservação Auditiva. • PPR – Programa de Proteção Respiratória. O Quadro 1 demonstra, em um levantamento rápido, em quais momentos sugerem-se tanto a identificação de riscos quantificáveis quanto qualificáveis, demonstrando, assim, pelas próprias normas, a importância de se considerar riscos ergonômicos e de acidente na composição do PGR. Alguns exemplos são listados. Quadro 1 – O PGR e a inserção de riscos ambientais ergonômicos e de acidentes Norma Relação NR-10–Segurança em instalações e serviços em eletricidade. Riscos de choques elétricos (acidentes) e outras normativas orientadas na NR 10. 15 NR -11–Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Risco de acidente com ascensores, elevadores de carga, guindastes, monta-carga, pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes e outros itens. NR-12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. NR 12–Máquinas e equipamentos: risco de acidentes com máquinas. NR 13 - Caldeiras, vasos de pressão e tubulações. Risco de acidentes com caldeiras. NR 14 – Fornos. Os riscos de acidentes com fornos em padarias e outros. NR 17 – Ergonomia. Os riscos de doenças osteomusculares como a LER/DORT. Fonte: elaborado pelo autor. 1.3 Metodologia e estratégias de amostragem de riscos ambientais Tão importante quanto identificar os agentes de risco e suas principais características, é desenvolver corretamente o levantamento, aplicando uma amostragem representativa do universo estudado. Falhas na amostragem interferem na definição dos cenários e, por conseguinte, dificultam a definição dos problemas. Em higiene ocupacional, por exemplo, correlacionamos ao mesmo tempo aspectos ambientais do trabalho e suas interações com o ser humano. Assim, o caráter descritivo simples no levantamento de dados ambientais talvez não seja suficiente para conseguir estabelecer a relação de causa e efeito. Em contrapartida, a individualização do levantamento por trabalhador pode exigir muito esforço e ter custo elevado, dificultando a identificação das dinâmicas interacionais prioritárias de intervenção. 16 Desta forma, os levantamentos dos agentes de risco e as condições de trabalho precisam estar conjugados em um levantamento do tipo analítico ou investigativo, priorizando traçar condutas típicas da rotina de trabalho, de modo a enquadrar em grupos de trabalhadores sob a mesma condição, intensidade e tempo de exposição aos agentes de risco uniformizando partes da amostra. A Figura 1 sugere quais os pontos de maior observação são essenciais analisar quanto à identificação dos riscos. Figura 1 – identificação de riscos Fonte: elaborada pelo autor. 17 Uma fase primordial no estudo de amostragem é a clara formulação do problema, em que consiste determinar o objeto de estudo, sendo que algumas estratégias podem ajudar no entendimento do problema, tais como: entrevistas, inspeções, listas de verificação, histórico de incidentes e acidentes e resultados de auditorias. Ao mesmo tempo em que esse processo facilita a delimitação de amostras, incorpora a percepção do risco por parte dos trabalhadores tornando-os pertencentes no processo do levantamento. Existe uma metodologia referenciada nas normas regulamentadoras denominada Grupo Homogêneo de Exposição (GHE), podendo ter variação nominal de Grupo Homogêneo de Exposição Similar (GHES). As normas que a englobam são: anexo 13-a da NR-15 (BRASIL, 2019a); NR-22 (BRASIL, 2019b), além de constar a Instrução Normativa n. 1 de, 20/12/1995 do MTE e reforçadas por diversas instruções normativas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A Figura 2 demonstra algumas características que precisam ser observadas para a definição de grupos homogêneos de exposição, considerando semelhanças quanto ao nível e intensidade, carga horária, utilização de mesmos equipamentos e medidas de proteção. Figura 2 – GHE/ GHES Fonte: elaborada pelo autor. 18 Assim, a definição de GHE está relacionada a um grupo de trabalhadores semelhantes quanto à exposição aos agentes de risco, de modo que seja representativo dentro de um universo de trabalhadores do mesmo grupo. Seu uso é preconizado pela NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health). Termos semelhantes também são encontrados, por exemplo, GES (Grupos de Exposição Similar), preconizado pela AIHA (American Industrial Hygiene Association). Porém, vamos utilizar a expressão GHE, que consta nas normas brasileiras. A adoção da metodologia de GHE contribui para a diminuição do número de amostras ao mesmo tempo em que define a tendência de exposição do grupo todo. Trata-se de uma metodologia facilitadora e financeira quando se refere ao levantamento dos riscos,pois ajuda a melhorar os processos de monitoramento periódico do risco conforme grupos de pessoas com as semelhanças descritas na Figura 2. E, ainda, é facilitadora da implantação de políticas de prevenção baseadas em EPIs e EPCs. Unidade de trabalho é um conceito diferente de GHE, pois, dentro dela, podem estar situados diferentes riscos e exposições. Sua caracterização é um pouco mais ampla, se considerarmos os seguintes critérios: • Identificação dos processos e operações comuns e diferentes dentro de uma mesma unidade de trabalho. Utilização dos insumos e seus processos de transformação da matéria-prima. • Definição e diferenciação ocupacional dos trabalhadores. Diferenciação dos trabalhadores que se encontram em desvios de função; variações quanto aos turnos de trabalho. • Número de amostras e subgrupos identificados dentro de uma mesma unidade de trabalho. • Fontes, trajetórias, agentes ambientais de risco e meios de propagação dos riscos ambientais que levará em consideração a 19 criticidade de exposição (intensidade e concentração dos agentes) neste processo, com relação ao fluxo do trabalho e à quantidade de pontos de levantamento e metodologia. • Levantamento numérico e frequência de agravos à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores, dão apoio à definição dos GHEs, pois confirma quais e quantos trabalhadores estão no grupo sob a mesma condição de risco. Caracterização do local de trabalho: o GHE somente faz sentido se estiverem sob a mesma condição, assim sendo, torna-se importante a caracterização da edificação ou trabalho em ambientes externos, assim como seus layouts. Vendrame (2011) sugere também uma otimização para o levantamento da amostragem, usando o conceito de Exposto de Maior Risco (EMR), que consiste na identificação, dentro dos grupos homogêneos, de trabalhadores sujeitos a uma exposição mais “intensa”, devido às condições ambientais. A ideia do pior caso, ou worst case, segundo Jaques (2014), seria considerar o indivíduo supostamente mais exposto do grupo. Assim, por meio da abordagem histórica, entendemos o surgimento de fundamentos da higiene ocupacional e alguns conceitos essenciais, do qual surgiram o que hoje consideramos sobre legislação e conhecimento das ciências relativas à segurança no trabalho. Pela abordagem normativa, entendemos a importância de instrumentos como PGR, , nuances normativas para sua confecção, a necessidade de uma postura crítica, bem como das metodologias e estratégias para sua confecção, dentre os quais GHE e EMR. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-01 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: MTPS, 2020a. 20 BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-07 – Programa de controle médico de saúde ocupacional. Brasília, DF: MTPS, 2020b. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, DF: MTPS, 2020c. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-15 – Atividades e operações insalubres. Brasília, DF: MTPS, 2019a. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração. Brasília, DF: MTPS, 2019b. FANTAZZINI, M. L. Módulos didáticos dos cursos básicos de higiene ocupacional e avançado de agentes físicos. São Paulo: Itsemap do Brasil, 2001. JAQUES, R. Curso de higiene ocupacional para resultados: módulo de higiene ocupacional. Rio de Janeiro: Universidade Petrobrás, 2014. LEIDEL, N. A.; BUSCH, K. A.; LYNCH, J. R. Ocuppational expusure sampling strategy manual. DHHS (NIOSH) Publication, Ohio, n. 77-173, jan.1977 – US. Disponível em: https://www.cdc.gov/niosh/docs/77-173/pdfs/77-173.pdf?id=10.26616/ NIOSHPUB77173. Acesso em: 17 jan. 2022. MENDONÇA, P. Curso de higiene ocupacional para resultados: módulo agentes físicos. Rio de Janeiro: Universidade Petrobrás, 2014. SALIBA, T. M. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 4. ed. São Paulo: LTr, 2011. SESI. Serviço Social da Indústria. Técnicas de Avaliação de Agentes Ambientais: Manual do Sesi. Brasília: SESI, 2007. VENDRAME, A. C. Agentes químicos – reconhecimento, avaliação e controle na higiene ocupacional. São Paulo: Ed. do Autor, 2011. https://www.cdc.gov/niosh/docs/77-173/pdfs/77-173.pdf?id=10.26616/NIOSHPUB77173 https://www.cdc.gov/niosh/docs/77-173/pdfs/77-173.pdf?id=10.26616/NIOSHPUB77173 21 Agentes ambientais do trabalho Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos Antes de darmos continuidade ao estudo da higiene do trabalho, é essencial dominar os conceitos, classificação e reconhecimento dos riscos associados ao ambiente de trabalho, estabelecendo a correlação entre as normas NR-09 – “Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes físicos, químicos e biológicos” (BRASIL, 2020c) e NR-15 – Atividades e operações insalubres (BRASIL, 2019b) para a correta execução PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), conforme recente atualização da NR-09 (BRASIL, 2020c) pela Portaria SEPRT n. 6.735, de 10 de março de 2020 (BRASIL, 2020d) (antigo PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Por este motivo, os objetivos desta unidade são: • Conhecer os conceitos a que estão relacionados a cada tipo de risco. • Reconhecer os riscos ambientais tomando por base sua classificação e suas características peculiares. • Compreender as correlações normativas em apoio à identificação dos riscos ambientais com os níveis de ação e limites de tolerâncias. 22 1. Conceitos A compreensão do que são os riscos ambientais, sua classificação e da definição se são quantificáveis ou qualificáveis permitirá desenvolver estratégias de identificação e metodologias para intervenção. Enquadram-se como quantificáveis os agentes físicos, químicos e biológicos, pois é possível medi-los (unidades de medidas). Os riscos ergonômicos e de acidentes classificam-se como qualitativamente identificáveis, pois baseiam-se na observação da interação direta entre o corpo humano e a fonte “agressora”. A identificação dos agentes de riscos ambientais é o ponto de partida basicamente para dois instrumentos, o mapa de risco e o PGR. O mapa de risco é uma representação gráfica que é resultado da percepção pelos trabalhadores e executada por representes destes (componentes da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, preconizado pela NR-05). Logo, sua função é comunicação/sinalização. O PGR, por sua vez, além de ser uma redação essencialmente técnica, visa cumprir requisitos normativos e pode ser ponto de referência jurídica em ações trabalhistas. Assim, deve ser desenvolvido por um profissional habilitado (engenheiro de segurança no trabalho), inclusive com termo de responsabilidade técnica (ART – engenheiros) ou Registo de Responsabilidade Técnica (RRT – arquitetos). Para confecção destes dois instrumentos, adotam-se as seguintes terminologias e cores de referência, conforme descritos no Quadro 1: 23 Quadro 1 – Riscos ambientais Classificação Tipos de riscos Mensuração metodologia / equipamentos utilizados Riscos físicos* Ruídos, temperaturas extremas, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade. Quantitativa feita por: Anemômetro: ventilação. Decibelímetro/dosímetro: som e sua intensidade. Luxímetro: iluminação e suas variáveis. Higrômetro: umidade. Monitor de IBUTG (Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo) e termômetro: temperatura. Medidores de radiação: ionizantes, não ionizantes. Sensores de pressão atm: hipobárica e hiperbárica. Riscos químicos* Substâncias, misturas ou produtos que podem entrar no organismo do trabalhador, nas formas de vapor, poeira, gases, fumos, neblinas, névoas. Quantitativa feita por: Explosímetro: substâncias inflamáveis. Bomba de amostragem: concentração. Identificaçãolaboratorial por amostra. https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html 24 Riscos biológicos* Bacilos, bactérias, fungos, protozoários, parasitas, vírus, entre outros. Quantitativa feita por: Grau de patogenicidade, estabilidade, virulência, modo de transmissão, endemicidade. Bomba de amostragem: concentração. Identificação laboratorial por amostra. Riscos ergonômicos** Levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho. Qualitativa feita por: Identificação por observação, entrevistas, inspeções, avalição estatística a partir de dados dos trabalhadores afetados etc. Fotografia, filmagem. Riscos de acidentes** Arranjo físico deficiente, máquinas, equipamentos e ferramentas operadas com defeito e usados indevidamente, não utilização de EPI, falta de manutenção, sinalização e proteção, situações, instalações elétricas improprias, situações que podem promover a proliferação de fogo, Condições de fadiga, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, entre outras situações causadoras de estresse físico ou psicológico. falta de treinamento, hábitos de risco etc. Qualitativa feita por: Identificação por observação, entrevistas, inspeções, avalição estatística a partir de dados dos trabalhadores afetados etc. Fotografia, filmagem. https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html 25 Nota de esclarecimento: * De acordo com a legislação brasileira, somente os agentes físicos, químicos e biológicos são caracterizados como agentes ambientais. ** São avaliados no âmbito de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, e não como riscos ambientais. Fonte: elaborado pelo autor. O mapa de risco, por meio das cores e classificações do Quadro 1, sinaliza visualmente os riscos, e está ligado a uma função educacional e de manutenção da cultura da prevenção. Assim, sua importância se dá a partir do momento que os trabalhadores se tornam parte do processo de identificação dos riscos, tendo a CIPA a responsabilidade sobre esse processo, conforme previsto pela NR-05 (BRASIL, 2019a). O mapa de risco é resultado da percepção dos riscos e anotação, em linguagem visual, que também serve como sinalização, em que se coloca o layout do setor/edificação, e relata os principais tipos de riscos contidos nos ambientes, associado à intensidade sugerida, de forma