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IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
SEMANA 10 – EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS 
Conceito: As urgências e emergências psiquiátricas (EP) podem ser definidas como: “qualquer 
alteração de natureza psiquiátrica em que ocorram alterações do estado mental, as quais resultam 
em risco atual e significativo de morte ou injúria grave, para o paciente ou para terceiros, 
necessitando de intervenção terapêutica imediata. 
• As definições de emergências psiquiátricas sugerem ainda a presença de perturbação 
urgente e grave de conduta, afeto ou do pensamento, bem enfrentamento mal adaptativo 
 
Situações de emergências psiquiátricas 
• Ideia e tentativa de suicídio; 
• Agitação, agressividade e risco de violência aguda; 
• Ansiedade aguda; 
• Intoxicação aguda e síndrome de abstinência do álcool e outras substâncias psicoativas; 
• Surtos psicóticos. 
 
- As EPs podem ocorrer nos diversos ambientes de tratamento, como hospitais comunitários e 
ambulatórios. 
 
Epidemiologia 
- Em torno de 4% de todos os atendimentos médicos gerais de emergência ocorrem devido a uma 
condição de saúde mental ou comportamental. 
• Entre os atendimentos de EP, um terço ocorre para avaliação de risco de suicídio. 
- A necessidade de hospitalização é evidenciada em 40% dos pacientes atendidos que apresentam 
manifestações de comportamento decorrentes: de transtornos do humor, esquizofrenia e uso de 
substâncias psicoativas, principalmente de álcool. 
- Mesmo considerado um importante serviço para a organização das redes de saúde mental, os 
dados brasileiros sobre as emergências psiquiátricas são escassos, não havendo muitas 
informações relativas à distribuição dos serviços de emergência psiquiátrica (SEPs) em território 
brasileiro. 
• Mulheres > homens 
• Adultos, jovens, solteiros, separados ou viúvos 
• 20% suicidas, 10% violentos 
• Idosos 5% 
 
Classificação de risco 
- A Portaria no 2.048 de 05 de novembro de 2002, do Ministério da Saúde, propõe a implantação 
do Acolhimento e da “Triagem Classificatória de Risco” nas unidades de atendimento às urgências. 
• De acordo com a Portaria, este processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de 
nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos preestabelecidos 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em 
ordem de prioridade para o atendimento”. 
- É um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato. 
- A agilidade do atendimento é de acordo com o potencial de risco, agravos a saúde ou grau de 
sofrimento. 
 
Objetivos da classificação de risco: 
• Avaliar o paciente (de acordo com a sua complexidade); 
• Descongestionar a emergência psiquiátrica; 
• Reduzir o tempo para o atendimento médico; 
• Determinar área de atendimento primário; 
• Informar o tempo de espera. 
 
- Essa classificação consiste basicamente no atendimento por enfermeira treinada que ouve as 
queixas principais, coleta dados clínicos e psiquiátricos (doenças prévias, medicamentos em uso, 
existência ou não de internações anteriores), medida de sinais vitais (pressão arterial, pulso, 
oximetria, dextro) e, mediante análise dessas informações, classifica-se com cores dependendo da 
prioridade do caso: vermelho (emergência), amarelo (urgência maior), verde (emergência menor) 
e azul (não urgente). 
• Todos os pacientes que chegam ao Pronto-Socorro Psiquiátrico devem passar por essa 
etapa. 
 
Divisão da emergência 
 Área vermelha.: Área devidamente equipada e destinada ao recebimento, avaliação e 
estabilização das urgências e emergências clínicas e traumáticas. Após a estabilização estes 
pacientes serão encaminhados para as outras áreas; 
 
 Área amarela .: Área destinada à assistência de pacientes críticos e semicríticos já com 
terapêutica de estabilização iniciada; 
 
 Área verde .: Área destinada a pacientes não críticos, em observação ou internados aguardando 
vagas nas unidades de internação ou remoções para outros hospitais de retaguarda; 
 
 Área azul .: Área destinada ao atendimento de consultas de baixa e média complexidade. 
 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
GRAU DE PRIORIDADE 
 
COR DA 
PULSEIRA 
 
 
MINUTOS DE SEGURANÇA 
PARA PRIMEIRA 
OBSERVAÇÃO MÉDICA 
 
 
• Intoxicação grave por álcool 
• Delirium tremens 
• Intoxicação grave por drogas 
(overdose) 
• Tentativa de suicídio/homicídio 
• Agitação extrema 
 
 
 
 
VERMELHA 
 
 
 
IMEDIATO 
 
EMERGÊNCIA 
 
• Síndrome de abstinência 
• Intoxicação moderada por álcool 
• Agitação menos intensa 
• Estado de pânico 
• Potencialmente agressivo 
• Alucinações e/ou desorientação 
• Pensamentos / atitudes suicidas 
e/ou homicidas 
 
 
 
 
AMARELA 
 
 
 
ATÉ 60 MINUTOS 
 
URGÊNCIA MAIOR 
 
• Distúrbios situacionais 
(família/trabalho/etc) 
• Gesticulando, mas não agitado 
• Insônia 
• Intoxicação leve por álcool 
(embriaguez) 
• Intoxicação leve por drogas 
 
 
 
 
VERDE 
 
 
 
120 MINUTOS 
 
URGÊNCIA MENOR 
 
• Demais condições não agudas 
• Questões sobre medicações ou 
desejo de receita 
• Paciente necessitando de 
suporte psiquico, etc 
 
 
 
AZUL 
 
 
ATÉ 240 MINUTOS 
 
NÃO URGENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
SUICÍDIO 
DEFINIÇÕES: O comportamento auto lesivo é uma prática complexa que envolve aspectos 
biológicos, psicológicos, genéticos, sociais e culturais. Para compreender o assunto em sua 
totalidade, é imperativo conhecer conceitos básicos ligados ao tema, o que tem como prerrogativa 
facilitar a comunicação entre profissionais, a formulação de hipóteses diagnósticas e a estimativa 
do risco de maneira pragmática. 
 
 
FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO 
- O comportamento suicida é influenciado por uma série de fatores de risco e de proteção. A 
avaliação dessas variáveis é imprescindível para determinar o risco e adotar uma conduta 
adequada. 
- Os fatores de risco podem ser divididos didaticamente em não modificáveis e modificáveis. Os 
não modificáveis são relativamente duradouros ou estáveis, podendo aumentar a suscetibilidade 
de uma pessoa a comportamentos suicidas, como fatores genéticos e neurobiológicos, gênero, 
personalidade, cultura e nível socioeconômico. 
- Os modificáveis são os que geralmente podem ser foco de intervenção e incluem posse de arma 
de fogo, transtornos psiquiátricos, doenças clínicas, entre outros. 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
 
Também devem ser avaliados os fatores de proteção, que são capacidades, qualidades, recursos 
ambientais e pessoais que aumentam a resiliência, ajudam a lidar com diferentes eventos da vida 
e conduzem o indivíduo para o crescimento, a estabilidade e/ou a saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
AVALIAÇÃO 
A avaliação do comportamento suicida por profissional de saúde mental capacitado é uma peça-
chave para a condução do caso. Durante essa avaliação, devem-se obter informações sobre o 
estado mental do paciente e de seu histórico, o que pode ser feito por observação, questionamento 
direto ou coleta de história com terceiros. Isso permite ao médico estimar o risco e tomar as 
condutas necessárias para evitar um desfecho desfavorável. 
 
