Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FICHA TÉCNICA info@almadoslivros.pt www.almadoslivros.pt facebook.com/almadoslivrospt instagram.com/almadoslivros.pt © 2019 Direitos desta edição reservados para Alma dos Livros Titulo: Juro Amar-me Autora: Isabel Baía Marques Revisão: Silvina de Sousa Paginação: Gráfica 99 Capa: Catarina Cardoso/Alma dos Livros Impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda. ISBN: 978-989-8907-78-3 1.ª edição em papel: maio de 2019 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer forma sem permissão por escrito do proprietário legal, salvo as exceções devidamente previstas na lei. AVISO: A informação constante neste livro destina-se apenas a fins de informação geral. Qualquer aplicação do material estabelecido nas páginas a seguir é do critério do leitor e é sua única responsabilidade. PERMITE-TE AMAR-TE eu sei que tu muitas vezes te sentes só. Eu sei que tu tens dado o teu melhor, tens feito o melhor. Mesmo quando está tão escuro. Eu sei que tu acordas muitas vezes com vontade de não acordar. E que te deitas outras tantas com vontade de esquecer. Quantas vezes já disseste que o que precisavas era de estar em coma durante um mês... e depois acordar como se quando acordasses por um passe de mágica estivesse tudo resolvido, não é? Eu sei. Eu sei que muitas vezes tu não sabes como tens tantas lágrimas dentro de ti. Porque choras mais do que um bebé acabado de nascer. Eu sei que dentro de ti tu travas mais de mil lutas por dia e não há ninguém que imagine a força dessas batalhas. O desgaste. Não há ninguém que saiba aquilo que tu realmente sentes. Porque só tu sabes. Só tu sabes o que sentes. Só tu sabes o que vive em ti. Só tu sabes o que morre e o que cresce em ti. Todos os dias. Mas eu tenho algo muito importante para te dizer: Tu não estás só! E mesmo que estejas só contigo nunca estarás só. Porque tu és não uma gota do oceano mas o oceano. O oceano só é oceano porque nele existem todas as gotas. Não acredites no escuro. Não acredites naquilo que os teus pensamentos dizem quando te dizem que tu não vales, que tu és fraco, que tu não és capaz. É mentira! Isso é mentira! É só o teu medo a falar! O medo mente -te! Ele tem medo da tua força! Sabes porquê? Porque tu és FORTE! Tu és tão forte que, se fosses toda a tua força, o medo não existia. É isso que ele teme! Não existir! Ele usa -te para sobreviver! Não acredites em quem te aponta o dedo, em quem te pisa e rebaixa, em quem não vê o brilho que tens nos teus olhos. Não acredites em quem não te vê! Sabes porquê? Porque eles não sabem nada sobre ti! Só sobre eles. Tudo o que eles te dizem é sobre eles, não sobre ti. De ti, só tu sabes. Então diz -me: Tens coragem de dizer que não és poderoso? Tens coragem de olhar para ti no espelho, de te segurar as mãos, de pôr a mão no teu peito e dizer -te que depois de tudo tu não mereces ser feliz? Olha -te no espelho, vê -te com cinco anos. Lembras -te quando tinhas cinco anos? Essa criança ainda está aí dentro. Observa -a nos teus olhos! És capaz de lhe dizer... que não a amas? És capaz de lhe dizer que os sonhos dela são idiotas? Que não os deve seguir? Que ela é um fracasso? Não, não é isso que pensas, pois não? Diz -lhe!!! Diz -lhe tudo o que achas dela!!! Dá -lhe amor!!! Dá -lhe o teu amor!!! Aquele que muitas vezes tu dás a quem não merece. Dá -lhe a ela. Dá -te a ti. Dá -lhe o teu melhor! Dá -te o teu melhor!!! Diz -lhe o quanto ela é incrível!!! Diz -lhe o quanto merece ser feliz!!! Diz -lhe o quanto merece ser amada, ser bem -sucedida. E lembra -te!!! Sempre que olhares para ti no espelho: Ela és tu!!! Tu és esse ser bonito. Não tenhas medo. Tu não estás só! Permite -te amar -te. UM MOMENTO NA VIDA Há um momento na tua vida em que vais pôr tudo em causa. Em que te vais pôr em causa. E pôr -te em causa, tu e a tua vida, não é pera doce. Na verdade é como caíres dentro de um poço do tamanho do espaço inteiro — infinito. Parece, na realidade, não ter fim. E é aí. Exatamente aí. Sim, nesse buraco negro, gigante, e com um cheiro tenebroso, que vais saber quem és afinal. O que andaste a fazer este tempo todo? Em que metrópoles te esvaziaste ou te encheste e em que desertos te perdeste. Melhor! É justamente aí, nesse buraco quase a engolir -te inteiro, que vais saber o que não queres mais ser. O que não queres mais ter. Onde não queres mais estar. Renunciar! Esse é o primeiro passo da transformação. Vais dando voltas no poço. O poço é pior do que um pântano. Além de estares no fundo, ainda há paredes que te asfixiam. As voltas confundem -te. A altura que tens de subir para chegares cá acima dá -te calafrios na barriga. A tua ansiedade dispara a cada minuto. Já sabes o que não queres ser. Mas quem és tu afinal? O que raio estás aqui a fazer? Qual é o teu propósito? Do que és capaz? Qual é a tua força? As dúvidas são mais do que todas as moedas de todos os bancos do mundo. Só queres sair dali. Só queres uma direção. Mas nem sequer olhas para cima. Continuas às voltas. Até que há um dia. Um dia como todos os outros. Em que acordas encharcado, sujo e farto de dormir no fundo de um mísero poço e encontras um espelho. Um espelho meio partido que andava por ali e nunca tinhas notado. Na verdade, não notavas nada. Estavas preso num ciclo. Pegas no espelho. E olhas -te. Mas vais olhar -te como nunca te olhaste e vais continuar sem saber quem és. Mas vais olhar para a tua cara, para os teus olhos e ver a tua alma espelhada neles. E vais continuar sem saber quem és. Mas vais querer saber tanto quem és como nunca quiseste saber nada na vida. Vais querer tanto salvar -te como nunca quiseste salvar -te na vida. Porque és tu! És tu ali de frente! São os teus olhos! E tu vais acreditar em ti! Estás de frente para ti. É impossível não acreditares em ti. Naquilo que vales! Todos os picos que já atingiste, lembras - te? Todas as pedras que já pisaste e que te magoaram os pés, todos os vidros que te cortaram e te fizeram sangue nas linhas das mãos. E tu vais acreditar em ti! Vais acreditar tanto em ti! Que não vais querer outra coisa senão o teu resgate. E com tanta força, que vais começar a escalar o poço. Este é o segundo passo. Só tu te podes salvar! A tua mente vai fortalecendo os teus pés. O teu coração vai ficando mais limpo. E a tua pele menos escura enquanto caminhas em direção à luz. E vais tropeçar enquanto escalas. Mas quando tropeçares irás afinar a direção e, quanto mais tropeças, mais rápido ficas na escalada. É aquela coisa de dar um passo atrás para dar dois em frente. E quando o Sol nasce, e estás a meio do poço, e o primeiro raio te trespassa os poros durante uns meros minutos, vais sentir um estrondo tão brilhante por dentro que te fará perceber que o teu modo de sentir não é o mesmo. Se antes sentias com a impulsividade, com o instinto, agora sentes com o peito, com a alma. E vais -te apercebendo, enquanto escalas o poço com quilómetros e quilómetros de altura, de que as tuas sensações, os teus sentidos, a tua consciência estão diferentes. E vais ficando mais forte. Mais perto da tua essência. Cada vez mais tu. Sermos nós trata -se de fazer o que realmente sentimos. É fazermos o que nos faz bem. É um cuidar de nós mesmos. Depois de tudo, como poderíamos achar que mereceríamos menos do que isso? Amor -próprio. É aí que começas a saber o que queres ser. O que queres ter. Onde queres estar. Este é o terceiro passo. Normalmente pensamos que estamos a fazer o que sentimos, mas não. Estamos a fazer o que pensamos, a ser controlados por um Ego. Não devemos ser controlados por nada que tenha que ver connosco. Porque tudo o que tenha que ver connosco faz parte de nós. Não o inverso. Faz sentido o pensamento comandar -te? Se o pensamento é teu. E não tu dele. Autodomínio. Vais atingindo autodomínio na escalada do poço. Este é o quarto passo. E quando chegas cá acima, já não és o mesmo. És uma fénix. És um renascimento. Tudo é novo. Tu e o mundo. Porque os teus olhos são novos. E é essa a grande força da crise, da queda — perdes parate encontrares. E posso garantir -te que não há nada mais bonito do que a vida depois da morte. Se estás a ler isto e te sentes no fundo do poço, quero apenas dizer -te que esse fundo é exatamente o começo em direção ao teu pico. Pega no espelho. Olha. Vê. Mergulha em ti. Agarra -te. Muda o chip. E escala -me esse poço como se fosse o último dia da tua vida. PRIMEIRA PARTE AQUILO QUE NINGUÉM VÊ Corremos demais. A uma velocidade alucinante. Não vemos. Não estamos. Não somos o lugar onde nos encontramos. Apenas saltamos e corremos o mais rápido possível como se tivéssemos de apanhar, não um, mas todos os comboios que pudermos. Queremos destinos, não viagens. Queremos chegar. Queremos ganhar. Queremos que o caminho até à meta passe bem rápido. E se conseguirmos estalar os dedos e estar na meta, melhor ainda. Não ia nem a metade da suposta esperança média de vida. E o meu organismo estava arrebentado de uma ansiedade feroz que se materializou numa quantidade enorme de borbulhas nas costas, numa queda de cabelo incomum, nas mãos sempre húmidas e, sobretudo, no estômago ferido submetido a todo o tipo de remédios e tratamentos médicos sem quaisquer melhoras. A minha mente estava