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LPI.AP3 com gabarito - 2012

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Prévia do material em texto

Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
Curso de Licenciatura em Pedagogia 
Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental 
Coordenadora: Professora Helena Feres Hawad 
Avaliação Presencial 3 – 8/12/2012 - Gabarito 
 
 
Nome em letra legível:_________________________________________________ 
Matrícula:_________________________ Polo: __________________________ 
Assinatura: __________________________________________________________ 
 
 
INSTRUÇÕES 
 
 
 Esta prova é composta de um caderno de questões e de uma folha para 
respostas. Antes de iniciar, confira o material que você recebeu. 
 
 O caderno de questões contém um texto e nove questões, e tem o total de 
cinco páginas. Verifique se o seu está completo. 
 
 Todas as repostas devem ser apresentadas no caderno de respostas. Não 
serão aceitas respostas escritas em folhas adicionais, nem no caderno de 
questões. 
 
 Ao término do trabalho, entregue tanto o caderno de respostas, quanto o 
caderno de questões, após certificar-se de ter escrito seu nome em ambos. 
 
 A prova deve ser feita com caneta azul ou preta. 
 
 Rasuras, com ou sem corretor do tipo liquid paper, poderão ser toleradas, 
desde que não prejudiquem a legibilidade. 
 
 A prova é individual, e não é permitido qualquer tipo de consulta, a pessoas 
ou a materiais de estudo. 
 
 Releia toda a prova antes de entregar. 
 
 
BOM TRABALHO! 
 
A mitologia do preconceito linguístico 
 
 Parece haver cada vez mais, nos dias de hoje, uma forte tendência a lutar contra as 
mais variadas formas de preconceito, a mostrar que eles não têm nenhum fundamento 
racional, nenhuma justificativa, e que são apenas o resultado da ignorância, da intolerância 
ou da manipulação ideológica. 
 Infelizmente, porém, esse combate tão necessário não tem atingido um tipo de 
preconceito muito comum na sociedade brasileira: o preconceito linguístico. Muito pelo 
contrário, o que vemos é esse preconceito ser alimentado diariamente em programas de 
televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem 
ensinar o que é “certo” e o que é “errado”, sem falar, é claro, nos instrumentos tradicionais 
de ensino da língua: as gramáticas normativas e boa parte dos livros didáticos disponíveis 
no mercado. 
 O preconceito linguístico fica bastante claro numa série de afirmações que já fazem 
parte da imagem (negativa) que o brasileiro tem de si mesmo e da língua falada por aqui. 
Outras afirmações são até bem intencionadas, mas mesmo assim compõem uma espécie 
de “preconceito positivo”, que também se afasta da realidade. Vamos examinar algumas 
dessas afirmações falaciosas e ver em que medida elas são, na verdade, mitos e fantasias 
que qualquer análise mais rigorosa não demora a derrubar. 
 
(...) 
 
Mito no 1 
“O português do Brasil apresenta uma unidade surpreendente.” 
 
 Esse é o maior e o mais sério dos mitos que compõem a mitologia do preconceito 
linguístico no Brasil. Ele está tão arraigado em nossa cultura que até mesmo intelectuais de 
renome, pessoas de visão crítica e geralmente boas observadoras dos fenômenos sociais 
brasileiros, se deixam enganar por ele. 
 
(...) 
 
(...) se é verdade que no Brasil a língua falada pela grande maioria da população é o 
português brasileiro (que muitos já gostariam de chamar simplesmente de brasileiro), esse 
mesmo português brasileiro apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não 
só por causa da grande extensão territorial do país – que gera as diferenças regionais, 
bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito –, mas 
principalmente por causa da trágica injustiça social que fazia do Brasil, em 2006, o oitavo 
país com a pior distribuição de renda em todo o mundo (...). 
São essas graves diferenças de status socioeconômico que explicam a existência, 
em nosso país, de um verdadeiro abismo linguístico entre os falantes das variedades 
estigmatizadas do português brasileiro (moradores da zona rural ou das periferias das 
grandes cidades, miseráveis ou pobres, analfabetos ou semianalfabetos) – que são a 
maioria da nossa população – e os falantes das variedades prestigiadas, (moradores dos 
centros urbanos, mais escolarizados e de poder aquisitivo mais elevado). (...) 
 Como a educação de qualidade ainda é privilégio de muito pouca gente em nosso 
país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domínio das 
formas prestigiadas de uso da língua. Assim, tal como existem milhões de brasileiros sem 
terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem milhões de 
brasileiros que poderíamos chamar de “sem língua”. Afinal, se formos acreditar no mito da 
língua única (identificada com a norma padrão tradicional), existem milhões de pessoas 
neste país que não têm acesso a essa “língua”, que é a empregada pelas instituições 
oficiais, pelos órgãos do poder – são os sem-língua. É claro que eles têm uma língua, 
também falam o português brasileiro, só que falam variedades linguísticas estigmatizadas, 
que não são reconhecidas como válidas, que são desprestigiadas, ridicularizadas, alvo de 
chacota e de escárnio por parte dos falantes urbanos mais letrados – por isso podemos 
chamá-los de sem-língua. 
 