 
- Os sinais de alerta devem ser observados, uma vez que são preditores de um possível 
comportamento auto-lesivo em um futuro próximo. 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
- Esses sinais podem ser observados na ausência de fatores de risco evidentes 9 ou mesmo na 
negação da ideação suicida, evidenciando uma ameaça de comportamento auto-lesivo. 
Idealmente, o paciente em risco de suicídio deveria ser identificado antes do ato ou tentativa, 
porém, na maioria dos casos, essa identificação só acontece depois. 
- A avaliação de pacientes após tentativas de suicídio geralmente ocorre em setoresde emergência 
e deve ser pormenorizada, a fim de favorecer a compreensão global do ato e a determinação de 
seu contexto. 
- O comportamento suicida está altamente associado à presença de transtornos psiquiátricos. São 
fundamentais a avaliação cuidadosa dos pacientes com distúrbios mentais quanto ao risco de 
comportamento auto-lesivo e a avaliação dos pacientes em risco de suicídio quanto à possível 
presença de transtornos mentais. 
- Além disso, o exame físico deve necessariamente ser realizado, pois pode mostrar evidências de 
intoxicação ou de doenças clínicas que agravam o quadro. Exames laboratoriais devem ser 
solicitados de acordo com o julgamento clínico. 
 
ESTIMATIVA DO RISCO 
- Entende-se que o comportamento suicida se apresenta em um continuum, que se estende entre 
a vontade de continuar a viver e a certeza da intenção de se matar. O percurso entre um extremo 
e outro pode levar anos ou minutos, a depender das peculiaridades de cada paciente. 
- O risco de suicídio não é uma característica estática, estando em constante flutuação. Logo, por 
ser um atributo dinâmico, com inúmeras variáveis, não há modelo preditivo exato e validado para 
estimar seu risco com precisão absoluta. 
- Dessa maneira, as diretrizes, livros e artigos sobre o tema não se prestam a ser o padrão-ouro 
em relação à avaliação de cada paciente em particular, mas colaboram com informação sobre o 
assunto e ajudam na tomada de decisão. 
- Para a avaliação do risco, o examinador deve obter toda a informação possível sobre a intenção 
do paciente de se engajar em um comportamento auto-lesivo, avaliar os fatores que podem 
aumentar ou diminuir o risco de que esse ato ocorra e integrar esses dados para que seja feita a 
estimativa 
- Determinados fatores, como transtorno do uso de substâncias ou intoxicação aguda, acesso a 
meios letais e teste de realidade negativo, aumentam o risco em qualquer estágio. A evidência de 
comportamento preparatório deve ser levada em consideração, mesmo na negação de ideação 
suicida. 
- A formulação do risco de suicídio se baseia não só no somatório de fatores de risco e de proteção, 
mas também na interação entre eles. 
- Apesar da existência dos guias de conduta e algoritmos, o profissional de saúde deve estar 
preparado para tomar sua conduta considerando as inevitáveis variações que ocorrem na prática 
e ser flexível para aperceber-se de maneira apropriada das necessidades de cada paciente, 
levando em conta os recursos disponíveis no momento e as limitações de cada serviço. 
- O profissional deve avaliar essas condutas preestabelecidas como referências, mas também fazer 
uso de seu julgamento clínico e bom senso para cada situação em particular. 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
PREVENÇÃO 
- Estima-se que, no ano de 2020, o suicídio acarretará 2,4% de todo o global burden of disease. 
- Por se tratar de um grande problema de saúde pública, a OMS tem envidado esforços para 
aumentar a atenção à prevenção desse agravo. 
- O trabalho consiste em formular estratégias efetivas como a redução do acesso a meios comuns 
de tentativas, como armas de fogo e pesticidas, o acompanhamento de pessoas com tentativas de 
suicídio prévias e a implementação de call centers de emergência. 
- Visa também a estimular políticas de aumento do acesso a tratamentos de transtornos que 
aumentam o risco de suicídio, como depressão e transtorno de uso de álcool, além de aumentar a 
divulgação de políticas de prevenção e as discussões sobre o tema. 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
AGITAÇÃO PSICOMOTORA 
- A agitação psicomotora pode ser definida como um quadro agudo de aumento excessivo da 
atividade verbal e da psicomotricidade, associado à experiência subjetiva de tensão, irritabilidade, 
ausência de cooperação à contenção verbal e risco de agressão física. 
- Nos serviços de emergência médica, as alterações de comportamento relacionadas com a 
agitação psicomotora correspondem a aproximadamente 5% dos atendimentos nos EUA e a 3% 
em nosso meio. Já nos serviços de emergência psiquiátrica, os quadros de agitação psicomotora 
são responsáveis por até 10% dos atendimentos. 
- A maior parte dos episódios são quadros de intoxicação aguda por abuso de substâncias e 
episódios psicóticos por diferentes causas, como esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar ou 
psicose induzida por substância 
 
Os fatores de risco associados aos quadros de agitação psicomotora: 
• Sexo masculino 
• Idade de 15 a 24 anos 
• Baixo nível sociocultural 
• Desemprego 
• Ausência de suporte social 
• Atos violentos prévios 
• Envolvimento em assaltos 
• Homicídio 
• Ser vítima de violência na infância 
• Baixa tolerância a frustrações 
• Uso de mecanismos de defesa primitivos, como dissociação e projeção 
• Baixa autoestima 
 
APRESENTAÇÕES E CONDIÇÕES ASSOCIADAS 
- A agitação psicomotora é uma manifestação complexa e inespecífica associada a inúmeras 
condições clínicas e psiquiátricas primárias. 
- Cabe ao profissional responsável o conhecimento e o raciocínio clínico para investigar com 
competência as diferentes associações possíveis. Em virtude da baixa capacidade de insight e 
comprometimento da crítica para tomada de decisões e julgamento da realidade, dificilmente há 
procura espontânea do indivíduo em agitação pelo serviço de emergência. 
- Com o aumento da psicomotricidade, contato difícil, taquipsiquismo e atitude hostil, geralmente 
os pacientes são levados para atendimento pelo corpo de bombeiros, policiais, familiares, amigos 
e até desconhecidos. 
- As associações com condições clínicas podem apresentar alteração do nível de consciência com 
flutuação quantitativa e alterações qualitativas nos estados crepusculares e oniroides, alteração da 
atenção com distraibilidade e hipotenacidade, sinais diretos e indiretos de alucinações visuais, 
ausência de reatividade a fatores psicossociais recentes, além de desorientação importante no 
tempo e no espaço. 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
- Já em quadros psiquiátricos primários, além da história psiquiátrica prévia, encontra-se, com maior 
frequência, reatividade a circunstâncias familiares, mudanças recentes no tratamento, entre outros 
fatores estressores profissionais e sociais antecedendo os episódios de agitação, principalmente 
em transtornos de personalidade do cluster B, quadros dissociativos, transtornos afetivos e até nas 
psicoses. 
- Hipervigilância geralmente ocorre associada aos delírios persecutórios com alterações da forma 
do pensamento, frouxidão de laços associativos até desagregação, além de solilóquios e outros 
indícios de alucinações auditivas nas esquizofrenias e outros transtornos esquizofreni-formes. 
- Já aceleração do pensamento, fuga de ideias, hipersexualidade e delírios de grandeza são mais 
comuns nos quadros manitiformes do transtorno afetivo bipolar. Menos frequentemente, o episódio 
de agitação pode acontecer durante o atendimento em pacientes inicialmente calmos e 
colaborativos. 
- Nesses casos, pode-se observar alguns preditores de comportamentos violentos, como aumento 
das exigências, elevação do tom da voz, comentários pejorativos, irritabilidade, sinais de 
desconfiança, permanecer em pé ou andando pela sala, desacatando as orientações dadas pelo 
médico, e até percepção do sentimento contra-transferencial de medo pelo profissional mais 
experiente. 
 
