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Higiene do trabalho_Leitura Digital

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HIGIENE DO TRABALHO I 
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1
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Flavio Augusto Carraro 
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
São Paulo 
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
HIGIENE DO TRABALHO I
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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Coordenador
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Revisor
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
_________________________________________________________________________________________ 
Carraro, Flavio Augusto
C313h Higiene do trabalho I/ Flavio Augusto Carraro, Joubert
Rodrigues dos Santos Júnior - São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A. 2021.
 77 p.
 
 ISBN 978-65-86461-99-2
 
 1. Higiene. 2. Etapas da Higiene no trabalho I. Júnior, 
Joubert Rodrigues dos Santos. II.Título. 
 
CDD 363.11 ____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
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por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
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SUMÁRIO
Fundamentos da higiene do trabalho ______________________________ 05
Agentes ambientais do trabalho ____________________________________ 21
Avaliação ocupacional do calor ______________________________________ 38
Trabalho em pressões anormais ____________________________________ 56
Ruído e a saúde do trabalhador _____________________________________ 73
Vibração ocupacional _______________________________________________ 92
Radiações relacionadas ao trabalho _________________________________ 110
HIGIENE DO TRABALHO I
5
Fundamentos da higiene do trabalho 
Autoria: Flávio Augusto Carraro
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
Nesta aula, você estudará conceitos que, historicamente, 
relacionam-se à higiene no trabalho, derivados da 1ª Revolução 
Industrial (na Europa, séculos XVIII e XIX) e embasam as 
atividades até os dias atuais. Você conhecerá, de modo 
introdutório, as estratégias e metodologias para identificação 
dos agentes de risco, princípios e domínios da higiene do 
trabalho. Além disso, estudará como o profissional da segurança 
do trabalho precisa se instrumentalizar para melhorar condições 
e a saúde no trabalho. Objetiva-se, assim, os seguintes aspectos:
• Estudar os conceitos essenciais relacionados à higiene 
ocupacional derivados do contexto histórico.
• Entender sobre estratégias e metodologias para 
identificação dos agentes de riscos, princípios e domínios 
da higiene do trabalho.
• Entender quais considerações devem ser feitas durante 
o reconhecimento, a avaliação e controle dos riscos 
ambientais, considerando todas as normas técnicas 
e sua vinculação aos agentes ocupacionais conforme 
documentos do PGR (Programa de Gerenciamento de 
Riscos) e seu papel como instrumento efetivo de prevenção 
à saúde e bem-estar do trabalhador.
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1. Higiene ocupacional
O termo higiene se define, essencialmente, por um conjunto de 
condições ou hábitos que conduzem ao bem-estar e à saúde, por meio 
do asseio e limpeza. Este, depende diretamente da conduta individual ou 
coletiva quanto à existência de hábitos saudáveis e associa-se à noção 
de equilíbrio entre o corpo, coletividade e seu meio. Esta percepção 
da higiene promotora do estado de equilíbrio e suporte à saúde é 
relativamente recente na abordagem no trabalho, e seus fundamentos 
surgiram a partir da 1ª Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX). Neste 
contexto histórico, houve significativas mudanças socioeconômicas 
decorrentes da mecanização dos processos produtivos e da exploração 
da mão de obra pelo capital, em que a grande massa de trabalhadores 
disponíveis, além de mal remunerados, encontravam-se em condições 
ambientais de trabalho pouco adequadas à higiene. O êxodo rural 
é resultado da concentração das indústrias na cidade. Além disso, 
o adensamento populacional cria, também, condições insalubres 
e ambientalmente nocivas na questão habitacional ao longo da 1ª 
Revolução Industrial.
A máquina a vapor aumentou a escala e a velocidade da produção, a 
locomotiva facilitou a logística de escoamento dos produtos para novos 
mercados, e ambas agilizaram a mudança dos processos artesanais 
de produção para a manufatura industrial. Essa necessidade de 
agilidade, no “ritmo da máquina”, submeteu o trabalhador aos novos 
riscos ergonômicos e de acidente. Além disso, os novos processos 
de fabricação e novos materiais inseriram riscos adicionais, muitos 
dos quais somente se tornaram conhecidos depois de já ter havido 
consequências à saúde dos trabalhadores.
A higiene ocupacional e coletiva encontra seus fundamentos de 
prevenção a partir do conhecimento da insalubridade nas indústrias e 
nas cidades deste momento histórico da industrialização. A ausência de 
7
um aparato estatal assistencial ao trabalhador e a quase ausência de 
legislação e normas de prevenção foram características da 1ª Revolução 
Industrial. Assim, boa parte do que se discute em higiene ocupacional e 
coletiva hoje teve início nesse momento histórico.
O termo higiene é mais comumente utilizado em ciências associadas 
à saúde (medicina, enfermagem etc.), aliado à ideia da prevenção. Em 
segurança do trabalho, trata-se do mesmo conceito, mas com uma 
abordagem multidisciplinar. Para exemplificar, esse conceito engloba: 
produtividade e condições de trabalho, organização dos processos 
(Administração, Engenharia de Produção, ergonomia), condições 
ambientais (Engenharia Civil e Arquitetura), legislação e normas (Direito), 
comportamento e cultura do trabalho (Psicologia, Administração e áreas 
associadas a gestão de pessoas e gestão da cultura organizacional), 
além de aspectos ligados a saúde (medicina do trabalho, Enfermagem, 
Fisioterapia, Nutrição etc.).
Foi a partir da 1ª Revolução Industrial que se acentuou a preocupação sobre 
a criação de uma estrutura estatal assistencial, em um primeiro momento, 
tentando remediar a situação já instalada. Em um segundo momento, a 
higiene ocupacional, dado seu caráter multidisciplinar, contribuiu para a 
criação de diversos instrumentos, políticas, métodos destinados à proteção 
do trabalhador, focando em aspectos relacionados à saúde, à previdência, 
e na evolução de legislações e normas, muitas das quais fundamentam as 
normas atuais e em diversos países.
A cultura de prevenção de um país é resultado do seu processo 
histórico de industrialização, e o detalhamento das legislações e 
normas relacionadas à saúde e segurança do trabalhador, pode ser um 
bom indicador, principalmente quando constantemente revisadas e 
amplamente assimiladas pela sociedade.
Em países em que o processo industrial teve implantação primária 
(1780-1840), como os europeus, houve significativa evolução da 
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legislação e normas de segurança e emparelhamento do aparato 
estatal voltado a saúde do trabalhador. Nesses países, existe também 
uma maior adesão cultural por parte de empregados e empregadoresà prevenção No Brasil, o processo de industrialização era ainda 
embrionário em 1930, tendo urgência de adequação econômica para se 
adequar ao que estava acontecendo no mundo na época (entre Guerras, 
e o financiamento norte-americano). Nosso país (basicamente agrário) 
urbaniza-se rapidamente, e o parque fabril se consolida somente 
no meio da segunda metade do século XX, subjugando a questão da 
prevenção em detrimento ao lucro. Assim, comparando países europeus 
com o Brasil, nota-se que aparato estatal de assistência ao trabalhador 
(saúde, previdência e evolução das normas) é, de certo modo, incipiente 
nesse momento histórico.
Evidência disto é a que a temática de segurança acontece subsequente 
a uma fase de industrialização (década de 1930), na qual o 
Ministério do Trabalho foi criado em 1941 por Getúlio Vargas e a CLT 
(Consolidação das Leis do Trabalho) surge pelo Decreto-Lei nº 5.452, 
de 1º de maio de 1943, na qual se faz pela primeira vez a citação de 
segurança no trabalho. Trinta e cinco anos depois, surgem as Normas 
Regulamentadoras (NRs), criadas a partir da Lei Federal n° 6.514 de 
1977. A referida lei alterou o Capítulo V, do Título II, da CLT, relativo 
à segurança e medicina do trabalho. As NRs foram efetivamente 
aprovadas pela Portaria MTb n. 3.214, em 08 de junho de 1978, depois 
de certa pressão internacional (Organização Internacional do Trabalho 
– OIT), o que coincide com a época em que a indústria brasileira se 
consolida (segunda metade do século XX).
Nessa fase, ocorreu pressão da OIT, que cobrava do Brasil 
melhoramento das normas relacionadas à prevenção do trabalho 
e alinhamento conceitual, além de aplicação efetiva dos conceitos 
da higiene ocupacional. Assim, em 1986, em Luxemburgo, várias 
organizações e pesquisadores alinharam-se quanto à definição e o 
papel da higiene ocupacional, e Saliba (2011) sugere atenção quanto às 
9
definições mais difundidas. A primeira definição é dada pela American 
Industrial Hygiene Association (AIHA):
[...] ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle 
dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a 
saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível 
impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. (SALIBA, 2011, p. 