terrivelmente esgotada. A pressão. A pressão que o mundo nos coloca sobre sucesso, estatuto, profissões, família, casamento, filhos, dinheiro. A pressão atual sobre propósitos de vida. Sobre pensar e ficar rico. Sobre leis de atração para chegar ao sucesso. Não que essas leis e o sentido de propósito estejam errados, mas talvez os fins não sejam os mais apropriados. Porque o fim tem de ser o sucesso material? Porque o propósito de vida tem de estar ligado a uma profissão? O propósito de vida não será vivê -la? Experienciá -la? Atraindo para nós, não em primeira mão o materialismo, mas o oposto, a abundância sem Ego? E depois de a atrair não chegaremos, então, ao tipo de abundância material que queremos no imediato? Sentia-me mais ou menos assim: Eu tinha de parar. Sentia isso no mais fundo de mim. Eu tinha de parar. Esta frase repetia -se na minha cabeça como um disco riscado. Às vezes pensava em morrer. Outras vezes em ir para o Tibete. Tudo era válido desde que incluísse sair de onde estava. Mas ninguém foge do que leva dentro. Ninguém foge de si mesmo. Onde quer que estejamos, as feridas vão estar lá. As causas vão estar lá. E foi com essas causas que marquei um encontro. E iniciei um mergulho dentro de mim. A minha mãe esteve grávida de uma menina, que nasceu prematura aos seis meses, ficou na incubadora dois dias e partiu para uma nova vida. Nasci um ano depois. Talvez por isso tenha sido uma criança muito acarinhada por toda a família. Sempre tive tudo o que queria. Raramente ouvia um não. E quando o ouvia, conseguia -o transformar em sim. Sempre fui boa a negociar. A dar a volta aos outros como forma de obter o que queria. E foi por não me deparar com o fracasso, com a disciplina, com a responsabilidade, com o sacrifício, e com uma série de outras coisas, que me espalhei ao comprido aos quinze anos, quando me apaixonei pela primeira vez. Uma paixão avassaladora, meio platónica, atirou o meu Ego ao chão. E depois, espancou -o, atropelou -o e esfolou -o vivo sem dó nem piedade. Eu não estava preparada para o embate do fracasso. Para nenhum, na verdade. Muito menos para a agressividade daquele. E foi esse embate que me virou do avesso. Foram quinze anos. Quinze anos a pensar que esse avesso era o meu lado certo. Aliás, que era o único lado. Esqueci -me do outro. Já não sabia sequer que o tinha. Deixei de saber quem era. Passamos dias, semanas, meses, anos engolidos por uma capa que tecemos para tapar as feridas. Para nos esquecermos do que dói. Porque doer não é bonito nem atrativo ao mundo lá fora, além de que é incomodativo para nós. Se fomos magoados no passado, não queremos voltar. E por vezes tornamo -nos idênticos ao que nos feriu. Porque achamos que aquilo que nos feriu ganhou. E nós perdemos. Então, juramos nunca mais sermos vulneráveis, nunca mais amar, nunca mais nos entregarmos, nunca mais sermos bons para ninguém. A vulnerabilidade passa a sinónimo de fraqueza. E a nossa essência, a nossa pureza, a nossa alma, o melhor de nós passa a ser tapado por uma capa tecida pela mente como forma de sobrevivência ao mundo. Exato, sobrevivência. Com a capa, passamos a sobreviver. Nunca a viver. Quem vive é aquilo que somos. Não o que parecemos ser. Se aquilo que somos está escondido, asfixiado, trancado, então a Vida estará exatamente no mesmo registo. Passei quinze anos a tentar ganhar em tudo para colmatar o vazio desse fracasso, que parecia não ter fim. Imagina quinze anos numa maratona sem parar. Sem paragens. A minha Mente e o meu Ego procuravam desesperadamente conquistas amorosas, emoções fortes, devastadoras. Quanto mais complicada era a pessoa que se me deparava, mais eu a queria. Mais a desejava conquistar. Superar o desafio. Ganhar. Assim que conseguia o meu objetivo inconsciente, partia noutra direção. Porque a seguir a ganhar deparava -me novamente com a ferida. Esbarrava outra vez com o vazio. E era o que mais temia. Era ele que não queria enfrentar. Era dele que fugia com todos os pés que tinha e mais alguns que conseguisse inventar. (Obviamente que não tinha noção de nada. Nem das feridas. Nem das causas. Muito menos que estava numa corrida frenética para colmatar um vazio vindo não sei de onde. Eu não tinha noção de nada. Apenas corria. E quanto mais corria, mais longe de mim ficava.) Quando o terramoto me bateu à porta, aos quinze anos, iniciei um caminho pela escrita e pela música. Elas foram o meu porto seguro. Era no papel que gritava. Era na música que a minha dor dançava. Era assim que a transformava. Em arte. E é, talvez, uma das coisas mais bonitas da vida, quando transformarmos dor em arte. Aos dezasseis anos desisti da escola. Não sabia se era temporário. Apenas me sentia completamente derrotada, devastada. Engolida pelo desgosto. Sem forças. Sem poder cognitivo. E com uma vontade enorme de deitar tudo para o alto e sair para o espaço como uma louca. Até aí, sempre fui uma aluna excelente. Os meus três focos eram a família, os estudos e o desporto. Troquei todos pela aparentemente atraente paixão amorosa. Pela destrutiva paixão amorosa. Era assim que eu a vivia. E como fracassei também aqui, na área profissional, nos anos seguintes senti -me culpada, atrasada em relação aos outros e frustrada. Esta era mais uma das minhas maratonas. Na realidade, vivia em maratonas paralelas. É como caíres e ficares para trás. Como estares em último e quereres ser o primeiro a cortar a meta. Quando te levantas, tens de virar um foguetão. Construía trampolins. Acho que foi a coisa que mais fiz. Construir trampolins para tudo na vida. Passei de querer ser médica veterinária para psicóloga. Voltei a estudar dois anos depois, optei por um curso profissional de marketing e publicidade na tentativa de rapidamente chegar ao mercado de trabalho para colmatar aquele espaço vazio de dois anos (trampolim). Depois de acabar os três anos de curso, decidi ir para a Faculdade de Psicologia. Sempre gostei de psicologia clínica, mas cheguei ao terceiro ano e optei pelo mestrado de psicologia social e das organizações, já que era um dos cursos com maior taxa de empregabilidade (trampolim). Eu não queria ficar para trás. Antes pelo contrário, desejava ser um foguetão e lutar contra o tempo e o fracasso que continuavam ali pendurados todos os dias no espelho. Ainda a terminar o último ano, estava empregada na minha área. Era fácil dar a volta numa entrevista de emprego. Eu dava aquilo que eles queriam ouvir. Fácil. Rapidamente subi de estatuto. Optei sempre pela área de gestão de recursos humanos na vertente comercial, era a minha praia em termos comunicativos e facilmente era selecionada (trampolim). Até que cheguei a um estatuto «máximo», a diretora de recursos humanos numa empresa conceituada. Sentia que apanhara todos na maratona. Estava na frente. Sentia que dera no passado dois passos atrás paradar cinquenta em frente. O mesmo acontecia nos relacionamentos. Conquistara tudo. Tudo era fácil. Os meus trampolins comunicativos e o meu desenvolvimento mental tinham -me conduzido à vitória. Mas o que significa realmente vitória? A vitória que a sociedade nos impinge? O que é estar na frente? A sociedade quer pessoas produtivas, focadas nas suas tarefas e pouco reflexivas. Desenvolvi a mente. Estourei o corpo. E pouco desenvolvi a alma. Aspetos como paciência, resiliência, bondade, generosidade, gratidão, paz de espírito, compaixão, integridade, perdão, escuta ativa, genuinidade, tolerância, dar, dar sem o intuito de receber, estes aspetos da alma não foram desenvolvidos, não foram vividos, experienciados neste tempo. Pelo contrário, encontravam -se guardados na despensa por baixo das escadas. No escuro. Como se estivessem de castigo. Nós andamos com o foco errado. É claro que a mente deve ser desenvolvida. Mas não é ela que nos leva ao objetivo que queremos. Essa tal felicidade que procuramos. Essa tal felicidade de que todos falam. Esse estado não poderá estar ligado a um espírito de sobrevivência. E é para isso que a mente serve. Esse estado está ligado à vida! A viver! A sentir! A experienciar! E esses aspetos pertencem à alma! À essência! Andamos à procura do tesouro no mapa errado. Ele não está no sucesso profissional. Não está na casa com piscina. No Ferrari que saiu este ano. Na conta bancária recheada. Nem na quantidade de seguidores nas redes sociais. Ele está dentro! Nunca fora! Ele está na capacidade de sermos nós próprios. De nos sentirmos bem connosco. E só nos sentimos bem connosco quando somos bons! Quando somos bondosos, generosos, quando temos compaixão, perdoamos, compreendemos e quando somos gratos. Lembras -te quando ajudaste aquela pessoa? Como te sentiste? Lembras -te quando perdoaste? E quando foste perdoado? Sabes quando aquela pessoa que amas sorri para ti? Felicidade é isso. Nunca outra coisa. Vem de dentro! A minha casa interior estava apinhada de taças. Taças de profissões e de relacionamentos. Taças de tudo e mais alguma coisa. A minha mente, embora desenvolvida, estava verdadeiramente esgotada, despedaçada, espicaçada. O meu organismo sentia-se cansado desta submissão à corrida constante da mente e deste impulso de vitória obsessivo para colmatar um vazio que continuava lá. Desenvolvi a mente. Mas a minha alma passava