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Atenção Farmacêutica Apresentação Até pouco tempo atrás, a única forma de contato do farmacêutico com o usuário era por meio da dispensação, atividade realizada nas farmácias através de um balcão, janela, grade, vidro ou de outras barreiras, estabelecendo um distanciamento entre profissionais e usuários. A consequência disso é uma cultura que considera a farmácia como um estabelecimento comercial para a obtenção de medicamentos, que não reconhece o papel do farmacêutico e que gera, consequentemente, a desvalorização da classe. Já na atenção farmacêutica, o serviço de saúde prestado é um processo de acolhimento do usuário, no qual o farmacêutico procura compreender o indivíduo, suas características, necessidades e aspectos clínico-farmacêuticos. De posse dessas informações e do seu conhecimento sobre os medicamentos, o farmacêutico é capaz de identificar e solucionar problemas relacionados ao uso dos medicamentos da forma mais adequada, considerando as características de cada indivíduo, promovendo a adesão ao tratamento, educação em saúde e o uso racional dos medicamentos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá as bases conceituais de atenção farmacêutica. Além disso, aprenderá a diferença entre atenção farmacêutica e assistência farmacêutica. Por fim, compreenderá a importância da atenção farmacêutica nos planos de cuidado do paciente. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as bases conceituais de atenção farmacêutica.• Diferenciar atenção farmacêutica de assistência farmacêutica.• Reconhecer a importância da atenção farmacêutica nos planos de cuidado do paciente.• Desafio As atividades de atenção farmacêutica devem ser registradas, e uma das formas mais comuns de registro, adotada por diferentes profissionais da saúde, é o modelo SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação e plano), também chamado SOIC (subjetivo, objetivo, impressão e conduta). Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. • https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/e75a40d8-99b2-4e34-a273-dc3e1fd53d27/3f87e97e-ca3b-426a-8991-f008602572c8.jpg A partir dos dados subjetivos e objetivos e da avaliação do caso, trace um plano de conduta para a cliente. • Infográfico A atenção farmacêutica expõe a importância do farmacêutico, além de fortalecer a classe, principalmente devido ao contato direto com o paciente/usuário. Atualmente, um dos métodos mais utilizados no cuidado farmacêutico é o Método Dáder. Neste Infográfico, você vai conhecer esse método com maiores detalhes. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ea0acdd7-62dd-4f5a-bc0e-f74b01b4fe35/ac755651-8f50-48a7-9aea-694e1a294985.jpg Conteúdo do livro Antigamente, aatividade farmacêutica era exercida pelos boticários, os quais dominavam todo o processo de produção e venda dos medicamentos, em contato direto com os pacientes. Ao longo do tempo, com o surgimento das indústrias, os currículos acadêmicos sofreram modificações, as quais levaram à formação de profissionais tecnicistas, distantes do paciente ou usuário. Essa classe profissional acabou distante e sem reconhecimento, ao mesmo tempo que aumentaram os problemas relacionados ao uso de medicamentos. A mudança desse cenário ocorreu com a promoção da atenção farmacêutica. No capítulo Atenção farmacêutica, do livro Assistência farmacêutica, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a identificar as bases conceituais de atenção farmacêutica, diferenciar atenção farmacêutica de assistência farmacêutica e reconhecer a importância da atenção farmacêutica nos planos de cuidado do paciente. Boa leitura. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Liliana Rockenbach Atenção farmacêutica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as bases conceituais de atenção farmacêutica. Diferenciar atenção farmacêutica de Assistência Farmacêutica. Reconhecer a importância da atenção farmacêutica nos planos de cuidado do paciente. Introdução As mudanças históricas nos processos produtivos e a influência des- sas mudanças nos currículos acadêmicos de Farmácia resultaram em um profissional tecnicista, de conhecimentos multicompartimentados, descontextualizado da equipe multidisciplinar e com uma relação mais íntima com o produto (medicamento) do que com o usuário (paciente). No início da década de 1960, teve início a prática farmacêutica assisten- cial centrada no paciente com o advento da farmácia clínica nos serviços hospitalares. Algumas décadas depois, essa prática já caracterizava uma área de atuação farmacêutica em todos os pontos e níveis de atenção à saúde e todas as atividades clínicas do farmacêutico, tanto as de suporte à equipe de saúde quanto aquelas voltadas ao cuidado direto do paciente (BRASIL, 2014). Assim, a farmácia clínica contemporânea agrega a prática que ficou conhecida no Brasil como atenção ou cuidado farmacêutico, do termo original em inglês pharmaceutical care (AMERICAN COLLEGE, 2008 apud BRASIL, 2015). Assim, neste capítulo, você vai conhecer as bases conceituais da atenção farmacêutica, diferenciando-a da Assistência Farmacêutica e entendendo a sua importância nos planos de cuidado do paciente. As bases conceituais da atenção farmacêutica Atenção farmacêutica, do inglês pharmaceutical care, é sinônimo de cuidado farmacêutico ou clínica farmacêutica. Apesar de serem sinônimos, o termo clínica farmacêutica é mais utilizado para se referenciar a atenção farmacêu- tica realizada em hospitais ou nas unidades públicas de saúde vinculadas aos componentes Básico, Estratégico e Especializado. A atenção farmacêutica modificou a realidade do profissional tecnicista, promovendo o reencontro do farmacêutico com o paciente e exigindo do profissional novas competências, de modo que ele possa responsabilizar-se pelo bem-estar do paciente e ser um provedor de cuidados em saúde. A Federação Farmacêutica Internacional (FIP) afirma que “O cuidado farmacêutico é o fornecimento responsável de terapia medicamentosa com o objetivo de alcançar resultados definidos que melhorem ou mantenham a qualidade de vida” (WORLD..., 2006, documento on-line). Já Hepler e Strand (1990) definem que o cuidado farmacêutico é o fornecimento de terapia medi- camentosa com a finalidade de alcançar resultados definidos que melhorem a qualidade de vida de um paciente, em um relacionamento em que o paciente concede autoridade e o provedor concede competência e comprometimento. Perceba que essas definições restringem as atividades de atenção farmacêutica ao fornecimento de medicamentos. O Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica propôs como definição de atenção farmacêutica o seguinte: [...] um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assis- tência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevençãode doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidadesbio-psico- -sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. (ORGANIZAÇÃO..., 2002, p. 16–17). Essa proposta de definição que amplifica as atividades de cuidado farma- cêutico para além do