24)
Outra definição da American Conference of Governmental Industrial 
Hygienists (ACGIH) é:
[...] ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou 
tensões ambientais originadas do, ou no, local de trabalho e que podem 
causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e 
ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos da 
comunidade. (SALIBA, 2011, p. 24)
Percebe-se, pelas definições expostas anteriormente, que há uma 
concordância na definição do papel da higiene ocupacional, visto que em 
ambas fica claro que esta se propõe a identificar/reconhecer, avaliar 
e controlar os riscos ambientais. Com isso, ao buscarmos a Norma 
Regulamentadora 09 (NR-09), percebe-se a congruência conceitual do 
papel da norma descrito no artigo 9.5.2 da NR-09:
[...] Devem ser adotadas as medidas necessárias para a eliminação ou o 
controle das exposições ocupacionais relacionados aos agentes físicos, 
químicos e biológicos, de acordo com os critérios estabelecidos nos Anexos 
desta NR, em conformidade com o PGR. (BRASIL, 2020c)
A NR-09 tem em seu escopo a preocupação de delimitar as 
responsabilidades do empregador em relação aos trabalhadores, 
quanto a reconhecer, avaliar e controlar os riscos ocupacionais, 
considerando todas as demais normas técnicas. Além disso, deve 
sobretudo articular a execução do PGR com o disposto nas demais 
Normas Regulamentadoras, em especial com o Programa de Controle 
10
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) previsto na NR-07 (BRASIL, 
2020b).
O PCMSO tem por diretrizes o artigo 7.3.1 da NR-07:
[...] 7.3.1 - O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de 
iniciativas da organização no campo da saúde de seus empregados, 
devendo estar harmonizado com o disposto nas demais NR.. (BRASIL, 
2020b).
Em suma, o PGR tem caráter preventivo, atuando diretamente no 
ambiente e em seus parâmetros, e pode influir na cultura e hábitos dos 
trabalhadores (uso de equipamentos de proteção individual e coletiva – 
EPI e EPC), ao passo que o PCMSO já é a medida de contenção pois tem 
o papel do monitoramento da saúde do trabalhador. Em conjunto, esses 
dois instrumentos visam proteger o trabalhador e minimizar o passivo 
trabalhista.
Um esclarecimento necessário refere-se à aplicação conforme art. 1.2.1 
da NR-01 (BRASIL, 2020a) em que “As NR obrigam, nos termos da lei, 
empregadores e empregados, urbanos e rurais”. Quanto ao público, este 
deve ser observado tanto pelo Programa de Gerenciamento de Risco 
quanto pela PCMSO (NR-07) (BRASIL, 2020b). 
1.1 Reconhecimento, avaliação e controle da higiene 
ocupacional
Se o objetivo da higiene ocupacional é reconhecer, avaliar e controlar os 
riscos ambientais, é necessário entender cada uma dessas etapas:
1.1.1 Reconhecimento
A etapa envolve o levantamento das variáveis relacionadas às condições 
ambientais do trabalho e, por este motivo, é necessário ir a fundo nos 
11
processos, conhecer os materiais, produtos, métodos de trabalho, 
maquinários, ferramentas, instrumentos envolvidos, mapeando o fluxo 
de trabalho. Levanta-se a organização do layout das instalações, sendo 
que a organização e a quantidade dos trabalhadores envolvidos nos 
processos são essenciais. É uma etapa que precede um planejamento 
e uma metodologia a serem adotados, assim como a escolha dos 
equipamentos (calibrados) que irão lhe auxiliar na abordagem das 
fontes dos agentes de riscos ambientais.
1.1.2 Avaliação
Se a etapa do reconhecimento é basicamente o levantamento de dados, 
na avaliação busca-se o refinamento destes, sob abordagem quantitativa 
e qualitativa, estabelecendo sua correlação com os parâmetros 
normativos, em que encontram-se os limites de tolerância e condições 
aceitáveis por norma. Pode-se subdividir em duas subetapas:
1. De campo ou higiene de campo: de caráter qualitativo, está 
diretamente relacionada à análise dos postos de trabalho e 
detecção das variáveis não mensuráveis.
2. Higiene analítica: toma por base valores quantitativos e 
amostrais, que subsidiarão cenários, produzidos em inferência 
estatística, que ressaltarão pontos prioritários de atenção para 
intervenção e mitigação de riscos. Sugere-se nova reavaliação 
(levantamento de dados póstumos) para verificação do controle 
dos riscos, confirmando a eficiência.
1.1.3 Controle
A etapa de controle consiste nas ações efetivas de mitigação, extinção 
ou minimização dos efeitos das fontes geradoras de riscos ambientais, 
como segue:
12
Correlacionadas ao ambiente ou de impacto social: prioriza-se a 
intervenção nas fontes de maior impacto, que interferem no maior 
número de trabalhadores e, posteriormente, é feita a intervenção 
individualizada para aqueles com maior exposição individual.
Medidas limitadoras ou administrativas: relacionam-se ao tempo de 
exposição e intensidade dos riscos ambientais, ou seja, pode-se, dentro 
dos limites de tolerância, propor carga horária diferenciada e o uso de 
equipamentos individuais de modo a atender parâmetros normativos.
Equipamentos de proteção individual (EPIs): se o controle coletivo 
das fontes dos riscos ambientais não for possível, adota-se a mitigação 
complementar dos riscos pela adoção dos EPIs.
Exames relacionados da medicina ocupacional: consiste em 
monitorar a vida laboral do trabalhador em todo seu percurso 
profissional dentro da empresa, com a realização de exames médicos 
periódicos (admissional, periódico e demissional), e verificação da 
efetividade das medidas mitigatórias.
1.2 Consideração sobre os agentes ambientais e o PGR
O controle é a fase na qual acontece a ação de mitigação, e para que 
seja efetiva, carece de esforço contínuo, criando mecanismos de 
retroalimentação eenvolvendo investimentos, pois atua nas condições 
de agentes ambientais.
Existe certa confusão conceitual quanto ao significado de perigo e risco 
por parte dos profissionais de segurança no trabalho. Perigo é algo 
inerente à natureza do elemento (altura, superfície quente etc.) e risco 
vem da interação com esta condição que se apresenta com a natureza 
do elemento. Quanto ao termo risco, deriva-se a ideia de ocorrência 
em função de acontecimentos eventuais, de interação, no qual está 
embutido certo grau de incerteza ou probabilidade de ocorrência, 
13
mas, uma vez que ocorrem, são impactantes ao equilíbrio da saúde e 
segurança do ser humano e seu meio ambiente.
Dá-se o nome de agentes de risco, ao que ou a quem atua, opera, ou 
altera a condição do trabalho ou condição ambiental associada ao risco. 
Entende-se como segurança do trabalho algo que tem a capacidade de 
causar desequilíbrio à saúde, interferir no bem-estar do trabalhador ou 
interromper a capacidade laboral. Quanto aos agentes de risco, dentro 
do enquadramento normativo brasileiro, mais especificamente para a 
composição do PGR conforme a NR-09, são exigidos obrigatoriamente a 
inserção dos agentes de risco quantitativamente mensuráveis, como é o 
caso dos riscos: físicos, químicos e biológicos.
Não existe consenso por parte de profissionais de segurança do trabalho 
sobre a inserção dos riscos ergonômicos e de acidente dentro do PGR, 
visto que a NR-09, em seu item 9.2.1 (BRASIL, 2020c), relata: “As medidas 
de prevenção estabelecidas nesta Norma se aplicam onde houver 
exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos)”.
Essa ausência de consenso deriva do fato de não existir nota técnica 
ou jurisprudência que verse sobre o assunto. Ademais, é decorrente da 
orientação – muitas vezes subjetiva – de auditores fiscais do trabalho 
que, em suas atividades fiscalizatórias, orientam a inserção dos riscos 
ergonômicos e de acidentes nas avaliações. 
Se for levado a termo o que está descrito na NR-09 (BRASIL, 2020c), 
no PGR bastariam apenas os riscos mensuráveis (químicos, físicos e 
biológicos). Porém, diversos profissionais de segurança no trabalho, 
por uma questão cultural e por precaução, descrevem os riscos 
ergonômicos e o de acidentes, adotando uma descrição qualitativa, já 
que sua quantificação nem sempre é possível por meio de aparelhos, e a 
identificação do fenômeno abre margem a subjetividade. 
14
Desse modo, o PGR precisa sobretudo ser amplo, detalhado, dinâmico 
(revisado constantemente) e útil à função legal a qual se destina. Por 
este motivo, não se deve ficar restrito ao que está apenas descrito na 
NR-09 sobre os riscos ambientais (quantitativamente mensuráveis), 
mas também ter condições de “articular com as demais normas 
regulamentadoras” (BRASIL, 2020c). A incorporação dos riscos 
ergonômicos e de acidente é essencial para intercâmbio informacional 
com os demais instrumentos/documentos que normativamente são 
exigidos de uma empresa. A lista dos principais documentos derivados 
do PGR é a que segue:
• PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
• PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário.
• LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho.
• PCA – Programa de Conservação Auditiva.
• PPR – Programa de Proteção Respiratória.
O Quadro 1 demonstra, em um levantamento rápido, em quais 
momentos sugerem-se tanto a identificação de riscos quantificáveis 
quanto qualificáveis, demonstrando, assim, pelas próprias normas, 
a importância de se considerar riscos ergonômicos e de acidente na 
composição do PGR. Alguns exemplos são listados.
Quadro 1 – O PGR e a inserção de riscos ambientais ergonômicos 
e de acidentes
Norma Relação
NR-10–Segurança em 
instalações e serviços em 
eletricidade.
Riscos de choques elétricos (acidentes) e outras 
normativas orientadas na NR 10.
15
NR -11–Transporte, 
movimentação, 
armazenagem e manuseio 
de materiais.
Risco de acidente com ascensores, elevadores de 
carga, guindastes, monta-carga, pontes-rolantes, 
talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes e 
outros itens.