pouco mais da estaca zero. A minha profissão não me realizava a alma, não me desenvolvia a alma. Usava nela talentos que pertenciam exclusivamente à mente. Ao meu lado sombra. Passei quinze anos a viver na sombra. Confundi -me com ela. Pu -la em primeiro plano. Em que o único propósito era ganhar taças e dinheiro. E não há nada mais vazio do que taças e dinheiro. Aos vinte e oito anos deixei o emprego e ingressei numa busca incessante pelo meu propósito de vida aliado à profissão. Um vazio enorme comia -me por dentro. Procurava, voltava a procurar e não encontrava propósito nenhum. Não havia nada que eu quisesse. Ou que me fizesse pôr mãos à obra. E não chegava a lugar algum. Porque, inconscientemente, tudo o que queria invadia -me de um medo tão tenebroso que, assim que me surgia na mente, essa ideia era descartada. Medo de tentar e não conseguir. Medo de não atingir o sucesso que ambicionava. Ou que os outros esperavam de mim. Medo de me desiludir. Medo de desiludir. Medo de não ser alguém. Como se ser alguém se tratasse daquilo que temos e não do que somos, seja lá o que façamos. Sentia -me um fracasso novamente. Na realidade, a ferida sempre esteve lá. Só que agora eu estava de frente para ela. Mas a ferida do caminho profissional não chegou para me tirar o chão. Por isso, voltei a deparar -me com relacionamentos amorosos fracassados. Eu não conseguia conquistar as pessoas por quem me apaixonava. Não ao ponto que queria. Estava tão escuro dentro de mim que procurava no outro aquilo que eu não me conseguia dar. Eu não estava ali para dar. Mas sim para receber. E quanto mais queria, menos recebia; e quanto menos recebia, mais a ferida me olhava. Porque o meu vazio não era tapado pelo outro. Como se o outro tivesse de fazer o trabalho por mim. Esta é uma das maiores falhas dos relacionamentos — estamos neles para obter algo, para receber, para tapar algo, em vez de estarmos neles para investir algo, para dar. Porque o Amor é isso mesmo, é dar, é investir, é experienciarmos quem somos através do outro, é experienciarmos o que temos de melhor. E só saberemos o que temos de melhor e quem somos nós através do que damos. Receber é uma consequência, e não deve ser esperada. No Amor, damos por vontade. Nem conseguimos não dar. O Amor grita tão alto, transborda tanto que não há outra hipótese além de dar. E dá desinteressado. Dá porque é a sua natureza. Atraímos relacionamentos condenados ao fracasso porque nos relacionamos com capas. Não com almas. A nossa capa atrai outra capa. E é por isso que nos sentimos insatisfeitos. Porque as pessoas que atraímos têm que ver com a nossa capa, não com a nossa alma. Têm que ver com a nossa Mente, com o nosso Ego. Por isso gostamos de desafios, de turbulência, de complicações, de amores proibidos, de amores platónicos, de amores não correspondidos. Porque esses são um desafio para a Mente, a Mente sente -se ativa, desafiada. O Ego sente -se em pulgas. A nossa alma gosta do oposto, de amor, cuidado, proteção, lealdade, paz, tranquilidade, reciprocidade! Mas se temos a Mente na linha da frente, se a capa é o principal plano, então, atrairemos sempre vulcões, maremotos e furacões. Nunca um arco -íris. Assim, quando nos queixamos que só atraímos coisas más e que não temos sorte nenhuma e que só gostávamos de um pouco de sol, é como dizermos que gostávamos que nos saísse o Euromilhões e não jogarmos. Se queres Sol, sê Sol. Se queres Alma, sê Alma. Recorri várias vezes ao álcool como forma de desaparecer por uns instantes e ao tabaco como autodestruição inconsciente. O álcool é, na verdade, uma droga legalizada que nos é impingida desde cedo. Bebemos para esquecer. Bebemos para escapar. Bebemos para ter coragem. Bebemos para que se passe alguma coisa. Bebemos para comemorar. Bebemos por tudo e por nada. O álcool adormece. É como um tapete que tapa o pó. Só que o pó está lá todo por baixo. E para ele desaparecer temos de o limpar. Colocar qualquer coisa por cima não dá resultado. Mais tarde desenvolvemos rinites, sinusites e outras alergias, e não percebemos de onde vêm. Vêm do pó que está por baixo do tapete. Só que já não nos lembramos dele. Porque só vemos o tapete. Tudo em mim gritava para mudar. A mente. O corpo. A alma. Comecei a não suportar o conflito. Qualquer tipo de embate. Tudo era um gatilho para um ataque de ansiedade em que a minha pele rebentava com um género de borbulhas pequenas e avermelhadas, as minhas mãos ficavam húmidas e o estômago rebentava num frenesim de azia de manhã à noite. Passei dois anos com uma azia terrível vinte e quatro sobre vinte e quatro horas. Tudo queimava aqui dentro. O meu tronco crepitava. A barriga. O peito. O pescoço. Tudo crepitava. Às vezes tinha a sensação de que se expirasse pela boca me tornaria um dragão e queimaria qualquer coisa à minha frente. Estava terrivelmente perdida. E perdermo -nos é o primeiro passo para nos reencontrarmos. Tudo me levava para dentro do poço. Mais fundo. Mais fundo. Mais fundo. Até que bati no fundo. E foi quando senti que só tinha a ponta do nariz fora daquela água suja, inundando -me e asfixiando - me, que luzes dentro do poço se começaram a acender. Foi aí que percebi onde estava. Foi aí que vi à minha frente um espelho. Ao princípio não me reconheci. E neguei -me, por medo. Medo de saber quem era. Medo de não me aceitar. Medo de que os outros não me aceitassem como era. Mas todos os dias falei com aquele espelho. E, com o tempo, não só me recordei de quem era, como passei a gostar de mim. Foi aí que a minha viagem começou. O que está fora é um espelho. Tudo está dentro. Rasga a capa! UM PASSO DE CADA VEZ A primeiracoisa a fazer é renunciar a tudo o que nos causa mal - estar. A tudo o que é tóxico para nós. E tóxico é algo que nos prejudica, que nos afeta de forma negativa. E quando digo tudo, refiro -me a pessoas, coisas, lugares, circunstâncias, vícios, hábitos. Esta foi a primeira coisa que fiz, de forma automática. Comecei por me afastar de quase todas as pessoas com quem lidava. À exceção da família. Isso criou obviamente um confronto comigo. Era Eu e Eu. Nada mais. Eu era o espaço vazio que tanto temia. Ao princípio senti -me sozinha. Muito sozinha. Mas com o passar do tempo iniciei uma verdadeira relação comigo. Deixei de ser a minha pior inimiga para passar a ser a melhor amiga. E senti -me leve. Como se tivesse afastado toda a sujidade do mundo. Mais tarde comecei por eliminar os vícios, álcool, tabaco, alimentação tóxica e a diminuir o consumo de Internet. Este passo fez -me sentir limpa, muito limpa por dentro. Como se a minha casa interior tivesse passado por uma limpeza total. O meu corpo respirava ar puro! Eu respirava ar puro! E por fim introduzi o oposto. Coisas que realmente me fizessem bem. Nunca fiz tudo de uma vez. Devemos seguir o nosso ritmo. Respeitá -lo. Afasta -te das pessoas que não te acrescentam ou que te diminuam. Afasta -te de quem te julga. E de quem te critica. Afasta -te de quem não se preocupa. E de quem não te cuida. De quem não te protege. E de quem não te apoia quando necessitas. Afasta -te dos que só estão lá quando estás bem. Ou quando lhes apetece. Afasta -te de quem não tens carinho e amor. Do menos e do mais ou menos. Afasta -te de quem não te sabe curvar o sorriso e de quem não sabe expandir -te o riso. De quem te trava e te leva para trás. De quem não te leva para a frente. Ou de quem não te leva para lado nenhum. Não te importes se ficares só. Sem rigorosamente ninguém. É sinal de que ninguém estava de acordo com a tua alma, mas sim com a tua capa. Na maioria das vezes, perdas são ganhos enormes. Conforme a tua energia, vai mudando; consoante te transformas, é normal que tudo à tua volta se transforme. Porque tudo o que está fora, está dentro. Então, quando por dentro começas a modificar, as coisas à tua volta também se modificam. Imagina que somos cores. A tua Capa é azul. As pessoas que gostam de azul são atraídas até ti. Porque veem que és azul. Transmites ser azul. Quando começas a rasgar a Capa, começas a ser mais Alma. E a tua Alma é outra coisa diferente da Capa. E por isso é de outra cor. Imagina que é roxo. Então, as pessoas que gostam de azul já não são atraídas por ti. Passarás a atrair quem gosta de roxo. E são essas que fazem todo o sentido ter na vida! Portanto, deixa ir as que gostam de azul. Essas não nos pertencem. Não gostavam de nós, mas de algo que criámos como forma de sobrevivermos. Começaremos a atrair outras pessoas, outras coisas. Afastando -te das pessoas tóxicas, quase de certeza que te afastarás de tudo o que era tóxico também, lugares ou circunstâncias. Já que estes não são tóxicos só por eles mesmos. Mas, sim, através das pessoas. Afasta -te dos vícios — tabaco, álcool, Internet, jogos, açúcares, fritos ou fast -food. Afasta -te de tudo o que sintas que é tóxico para ti, para o teu organismo. Já que o teu corpo também precisa de ser limpo. Quando limpamos a mente e o corpo, o brilho da alma irradia. Primeiro afastamos o que nos baixa a frequência, depois aproximamos o que nos eleva a frequência. Aproxima -te de tudo e todos que te façam sentir bem. Leve. É importante sentirmo -nos leves. Aproxima -te das tuas paixões. Dos teus sonhos. Daquilo que te