fornecimento de medicamentos, incluindo a prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida da população, é atendida pela RDC nº. 44, de 17 de agosto de 2009, a qual define que: Atenção farmacêutica2 [...] a prestação de serviço de atenção farmacêutica compreendea atenção farmacêutica domiciliar, a aferição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos e a administração de medicamentos e deve ter como objetivos a prevenção, detecção e resolução de problemas relacionados a medicamentos, promover o uso racional dos medicamentos, a fim de melhorar a saúde e qualidade de vida dos usuários (AGÊNCIA..., 2009, documento on-line). Por sua vez, a RDC nº. 585, de 29 de agosto de 2013, consolida e aprofunda a definição anterior, definindo que a clínica farmacêutica deve ser centrada no paciente, que pode ser desenvolvida em hospitais, am bulatórios, unidades de atenção primária à saúde, farmácias comunitá rias, instituições de longa perma- nência e domicílios, entre outros. Além disso, essa norma detalha as atribuições clínicas do farmacêutico relativas ao cuidado à saúde, nos âmbitos individual e coletivo; as relacionadas à comunicação e educação em saúde; e as relacionadas à gestão da prá tica, produção e aplicação do conhecimento — e o faz descrevendo de forma detalhada como o farmacêutico deve proceder com relação à equipe de saúde, ao paciente/usuário e às próprias atividades (CONSELHO..., 2013). A RDC nº. 586, de 29 de agosto de 2013, ainda reforça a clínica farmacêu- tica e regula a prescrição farmacêutica, que passa a fazer parte do cuidado farmacêutico. Ela inova ao considerar a prescrição como uma atribuição clínica do farmacêutico, define sua natureza, especifica o seu escopo e descreve seu processo, estabelecendo seus limites. Por fim, essa norma determina que as atividades de prescrição devem ser documentadas e avaliadas. De acordo com essa RDC, [...] define-se a prescrição far macêutica como ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, pro teção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros pro- blemas de saúde (CONSELHO..., 2013, documento on-line). Veja que a prescrição farmacêutica não corresponde a uma prescrição médica, ela se encaixa nas novas práticas de prescrição multiprofissional, em que cada profissão possui modos específicos de fazê-la, de acordo com as necessidades de cuidado do paciente, bem como com as responsabili dades e os limites de atuação de cada profissional. Assim, a prescrição farmacêutica permite a indicação de medicamentos isentos de prescrição, mas a transcende, sendo principalmente a documentação das melhores condutas selecionadas pelo farmacêutico para orientar o paciente na resolução de problemas associados à farmacoterapia e à promoção de sua saúde e qualidade de vida. 3Atenção farmacêutica Cabe lembrar que a Lei nº. 13.021, de 8 de agosto de 2014, dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas, incluindo a atenção terapêutica (BRASIL, 2014). É importante ressaltar que, no Brasil, a promoção da saúde, que inclui a educação em saúde, é componente do conceito de atenção farmacêutica, o que constitui um diferencial marcante em relação ao conceito adotado em outros países (CONSELHO..., 2013; ORGANIZAÇÃO..., 2002). Dessa forma, a atenção farmacêutica retorna a dispensação para sua ver- dadeira constituição, integrada ao processo de cuidado e considerando o acesso como um atributo; o acolhimento como vínculo e responsabilização; a gestão e os aspectos clínico-farmacêuticos como seus componentes; e o uso racional dos medicamentos como propósito (SOARES, 2013). Nesse formato, a dispensação compreende, necessariamente, a interação entre os farmacêuticos (provedores do serviço) e os pacientes ou cuidadores (usuários do serviço), resultando em um processo de trabalho de cocriação de valores, a partir da relação direta entre o profissional e o usuário, na avaliação da necessidade e da utilização de medicamentos (SOARES et al., 2013). Conforme estabelecido pela RDC nº. 585 de 2013, na atenção farmacêutica, o foco sai do medicamento, redirecionando a centralidade dos problemas e da doença para o indivíduo, o que significa entender os fatores e as necessidades que impactam a saúde das pessoas para, então, agir com maior resolutividade (CONSELHO..., 2013). Essa abordagem está baseada em concepções teóricas a respeito das necessidades de saúde, como a de Stotz (1991 apud CECÍLIO, 2009, p. 118): “[...] as necessidades de saúde são social e historicamente determi- nadas, elas só podem ser captadas e trabalhadas em sua dimensão individual”. Ou seja, é fundamental compreender os contextos pessoais e sociais, e ainda considerar a história e as necessidades dos pacientes, para desenvolver uma escuta mais efetiva, que gere melhores resoluções. Essa ideia fica mais clara se pensamos que é fácil identificar os problemas e pontos de ação quando alguém descreve situações e procedimentos que conhecemos, enquanto é muito difícil agir assertivamente sobre situações e procedimentos desconhecidos. Cecílio (2009) propõe que as necessidades de saúde do paciente sejam identificadas Atenção farmacêutica4 e compreendidas em quatro grandes conjuntos: nas condições de vida, no acesso às diferentes tecnologias em saúde, no vínculo usuário-profissional e na autonomia do sujeito. As condições de vida envolvem infraestrutura urbana, moradia, sanea- mento, condições ambientais, bem como as características dos dados sociode- mográficos. Por exemplo, a necessidade percebida por um idoso aposentado é diferente da necessidade de um trabalhador mais jovem. Logo, entre adultos, o emprego e a busca de melhores condições de vida e moradia são meios para alcançar alguns resultados de saúde e, muitas vezes, são considerados prioritários pelo indivíduo em relação a práticas de cuidado indicadas pelos profissionais de saúde (SOARES et al., 2016). Portanto, analisar a relação da pessoa com o meio no qual vive, assim como as condições ambientais, sociais e culturais, é determinante para o sucesso da atenção farmacêutica. A territorialização também é fundamental, pois permite conhecer os aspectos geográficos, demográficos, indicadores sociais, a origem, a organização e a estrutura do local onde o indivíduo se insere, os quais podem ser causas determinantes das necessidades de saúde (RICIERI et al., 2006). O acesso aos serviços de saúde corresponde à disponibilidade do uso desses serviços pelo indivíduo, e o próprio Ministério da Saúde se preocupa em desenvolver políticas para o aumento do acesso da população aos medica- mentos (BRASIL, 1998; 2004). Contudo, não basta disponibilizar o serviço, é preciso orientar o seu uso para garantir os resulados desejados e, nesse ponto, entra a atenção farmacêutica (SOARES et al., 2016). A farmácia é, em sua essencialidade, um serviço de porta aberta, com livre acesso, o que caracteriza uma vantagem do farmacêutico com relação a outros profissionais da saúde. Além disso, propicia ao farmacêutico estabelecer uma relação profissional-usuário com maior horizontalidade, permitindo e fortalecendo o trabalho de atenção