(...) 
 
(...) não surpreende que muitos estudos empreendidos por diversos pesquisadores 
venham mostrando que os falantes das variedades linguísticas estigmatizadas têm sérias 
dificuldades em compreender as mensagens enviadas a eles pelo poder público, que se 
serve exclusivamente da norma padrão. Como diz Maurizzio Gnerre em seu livro 
Linguagem, escrita e poder, a Constituição afirma que todos os indivíduos são iguais 
perante a lei, mas essa mesma lei é redigida numa linguagem que só uma parcela reduzida 
de brasileiros consegue entender. A discriminação social começa, portanto, já no texto da 
Constituição. É claro que Gnerre não está querendo dizer que a Constituição deveria ser 
escrita em alguma variedade estigmatizada, mas sim que todos os brasileiros que estão 
sujeitos a ela deveriam ter acesso mais amplo e democratizado a essa espécie de língua 
oficial que, restringindo seu caráter veicular a uma parte da população, exclui 
necesariamente uma outra, sem dúvida a maior. 
 Muitas vezes, os falantes das variedades estigmatizadas deixam de usufruir diversos 
serviços a que têm direito simplesmente por não compreenderem a linguagem empregada 
pelos órgãos públicos. 
 
(...) 
 
 (...) o fato de o português brasileiro ser a língua da imensa maioria da população não 
implica, automaticamente, que essa língua seja um bloco compacto, uniforme e homogêneo. 
Na verdade, como costumo dizer, o que habitualmente chamamos de português é um 
grande “balaio de gatos”, onde há gatos dos mais diversos tipos: machos, fêmeas, brancos, 
pretos, malhados, grandes, pequenos, adultos, idosos, recém-nascidos, gordos, magros, 
bem-nutridos, famintos, raquíticos etc. Cada um desses “gatos” é uma variedade do 
português brasileiro, com sua gramática específica, coerente, lógica e funcional. (...) 
 É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para a 
educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do português brasileiro e passem a 
reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para melhor planejarem suas 
políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variedades 
sem prestígio social. O reconhecimento da existência de muitas variedades linguísticas 
diferentes é fundamental para que o ensino em nossas escolas seja consequente com o fato 
comprovado de que a norma linguística ensinada em sala de aula é, em muitas situações, 
uma verdadeira “língua estrangeira” para o aluno que chega na escola proveniente de 
ambientes sociais onde a norma linguística empregada no quotidiano é uma variedade 
estigmatizada de portuguêsbrasileiro (...). 
 
 
Fragmentos de Preconceito linguístico, de Marcos Bagno. 2009. p.23-34. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. (1,0) Segundo o texto, o que distingue, nos dias de hoje, o preconceito linguístico de 
outros tipos de preconceito? 
 
ENQUANTO OUTROS TIPOS DE PRECONCEITO VÊM SENDO REJEITADOS, 
CRITICADOS E COMBATIDOS, O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NÃO APENAS 
CONTINUA A SER ENCARADO COMO NATURAL, MAS TAMBÉM CHEGA A SER 
INCENTIVADO. 
 
 2. (1,0) Além de serem alvo de chacotas (deboche, ridicularização), que prejuízos 
sofrem as pessoas que não falam a língua padrão, de acordo com o texto? 
 
ESSAS PESSOAS TAMBÉM DEIXAM DE USUFRUIR SERVIÇOS A QUE TÊM 
DIREITO (POR NÃO COMPREENDEREM A LÍNGUA USADA PELOS ÓRGÃOS 
PÚBLICOS). 
 
3. (1,0) Indique um conectivo que possa substituir o que aparece em negrito em cada 
frase abaixo, sem alteração do sentido da frase. 
 
a. Como a educação de qualidade ainda é privilégio de muito pouca gente em nosso 
país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domínio das 
formas prestigiadas de uso da língua. (7º parágrafo) 
PORQUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, JÁ QUE 
 
b. Como diz Maurizzio Gnerre em seu livro Linguagem, escrita e poder, a 
Constituição afirma que todos os indivíduos são iguais perante a lei, mas essa mesma lei é 
redigida numa língua que só uma parcela pequena de brasileiros consegue entender. (8º 
parágrafo) 
CONFORME, SEGUNDO 
 
 4. (1,5) Identifique o tipo de mecanismo coesivo – por referência, pelo léxico ou por 
conexão – representado, em cada fragmento a seguir, pelo elemento sublinhado. 
 