empírica. O PGR, por sua vez, é um documento que possui linguagem técnica, e fundamenta-se nas normas regulamentadoras para sua execução. Os dados são levantados por equipamentos (devidamente calibrados quando quantificáveis os riscos) ou por metodologias de levantamento, cientificamente consagradas (não quantificáveis). A Figura 1 a seguir é a exemplificação de como o mapa de risco pode ser executado: 26 Figura 1 – Mapa de risco Fonte: Backes e De Campos (2018). Outras formas de classificação quanto aos riscos ambientais facilitam as estratégias de identificação para o entendimento dos aspectos de ocorrência: • Quanto à natureza: correlacionados aos fenômenos de interação por meio físico, químico e biológico. • Quanto à concentração: grau de presença do elemento, quanto à concentração ou intensidade, normalmente relacionado a uma medida de referência ou ambiente. Possui unidade de medida, por exemplo: decibel (dB) para som; ou para soluções de produtos químicos; quantidades de agentes biológicos por uma 27 unidade padrão de quantidade de ar. A concentração ppm em massa, expressa a massa de soluto (disperso), em µg (micrograma), existentes em 1 g (1 milhão de µg) de solução. • Quanto à intensidade: alguns podem ser medidos em relação à sua quantidade pelo tempo e seus efeitos diretos no ser humano. • Quanto à exposição: ligados diretamente às consequências de sua exposição, sem necessariamente ser mensurados, é o caso de riscos de acidentes e ergonômicos. Em suma, pode-se entender como decorrentes da biomecânica do corpo humano e interação com o meio. Para atuação de mitigação diante dos riscos, é possível estabelecer ao menos três “zonas”. A Figura 2 demonstra simbolicamente o primeiro nível, que representa a fonte de risco em si, o segundo, a interação desta com o ambiente, e a terceira, a condição de recepção do próprio trabalhador. Figura 2 – Zonas de atuação sobre as condições de riscos Fonte: elaborada pelo autor. 28 O controle da fonte (1) trata-se de medidas que podem ser diretamente aplicadas à fonte de riscos. Dentre elas estão sua eliminação e substituição, podendo inclusive serem revistos os processos e materiais. Consiste em isolar, conter, enclausurar, utilizando barreiras na fonte em relação aos trabalhadores. A inclusão de métodos automatizados (robótica, controle remoto ou por computadores), pode auxiliar na separação entre a fonte e o trabalhador. O controle da trajetória no ambiente (2) consiste na atuação no meio transmissor e envolve, principalmente, estratégias que podem modificar condições do layout ou edificação. Basicamente se trata do distanciamento entre as fontes e os trabalhadores, de modo a controlar os meios de propagação, favorecendo a diluição ou dispersão dos agentes de risco, para deixá-los dentro de parâmetros normativos aceitáveis. O controle no trabalhador (receptor) engloba o melhoramento de rotinas administrativas associadas ao trabalho, de modo a propor a limitação do tempo de exposição e intensidade sob as quais os trabalhadores ficam na condição de risco. São mais restritivas quanto mais insalubre ou perigoso é o ambiente. Medidas de adoção de EPC (equipamentos de proteção coletiva) são prioritárias em relação à adoção de EPI (equipamento de proteção individual), mas são igualmente relevantes e obrigatórios na prevenção do trabalhador. Em termos de atuação, independentemente do risco, existe uma hierarquia quanto à busca da eliminação, substituição, redução e tratamento dos riscos ambientais pelas ações, conforme demonstra a Figura 3: 29 Figura 3 – Hierarquia de atuação sobre os riscos ambientais Fonte: elaborada pelo autor. O Quadro 2 busca exemplificar a correlação entre as zonas de atuação, ações que podem ser tomadas e, também, quanto à rotina diante de diferentes graus de prevenção e remediação, e tem objetivo meramente didático. 30 Quadro 2 – Zonas de atuação, ações, rotinas e a relação quanto ao grau de prevenção Zonas de atuação Ação Rotina Grau prevenção/ remediação 1–Fonte Eliminação. 1 – Prevenção. Substituição. Fonte ou modificação do processo. Automação 2 – Substituição (aplicação recursos de engenharia). Isolamento/ contenção / enclausuramento. 2–Ambiente Configuração espacial e condições ambientais do controle dos parâmetros ambientais (layout). 3–Trabalhador Programação do trabalho e boas práticas. 3 – Controle (procedimentos administrativos). Procedimentos operacionais. Equipamento de proteção individual (EPI). 4 – Tratamento de riscos secundários. Obs.: o sentido da seta na coluna grau de prevenção e remediação está mostrando qual sentido estará mais propenso as zonas de atuação, ação e rotina. Fonte: adaptado de Cruz et al. (2020). 31 2. A NR 09 e a NR 15 e demais referências O item 9.1.1 da NR 09 (BRASIL, 2020c) descreve que: [...] esta Norma Regulamentadora–NR estabelece os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos–PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de prevenção para os riscos ocupacionais. (BRASIL, 2020c, [s.p.]) A NR-09 (BRASIL,2020c), no entanto, é descritiva em sua essência, porém, sugere a adoção de que o mapa de risco é o ponto inicial da investigação ambiental, já que os riscos e suas principais características, são qualitativamente levantados, e complementa nas disposições finais que: 9.6.1 Enquanto não forem estabelecidos os Anexos a esta Norma, devem ser adotados para fins de medidas de prevenção: a) os critérios e limites de tolerância constantes na NR-15 e seus anexos; b) como nível de ação para agentes químicos, a metade dos limites de tolerância; c) como nível de ação para o agente físico ruído, a metade da dose. (BRASIL, 2020c) Mesmo definindo os riscos, a NR-09 (BRASIL, 2020c) não contém parâmetros e limites de forma expressa. Por esse motivo, é necessário se amparar nos parâmetros e limites de exposição dos riscos ambientais da NR-15 . Desse modo, e com base nos dados contidos na NR-15, o PGR descreve quantitativamente os riscos contidos nos ambientes de trabalho e determina a ação de mitigação ou de exposição limite (BRASIL, 2019b). A NR-15 descreve as atividades, operações e agentes insalubres, sendo que deve ser dada especial atenção aos limites de tolerância e níveis de ação. A norma se organiza em anexos quanto ao tipo de risco, e neles estão contidos parâmetros e limites de tolerância. Antes de seguirmos com o entendimento do que está contido na norma é essencial entender que limite de tolerância, segundo a norma regulamentadora, é “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a 32 natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (BRASIL, 2019b). O Quadro 3 demonstra quais são os riscos referentes à norma, que também são considerados atividades ou operações insalubres: Quadro 3 – Como são consideradas as atividades os anexos da NR-15 Como são consideradas as atividades ou operações insalubres. Número da norma e a que faz referência. - Acima dos limites de tolerância previstos nos anexos à NR-15. 1 (Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente). 2 (Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto). 3 (Limites de Tolerância para Exposição ao Calor). 5 (Limites de Tolerância para Radiações Ionizantes). 11 (Agentes Químicos cuja Insalubridade é caracterizada por Limite de Tolerância e Inspeção no Local de Trabalho). 