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Artigo 2016.00001 Prof. Hen rique Raad Página 1 de 4 Projeto Geométrico: Cálculo de Curvas Horizontais S imples Por Henrique Jardim Raad Publicado em 02/08/2016 RESUMO Os projetos geométricos de vias, em suas mudanças d e direção horizontais, podem ser dimensionados utilizando-se de processos simples de representação matemática de tr açado, desde que garantidas as condições de segurança e co nforto do tráfego. O presente artigo desenvolve o conceito da s concordâncias horizontais com um único raio, aprese ntando os mecanismos e equações utilizados para os cálculos. Ao final é demonstrado um exemplo resolvido e são propostos ex ercícios de fixação conceitual. Palavras-chave Estradas; Concordância Horizontal Simples; Raio. I. INTRODUÇÃO O cálculo de uma concordância circular simples resume-se em encontrar os valores da tangente exterior (T) e o comprimento do desenvolvimento (D), bem como definir a estaca de início da curva (PC) e de término (PT). A metodologia de cálculo é baseada em relações trigonométricas, considerando mudanças de direção em plano bidimensional. A figura 1 indica a representação de um eixo viário genérico contendo algumas mudanças de direção horizontais, onde se implantarão as curvas horizontais. Figura 1 – Representação das curvas horizontais [LE E, 2000] A figura 2 contém a representações dos elementos notáveis de uma curva horizontal simples de um projeto viário. Figura 2 – Curva circular simples [LEE, 2000] II. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO II.1. Cálculo de AC Como o somatório dos ângulos internos de um quadrilátero é 360º e a curva é tangenciada pelos segmentos de reta concorrentes em PI nos pontos PC e PT (raios do círculo perpendiculares à tangente), tem-se, por cálculo geométrico que: IAC = , Equação 001 onde AC é o ângulo formado entre os raios que cortam PT e PC, e I é a deflexão da curva. Artigo 2016.00001 Prof. Hen rique Raad Página 2 de 4 No caso de ângulos centrais AC pequenos, iguais ou inferiores a 5º, para evitar a aparência de quebra do alinhamento, os raios deverão ser suficientemente grandes para proporcionar os desenvolvimentos circulares mínimos D, obtidos pela fórmula a seguir [DNER, 1999]: ( ) º51030 ≤→−≥ ACACD , Equação 002 onde D é o desenvolvimento da curva, em metros, e AC é o ângulo central, em graus. Não é necessária curva horizontal para AC < 0º 15’, entretanto, deverão ser evitados tanto quanto possível traçados que incluam curvas com ângulos centrais tão pequenos [DNER, 1999]. II.2. Cálculo de T Extraindo da análise do arco um triângulo retângulo de faces R, T e a bissetriz do ângulo AC (ligando PI a O), tem-se: ⋅= 2 AC tgRT , Equação 003 onde T é a tangente exterior, ligando PC a PI e PI a PT, R é o raio do círculo, e AC é o ângulo central. Na sucessão de curvas com intervalos em tangentes curtas deverão ser seguidos parâmetros específicos previstos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT. II.3. Cálculo de D O cálculo de D resume-se a encontrar o comprimento do arco para o ângulo AC, ou seja: ACRD ⋅= , Equação 004 onde D é o desenvolvimento da curva, R é o raio do círculo, e AC é o ângulo central, considerado em radianos. II.4. Cálculo da estaca PC Para encontrar o valor da estaca PC basta comparar a medida de T com a da estaca de PI, lembrando que normalmente considera-se estacas de 20 em 20 metros e precisão da medida complementar da estaca com duas casas decimais. A fórmula de cálculo de PC é dada por [PONTES FILHO, 1998]: ( ) ( ) TPIEPCE −= , Equação 005 onde E(PC) é a estaca do ponto PC, E(PI) é a estaca do ponto PI, e T é a tangente exterior. II.5. Cálculo da estaca PT Para encontrar o