NR-12 – Segurança no 
trabalho em máquinas e 
equipamentos. 
NR 12–Máquinas e equipamentos: risco de 
acidentes com máquinas.
NR 13 - Caldeiras, vasos de 
pressão e tubulações.
Risco de acidentes com caldeiras.
NR 14 – Fornos.
Os riscos de acidentes com fornos em padarias e 
outros.
NR 17 – Ergonomia.
Os riscos de doenças osteomusculares como a 
LER/DORT. 
Fonte: elaborado pelo autor.
1.3 Metodologia e estratégias de amostragem de riscos 
ambientais
Tão importante quanto identificar os agentes de risco e suas principais 
características, é desenvolver corretamente o levantamento, aplicando 
uma amostragem representativa do universo estudado. Falhas na 
amostragem interferem na definição dos cenários e, por conseguinte, 
dificultam a definição dos problemas. Em higiene ocupacional, por 
exemplo, correlacionamos ao mesmo tempo aspectos ambientais 
do trabalho e suas interações com o ser humano. Assim, o caráter 
descritivo simples no levantamento de dados ambientais talvez não seja 
suficiente para conseguir estabelecer a relação de causa e efeito. Em 
contrapartida, a individualização do levantamento por trabalhador pode 
exigir muito esforço e ter custo elevado, dificultando a identificação das 
dinâmicas interacionais prioritárias de intervenção.
16
Desta forma, os levantamentos dos agentes de risco e as condições 
de trabalho precisam estar conjugados em um levantamento do tipo 
analítico ou investigativo, priorizando traçar condutas típicas da rotina 
de trabalho, de modo a enquadrar em grupos de trabalhadores sob 
a mesma condição, intensidade e tempo de exposição aos agentes 
de risco uniformizando partes da amostra. A Figura 1 sugere quais 
os pontos de maior observação são essenciais analisar quanto à 
identificação dos riscos.
Figura 1 – identificação de riscos
Fonte: elaborada pelo autor.
17
Uma fase primordial no estudo de amostragem é a clara formulação do 
problema, em que consiste determinar o objeto de estudo, sendo que 
algumas estratégias podem ajudar no entendimento do problema, tais 
como: entrevistas, inspeções, listas de verificação, histórico de incidentes 
e acidentes e resultados de auditorias. Ao mesmo tempo em que esse 
processo facilita a delimitação de amostras, incorpora a percepção do 
risco por parte dos trabalhadores tornando-os pertencentes no processo 
do levantamento.
Existe uma metodologia referenciada nas normas regulamentadoras 
denominada Grupo Homogêneo de Exposição (GHE), podendo ter variação 
nominal de Grupo Homogêneo de Exposição Similar (GHES). As normas 
que a englobam são: anexo 13-a da NR-15 (BRASIL, 2019a); NR-22 (BRASIL, 
2019b), além de constar a Instrução Normativa n. 1 de, 20/12/1995 do 
MTE e reforçadas por diversas instruções normativas do INSS (Instituto 
Nacional do Seguro Social). A Figura 2 demonstra algumas características 
que precisam ser observadas para a definição de grupos homogêneos de 
exposição, considerando semelhanças quanto ao nível e intensidade, carga 
horária, utilização de mesmos equipamentos e medidas de proteção.
Figura 2 – GHE/ GHES 
Fonte: elaborada pelo autor.
18
Assim, a definição de GHE está relacionada a um grupo de trabalhadores 
semelhantes quanto à exposição aos agentes de risco, de modo 
que seja representativo dentro de um universo de trabalhadores do 
mesmo grupo. Seu uso é preconizado pela NIOSH (National Institute 
of Occupational Safety and Health). Termos semelhantes também 
são encontrados, por exemplo, GES (Grupos de Exposição Similar), 
preconizado pela AIHA (American Industrial Hygiene Association). Porém, 
vamos utilizar a expressão GHE, que consta nas normas brasileiras.
A adoção da metodologia de GHE contribui para a diminuição do 
número de amostras ao mesmo tempo em que define a tendência de 
exposição do grupo todo. Trata-se de uma metodologia facilitadora e 
financeira quando se refere ao levantamento dos riscos,pois ajuda a 
melhorar os processos de monitoramento periódico do risco conforme 
grupos de pessoas com as semelhanças descritas na Figura 2. E, ainda, é 
facilitadora da implantação de políticas de prevenção baseadas em EPIs 
e EPCs.
Unidade de trabalho é um conceito diferente de GHE, pois, dentro dela, 
podem estar situados diferentes riscos e exposições. Sua caracterização 
é um pouco mais ampla, se considerarmos os seguintes critérios:
• Identificação dos processos e operações comuns e diferentes 
dentro de uma mesma unidade de trabalho. Utilização dos 
insumos e seus processos de transformação da matéria-prima.
• Definição e diferenciação ocupacional dos trabalhadores. 
Diferenciação dos trabalhadores que se encontram em desvios de 
função; variações quanto aos turnos de trabalho.
• Número de amostras e subgrupos identificados dentro de uma 
mesma unidade de trabalho.
• Fontes, trajetórias, agentes ambientais de risco e meios de 
propagação dos riscos ambientais que levará em consideração a 
19
criticidade de exposição (intensidade e concentração dos agentes) 
neste processo, com relação ao fluxo do trabalho e à quantidade 
de pontos de levantamento e metodologia.
• Levantamento numérico e frequência de agravos à saúde e ao 
bem-estar dos trabalhadores, dão apoio à definição dos GHEs, 
pois confirma quais e quantos trabalhadores estão no grupo sob a 
mesma condição de risco.
Caracterização do local de trabalho: o GHE somente faz sentido se 
estiverem sob a mesma condição, assim sendo, torna-se importante a 
caracterização da edificação ou trabalho em ambientes externos, assim 
como seus layouts. Vendrame (2011) sugere também uma otimização 
para o levantamento da amostragem, usando o conceito de Exposto 
de Maior Risco (EMR), que consiste na identificação, dentro dos grupos 
homogêneos, de trabalhadores sujeitos a uma exposição mais “intensa”, 
devido às condições ambientais. A ideia do pior caso, ou worst case, 
segundo Jaques (2014), seria considerar o indivíduo supostamente mais 
exposto do grupo.
Assim, por meio da abordagem histórica, entendemos o surgimento de 
fundamentos da higiene ocupacional e alguns conceitos essenciais, do 
qual surgiram o que hoje consideramos sobre legislação e conhecimento 
das ciências relativas à segurança no trabalho. Pela abordagem 
normativa, entendemos a importância de instrumentos como PGR, , 
nuances normativas para sua confecção, a necessidade de uma postura 
crítica, bem como das metodologias e estratégias para sua confecção, 
dentre os quais GHE e EMR.
Referências Bibliográficas
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gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: MTPS, 2020a.
20
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-07 – Programa de controle 
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das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, 
DF: MTPS, 2020c. 
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FANTAZZINI, M. L. Módulos didáticos dos cursos básicos de higiene ocupacional 
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MENDONÇA, P. Curso de higiene ocupacional para resultados: módulo agentes 
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SESI. Serviço Social da Indústria. Técnicas de Avaliação de Agentes Ambientais: 
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VENDRAME, A. C. Agentes químicos – reconhecimento, avaliação e controle na 
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https://www.cdc.gov/niosh/docs/77-173/pdfs/77-173.pdf?id=10.26616/NIOSHPUB77173
https://www.cdc.gov/niosh/docs/77-173/pdfs/77-173.pdf?id=10.26616/NIOSHPUB77173
21
Agentes ambientais do trabalho 
Autoria: Flávio Augusto Carraro
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
Antes de darmos continuidade ao estudo da higiene do trabalho, 
é essencial dominar os conceitos, classificação e reconhecimento 
dos riscos associados ao ambiente de trabalho, estabelecendo 
a correlação entre as normas NR-09 – “Avaliação e Controle 
das Exposições Ocupacionais a Agentes físicos, químicos e 
biológicos” (BRASIL, 2020c) e NR-15 – Atividades e operações 
insalubres (BRASIL, 2019b) para a correta execução PGR 
(Programa de Gerenciamento de Riscos), conforme recente 
atualização da NR-09 (BRASIL, 2020c) pela Portaria SEPRT n. 
6.735, de 10 de março de 2020 (BRASIL, 2020d) (antigo PPRA – 
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Por este motivo, 
os objetivos desta unidade são:
• Conhecer os conceitos a que estão relacionados a cada tipo 
de risco.
• Reconhecer os riscos ambientais tomando por base sua 
classificação e suas características peculiares.
• Compreender as correlações normativas em apoio à 
identificação dos riscos ambientais com os níveis de ação e 
limites de tolerâncias.
22
1. Conceitos
A compreensão do que são os riscos ambientais, sua classificação e da 
definição se são quantificáveis ou qualificáveis permitirá desenvolver 
estratégias de identificação e metodologias para intervenção. 
Enquadram-se como quantificáveis os agentes físicos, químicos e 
biológicos, pois é possível medi-los (unidades de medidas). Os riscos 
ergonômicos e de acidentes classificam-se como qualitativamente 
identificáveis, pois baseiam-se na observação da interação direta entre o 
corpo humano e a fonte “agressora”.