12 (Limites de Tolerância para Poeiras Minerais). Nas atividades mencionadas nos anexos números: 6 (Trabalho sob Condições Hiperbáricas). 13 (Agentes Químicos). 14 (Agentes Biológicos). Comprovadas por meio de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos anexos números: 7 (Radiações Não Ionizantes). 8 (Vibrações). 9 (Frio). 10 (Umidade). Fonte: adaptado de NR-15 (BRASIL, 2019b). 33 É comum a confusão com os termos periculosidade e insalubridade; a diferenciação se dá já no âmbito normativo e quanto à atividade executada. Entretanto, para fins de entendimento e enquadramento normativo, atividades consideradas perigosas são regidas pela NR-16 (BRASIL, 2019c). São consideradas atividades ou operações perigosas as executadas com explosivos sujeitos a: a) degradação química ou autocatalítica; b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos e podem ser enquadrados operações de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel – dentro dos limites normativos da NR-16. A NR-16 surge a partir da Portaria GM n. 3.214, de 08 de junho de 1978, e a partir disto, houve revisões que, posteriormente, inseriram e ampliaram novas modalidades de atividades perigosas conforme descrito no Quadro 4 a seguir: Quadro 4 – Operações perigosas e anexos da NR-16 ANEXO 1 Atividades de operações perigosas com explosivos. ANEXO 2 Atividades de operações perigosas com inflamáveis. ANEXO 3 (aprovado pela Portaria MTE n. 1.885, de 02 de dezembro de 2013). Atividades de operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência físicas nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. ANEXO 4 (aprovado pela Portaria MTE n. 1.078, de 16 de julho de 2014). Atividades de operações perigosas com energia elétrica. ANEXO 5 (aprovado pela Portaria MTE n. 1.565, de 13 e outubro de 2014). Atividades perigosas em motocicleta. ANEXO (*) (adotado pela Portaria GM n. 518, de 04 de abril de 2003). Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas. Fonte: adaptado de Brasil (2019c). 34 A questão da insalubridade é algo que pode incutir no trabalhador doenças decorrentes de sua atividade laboral. A determinação da insalubridade não leva em conta somente parâmetros normativos, visto que entram na sua definição, além do tipo de atividade, a razão da natureza, a intensidade do agente, o tempo de exposição e os limites de tolerância. Em alguns tipos de risco, são consideradas também taxas de metabolismo durante a jornada (exposição ao calor). De acordo com o art. 189 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), insalubridade no trabalho são: Atividades ou operações que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (BRASIL, 1943). Quando falamos de taxas de metabolismo, fazemos referência à suscetibilidade individual, que é de difícil determinação. E do ponto de vista da legislação, ainda tem suscitado diversas discussões quando há demandas judiciais trabalhistas. Por conta das variáveis individuais, os laudos de insalubridade são os melhores instrumentos para sua identificação. O problema é que geralmente são feitos a posteriori, ou seja, quando o trabalhador já está fazendo o questionamento judicial, e não antes, quando se inicia a atividade laboral. Estes laudos precisam conjugar aspectos que podem ser levantados pela engenharia de segurança e pela medicina do trabalho, uma vez que precisa constar variáveis ambientais e aspectos da saúde do trabalhador. Uma vez constatada a condição de insalubridade, é necessário fazer a sua classificação. Com base no salário básico, como parâmetro de cálculo, conforme prevê art. 192 da CLT (BRASIL, 1943), deve ser inserido adicional de 40%, 20% e 10%, segundo os graus máximo, médio e mínimo, respectivamente. A questão do uso do salário como base de http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/clt.htm 35 cálculo, baseia-se nas categorias que, por força de lei, usam a convenção coletiva para sentença normativa, e se apoiam no salário profissional ou piso normativo. Mas, antes que seja feita a constatação de necessidade do adicional de insalubridade, conforme art. 191 da CLT (BRASIL, 1943), a empresa precisa aplicar primeiramente duas atitudes no sentido de eliminar ou neutralizar os agentes nocivos, são elas: 1. Adotar medidas para que a atividade ou o local fique no nível de tolerância. 2. Ceder ao colaborador equipamentos de proteção que diminuam a intensidade do agente nocivo. A identificação da insalubridade no Brasil, atualmente, em termos normativos, está corretamente amparada, mas criou-se uma cultura da admissão do risco insalubre pois é mais vantajoso economicamente. Melo (2013) analisando essa posição, discute do ponto de vista dos trabalhadores: O pagamento dos adicionais salariais, pela ignorância dos trabalhadores em relação aos riscos à saúde, leva estes muitas vezes a preferirem o pagamento, que é irrisório, mas, considerando que no caso de uma ação judicial recebem cinco anos atrasados e mais alguns, pelo tempo de demora no processo, no final das contas propiciam o pagamento de valores que nunca conseguiriam juntar de outra forma. Ou seja, de forma inconsciente os trabalhadorespreferem vender a sua saúde por preço vil a lutar por melhores condições de trabalho. (MELO, 2013, p. 208) Por parte dos empresários, a cultura da admissibilidade é também um fato que não pode deixar de ser considerado. Segundo Oliveira (2011, p. 164): No entanto, a exceção tornou-se a regra no Brasil. Em vez de eliminar a insalubridade na fonte ou de adotar medidas coletivas de neutralização, o 36 empresário prefere a solução mais cômoda, mais barata, porém a menos eficiente: fornecer o equipamento de proteção individual – EPI. Para o trabalhador, muitas vezes, o EPI é sinônimo de desconforto, incômodo que limita as percepções, causando, algumas vezes, até mesmo a sensação de insegurança. (OLIVEIRA, 2011, p. 164) Desta forma, desde a implantação dos adicionais de insalubridade, dentro da legislação brasileira e da jurisprudência criada a partir das discussões judiciais, percebe-se que a admissão do risco se tornou equivocado. Assim, muitas vezes a admissão do adicional de insalubridade é mais vantajosa quando a mitigação se torna onerosa financeiramente, ainda mais porque o cálculo se referencia sobre o salário mínimo, ao invés do salário total do trabalhador. Por parte do trabalhador, encara-se o adicional de insalubridade, como explica Oliveira (2011, p. 157): “atuando como anestésico para embaçar a percepção dos malefícios”. Geralmente, o trabalhador, de forma imediatista, interpreta que a remoção da condição de risco está diretamente atrelada à perda econômica, e à perda da aposentadoria em menor tempo de serviço. Deste modo, cria-se a cultura da monetização do risco ambos os lados (trabalhador e empresário) ao invés de se criar melhores condições de trabalho. A presente aula lhe introduziu os principais riscos ambientais, sua classificação e características essenciais, e foi possível verificar a relação entre a percepção de risco por parte dos trabalhadores e de como isto pode ajudar na identificação, pelo mapa de risco e sua importância em relação ao mapeamento criterioso do PGR (exigido pela norma NR-09 (BRASIL, 2020c). O entendimento dos riscos (natureza, concentração, intensidade, exposição) pode ajudar no entendimento das zonas de atuação, quanto ao controle na fonte, no meio (trajetória) e no trabalhador, além da necessidade da priorização da atuação quanto a eliminar, substituir, reduzir e tratar os riscos residuais. 