valor da estaca PT basta somar a estaca de PC com a distância de desenvolvimento, ou seja [PONTES FILHO, 1998]: ( ) ( ) DPCEPTE += , Equação 006 onde E(PT) é a estaca do ponto PT, E(PC) é a estaca do ponto PC, e D é a medida do desenvolvimento. II.6. Afastamento de curvas simples Muitas vezes é usual definir o raio a ser utilizado na curva através da análise do limite de deslocamento do eixo da via no momento da curva considerando o ponto de interseção desta (PI), já que o traçado inicial feito por tangentes pode ocultar a viabilidade de execução de curvas horizontais uma vez que o relevo pode não oferecer espaço suficiente para o deslocamento do eixo em tais concordâncias. Para isso, é comum calcular-se o afastamento permitido para a curva, ou seja, a distância máxima de deslocamento da curva, medida do Ponto de Interseção (PI) até o ponto médio da curva de desenvolvimento, dado pela fórmula: ( ) RRTE −+= 22 , Equação 006 onde E é o afastamento da curva, ou seja, a medida entre o PI e o ponto médio da curva de desenvolvimento, T é a tangente exterior da curva, e R é o raio da curva. IV. APLICAÇÃO Como exemplificação da metodologia de cálculo de curvas horizontais simples, foi desenvolvido o dimensionamento de concordância circular simples pelo Exemplo 1. EXEMPLOS RESOLVIDOS Exemplo1: Calcule as concordâncias horizontais, indicando os comprimentos de tangente exterior, desenvolvimento e as estacas de PC e PT a seguir considerando o uso de curva circular simples e utilizando raio Artigo 2016.00001 Prof. Hen rique Raad Página 3 de 4 no valor mínimo exigido para o trecho da via com classe III e relevo montanhoso, que é de 55 metros, considerando os dados abaixo: Figura 3 – Exemplo de Cálculo PI 01: estaca E821+13,60 m PI 02: estaca E861+16,83 m I 1: 33º I 2: 27º emax: 6% Resolução: A velocidade diretriz para a classe de projeto e relevo descritos, conforme recomendação do DNIT, é V = 40 km/h. O raio de curvatura mínimo para a superelevação máxima de 6% é de 55 metros. Cálculo de T01 e T02: Pelas equações 001 e 003, para o ponto PI 01, teremos ∴⋅=∴ ⋅= 2962,055 2 º33 55 0101 TtgT metrosT 29,1601 = . E, para PI 02, ∴⋅=∴ ⋅= 2401,055 2 º27 55 0202 TtgT metrosT 20,1302 = Cálculo de D01 e D02: Pela equação 004, com AC em radianos, teremos ∴⋅=∴⋅= º180 3301 º180 º ππ radrad ACACAC 5757,001 =radAC , 471,002 º180 2702 =∴⋅= radrad ACAC π , metrosDD 66,315757,055 0101 =∴⋅= , e metrosDD 91,25471,055 0202 =∴⋅= . Cálculo de PC01 e PT01: ( ) ∴−+= 0101 60,16821 TmEPC ( ) ∴−+= 29,1660,1682101 mEPC metrosEPC 31,082101 += , e ( ) ∴++= 0101 31,0821 DmEPT ( ) ∴++= 66,3131,082101 mEPT metrosEPT 97,1182201 += Cálculo de PC02 e PT02: ( ) ∴−+= 0202 83,16861 TmEPC ( ) ∴−+= 00,683,1686102 mEPC metrosEPC 83,1086102 += , e ( ) ∴++= 0202 83,10861 DmEPT ( ) ∴++= 91,2583,1086102 mEPT metrosEPT 74,1686202 += . * * * Artigo 2016.00001 Prof. Hen rique Raad Página 4 de 4 EXERCÍCIOS PROPOSTOS Exercício 1: Calcule as concordâncias horizontais para PI01 e PI02 do eixo do Exemplo 1, considerando que as deflexões I1 e I2 são respectivamente 72º e 47,5º. VII. REFERÊNCIAS DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. 1999. LEE, Shu Han. Projeto Geométrico de Estradas. Apostila do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos – UFSC. 2000. PONTES FILHO, Glauco. Estradas de Rodagem: Projeto Geométrico. São Carlos. 1998. SENÇO, Wlastermiler de. Estradas de Rodagem: Projeto. Universidade de São Paulo. 1980. CARVALHO1, M. Pacheco de. Curso de Estradas:Estudos, Projetos e Locação de Ferrovias e Rodovias. 2ª Edição. Rio De janeiro. Editora Científica. 1967. CARVALHO2, M. Pacheco de. Método Prático de Construção de Estradas de Rodagem. Rio De janeiro. Editora Rodovia. 1954.