farmacêutica (SOARES et al., 2016). Para facilitar a criação desse vínculo, é necessário combater a visão da farmácia como ambiente comercial e promover a ambiência, que se refere “[...] ao trata- mento dado ao espaço físico, entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais, que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana” (BRASIL, 2010, p. 5). Portanto, a atenção farmacêutica será realizada em local apropriado para a promoção da ambiência. A autonomia do sujeito é a última dimensão apontada por Cecílio (2009) para compreensão das necessidades de saúde do indivíduo. A autonomia do sujeito é promovida pela atenção farmacêutica a partir da informação e da educação em saúde. A autonomia, segundo o autor, implica na possibilidade de o próprio sujeito reconstruir os sentidos de sua vida e, a partir dessa 5Atenção farmacêutica ressignificação, identificar o peso efetivo no seu modo de viver, incluindo aí a luta pela satisfaçãode suas necessidades, da forma mais ampla possível (CECÍLIO, 2009). Contudo, a autonomia não é construída apenas a partir das informações dos profissionais de saúde, já que o usuário mantém diversas rela- ções em sua casa, no seu trabalho, em seus círculos sociais, que lhe fornecem acesso a outras informações e possibilidades de cuidado e atenção. Por isso, é essencial que o profissional entenda o sujeito, sua história e seus hábitos, respeitando-os de forma a não submeter o indivíduo às técnicas estabelecidas pelos serviços de saúde, mas entendendo como inserir o serviço na realidade do indivíduo, facilitando e promovendo a adesão aos tratamentos. Veja que esse processo requer a convivência com dilemas morais, principalmente quando o indivíduo apresenta resistência ou contrariedade às instruções do profissional de saúde; nesses momentos, a sensibilidade, o conhecimento técnico e a vivência profissional tornam-se fundamentais (SOARES et al., 2016). Todo o processo de atenção farmacêutica envolve respeito aos princípios da bioética, habilidades de comunicação e conhecimentos técnico-científicos (SOARES et al., 2016; BRASIL, 2015). A prática da Assistência Farmacêutica assume a responsabilidade pelo cuidado da saúde da pessoa e exige a docu- mentação adequada, o monitoramento e a revisão dos cuidados prestados. Para realizar essa atividade, o farmacêutico deve ser capaz de assumir diferentes funções: cuidador, comunicador, decisor, professor, aprendiz, líder e gestor (WORLD..., 2006). No processo de atenção farmacêutica, é importante ressaltar mais alguns conceitos, como: Farmacoterapia: tratamento de doenças e de outras condições de saúde por meio do uso de medicamentos (CONSELHO..., 2013). Problema relacionado a medicamento (PRM): “É um problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário” (ORGANIZAÇÃO..., 2002, documento on-line) ou, ainda, segundo Machuca, Fernandez-Llimos e Faus (2003), um problema que é resultado de tratamento farmacológico que não alcança o objetivo terapêutico ao qual se propõe ou que causa efeitos indesejados. O PRM é real, se manifestado, ou potencial, se há apenas a possibilidade de suaocorrência. Tem como origem causas relacionadas ao sistema de saúde, ao usuário e seus aspectos biopsicossociais, aos profissionais de saúde e ao medicamento (ORGANIZAÇÃO..., 2002). Atenção farmacêutica6 Acompanhamento ou seguimento farmacoterapêutico: “[...] processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do usu- ário relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e resolução de problemas relacionados aos medicamentos (PRM), [...] buscando a melhoria da qualidade de vida do usuário” (ORGANIZA- ÇÃO..., 2002, documento on-line). A promoção da saúde também deve ocorrer a partir do acompanhamento farmacoterapêutico, uma vez que “resultado definido” significa a cura, o controle ou o retardamento de uma enfermidade, sempre considerando os aspectos referentes à efetividade e à segurança (ORGANIZAÇÃO..., 2002). Atendimento farmacêutico: atuação do farmacêutico, “[...] que interage e responde às demandas dos usuários do sistema de saúde, buscando aresolução de problemas de saúde que envolvam, ou não, o uso demedi- camentos. Esse processo pode compreender escuta ativa, identificação” (ORGANIZAÇÃO..., 2002, documento on-line). O atendimento garma- cêutico pode, ou não, gerar uma intervenção farmacêutica. Anamnese farmacêutica: etapa do atendimento farmacêutico na qual é realizada a coleta de dados sobre o paciente, realizada pelo farmacêutico por meio de entrevista, com a finalidade de conhecer sua história de saúde, elaborar o perfil farma coterapêutico e identificar suas necessi- dades relacionadas à saúde (CONSELHO..., 2013). Intervenção farmacêutica: ato que é resultado de um planejamento e que é documentado e realizado pelo profissional de saúde junto ao usuário com o objetivo de eliminar ou prevenir problemas rela- cionados à farmacoterapia (MACHUCA; FERNANDEZ-LLIMOS; FAUS, 2003). Plano de atuação: é o conjunto de intervenções que o paciente e o far- macêutico em comum acordo se comprometem a realizar para resolver os PRM detectados (MACHUCA; FERNANDEZ-LLIMOS; FAUS, 2003). Plano de seguimento: é o projeto de encontros acordado entre paciente e farmacêutico para assegurar que os medicamentos que o paciente utiliza continuarão sendo somente aqueles de que necessita e que continuarão sendo os mais efetivos e seguros possíveis (MACHUCA; FERNANDEZ- -LLIMOS; FAUS, 2003). Parecer farmacêutico: é inadequado pedir ao paciente que relate ao médico o plano de seguimento, já que a informação pode chegar distor- cida e gerar desentendimento. Quando o contato direto com o médico não está disponível ou é inoportuno, elaborar um informe escrito é a solução. Atenção, o objetivo da carta não é apontar erros de prescrição, 7Atenção farmacêutica tampouco expor o comportamento do paciente, mas “[...] apresentar um laudo farmacêutico, com a identificação de problemas do paciente, de interesse deste e do médico, e propor alternativas de resolução, deixando clara a responsabilidade e o comprometimento do farmacêutico com a continuidade do cuidado e o trabalho multidisciplinar” (CORRER; OTUKI, 2013, p. 13). Documento de encaminhamento: quando o farmacêutico decide en- caminhar o paciente a ou tro profissional ou serviço de saúde como a melhor conduta, ele precisa garantir que tanto o usuário quanto o profissio nal ou serviço compreendam o motivo do encaminhamento. O documento serve para formalizar a comunicação com ou tros profis- sionais (CONSELHO..., 2016). Interface entre atenção farmacêutica e farmacovigilância: a atenção farmacêutica é uma das fontes do sistema de farmacovigilância. O artigo 67 da RCD nº. 44, de 2009, diz: “O farmacêutico deve con- tribuir para a farmacovigilância, notificando a ocorrência ou sus- peita de evento adverso ou queixa técnica às autoridades sanitárias” (AGÊNCIA..., 2009, documento on-line). Na atenção farmacêutica, o profissional identifica e avalia os problemas e riscos relacionados a segurança, efetividade e desvios da qualidade de medicamentos me- diante o acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico ou outros componentes da atenção farmacêutica. Nesse processo, é produzida a documentação e a avaliação dos resultados, gerando notificações e novos dados para o sistema por meio de estudos complementares. Ao mesmo tempo, o Sistema de Farmacovigilância retro-alimenta a atenção farmacêutica por meio de alertas e informes técnicos, infor- mações sobre medicamentos e intercâmbio de informações, poten- cializa as ações clínicas individuais (acompanhamento/seguimento, dispensação, educação, etc.), outras atividades de atenção e Assis- tência Farmacêutica, como o processo de seleção de medicamentos, a produção de protocolos clínicos com prática baseada em evidências, integrada nas ações interdisciplinares e multiprofissionais, entre ou- tras (SILVA; PRANDO, 2004). Assim, a comunicação da atenção farmacêutica-farmacovigilância melhora a capacidade de avaliação da relação benefício/risco, otimizando os resultados da terapêutica e contribuindo paraa melhoria da qualidade de vida e a adequação do arsenal terapêutico (SILVA; PRANDO, 2004). Atenção farmacêutica8 Atenção farmacêutica e Assistência Farmacêutica: diferenças Assistência Farmacêutica é todo o conjunto de ações relacionadas ao medica- mento, enquanto atenção farmacêutica é uma área da Assistência Farmacêutica que vem crescendo muito e se refere ao conjunto de ações para acompanhar e orientar o paciente quanto ao uso correto dos medicamentos e à promoção da sua saúde. De modo mais aprofundado, a Política Nacional de Assistência Farmacêu- tica, RDC nº. 338, de 2004, define que: Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadasà promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racio- nal. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2004, documento on-line). Assim, todos os processos ligados ao medicamento fazem parte da Assis- tência Farmacêutica, da produção ao uso, inclusive os serviços prestados na atenção farmacêutica. Dessa forma, a atenção farmacêutica é uma atividade de Assistência Farmacêutica e todo serviço de cuidado farmacêutico é um serviço de Assistência Farmacêutica. No entanto, nem todo serviço de Assistência Farmacêutica corresponde à atenção farmacêutica, uma vez que, conforme você aprendeu na primeira parte deste capítulo, a atenção farmacêutica é aplicada apenas no processo de utilização do medicamento pelo indivíduo e ocorre a partir da comunicação e vínculo profissional-paciente. Também é possível diferenciar esses conceitos e ações quanto ao tipo de atividade, uma vez que a atenção farmacêutica envolve apenas atividades espe- cíficas do farmacêutico no âmbito da atenção à saúde, enquanto a Assistência Farmacêutica envolve um conjunto mais amplo de ações, com características multiprofissionais (ORGANIZAÇÃO..., 2002). O local de realização dessas ações também difere: a Assistência Farma- cêutica é realizada em diversos locais, de acordo com a atividade proposta — por exemplo, a produção é na indústria, a gestão é nas drogarias e nos 9Atenção farmacêutica órgãos públicos de saúde e assim por diante; já para a realização da atenção farmacêutica em farmácias e drogarias, a RDC nº. 44, de 2009, exige que o ambiente destinado aos serviços farmacêuticos deve ser diferente daquele des- tinado à venda e à circulação de pessoas em geral, devendo o estabelecimento dispor de espaço específico para esse fim. O mesmo vale para o atendimento farmacêutico realizado em postos de saúde e hospitais (AGÊNCIA..., 2009). Além disso, é importante destacar que, segundo essa RDC: quando realizado em drogarias, o ambiente para prestação dos serviços que demandam atendimento individualizado deve garantir a privacidade e o conforto dos usuários, possuindo dimensões, mobiliário e infraes- trutura compatíveis com as atividades e os serviços a serem oferecidos; o ambiente deve ser provido de lavatório contendo água corrente e dispor de toalha de uso individual e descartável, sabonete líquido, gel bactericida e lixeira com pedal e tampa; o acesso ao sanitário, caso exista, não deve se dar por ambiente destinado aos serviços farmacêuticos; o conjunto de materiais para primeiros-socorros deve estar identificado e de fácil acesso nesse ambiente; o procedimento de limpeza do espaço para a prestação de serviços farmacêuticos deve ser registrado e realizado diariamente no início e ao término do horário de funcionamento, e o ambiente deve estar limpo antes de todos os atendimentos nele realizados, a fim de minimizar riscos à saúde dos usuários e dos funcionários do estabelecimento. Além disso, após a prestação de cada serviço, deve ser verificada a necessidade de realizar novo procedimento de limpeza, a fim de garantir o cumprimento ao parágrafo anterior (AGÊNCIA..., 2009). Perceba que as regras estabelecidas pela RDC nº. 44, de 2009, vão ao encontro do conceito de ambiência discutido na primeira parte deste capítulo e cujos eixos estão expostos na Figura 1, a seguir. Atenção farmacêutica10 Figura 1. Os eixos relacionados a ambiência e suas características. Fonte: Adaptada de Soares et al. (2016). Ainda quanto à diferenciação entre Assistência e atenção farmacêutica, dentro da Assistência Farmacêutica, temos a pesquisa, o desenvolvimento, a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização. Dessa forma, a Assistência Farmacêutica engloba a atenção farmacêutica e a farmacovigi- lância e, enquanto a Assistência Farmacêutica tem a farmacovigilância como componente, a atenção farmacêutica, que também é componente da Assistência Farmacêutica, relaciona-se com a farmacovigilância. A atenção farmacêutica tem como macrocomponentes (ORGANIZAÇÃO..., 2002): 1. educação em saúde (incluindo promoção do uso racional de medicamentos); 2. orientação farmacêutica; 3. dispensação; 4. atendimento farmacêutico; 5. acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico; 6. registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resultados. 11Atenção farmacêutica De acordo com a RDC nº. 44, de 2009, para que o farmacêutico seja capaz de avaliar o estado de saúde do indivíduo, possíveis situações de risco, bem como permitir o acompanhamento ou a avaliação da eficácia do tratamento prescrito por profissional habilitado, ele pode efetuar a aferição de determinados parâmetros fisiológicos e bioquímicos do usuário nos termos da resolução. Além disso, caso seja necessária intervenção farmacoterapêutica, também é permitido ao profissional à administração de medicamentos, nos termos e condições da resolução citada (AGÊNCIA..., 2009). A RDC nº. 44, de 2009, prevê, ainda, que os estabelecimentos licenciados e autorizados pelos órgãos sanitários competentes podem prestar atenção farmacêutica domiciliar. Por fim, na farmácia, drogaria ou no domicílio, após a prestação de atenção farmacêutica, deve ser preenchida a declaração de serviço farmacêutico em papel com identificação do estabelecimento, contendo nome, endereço, telefone e CNPJ, assim como a identificação do usuário ou de seu responsável legal, quando for o caso. Essa declaração deve conter, conforme o serviço farmacêutico prestado, no mínimo, as