Os transtornos mentais primários associados à agitação psicomotora: 
• Esquizofrenias 
• Transtorno afetivo bipolar 
• Psicose induzida por substância 
• Transtorno delirante persistente 
• Transtorno de personalidade do cluster B 
• Crise de pânico 
• Deficiência intelectual 
• Episódio conversivo e dissociativo 
• Primeiro episódio psicótico 
• Intoxicação aguda 
 
As principais condições clínicas associadas à agitação psicomotora: 
• Delirium 
• Hipoglicemia 
• Hipoxia 
• Encefalopatia hepática 
• Insuficiência renal com uremia• Hipo/hipernatremia 
• Hipo/hipercalcemia 
• Hipo/hipertireoidismo 
• Insuficiência suprarrenal 
• Porfiria aguda 
• Epilepsia 
• Estado pós-ictal 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
• Traumatismos cranioencefálicos 
• Neoplasias cerebrais 
• Demências 
• Hemorragia subaracnoides 
• Acidentes vasculares encefálicos 
• Doença de Huntington 
• Doença de Wilson 
• Intoxicação com quimioterápicos 
• Intoxicação com anticonvulsivantes 
• Alteração de comportamento induzido por corticosteroides 
• Encefalites virais 
• Encefalopatia pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV, human immunodeficiency virus) 
• Lúpus 
• Encefalite anti-NMDA (N-metil-D-aspartato) glutamatérgico 
• Esclerose múltipla 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
- Devem ser solicitados obviamente após a estabilização do quadro e de acordo com a suspeita 
clínica. Deve-se avaliar hemograma, eletrólitos, sorologias, funções tireoidiana, renal e hepática, 
enzimas hepáticas, bilirrubina total/frações, além de exame toxicológico. 
- Na investigação direcionada em casos de maior suspeita de condição clínica associada, 
encontram-se os exames de imagem do sistema nervoso central (SNC), sendo a ressonância 
magnética superior à tomografia computadorizada em relação à qualidade de investigação, mas 
têm maiores custos e menor disponibilidade. 
- Na investigação direcionada, recomenda-se pesquisa de HIV para apresentação atípica da 
panencefalite esclerosante subaguda do HIV, eletroencefalograma (EEG) para pesquisa de 
manifestações atípicas de epilepsia, além de encefalopatias por toxinas. Deve-se coletar líquido 
cefalorraquidiano na suspeita de quadros desmielinizantes, infecciosos e inflamatórios/autoimunes. 
- De acordo com as probabilidades diagnósticas de cada caso, deve-se verificar anticorpo 
antifosfolipídico, cálcio, paratormônio, anticorpos do lúpus, se houver suspeita de psicose lúpica, 
exame toxicológico de urina, pesquisa de metais pesados para intoxicação e ceruloplasmina na 
suspeita de doença de Wilson. 
 
CONDUTA IMEDIATA 
- Pode-se dividir o manejo em quatro diferentes níveis: 
1. Ambiente 
2. Manejo comportamental 
3. Medidas farmacológicas 
4. Contenção mecânica 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
CATATONIA 
Catatonia é uma síndrome neuropsiquiátrica caracterizada por anormalidades comportamentais 
impressionantes que podem incluir imobilidade ou excitação motora, negativismo profundo ou 
ecolalia (imitação da fala) ou ecopraxia (imitação de movimentos). 
 
CONDIÇÕES ASSOCIADAS 
 
DIAGNÓSTICO 
- Na prática clínica, fechar o diagnóstico de quadros intermediários pode ser difícil. Existem diversas 
escalas com diferentes pontos de corte para o diagnóstico. 
- O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) considera catatonia quando 
há três ou mais características das 12 a seguir: 
• Estupor catatônico (imobilidade ou extrema hipoatividade sem relação com o ambiente); 
• Catalepsia (manutenção de postura contra a gravidade após indução passiva); 
• Flexibilidade cérea; 
• Mutismo (total ou quase ausência de fala); 
• Negativismo; 
• Posturas bizarras espontâneas; 
• Maneirismos; 
• Estereotipias; 
• Agitação súbita não influenciada por fenômenos externos; 
• Sustentação bizarra da mímica facial (grimacing); 
• Ecolalia; 
• Ecopraxia. 
 
- Já a Bush-Francis Catatonia Rating Scale (BFCRS) apresenta um baixo limiar diagnóstico, 
exigindo apenas dois dos 14 itens, contendo todos os sinais do DSM-5, mas contando com ecolalia 
e ecopraxia como critério único, e mais três critérios possíveis: rigidez, staring (presença de olhos 
abertos fixos sem foco) e verbigeration (repetição de palavras sem sentido). 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
 
- Em razão da real possibilidade de associação com condições clínicas (cerca de 20% dos casos 
não são transtornos psiquiátricos primários), é necessário um raciocínio clínico amplo na 
investigação clínica de modo análogo à agitação psicomotora e à investigação de psicoses 
secundárias a causas orgânicas estabelecidas 
 
INVESTIGAÇÃO 
- Preconizam-se, além da anamnese detalhada, exame físico e neurológico completos, assim como 
investigação laboratorial com hemograma, velocidade de hemossedimentação (VHS), eletrólitos, 
glicemia, ureia, creatinina, função hepática e hormônios tireoidianos. 
- Exames de imagem do encéfalo também são úteis quando disponíveis, com superioridade da 
ressonância magnética em relação à tomografia computadorizada para investigação dos 
diagnósticos diferenciais possíveis. 
- Na investigação direcionada, recomenda-se pesquisa de HIV, eletroencefalograma (EEG) para 
episódios atípicos de convulsão e encefalopatias por toxinas. Líquido cefalorraquidiano deve ser 
coletado na suspeita de quadros autoimunes, desmielinizantes ou infecciosos. 
- Outros exames devem ser solicitados de acordo com a probabilidade do diagnóstico de 
desequilíbrio hidroeletrolítico (sódio, potássio, cálcio, magnésio e paratormônio); anticorpo 
antifosfolípide para coagulopatia, deficiência vitamínica pela dosagem de B12 e ácido fólico; 
anticorpos do lúpus para psicose lúpica. Por fim, toxicológico de urina, pesquisa de metais pesados 
e ceruloplasmina na suspeita de doença de Wilson. 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
TRATAMENTO 
- Inicialmente, o suporte clínico imediato para evitar complicações graves é mandatório. Hidratação 
IV, correção de possíveis distúrbios hidreletrolíticos e suporte nutricional via sonda nasoenteral são 
necessidades esperadas em casos graves. 
- O tratamento específico dependerá da condição clínica associada. Já nos quadros psiquiátricos 
primários, amobarbital IV e solução salina IV. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
DELIRIUM 
- Perturbação da consciência, com seus sintomas acompanhantes sendo considerados 
secundários ou fenômenos derivados e sua etiologia orgânica em um sentido forte. Suas definições, 
em geral, ressaltam sua natureza transitória, intermitente e estereotipada. 
EPIDEMIOLOGIA 
- Associa-se a morbidade e mortalidade aumentadas, permanência mais prolongada em hospital, 
declínio cognitivo e funcional e internação em unidades de longa permanência. 2 
- Na população geral, o delirium não é comum. Na subpopulação de 65 ou mais anos, sua 
prevalência varia entre 1,75 e 2,3%3 e, em populações com maiores proporções de idosos com 
demência, atinge até 22%. 
 
