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SEGURANÇA DO TRABALHO As normas regulamentadoras (NRs) estabelecem medidas e requisitos a serem cumpridos durante a realização das atividades para preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores. Alguns dos requisitos, principalmente aqueles ligados ao fator de risco ocupacional de acidentes, são definidos de forma a fixar uma regra. Por exemplo, a NR-12, no item 12.3.2, fixa que devem ser aterradas, conforme as normas técnicas oficiais vigentes, carcaças, invólucros, blindagens ou partes condutoras das máquinas e dos equipamentos que não façam parte dos circuitos elétricos, mas que possam ficar sob tensão. Tal item obriga o aterramento das partes do equipamento que possam ficar energizadas e oferecer algum nível de risco ao trabalhador. Assim, a norma estabelece uma regra e não deixa margem para que o responsável pela gestão da NR-12 defina a medida a ser utilizada. NRs: monitoramento dos riscos ambientais e ocupacionais e as NHOs da Fundacentro 23/02/2023 14:31 Página 1 de 26 Por outro lado, há itens normativos que definem a necessidade de controle de fatores de risco, mas que deixam a forma de análise e a definição da estratégia de controle a cargo do responsável pela aplicação da norma. Por exemplo, a NR-36, no item 36.4.1, indica que “o empregador deve adotar meios técnicos e organizacionais para reduzir os esforços nas atividades de manuseio de produtos”. Portanto, a norma fixa a necessidade de uma medida, mas não determina aquela que deve ser adotada. Situações assim ocorrem quando a medida a ser adotada depende do modo de execução da atividade, do grau de exposição, do ambiente de trabalho, entre outros. Situações de trabalho que envolvam a exposição aos riscos ambientais (físicos, químicos e biológicos) e aos riscos ergonômicos são tratadas pelas NRs na maioria dos casos. Quando o profissional de segurança se depara com uma condição de exposição de trabalhadores a um ou mais fatores de riscos ambientais ou ergonômicos, deve-se definir a necessidade de controles, de modo a manter a exposição dentro de parâmetros aceitáveis. Para tanto, devido ao fato de tal tarefa envolver recursos financeiros, definição de prioridades, contratação de profissionais etc., são utilizadas as ferramentas (ou etapas) da higiene ocupacional para analisar a exposição do trabalhador e definir os recursos disponíveis nas situações relevantes de exposição. Estabelecido e implementado o conjunto de medidas de controle, deve-se acompanhar o uso ou a aplicação das medidas, visando a garantir que o trabalhador continue protegido no longo prazo. Esse acompanhamento é definido como monitoramento. Algumas NRs estabelecem o uso de uma ou mais etapas da higiene ocupacional e definem a necessidade de monitorar a exposição aos fatores de riscos. Na maioria dos casos, essa definição ocorre genericamente. 23/02/2023 14:31 Página 2 de 26 Essas normas auxiliam no processo de divisão e na avaliação dos trabalhadores, na seleção de equipamentos e na análise de dados. Algumas NRs fazem referência às NHOs. Por exemplo, no anexo sobre calor da NR-9, indica-se que “a avaliação quantitativa do calor deverá ser realizada com base na metodologia e nos procedimentos descritos na NHO-6 [...]”. Os conceitos da higiene ocupacional, o monitoramento dos fatores de risco e as NHOs auxiliam o profissional prevencionista na aplicação dos requisitos das NRs e, portanto, no gerenciamento da segurança do trabalho. A legislação atual considera cinco classes de perigo ou fator de risco: de acidente; biológico; ergonômico; físico; e químico. Os termos “perigo” e “fator de risco” são equivalentes e se referem à fonte com potencial de causar determinado acidente ou determinada doença ocupacional (por exemplo, trabalho em altura e movimentos repetitivos). Os fatores de riscos biológicos, físicos e químicos originam-se de agentes como ruído intermitente (fator de risco físico), bactéria da tuberculose – Mycobacterium tuberculosis (fator de risco biológico) – e benzeno (fator de risco químico). Assim, muitas vezes o termo “fator de risco” é substituído por “agente” seguido do tipo de fator de risco, por exemplo, “agente físico”, para fazer referência ao conjunto de agentes (ou fatores), como vibração, ruído, calor etc. Higiene ocupacional A higiene ocupacional, uma área da segurança e da saúde no trabalho, é uma ciência que se fundamenta em quatro pilares: Para contornar essa situação e buscar métodos e soluções específicos para alguns fatores de risco, existem normas de higiene ocupacional, definidas por órgãos ou entidades (por exemplo, a Fundação Jorge Duprat e Figueiredo – Fundacentro). 23/02/2023 14:31 Página 3 de 26 Antecipação Reconhecimento Avaliação Controle dos riscos A higiene ocupacional engloba a exposição aos fatores de riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. Contudo, normalmente, os três primeiros fatores de risco são tratados mais profundamente pelos higienistas ocupacionais. A ergonomia é tratada por profissionais capacitados especificamente na área em questão, devido às particularidades que apresenta e aos diversos campos que abrange. Embora o tratamento possa ser diferente, isso não impede que impactos de uma demanda ergonômica sejam considerados na exposição aos demais fatores de risco e vice-versa. Observe as etapas da higiene ocupacional: Antecipação O higienista ocupacional, que pode ser um técnico de segurança, um engenheiro de segurança ou um médico do trabalho, busca identificar alguma situação futura de exposição aos fatores de riscos. Por exemplo, uma empresa pode decidir