move. Faz o que te sabe bem. Começa por pequenas coisas. Pequenos prazeres. Ler um livro na cama enquanto bebes um chá quente num domingo de inverno. Passear à beira -mar. Correr ao final do dia. Cantar. Dançar. Todas as coisas que gostares e que te façam sentir a leveza da vida. Vai ao espelho. Olha para ti. E promete, promete mesmo que vais investir em ti. Que vais lutar por ti com tudo o que tens. Pela primeira vez vais estar em primeiro. A tua alma vai estar em primeiro. Começa pelos cuidados básicos de saúde — mental, energética/espiritual ou física. Se tens algum problema de saúde, mesmo mínimo, cuida-o. Gasta o teu dinheiro naquilo que é importante. Essencial. Começa por uma alimentação saudável. É importante cuidares do teu organismo. Não precisas de uma dieta restrita. Apenas de te alimentar de forma a que te sintas leve. Contigo. Comer batatas fritas cheias de maionese faz -te sentir leve? De certeza que já bebeste um sumo natural de laranja pela manhã. Lembras -te como te sentiste? Leve, não foi? É por isso que muitas dietas alimentares não resultam. Cada um tem de se escutar. Se estiveres atento ao teu corpo, ele vai dizer -te o que deves ou não comer. Escuta -o. Não há necessidade de fazer sacrifícios. Come o que gostas. Quem me conhece sabe que nunca gostei de legumes. Nem cozidos nem em saladas. A nível intuitivo e criativo, comecei a esmagar os legumes cozidos. E comecei a gostar! Aconteceu o mesmo com as saladas. Sempre fui bastante gulosa. Então substituí o vinagre normal por vinagre frutado e introduzi o mel na salada, nomeadamente nos espinafres, já que eram os meus legumes frescos favoritos. Se não gostas de algo e sentes que te faria bem, dá asas à criatividade! Introduz o exercício físico no dia a dia. Qualquer exercício. Não tens de te inscrever num ginásio ou numa piscina ou no yoga. Não tens sequer de gastar dinheiro. Faz o que gostas: um desporto que te faça sentir leve, que te dê prazer. Comecei a sentir uma vontade enorme de correr. Na minha imaginação, isso traria uma sensação de liberdade. E passei a fazê -lo ao fim de semana de manhã. Faz algo que te apeteça. Se não te apetecer fazer nada. Não o faças. Ou então podes introduzir um exercício pequeno por dia. Eu introduzi flexões e abdominais. Quinze minutos. Mais tarde acrescentei quinze minutos de exercícios funcionais para as pernas. O exercício físico ajuda o corpo a desintoxicar -se. Liberta. Sentimo -nos mais leves. As tensões dissipam -se. É importante que dês um passo de cada vez. Na verdade, podes dar todos. É fundamental que te escutes. E que sintas o que é melhor para ti. O que estás disposto a fazer. Não importa quão rápido és. É mais importante seres eficaz. Verdadeiro contigo. Sente o que consegues fazer neste momento. E faz. Aos poucos. Vai fluindo com a vida. Contigo. Porque é importante retirar o que é tóxico? Quando tudo desaparece, há um novo espaço a preencher. Imagina uma estante cheia de objetos que acho velhos, desagradáveis à vista e sem qualquer propósito. Apenas estão a encher uma estante! Se eu quiser colocar alguma coisa que gosto e que me faz sentido, não tenho espaço. Pior ainda, muitas vezes nem sequer pensamos em colocar alguma coisa nova na estante porque está cheia, e nem olhamos para mais nada, não damos espaço ao novo! Assim que retiro tudo da estante. Ou aquilo que já não me faz sentido, liberto espaço. Espaço para colocar o que faz ali sentido no momento atual. Ou até pode o espaço vazio ser o sentido. Primeiro retiramos as folhas murchas, mortas e caídas. Depois ajeitamos a terra e plantamos. E no fim colhemos. CONVERSAR COM O ESPELHO Este foi um dos métodos que utilizei para contactar de forma mais direta comigo. Para me aproximar de mim. Mas há muitos, como pintar, escrever, visualizar. Utilizei -os todos. No entanto, talvez este seja o mais fácil para qualquer pessoa. Todos os dias, quase sempre antes de dormir, colocava uma almofada frente ao espelho, na qual me sentava por tempo indeterminado. Respira fundo. As vezes necessárias até sentires tranquilidade, leveza. Começa por te perguntar como estás, como foi o teu dia, tem atenção aos teus pensamentos, às tuas emoções, e questiona o que sentes em relação a determinado assunto. Imagina sempre que quem te responde é a alma. Deixa o diálogo fluir. Desabafa. Desabafa tudo o que quiseres. Este método faz com que nada se arraste, introduz uma solução diária e imediata, desenvolvea compreensão, a escuta ativa, o diálogo interno, a comunicação. E no fundo o amor -próprio. Esta era a forma que utilizava para me acalmar. Acalmava o corpo e a mente através do diálogo com a minha Alma. Se estás a pensar «e como sei que estou a falar com a Alma?», é sem dúvida uma excelente questão. E a resposta é simples: respira fundo, e responde como se fosses um Eu Superior. A tua parte mais sábia. Ou Deus. Ou como se fosses tua mãe ou irmã mais velha. Ou tua amiga. Muitas vezes dizemos isto «aos outros sei sempre dar conselhos, já a mim…». É isto! Dá conselhos a ti como se fosses um outro. Só assim sairás da tua mente, do teu corpo. E irás aceder à tua Alma! Um dos diálogos entre a minha Alma e a minha Mente: Mente: Sinto falta daquela pessoa. Alma: Sentes falta do quê? Mente: Não sei. Talvez fisicalidades. Alma: Essa pessoa fazia -te feliz? Acrescentava -te? Fazia -te bem? Mente: Não. Alma: Então o que te passa pelo pensamento? O que te incomoda? Mente: Irrita -me o facto de não me dizer nada. De não me contactar. De não me procurar. Incomoda -me pensar que pode estar com outra pessoa. Ou que pode estar feliz sem mim. Alma: Ainda bem que não te diz nada. Já pensaste se dissesse? Estarias pronta para rejeitar essa pessoa? E este processo iria por água abaixo, se não fosses capaz. Já pensaste? Ainda bem que está feliz. Porque se estiver feliz não nos procurará. E a nossa decisão foi retirar essa pessoa da nossa vida. E se ela estiver feliz, nós também estaremos. Porque tudo está de acordo com a nossa decisão. OUVIR O CORPO O corpo fala -nos. As doenças não são mais do que verdadeiros gritos da Alma. O nosso corpo é um género de bússola pelo qual nos podemos fielmente guiar. É ele que nos diz o que não está bem, através de verdadeiras metáforas. É ele que nos diz o que devemos resolver. O que devemos desbloquear. De onde devemos sair. Onde devemos entrar. Para onde devemos ir. Um dia parei e refleti: por que raio está o meu estômago neste estado? Porquê o estômago? Porquê a azia? Porquê estes problemas digestivos? E comecei a relacionar. A perceber a função do estômago. O que estava mal. Ele não aceitava alimentos tóxicos! Já não aguentava mais alimentos tóxicos. Ele não conseguia digerir o dia todo. Nada! O que se passava? De repente fez -se uma luz enorme dentro de mim. O estômago está a dizer -me que tenho de erradicar os elementos tóxicos. Eu estou a permitir que tudo o que é mau entre dentro de mim. O meu estômago não digere o dia todo, porque não estou a conseguir digerir os pensamentos, as emoções, ando em círculos. Preocupada sempre com os mesmos assuntos. A bater nas mesmas teclas. Eu própria não digiro nada! Não deixo que nada flua. Crio bloqueios. Crio pressão. A doença tem sempre uma mensagem! Os sintomas são causas a pedir socorro! Comecei a prestar atenção ao corpo. A ouvir todos os sinais. Ele era o meu Guia! E isso era incrível! À hora de almoço, no trabalho, sentava -me no carro, fechava os olhos e respirava fundo. Era isso que me apetecia. E deixava fluir. Outras vezes sentia o peito como um nó. Um aperto nos pulmões. Uma asfixia. Voltava a fechar os olhos e tentava sentir o que me aliviaria aquela sensação, automaticamente colocava as mãos no peito. E com os dedos pressionava a parte tensa, e sentia alívio. Mais tarde percebi que inconscientemente fazia um género de acupuntura sem agulhas, tal como um método chamado técnica de libertação emocional. Escuta -te! Tens um sábio dentro de ti. Tu sabes. Sabes o que precisas. Sempre que há alguma tensão, devemos tentar percebê -la em forma de metáfora, e muito importante é termos compaixão para connosco, não sermos exigentes, oferecer -nos elogios, palavras boas, positivas, o nosso interior automaticamente suaviza e consequentemente o corpo fica mais leve. As respostas não estão fora, estão em ti. Escuta -te! O nosso corpo é uma estrela no deserto. MEDITAÇÃO Várias vezes tentei meditar segundo alguns cursos que fiz ou livros que li. Posso dizer que sem grande resultado. Parece -me que seguir receitas generalizadas nunca dá muito resultado. Por isso, este livro é para ser utilizado de forma pessoal. Sem regras. Sem receitas. Daí repetir: cada um tem o seu ritmo. Enquanto aprendia a ouvir o corpo, entrei paralelamente no mundo da meditação. Quando comecei a respirar de forma profunda e abdominal, passei a prestar atenção e a focar -me na respiração e nos movimentos desta. Deixava -me estar assim por alguns instantes. E isso era maravilhoso porque a minha Mente acalmava por momentos. O que me fazia sentir mais leve. Outra das formas de meditação que introduzi, de modo inconsciente, foi a meditação através da dança corporal. Quando chegava a casa após um dia de trabalho, colocava os auriculares, escolhia uma música calma, ou seja, de