ETIOLOGIA 
• Idade avançada 
• Déficit cognitivo, demência ou história de delirium 
• Prejuízo funcional 
• Comprometimento visual e/ou auditivo 
• Comorbidade ou doença física grave 
• Depressão 
• Abuso de álcool 
• História de acidente vascular cerebral ou episódio isquêmico transitório. 
Uso de cateter urinário 
• Uso de contenção física 
• Qualquer evento iatrogênico 
• Medicamentos: polifarmácia, uso de medicação psicotrópica (p. ex., antipsicótico, 
antidepressivo, anticonvulsivante, 
• anticolinesterásico), uso de sedativos 
• Infecção 
• Alterações da glicemia e dos eletrólitos (sódio e potássio), albumina sérica anormal, ureia 
aumentada, elevada relação 
• ureia/creatinina, acidose metabólica 
• Coma 
• Cirurgias de aneurisma de aorta, torácica não cardíaca e de neurocirurgia 
• Internação de urgência ou em unidade de trauma. 
 
FISIOPATOLOGIA 
- A fisiopatologia do delirium ainda é pouco compreendida, uma vez que envolve interações 
dinâmicas complexas entre vários fatores de risco. Em um modelo de estudo das alterações que 
levam a essa condição, são considerados dois tipos de agressão ao cérebro. 
- No primeiro tipo, os danos cerebrais são causados por agressão direta de um fator de risco, como 
hipoglicemia ou hiponatremia. 
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
- No segundo,são causados pela resposta inflamatória exacerbada. Vários fatores ou condições 
médicas gerais associadas a delirium causam a ativação da uma cascata inflamatória com 
liberação de mediadores inflamatórios na corrente sanguínea. 
- Há forte evidência de que a estimulação inflamatória aguda periférica induz a ativação de células 
do parênquima cerebral, a expressão de citocinas pró-inflamatórias e de outros mediadores 
inflamatórios no sistema nervoso central. 
- Essas respostas neuroinflamatórias induzem disfunção neuronal e sináptica com consequentes 
sintomas cognitivos e neurocomportamentais. Adicionalmente, o envelhecimento e doenças 
neurodegenerativas intensificam respostas da micróglia após a estimulação por inflamação 
periférica e/ou infecção. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- No delirium, o início é geralmente agudo, variando de horas a dias. A característica flutuante e 
intermitente dos sintomas demanda reavaliações periódicas para o diagnóstico. 
São listados sinais e sintomas que podem compor o quadro clínico: 
• Atenção: desatenção, hipotenacidade, testes simples de atenção prejudicados (p. ex., teste 
seriado de 7, contagem regressiva de 20) 
• Orientação: desorientação quanto a pessoa, tempo e/ou espaço 
• Memória: prejuízo da memória de curto e longo prazo 
• Linguagem: fluência anormal, compreensão reduzida, dificuldade para achar palavras, 
dificuldade de nomeação, agrafia, déficits na comunicação, mistura de palavras, mutismo 
• Habilidade visuoespacial: dificuldade para transitar pelos locais onde mora (perder-se), 
desenhar, copiar um desenho, organizar pedaços de um quebra-cabeças 
• Processo do pensamento: pensamento tangencial, pensamento circunstancial, 
afrouxamento de associações 
• Sintomas neuropsiquiátricos: delírios, ilusões, interpretações equivocadas, alucinações, 
labilidade afetiva, apatia, alterações de humor 
• Distúrbios do ciclo sono-vigília: sonolência excessiva, cochilos durante o dia, despertares 
noturnos, inversão do ciclo vigíliasono, pesadelos ou sonhos vividos 
• Atividade motora: hiper ou hipoatividade motora, perseveração, comportamento sem 
propósito (p. ex., procurar ou escolher), delirium ocupacional e impersistência motora 
• Sinais e sintomas físicos: tremores de ação, asterixe, mioclonia, disartria, disfunção 
autonômica, apetite reduzido, anormalidadesdo reflexo e do tônus. 
 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico de delirium é primordialmente clínico 
• Método de Avaliação de Confusão (Confusion Assessment Method – CAM) 
• No idoso, a investigação laboratorial inicial deve incluir hemograma completo, eletrólitos, 
níveis de ureia, creatinina, glicose, cálcio, magnésio e fósforo, testes de função hepática, 
exame de elementos e sedimentos anormais na urina, gasometria arterial, eletrocardiograma 
(ECG) e radiografia de tórax. 
• EEG 
• Neuroimagem 
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• DSM-5 
 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO 
- No tratamento, o objetivo é prevenir o aparecimento desse quadro, identificar e reverter causas 
possíveis de delirium e manejar sintomas neuropsiquiátricos (p. ex., agitação, agressividade) 
que põem o paciente ou terceiros em risco. 
- A prevenção é a estratégia mais eficaz para reduzir sua frequência e suas complicações. 
Estima-se que até um terço dos casos de delirium possa ser prevenido. 
- Os pacientes devem ser avaliados quanto aos fatores de risco para delirium, minuciosamente 
nas primeiras 24 h da internação. 
- Otimização do sono, mobilização física, hidratação oral, uso de próteses auditivas e óculos 
diminuem a incidência de delirium. 5 
- O uso profilático de medicamentos para prevenção de delirium ainda é controverso e não 
amparado pela literatura médica. A identificação do delirium e o início de seu tratamento devem 
acontecer o mais rápido possível. 
- O manejo inicia-se com o tratamento não farmacológico, como medidas de desescalada para 
agressão e agitação psicomotora. Uma equipe multiprofissional (enfermeiros, psicólogo, clínico 
geral, psiquiatra) é necessária para atender às necessidades do bom cuidado aos pacientes 
com delirium e deve estar atenta para: 
• Comunicar-se com frequência com o paciente e a família 
• Garantir um ambiente calmo e confortável 
• Informar sobre ruídos ou equipamentos não familiares 
• Informar sobre ou apresentar pessoas desconhecidas no ambiente 
• Orientar o paciente frequentemente sobre onde está e o que faz naquele lugar 
• Fornecer calendários, relógios, sinalização e boa iluminação 
• Facilitar visitas de amigos e familiares e, se possível, envolvê-los nos cuidados de 
reorientação e prevenção de danos 
• Deixar o ambiente mais familiar, permitindo itens pessoais ou porta-retratos perto do leito 
• Utilizar atividades que estimulem cognitivamente 
• Corrigir qualquer déficit sensorial (p. ex., remover cera, disponibilizar óculos) 
• Oferecer bebidas quando visitá-lo, para mantê-lo hidratado 
• Interessar-se pela boa nutrição (p. ex., fornecer dentaduras, envolver nutricionista) 
• Encorajar a mobilidade precoce 
• Evitar barulhos ou iluminação que possa prejudicar o sono 
• Durante o tratamento, a equipe médica deve ser diligente para: 
• Corrigir hipoxia e hipotensão 
• Manter-se vigilante em relação à infecção 
• Monitorar as eliminações e tratar obstipação intestinal 
• Identificar e tratar dor 
• Revisar as medicações (suspender as com propriedades anticolinérgicas) 
• Evitar cateteres, aplicar medicação intravenosa ou coletar exames laboratoriais 
desnecessariamente 
• Não perturbar o sono do paciente com procedimentos ou administração de fármacos. 
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SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA 
- A dependência de álcool, em seus variados graus, bem como as complicações dela advindas, têm 
alta prevalência na população, podendo trazer graves consequências aos indivíduos acometidos, 
incluindo o óbito 
- Estima-se que, no Brasil, 12,3% da população preencha critérios para dependência de álcool e 
que, nos EUA, existam cerca de oito milhões de dependentes. Neste país, por ano, ocorrem 
500.000 episódios de síndrome de abstinência alcoólica (SAA) que necessitam de tratamento 
farmacológico. 
- Nesse contexto, o médico deve estar familiarizado com a SAA e preparado para prover o manejo 
adequado de seu paciente, visando a cumprir os seguintes objetivos: 
• Tratar adequadamente os sintomas de abstinência alcoólica; 
• Evitar que a síndrome evolua para delirium tremens (dt) e morte; 
• Após a completa recuperação da saa, fazer o adequado encaminhamento do paciente para 
o tratamento definitivo da dependência do álcool. 
 