A identificação dos agentes de riscos ambientais é o ponto de partida 
basicamente para dois instrumentos, o mapa de risco e o PGR. O mapa 
de risco é uma representação gráfica que é resultado da percepção 
pelos trabalhadores e executada por representes destes (componentes 
da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, preconizado 
pela NR-05). Logo, sua função é comunicação/sinalização. O PGR, por 
sua vez, além de ser uma redação essencialmente técnica, visa cumprir 
requisitos normativos e pode ser ponto de referência jurídica em 
ações trabalhistas. Assim, deve ser desenvolvido por um profissional 
habilitado (engenheiro de segurança no trabalho), inclusive com 
termo de responsabilidade técnica (ART – engenheiros) ou Registo de 
Responsabilidade Técnica (RRT – arquitetos). Para confecção destes 
dois instrumentos, adotam-se as seguintes terminologias e cores de 
referência, conforme descritos no Quadro 1:
23
Quadro 1 – Riscos ambientais
Classificação Tipos de riscos
Mensuração metodologia / 
equipamentos utilizados
Riscos físicos*
Ruídos, temperaturas 
extremas, vibrações, radiações 
ionizantes, radiações não 
ionizantes, frio, calor, pressões 
anormais e umidade.
Quantitativa feita por:
Anemômetro: ventilação.
Decibelímetro/dosímetro: som e 
sua intensidade.
Luxímetro: iluminação e suas 
variáveis.
Higrômetro: umidade.
Monitor de IBUTG (Índice de 
Bulbo Úmido e Termômetro 
de Globo) e termômetro: 
temperatura.
Medidores de radiação: 
ionizantes, não ionizantes.
Sensores de pressão atm: 
hipobárica e hiperbárica.
Riscos químicos*
Substâncias, misturas ou 
produtos que podem entrar 
no organismo do trabalhador, 
nas formas de vapor, poeira, 
gases, fumos, neblinas, 
névoas.
Quantitativa feita por:
Explosímetro: substâncias 
inflamáveis.
Bomba de amostragem: 
concentração.
Identificaçãolaboratorial por 
amostra.
https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html
https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html
24
Riscos biológicos*
Bacilos, bactérias, fungos, 
protozoários, parasitas, vírus, 
entre outros.
Quantitativa feita por:
Grau de patogenicidade, 
estabilidade, virulência, modo de 
transmissão, endemicidade.
Bomba de amostragem: 
concentração.
Identificação laboratorial por 
amostra.
Riscos ergonômicos**
Levantamento de peso, 
ritmo excessivo de trabalho, 
monotonia, repetitividade, 
postura inadequada de 
trabalho.
Qualitativa feita por:
Identificação por observação, 
entrevistas, inspeções, avalição 
estatística a partir de dados dos 
trabalhadores afetados etc.
Fotografia, filmagem.
Riscos de acidentes**
Arranjo físico deficiente, 
máquinas, equipamentos 
e ferramentas operadas 
com defeito e usados 
indevidamente, não utilização 
de EPI, falta de manutenção, 
sinalização e proteção, 
situações, instalações 
elétricas improprias, situações 
que podem promover a 
proliferação de fogo, Condições 
de fadiga, jornadas de trabalho 
prolongadas, monotonia e 
repetitividade, entre outras 
situações causadoras de 
estresse físico ou psicológico. 
falta de treinamento, hábitos 
de risco etc.
Qualitativa feita por:
Identificação por observação, 
entrevistas, inspeções, avalição 
estatística a partir de dados dos 
trabalhadores afetados etc.
Fotografia, filmagem.
https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html
https://www.instrutherm.net.br/bomba-de-amostragem-mod-bdx-ii-de-amostragem-de-poeira-e-gas-intrinsecamente-segura.html
25
Nota de esclarecimento:
* De acordo com a legislação brasileira, somente os agentes físicos, químicos e biológicos são 
caracterizados como agentes ambientais.
** São avaliados no âmbito de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, e não como 
riscos ambientais.
Fonte: elaborado pelo autor.
O mapa de risco, por meio das cores e classificações do Quadro 1, 
sinaliza visualmente os riscos, e está ligado a uma função educacional 
e de manutenção da cultura da prevenção. Assim, sua importância 
se dá a partir do momento que os trabalhadores se tornam parte do 
processo de identificação dos riscos, tendo a CIPA a responsabilidade 
sobre esse processo, conforme previsto pela NR-05 (BRASIL, 2019a). 
O mapa de risco é resultado da percepção dos riscos e anotação, 
em linguagem visual, que também serve como sinalização, em que 
se coloca o layout do setor/edificação, e relata os principais tipos de 
riscos contidos nos ambientes, associado à intensidade sugerida, 
de forma empírica. O PGR, por sua vez, é um documento que possui 
linguagem técnica, e fundamenta-se nas normas regulamentadoras 
para sua execução. Os dados são levantados por equipamentos 
(devidamente calibrados quando quantificáveis os riscos) ou por 
metodologias de levantamento, cientificamente consagradas (não 
quantificáveis). A Figura 1 a seguir é a exemplificação de como o 
mapa de risco pode ser executado:
26
Figura 1 – Mapa de risco
Fonte: Backes e De Campos (2018).
Outras formas de classificação quanto aos riscos ambientais facilitam 
as estratégias de identificação para o entendimento dos aspectos de 
ocorrência:
• Quanto à natureza: correlacionados aos fenômenos de interação 
por meio físico, químico e biológico.
• Quanto à concentração: grau de presença do elemento, quanto 
à concentração ou intensidade, normalmente relacionado a uma 
medida de referência ou ambiente. Possui unidade de medida, 
por exemplo: decibel (dB) para som; ou para soluções de 
produtos químicos; quantidades de agentes biológicos por uma 
27
unidade padrão de quantidade de ar. A concentração ppm em 
massa, expressa a massa de soluto (disperso), em µg (micrograma), 
existentes em 1 g (1 milhão de µg) de solução.
• Quanto à intensidade: alguns podem ser medidos em relação à
sua quantidade pelo tempo e seus efeitos diretos no ser humano.
• Quanto à exposição: ligados diretamente às consequências de
sua exposição, sem necessariamente ser mensurados, é o caso de
riscos de acidentes e ergonômicos. Em suma, pode-se entender
como decorrentes da biomecânica do corpo humano e interação
com o meio.
Para atuação de mitigação diante dos riscos, é possível estabelecer ao 
menos três “zonas”. A Figura 2 demonstra simbolicamente o primeiro 
nível, que representa a fonte de risco em si, o segundo, a interação 
desta com o ambiente, e a terceira, a condição de recepção do próprio 
trabalhador.
Figura 2 – Zonas de atuação sobre as condições de riscos 
Fonte: elaborada pelo autor.
28
O controle da fonte (1) trata-se de medidas que podem ser diretamente 
aplicadas à fonte de riscos. Dentre elas estão sua eliminação e 
substituição, podendo inclusive serem revistos os processos e materiais. 
Consiste em isolar, conter, enclausurar, utilizando barreiras na fonte 
em relação aos trabalhadores. A inclusão de métodos automatizados 
(robótica, controle remoto ou por computadores), pode auxiliar na 
separação entre a fonte e o trabalhador.
O controle da trajetória no ambiente (2) consiste na atuação no 
meio transmissor e envolve, principalmente, estratégias que podem 
modificar condições do layout ou edificação. Basicamente se trata do 
distanciamento entre as fontes e os trabalhadores, de modo a controlar 
os meios de propagação, favorecendo a diluição ou dispersão dos 
agentes de risco, para deixá-los dentro de parâmetros normativos 
aceitáveis.
O controle no trabalhador (receptor) engloba o melhoramento de 
rotinas administrativas associadas ao trabalho, de modo a propor 
a limitação do tempo de exposição e intensidade sob as quais os 
trabalhadores ficam na condição de risco. São mais restritivas quanto 
mais insalubre ou perigoso é o ambiente. Medidas de adoção de 
EPC (equipamentos de proteção coletiva) são prioritárias em relação 
à adoção de EPI (equipamento de proteção individual), mas são 
igualmente relevantes e obrigatórios na prevenção do trabalhador.
Em termos de atuação, independentemente do risco, existe uma 
hierarquia quanto à busca da eliminação, substituição, redução e 
tratamento dos riscos ambientais pelas ações, conforme demonstra a 
Figura 3:
29
Figura 3 – Hierarquia de atuação sobre os riscos ambientais
Fonte: elaborada pelo autor.
O Quadro 2 busca exemplificar a correlação entre as zonas de atuação, 
ações que podem ser tomadas e, também, quanto à rotina diante de 
diferentes graus de prevenção e remediação, e tem objetivo meramente 
didático.
30
Quadro 2 – Zonas de atuação, ações, rotinas e a relação 
quanto ao grau de prevenção
Zonas de 
atuação
Ação Rotina
Grau 
prevenção/
remediação
1–Fonte
Eliminação.
1 – Prevenção.
Substituição.
Fonte ou modificação do 
processo.
Automação
2 – Substituição
(aplicação recursos 
de engenharia).
Isolamento/ contenção / 
enclausuramento.
2–Ambiente
Configuração espacial e 
condições ambientais do 
controle dos parâmetros 
ambientais (layout).
3–Trabalhador
Programação do trabalho 
e boas práticas.
3 – Controle
(procedimentos 
administrativos).
Procedimentos 
operacionais.
Equipamento de proteção 
individual (EPI).
4 – Tratamento de 
riscos secundários.