acordo com a emoção que eu queria sentir — tranquilidade, e começava a fluir com a música. Sem regras. Mais uma vez. Apenas fluía com a música. O meu corpo fluía para vários lados. Eu estava atenta a ele. Aos movimentos. Os movimentos eram aleatórios e sem lógica. Mais tarde, descobri que até movimentos de chi kung eu já tinha feito de forma inconsciente. A inteligência do corpo é maravilhosa! E quando juntamos a alma! Não podemos estar mais vivos! NATUREZA No meio do meu esgotamento, pressionada pela procura de um propósito de vida aliado à profissão, e sem encontrar propósito nenhum nesse sentido, decidi procurar um emprego que me colocasse perto de coisas de que gostava, com as quais de algum modo me identificava. Fiz uma lista, e as coisas de que mais gostava naquele momento eram animais, plantas, flores, a natureza no geral. Consegui trabalho no escritório de uns viveiros bastante conceituados. O escritório ficava de frente para uma estufa gigante onde se encontrava todo o tipo de plantas e flores. O que era deveras agradável. Sentia -me bem perto daquele verde, daqueles seres da natureza, daquelas cores vivas, daquele perfume natural. E isso era mais importante do que qualquer estatuto. Esse estado de leveza. Estarmos perto da natureza aproxima -nos da nossa própria natureza. Pés descalços na terra. É uma das minhas sensações favoritas. E favorece o enraizamento com a Terra. Com o núcleo. Connosco. Contacto com o mar. Plantas em casa, cuidar das plantas. Há poucas coisas que transmitam mais calma do que tratar de plantas. Aproximarmo -nos aos poucos da natureza exterior é o mesmo que aproximarmo -nos da nossa natureza. Cuidarmos da natureza, regar, tirar as folhas caídas e murchas, é o mesmo que cuidarmos da nossa natureza. De nós próprios. Então, se não conseguires, por qualquer motivo, organizar ou chegar a algum lugar de dentro, fá -lo fora. Tudo o que está dentro está fora. E vice -versa. MUDAR A PERSPETIVA Uma transformação é um processo. Feito de várias etapas. Estamos a falar de algo que nunca se fará do dia para a noite. Todas as peças levam ao destino. Mas há pontos, há etapas que são um verdadeiro clique! E ser um verdadeiro clique significa que há pequenas coisas, pequenos gatilhos que mudam tudo! Como um interruptor de luz. Basta um singelo clique e tudo o que vemos é completamente diferente de antes dessa simples ação. Mudar a minha perspetiva, a minha perceção, foi como passar de ver no escuro para passar a ver de luz acesa. A perceção é O gatilho! A forma como percecionamos cria o nosso pensamento, que, por sua vez, gera uma determinada emoção e que, por fim, dá origem a uma energia. E é esta energia que traz a nossa realidade. E eu sei que a teoria pode parecer bonita, mas a prática não é bonita, é maravilhosa! Tudo começou com o referido trabalho. Depois de dois anos a dar voltas no poço em busca de um propósito qualquer de vida alocado à profissão, decidi sair da minha área e enfiar -me num trabalho mais simples, com menos stresse e pressão, zero de status, e próximo da natureza. Precisava de uma pausa, no entanto, necessitava também de manter a mente ocupada. A minha mente estava no limite. E quando digo no limite, é no limite, mesmo, mesmo,mesmo! Todos os dias, queria desaparecer da Terra. Apanhar um autocarro em direção ao Espaço, em busca de um planeta novo. Este não era para mim. Estava a entrar em colapso. Por isso, ou arranjava um emprego que me ocupasse mais de metade do dia, ou a mente ia matar -me. Literalmente. Então fui. Abracei essa função para me distrair. Ao princípio, o que mais me custou foi o zero no status. Saber que não estava a trabalhar na minha área era um sapo que tinha dificuldade em engolir e consecutivamente digerir. Sentia -me pequena. Esta foi a coisa que mais me custou. Mas o acontecimento mais incrível, neste aparentemente simples trabalho, foi a minha mudança de perspetiva. A forma como passei a percecionar o trabalho. Comecei a vê -lo como terapia. Levantava - me de manhã e ficava feliz, a sério, ficava mesmo feliz por ir trabalhar, porque ia estar entretida. Havia um propósito nos meus dias. Uma rotina. Um objetivo. Eu achei brutal o facto de ir para uma terapia e ainda receber salário no final do mês. Isso era incrível! Todos os meus colegas refilavam logo pela manhã pelo simples facto de irem trabalhar. Pelas tarefas. Pelas pessoas. Pelas horas a mais. Eu podia ver o nível de stresse abismal de todos quando chegava perto da hora de saída e ainda havia tanto que fazer. Nunca senti stresse. Estava verdadeiramente a fluir. Estava na minha terapia. E se ela demorasse mais tempo do que o estipulado é porque precisava de mais tempo ali. E foi por começar a percecionar o trabalho desta forma que tudo nele me causava felicidade. Não havia stresse. Como sentir stresse se eu não via nada de mal? Se não percecionava nada de errado ali? Cada conflito, percecionava -o como um desafio. Eu tinha de passar por aquilo. Eu testava a minha calma, a minha paciência, o meu caráter no trabalho. Tudo tinha um propósito. E quando começamos a ver que tudo tem um propósito, que todos os conflitos, que todos os obstáculos são verdadeiros desafios, que fomos nós que os atraímos para experienciar algo, para melhorar algo em nós; quando começamos a ver o outro lado da moeda, o nosso pensamento muda para um pensamento positivo, fluido, que cria emoções também elas positivas, emoções de aceitação, de paz. E tudo isto gera energia à nossa volta. E essa energia é tão boa, que tudo se desenrola como uma bola de neve. E começamos a atrair o que é positivo. Havia momentos em que senti que o universo estava do meu lado. Quanto mais coisas boas fazia, mais coisas boas recebia. E isso foi maravilhoso! E se vos disser que em todos os meus trabalhos não houve uma única vez em que tenha feito horas extra? Ou se fiz, foi a muito, muito custo! E se vos disser que não houve um trabalho em que acordasse feliz por saber que ia trabalhar? Antes pelo contrário, acordava desesperada, triste, angustiada. As segundas -feiras eram o pior dia do mundo! E uma função que não era de todo o meu sonho, não tinha tarefas de que gostasse particularmente, fazia -me bem, apenas. Como é que eu estava feliz ao acordar por ir trabalhar? Não é mais incrível ainda? Tudo por causa da perceção! Não é o que fazemos, é o que somos. Não precisamos de estar num emprego de sonho, não precisamos de estar numa relação de sonho, numa vida de sonho para percecionarmos tudo de forma positiva! Aliás, o desafio é esse, é não estarmos e mudarmos a nossa perceção! Tudo muda a partir disso! Tudo! Não seremos, então, nós os criadores da nossa vida de sonho? Não estará, afinal, dentro a nossa vida de sonho? Basta mudarmos as lentes dos óculos com que olhamos. O trabalho foi o início. Mas no desenvolvimento comecei a mudar a perceção sobre todas as áreas da minha vida. Como, por exemplo, a saúde ou as relações interpessoais. Passei a encarar os meus problemas de saúde como guias. As doenças que tinha, os meus problemas de saúde eram vozes do corpo a conversar comigo. Elas ajudavam -me a interpretar, a ter noção do que estava mal e a mudar para melhor. E isso foi -me atenuando as dores. Incrivelmente! O facto de começar a ver propósito em tudo melhorou a minha azia. De repente, a ansiedade baixou, as borbulhas diminuíram, as mãos ficaram menos húmidas, e o meu sorriso cresceu cada vez mais! A partir daí. Eu mudei de mundo! Comecei a viver noutro mundo criado por mim! Eu estava a criar outro mundo! E este mundo era incrível! Incluindo as partes más! Elas eram O desafio! Todas as pessoas que me fizeram mal. A falsidade dos colegas de trabalho. As facas nas costas dos amigos. A minha ex -relação tóxica e destrutiva. Tudo. Todos. Todos os que nos fazem mal são Anjos disfarçados. São eles que nos trazem desafios. Precisamos de cair para nos levantar. Precisamos de morrer para renascer. Se antes achava que a última pessoa com quem me tinha relacionado era O Inimigo, agora eu achava que era O Anjo. Um Anjo. Um Anjo disfarçado. Foi ela que me empurrou para mais fundo no poço. E comecei a estar -lhe extremamente grata. Porque só chegando ao fundo é que pude vir para cima. Eu tinha de bater no fundo. Caso contrário, nem sequer sabia onde estava. As pessoas que pensamos que são más, que nos prejudicam, que nos causam mal, são apenas amigas de alma, parceiras de alma, que nos ajudam a chegar mais perto do nosso propósito, que não é mais do que experienciar a nossa alma num corpo humano. São elas que nos trazem experiências pelas quais devemos passar para nos desenvolver e evoluir. Então, devemos estar francamente gratos a todas as pessoas que nos causaram mal. Porque foi graças a elas que evoluímos e nos tornámos seres melhores. E mudar a perspetiva, alterar as crenças limitantes que temos, trocar de lentes é de tal forma um gatilho que nos leva a um sem - número de coisas essenciais ao nosso bem -estar. Como, por exemplo, o perdão, a gratidão, a ética, a forma como damos, o desapego e o sentido de liberdade. PERDÃO Se encaro quem me fez mal como alguém que através desse mal me fez bem, facilmente perdoarei, porque compreenderei o propósito. Aliás, depois, nem terei de perdoar, porque