37 Referências Bibliográficas BACKES, Bruna L. S.; CAMPOS, Roger F. F. Mapa de Risco: Elaboração e implantação em uma lanchonete localizada no município de Caçador, Santa Catarina, Brasil. InterfacEHS – Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade, [s.l.], v. 13, n. 1, jun./2018. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. BRASIL. Ministério da Economia. Portaria n. 6.735, de 10 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora n. 09 [...]. Brasília: Ministério da Economia, 2020d. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-01 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: MTPS, 2020a. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-05 – Comissão interna de prevenção de acidentes. Brasília, DF: MTPS, 2019a. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-07: Programa de controle médico de saúde ocupacional. Brasília, DF: MTPS, 2020b. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, DF: MTPS, 2020c. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-15 – Atividades e operações insalubres. Brasília, DF: MTPS, 2019b. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-16 – Atividades e operações perigosas. Brasília, DF: MTPS, 2019c. CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem holística: segurança integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação ambiental e desenvolvimento de pessoas. São Paulo: Atlas, 2007. CRUZ, Alexssandro R. et al. Hierarquia das Medidas de Controle. Comissão Permanente de Prevenção e Controle de Riscos Ambientais – CPPCRA. Alfenas: UNIFAL, 2020. Disponível em: https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/ node/24. Acesso em: 17 jan. 2020. GONÇALVES, Edwar A.; GONÇALVES, Danielle C. Manual de Segurança e Saúde no Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2000. MELO, Raimundo S. Direito ambiental do trabalho e saúde do trabalhador: responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, indenização pela perda de uma chance, prescrição. 5. ed. São Paulo: LTr, 2013. OLIVEIRA, Sebastião G. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: LTr, 2011 https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/node/24 https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/node/24 38 Avaliação ocupacional do calor Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Conhecer os conceitos relacionados aos agentes térmicos. • Entender quais as características relacionadas ao stress térmico e conforto térmico. • Desenvolver a capacidade de leitura dos critérios normativos e da legislação relacionada ao agente térmico. 39 1. Introdução Neste conteúdo de higiene do trabalho serão abordados conceitos relacionados ao agente térmico, às condições de estresse térmico e conforto térmico. Serão abordados, também, parâmetros, unidades de medição e os princípios de funcionamento dos equipamentos de medição. Respalda-se grande parte das discussões nos valores normativos quanto aos limites de exposição, focando nas medidas de prevenção e aplicação de proteção coletiva, de modo a evitá-los. Se por um lado o referenciamento normativo e da legislação ajudam no estabelecimento dos critérios de avaliação para promoção do conforto térmico, por outro lado é necessário entender os conceitos gerais relacionados à sobrecarga térmica (calor) e temperaturas baixas e seus efeitos sobre o corpo humano. Assim, torna-se necessário ter domínio sobre os meios de transmissão de calor e as técnicas de mediação. 2. Agente térmico A avaliação da temperatura relacionada ao trabalho consiste em entender a relação entre a fonte (calor/frio) e a suscetibilidade dos trabalhadores aos efeitos fisiológicos sobre o corpo humano. A temperatura é uma energia e se caracteriza pela maior ou menor velocidade de agitação de moléculas em um determinado meio (sólido, líquido ou gasoso) em comparação ao organismo. Quanto maior a agitação, maior será a temperatura, e, da mesma forma, quanto menor a agitação, menor será a manifestação desta energia. A correlação entre temperatura (ambiente) e os tipos de transmissão de energia é o que promove a sensação de calor e frio (corpo humano). Quando nos referimos à temperatura, trata-se de uma medida da velocidade das partículas atômicas. Já a transmissão de energia, diz respeito a esta 40 velocidade sendo transformada em diferentes meios. Quanto às formas de transmissão de energia térmica, sempre há a tentativa de que o corpo com maior energia se equilibre com um corpo que possui menos energia, conforme demonstra a Figura 1: Figura 1 – Transferência de calor entre corpos Fonte: elaborada pelo autor. A transmissão de energia acontece essencialmente pelos seguintes mecanismos: Condução: ocorre quando dois objetos sólidos entram em contato diretamente. A transferência do calor entre os corpos leva a agitação das moléculas; quanto maior for a porção em contato uma com a outra, e mais próxima da fonte de calor, sendo que isso ocorre em menor dimensão em meio líquidos e gasosos. Exemplo: ao se aproximar uma barra de metal de uma fonte de calor, a porção que está em contato direto com a fonte terá o aquecimento, e, à medida que se distancia, os efeitos serão menores. Convecção: ocorre com maior frequência em meios líquidos e gasosos os quais, quandoem contato com fontes de calor, sofrem alteração do nível de agitação das moléculas e, por consequência, da sua densidade 41 na parte em contato com o calor. Exemplo: chaleira com água, na qual a porção inferior se aquece, torna-se menos densa, e sobe, ao passo que a porção superior, mais densa, faz o movimento inverso. Irradiação: ocorre a transferência de energia por ondas eletromagnéticas ou ondas de calor a partir da fonte de calor, acontece geralmente em meios gasosos (ar que respiramos, por exemplo). Para exemplificar, é o calor sentido quando nos sentamos perto de uma fogueira. Os mecanismos de transmissão de calor podem ser observados na Figura 2: Figura 2 – Mecanismos de transmissão de calor por condução, convecção e irradiação Fonte: Silva ([s.d.], [s.p.]). Em síntese, calor torna-se mensurável, já que a temperatura altera a velocidade de vibração das partículas e moléculas dos meios de propagação, e por conseguinte dos corpos, ao menos em maior ou menor grau é objetiva a medida. O frio por sua vez, é uma sensação subjetiva que se orienta pela perda de calor e embora a temperatura possa ser um parâmetro 42 de medida, os mecanismos psicofisiológicos assimilarão correlação entre o meio ambiente (menor temperatura) e corpo humano (maior temperatura) por meio dos processos de transmissão de calor. 