alterar o tipo de uma tinta utilizada no processo de pintura ao mesmo tempo em que substitui o processo de pintura com pincel por um processo, também manual, com pistola. Sendo assim, a etapa de antecipação deve levantar algumas perguntas a respeito, tais como: 23/02/2023 14:31 Página 4 de 26 Quais são os compostos químicos utilizados na nova tinta? Eles são os mesmos utilizados no processo de pintura anterior? Algum solvente será utilizado? Quais são os efeitos à saúde esperados desses novos agentes químicos? Os novos agentes são mais agressivos que os da tinta em uso atualmente? Os agentes químicos contêm alguma característica especial? São carcinogênicos? São ototóxicos? Como o processo de pintura com pistola será realizado? Há outros trabalhadores na área que poderão ser impactados pela mudança no processo de trabalho? Além dessas perguntas, algumas situações podem ser esperadas pelo higienista, por exemplo: Com a mudança no processo de pintura, haverá, além da exposição a vapores do solvente, a exposição a névoas desse produto e a névoas da tinta, já que a pintura ocorrerá por meio de aspersão do produto sobre a peça. O nível de ruído aumentará devido ao uso de uma pistola, o que talvez exija algum tipo de proteção ou alguma medida de controle. Algum nível de vibração será sentido pelo trabalhador ao acionar a pistola de pintura. Reconhecimento O profissional responsável pelo estudo busca identificar situações existentes na empresa que exponham o trabalhador aos fatores de riscos químicos, físicos e biológicos. Portanto, é necessário visitar o ambiente onde as atividades são realizadas e conduzir entrevistas com os trabalhadores para levantar algumas informações, principalmente aquelas relacionadas à forma como a atividade é desenvolvida. A etapa de reconhecimento busca responder a algumas questões, quais sejam: 23/02/2023 14:31 Página 5 de 26 Quais são as atividades desenvolvidas no setor em análise? Existem atividades não rotineiras executadas? Quais são os fatores de risco presentes no ambiente de trabalho? Como ocorre o contato do trabalhador com o fator de risco? Qual é o tempo e qual é a frequência de exposição? Quais são as fontes geradoras dos fatores de risco? Para os fatores de riscos químicos, qual é a forma de apresentação do agente (vapor, gás, poeira etc.)? Quais são os efeitos à saúde esperados devido à exposiçãoaos fatores de risco? Quantos trabalhadores estão expostos aos fatores de risco? Quais são as medidas de controle que já existem no ambiente (equipamentos de proteção coletiva, procedimentos etc.)? Há algum histórico de doença ocupacional relacionada aos fatores de risco presentes? As etapas de antecipação e de reconhecimento embasam a etapa de avaliação. Assim, durante as duas primeiras etapas, nenhuma informação (ou fatores de riscos) deve ser descartada com base em um prejulgamento do profissional que conduz a análise. Além disso, eventualmente, a etapa de controle poderá não resolver o problema totalmente, o que seria detectado com o passar do tempo, e uma análise mais profunda sobre os dados coletados nas etapas iniciais pode ser necessária. Um prejulgamento poderia levar à necessidade de uma nova coleta completa dos dados. Avaliação Os dados da antecipação e do reconhecimento de cada situação de exposição, para cada fator de risco, são utilizados para definir um nível de prioridade de ação/controle ou algum parâmetro equivalente. A prioridade de controle é definida com o uso de uma 23/02/2023 14:31 Página 6 de 26 ferramenta de análise de riscos voltada à higiene ocupacional. Essa ferramenta pode ser aplicada em situações em que não há nenhum dado de avaliação quantitativa (por exemplo, uma dosimetria de ruído) ou pode ser aplicada na presença de dados de avaliação quantitativa. Ao fim, a ferramenta pode indicar algumas situações. São elas: O fator de risco em análise está em uma situação aceitável. Dessa forma, manter a situação atual de exposição e os controles existentes é suficiente. O nível de exposição requer certa atenção. Portanto, um monitoramento quantitativo deve ser estabelecido para garantir que o agente continue sob controle ao longo do tempo. A exposição ao fator de risco deve ser controlada com certa urgência, e um monitoramento quantitativo deve ser estabelecido. A situação de exposição é intolerável. Assim, medidas de controle devem ser adotadas imediatamente, e somente depois disso uma avaliação quantitativa deve ser conduzida. Caso uma medida de controle imediata não possa ser adotada, a atividade deve ser suspensa. Para chegar às conclusões mencionadas, a metodologia de avaliação e a ferramenta aplicada, em conjunto com os dados da antecipação e do reconhecimento, utilizam vários parâmetros, os quais podem ser utilizados conjunta ou separadamente conforme a situação de exposição. Tais parâmetros levam em conta: Concentração ou intensidade da exposição comparada aos limites: quando existem dados quantitativos disponíveis, a exposição pode ser considerada pequena, média ou alta. Ademais, na maioria dos casos, a melhor alternativa é a comparação com percentuais. Por exemplo, a exposição está abaixo de 10% do limite; está abaixo de 50% do limite; está entre 50% e 100% do limite; está acima de 100% do limite. Devem-se considerar a frequência e a duração da exposição. A forma de comparação, quando possível, é melhor realizada com valores médios de várias análises dentro de cada grupo homogêneo de exposição. Valor da exposição de pico: devem ser considerados a frequência de exposição a picos de concentração ou intensidade e o maior valor esperado para tais picos. Esses