seguintes informações: I - atenção farmacêutica: a) medicamento prescrito e dados do prescritor (nome e inscrição no conselho profissional), quando houver; b) indicação de medicamento isento de prescrição e a respectiva posologia, quando houver; c) valores dos parâmetros fisiológicos e bioquímico, quando houver, seguidos dos respectivos valores considerados normais; d) frase de alerta, quando houver medição de parâmetros fisiológicos e bioquímico: “ESTE PROCEDIMENTO NÃO TEM FINALIDADE DE DIAGNÓSTICO E NÃO SUBSTITUI A CONSULTA MÉDICA OU A REALIZAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS”; e) dados do medicamento administrado, quando houver: 1. nome comercial, exceto para genéricos; 2. denominação comum brasileira; 3. concentração e forma farmacêutica; 4. via de administração; 5. número do lote; e 6. número de registro na Anvisa. f) orientação farmacêutica; g) plano de intervenção, quando houver; e h) data, assinatura e carimbo com inscrição no Conselho Regional de Farmá- cia (CRF) do farmacêutico responsável pelo serviço (AGÊNCIA..., 2009, documento on-line). Atenção farmacêutica12 Além disso, a RDC esclarece que a declaração de serviço farmacêutico deve ser emitida em duas vias — a primeira deve ser entregue ao usuário e a segunda deve permanecer arquivada no estabelecimento. Na Atenção Básica à saúde, o cuidado farmacêutico como parte do cuidado multidisciplinar é facilitado devido à proximidade e à interação do profissional com a equipe de saúde. Já em estabelecimentos privados, a atividade não deixa de fazer parte de um processo de cuidado multidisciplinar, mas a comunicação médico-farmacêutico, por exemplo, será diferente. Contudo, é sempre necessá- ria e imprescindível a avaliação integral do paciente, isto é, do paciente como um todo, permitindo a identificação da necessidade do compartilhamento do caso com outros profissionais de saúde, gerando um cuidado interdisciplinarou mesmo transdisciplinar (BRASIL, 2015). O farmacêutico deve dominar o conhecimento referente aos medicamentos, mas também deve conhecer seus limites, buscando sempre a promoção da saúde do indivíduo em primeiro lugar; então, quando julgar necessário, deve orientar o usuário a buscar a assistência de outros profissionais de saúde (BRASIL, 2004). A clínica farmacêutica compreende a seleção e o agendamento de pacientes, a consulta farmacêutica, a avaliação e o seguimento farmacoterapêuticos. No que diz respeito a seleção e agendamento, com o tempo, a atividade fica conhecida entre profissionais e usuários, de modo que se estabelece uma demanda espontânea, tanto pelo encaminhamento dos pacientes pelos pro- fissionais da equipe de saúde quanto pela procura dos próprios usuários ao serviço. Contudo, no início das atividades, é necessário estabelecer critérios de seleção de pacientes, na qual se deve identificar os que mais necessitam do atendimento farmacêutico — por exemplo, aqueles com problemas crônicos e/ou que fazem uso de polifarmácia (BRASIL, 2015). Esses pacientes podem ser selecionados por meio dos prontuários ou pelo contato com a equipe de saúde, que os encaminha. O farmacêutico entra em contato com o paciente e explica a importância da consulta farmacêutica, o objetivo e a necessidade de que o paciente leve todos os medicamentos, exames e receitas que possam auxiliar (BRASIL, 2015). A atenção farmacêutica não é realizada de acordo com decisões pessoais do profissional, deve seguir protocolos elaborados para as suas atividades, que, por sua vez, devem ser baseados em procedimentos cientificamente comprovados e ter suas referências bibliográficas incluídas nos seus registros (AGÊNCIA..., 2009) — isto é, saúde baseada em evidências (BRASIL, 2015). Todas as 13Atenção farmacêutica atividades de atenção farmacêutica devem ser documentadas de forma siste- mática e contínua, com o consentimento expresso do usuário, e devem conter informações referentes ao usuário (nome, endereço e telefone), orientações e intervenções farmacêuticas realizadas e resultados delas decorrentes, bem como informações do profissional responsável pela execução do serviço (nome e número de inscrição no Conselho Regional de Farmácia) (AGÊNCIA..., 2009). O roteiro da consulta farmacêutica compreende: introdução ou acolhimento do paciente, coleta de dados e identificação de problemas, estabelecimento do plano de conduta e o fechamento da consulta, no qual farmacêutico e paciente pactuam a respeito das estratégias a serem utilizadas (ABDEL-TAWAB et al., 2011; BRASIL, 2015). Além disso, as ações relacionadas à atenção farmacêutica devem ser registradas de modo a permitir a avaliação de seus resultados e o seguimento farmacoterapêutico (BRASIL, 2004). Na prática, e de acordo com as bases explicitadas até aqui, o Método Dáder, desenvolvido pelo Grupo de Investigação em Atenção Farmacêutica da Uni- versidade de Granada, em 1999, é o método utilizado na realização da atenção farmacêutica; atualmente, centenas de farmacêuticos de diversos países têm utilizado esse método em milhares de pacientes. O Método Dáder se baseia na obtenção da história farmacoterapêutica do paciente, ou seja, os problemas de saúde que ele apresenta e os medicamentos que utiliza, junto à avaliação de seu estado de situação em uma data determinada, a fim de identificar e resolver os possíveis problemas relacionados a medicamentos (PRM) que apresenta. Após essa identificação, são realizadas as intervenções farmacêuticas necessárias para resolver os PRM e, posteriormente, são avaliados os resultados obtidos (MACHUCA; FERNANDEZ-LLIMOS; FAUS, 2003). Por fim, uma vez que todo o processo deve ser registrado, a documentação do processo de cuidado deve ser feita no prontuário do paciente, organizado para possibilitar o registro dos atendimentos e, portanto, a história farmaco- terapêutica e clínica do paciente. Uma das formas mais comuns de registro, adotada por diferentes profissionais da saúde, é o modelo SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação e plano), também chamado SOIC (subjetivo, objetivo, impressão e conduta), que organiza as informa ções em: dados subjetivos (S): sintomas relatados pelo paciente/cuidador, cren- ças, preocupações e outros dados clínicos (história clínica), tentativas de tratamento e expectativas (CONSELHO..., 2016; BRASIL, 2015); dados objetivos (O): sinais ou dados mensurados e/ou observados, incluindo resultados de exame; Atenção farmacêutica14 avaliação (A): análise dos dados subjetivos e objetivos a fim de identificar a(s) necessidade(s) e o(s) problema(s) de saúde do paciente, considerando as possíveis intervenções, os fatores que agravam os sinais/sintomas e os sinais de alerta para encaminhamento (CONSELHO..., 2016; BRASIL, 2015); plano (P): na elaboração do plano, devem ser definidos os objetivos terapêu- ticos, as intervenções e os critérios de acompanhamento para avaliação dos resultados. As opções de intervenção selecionadas podem incluir: terapias farmacológica e não farmacológica e outras intervenções relacionadas ao cuidado, como o encaminhamento (CONSELHO..., 2016; BRASIL, 2015). A