2.1 Efeito da temperatura no organismo e na saúde do trabalhador O ser humano obtém energia para atividades diárias por meio do metabolismo, no qual transformações químicas e processos físicos produzem a energia necessária para necessidades basais e de tarefas do dia a dia (de trabalho). O metabolismo basal direciona a produção de energia de suporte para operações elementares de sobrevivência tais como respiração, batimento cardíaco. O metabolismo não basal, ou seja, de trabalho, é acionado quando o ser humano desenvolve atividades diárias, em especial na movimentação da estrutura osteomuscular, sendo que as amplitudes dos movimentos podem variar em função das atividades que desenvolve, e o gasto energético irá variar na mesma proporção de que é exigido. O metabolismo (basal + de trabalho), irá trabalhar para que o corpo humano permaneça em temperatura estável entre 36,5 °C e 37,5 °C, sendo que o mecanismo termorregulador constantemente tentará compensar perdas e ganhos de calor com o meio. A variação de apenas 1 °C desta zona de conforto, em função dos limites, para mais ou para menos, poderá ocasionar o a tendência de superaquecimento (hipertermia) – acima de 38,5 °C, se ultrapassado o limite superior, e resfriamento (hipotermia) – abaixo de 35,5 °C – quando ultrapassar o limite inferior. A Figura 3 demonstra de forma simples estes limites: 43 Figura 3 – Temperatura corporal, zona de conforto, hipotermia e hipertermia Fonte: elaborada pelo autor. Assim, a transferência de calor ocorre pela busca do equilíbrio entre um corpo/objeto/meio de maior temperatura com outro de menor temperatura. Segundo Auliciems e Szokolay (1997 apud OLYGAY, 2007, p. 55), “a zona de conforto representa aquele ponto no qual a pessoa necessita consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente circunstante”. O conforto térmico corporal ocorre quando a temperatura interna é mantida entre 36,5 °C e 37,5 °C, havendo menor atividade metabólica e, por consequência, menor gasto energético. O estresse térmico, por sua vez, acontecerá quando o corpo humano, submetido a condições de frio e calor, ultrapassar os limites de 36,5 °C a 37,5 °C. Isso exige maior ação do mecanismo termorregulador, o qual buscará aumentar a atividade metabólica de modo a manter-se em temperatura correspondente à 44 zona de conforto. Já a fadiga por estresse térmico ocorre quando o metabolismo, usando todas as fontes de energia disponíveis, começa a priorizar a produção de energia para os órgãos vitais, em detrimento dos órgãos das atividades periféricas (os músculos, por exemplo), e, dependendo da situação, isto poderá inclusive levar o trabalhador à fatalidade. Segundo a norma da American Society of Heating, Refrigerating and Air- Conditioning Engineers – ASHRAE Standard 55, o conforto térmico pode ser definido como: Um estado ou condição de sentir satisfação com relação ao ambiente térmico em que a pessoa se encontra. Se o resultado das trocas de calor a que o corpo da pessoa se encontra submetido for nulo, e a temperatura da pele e suor estiverem dentro alguns limites aceitáveis, é possível dizer que a pessoa sente Conforto Térmico. (ASHRAE, 2020) A condição de perfeito equilíbrio entre o corpo do trabalhador e o meio ambiente do trabalho, de certo modo, está no campo teórico, já que na prática acontecerá o ganho ou a perda de calor pelo corpo nesta interação, ainda mais quando o corpo, em atividade laboral, trabalha em níveis energéticos diferenciados a depender da tarefa que desenvolve. Por este motivo consideraremos nas considerações duas situações: estresse térmico por frio e por calor. 2.1.1 Para tendência de estresse térmico por frio: Em uma condição de frio, o corpo humano busca manter a temperatura interna, por meio de mecanismo termorregulador, para evitar a hipotermia, e algumas modificações ocorrem para evitar a exaustão por frio, tais como: • Ocorre vasoconstrição, ou seja, internalização da irrigação sanguínea priorizando a irrigação aos órgãos vitais, como 45 coração e pulmões. Por conta deste direcionamento do fluxo, há diminuição do calibre dos vasos direcionados aos órgãos periféricos e aumento dos calibres dos vasos dos órgãos vitais. O metabolismo também sofre alteração, priorizando o consumo energético dos órgãos vitais em detrimento da parte periférica do corpo. A vasoconstrição diminui os suprimentos de nutrientes e oxigenação dos tecidos, em especial das musculaturas de mãos, braços, pés e pernas, causando arroxeamento ou mesmo formigamento, após contrações involuntárias da musculatura, pelo elevado gasto energético, porém sem o suprimento necessário. • Corpo trêmulo e contração dos músculos, ao mesmo tempo em que os músculos buscam promover o “isolamento térmico” por meio do fechamento das fibras musculares. Existe também a restrição de nutrientes e oxigênio pelos vasos sanguíneos, e, por meio destes movimentos intramusculares, ocorre uma condição energética favorável à manutenção da temperatura. • Piloereção (ereção dos pelos) consiste em criar “uma fina camada isolante de ar” por entre os pelos, que, abastecidos, pela energia produzida pelos músculos, buscam manter a perda de calor ao meio em menores níveis. 2.1.2 Para tendência de estresse térmico por calor Em uma condição de calor em excesso, o corpo humano busca manter a temperatura interna, para evitar a hipertermia, assim, o corpo poderá se comportar da seguinte maneira: • Haverá vasodilatação (os vasos se aproximarão da derme) e de modo periférico os vasos aumentam seus calibres, para que se busque resfriamento e melhoramento destas trocas térmicas. • Com a vasodilatação poderá ocasionar alteração da pressão arterial, o que pode levar à insuficiência no suprimento de oxigênio 46 dos tecidos e especial do córtex cerebral, e, por consequência, levar à falência de algumas funções vitais. • Acionamento das glândulas sudoríparas, em associação com a vasodilatação, é outra tentativa termorregulatória de resfriamento por evapotranspiração e pelos mecanismos de troca térmica (convecção, condução e irradiação) que o corpo naturalmente fará diante destas condições de calor. • A desidratação é um efeito colateral da sudorese, que de modo excessivo poderá alterar os parâmetros sanguíneos quanto ao seu volume, concentração e densidade, o que influi na pressão arterial. • Câimbras de calor decorrem da perda de água e sais minerais em função da sudorese. Os músculos deficitários destes nutrientes buscarão de forma disforme equalizar as reações químicas e compensar o gasto. 2.1.3 Variáveis influentes na temperaturado corpo Se a pele e o metabolismo são influentes sobre a regulação do corpo, não podemos deixar de considerar que a camada de roupa pode interferir neste processo de termorregulação seja para o calor ou para o frio. Nestes processos de interação homem e meio é preciso diferenciar quais são as variáveis humanas e as variáveis relacionadas ao meio onde o ser humano está inserido. Assim, conjuga-se o conhecimento dos princípios de transmissão de energia – condução, convecção e irradiação – para que se consiga prover ao trabalhador boas condições de trabalho, mitigando os efeitos da temperatura no corpo. Esta diferenciação e as relações de equilíbrio do corpo humano dependem de pelo menos sete parâmetros, conforme Quadro 1: 47 Quadro 1–As variáveis influentes sobre a temperatura do corpo humano Variáveis para observação da temperatura no corpo humano Dependência Metabolismo Variáveis relacionadas ao ser humano Temperatura da pele Roupa que usa Temperatura do ar Variáveis do ambiente que envolvem o corpo do indivíduo Umidade relativa Temperatura à superfície dos elementos no local envolvente Velocidade do ar Fonte: elaborado pelo autor. Já abordamos os princípios de transmissão do calor e as variáveis humanas, precisamos entender agora quais as variáveis relacionadas ao ambiente que