dados podem se basear em análises já realizadas. A 23/02/2023 14:31 Página 7 de 26 frequência pode ser expressa com relação ao dia, à semana ou ao mês, sendo importante ainda conhecer os impactos à saúde em caso de exposições agudas. Exposição cutânea: para alguns fatores de riscos químicos, a absorção através da pele pode ser um fator importante, em especial para agentes com baixa taxa de evaporação. Nestes, a principal via de contato é a dérmica, e não a respiratória. Nem sempre o agente é absorvido pela pele, mas, se for o caso, conhecer a taxa de absorção é importante. Já nos demais casos, o agente pode representar algum risco local, como queimadura ou sensibilização. Normalmente, a informação sobre a absorção cutânea é indicada junto ao valor do limite de exposição (ou de tolerância). Efeitos de longo prazo: quando existem dados sobre efeitos crônicos em função da concentração ou da intensidade de exposição, pode ser interessante utilizar esses parâmetros para estabelecer controles. Dados de bioacumulação de agentes, principalmente metais, são encontrados na literatura. Avaliação de dose total: para fatores de riscos que podem ingressar por mais de uma via – por exemplo, vias respiratória e cutânea –, a análise deve recair sobre uma exposição total do trabalhador. Efeitos aditivos e sinérgicos entre agentes podem ser analisados nesta etapa. Incerteza dos dados: nas avaliações quantitativas, os dados levantados em campo podem não corresponder à totalidade do trabalho. Por exemplo, uma análise de exposição ao ruído, realizada durante duas horas de uma jornada de oito horas, poderá produzir dados pouco confiáveis. Em uma avaliação qualitativa, se os efeitos à saúde são um parâmetro da análise, a falta de dados na literatura que definam claramente esses malefícios representará uma incerteza na análise, e o nível de risco deverá ser superestimado, em favor do bem-estar dos trabalhadores. Efeitos à saúde: os efeitos à saúde esperados na exposição auxiliam na avaliação de risco. Casos críticos estão associados a efeitos mutagênicos, teratogênicos e carcinogênicos, sensibilização respiratória e toxidade aguda, mesmo em baixas concentrações. Muitas vezes, esses parâmetros definem a medida de controle a ser aplicada. Por exemplo, um trabalhador com potencial exposição ao gás cloreto de vinila, um reconhecido carcinogênico, deverá ser protegido por um sistema de exaustão na fonte em vez de um sistema de ventilação geral, mesmo quando a concentração for baixa. 23/02/2023 14:31 Página 8 de 26 A etapa de avaliação é fundamental e deve ser bem conduzida. Entre as vantagens, está a execução de análises quantitativas somente nas atividades que requerem a realização de tais análises, o que ajuda o profissional de segurança na aplicação assertiva dos recursos financeiros. Uma análise sólida também resulta na aplicação de controles adequados, reduzindo afastamento de funcionários, desenvolvimento de doenças ocupacionais, reclamatórias trabalhistas. Controle de riscos A etapa de controle visa a implementar as medidas de proteção nas situações indicadas pela etapa de avaliação de riscos. A definição da estratégia de controle depende da forma de realização da atividade e dos níveis da exposição. Sendo assim, pode ser útil discutir com os trabalhadores algumas medidas que modifiquem substancialmente o ambiente ou a forma de trabalho deles, evitando que novos problemas sejam criados. Independentemente da situação a ser controlada, o profissional de segurança do trabalho deve respeitar a hierarquia das medidas de controle e somente avançar para as próximas opções quando a opção em análise não for viável técnica ou financeiramente ou quando não conseguir sozinho controlar a exposição. A hierarquia de controle é a seguinte: Eliminação de máquinas, processos, materiais ou substâncias que são a fonte do fatores de risco Substituição de máquina, processo, material ou substância que ofereça um nível de risco considerável à segurança e à saúde do trabalhador menor Uso de controles de engenharia, com destaque para sistemas ou equipamentos de proteção coletiva, tais como exaustão local, enclausuramento da fonte; ou ainda aplicação de controles na trajetória, como o uso de barreiras e de ventilação geral Aplicação de medidas de organização do trabalho (medidas administrativas), procedimentos de trabalho 23/02/2023 14:31 Página 9 de 26 As medidas de organização do trabalho podem envolver novas disposições de trabalhadores, rodízio e retirada de pessoas não essenciais da área. Os procedimentos de trabalho visam a definir como as atividades devem ser realizadas para minimizar a exposição aos fatores de risco. Inclusive, treinamentos são necessários para implementar os procedimentos.Utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) O uso de EPIs representa a última medida na hierarquia de controle. Os EPIs não reduzem o nível de risco no ambiente de trabalho, mas evitam que o trabalhador se exponha à intensidade ou à concentração do agente totalmente. Durante a definição das medidas de controle, deve-se sempre consultar o que as NRs determinam em cada caso, pois os itens normativos devem ser atendidos. As medidas de controle que não eliminam a fonte dos fatores de risco (ou perigos) devem ser alvo constante de inspeções e monitoramento para garantir que as medidas de proteção continuem a ser executadas. Como as quatro etapas da higiene ocupacional são aplicadas considerando uma base técnica, eventualmente, materiais, dados ou referências da área precisam ser consultados. Há alguns órgãos e algumas entidades que podem auxiliar durante a