importância da atenção farmacêutica nos planos de cuidado do paciente Os problemas relacionados à farmacoterapia tornaram-se uma epidemia mo- derna: de acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 50% dos medicamentos apresentam erros de prescrição, dispensação ou venda, e mais de 50% são usados incorretamente pelos pacientes (MARIN et al., 2003). Mundialmente, as fontes que geram o uso incorreto dos medicamentos são diversas e vão desde a falta de preparo dos médicos e condições precárias a falhas no diagnóstico que geram erros de prescrição, bem como a aquisição de medicamentos com menor preço e qualidade duvidosa que levam à inefe- tividade terapêutica, até a incapacidade da população em seguir a posologia corretamente, o que gera os erros de uso e armazenamento (BRASIL, 2012; MASTROIANNI;VARALLO, 2013). No Brasil, os fatores que mais contribuem para erros medicamentosos são: uso concomitante de mais de três medicamen- tos (polifarmácia), uso indiscriminado de antibióticos, prescrições não baseadas em diretrizes ou protocolos validados, automedicação e o grande arsenal terapêutico disponível nas drogarias (MARIN et al., 2003; BRASIL, 2012). Além disso, no Brasil, [...] a expansão das atividades clínicas do farmacêutico ocorreu, em parte, como resposta ao fenômeno da transição demográfica e epidemiológi ca observado na sociedade. A crescente morbimortalidade relativa às doenças e agravos não transmissíveis e à farmacoterapia repercutiu nos sistemas de saúde e exigiu um novo perfil do farmacêutico. Nesse contexto, o farmacêutico contemporâneo atua no cuidado direto ao paciente, promove o uso racional de medicamentos e de outras tecnologias em saúde, redefinindo sua prática a partir das ne- cessidades dos pacientes, família, cuidadores e sociedade (CONSELHO..., 2013, documento on-line). 15Atenção farmacêutica A longevidade tem aumentado no nosso país, o que caracteriza o aumento da população com idade avançada e que, em sua maioria, faz uso de mais de um tipo de medicamento, o fenômeno de polifarmácia, e também está dentro das estatísticas de aumento do número de pessoas que fazem uso de tratamentos crônicos. O Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que aproximadamente 40% da popu- lação adulta brasileira, o que corresponde a 57,4 milhões de pessoas, possui pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT), compreendendo principalmente mulheres (44,5%) (BRASIL, 2014). Os exemplos de doenças crônicas de maior prevalência no país são: a hipertensão arterial, o diabetes, a doença crônica de coluna, o colesterol (principal fator de risco para as car- diovasculares) e a depressão. Essas doenças são responsáveis por mais de 72% das mortes no país (BRASIL, 2014),e a consequência disso é o aumento da procura por consultas, aumento do uso de medicamentos e, com isso, aumento do número de erros no uso de medicamentos. Um estudo com 503 idosos, cuja média de idade foi 74,6 anos, mostrou que o uso inapropriado de medicamentos e a subutilização eram comuns entre os idosos que tomavam cinco ou mais medicamentos, com ambos os problemas presentes simultaneamente em mais de 40% dos pacientes (STEINMAN et al., 2006). A automedicação, cultura comum no país, também é fonte de erros me- dicamentosos (CONSELHO..., 2014). O sistema nacional de informações tóxico-farmacológicas aponta para a ocorrência de 22.144 intoxicações por medicamento em 2014, embora esses dados, provavelmente, não correspondam à realidade, pois houve diminuição da participação dos centros de informação e assistência tóxico-farmacológica na pesquisa. Nesse sentido, surpreendem as informações sobre erros de medicação em hospitais: nos Estados Unidos, cada paciente internado está sujeito a um erro de medicação por dia, o que acarreta, no mínimo, 400.000 eventos adversos evitáveis relacionados a medicamentos por ano (ASPDEN et al., 2007) — esses erros de medicação resultam em mais de 7.000 mortes por ano (FERRACINI, 2005). No Brasil, um estudo de 2006, aponta uma incidência de 7,6% de pacientes com eventos adversos; em números, são 1.140.000 pacientes sofrendo eventos adversos no Brasil por ano, uma vez que as estimativas são de 11.000.000 de internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e 4.000.000 de internações no setor privado, em um total estimado de 15.000.000 de internações por ano. Em 2014, o Ministério da Saúde lançou, com a Fundação Oswaldo Cruz e a ANVISA, o documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente, o qual aponta que 10% dos pacientes sofrem algum tipo de evento adverso, dentre os quais 50% seria evitável (AZEVEDO, 2014). Atenção farmacêutica16 Existem diferentes tipos de erro medicamentoso dentro das diferentes etapas do uso de medicamentos: prescrição, dispensação, administração. Alguns dados de estudos mostram: 7.148 prescrições com medicamentos potencialmente perigosos, dentre as quais 56% com erros de prescrição (2009); ocorrência de 34% dos erros de dispensação em hospital público (2003) e de 2,4% em hospitais particulares (2007); dos medicamentos administrados, há erros em 33% deles, sendo que em 75% das administrações as mãos não foram lavadas (2009) (AZE- VEDO, 2014). Esses erros representam gastos enormes para o sistema de saúde (COHEN, 2010; JOÃO, 2010) e, além disso, trazem como consequência: diminuição da disponibilidade de leitos, sofrimento humano, abalo da reputação de uma instituição e problemas judiciais (AZEVEDO, 2014). Kelian (2014) realizou uma pesquisa bibliográfica com artigos publicados entre 1995 e 2014, nacionais e internacionais, e mostrou a necessidade de avaliarmos com mais cuidado as consequências para o paciente, a família e para a instituição desses eventos adversos, como, por exemplo, um erro de medicação. O trabalho ressalta que o erro relacionado à administração de medicamentos ocorre com uma frequência muito maior do que deveria, tanto nacional quanto internacionalmente, causando, muitas vezes, maior tempo de internação ao paciente. Por fim, o trabalho considera os enormes custos financeiros utilizados para tratar eventos adversos com danos moderados, graves ou até mesmo o óbito, os quais poderiam ser investidos em outras áreas, como novas tecnologias, novos prédios, recursos humanos, mídia, entre outros. Dessa forma, “Os serviços farmacêuticos de atenção primária contribuem para a diminuição da internação ou do tempo de permanência no hospital, para a assistência aos portadores de doenças crônicas, para a prática de educação em saúde e para uma intervenção terapêutica mais custo-efetiva” (JOÃO, 2010, p. 44). Tendo em vista o grande número de erros de utilização de medicamentos e que o objetivo da atenção farmacêutica é garantir o sucesso do tratamento e evitar a ocorrência de problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRMs), promovendo, assim, o uso racional dos mesmos, destaca-se com evidência a importância dessa atividade farmacêutica. 