Obs.: o sentido da seta na coluna grau de prevenção e remediação está 
mostrando qual sentido estará mais propenso as zonas de atuação, ação e rotina.
Fonte: adaptado de Cruz et al. (2020).
31
2. A NR 09 e a NR 15 e demais referências
O item 9.1.1 da NR 09 (BRASIL, 2020c) descreve que:
[...] esta Norma Regulamentadora–NR estabelece os requisitos para a 
avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos 
quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos–PGR, previsto 
na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de prevenção para os riscos 
ocupacionais. (BRASIL, 2020c, [s.p.])
A NR-09 (BRASIL,2020c), no entanto, é descritiva em sua essência, 
porém, sugere a adoção de que o mapa de risco é o ponto inicial da 
investigação ambiental, já que os riscos e suas principais características, são 
qualitativamente levantados, e complementa nas disposições finais que:
9.6.1 Enquanto não forem estabelecidos os Anexos a esta Norma, devem 
ser adotados para fins de medidas de prevenção: a) os critérios e limites de 
tolerância constantes na NR-15 e seus anexos; b) como nível de ação para 
agentes químicos, a metade dos limites de tolerância; c) como nível de ação 
para o agente físico ruído, a metade da dose. (BRASIL, 2020c)
Mesmo definindo os riscos, a NR-09 (BRASIL, 2020c) não contém 
parâmetros e limites de forma expressa. Por esse motivo, é necessário 
se amparar nos parâmetros e limites de exposição dos riscos ambientais 
da NR-15 . Desse modo, e com base nos dados contidos na NR-15, o PGR 
descreve quantitativamente os riscos contidos nos ambientes de trabalho e 
determina a ação de mitigação ou de exposição limite (BRASIL, 2019b).
A NR-15 descreve as atividades, operações e agentes insalubres, sendo 
que deve ser dada especial atenção aos limites de tolerância e níveis de 
ação. A norma se organiza em anexos quanto ao tipo de risco, e neles 
estão contidos parâmetros e limites de tolerância. Antes de seguirmos 
com o entendimento do que está contido na norma é essencial entender 
que limite de tolerância, segundo a norma regulamentadora, é “a 
concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a 
32
natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à 
saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (BRASIL, 2019b).
O Quadro 3 demonstra quais são os riscos referentes à norma, que 
também são considerados atividades ou operações insalubres:
Quadro 3 – Como são consideradas as atividades os anexos da NR-15
Como são consideradas as 
atividades ou operações 
insalubres.
Número da norma e a que faz referência.
- Acima dos limites de 
tolerância previstos nos anexos 
à NR-15.
1 (Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente).
2 (Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto).
3 (Limites de Tolerância para Exposição ao Calor).
5 (Limites de Tolerância para Radiações Ionizantes).
11 (Agentes Químicos cuja Insalubridade é caracterizada por 
Limite de Tolerância e Inspeção no Local de Trabalho).
12 (Limites de Tolerância para Poeiras Minerais).
Nas atividades mencionadas 
nos anexos números:
6 (Trabalho sob Condições Hiperbáricas).
13 (Agentes Químicos).
14 (Agentes Biológicos).
Comprovadas por meio de 
laudo de inspeção do local 
de trabalho, constantes dos 
anexos números:
 7 (Radiações Não Ionizantes).
8 (Vibrações).
9 (Frio).
10 (Umidade).
Fonte: adaptado de NR-15 (BRASIL, 2019b).
33
É comum a confusão com os termos periculosidade e insalubridade; 
a diferenciação se dá já no âmbito normativo e quanto à atividade 
executada. Entretanto, para fins de entendimento e enquadramento 
normativo, atividades consideradas perigosas são regidas pela NR-16 
(BRASIL, 2019c). São consideradas atividades ou operações perigosas 
as executadas com explosivos sujeitos a: a) degradação química ou 
autocatalítica; b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, 
faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos e podem ser 
enquadrados operações de transporte de inflamáveis líquidos ou 
gasosos liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel – dentro dos 
limites normativos da NR-16.
A NR-16 surge a partir da Portaria GM n. 3.214, de 08 de junho de 
1978, e a partir disto, houve revisões que, posteriormente, inseriram 
e ampliaram novas modalidades de atividades perigosas conforme 
descrito no Quadro 4 a seguir:
Quadro 4 – Operações perigosas e anexos da NR-16
ANEXO 1 Atividades de operações perigosas com explosivos.
ANEXO 2 Atividades de operações perigosas com inflamáveis.
ANEXO 3 (aprovado pela Portaria 
MTE n. 1.885, de 02 de dezembro de 
2013).
Atividades de operações perigosas com exposição a roubos ou 
outras espécies de violência físicas nas atividades profissionais de 
segurança pessoal ou patrimonial.
ANEXO 4 (aprovado pela Portaria 
MTE n. 1.078, de 16 de julho de 
2014).
Atividades de operações perigosas com energia elétrica.
ANEXO 5 (aprovado pela Portaria 
MTE n. 1.565, de 13 e outubro de 
2014).
Atividades perigosas em motocicleta.
ANEXO (*) (adotado pela Portaria 
GM n. 518, de 04 de abril de 2003).
Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou 
substâncias radioativas.
Fonte: adaptado de Brasil (2019c).
34
A questão da insalubridade é algo que pode incutir no trabalhador 
doenças decorrentes de sua atividade laboral. A determinação da 
insalubridade não leva em conta somente parâmetros normativos, 
visto que entram na sua definição, além do tipo de atividade, a razão da 
natureza, a intensidade do agente, o tempo de exposição e os limites 
de tolerância. Em alguns tipos de risco, são consideradas também taxas 
de metabolismo durante a jornada (exposição ao calor). De acordo com 
o art. 189 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), insalubridade no 
trabalho são:
Atividades ou operações que, por sua natureza, condições ou métodos de 
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos 
limites de tolerância fixados da natureza e da intensidade do agente e do 
tempo de exposição aos seus efeitos (BRASIL, 1943).
Quando falamos de taxas de metabolismo, fazemos referência à 
suscetibilidade individual, que é de difícil determinação. E do ponto de 
vista da legislação, ainda tem suscitado diversas discussões quando há 
demandas judiciais trabalhistas.
Por conta das variáveis individuais, os laudos de insalubridade são 
os melhores instrumentos para sua identificação. O problema é que 
geralmente são feitos a posteriori, ou seja, quando o trabalhador já 
está fazendo o questionamento judicial, e não antes, quando se inicia a 
atividade laboral. Estes laudos precisam conjugar aspectos que podem 
ser levantados pela engenharia de segurança e pela medicina do 
trabalho, uma vez que precisa constar variáveis ambientais e aspectos 
da saúde do trabalhador.
Uma vez constatada a condição de insalubridade, é necessário fazer 
a sua classificação. Com base no salário básico, como parâmetro de 
cálculo, conforme prevê art. 192 da CLT (BRASIL, 1943), deve ser inserido 
adicional de 40%, 20% e 10%, segundo os graus máximo, médio e 
mínimo, respectivamente. A questão do uso do salário como base de 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/clt.htm
35
cálculo, baseia-se nas categorias que, por força de lei, usam a convenção 
coletiva para sentença normativa, e se apoiam no salário profissional ou 
piso normativo.
Mas, antes que seja feita a constatação de necessidade do adicional 
de insalubridade, conforme art. 191 da CLT (BRASIL, 1943), a empresa 
precisa aplicar primeiramente duas atitudes no sentido de eliminar ou 
neutralizar os agentes nocivos, são elas:
1. Adotar medidas para que a atividade ou o local fique no nível de 
tolerância.
2. Ceder ao colaborador equipamentos de proteção que diminuam a 
intensidade do agente nocivo.
A identificação da insalubridade no Brasil, atualmente, em termos 
normativos, está corretamente amparada, mas criou-se uma cultura da 
admissão do risco insalubre pois é mais vantajoso economicamente. 
Melo (2013) analisando essa posição, discute do ponto de vista dos 
trabalhadores:
O pagamento dos adicionais salariais, pela ignorância dos trabalhadores 
em relação aos riscos à saúde, leva estes muitas vezes a preferirem o 
pagamento, que é irrisório, mas, considerando que no caso de uma 
ação judicial recebem cinco anos atrasados e mais alguns, pelo tempo 
de demora no processo, no final das contas propiciam o pagamento de 
valores que nunca conseguiriam juntar de outra forma. Ou seja, de forma 
inconsciente os trabalhadorespreferem vender a sua saúde por preço vil a 
lutar por melhores condições de trabalho. (MELO, 2013, p. 208)
Por parte dos empresários, a cultura da admissibilidade é também um 
fato que não pode deixar de ser considerado. Segundo Oliveira (2011, p. 
164):
No entanto, a exceção tornou-se a regra no Brasil. Em vez de eliminar a 
insalubridade na fonte ou de adotar medidas coletivas de neutralização, o 
36
empresário prefere a solução mais cômoda, mais barata, porém a menos 
eficiente: fornecer o equipamento de proteção individual – EPI. Para o 
trabalhador, muitas vezes, o EPI é sinônimo de desconforto, incômodo que 
limita as percepções, causando, algumas vezes, até mesmo a sensação de 
insegurança. (OLIVEIRA, 2011, p. 164)
Desta forma, desde a implantação dos adicionais de insalubridade, 
dentro da legislação brasileira e da jurisprudência criada a partir 
das discussões judiciais, percebe-se que a admissão do risco se 
tornou equivocado. Assim, muitas vezes a admissão do adicional de 
insalubridade é mais vantajosa quando a mitigação se torna onerosa 
financeiramente, ainda mais porque o cálculo se referencia sobre o 
salário mínimo, ao invés do salário total do trabalhador.