realização de uma análise. São eles: Fundacentro A Fundacentro foi criada em 1966 devido ao crescimento do número de casos de acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais. Ela foi criada pelo governo federal com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para ser um centro especializado na área de segurança do trabalho. Os primeiros estudos da Fundacentro estavam relacionados à exposição a agentes físicos, como ruído e vibrações, e a agentes químicos, como sílica, poeira de algodão, chumbo e inseticidas organoclorados. Ainda, ao longo dos anos, a 23/02/2023 14:31 Página 10 de 26 fundação realizou estudos voltados à ergonomia nos ambientes de trabalho com foco na ergonomia física. Em 1974, a Fundacentro passou a ser vinculada ao então Ministério do Trabalho. Hoje, ela é vinculada à Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério da Economia. Atualmente, a Fundacentro atua no desenvolvimento de pesquisas na área de segurança e saúde do trabalho e na divulgação de materiais da área, seja por meio de eventos (palestras, congressos), seja por meio da produção e da tradução de publicações. As NHOs são a produção da fundação de maior destaque. Elas estão voltadas à avaliação de agentes físicos (ruído, calor, vibração e radiações ionizantes), químicos (particulados sólidos) e ergonômicos (iluminância). Além de apresentarem limites de exposição para os agentes citados, as NHOs determinam os procedimentos de avaliação dos agentes de risco, os tipos de equipamentos, a estrutura de relatórios, entre outros. Embora os limites de exposição apresentados possam diferir daqueles indicados nas NRs, o procedimento de avaliação é o mesmo, havendo eventualmente uma menção explícita em NR de que o procedimento a ser adotado é o definido em NHO. As NHOs estão voltadas à prevenção e podem ser consultadas gratuitamente no site da Fundacentro. Além das NHOs, a Fundacentro produz e traduz outros materiais da área de segurança e saúde no trabalho que podem ser encontrados em biblioteca digital ou em acervo físico na respectiva sede da fundação ou nas unidades decentralizadas, presentes em alguns estados. O acesso ao acervo representa uma ferramenta de apoio para o responsável pela segurança do trabalho ao longo de sua vida profissional. Os materiais podem ser utilizados na avaliação de agentes ambientais, na elaboração de programas, na condução de treinamentos. Como exemplos de outros materiais que podem ser acessados na página da fundação e que são úteis para a prática profissional, destacam-se estes: 23/02/2023 14:31 Página 11 de 26 Guia Técnico sobre Estratégia de Amostragem e Interpretação de Resultados de Avaliações Quantitativas dos Agentes Químicos em Ambientes de Trabalho Pontos de Verificação Ergonômica Guia de Diretrizes e Parâmetros Mínimos para a Elaboração e a Gestão do Programa de Conservação Auditiva (PCA) Programa de Proteção Respiratória NIOSH O NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) é uma agência federal norte-americana responsável por realizar estudos na área de segurança e saúde do trabalho. O NIOSH foi criado em 1970 e transferido, em 1973, para o CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Em 1975, o NIOSH publicou os primeiros estudos sobre a exposição ocupacional a alguns agentes químicos. Atualmente, os objetivos de trabalho do NIOSH são: conduzir estudos para reduzir acidentes e doenças ocupacionais; contribuir para o bem-estar no trabalho; promover a saúde e a segurança de trabalhadores por meio de intervenções, recomendações e capacitações; e aprimorar a segurança e a saúde de trabalhadores por meio de colaborações globais. Alguns materiais publicados pelo instituto são diretamente utilizados no Brasil. Por exemplo, a forma de coleta (vazão, volume e amostrador) de muitos agentes químicos, por meio de bombas de amostragens, é definida pelo Manual of Analytical Methods (NMAM), um manual de métodos analíticos criado pelo instituto e eventualmente adaptado pelos laboratórios brasileiros de análises químicas. Além dos métodos analíticos, o NIOSH publica boletins técnicos sobre a exposição a diversos agentes químicos, estabelecendo efeitos à saúde, atividades ou serviços de provável exposição aos agentes e formas de controle. O instituto também publica concentrações IPVS (imediatamente perigosas à vida ou à saúde; em inglês, immediately dangerous to life or health – IDLH) para agentes químicos, as quais servem de parâmetro para avaliar riscos em exposições agudas. 23/02/2023 14:31 Página 12 de 26 Os materiais publicados pelo NIOSH podem ser consultados gratuitamente na página do instituto. Eles podem auxiliar nas rotinas do técnico em segurança do trabalho, principalmente quando não existirem materiais em português para consulta. Como exemplos de alguns materiais disponíveis que podem contribuir nas análises realizadas pelos profissionais de segurança, destacam-se estes: Pocket Guide to Chemical Hazard Manual of Analytical Methods (NMAM) Criteria for a Recommended Standard: Occupational Exposure to Heat and Hot Environments (https://www.cdc.gov/niosh/docs/2016-106/) Manual for Measuring Occupational Electric and Magnetic Field Exposures (http://www.cdc.gov/niosh/docs/98-154/) Exposição Profissional: Manual de Estratégia de Amostragem (traduzido pela empresa VALE S.A.) OSHA A OSHA (Occupational Safety and Health Administration), assim como o NIOSH, foi criada em 1970 visando a garantir condições seguras aos trabalhadores norte-americanos. A função dela é estabelecer e aplicar padrões de segurança do trabalho, além de fornecer treinamentos e assistência na área de