17Atenção farmacêutica Acesse o link a seguir para conhecer o site do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos. https://goo.gl/hD7TZD 1. A consulta farmacêutica é importante para prevenção e/ ou detecção e correção de problemas relacionados ao uso de medicamentos, a fim de promover a saúde do usuário e sua qualidade de vida. São características da consulta farmacêutica: a) compreender a dispensação de medicamentos prescritos e, durante o processo, identificar os problemas relacionados aos medicamentos em dispensação, bem como aos já utilizados, apenas a partir das características dos farmácos, sem necessidade de conhecer o usuário. b) estabelecer um atendimento humanizado, com foco no indivíduo, nas suas características, dificuldades e necessidades, a fim de traçar estratégias efetivas para a realidade do indivíduo e, consequentemente, promover a adesão e o sucesso do tratamento. c) não ter um roteiro preestabelecido — o farmacêutico a conduz como desejar, de acordo com seu conhecimento e com as características do paciente. d) ter sido reforçada pela legalização que instituiu a prescrição farmacêutica. Assim, o farmacêutico tem independência e monopólio do processo de correção dos problemas relacionados à farmacoterapia. e) o resultado da consulta terapêutica é um documento entregue ao paciente e destinado ao médico. Nesse documento, chamado parecer farmacêutico, estão relatados e documentados os problemas relacionados à farmacoterapia que devem ser solucionados pelo médico. 2. É importante saber diferenciar a atenção farmacêutica da Assistência Farmacêutica. Quanto ao vínculo e às diferenças entre atenção farmacêutica e Assistência Farmacêutica, qual alternativa está correta? Atenção farmacêutica18 a) As atividades de atenção farmacêutica são também consideradas atividades de Assistência Farmacêutica, mas nem toda atividade de Assistência Farmacêutica é também de atenção farmacêutica. Ambas diferem quanto ao tipo de atividade, local de realização e quanto à sua relação com a farmacovigilância. b) Ambas contam com o mesmo tipo e escopo de atividades e características; a única diferença é que são realizadas em locais diferentes. c) A atenção farmacêutica conta com o componente de farmacovigilância, ausente na Assistência Farmacêutica. Ademais, não existem outras diferenças entre essas duas atividades farmacêuticas. d) Diferem quanto ao tipo de atividade, local de realização e relação com a farmacovigilância. Além disso, as atividades de Assistência Farmacêutica estão contidas na atenção farmacêutica, mas nem toda ação de Atenção Farmacêutica é uma ação de Assistência Farmacêutica. e) São sinônimas e, portanto, não possuem diferenças. 3. Assinale a alternativa que contém o(s) objetivo(s) e a importância da atenção farmacêutica. a) Os objetivos são compreender a letra do médico na receita e realizar a dispensação dos medicamentos prescritos de forma completa, a fim de garantir o uso correto dos mesmos. b) O único e principal objetivo da atenção farmacêutica é alimentar os dados de farmacovigilância. Assim, a importância está em levantar dados suficientes para análises e determinação de novas ações em farmacovigilância. c) Os objetivos são: a promoção do uso racional de medicamentos e a promoção da saúde do indivíduo e da população. A importância está em evitar e solucionar problemas relacionados ao uso de medicamentos. d) O objetivo é rastrear os principais problemas referentes ao uso de medicamentos, o que é de extrema importância para que os médicos sejam instruídos na condução dos pacientes em relação a evitar que esses problemas ocorram. e) O objetivo é promovera divulgação da Assistência Farmacêutica, educando a população e, por consequência, gerando o uso racional de medicamentos. É justamente na promoção do uso racional de medicamentos que se encontra a sua importância. 4. Selecione a alternativa que correlaciona corretamente os conceitos de atenção farmacêutica. a) Na atenção farmacêutica, o profissional faz o acompanhamento ou seguimento farmacoterapêutico 19Atenção farmacêutica do usuário e, somente quando necessário, realiza a consulta farmacêutica e a intervenção farmacêutica para garantir o uso correto dos medicamentos e a eficácia do tratamento. b) Na atenção farmacêutica, o profissional identifica e soluciona sozinho, a partir da análise do prontuário do paciente, os problemas relacionados à farmacoterapia. O resultado da consulta farmacêutica é o plano de ação decorrente dessa análise que é entregue ao paciente. c) Na atenção farmacêutica, o profissional faz o atendimento farmacêutico do ususário, seguindo o plano de ação previamente padronizado pelo Sistema de Saúde. d) Na atenção farmacêutica, o profissional realiza o seguimento farmacoterapêutico por meio de consulta farmacêutica. Sempre que necessário, realiza intervenções farmacêuticas que resultam em um plano de ação que é pactuado com o paciente. e) Na atenção farmacêutica, o profissional faz o atendimento farmacêutico a partir da farmacovigilância e, quando necessário, realiza uma intervenção farmacêutica para garantir o uso correto dos medicamentos e a eficácia do tratamento. 5. Para trabalhar na atenção farmacêutica, o profissional: a) não precisa ser farmacêutico, pode ser qualquer profissional da saúde que domine o conhecimento sobre a forma de uso dos medicamentos. b) deve ser farmacêutico, conhecer e dominar as etapas da consulta farmacêutica, ser comunicativo e capaz de criar vínculo com pessoas diferentes e, ainda, dominar o conhecimento referente aos medicamentos. c) pode ser qualquer farmacêutico graduado que tenha um curso de pós-graduação relacionado a qualquer área da farmácia. d) que for farmacêutico industrial não pode exercer atenção farmacêutica, mas os com especialização em bioquímica e alimentos podem. e) deve ser médico ou farmacêutico capacitado que conheça e domine as etapas da consulta farmacêutica, seja comunicativo e capaz de criar vínculo com pessoas diferentes e que compreenda os medicamentos e seus limites. Atenção farmacêutica20 ABDEL-TAWAB, R. et al. Development and validation of the Medication-Related Consul- tation Framework (MRCF). Patient education and counseling, v. 83, n. 3, p. 451-457, 2011. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada — RDC nº. 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/ index.php/legislacao/item/rdc-44-2009>. Acesso em: 12 fev. 2019. ASPDEN, P. et al. (Ed.). Preventing medication errors. Washington: The National Acade- mies Press, 2007. AZEVEDO, E. A. Erros de medicação: fundamentos básicos. Belo Horizonte: ISMP Brasil, 2014. BRASIL. Ambiência. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010. (Série B. Textos Básicos de Saúde). 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Acesso em: 12 fev. 2019. 