não há nada para perdoar. Tudo conta para o meu progresso. Para a minha elevação. Tudo conta. Todos contam. Nada a perdoar. Tudo a agradecer. GRATIDÃO Gratidão não é só focar -me naquilo que há de positivo na minha vida, é tornar o que há na minha vida positivo. É encarar tudo como um propósito. É estar -se grato pelos dias de sol e pelos dias de chuva! Porque se sabe que sem chuva as flores não crescem. Quando és grato pelo que tens, demonstras estar em abundância. E estando em abundância, atrairás mais abundância. Porque atraímos a energia em que estamos. Põe -te onde queres estar. ÉTICA Se a minha perspetiva muda e encaro a vida como um desafio para a minha alma, como uma evolução para a minha alma. Se compreendo que estou aqui para me experienciar, para experienciar o melhor de mim. Então, sentir -me -ei mais próxima de mim, e consequentemente do universo, se fizer o que acho certo. Devemos fazer o que sentimos certo. Independentemente daquilo que os outros pensem ou do que é certo ou errado em termos do mundo exterior. O que é certo para mim? O que me faz sentir bem? O que me faz sentir leve? Faz -me sentir leve receber sem dar? Faz -me sentir leve ser egoísta? Faz -me sentir leve ser vingativo? Ser mentiroso? Não me fará sentir mais leve dar? Com o intuito mesmo de dar! Dar genuinamente. Partilhar? Dizer a verdade? Ser honesto? Compreender? Escutar? Colocar -me no lugar do outro? Não me fará tudo isto sentir mais leve? Porque eu quero ser melhor. Quero ser o melhor de mim. Quero experienciar! Quero ser leve! Quero voar! DAR Este foi um dos meus maiores desafios. Nas minhas lentes anteriores, quem ganhava era quem recebia, não quem dava. Quanto mais eu recebesse, mais ganhava. E se recebesse mais do que dava, isso significava que eu estava na frente. Meu Deus, como estava errada. Totalmente errada. Se aqui há algum ganhador, é o que dá. Porque quem dá, dá porque tem, e se tem e dá, isso significa que é abundante. Ele abunda, por isso transborda. E se abunda é o mais feliz. Quem só recebevibra numa falta, porque se só recebe, e não dá, é porque não tem; se não tem, não abunda, está vazio. Estamos todos ligados. Quando dou ao outro, dou -me a mim. Se criamos a nossa vida, tudo o que está fora foi criado por nós. Se dou para fora, estou a dar para dentro. Dá! Dá aos outros como se estivesses a dar a ti. Porque de facto estás! DESAPEGAR Desapegar é a arte da liberdade. Quando percebes que nada possuis e que tudo é uno, desapegas. Quando a alma está na linha da frente, desapegas. O apego pertence ao Ego, à mente. Quando baixares o volume do medo e fores livre. E ser livre é seres tu próprio. Sendo livre, quererás que os outros também o sejam. E verás que terás mais dos outros se os deixares livres e ser quem são do que se os aprisionares numa gaiola. Um pássaro preso quer sair, quer abandonar a gaiola, porque se sente asfixiado. Porque é obrigado a estar ali. Ninguém quer ser obrigado. As pessoas querem ser elas próprias. E estarão onde o são. Basta deixar a porta da gaiola aberta para que o pássaro, se gostar do sítio onde está, não querer sair, mesmo com a liberdade para o fazer. Estamos aqui para mudarmos, melhorarmos. A nós próprios. Através dos outros. Não para mudar ninguém. Isso é uma tarefa que pertence ao outro. Cada um tem o seu caminho. Por vezes, os caminhos cruzam -se. Mas a individualidade deve manter -se. Sê quem és. E deixa o outro sê-lo também. É disso que trata a autenticidade. Ninguém é teu. Ninguém. Nada é teu. Nada. A vida é uma roda. Nada é estanque. Tudo é movimento. Flui. Desapega. 7 PERSPECTIVAS QUE CURAM 1 Todas as pessoas são um género de anjos, e as que mais nos fazem mal são as que mais nos ajudam. Na verdade, colocam -nos perante nós mesmos, desconstroem -nos para nos voltarmos a reconstruir. Fomos nós, inconscientemente, que escolhemos que aquela pessoa passasse pela nossa vida e tivesse o papel que teve, para nos ajudar a evoluir. Atraímos não o que queremos, mas o que precisamos. 2 O único propósito da vida é viver! Experienciar! Não é ser o mais rico, com mais medalhas ou estatuto. O propósito da vida é vivermos as características divinas em nós, em fazermos o que nos faz vibrar, independentemente do que seja! 3 Não te foques no mal que o outro te fez. Não te foques nas falhas do outro. São responsabilidade dele. A tua responsabilidade és tu. Foca -te onde poderias ser melhor. Porque quanto melhor és, melhor atrais. 4 Não há doenças, a única coisa doente é a mente. E ela pode ser curada. E só há alguém que a pode curar: tu mesmo! 5 Nada acontece por acaso, tudo acontece no momento certo, todos temos o nosso tempo, tudo acontece ao nosso ritmo, sem pressas, estamos onde devemos estar, chegaremos onde temos de chegar, está tudo certo. 6 Estou aqui porque quis, e fui escolhida para aqui estar. Somos peças muito importantes! Somos especiais. Somos diamantes em bruto! Somos peças únicas! 7 Todos os obstáculos são desafios para evoluirmos justamente no que nos falta: se temos impaciência, provavelmente vamos apanhar muitas filas de trânsito para podermos treinar a paciência, o que temos de fazer é desenvolver o que o obstáculo pede — vê-lo como um desafio! Assim que o superamos, ele desaparece. SEGUNDA PARTE DEIXA VIR. DEIXA IR. Num processo de transformação, talvez a coisa mais difícil de se modificar seja o apego. «Se eu gosto da pessoa, é óbvio que tenho medo de a perder. Porque não a quero perder. Porque não quero ficar sem ela.» O que é isto do desapego? Eu resumiria em duas palavras: MÃO ABERTA. Temos medo de perder porque não nos temos a nós. Porque fazemos de coisas e pessoas o nosso chão. E se os perdermos, deixamos de ter esse chão. Mas e se o nosso chão passasse a ser nós mesmos? Será que esse medo de perder algo ou alguém não diminuiria automaticamente? Então, apego não se tratará de uma curva perigosa no amor - próprio? Nós entregamo -nos às pessoas de forma dependente. Avassaladoramente dependente. Porque não nos temos a nós. Então estamos terrivelmente carentes. Sentimos um vazio enorme que nos engole por dentro. E colocamos uma âncora em algo ou alguém para cobrir esse vazio. Ei! Ninguém vai cobrir vazio nenhum em ti! És tu que faltas em ti! Nada pode substituir -te! Nada! Nada nem ninguém! Porque tens medo de estar sozinho? Porque tens medo de te encarar? És tu! Tens medo de ti, porquê? O medo é o maior mentiroso! Vou contar -te um segredo: Assim que o enfrentas, ele desmorona -se como areia que escorrega por entre os dedos. Se eu achar que alguém que tenho na minha vida é o meu chão. Vou morrer de medo todos os dias da minha vida, que esse alguém se vá embora. Porque, se ele se for, fico suspensa. E o que fazemos? O que isto gera? Aprisionamento. Criamos gaiolas aos outros para eles não se irem embora. Fechamos a mão. Apertamos. Sufocamos. Fazemos filmes na nossa cabeça gerados pelo medo. Temos ciúmes gerados pelo medo. Não permitimos sequer que o outro vá apanhar ar. Com medo de que ele voe. Apego é enclausurar numa gaiola. Desapego é nem haver gaiola. É bosque. É livre. É aberto. É puro. É o que for. Sem medo. Porquê sem medo? Porque nos temos a nós — amor -próprio. Tu és a prioridade da tua vida. Tu és a personagem principal. Coloca o seguinte na tua secretária: As pessoas são um bónus. E são mesmo. As pessoas são um bónus. Ninguém é o teu chão. O teu chão és tu! As pessoas são passagens. Algumas mais curtas, algumas mais longas. Não há que ter medo da partida. A partida, tal como a chegada, traz sempre, sempre o que precisamos. Tudo é aprendizagem. Não temas que tudo mude. Teme que nada mude. Desapego não se trata de menos intensidade. Menos paixão. Menos amor. Aliás, trata -se exatamente do oposto. Mais amor. Menos ego. Já viste algum jardim a caçar e a enclausurar borboletas? Não, pois não? Cuida do teu jardim. Elas virão até ti. E estarão em ti até acharem que devem estar. Sê como o jardim. Observa. Aprecia. Usufrui! Deixa vir. Deixa ir. Deixa voltar a vir. Deixa voltar a ir. A TUA SORTE ÉS TU! O que é isto de ter sorte? Ou o que é isto a que os outros chamam sorte? «Nasceste com o rabinho virado para a Lua.» «Tens uma estrelinha lá em cima de certeza.» «Como conseguiste? Que sorte!» Não, a sorte não vem da Lua nem das estrelas, isso é outra conversa. A sorte somos nós que a fazemos. Como? Chama -se energia. Porque é que tantas vezes queremos tanto algo e é exatamente esse algo que queremos que não acontece? Porque estamos obcecados, sedentos, desesperados. Isso gera medo. Ansiedade. E o que é que o medo, o que é que essa ansiedade gera? Bloqueios. Bloqueios energéticos. Se fico com medo, estou energeticamente a expelir uma energia bloqueada até àquilo que eu quero. O medo é como pequenos nós ao longo de um fio. Atrapalha. As coisas não fluem. É fácil. Imagina sempre que estás do outro lado. Imagina duas bolas de energia. Uma cheia de medos e ansiedades. Outra limpa e brilhante. Tu és a limpa e brilhante. Irias encostar -te, atrair -te, pela outra bola? Não. Irias fugir dessa bola. Semelhante atrai semelhante. Então isto da sorte. A que os outros chamam sorte é muito simples. É sentires -te por dentro bem contigo. Independentemente das circunstâncias, dos desafios. Veres as