podem influenciar as trocas de calor entre o indivíduo e seu meio, sem as quais não é possível avaliar o agente calor. São variáveis associadas ao ambiente de trabalho: • Temperatura do ar: afeta a perda ou ganho de calor do corpo humano, seja por convecção ou evaporação. • Umidade relativa: corresponde à quantidade de vapor de água constante no ar, depende do grau de saturação e interfere no mecanismo termorregulador do homem, ou seja, com a cessão ou não de água do corpo (sudorese) ao meio. Quanto mais saturado o ar, menor a troca, logo, menor capacidade de resfriamento. A incapacidade de resfriamento por evapotranspiração por períodos muito longos, pode ocasionar colapso das funções vitais (analogia: motor de um carro sem o arrefecimento). • Temperatura na superfície dos elementos no local envolvente: dá-se o nome de temperatura radiante à soma de todos os vetores 48 de calor produzidos nos objetos e corpos presentes no ambiente. Influencia o fluxo de calor (ganho ou perda) gerando graus de desconforto por calor ou frio. • Velocidade do ar: não tem a capacidade de abaixar a temperatura, no entanto, promove o arrefecimento devido à perda de calor por convecção e devido ao aumento da evaporação. O homem é um animal homeotérmico, ou seja, de sangue “quente”, pois sua temperatura está por volta dos 37 °C e, para sobreviver, precisa manter a temperatura nos limites do conforto ou próximo desta temperatura. Assim, as trocas seriam mínimas e atividade metabólica será maior quanto maior for a amplitude em relação 37 °C. 2.2 Normas de referência para análise do conforto térmico e estresse térmico Existe, como foi visto, uma zona de temperatura média que permite que o ser humano e seu metabolismo não sejam sobrecarregados. A avaliação por estresse térmico, quanto aos parâmetros mensuráveis, não é o problema, já que existem equipamentos para isto, já a observação dos efeitos no corpo humano (resposta psicofisiológica e psicossensoriais) é mais difícil já que os efeitos de exposição momentânea são diferentes quando exposto de forma contínua (exposição constante) ao estresse térmico. Além das variáveis dos ambientes, o tipo de trabalho e respectivo gasto energético deve-se, também, considerar o tempo de exposição. Podemos subdividir a investigação em dois grandes grupos de acordo com o tipo de ambiente que se está analisando, são eles: ambientes quentes – estresse por calor; e ambientes frios – estresse por frio. 49 2.2.1 Ambientes quentes – estresse por calor A avaliação do estresse térmico por calor carece de índices de avaliação, sobretudo os que interferem no aquecimento e no resfriamento corporal, e, segundo Auliciems e Szokolay (1997), não podem deixar de ser considerados: a) Relação de aceitação térmica. b) Taxa de suor estimada para 4 horas (P4SR). c) Índice de stress por calor (HSI). d) Índice de bulbo úmido e temperatura de globo (WBGT). e) Índice de tensão térmica (TSI). f) Índice relativo de tensão (RSI). g) Índice de stress térmico ou taxa requerida de suor (ITS). (AULICIEMS; SZOKOLAY, 1997, [s.p.]) Embora muitos destes índices sejam válidos e feitos a partir de condições de trabalho ambientais reais, normativamente é mais difundido o “índice de bulbo úmido e temperatura de globo (WBGT ou IBUTG em português)”. Este índice é diretamente ligado ao meio, enquanto o “índice de estresse térmico”, atualmente mais conhecido como “taxa requerida de suor (SWreq)” é medido a partir da atividade fisiológica do corpo humano, indiretamente ligado à taxa de metabolismo, mais comum de se encontrar nas normas. 2.2.2 Ambientes frios – estresse por frio A avaliação do estresse por frio consiste no entendimento das condições metabólicas de gasto de energia em função das trocas térmicas com o 50 meio, para manutenção do equilíbrio. Parte do processo das perdas de calor pode ser compensada pela adoção de vestimentas apropriadas, pois as interferências no meio nem sempre são possíveis. A maioria dos trabalhos, na realidade brasileira, normalmente se relacionam com as condições de calor (fornos, fundição, trabalho a céu aberto etc.), mas o frio, mesmo de forma mais restrita, também pode ocorrer (câmara frias por exemplo). Não sendo uma realidade brasileira, a maioria dos estudos são feitos em condições de países onde há a predominância natural desta condição ambiental. Assim, as normativas brasileiras tendenciosamente apenas subsidiam a condição de análise por calor. Holmér (1984) propõe o uso de “índice de isolamento requerido de vestimentas (IREQ)” no qual evidencia quais medidas podem ser tomadas, considerando a capacidade de isolamento das roupas para dar respostas psicossensoriais do corpo em relação ao frio. 2.2.3 Referenciamento normativo para o estudo de estresse térmico A parametrização de avaliação das condições ambientais associadas à temperatura subsidia-se nas normas descritas a seguir: ISO 7243 (ISO, 2017) – Ergonomics of the thermal environment — Assessment of heat stress using the WBGT (wet bulb globe temperature) index; em português, ergonomia do ambiente térmico – avaliação do estresse térmico usando o índice WBGT (temperatura do globo de bulbo úmido) → Estimativa do estresse por calor em trabalhadores, baseado no índice IBUTG (índice de bulbo úmido e temperatura de globo): é um método de rápido diagnóstico que leva em consideração o efeito médio do calor ambiental sobre o ser humano, considerando um período representativo (tempo) considerando sua atividade, não servindo para avaliação em tempos de curta duração. Obrigatoriamente só pode ser utilizada quando fora da zona de conforto (de 36,5 °C a 37,5 °C). 51 O anexo 3 da NR 15 – Limites de tolerância para exposição ao calor (alterado pela Portaria SEPRT n. 1.359, de 09 de dezembro de 2019) (BRASIL, 2019). → Fixa limites máximos de tempo que um trabalhador poderá ficar exposto, baseado no calor, no desempenho da atividade laboral. Para isto, faz uso do índice de IBTUG, relacionando o tipo de atividade com ciclos de trabalho e descanso, em função dos valores máximos de referência do IBUTG. ISO 7933 (ISO, 2004) – Ergonomics of the thermal environment – Analytical determination and interpretation of heat stress using calculation of the predicted heat strain (tradução: ergonomia do ambiente térmico – determinação analítica e interpretação do estresse térmico usando o cálculo da tensão de calor prevista). → Ambientes quentes – determinação analítica e interpretação do stress térmico, utilizando o cálculo da taxa requerida de suor – sugere um método de avaliação e interpretação do stress térmico a que uma pessoa está submetidadentro de um ambiente quente. Por meio do índice de taxa requerida de suor (SWreq), propõe o balanceamento térmico de modo a manter o equilíbrio da temperatura corporal. ISO 9886 (ISO, 1992) – Ergonomics – Evaluation of thermal strain by physiological measurements (tradução: ergonomia – avaliação de deformação térmica por medidas fisiológicas) → Avaliação da tensão térmica por meio de medições fisiológicas – propõe métodos para medição e interpretação de dados fisiológicos levando em consideração ambientes termicamente desfavoráveis (sugere limites aceitáveis das respectivas variáveis do ambiente) e para isto são considerados: temperatura interna do corpo, temperatura da pele, taxa cardíaca e perda de massa