segurança. A OSHA também é responsável por divulgar tais padrões e está ligada ao departamento do trabalho dos Estados Unidos. Uma das publicações da OSHA aborda a definição de padrões para atividades críticas, como trabalho em espaço confinado, trabalho com máquinas de movimentação de cargas, trabalho em mineração, entre outros. A agência também analisa acidentes na área da construção civil e publica as conclusões que teve sobre eles na própria página. Quanto à área de higiene ocupacional, a OSHA estabelece limites de exposição a agentes químicos e físicos. Para os agentes químicos, a agência apresenta uma comparação entre limites (os limites estabelecidos pelo NIOSH e os limites estabelecidos pela ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists). Alguns materiais podem ser consultados na página da OSHA. São eles: 23/02/2023 14:31 Página 13 de 26 Using Leading Indicators to Improve Safety and Health Outcomes Permissible Exposure Limits – Annotated Tables (publicação on-line) ACGIH A ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) foi fundada em 1938 e é uma organização voltada à higiene ocupacional. Inicialmente, era chamada de NCGIH (National Conference of Governmental Industrial Hygienists) e composta por membros exclusivamente norte-americanos. Então, em 1943, ela foi renomeada para ACGIH e passou a aceitar membros ligados a agências de higiene ocupacional de outros países. Além da áreade higiene ocupacional, a ACGIH conduz e publica estudos nas áreas de meio ambiente, toxicologia, materiais e resíduos perigosos. A ACGIH também estabelece limites de exposição ocupacional a agentes químicos e físicos, definidos como TLVs (threshold limit values). Esses limites são utilizados por muitos países como padrões. Os valores passam por revisões ao longo do tempo, e, todos os anos, a ACGIH publica tais limites em um documento específico. O Brasil adotou os limites da ACGIH na década de 1970 para elaborar os anexos 11 e 12 da NR-15, mas não promoveu nenhuma grande atualização dos valores até o momento. O texto atual da NR-9 estabelece que, para fins de prevenção, se determinado risco ambiental não estiver listado na NR-15, os limites da ACGIH devem ser consultados. Diferentemente dos órgãos já comentados, os documentos da ACGIH não são gratuitos, destacando-se as seguintes publicações: 23/02/2023 14:31 Página 14 de 26 TVLs and BEIs TLVs and BEIs – Documentation (https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/2019-tlvs-and-beis-with- 7th-edition-documentation-cd-rom-single-user-version) Modern Industrial Hygiene – Recognition and Evaluation of Chemical Agents (https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/modern-industrial- hygiene-volume-1-recognition-and-evaluation-of-chemical-agents-2nd-edition) (volume 1) Modern Industrial Hygiene – Biological Aspects (https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/modern-industrial- hygiene-volume-2-biological-aspects) (volume 2) Modern Industrial Hygiene – Control of Chemical Agents (https://www.acgih.org/forms/store/ProductFormPublic/modern-industrial- hygiene-volume-3-control-of-chemical-agents) (volume 3) AIHA A AIHA (American Industrial Hygiene Association) foi fundada em 1939 por profissionais envolvidos com a promoção da saúde (entre eles, químicos, engenheiros e médicos), os quais se uniram para prover meios de avaliar problemas comuns. Assim como a ACGIH, a AIHA é uma entidade voltada à higiene ocupacional, com diversas publicações em toxicologia, ventilação industrial para controle de contaminantes, fundamentos de higiene ocupacional, estatística voltada às avaliações de agentes químicos, entre outras. Esses materiais são um suporte para os profissionais que desejam se especializar na área. A associação promove uma série de cursos presenciais e on-line por meio da sua plataforma. Embora a maioria dos materiais da AIHA não seja gratuita, é possível encontrar na página da associação algumas ferramentas em Excel (IHSTAT é a mais famosa delas) para avaliar a exposição a substâncias químicas. A IHSTAT (Statistical Analysis of Health & Safety Data) é uma rotina que avalia diversos parâmetros estatísticos relacionados à exposição. Entre as publicações, destacam-se as seguintes: 23/02/2023 14:31 Página 15 de 26 A Strategy for Assessing and Managing Occupational Exposures Welding Health and Safety: a Field Guide for OEHS Professionals Toxicology Principles for the Industrial Hygienist Occupational Environment – Its Evaluation, Control, and Management IH Apps & Tools: IHEST, IHSTAT, IHMOD, IH Skin Perm (uma série de ferramentas em Excel) Monitoramento de fatores de risco Monitorar uma condição de trabalho deve ser um processo contínuo ou repetitivo, com frequência determinada, que tem por objetivo acompanhar a condição de exposição a algum fator de risco ocupacional. O processo de monitoramento está ligado diretamente ao nível de risco do ambiente, ou seja, quanto maior for o nível, maior será a frequência ou mais rígido será o processo de monitoramento. A avaliação da condição de exposição por meio do monitoramento pode envolver etapas de monitoramentos qualitativo e quantitativo, conforme característica do agente e da atividade desenvolvida. O monitoramento pode ser realizado com diversos focos: nas condutas de trabalho, no uso de equipamento de proteção, nos níveis de exposição aos agentes. Os dados oriundos do levantamento subsidiam uma avaliação crítica sobre a exposição e definem as novas medidas de controle que devem ser aplicadas. Quando o monitoramento é baseado nas condutas de trabalho, procura-se verificar se os trabalhadores