Por parte do trabalhador, encara-se o adicional de insalubridade, 
como explica Oliveira (2011, p. 157): “atuando como anestésico para 
embaçar a percepção dos malefícios”. Geralmente, o trabalhador, de 
forma imediatista, interpreta que a remoção da condição de risco está 
diretamente atrelada à perda econômica, e à perda da aposentadoria 
em menor tempo de serviço. Deste modo, cria-se a cultura da 
monetização do risco ambos os lados (trabalhador e empresário) ao 
invés de se criar melhores condições de trabalho.
A presente aula lhe introduziu os principais riscos ambientais, sua 
classificação e características essenciais, e foi possível verificar a relação 
entre a percepção de risco por parte dos trabalhadores e de como isto 
pode ajudar na identificação, pelo mapa de risco e sua importância em 
relação ao mapeamento criterioso do PGR (exigido pela norma NR-09 
(BRASIL, 2020c). O entendimento dos riscos (natureza, concentração, 
intensidade, exposição) pode ajudar no entendimento das zonas 
de atuação, quanto ao controle na fonte, no meio (trajetória) e no 
trabalhador, além da necessidade da priorização da atuação quanto a 
eliminar, substituir, reduzir e tratar os riscos residuais.
37
Referências Bibliográficas
BACKES, Bruna L. S.; CAMPOS, Roger F. F. Mapa de Risco: Elaboração e implantação 
em uma lanchonete localizada no município de Caçador, Santa Catarina, Brasil. 
InterfacEHS – Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade, [s.l.], v. 13, n. 1, 
jun./2018. 
BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das 
Leis do Trabalho. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. 
BRASIL. Ministério da Economia. Portaria n. 6.735, de 10 de março de 2020. 
Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora n. 09 [...]. Brasília: Ministério da 
Economia, 2020d.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-01 – Disposições gerais e 
gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: MTPS, 2020a.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-05 – Comissão interna de 
prevenção de acidentes. Brasília, DF: MTPS, 2019a. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-07: Programa de controle 
médico de saúde ocupacional. Brasília, DF: MTPS, 2020b. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 – Avaliação e controle 
das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, 
DF: MTPS, 2020c. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-15 – Atividades e 
operações insalubres. Brasília, DF: MTPS, 2019b. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-16 – Atividades e 
operações perigosas. Brasília, DF: MTPS, 2019c. 
CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: 
uma abordagem holística: segurança integrada à missão organizacional com 
produtividade, qualidade, preservação ambiental e desenvolvimento de pessoas. 
São Paulo: Atlas, 2007.
CRUZ, Alexssandro R. et al. Hierarquia das Medidas de Controle. Comissão 
Permanente de Prevenção e Controle de Riscos Ambientais – CPPCRA. Alfenas: 
UNIFAL, 2020. Disponível em: https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/
node/24. Acesso em: 17 jan. 2020.
GONÇALVES, Edwar A.; GONÇALVES, Danielle C. Manual de Segurança e Saúde no 
Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2000.
MELO, Raimundo S. Direito ambiental do trabalho e saúde do trabalhador: 
responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, indenização 
pela perda de uma chance, prescrição. 5. ed. São Paulo: LTr, 2013.
OLIVEIRA, Sebastião G. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 6. ed. rev. e 
atual. São Paulo: LTr, 2011
https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/node/24
https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/node/24
38
Avaliação ocupacional do calor
Autoria: Flávio Augusto Carraro
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
• Conhecer os conceitos relacionados aos agentes térmicos.
• Entender quais as características relacionadas ao stress 
térmico e conforto térmico.
• Desenvolver a capacidade de leitura dos critérios 
normativos e da legislação relacionada ao agente térmico.
39
 1. Introdução
Neste conteúdo de higiene do trabalho serão abordados conceitos 
relacionados ao agente térmico, às condições de estresse térmico e 
conforto térmico. Serão abordados, também, parâmetros, unidades 
de medição e os princípios de funcionamento dos equipamentos 
de medição. Respalda-se grande parte das discussões nos valores 
normativos quanto aos limites de exposição, focando nas medidas de 
prevenção e aplicação de proteção coletiva, de modo a evitá-los. Se 
por um lado o referenciamento normativo e da legislação ajudam no 
estabelecimento dos critérios de avaliação para promoção do conforto 
térmico, por outro lado é necessário entender os conceitos gerais 
relacionados à sobrecarga térmica (calor) e temperaturas baixas e seus 
efeitos sobre o corpo humano. Assim, torna-se necessário ter domínio 
sobre os meios de transmissão de calor e as técnicas de mediação.
 2. Agente térmico
A avaliação da temperatura relacionada ao trabalho consiste em 
entender a relação entre a fonte (calor/frio) e a suscetibilidade dos 
trabalhadores aos efeitos fisiológicos sobre o corpo humano.
A temperatura é uma energia e se caracteriza pela maior ou menor 
velocidade de agitação de moléculas em um determinado meio (sólido, 
líquido ou gasoso) em comparação ao organismo. Quanto maior a 
agitação, maior será a temperatura, e, da mesma forma, quanto menor 
a agitação, menor será a manifestação desta energia. A correlação 
entre temperatura (ambiente) e os tipos de transmissão de energia é o 
que promove a sensação de calor e frio (corpo humano). Quando nos 
referimos à temperatura, trata-se de uma medida da velocidade das 
partículas atômicas. Já a transmissão de energia, diz respeito a esta 
40
velocidade sendo transformada em diferentes meios. Quanto às formas 
de transmissão de energia térmica, sempre há a tentativa de que o 
corpo com maior energia se equilibre com um corpo que possui menos 
energia, conforme demonstra a Figura 1:
Figura 1 – Transferência de calor entre corpos
Fonte: elaborada pelo autor.
A transmissão de energia acontece essencialmente pelos seguintes 
mecanismos:
Condução: ocorre quando dois objetos sólidos entram em contato 
diretamente. A transferência do calor entre os corpos leva a agitação 
das moléculas; quanto maior for a porção em contato uma com a outra, 
e mais próxima da fonte de calor, sendo que isso ocorre em menor 
dimensão em meio líquidos e gasosos. Exemplo: ao se aproximar uma 
barra de metal de uma fonte de calor, a porção que está em contato 
direto com a fonte terá o aquecimento, e, à medida que se distancia, os 
efeitos serão menores.
Convecção: ocorre com maior frequência em meios líquidos e gasosos 
os quais, quandoem contato com fontes de calor, sofrem alteração do 
nível de agitação das moléculas e, por consequência, da sua densidade 
41
na parte em contato com o calor. Exemplo: chaleira com água, na qual a 
porção inferior se aquece, torna-se menos densa, e sobe, ao passo que a 
porção superior, mais densa, faz o movimento inverso.
Irradiação: ocorre a transferência de energia por ondas 
eletromagnéticas ou ondas de calor a partir da fonte de calor, acontece 
geralmente em meios gasosos (ar que respiramos, por exemplo). Para 
exemplificar, é o calor sentido quando nos sentamos perto de uma 
fogueira.
Os mecanismos de transmissão de calor podem ser observados na 
Figura 2:
Figura 2 – Mecanismos de transmissão de calor por condução, 
convecção e irradiação
Fonte: Silva ([s.d.], [s.p.]).
Em síntese, calor torna-se mensurável, já que a temperatura altera 
a velocidade de vibração das partículas e moléculas dos meios de 
propagação, e por conseguinte dos corpos, ao menos em maior ou menor 
grau é objetiva a medida. O frio por sua vez, é uma sensação subjetiva que se 
orienta pela perda de calor e embora a temperatura possa ser um parâmetro 
42
de medida, os mecanismos psicofisiológicos assimilarão correlação 
entre o meio ambiente (menor temperatura) e corpo humano (maior 
temperatura) por meio dos processos de transmissão de calor.
2.1 Efeito da temperatura no organismo e na saúde do 
trabalhador
O ser humano obtém energia para atividades diárias por meio do 
metabolismo, no qual transformações químicas e processos físicos 
produzem a energia necessária para necessidades basais e de tarefas 
do dia a dia (de trabalho). O metabolismo basal direciona a produção de 
energia de suporte para operações elementares de sobrevivência tais 
como respiração, batimento cardíaco. O metabolismo não basal, ou seja, 
de trabalho, é acionado quando o ser humano desenvolve atividades 
diárias, em especial na movimentação da estrutura osteomuscular, 
sendo que as amplitudes dos movimentos podem variar em função das 
atividades que desenvolve, e o gasto energético irá variar na mesma 
proporção de que é exigido.
O metabolismo (basal + de trabalho), irá trabalhar para que o corpo 
humano permaneça em temperatura estável entre 36,5 °C e 37,5 °C, 
sendo que o mecanismo termorregulador constantemente tentará 
compensar perdas e ganhos de calor com o meio. A variação de apenas 
1 °C desta zona de conforto, em função dos limites, para mais ou 
para menos, poderá ocasionar o a tendência de superaquecimento 
(hipertermia) – acima de 38,5 °C, se ultrapassado o limite superior, e 
resfriamento (hipotermia) – abaixo de 35,5 °C – quando ultrapassar o 
limite inferior. A Figura 3 demonstra de forma simples estes limites:
43
Figura 3 – Temperatura corporal, zona de conforto, 
hipotermia e hipertermia
Fonte: elaborada pelo autor.