a. (...) se é verdade que no Brasil a língua falada pela grande maioria da população é 
o português brasileiro (...), esse mesmo português brasileiro apresenta um alto grau de 
diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande extensão territorial do país (...) 
(5º parágrafo) 
 
PELO LÉXICO 
 
b. É claro que eles têm uma língua, também falam o português brasileiro, só que 
falam variedades linguísticas estigmatizadas, que não são reconhecidas como válidas (...) – 
por isso podemos chamá-los de sem-língua. (7º parágrafo) 
 
POR CONEXÃO 
 
c. É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para a 
educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do português do Brasil e passem a 
reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para melhor planejarem suas 
políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variedades 
sem prestígio social. (11º parágrafo) 
 
POR REFERÊNCIA 
5. (1,5) Justifique o emprego das vírgulas em cada frase abaixo. (Frases extraídas do 
texto com adaptações.) 
 
 a. Existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso à norma padrão, que 
é a língua empregada pelas instituições oficiais. 
 
ESSA VÍRGULA É USADA PARA SEPARAR UMA ORAÇÃO ADJETIVA 
EXPLICATIVA. 
 
b. Existem milhões de brasileiros sem língua da mesma forma como existem milhões 
de brasileiros sem terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde. 
 
ESSA VÍRGULA É USADA PARA SEPARAR ELEMENTOS DE UMA ENUMERAÇÃO. 
 
c. A norma linguística ensinada em sala de aula é, em muitas situações, uma 
verdadeira “língua estrangeira” para o aluno. 
 
ESSA VÍRGULA É USADA PARA SEPARAR UM ADJUNTO ADVERBIAL. 
 
 6. (1,0) Reescreva a frase abaixo, substituindo o verbo haver pelo verbo existir e 
observando a norma padrão. 
 
O que habitualmente chamamos de português é um grande “balaio de gatos”, onde 
há gatos dos mais diversos tipos. (10º parágrafo, adaptado) 
 
O QUE HABITUALMENTE CHAMAMOS DE PORTUGUÊS É UM GRANDE “BALAIO DE 
GATOS”, ONDE EXISTEM GATOS DOS MAIS DIVERSOS TIPOS. 
 
 7. (1,0) Reescreva a frase abaixo, tornando-a impessoal com o emprego de se. 
 
 O que vemos é esse preconceito ser alimentado diariamente em programas de 
televisão e de rádio. (2º parágrafo, adaptado) 
 
O QUE SE VÊ É ESSE PRECONCEITO SER ALIMENTADO DIARIAMENTE EM 
PROGRAMAS DE TELEVISÃO E DE RÁDIO. 
 
 8. (1,0) Reescreva a frase abaixo, empregando o conectivo porque e conservando o 
mesmo sentido. Faça as alterações necessárias. 
 
Esse mito está tão arraigado em nossa cultura, que até mesmo intelectuais de 
renome se deixam enganar por ele. (4º parágrafo, adaptado) 
 
ATÉ MESMO INTELECTUAIS DE RENOME SE DEIXAM ENGANAR POR ESSE MITO 
PORQUE ELE ESTÁ MUITO ARRAIGADO EM NOSSA CULTURA. 
 
9. (1,0) Explique por que não é adequado dizer que a língua portuguesa (assim como 
as línguas em geral) é um “código”. 
 
A COMUNICAÇÃO VERBAL, ISTO É, POR MEIO DE UMA LÍNGUA, NÃO É 
“AUTOMÁTICA”, AO CONTRÁRIO DO QUE OCORRE COM OS CÓDIGOS 
PROPRIAMENTE DITOS. NA PRODUÇÃO E COMPREENSÃO DE ENUNCIADOS EM 
PORTUGUÊS (OU EM QUALQUER OUTRA LÍNGUA), ENTRAM EM JOGO FATORES 
CONTEXTUAIS E CONHECIMENTOS DOS FALANTES QUE SÃO EXTERNOS AOS 
ENUNCIADOS EM SI. OS PARTICIPANTES DE UMA INTERAÇÃO, PORTANTO, 
PRECISAM COOPERAR PARA CONSTRUIR OS SENTIDOS, E NÃO APENAS 
“CODIFICÁ-LOS” E “DECODIFICÁ-LOS” MECANICAMENTE. 
 
 ESTA RESPOSTA É DIFÍCIL E COMPLEXA, ENTÃO A APLICAÇÃO DO 
GABARITO PODE SER “FLEXIBILIZADA”. SE O ALUNO REVELAR COMPREENSÃO 
DO PROBLEMA (AINDA QUE PARCIAL OU IMPERFEITA) E TIVER UMA REDAÇÃO 
MINIMAMENTE CLARA, PODE-SE ATRIBUIR PELO MENOS 0,5, OU ATÉ MESMO 
1,0, AINDA QUE A RESPOSTA NÃO CONTEMPLE TUDO QUE ESTÁ EXPLICITADO 
ACIMA.

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