seguem os procedimentos prescritos, se respeitam as etapas de execução da atividade e se operam os equipamentos de forma adequada e segura. Eventualmente, quando problemas são detectados, o avaliador deve realizar uma análise para definir se os desvios encontrados são oriundos de algo que não está claro para o trabalhador. Por exemplo, um treinamento pode ter priorizado a parte teórica em detrimento 23/02/2023 14:31 Página 16 de 26 de questões práticas, ou vice-versa, levando o trabalhador a não entender a real importância de executar as atividades de forma segura. Ainda, é possível que a mudança no procedimento de campo tenha sido gerada devido a alguma mudança no leiaute ou durante a implementação de algum sistema de proteção coletivo. Outros casos podem estar ligados à falta de peças para reposição (não haver estoque do equipamento, por exemplo); ao fato de o trabalhador utilizar um equipamento que não fornece mais a proteção adequada; ou, ainda, ao fato de o trabalhador não entender os impactos à sua saúde gerados pelo agente de risco e deixar de utilizar o equipamento por algum tempo. Para os equipamentos de proteção coletiva, verifica-se se a manutenção preventiva é realizada, se o trabalhador aciona o equipamento quando inicia suas atividades (por exemplo, no caso de um exaustor em uma oficina de solda), se não há nenhuma alteração no sistema de controle realizado de forma deliberada pelos trabalhadores. As alterações propositais no sistema de controle visam, normalmente, a tornar a tarefa mais rápida em detrimento da segurança. O acompanhamento de campo pode envolver a análise do uso de EPIs ou de equipamentos de proteção coletiva. Quanto ao uso de EPIs, é avaliado se o trabalhador utiliza o equipamento corretamente e durante todo o período de exposição e se o equipamento está em condições de uso. Quando desvios são encontrados, eles podem estar ligados à questão do conforto. Por exemplo, o trabalhador deixa de usar luvas de proteção porque elas não oferecem uma boa movimentação dos dedos. 23/02/2023 14:31 Página 17 de 26 Outro tipo de monitoramento – e o mais comum deles – é o monitoramento quantitativo de agentes de risco. Tal monitoramento é aplicado quando existe um limite de exposição (ou de tolerância) definido em norma, como ocorre para ruído intermitente, calor, vibração de mãos e braços e alguns agentes químicos. Portanto, quando há um limite de exposição, os demais tipos de monitoramento são complementados por avaliações quantitativas. A utilização dele visa a identificar a necessidade de aplicação de novas medidas de proteção para continuar a proteger o trabalhador. A execução de monitoramentos quantitativos deve seguir padrões rígidos de avaliação, de modo que um ou mais resultados confiáveis sejam produzidos. Sendo assim, o profissional da área de segurança poderá utilizar as NHOs publicadas pela Fundacentro e outras publicações que tratam da avaliação quantitativa. Durante a condução do processo de monitoramento e no momento da análise crítica dos resultados, deve estar claro que o objetivo está vinculado a um processo de melhoria contínua. Assim, é normal que alguns ajustes ou algumas modificações devam ser aplicados para atender aos padrões de segurança. O monitoramento pode tornar-se um processo longo quando a empresa conta com muitas atividades ou com um grande número de trabalhadores. Nesse caso, é necessário priorizar os monitoramentos que devem ocorrer antes e definir os que devem ser realizados Além disso, o resultado da análise pode sugerir a necessidade de mudança do grau de proteção de um EPI. Por exemplo, se um trabalhador utiliza determinado protetor auditivo e um nível superior for detectado em um monitoramento quantitativo, talvez um novo protetor devaser utilizado, com uma atenuação maior. A mesma ideia é aplicável para a proteção respiratória. Eventualmente, os cartuchos de uma máscara ou de uma peça facial filtrante precisarão ser repostos mais frequentemente. 23/02/2023 14:31 Página 18 de 26 mais frequentemente. A realidade do dia a dia da empresa é que apontará a melhor estratégia. Como resultado, um plano de ação é elaborado. Normalmente, o plano conta com objetivo, meta, ações, responsáveis, prazos e indicadores. Toda documentação gerada deve ser armazenada na empresa para manter um histórico das ações e também para registrar ações implementadas que não produziram o resultado esperado, evitando assim o mesmo tipo de abordagem na mesma condição. Há ainda outro tipo de monitoramento utilizado para complementar os dados de campo: o monitoramento biológico. Embora ele não seja do mesmo tipo dos monitoramentos já citados, é útil ao apresentar um panorama da saúde dos trabalhadores e pode indicar alguma falha das medidas de proteção. O monitoramento biológico é realizado dentro de um planejamento de exames médicos periódicos, e os resultados destes são conhecidos como indicadores biológicos de exposição. Um indicador biológico pode apresentar, por exemplo, que um trabalhador está exposto a níveis elevados de um produto químico, por meio dos resultados obtidos em uma análise de sangue e/ou de urina. Esse tipo de resultado pode indicar alguma falha no processo de proteção que eventualmente não foi detectada no monitoramento ou alguma falha na etapa de reconhecimento de riscos. Embora importante, tal dado de exposição somente é produzido após a falha de alguma etapa. Logo, qualquer ação que seja tomada tem um caráter de reação. Então, o ideal é utilizar ferramentas de monitoramento proativas, como as aqui discutidas, em conjunto com o indicador biológico e outros dados reativos. NHOs