Assim, a transferência de calor ocorre pela busca do equilíbrio entre 
um corpo/objeto/meio de maior temperatura com outro de menor 
temperatura. Segundo Auliciems e Szokolay (1997 apud OLYGAY, 2007, 
p. 55), “a zona de conforto representa aquele ponto no qual a pessoa 
necessita consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao 
ambiente circunstante”.
O conforto térmico corporal ocorre quando a temperatura interna é 
mantida entre 36,5 °C e 37,5 °C, havendo menor atividade metabólica e, 
por consequência, menor gasto energético. O estresse térmico, por sua 
vez, acontecerá quando o corpo humano, submetido a condições de frio 
e calor, ultrapassar os limites de 36,5 °C a 37,5 °C. Isso exige maior ação 
do mecanismo termorregulador, o qual buscará aumentar a atividade 
metabólica de modo a manter-se em temperatura correspondente à 
44
zona de conforto. Já a fadiga por estresse térmico ocorre quando o 
metabolismo, usando todas as fontes de energia disponíveis, começa 
a priorizar a produção de energia para os órgãos vitais, em detrimento 
dos órgãos das atividades periféricas (os músculos, por exemplo), e, 
dependendo da situação, isto poderá inclusive levar o trabalhador à 
fatalidade.
Segundo a norma da American Society of Heating, Refrigerating and Air-
Conditioning Engineers – ASHRAE Standard 55, o conforto térmico pode 
ser definido como:
Um estado ou condição de sentir satisfação com relação ao ambiente 
térmico em que a pessoa se encontra. Se o resultado das trocas de calor a 
que o corpo da pessoa se encontra submetido for nulo, e a temperatura da 
pele e suor estiverem dentro alguns limites aceitáveis, é possível dizer que 
a pessoa sente Conforto Térmico. (ASHRAE, 2020)
A condição de perfeito equilíbrio entre o corpo do trabalhador e o meio 
ambiente do trabalho, de certo modo, está no campo teórico, já que 
na prática acontecerá o ganho ou a perda de calor pelo corpo nesta 
interação, ainda mais quando o corpo, em atividade laboral, trabalha em 
níveis energéticos diferenciados a depender da tarefa que desenvolve. 
Por este motivo consideraremos nas considerações duas situações: 
estresse térmico por frio e por calor.
2.1.1 Para tendência de estresse térmico por frio:
Em uma condição de frio, o corpo humano busca manter a temperatura 
interna, por meio de mecanismo termorregulador, para evitar a 
hipotermia, e algumas modificações ocorrem para evitar a exaustão por 
frio, tais como:
• Ocorre vasoconstrição, ou seja, internalização da irrigação 
sanguínea priorizando a irrigação aos órgãos vitais, como 
45
coração e pulmões. Por conta deste direcionamento do fluxo, 
há diminuição do calibre dos vasos direcionados aos órgãos 
periféricos e aumento dos calibres dos vasos dos órgãos vitais. 
O metabolismo também sofre alteração, priorizando o consumo 
energético dos órgãos vitais em detrimento da parte periférica 
do corpo. A vasoconstrição diminui os suprimentos de nutrientes 
e oxigenação dos tecidos, em especial das musculaturas de 
mãos, braços, pés e pernas, causando arroxeamento ou mesmo 
formigamento, após contrações involuntárias da musculatura, pelo 
elevado gasto energético, porém sem o suprimento necessário.
• Corpo trêmulo e contração dos músculos, ao mesmo tempo em 
que os músculos buscam promover o “isolamento térmico” por 
meio do fechamento das fibras musculares. Existe também a 
restrição de nutrientes e oxigênio pelos vasos sanguíneos, e, por 
meio destes movimentos intramusculares, ocorre uma condição 
energética favorável à manutenção da temperatura.
• Piloereção (ereção dos pelos) consiste em criar “uma fina camada 
isolante de ar” por entre os pelos, que, abastecidos, pela energia 
produzida pelos músculos, buscam manter a perda de calor ao 
meio em menores níveis.
2.1.2 Para tendência de estresse térmico por calor
Em uma condição de calor em excesso, o corpo humano busca manter a 
temperatura interna, para evitar a hipertermia, assim, o corpo poderá se 
comportar da seguinte maneira:
• Haverá vasodilatação (os vasos se aproximarão da derme) e de 
modo periférico os vasos aumentam seus calibres, para que se 
busque resfriamento e melhoramento destas trocas térmicas.
• Com a vasodilatação poderá ocasionar alteração da pressão 
arterial, o que pode levar à insuficiência no suprimento de oxigênio 
46
dos tecidos e especial do córtex cerebral, e, por consequência, 
levar à falência de algumas funções vitais.
• Acionamento das glândulas sudoríparas, em associação com a 
vasodilatação, é outra tentativa termorregulatória de resfriamento 
por evapotranspiração e pelos mecanismos de troca térmica 
(convecção, condução e irradiação) que o corpo naturalmente fará 
diante destas condições de calor.
• A desidratação é um efeito colateral da sudorese, que de modo 
excessivo poderá alterar os parâmetros sanguíneos quanto ao seu 
volume, concentração e densidade, o que influi na pressão arterial.
• Câimbras de calor decorrem da perda de água e sais minerais em 
função da sudorese. Os músculos deficitários destes nutrientes 
buscarão de forma disforme equalizar as reações químicas e 
compensar o gasto.
2.1.3 Variáveis influentes na temperaturado corpo
Se a pele e o metabolismo são influentes sobre a regulação do corpo, 
não podemos deixar de considerar que a camada de roupa pode 
interferir neste processo de termorregulação seja para o calor ou para o 
frio. Nestes processos de interação homem e meio é preciso diferenciar 
quais são as variáveis humanas e as variáveis relacionadas ao meio onde 
o ser humano está inserido. Assim, conjuga-se o conhecimento dos 
princípios de transmissão de energia – condução, convecção e irradiação 
– para que se consiga prover ao trabalhador boas condições de trabalho, 
mitigando os efeitos da temperatura no corpo. Esta diferenciação e as 
relações de equilíbrio do corpo humano dependem de pelo menos sete 
parâmetros, conforme Quadro 1:
47
Quadro 1–As variáveis influentes sobre a temperatura 
do corpo humano
Variáveis para observação da 
temperatura no corpo humano 
Dependência
Metabolismo Variáveis relacionadas ao ser 
humano
Temperatura da pele
Roupa que usa
Temperatura do ar
Variáveis do ambiente que 
envolvem o corpo do indivíduo
Umidade relativa
Temperatura à superfície dos 
elementos no local envolvente
Velocidade do ar
Fonte: elaborado pelo autor.
Já abordamos os princípios de transmissão do calor e as variáveis 
humanas, precisamos entender agora quais as variáveis relacionadas 
ao ambiente que podem influenciar as trocas de calor entre o indivíduo 
e seu meio, sem as quais não é possível avaliar o agente calor. São 
variáveis associadas ao ambiente de trabalho:
• Temperatura do ar: afeta a perda ou ganho de calor do corpo 
humano, seja por convecção ou evaporação.
• Umidade relativa: corresponde à quantidade de vapor de água 
constante no ar, depende do grau de saturação e interfere no 
mecanismo termorregulador do homem, ou seja, com a cessão ou 
não de água do corpo (sudorese) ao meio. Quanto mais saturado 
o ar, menor a troca, logo, menor capacidade de resfriamento. A 
incapacidade de resfriamento por evapotranspiração por períodos 
muito longos, pode ocasionar colapso das funções vitais (analogia: 
motor de um carro sem o arrefecimento).
• Temperatura na superfície dos elementos no local envolvente: 
dá-se o nome de temperatura radiante à soma de todos os vetores 
48
de calor produzidos nos objetos e corpos presentes no ambiente. 
Influencia o fluxo de calor (ganho ou perda) gerando graus de 
desconforto por calor ou frio.
• Velocidade do ar: não tem a capacidade de abaixar a 
temperatura, no entanto, promove o arrefecimento devido à perda 
de calor por convecção e devido ao aumento da evaporação.
O homem é um animal homeotérmico, ou seja, de sangue “quente”, 
pois sua temperatura está por volta dos 37 °C e, para sobreviver, 
precisa manter a temperatura nos limites do conforto ou próximo desta 
temperatura. Assim, as trocas seriam mínimas e atividade metabólica 
será maior quanto maior for a amplitude em relação 37 °C.
2.2 Normas de referência para análise do conforto 
térmico e estresse térmico
Existe, como foi visto, uma zona de temperatura média que permite 
que o ser humano e seu metabolismo não sejam sobrecarregados. A 
avaliação por estresse térmico, quanto aos parâmetros mensuráveis, 
não é o problema, já que existem equipamentos para isto, já a 
observação dos efeitos no corpo humano (resposta psicofisiológica 
e psicossensoriais) é mais difícil já que os efeitos de exposição 
momentânea são diferentes quando exposto de forma contínua 
(exposição constante) ao estresse térmico. Além das variáveis dos 
ambientes, o tipo de trabalho e respectivo gasto energético deve-se, 
também, considerar o tempo de exposição.