FISIOPATOLOGIA 
- O álcool é um depressor do sistema nervoso central (SNC), agindo tanto pela potencialização das 
vias inibitórias (GABAérgicas) quanto pela inibição das vias excitatórias (glutamatérgicas). 
- Com a exposição crônica ao álcool, ocorre a neuroadaptação, com dessensibilização dos 
receptores GABA (ácido gama-aminobutírico) e hipersensibilização dos receptores NMDA, na 
tentativa de manter a homeostase entre inibição e excitação no SNC. 
- Assim, quando o consumo de álcool é interrompido, ou mesmo quando a quantidade de álcool 
ingerida é apenas menor do que a habitual, ocorre hiperestimulação glutamatérgica, entrada 
excessiva cálcio nos neurônios, hiperexcitabilidade do SNC e morte neuronal 
- É importante lembrar que, para que essa neuroadaptação ocorra, é necessária a manutenção de 
nível sérico de álcool alto por um período prolongado. Especula-se que a exposição contínua por 1 
semana seja suficiente para o desenvolvimento de sintomas leves e 1 mês para sintomas graves 
de abstinência. 
 
QUADRO CLÍNICO 
- Os critérios diagnósticos para a SAA são: 
História clara de parada ou diminuição da ingestão de álcool há 24 ou 48 h em paciente com uso 
prolongado e pesado de álcool 
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Três ou mais dos seguintes sintomas e sinais: 
• Taquicardia ou hipertensão• Sudorese 
• Tremores de membros superiores, pálpebras ou língua 
• Insônia 
• Náuseas ou vômitos 
• Cefaleia 
• Agitação psicomotora 
• Mal-estar ou fraqueza 
• Alucinações transitórias 
• Convulsões do tipo grande mal 
 
Entre as complicações possíveis, há: 
Alucinose alcoólica. Trata-se de um quadro de início precoce no decorrer da SAA, com início 
entre 12 e 24 h e resolução em 24 a 48 h. Geralmente, as alucinações são visuais, mas podem ser 
de qualquer natureza. Este quadro se distingue do DT por ser precoce, sem alteração do nível de 
consciência e dos sinais vitais. 
 
Convulsões. As convulsões secundárias à abstinência alcoólica também ocorrem precocemente 
no curso da síndrome de abstinência, geralmente entre 12 e 48 h após a última dose, e são do tipo 
tônico-clônicas generalizadas. Elas acontecem em até 5% dos pacientes com SAA não tratados 
adequadamente. Importante: convulsões recorrentes ou prolongadas ou status epilepticus 
requerem investigação imediata para causa estrutural ou infecciosa [deve-se solicitar tomografia 
computadorizada (TC) de crânio e punção lombar, p. ex.]. 
 DT. É uma grave complicação da SAA e trata-se de um quadro caracterizado por alucinações, 
confusão mental, taquicardia, hipertensão, hipertermia (aumento da temperatura em até 2°C), 
agitação e diaforese. Geralmente, tem início entre 48 e 96 h após a última dose e pode durar até 7 
dias, se não houver complicações. Na maior parte dos casos, o DT encerra em 4 a 5 dias. Cerca 
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de 5% dos pacientes com SAA desenvolvem DT, e a mortalidade deste varia de 5 a 37%, a 
depender da qualidade da assistência prestada ao paciente. A morte geralmente é secundária a 
complicações clínicas, especialmente arritmias, pancreatite e hepatite, ou à própria lesão do SNC 
acarretada pela hiperexcitabilidade neuronal. Os fatores de risco para desenvolvimento do DT são: 
• História prévia de DT 
• Idade > 30 anos 
• Presença de comorbidades clínicas 
• SAA grave mesmo com altos níveis séricos de álcool 
• Período longo após a última dose, geralmente acima de 48 h. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA 
Nível I: SAA leve e moderada 
• Aspectos biológicos: leve agitação psicomotora, tremores finos de extremidades, 
sudorese facial discreta, náuseas sem vômito 
• Aspectos psicológicos: bom contato com o profissional de saúde, orientado 
temporoespacialmente, sem prejuízo da crítica, leve ansiedade; sem história de auto ou 
heteroagressividade 
• Aspectos sociais: mora com familiares ou amigos e essa convivência está regular ou boa, 
mantém uma atividade produtiva, mesmo que momentaneamente afastado ou 
desempregado. A rede social está mantida 
• Aspectos comórbidos: sem complicações e/ou comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas 
graves. 
 
Nível II: SAA grave 
• Aspectos biológicos: agitação psicomotora intensa, tremores generalizados, sudorese 
profusa, náuseas com vômitos, sensibilidade visual intensa, convulsões ou relato de 
convulsões anteriores 
• Aspectos psicológicos: contato prejudicado com o profissional da saúde, desorientação 
temporoespacial, comprometimento do juízo crítico, ansiedade intensa, presença de delírios 
e/ou alucinações, história de auto ou heteroagressividade 
• Aspectos sociais: mau relacionamento com familiares e amigos, sem desenvolver qualquer 
atividade produtiva, ausência de suporte social 
• Aspectos comórbidos: com complicações e/ou comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas 
graves. 
 