da Fundacentro Para auxiliar nos procedimentos de avaliação quantitativos e na etapa de monitoramento, as NHOs disponibilizam a metodologia a ser empregada para algumas avaliações. As seguintes NHOs tratam da avaliação de agentes de riscos: 23/02/2023 14:31 Página 19 de 26 NHO-1 (avaliação da exposição ocupacional ao ruído) É aplicável às exposições que envolvem ruído contínuo ou intermitente e ruído de impacto. Também estabelece as características básicas do equipamento de medição, os parâmetros de avaliação e a metodologia a ser aplicada, além de definir limites de exposição. Por fim, não deve ser aplicada para avaliações de conforto acústico. NHO-5 (avaliação da exposição ocupacional aos raios x nos serviços de radiologia) Estabelece parâmetros para o levantamento radiométrico de equipamentos de raios x para uso em diagnósticos. Também é aplicável à avaliação de fuga da radiação desses equipamentos e estabelece alguns limites para esse caso. Os limites ocupacionais são definidos pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear). NHO-6 (avaliação da exposição ocupacional ao calor) Estabelece os requisitos dos equipamentos e a forma de montagem destes no ambiente de trabalho. Também indica a metodologia de avaliação e as fórmulas para cálculos dos parâmetros, apresentando limites de exposição para o agente calor. Situações de exposição ao calor com e sem carga solar direta são tratadas. A norma não está voltada para a avaliação de conforto térmico. NHO-8 (coleta de material particulado sólido suspenso no ar de ambientes de trabalho) Estabelece o procedimento de coleta de materiais particulados, exceto fibras, por meio de bombas de amostragem de ar. Além disso, define os amostradores a serem utilizados para a coleta do material e fixa o parâmetro de vazão da bomba de amostragem durante a coleta. A norma estabelece a metodologia de avaliação em campo. Não são apresentados limites de exposição, pois eles estão presentes nas NRs ou em outros padrões. A norma não é aplicável à avaliação de gases e vapores, mas o processo de avaliação de tais formas de apresentação de agentes químicos é semelhante. 23/02/2023 14:31 Página 20 de 26 NHO-9 (avaliação da exposição ocupacional à vibração de corpo inteiro) Fixa critérios e procedimentos para a avaliação da exposição à vibração de corpo inteiro e define o tipo de equipamento a ser utilizado e os limites de exposição ocupacionais. Também apresenta os itens a serem considerados em uma avaliação preliminar de exposição à vibração de corpo inteiro. NHO-10 (avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços) É muito semelhante à NHO-9. Fixa critérios e procedimentos para a avaliação da exposição à vibração de mãos e braços e define o tipo de equipamento a ser utilizado e os limites de exposição ocupacionais. Além disso, apresenta os itens a serem considerados em uma avaliação preliminar de exposição à vibração em mãos e braços. NHO-11 (avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho) Trata de um fator de risco ergonômico e fixa as formas de avaliação do agente iluminância. Também estabelece limites de exposição e características básicas do equipamento de avaliação. Uma leitura criteriosa das NHOs elucida muitas dúvidas sobre a avaliação dos fatores de risco tratados. As normas são escritas de tal forma que fornecem subsídios suficientes para conduzir uma avaliação pelo técnico de segurança do trabalho ou para definir os parâmetros que devem ser apresentados e a forma de condução da avaliação por empresas contratadas para tal. NRs A forma como os fatores de riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos são tratados pela higiene ocupacional, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle, também é utilizada, semelhantemente, para controlar os fatores de riscos de acidentes. 23/02/2023 14:31 Página 21 de 26 Por exemplo, na análise preliminar de riscos de acidente, independentemente da ferramenta de análise aplicada, o primeiro passo é reconhecer todos os agentes presentes no ambiente com potencial de causar uma lesão ao trabalhador. Após, na próxima etapa, o potencial de dano da situação é analisado e reconhecido por meio de parâmetros como gravidade da lesão, frequência da exposição e probabilidade de ocorrência. Definido o nível de risco, a situação é controlada por meio da hierarquia de controle discutida. A mesma semelhança existe com relação ao monitoramento dos fatores de riscos ocupacionais como um todo. As NRs estão divididas em NRs gerais (por exemplo, NR-7 e NR-9); NRs setoriais (por exemplo, NR-18 e NR-22); e normas especiais (por exemplo, NR-33 e NR-35). Nem sempre as normas estabelecem explicitamente a necessidade de monitorar as condições de exposição aos fatores de risco. Porém, tal monitoramento fica implícito quando a norma exige que medidas de controle devam ser aplicadas para controlar a exposição dos trabalhadores. A aplicação de controles deve garantir que o trabalhador continue protegido ao longo do tempo. Dessa forma, o monitoramento faz parte de qualquer gerenciamento de riscos. Os fatores de risco ligados à higiene ocupacional contam com uma abordagem específica em duas NRs: 9 e 17. A NR-9 trata dos agentes biológicos, físicos e químicos e determina que a etapa de reconhecimento (chamada na norma de “identificação”) de fatores de risco seja realizada criteriosamente, definindo inclusive os itens que devem ser abordados nessa etapa. Os itens são os seguintes: a) Descrição das atividades b) Identificação do agente e formas de exposição c) Possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposições identificadas