coisas sempre com os melhores olhos possíveis. Manteres uma boa energia. É a tua energia que atrai outras energias. És tu que atrais o que atrais para a tua vida. Se mudares a tua energia, tudo à volta vai mudar automaticamente. Não o inverso. És tu quem tem primeiro de mudar. Queres algo? Okay. O que tens de fazer para o obter? Faz. E o resto vem. Vem, se tiver de vir. Tu já fizeste o que tinhas a fazer. Não te «pré -ocupes». Faz. Acredita. Pacifica. Uma das crenças das pessoas de sucesso é: nada acontece por acaso. Não, as pessoas de sucesso não tiveram sorte. Tu achas isso porque não tens sucesso? Então porque é que, em vez de pensares que os outros têm sorte, não te questionas sobre o que eles fizeram para lá chegar? A tua sorte és tu! Sê aquilo que queres atrair. E tudo mudará. Não é o mundo que tem de se adaptara ti. És tu que tens de te adaptar a ti. E o mundo irá encaixar -se como peças de puzzle em ti. A sorte é um modo de estar. Cria -o! NÃO OLHES PARA TRÁS Sê determinado nas escolhas. Por algum motivo, ou vários, tomaste uma decisão. Voltar atrás não é solução e só te vai atrasar o processo pelo qual tens de passar. Antes de voltares atrás, pensa no que te fez ir para a frente. O QUE ESTÁ DENTRO ESTÁ FORA Sim, tudo o que acontece na tua vida és tu que atrais. É fruto do que pensas. E o que pensas vai criar determinada emoção. E o que sentes irá fazer com que emanes determinada energia. Tudo começa naquilo que pensas! Para um bocadinho. Observa o que passa pela tua mente. Estás confuso? Ansioso? Estás com medo? Com raiva? Com rancor? Estás pessimista? Estás isto ou aquilo? Sim, estás a atrair exatamente isso. O que queres? O que queres para ti? O que queres para a tua vida? «Eu quero paz.» «Eu quero ser feliz.» «Eu quero ser amado.» Queres? Então reflete nas seguintes questões: Queres paz? Estás em paz? Ou estás em guerra? Queres ser feliz? És feliz contigo? Ou estás dependente do exterior para o seres? Lutas pela tua felicidade? Estás onde te faz bem, onde te acrescenta? Largas o que te faz mal, o que te leva para trás? Queres ser amado? Amas -te? Cuidas de ti? Aceitas -te como és? Estás disposto a melhorar -te? Queres ser melhor? Porque se não te amas, porque é que alguém haveria de te amar, se achas que não mereces ser amado nem por ti mesmo? Sê o que queres atrair. Sê a energia que queres atrair. Começa por mudar o teu pensamento. Muda a frequência. Larga o negativo. Concentra -te no positivo. Se é fácil? Não. Estou aqui para te dizer com toda a certeza que não é fácil. Mas também estou aqui para te dizer de antemão que só custam os primeiros passos. Dá o primeiro! A vida é um yin yang. O lado que escolheres viver dentro. É o lado que atrairás fora. Sim, é uma escolha tua! Abre os olhos. Não olhes. Vê. Vê -te. Abre o coração. Fecha o ego. Sente. Sente -te. Tudo começa por dentro. Depois de encontrares beleza em ti, verás que tudo, tudo à tua volta tem a sua beleza. O que está dentro está fora. O MEDO MENTE -TE «Mas o medo é a desculpa que toda a gente sempre dá.» E é, não é? «Tenho medo de me apaixonar Tenho medo de estar sozinho Tenho medo de dizer o que sinto Tenho medo de dizer o que quero Tenho medo de fazer o que quero Tenho medo de decidir e depois arrepender -me Tenho medo de perguntar Tenho medo de voltar atrás Tenho medo de seguir em frente Tenho medo de... e de... e de...» Se não sabes, tenho a dizer -te que, se tens medo, faz! Porque só temos medo daquilo que nos ameaça! Se chega ao ponto de ser uma ameaça, estamos a falar, então, de algo em grande! Se é grande dentro de nós, tem muitas possibilidades de dar certo. Não te parece? Normalmente o medo é indicativo do que deves fazer! Normalmente! (Nunca te metas à frente de um leão) Geralmente os nossos medos são irracionais do ponto de vista do presente. Então porque os temos? Porque temos um género de pequenos chips alojados no cérebro. Temos medo porque alguém desde pequenos nos disse que aquilo não seria bom para nós e temos medo de arriscar. Temos medo porque já passámos por experiências negativas em determinado âmbito e temos medo de as repetir. Temos medo porque a sociedade não aceita o que faríamos caso o fizéssemos. Temos medo porque criámos crenças na cabeça de que não é assim que se ganha. Temos medo porque podemos falhar, e falhar dói. (E não haverá falha maior do que não tentar?) Temos medo porque, porque, porque... Sabes como se chama isto tudo? Bloqueadores. São eles que te bloqueiam a avançares, a experienciares, a teres a possibilidade de te realizares e consequentemente de seres feliz! Se nos entregámos a alguém no passado e fomos o melhor de nós e acabámos no final por nos magoar. Qual é a primeira coisa que pensamos? «Nunca mais me entrego. Só me lixo.» Só te lixas? Mas correu mal o tempo todo? E por causa de uma ou duas ou três experiências bloqueamos todas as relações posteriores. Porque associamos entrega a dor, a perda no final. Não! Não, okay? Não foi por te teres entregado. Observa o que aconteceu na relação. Observa a tua relação. Observa -te a ti nessa relação. Onde poderias ser melhor? Onde puseste o pé na argola? Na entrega ou a quem te entregaste? E se esteve sempre tudo bem e apenas houve um final... Bem, finais são novos começos. Não seria demasiado estanque um para sempre? Não te bloqueies, investe em quem te parece que podes investir. E em quem te parece não é quem diz, é quem faz! E quem faz... Oh, quem faz... Entrega -te. Porque não? Haverá melhor coisa do que a reciprocidade? Cuidado também com os autossabotadores. «Está tudo a correr -me bem, alguma coisa de errado está para acontecer.» Isto é igual a isto disfarçado: «Eu não mereço isto.» E muitas vezes acabamos por estoirar coisas boas de forma inconsciente por acharmos exatamente que não as merecemos. Mas sim! Pode e deve estar tudo a correr bem! É esse o propósito! Se está tudo bem, estás no caminho certo, não bloqueies. Deixa ir. Sim? OUSA! O que perdes? Um pequeno segredo: baixa o volume dos outros, aumenta o teu volume. Eles sabem pouco ou quase nada. Na verdade, quase todos eles estão também bloqueados! És tu que tens o poder. És tu que vives dentro de ti. És tu que sabes tudo! És tu que fazes tudo acontecer. ACREDITA! O medo mente -te. O medo mente -te. O medo mente -te. (Ecoou em ti? Deixa ecoar.) Enfrenta -o! Faz o que temes! E tu vais ver como ele se desfaz em cinzas assim que o fizeres. DEIXA IR O QUE PARTE Deixa ir o que não te acrescenta. Deixa ir o que parte. Segue e não olhes para trás quando nada atrás te espera. Deixa livre, se vier, é teu. SÊ O QUE ÉS E DÁ O QUE TENS Quando conhecemos uma pessoa, criamos uma expetativa sobre essa pessoa. E essa expetativa nada tem que ver com ela. Mas sim connosco. O que pretendo encontrar nesta pessoa? Houve qualquer coisa que gostei nela. Então, já agora, gostava que ela fosse X Y e Z. Não olhamos, não vemos a pessoa como ela é, mas como queríamos que fosse. E o que tudo isto gera? Desilusão! Acabamos por achar em várias circunstâncias que a pessoa nos desiludiu. Mas será que foi a pessoa que nos desiludiu ou foi somente a nossa expetativa que não foi atendida? As pessoas não têm de ser como queremos que elas sejam. Se a pessoa não é romântica. E nós gostamos de pessoas românticas. O que vamos fazer? Atirar -lhe à cara que devia ser mais romântica? Não! Não! Não! Não, ela não devia ser mais romântica. Nós é que temos de aceitar essa pessoa como ela é! E não tentar mudá -la a nosso gosto e prazer. Okay, não é romântica. O quanto essa característica é fundamental para mim? É imprescindível? Então, o que estamos a fazer com essa pessoa na nossa vida? Se ela não é aquilo que gostamos em alguém? Vemos as pessoas como nós somos e não como elas são. As pessoas têm um propósito na nossa vida. As pessoas dão o que têm para dar. Cobrar o quê? Elas dão o que têm. Se não estamos satisfeitos, então, somos nós que temos de mudar, não o outro. O outro está a ser aquilo que é. Está com as pessoas de quem realmente gostas. Que gostas realmente da forma como elas são. Se não gostas das pessoas como são e gostas de como elas poderiam ser, então, não gostas dessas pessoas e sim da ideia que criaste sobre elas. Apaixona -te por pessoas. Não por ideias. O PRIMEIRO A DEMONSTRAR É O MAIS CORAJOSO Se tu sentes, porque é feio expor? Se tu gostas, porque é cedo expor? Porque é que quando vemos um casaco de que gostamos facilmente dizemos «apaixonei -me!»