 
 
 
 
 
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AVALIAÇÃO DO PACIENTE 
Anamnese 
História clínica completa. Deve-se realizar a anamnese com especial atenção para a história do 
uso do álcool (padrão de consumo nos últimos anos; quantidade e frequência; último consumo ou 
diminuição do consumo; SAA anterior, com ou sem convulsões), pesquisa de comorbidades 
psiquiátricas e avaliação da rede de suporte social. 
 
Fatores preditores de SAA grave. Deve-se pesquisar história anterior de SAA grave; presença de 
alcoolemia alta sem sinais de intoxicação ou com sintomas de abstinência; uso concomitante de 
tranquilizantes e hipnóticos; associação de problemas clínicos ou cirúrgicos; sintomas de base 
moderados a graves; idade avançada; maior gravidade da dependência alcoólica. 
 
ESCALA DE AVALIAÇÃO DE SINTOMAS 
A CIWA-Ar (Clinical Institute Withdrawal Assessment Scale for Alcohol Revised – Figura 25.3) é 
uma escala para avaliação objetiva da gravidade dos sintomas da SAA, permitindo classificação e 
guiando a conduta medicamentosa, inclusive provendo bases para a escolha do contexto em que 
o paciente poderá ser tratado. 
• Sintomas leves: escores menores que 10 
• Sintomas moderados: escores entre 10 e 14 
• Sintomas graves: escores maiores ou iguais a 15. Atenção: maior risco de complicação, se 
não tratado. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
- O diagnóstico de SAA é exclusivamente clínico e, portanto, para sua devida confirmação, pode 
ser necessária uma extensiva investigação na tentativa de excluir outros diagnósticos diferenciais 
(p. ex., infecção, trauma, alterações metabólicas) ou a detecção de comorbidades que tragam 
aumento do risco de morte ou complicações para o paciente. Essa investigação frequentemente 
inclui: 
• Exames laboratoriais: hemograma, transaminases, coagulograma e eletrólitos 
• Exames de imagem: radiografias (deve-se descartar a presença de fraturas ou de infecção 
pulmonar); tomografia de crânio (deve-se descartar a presença de hematomas, originados 
de possíveis quedas que o paciente não consiga relatar). 
- O principal diagnóstico diferencial a ser considerado é o de delirium 
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TRATAMENTO | CONCEITOS GERAIS 
- Uma vez adequadamente descartados os diagnósticos diferenciais e detectadas as comorbidades 
que porventura existam, o tratamento da SAA deve ser sempre multiprofissional, visando a um olhar 
amplo sobre o paciente e atendimento integral às suas necessidades de saúde. 
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- Deve-se colocar o paciente em local calmo e protegido, com adequado suporte nutricional e que 
possibilite reavaliações frequentes, especialmente dos sinais vitais. Na maioria das vezes, o 
tratamento deve ocorrer em regime de internação hospitalar. 
PACIENTES CLASSIFICADOS EM NÍVEL I 
- Deve-se realizar intervenção psicoeducacional (orientar o paciente sobre o seu diagnóstico, sobre 
a dependência do álcool e sobre a síndrome de abstinência) e prover o adequado 
acompanhamento clínico, por exemplo, para ambulatório especializado, onde o tratamento para a 
fase de privação aguda será feito de acordo com a necessidade. 
 
PACIENTES CLASSIFICADOS EM NÍVEL II 
- O tratamento deve ser realizado na emergência clínica-psiquiátrica. Nesse caso, utiliza-se a 
terapia guiada por sintomas, em vez de uma terapia de doses pré-fixadas. 
- Uma das vantagens dessa abordagem é o uso de menor concentração de medicação e menor 
duração do tratamento. Sua principal desvantagem é o risco teórico de maiores taxas de convulsão, 
especialmente em pacientes com história prévia de SAA, embora não haja evidências que 
comprovem tal risco. A família deve ser orientada do ponto de vista psicoeducacional. 
 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
- A SAA moderada a grave deve sempre ser tratada com farmacoterapia, buscando recuperar a 
homeostase metabólica (glicose, tiamina e fluidos) e reduzir a irritabilidade do SNC com o uso de 
benzodiazepínicos. 
 
O QUE NÃO FAZER 
• Hidratar indiscriminadamente 
• Administrar glicose sem ter usado tiamina 
• Administrar clorpromazina, por conta da diminuição do limiar convulsígeno que esse fármaco 
pode causar 
• Hidantalizar 
• Administrar diazepam intravenoso, sem recursos para reverter uma possível parada 
cardiorrespiratória 
 
QUANDO INTERNAR O PACIENTE 
• Pacientes com sintomas moderados a graves 
• Pacientes que não consigam fazer uso de medicaçãopor via oral 
• Pacientes sem rede de suporte social que garanta tratamento ambulatorial adequado 
• Paciente com doença psiquiátrica ou clínica descompensada 
• DT atual ou prévio 
• Convulsões secundárias a SAA atuais ou prévias 
• Paciente gestante 
 
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SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA 
INTRODUÇÃO 
- Emergência neurológica potencialmente fatal, associada ao uso de antipsicóticos, caracterizada 
por alteração do estado mental, rigidez, febre e disautonomia. 
- A mortalidade é decorrente das manifestações disautonômicas e de complicações sistêmicas 
provocadas pela doença. Atualmente, a mortalidade gira em torno de 10 a 20%. Requer rápida 
suspeita diagnóstica e tratamento. 
EPIDEMIOLOGIA 
- A incidência varia entre 0,2 e 3% dos pacientes em uso de antipsicóticos, de acordo com a 
população estudada e o rigor diagnóstico aplicado. É mais frequente em pacientes internados 
utilizando altas doses de antipsicóticos. Pode acometer indivíduos de qualquer idade e, apesar de 
ser mais frequente em adultos jovens, a idade não constitui um fator de risco. 
- Medicações associadas são mais frequentemente utilizadas com antipsicóticos típicos de alta 
potência (p. ex., haloperidol). Entretanto, agentes típicos de baixa potência (p. ex., clorpromazina) 
e agentes atípicos (p. ex., risperidona, olanzapina, quetiapina) também estão frequentemente 
associados, assim como agentes antieméticos (p. ex., metoclopramida). 
- A retirada ou diminuição da dose de medicações agonistas dopaminérgicas na doença de 
Parkinson (p. ex., L-dopa) pode precipitar uma síndrome semelhante. Geralmente se trata de um 
quadro mais leve, com prognóstico um pouco melhor. 
 