d) Fatores determinantes da exposição e) Medidas de prevenção já existentes f) Identificação dos grupos de trabalhadores expostos 23/02/2023 14:31 Página 22 de 26 A NR-1, que usa dados da NR-9, determina a realização de uma etapa de levantamento preliminar dos diversos fatores de risco. Essa etapa está relacionada à antecipação estabelecida pela higiene ocupacional. A NR-9 não define, na parte de avaliação do nívelde risco, uma ferramenta específica, mas ressalta a necessidade de avaliação quantitativa para, segundo a norma, comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes identificados; dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de trabalhadores; e subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção. Em alguns casos, mesmo quando o agente em análise contém um limite de exposição, não é preciso proceder imediatamente a uma avaliação quantitativa. Observe a figura 1. O trabalhador corta um bloco de concreto com uma serra circular. Se a atividade ocorre durante toda a jornada, por exemplo, e nenhuma medida de proteção está presente ou é utilizada, fica evidente o descontrole de exposição. Nesse caso, a condução de uma avaliação de sílica livre cristalizada (o principal agente químico nesta análise) quantitativa para confirmar que a exposição é crítica não é necessária. Algum controle deve ser aplicado antes de a avaliação ser realizada. O corte úmido feito pelo direcionamento de um pequeno jato de água na direção do disco poderia ser uma opção para reduzir a emissão de poeiras. Com isso, uma avaliação quantitativa poderia ser conduzida a fim de verificar se a concentração do agente químico está em níveis aceitáveis ou se outras medidas são necessárias. 23/02/2023 14:31 Página 23 de 26 Figura 1 – Trabalhador exposto à poeira durante o corte de concreto Fonte: <https://www.forconstructionpros.com/business/construction- safety/article/21028712/protecting-construction-workers-lungs-is-a-safety-issue>. Acesso em: 6 mar. 2020. Caso, na atividade da figura 1, a medida de controle proposta, ao menos de forma emergencial, fosse a utilização de um equipamento de proteção respiratória, a avaliação quantitativa seria necessária para definir corretamente o tipo de máscara. Nem sempre é possível, por meio de avaliação qualitativa, definir se uma exposição é crítica ou não. Por exemplo, no caso em análise, a exposição ao calor é evidente (a atividade é realizada com a presença de carga solar e com o emprego de certo esforço físico). Porém, tal exposição representa um risco relevante ao trabalhador? Essa pergunta somente pode ser respondida por meio de uma avaliação quantitativa, conduzida de acordo com a NHO-6 da Fundacentro. 23/02/2023 14:31 Página 24 de 26 A NR-17 (referente à ergonomia), embora não seja tão explícita quanto a NR-9, exige a elaboração de uma análise ergonômica do trabalho (AET), e, novamente, as quatro etapas da higiene ocupacional são aplicadas. Considerando que o resultado da AET são as medidas de controle para a demanda ergonômica, o monitoramento constante da aplicação e da implementação das recomendações é necessário para garantir que as situações de exposição estejam sob controle. O programa de controle médico de saúde ocupacional, definido na NR-7, estabelece o monitoramento biológico dos trabalhadores. Como já indicado, esse tipo de monitoramento não é igual àqueles já comentados, mas é uma ferramenta importante para o gerenciamento de segurança da empresa. O papel do monitoramento biológico é identificar algum comprometimento na saúde dos trabalhadores devido aos fatores de risco presentes no ambiente de trabalho, e o resultado é utilizado em conjunto com outros dados, para avaliar os meios de proteção empregados. Ademais, há NRs que determinam que o técnico em segurança do trabalho é quem deve realizar um monitoramento da execução de um plano de ação e um monitoramento de caráter documental. Ainda, existem outras normas que exigem que os documentos ou os planos de ação sejam elaborados por outros profissionais: NR-10 Estabelece a necessidade de cronograma de adequações durante a realização e a manutenção do prontuário de instalações elétricas. A proposição de ações depende de um profissional habilitado na área elétrica. NR-13 Determina a necessidade de elaborar um planejamento de inspeção e manutenção e, quando for o caso, um projeto de reparos de tubulações, caldeiras e vasos de pressão. Como visto nos exemplos citados, as rotinas de segurança continuam relacionadas ao SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). Apenas as questões técnicas que envolvem conhecimento específico da área elétrica ou 23/02/2023 14:31 Página 25 de 26 mecânica, como nas NRs 10 e 13, respectivamente, exigem a presença de um profissional habilitado para tal. Um gerenciamento correto da exposição dos trabalhadores aos fatores de risco ocupacionais envolve uma metodologia adequada para definir as melhores formas de proteção. Tal metodologia, na área da higiene ocupacional, está baseada nas etapas de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle. Para garantir que as proteções implementadas continuem a desempenhar o papel que cabe a elas, deve-se estabelecer uma rotina de monitoramento a fim de realizar a manutenção dos sistemas de proteção, a modificação destes ou a inserção de novas formas de controle. Portanto, durante esse processo, o técnico em segurança do trabalho deve considerar o que as NRs aplicáveis às atividades ou ao segmento econômico definem como itens mínimos a serem cumpridos. 23/02/2023 14:31 Página 26 de 26
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