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Federalismo – uma visão brasileira Trento, Larissa* Se fossemos recorrer ao dicionário, federalismo é tido como “uma forma de governo pela qual vários estados se reúnem numa só nação, sem perda de sua autonomia fora dos negócios de interesse comum.” Em termos estritamente jurídicos, e conforme o magistério do jurista Pedro Nunes, Federação é a "união de várias províncias, Estados particulares ou unidades federadas, independentes entre si, mas apenas autônomas quanto aos seus interesses privados, que formam um só corpo político ou Estado coletivo, onde reside a soberania, e a cujo poder ou governo eles se submetem, nas relações recíprocas de uns e outros." A princípio, não se encontram dúvidas relacionadas à sua definição, mas o complexo significado político-filosófico que a palavra federalismo apresenta abre alas para um estudo aprofundado de sua natureza e de suas características. Federalismo é uma expressão muito usada nos discursos políticos para representar a união nacional, apesar de apresentar uma força descentralizadora, dificilmente destacada. Uma federação representa o reconhecimento às diferenças individuais, estaduais, regionais e locais que, mesmo apresentando uma grande variedade, tem a possibilidade de manter a unidade de um país. A idéia de federalismo nasceu com uma longa tradição, a favor dos governos locais dos Estados Unidos da América. Com esta base, pode-se relevar a grande qualidade do federalismo: a descentralização dos poderes. Fato que impede os excessos de mando e possibilita o emprego conjunto e coordenado de diferentes poderes. Qualquer sistema federativo possui características específicas destacando, inevitavelmente, a existência de uma constituição escrita com um caráter geral, a divisão territorial e a existência de diferenças e componentes culturais que sustentam tanto a federação como a descentralização. O sistema político do federalismo assegura as tradições jurídicas e administrativas locais, solução que assegura o respeito e a preservação de minorias étnicas. Viver em um Estado Democrático significa viver em um estado onde o poder emana do povo. Pode-se afirmar que a democracia é a “institucionalização da liberdade”, ou “a arte da convivência dos contrários”. Os cidadãos têm o dever de participar no sistema político, que por sua vez, protege os direitos e liberdades do cidadão. Um fator importante de uma democracia é a proteção que ela oferece contra governos centrais muito poderosos. Além de respeitar a vontade da maioria, a democracia protege, acima de tudo, os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias. O Brasil é um país que tem como marca a diversidade. É constituído de uma nação formada por povos distintos e dona de uma vasta cultura que se diversifica acompanhando o considerável território nacional. Sendo o país herdeiro de diferentes hábitos e costumes, a adaptação dos brasileiros a um modelo de pensamento que identifique essa miscigenação ocorre sem fadiga. O federalismo no Brasil surgiu principalmente devido às próprias condições geográficas do país, que possui 8.547.403,5 km², e das condições naturais que essa vastidão proporciona, o que ocasiona uma descentralização, típica desse sistema de governo. Assim a pluralidade das regiões se mantém. Durante o período em que o Brasil estava em mãos da administração do português Dom Pedro I, ocorreram criações sociais correspondentes às aspirações descentralizadoras, como a Guerra dos Farrapos (1835 - 1845) e a Revolução Praieira (1848 - 1852). Como a administração portuguesa ameaçava ser um perigo à unidade nacional, o Império deu origem aos Atos Adicionais, que outorgavam autonomia aos Conselhos-Gerais, entre outros. As províncias permaneceram com essa estrutura até 1889, quando foram transformadas em Estados-Membros. Com a Constituição Federal de 1891, art.63, instituiu-se que cada Estado-Membro seria regido pela Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios constitucionais da União. Assim, a Federação pressupunha a existência de várias ordens jurídicas autônomas, mas relacionadas com o Governo Central, o que acontece até hoje. A República Federativa do Brasil é atualmente dividida em 26 estados, um Distrito Federal e 5.563 municípios. Sendo uma democracia, o exercício do Poder é atribuído a órgãos distintos e independentes, cada qual com uma função, assim prevenindo que a ação de algum deles não esteja de acordo com a Constituição. O chefe do Poder Executivo Federal é o Presidente da República, que é auxiliado pelos Ministros de Estado. Quanto ao sistema tributário na Federação Brasileira, a constituição define a atribuição de receitas tributárias a cada esfera do governo, de modo que a sobreposição de competências relacionadas aos impostos e contribuições sociais não ocorra. Ou seja, cada nível do governo tem o direito de instituir impostos que pertençam à sua competência privada e que sejam, claro, atribuídos pela Constituição. Para entender a Federação Brasileira hoje, é necessário entender suas fontes, e uma importante particularidade da história do federalismo no Brasil é o fato de este ter sido uma concessão do Estado Brasileiro, ao contrário dos Estados Unidos. Os estados independentes do Reino Unido tinham soberania, mas, para construir uma Federação que fosse mais poderosa que os estados independentes, estes abriram mão dessa soberania, para assim criar um poder mais forte e concreto. Portanto, pode-se dizer que essa forma de governo veio “de baixo para cima”, ao contrário do Federalismo Brasileiro, que veio “de cima para baixo”. *Foram retirados trechos do texto “Federalismo – uma visão Brasileira” de Larissa Trento. A íntegra você encontra em: http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11193&revista_cadern o=9
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