FATORES DE RISCO 
• Altas doses de antipsicóticos 
• Aumento rápido de dose 
• Aplicação parenteral 
• Catatonia aguda 
• Agitação psicomotora intensa 
• Uso concomitante de lítio 
• Antipsicóticos de depósito 
• Uso concomitante de substâncias de abuso 
• Comorbidade neurológica 
• Desidratação 
• Outra condição médica aguda (trauma, cirurgia, infecção). 
PATOGÊNESE 
- A causa da síndrome neuroléptica maligna (SNM) é desconhecida. Supostamente, a síndrome 
teria alguma relação com o bloqueio central de receptores de dopamina, principalmente da via 
nigroestriatal. 
- Alguns outros neurorreceptores também parecem estar envolvidos direta ou indiretamente [ácido 
gama-aminobutírico (GABA), serotonina, norepinefrina e acetilcolina]. 
 
QUADRO CLÍNICO 
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- Uso de medicação que bloqueia neurotransmissores dopaminérgicos + tétrade clínica 
característica: febre, rigidez, alteração do estado mental e instabilidade autonômica. 
• Alteração do estado mental: é o sintoma inicial em 82% dos pacientes. Geralmente se dá 
como delirium hiperativo com confusão mental ou catatonia e mutismo. Pode evoluir com 
estupor e coma 
• Rigidez muscular: grave e generalizada. Pode apresentar resistência total à mobilização 
passiva, com “rigidez em cano de chumbo”, com tremor sobreposto ou com “sinal da roda 
denteada”. Menos frequentes: distonia, opistótono, trismo, coreia, outras discinesias, 
sialorreia, disartria e disfagia 
• Hipertermia: sintoma definidor de acordo com a maioria dos critérios diagnósticos; > 38°C 
em 87% dos casos e > 40°C em 40% 
• Instabilidade autonômica: taquicardia (88%), oscilação da pressão arterial (61 a 77%), 
taquipneia (73%). Podem ocorrer arritmias e geralmente apresenta diaforese importante. 
 
DIAGNÓSTICO 
- Não há critérios diagnósticos validados para a SNM. Sempre que suspeitada, algumas medidas 
devem ser tomadas até a exclusão de todos os diagnósticos diferenciais (ver Tratamento). 
- É fundamental que se solicite algum exame de imagem cerebral [ressonância magnética (RM) ou 
tomografia computadorizada (TC) de crânio] e coleta de líquido cefalorraquidiano para afastar 
causas estruturais ou infecciosas. 
- A TC e a RM geralmente são normais ou apresentam edema cerebral difuso. Deve-se solicitar 
todos os exames laboratoriais que podem vir alterados, além dos necessários para afastar os 
diagnósticos diferenciais possíveis. 
 
TRATAMENTO 
- Consiste na retirada do agente causador e de agentes que podem contribuir para agravamento 
do quadro (lítio, anticolinérgicos, agentes serotoninérgicos). 
- Os cuidados de suporte intensivo são de fundamental importância. Várias complicações são 
frequentes, graves e potencialmente fatais. Entre elas: 
• Desidratação 
• Trombose venosa profunda (TVP) 
• Desequilíbrio hidreletrolítico 
• Trombocitopenia 
• Falência renal aguda pela rabdomiólise 
• Coagulação intravascular disseminada 
• Arritmias (inclusive torsades de pointes e parada cardíaca) 
• Falência respiratória por rigidez da parede torácica, pneumonia aspirativa e/ou 
tromboembolismo pulmonar 
• IAM 
• Tromboflebite venosa profunda 
• Cardiomiopatia 
• Convulsões secundárias à hipertermia 
• Desarranjos metabólicos 
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• Falência hepática 
• Sepse. 
 
As medidas de suporte devem ser as seguintes: 
• Manter a estabilidade cardiorrespiratória (ventilação mecânica, antiarrítmicos, marca-passos 
podem ser necessários) 
• Manter a volemia com fluidos intravenosos (IV); se a CK estiver muito elevada, realiza-se 
hiper-hidratação com alcalinização da urina 
• Controlar hipertemia com cobertores de resfriamento, bolsas de gelo nas axilas e/ou 
lavagem gástrica com água fria 
• Controlar pressão arterial, se muito elevada (fármacos sugeridos: clonidina ou nitroprussiato) 
• Prevenir TVP com heparina ou heparina de baixo peso molecular 
• Usar benzodiazepínicos para controlar agitação, se necessário. 
 
TERAPÊUTICA ESPECÍFICA 
Apesar da falta de evidência, há relatos de casos de sucesso terapêutico com algumas medicações. 
São eles: 
• Dantroleno: relaxante muscular que ajuda a controlar a rigidez muscular e a hipertermia 1 
a 2,5 mg/kg IV. Dose máxima 10 mg/kg/dia. Contraindicado em caso de prejuízo de função 
hepática 
• Bromocriptina: agonista dopaminérgico geralmente bem tolerado por pacientes psicóticos; 
2,5 mg por sonda nasogástrica (SNG) a cada 6 h. Dose máxima de 40 mg/dia. Manter por 
até 10 dias com redução gradual da dose 
• Amantadina: alternativa à bromocriptina. Dose inicial de 100 mg VO ou SNG e dose máxima 
de 200 mg a cada 12 h 
• Eletroconvulsoterapia (ECT): alguns relatos de caso mostraram sucesso terapêutico com 
ECT. Sugere-se não utilizar anestésicos que possam causar hipertermia maligna. 
 
PROGNÓSTICO 
- A maioria se resolve em 2 semanas, geralmente entre 7 e 11 dias. Tal prazo é prolongado em 
casos de medicação de depósito ou dano cerebral decorrente de hipoxia ou hipertermia prolongada. 
- Mortalidade de 5 a 20%, sendo os principais fatores de risco para pior prognóstico a falência renal 
pela rabdomiólise (50%) e drogadição comórbida (38,5%). 
Orientações para reintrodução do neuroléptico: 
• Aguardar pelo menos 2 semanas após a remissão dos sintomas 
• Evitar agentes de alta potência 
• Iniciar com doses mais baixas e aumentar gradualmente 
• Evitar uso concomitante de lítio 
• Prevenir desidratação 
• Monitorar com rigor o reaparecimento de sintomas da SNM. 
 
 
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SÍNDROME SEROTONINÉRGICA 
INTRODUÇÃO 
- É o conjunto de sinais e sintomas provocados pelo aumento da atividade de serotonina no sistema 
nervoso central (SNC). 
ETIOLOGIA 
- Na maior parte dos casos, é causada por superdosagem de alguma medicação serotoninérgica 
ou por algumas associações medicamentosas. 
- Pode ocorrer também em doses terapêuticas. Medicações que podem precipitar ou, quando em 
associação, contribuir para uma síndrome serotoninérgica: antidepressivos tricíclicos, inibidores 
seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores da monoaminoxidase (IMAO; mais 
comum), opioides, antitussígenos, antibióticos, antieméticos, agentes antimigranosos, produtos 
fitoterápicos,ecstasy (metilenedioximetanfetamina). 
 