23Atenção farmacêutica Conteúdo: Dica do professor A atenção farmacêutica é um serviço de assistência farmacêutica voltado para a promoção da saúde do indivíduo e do uso racional de medicamentos, além da educação em saúde. Para trabalhar direto com os pacientes, o farmacêutico deve apresentar capacitação e habilidades específicas. Nesta Dica do Professor, você vai conhecer um pouco mais sobre a atenção farmacêutica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/d82274fa4840a09eb0e9ddcf0b817902 Exercícios 1) A consulta farmacêutica é importante para prevenção e/ou detecção e correção de problemas relacionados ao uso de medicamentos, a fim de promover a saúde do usuário e sua qualidade de vida. São características da consulta farmacêutica: A) compreender a dispensação de medicamentos prescritos e, durante o processo, identificar os problemas relacionados aos medicamentos em dispensação, bem como aos já utilizados, apenas a partir das características dos fármacos, sem necessidade de conhecer o usuário. B) estabelecer um atendimento humanizado, com foco no indivíduo, nas suas características, dificuldades e necessidades, a fim de traçar estratégias efetivas para a realidade do indivíduo e, consequentemente, promover a adesão e o sucesso do tratamento. C) não ter um roteiro preestabelecido — o farmacêutico a conduz como desejar, de acordo com o seu conhecimento e com as características do paciente. D) ter sido reforçada pela legalização que instituiu a prescrição farmacêutica. Assim, o farmacêutico tem independência e monopólio do processo de correção dos problemas relacionados à farmacoterapia. E) o resultado da consulta terapêutica é um documento entregue ao paciente e destinado ao médico. Nesse documento, chamado parecer farmacêutico, estão relatados e documentados os problemas relacionados à farmacoterapia que devem ser solucionados pelo médico. 2) É importante saber diferenciar a atenção farmacêutica da assistência farmacêutica. Quanto ao vínculo e às diferenças entre atenção farmacêutica e assistência farmacêutica, qual alternativa está correta? A) As atividades de atenção farmacêutica são também consideradas atividades de assistência farmacêutica, mas nem toda atividade de assistência farmacêutica é também de atenção farmacêutica. Ambas diferem quanto ao tipo de atividade, local de realização e à sua relação com a farmacovigilância. B) Ambas contam com o mesmo tipo e escopo de atividades e características; a única diferença é que são realizadas em locais diferentes. C) A atenção farmacêutica conta com o componente de farmacovigilância, ausente na assistência farmacêutica. Ademais, não existem outras diferenças entre essas duas atividades farmacêuticas. D) Diferem quanto ao tipo de atividade, local de realização e relação com a farmacovigilância. Além disso, as atividades de assistência farmacêutica estão contidas na atenção farmacêutica, mas nem toda ação de atenção farmacêutica é uma ação de assistência farmacêutica. E) São sinônimas e, portanto, não têm diferenças. 3) Considerando o objetivo e a importância da atenção farmacêutica, assinale a alternativa correta. A) Os objetivos são compreender a letra do médico na receita e realizar a dispensação dos medicamentos prescritos de forma completa, a fim de garantir o uso correto destes. B) O único e principal objetivo da atenção farmacêutica é alimentar os dados de farmacovigilância. Assim, a importância está em levantar dados suficientes para análises e determinação de novas ações em farmacovigilância. C) Os objetivos são: a promoção do uso racional de medicamentos e a promoção da saúde do indivíduo e da população. A importância está em evitar e solucionar problemas relacionados ao uso de medicamentos. D) O objetivo é rastrear os principais problemas referentes ao uso de medicamentos, o que é de extrema importância para que os médicos sejam instruídos na condução dos pacientes em relação a evitar que esses problemas ocorram. E) O objetivo é promover a divulgação da assistência farmacêutica, educando a população e, por consequência, gerando o uso racional de medicamentos. É justamente na promoção do uso racional de medicamentos que se encontra a sua importância. 4) Selecione a alternativa que correlaciona corretamente os conceitos de atenção farmacêutica. A) Na atenção farmacêutica, o profissional faz o acompanhamento ou seguimento farmacoterapêutico do usuário e, somente quando necessário, realiza a consulta farmacêutica, assim como a intervenção farmacêutica, de modo a garantir o uso correto dos medicamentos e a eficácia do tratamento. B) Na atenção farmacêutica, o profissional identifica e soluciona sozinho, a partir da análise do prontuário do paciente, os problemas relacionados à farmacoterapia. O resultado da consulta farmacêutica é o plano de ação decorrente dessa análise. C) Na atenção farmacêutica, o profissional faz o atendimento farmacêutico do usuário, seguindo o plano de ação previamente padronizado pelo sistema de saúde. D) Na atenção farmacêutica, o profissional realiza o seguimento farmacoterapêutico por meio de consulta farmacêutica. Sempre que necessário, realiza intervenções farmacêuticas que resultam em um plano de ação que é pactuado com o paciente. E) Na atenção farmacêutica, o profissional faz o atendimento farmacêutico a partir da farmacovigilância e, quando necessário, realiza uma intervenção farmacêutica para garantir o uso correto dos medicamentos, assim como a eficácia do tratamento. 5) Para trabalhar na atenção farmacêutica, o profissional: A) não precisa ser farmacêutico, pode ser qualquer profissional da saúde que domine o conhecimento sobre a forma de uso dos medicamentos. B)deve ser farmacêutico, conhecer e dominar as etapas da consulta farmacêutica, ser comunicativo e capaz de criar vínculo com pessoas diferentes e, ainda, dominar o conhecimento referente aos medicamentos. C) pode ser qualquer farmacêutico graduado que tenha um curso de pós-graduação relacionado a qualquer área da Farmácia. D) que for farmacêutico industrial não pode exercer atenção farmacêutica, mas os com especialização em bioquímica e alimentos podem. E) deve ser médico ou farmacêutico capacitado que conheça e domine as etapas da consulta farmacêutica, seja comunicativo e capaz de criar vínculo com pessoas diferentes e que compreenda os medicamentos e seus limites. Na prática A consulta farmacêutica segue roteiro, métodos, protocolos e forma de registro preestabelecidos e cientificamente comprovados. Uma das formas mais comuns de registro, adotada por diferentes profissionais da saúde, é o modelo SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação e plano), também chamado SOIC (subjetivo, objetivo, impressão e conduta). Mesmo tendo seus passos preestabelecidos, o sucesso da identificação dos problemas relacionados a medicamentos, bem como das intervenções farmacêuticas, será proporcional ao conhecimento e à habilidade do profissional em conectar-se ao paciente, extraindo as informações necessárias e identificando corretamente os problemas e as soluções de cada caso. Veja a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/1be0043c-ac7a-40d0-81fa-17ad240aa336/939bd22d-bab2-4e35-8ba5-f74cc5145152.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Taxa de erros na administração de medicamentos Leia o artigo a seguir, o qual traz um estudo rápido sobre erros de medicação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://proqualis.net/indicadores/taxa-de-erros-na-administra%C3%A7%C3%A3o-de-medicamentos
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