Podemos subdividir a investigação em dois grandes grupos de acordo 
com o tipo de ambiente que se está analisando, são eles: ambientes 
quentes – estresse por calor; e ambientes frios – estresse por frio.
49
2.2.1 Ambientes quentes – estresse por calor
A avaliação do estresse térmico por calor carece de índices de avaliação, 
sobretudo os que interferem no aquecimento e no resfriamento 
corporal, e, segundo Auliciems e Szokolay (1997), não podem deixar de 
ser considerados:
a) Relação de aceitação térmica.
b) Taxa de suor estimada para 4 horas (P4SR).
c) Índice de stress por calor (HSI).
d) Índice de bulbo úmido e temperatura de globo (WBGT).
e) Índice de tensão térmica (TSI).
f) Índice relativo de tensão (RSI).
g) Índice de stress térmico ou taxa requerida de suor (ITS). (AULICIEMS; 
SZOKOLAY, 1997, [s.p.])
Embora muitos destes índices sejam válidos e feitos a partir de 
condições de trabalho ambientais reais, normativamente é mais 
difundido o “índice de bulbo úmido e temperatura de globo (WBGT 
ou IBUTG em português)”. Este índice é diretamente ligado ao meio, 
enquanto o “índice de estresse térmico”, atualmente mais conhecido 
como “taxa requerida de suor (SWreq)” é medido a partir da atividade 
fisiológica do corpo humano, indiretamente ligado à taxa de 
metabolismo, mais comum de se encontrar nas normas.
2.2.2 Ambientes frios – estresse por frio
A avaliação do estresse por frio consiste no entendimento das condições 
metabólicas de gasto de energia em função das trocas térmicas com o 
50
meio, para manutenção do equilíbrio. Parte do processo das perdas de 
calor pode ser compensada pela adoção de vestimentas apropriadas, 
pois as interferências no meio nem sempre são possíveis.
A maioria dos trabalhos, na realidade brasileira, normalmente se 
relacionam com as condições de calor (fornos, fundição, trabalho a céu 
aberto etc.), mas o frio, mesmo de forma mais restrita, também pode 
ocorrer (câmara frias por exemplo). Não sendo uma realidade brasileira, 
a maioria dos estudos são feitos em condições de países onde há a 
predominância natural desta condição ambiental. Assim, as normativas 
brasileiras tendenciosamente apenas subsidiam a condição de análise 
por calor. Holmér (1984) propõe o uso de “índice de isolamento 
requerido de vestimentas (IREQ)” no qual evidencia quais medidas 
podem ser tomadas, considerando a capacidade de isolamento das 
roupas para dar respostas psicossensoriais do corpo em relação ao frio.
2.2.3 Referenciamento normativo para o estudo de 
estresse térmico
A parametrização de avaliação das condições ambientais associadas à 
temperatura subsidia-se nas normas descritas a seguir:
ISO 7243 (ISO, 2017) – Ergonomics of the thermal environment — 
Assessment of heat stress using the WBGT (wet bulb globe temperature) 
index; em português, ergonomia do ambiente térmico – avaliação do 
estresse térmico usando o índice WBGT (temperatura do globo de bulbo 
úmido) → Estimativa do estresse por calor em trabalhadores, baseado 
no índice IBUTG (índice de bulbo úmido e temperatura de globo): é um 
método de rápido diagnóstico que leva em consideração o efeito médio 
do calor ambiental sobre o ser humano, considerando um período 
representativo (tempo) considerando sua atividade, não servindo para 
avaliação em tempos de curta duração. Obrigatoriamente só pode ser 
utilizada quando fora da zona de conforto (de 36,5 °C a 37,5 °C).
51
O anexo 3 da NR 15 – Limites de tolerância para exposição ao calor 
(alterado pela Portaria SEPRT n. 1.359, de 09 de dezembro de 2019) 
(BRASIL, 2019). → Fixa limites máximos de tempo que um trabalhador 
poderá ficar exposto, baseado no calor, no desempenho da atividade 
laboral. Para isto, faz uso do índice de IBTUG, relacionando o tipo de 
atividade com ciclos de trabalho e descanso, em função dos valores 
máximos de referência do IBUTG.
ISO 7933 (ISO, 2004) – Ergonomics of the thermal environment – Analytical 
determination and interpretation of heat stress using calculation of the 
predicted heat strain (tradução: ergonomia do ambiente térmico – 
determinação analítica e interpretação do estresse térmico usando 
o cálculo da tensão de calor prevista). → Ambientes quentes – 
determinação analítica e interpretação do stress térmico, utilizando o 
cálculo da taxa requerida de suor – sugere um método de avaliação 
e interpretação do stress térmico a que uma pessoa está submetidadentro de um ambiente quente. Por meio do índice de taxa requerida 
de suor (SWreq), propõe o balanceamento térmico de modo a manter o 
equilíbrio da temperatura corporal.
ISO 9886 (ISO, 1992) – Ergonomics – Evaluation of thermal strain by 
physiological measurements (tradução: ergonomia – avaliação de 
deformação térmica por medidas fisiológicas) → Avaliação da tensão 
térmica por meio de medições fisiológicas – propõe métodos para 
medição e interpretação de dados fisiológicos levando em consideração 
ambientes termicamente desfavoráveis (sugere limites aceitáveis 
das respectivas variáveis do ambiente) e para isto são considerados: 
temperatura interna do corpo, temperatura da pele, taxa cardíaca e 
perda de massa corporal.
ISO 11079 (ISO, 2007) – Ergonomics of the thermal environment – 
Determination and interpretation of cold stress when using required 
clothing insulation (IREQ) and local cooling effects (tradução: ergonomia 
do ambiente térmico – Determinação e interpretação do estresse por 
52
frio ao usar o isolamento de roupas necessário (IREQ) e os efeitos locais 
de resfriamento) → Avaliação de ambientes frios – toma por base a 
determinação do isolamento requerido das vestimentas (IREQ) e, para 
isto, verifica o estresse térmico associado à permanência em ambientes 
frios utilizando o índice IREQ. Considera condição de exposição contínua, 
intermitente ou ocasional em ambientes de trabalho externos e 
internos.
NHO 06 Avaliação da exposição ocupacional ao calor (GIAMPAOLI 
et al., 2017) → Estabelece os procedimentos e critérios para a avaliação 
da exposição ocupacional ao calor, limites de exposição, assim 
como demonstra os meios de correções aos índices de bulbo úmido 
termômetro de globo (IBUTG). Faz considerações acerca das vestimentas 
dos trabalhadores, avaliações em ambientes externos e a céu aberto, 
e fornece requisitos para o julgamento das informações obtidas no 
levantamento. Além disso, fornece considerações sobre medidas 
preventivas e corretivas em favor da proteção do trabalhador.
A observação das normas citadas é para aprofundamento dos estudos 
em uma situação futura, para evoluir no entendimento das variáveis que 
precisam ser avaliadas no estresse por calor e por frio. Dada condição 
das normativas brasileiras relacionadas e a avaliação da temperatura 
e as condições ambientais e clima brasileiros, tomaremos por base o 
estudo da ISO 7243 – ambientes quentes – pois a NR15 usa somente a 
estimativa de estresse por calor sobre o trabalhador, tomando por base 
a metodologia de IBUTG (bulbo úmido e temperatura de globo).
3. Os equipamentos, unidades de medida e 
limites normativos
Como vimos, o estresse térmico depende diretamente da carga térmica 
interna do corpo (gasto metabólico) e das características ambientais do 
53
trabalho (temperatura do ar, temperatura média radiante, velocidade 
do ar e umidade absoluta do ar). A metodologia de índice de IBTUG 
considera dois parâmetros ambientais: a temperatura do bulbo 
úmido ventilado naturalmente (tbun) e a temperatura de globo (tg). 
Em condições externas, sob condições de radiação solar, é necessário 
também o conhecimento da temperatura do ar (ta).
A partir destes parâmetros ambientais consideramos as seguintes 
expressões IBUTG = 0,7.tbun + 0,3.tg - (em ambientes internos).
IBUTG = 0,7.tbun + 0,2.tg + 0,1.ta - (em ambientes externos com radiação 
solar direta).
Para efeito de variações espaciais e de tempo, considera-se os valores 
médios aferidos durante o levantamento, que, quando inseridos 
nas expressões acima, os resultados devem ser comparados com 
os valores de referência considerados na NR 15. Caso os valores 
resultantes ultrapassem os valores dos limites normativos, é possível o 
encaminhamento de ações.
Ao longo deste material, foram descritos conceitos relacionados à 
temperatura e condição térmica de conforto e estresse térmico. Por 
meio dos mecanismos de transmissão de calor, o corpo interage 
com o meio ao qual está inserido, e, assim, por meio de mecanismos 
termorreguladores (metabolismo basal e de trabalho) tenta sempre 
alcançar condições psicossensoriais/psicofisiológicas, dentro da zona de 
conforto. Foi dado uma introdução também sobre as principais normas 
que referenciam o estudo das condições ambientais do trabalho e 
corpo humano, mas em função das normativas brasileiras estarem mais 
focadas nas condições de calor (estresse por calor), faremos o estudo 
considerando o índice de IBUTG para que consigamos entender esta 
metodologia e os limites estabelecidos pela NR 15.
54
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