QUADRO CLÍNICO 
- O quadro clínico é muito variável e as manifestações podem ser desde um discreto tremor de 
extremidades e diarreia, nos casos mais leves, até um quadro de delirium, rigidez neuromuscular, 
hipertermia e óbito, nos casos extremos. 
- Os sintomas da síndrome serotoninérgica podem ser divididos em três grupos: 
• Alteração do estado mental: agitação, ansiedade, desorientação, inquietação 
• Alterações neuromusculares: tremores, clônus, hiper-reflexia, rigidez muscular, sinal de 
Babinski bilateral, acatisia 
• Hiperatividade autonômica: hipertensão, taquicardia, taquipneia, hipertermia, midríase, 
diaforese, mucosas ressecadas, flushing, calafrios, vômitos, diarreia, arritmias, ruídos 
hidroaéreos intestinais aumentados 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
 
 
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MANEJO E TRATAMENTO 
- O tratamento é variável, de acordo com a gravidade do quadro. 
- De modo geral, deve-se suspender o agente causador, oferecer suporte clínico e usar 
benzodiazepínicos (diazepam) para controlar a agitação. 
- A contenção mecânica só deve ser feita com sedação, pois pode promover contrações 
musculares isométricas e consequente aumento da temperatura corporal. 
• Casos leves. Benzodiazepínicos para aliviar sintomas. 
• Casos moderados. Correção de sinais vitais com fluidos intravenosos (IV), sedação e 
monitoramento rigoroso da temperatura. 
 
• Casos graves (temperatura > 41,1°C). Correção agressiva dos sinais vitais (fluidos e 
medicações vasoativas), sedação imediata, intubação orotraqueal, correção da temperatura. 
Considerar o uso de fármacos que bloqueiam receptores 5-HT2A: 
o Cipro-heptadina: via oral (VO) ou por sonda nasogátrica; dose inicial de 12 mg e 2 
mg a cada 2 h até remissão dos sintomas 
o Olanzapina: 10 mg sublingual. 
 
 
EVOLUÇÃO 
Geralmente a intoxicação se resolve após 24 h. Tal intervalo pode ser maior em pacientes com 
disfunção renal ou em metabolizadores lento. 
 
 
 
 
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SIGILO MÉDICO 
- O sigilo médico é a confidencialidade de toda e qualquer informação tratada durante um serviço 
de saúde, seja uma consulta, exame, procedimento ou tratamento. 
- O profissional de saúde não pode compartilhar informações e comentários do paciente para 
ninguém, muito menos permitir que seus dados se tornem públicos. 
- Além disso, atualmente, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é mais uma lei que reforça 
que dados pessoais não podem ser violados ou expostos, sendo obrigação legal de quem trata os 
dados garantir essa segurança. 
- O sigilo profissional é um direito do paciente, e é obrigação do médico mantê-lo, podendo, 
portanto, só ser quebrado com o aval por escrito do paciente ou em situações permitidas por lei. 
 
Código De Ética 
- O Código de Ética do CFM específica de forma clara como o sigilo médico deve ser mantido 
pelos profissionais. Dentro os principais artigos do Código de Ética do CFM, podemos destacar os 
principais: 
• Artigo 11: o médico deve manter sigilo quanto às informações confidenciais de que tiver 
conhecimento no desempenho de suas funções. O mesmo se aplica ao trabalho em 
empresas, exceto nos casos em que seu silêncio prejudique ou ponha em risco a saúde do 
trabalhador ou da comunidade; 
 
• Artigo 74: revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive, a seus 
pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo 
quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente; 
 
• Artigo 75: fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos 
em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de 
comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente; 
 
• Artigo 76: revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de 
trabalhadores, inclusive, por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo 
se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade. 
 
 
Código Penal 
• Artigo 153: divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de 
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa 
produzir dano a outrem; 
 
• Artigo 154: revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem; 
 
• Artigo 269: deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é 
compulsória; 
 
• Artigo 325: revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em 
segredo, ou facilitar-lhe a revelação. 
 
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Resolução nº 1.605/2000 do CFM 
- O Código de Ética Médica aborda várias normas sobre o sigilo médico, mas a resolução nº 
1.605/2000 também deve ser um ponto de atenção, porque trata diretamente do sigilo profissional. 
- Nessa resolução existem alguns artigos considerados principais, como, por exemplo: 
• Artigo 1: o médico não pode, sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do 
prontuário ou ficha médica; 
 
• Artigo 2: nos casos do artigo 269 do Código Penal, no qual a comunicação de doença é 
compulsória, o dever do médico restringe-se exclusivamente a comunicar tal fato à 
autoridade competente, sendo proibida a remessa do prontuário médico do paciente; 
 
• Artigo 3: na investigação da hipótese de cometimento de crime, o médico está impedido de 
revelar segredo que possa expor o paciente a processo criminal; 
 
• Artigo 4: se, na instrução de processo criminal, for requisitada, por autoridade judiciária 
competente, a apresentação do conteúdo do prontuário ou da ficha médica, o médico 
disponibilizará os documentos ao perito nomeado pelo juiz, para que neles seja realizada 
perícia restrita aos fatos em questionamento; 
 
• Artigo 5: se houver autorização expressa do paciente, tanto na solicitação como em 
documento diverso, o médico poderá encaminhar a ficha ou prontuário médico diretamente 
à autoridade requisitante. 
 
 
Lei Geral de Proteção de Dados 
- A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) garante o sigilo médico e foi promulgada pelo Governo 
Federal e está sendo aplicada desde 27 de agosto de 2021. 
- Essa lei determina que os dados pessoais pertencem às pessoas, não às instituições. 
- A legislação comentada protege os direitos fundamentais de liberdade, privacidade, 
intimidade e personalidade do usuário, portanto, o sigilo médico não poderá violar tais 
direitos, visto que, ao tratar os dados do paciente, o profissional deverá estar em consonância com 
a lei. 
- No mesmo sentido, os fundamentos estabelecidos pela Lei Geral de Proteção de Dados possuem 
consonância com as normas éticas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina, nas quais 
são voltadas à proteção da intimidade, à vida privada, à honra, aos direitos humanos e à 
imagem do usuário. 
- Dessa forma, está terminantemente vedada a utilização indiscriminada de dados pessoais e, se 
acaso a determinação não for cumprida pelas empresas, estarão sujeitas às punições previstas. 
 
Quando o sigilo médico pode ser quebrado? 
- Código de ética médica, Cap. IX – art. 79 Cap. X – art. 89, art. 90 
- Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou 
extrajudicial. 
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=96997
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https://blog.iclinic.com.br/lgpd-na-saude/
IANI SOARES LUZ XIII – MED 
 
- Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo 
paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa. 
- Art. 90. Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente quando de sua 
requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina. 
- O segredo médico só pode ser quebrado em casos específicos previstos na lei e no código 
de ética.Dentre esses casos específicos, podemos destacar: 
• Autorização expressa do paciente; 
• Autorização expressa dos responsáveis legais; 
• Notificação compulsória de doenças transmissíveis; 
• Suspeita de abuso ao cônjuge; 
• Suspeita de abuso a idosos; 
• Suspeita de dano causado por ato criminoso; 
• Dano causado por arma de fogo ou similar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANEJO DO PACIENTE COM TENDÊNCIA SUICÍDA 
 
01. Realizar a entrevista do paciente (comportamento suicida e automutilação). 
 
02. Investigar uso abusivos de medicamentos. 
 
03. Acolher o paciente. 
 
04. Avaliar necessidade de encaminhamento para o tratamento especializado imediato. 
 
05. Avaliar necessidade de quebra de sigilo médico.

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