corporal. ISO 11079 (ISO, 2007) – Ergonomics of the thermal environment – Determination and interpretation of cold stress when using required clothing insulation (IREQ) and local cooling effects (tradução: ergonomia do ambiente térmico – Determinação e interpretação do estresse por 52 frio ao usar o isolamento de roupas necessário (IREQ) e os efeitos locais de resfriamento) → Avaliação de ambientes frios – toma por base a determinação do isolamento requerido das vestimentas (IREQ) e, para isto, verifica o estresse térmico associado à permanência em ambientes frios utilizando o índice IREQ. Considera condição de exposição contínua, intermitente ou ocasional em ambientes de trabalho externos e internos. NHO 06 Avaliação da exposição ocupacional ao calor (GIAMPAOLI et al., 2017) → Estabelece os procedimentos e critérios para a avaliação da exposição ocupacional ao calor, limites de exposição, assim como demonstra os meios de correções aos índices de bulbo úmido termômetro de globo (IBUTG). Faz considerações acerca das vestimentas dos trabalhadores, avaliações em ambientes externos e a céu aberto, e fornece requisitos para o julgamento das informações obtidas no levantamento. Além disso, fornece considerações sobre medidas preventivas e corretivas em favor da proteção do trabalhador. A observação das normas citadas é para aprofundamento dos estudos em uma situação futura, para evoluir no entendimento das variáveis que precisam ser avaliadas no estresse por calor e por frio. Dada condição das normativas brasileiras relacionadas e a avaliação da temperatura e as condições ambientais e clima brasileiros, tomaremos por base o estudo da ISO 7243 – ambientes quentes – pois a NR15 usa somente a estimativa de estresse por calor sobre o trabalhador, tomando por base a metodologia de IBUTG (bulbo úmido e temperatura de globo). 3. Os equipamentos, unidades de medida e limites normativos Como vimos, o estresse térmico depende diretamente da carga térmica interna do corpo (gasto metabólico) e das características ambientais do 53 trabalho (temperatura do ar, temperatura média radiante, velocidade do ar e umidade absoluta do ar). A metodologia de índice de IBTUG considera dois parâmetros ambientais: a temperatura do bulbo úmido ventilado naturalmente (tbun) e a temperatura de globo (tg). Em condições externas, sob condições de radiação solar, é necessário também o conhecimento da temperatura do ar (ta). A partir destes parâmetros ambientais consideramos as seguintes expressões IBUTG = 0,7.tbun + 0,3.tg - (em ambientes internos). IBUTG = 0,7.tbun + 0,2.tg + 0,1.ta - (em ambientes externos com radiação solar direta). Para efeito de variações espaciais e de tempo, considera-se os valores médios aferidos durante o levantamento, que, quando inseridos nas expressões acima, os resultados devem ser comparados com os valores de referência considerados na NR 15. Caso os valores resultantes ultrapassem os valores dos limites normativos, é possível o encaminhamento de ações. Ao longo deste material, foram descritos conceitos relacionados à temperatura e condição térmica de conforto e estresse térmico. Por meio dos mecanismos de transmissão de calor, o corpo interage com o meio ao qual está inserido, e, assim, por meio de mecanismos termorreguladores (metabolismo basal e de trabalho) tenta sempre alcançar condições psicossensoriais/psicofisiológicas, dentro da zona de conforto. Foi dado uma introdução também sobre as principais normas que referenciam o estudo das condições ambientais do trabalho e corpo humano, mas em função das normativas brasileiras estarem mais focadas nas condições de calor (estresse por calor), faremos o estudo considerando o índice de IBUTG para que consigamos entender esta metodologia e os limites estabelecidos pela NR 15. 54 Referências Bibliográficas ASHRAE. American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers. ASHRAE Standard 55 – Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy. ASHRAE Standing Standard Project Committee 55 Cognizant TC: TC 2.1, Physiology and Human Environment, 2020. Disponível em: https://www.ashrae.org/ technical-resources/bookstore/standard-55-thermal-environmental-conditions-for- human-occupancy. Acesso em: 17 jan. 2022. AULICIEMS, A.; SZOKOLAY, S. V. Thermal Comfort. PLEA: Passive and Low Energy Architecture International. Bisbane: PLEA Notes, 1997. p. 64. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-15 – Atividades e operações insalubres. Brasília, DF: MTPS, 2019. COUTINHO, A. S. Conforto e Insalubridade Térmica em Ambientes de Trabalho. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 1998. COUTO, H. A. Temperaturas Extremas. In: COUTO, H. A. Fisiologia do Trabalho Aplicada. Belo Horizonte: Ibérica, 1978. FANGER, P. O. Conforto Térmico: Análise e Aplicações em Meio Ambiente Engenharia. Nova Iorque; Londres: McGraw-Hill, 1970. FERREIRA, C. C.; SOUZA, H. A. de. Avaliação da aplicabilidade de índices de conforto adaptativo para o caso brasileiro. In: ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 12., 2013, Brasília. Anais [...]. Brasília: ENCAC, 2013. GIAMPAOLI, E. et al. NHO 06 – Avaliação da exposição ocupacional ao calor Procedimento técnico. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2017. GIVONI, B. Homem, clima e arquitetura. Barking: Applied Science, 1976. HOLMÉR, I. Required clothing insulation (IREQ) as an analytical index of cold stress. ASHRAE Transactions, [s.l.], v. 90, p. 1116-1128, 1984. ISO. International Organization for Standardization. ISO 7243: Ergonomics of the thermal environment – Assessment of heat stress using the WBGT (wet bulb globe temperature) index. 2. ed. Genebra: ISO, 2017. p. 18. ISO. International Organization for Standardization. ISO 7933: Ergonomics of the thermal environment – Analytical determination and interpretation of heat stress using calculation of the predicted heat strain. 2. ed. Genebra: ISO, 2004. p. 34. ISO. International Organization for Standardization. ISO 9886: Evaluation of thermal strain by physiological measurements. Genebra: ISO, 1992. p. 14. ISO. International Organization for Standardization. ISO 11079: Ergonomics of the thermal environment – Determination and interpretation of cold stress when using required clothing insulation (IREQ) and local cooling effects. Genebra: ISO, 2007. p. 34. https://www.ashrae.org/technical-resources/bookstore/standard-55-thermal-environmental-conditions-fo https://www.ashrae.org/technical-resources/bookstore/standard-55-thermal-environmental-conditions-fo https://www.ashrae.org/technical-resources/bookstore/standard-55-thermal-environmental-conditions-fo 55 OLIGAY. V. Conforto Térmico e Edificações – O que significa e qual a sua importância. 1973. Disponível em: http://www.jrrio.com.br/construcao-sustentavel/ pb-conforto-termico.html. Acesso em: 17 jan. 2022. OLYGAY, V. Design with climate. New Jersey: Princeton University Press, 1973. SILVA, Domiciano C. M. da. Processos de propagação de Calor. Brasil Escola, [s.l.], [s.d.]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/processo-propagacao- calor.htm. Acesso em: 17 jan. 2022. http://www.jrrio.com.br/construcao-sustentavel/pb-conforto-termico.html http://www.jrrio.com.br/construcao-sustentavel/pb-conforto-termico.html
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