? Mas se nos sentirmos apaixonados por alguém nem sequer abrimos a boca? Dizemos que ainda é cedo. Para o casaco, para o filme, para o livro, para o creme, para o candeeiro, já não é cedo se disser que o adoro logo pela primeira vez que o vi? Às vezes ainda nem os vimos ao vivo, vimo -los só por fotografias, mas já adoramos os ténis. Agora alguém? Alguém, não! Alguém, não podemos. Que feio! Que vulnerável! Que fraco! Que desprotegido!Que louco! E se depois não sente o mesmo e perde o interesse? Ótimo! Assim, tu sabes a VERDADE! Quando dás, o outro tem tendência a dar. Se não dá, tens a tua resposta. Para quê perder tempo em jogos? Isso é que é louco, não te parece? Em que mundo estamos? Em que mundo? Que mais facilmente dizemos que adoramos umas meias do que dizemos que adoramos uma pessoa. Em que mundo estamos? Quão perdidos estamos? Quão amachucados estamos? Quão engolidos pela sociedade estamos? Para nos arrastarmos desta maneira em direção a um polo gelado qualquer. Nós não somos máquinas! Nós somos seres emocionais, sociais. Nós não temos de reprimir nada. Se eu reprimo, se tu reprimes, em que ponto nos cruzamos? Nenhum! Porque tu vais mais para lá e eu venho mais para cá. Com tantos passos atrás, deixamos de nos ver. Se alguém gostar de ti pela tua frieza, está a gostar não de ti, mas sim da tua capa! Só demonstrando, só expondo quem somos saberemos quem gosta realmente de nós! Como somos! Como realmente somos! É essa a beleza de falar com o coração. Só aí poderá haver uma conexão real! Não dizemos, não demonstramos porque temos medo que o outro nos fira. Porque já fomos feridos. Achamos que o primeiro a demonstrar é o primeiro a perder. Mas perder o quê? Parece -me que nos tempos que correm o primeiro a demonstrar é o mais corajoso e ousado. Se eu não demonstrar, nunca saberei o que está do outro lado. É como estar parado na curva. Só demonstrando saberei o que se encontra para lá. E se não houver nada, tudo bem. Mas pelo menos sei o que há a seguir à curva. POUPA A AUTOESTIMA Não te envolvas com pessoas com o coração ocupado. Nunca dará certo, independentemente de seres quem és e do que vales. E não dará certo porque essa pessoa nunca te olhará de forma inteira. Ela própria não está inteira. E só as formigas são felizes com migalhas. Faz -te um favor: Poupa a autoestima e vai -te embora. O AMOR NASCE DE DENTRO PARA FORA Amor é incondicionalidade — é quando dar é um prazer e não uma troca de dar para receber. Amor é autenticidade — só amas quem está em sintonia com a tua essência. Só amas quem está em sintonia com os teus valores. Amor é cuidado, proteção, empatia, ternura. O amor autêntico confunde -se com o amor egoico. Por falta de amor -próprio, amas pessoas que te maltratam, que te causam ansiedade, que não te cuidam nem protegem, e é por não gostares de ti que achas que isso é amor. Porque é isso que achas que mereces. É esse o amor que tens para contigo, Então, é esse o amor que automaticamente aceitas vindo dos outros. Sabe -se que é amor autêntico quando os valores estão em concordância. Mas andamos a interagir com capas e não com corações. Isso não é amor. É ego. Amor é coração, não defesas, não capas. Amor é autenticidade, desapego, liberdade, individualidade e acrescento, incondicionalidade. O amor é a essência do universo. Nasce de dentro para fora. Só amando -nos, autenticamente, primeiro, podemos amar um outro autenticamente. RASGA A CAPA! Nós andamos para aqui com uma personalidade construída em medos, em defesas, em educações, em experiências de vida que nos fazem ficar tão longe da nossa essência. (Tão longe!) Porque vivemos tão insatisfeitos? Não será porque não estás a ser tu? E não estando a seres tu, estarás a atrair tudo «errado». Porque tudo é atraído pela tua personalidade. É ela que tens na linha da frente. Não a tua essência. Que está lá para os confins completamente pisada pela tua personalidade que não a deixa sequer abrir a boca. O que valorizas? Quais são os teus valores? Muitas vezes valorizamos certas coisas e temos uma personalidade oposta àquilo que valorizamos. Posso valorizar a segurança, o cuidado, a proteção e ter uma personalidade dominadora e protetora para com o outro, ou seja, vou atrair pessoas que gostem de ser protegidas e cuidadas porque estou a emanar que sou dominante e protetora. Logo, atrairei pessoas que não estão de acordo com aquilo que valorizo (que é exatamente o oposto). Daí a insatisfação. Para dar certo, tem de estar de acordo com os teus valores. O mesmo serve para a área profissional, se valorizo a harmonia, a paz, o crescimento espiritual, o que faço no mundo empresarial? As coisas não dão certo nem nos fazem felizes porque NÓS não estamos de acordo com os nossos VALORES. Essa é a grande causa da insatisfação! Não queremos expor a nossa vulnerabilidade. Talvez com medo de que não gostem dela. Mas só expondo -a atrairemos à nossa vida pessoas e situações que têm mais que ver com o que realmente somos. Põe -te no barco. E rema. Sente como adoras o mar. E viajar. Vai ajustando as velas. Descobre para onde queres ir. E aprecia a viagem. Porque, na verdade, não se trata do destino, trata -se da jornada. Põe -te a caminho! SOL OU CHUVA? ESCOLHE! Não podemos mudar as circunstâncias. Porque não somos as circunstâncias. Só me posso mudar a mim. Não tenho controlo sobre o mundo exterior. Mas podemos escolher a forma como lidamos com essas circunstâncias, com esse mundo exterior. O inferno não são os outros. O inferno somos nós. Se acharmos que o inferno está fora. É porque ele está primeiramente dentro. A realidade é uma. Mas os olhos são muitos. Tu não controlas a realidade. Mas controlas a forma de olhares essa realidade. Os teus filtros. Os teus conceitos. As tuas crenças. Num simples objeto, as perceções do mesmo são diferentes para cada um. Porquê? Porque cada um é um ser diferente. Nós vemos as coisas como somos! Não se trata das coisas! Trata -se de nós! Se ouvires uma balada e estiveres feliz, vais encarar a balada como? Como algo positivo, tranquilo. Mas caso estejas triste, aquela balada vai ser uma música negativa, sofredora, deprimida. No entanto, a música é exatamente a mesma! Então, a tempestade não está fora. És tu! Tu és o comando! Sol ou chuva? Escolhe! PALAVRAS SÃO LEVADAS PELO VENTO Acredita nos gestos e não nas palavras. Se ambos forem coerentes, perfeito. Se não, põe as palavras de lado, a intenção está nos detalhes do comportamento. O AMOR É UM MERGULHO Porque é difícil amar o outro? Não será porque não vemos, não captamos a sua essência? Amor não terá que ver com essência? Já que é, de tudo o que existe neste mundo terreno, a coisa mais pura. Não vemos essa pequenina grande coisa que é a essência no outro, vemos o seu corpo, a sua personalidade, o seu ego, a sua capa. A essência nasce connosco. A personalidade e o ego são construídos pelo meio envolvente (pais, amigos, amores, experiências de vida). Se pensarmos num exemplo óbvio: a nossa mãe. Nós amamos a nossa mãe muito, muito além da sua personalidade e do seu ego. Se pensarmos na nossa mãe como uma pessoa que conheceríamos ao acaso, provavelmente nem nos diria grande coisa ou até nem iríamos muito à bola com ela. Certo? Porquê? Porque só teríamos acesso à sua personalidade, ao seu ego, ao seu corpo. O amor está somente ligado à essência. Tu só podes amar a essência. É aquela coisa que nem sabes explicar. Quando não sabes explicar porque gostas de alguém, é porque gostas genuinamente de alguém. É porque sentiste, captaste a sua essência. Muito além do aparente. É por isso que o amor perdoa tudo, está para lá de tudo. Além de tudo o que é aparente. Porque a maioria das ações são feitas através da personalidade, do ego, e não da essência. Quantas pessoas ouvem a sua voz interior? A intuição. Tu ouves? Quantas vezes não dizes «porra, eu sabia, porque não fiz?». Porque agiste com a personalidade, com o ego, e não com a essência. A tua essência é essa vozinha, tu és essa vozinha. A personalidade e o ego são terrenos. São ilusões que nos distraem muitas vezes de nós mesmos. A meditação é um excelente meio de conseguirmos ir além da personalidade e do ego e captarmos a nossa própria essência. Aproximarmo -nos de nós. Porque se até de nós temos dificuldade de nos aproximar, de nos escutar, de nos amar. Imagina o quão difícil é aproximares -te, escutares, amares um outro! Para amares, é preciso veres além de. Caso contrário, não amas ninguém e provavelmentesimplesmente apegas -te. Não será por isso que os relacionamentos são cada vez mais curtos? Por estarmos presos à aparência, à personalidade. E, estando presos a coisas tão mutáveis e superficiais, basta captarmos algo de que não gostamos no outro que deixamos de sentir o mesmo e vamos à nossa vida. Bem, isso não é amor. Isso não é nada. Aliás, isso é qualquer coisa. É uma miragem no deserto. Quantas coisas não gostas na tua mãe? No teu pai? No teu irmão ou irmã? Quantas? Algumas? Muitas? Exato! E não deixas de os amar nem um pedacinho a menos! Pois não? É isso o amor. Está além! Vê além de. Não pares na superfície. As pessoas são como um icebergue. Por cima está um pequeno pico. Por baixo é que está o icebergue todo. Então vê além de. Vê. Capta. Ouve. Sente. O amor é um mergulho. COM NADA. FEZ TUDO. Havia um menino que tinha um sonho. Havia um menino que com nada fez tudo. O que é isto de que com nada fazer tudo? O menino que tinha um sonho pegou numa caneta e escreveu tudo o que precisava para lá chegar. Assim: 1) Ter um sonho 2) O que preciso de fazer para chegar lá? Especializar -me. 3) Não tenho dinheiro para me especializar. Vou trabalhar duro para o ter. (O menino esteve 665 dias a trabalhar a sério! Quando digo a sério, é a sério! De chegar a casa de rastos! E ao mesmo tempo a tirar uma especialização aos fins de semana. Estamos a falar de zero folgas. Zero! Zero folgas durante 665 dias.) 4) Depois de me especializar, preciso de dar tudo na minha área, no meu estágio. O meu melhor. Querer aprender mais. (O menino nunca quis ser melhor do que ninguém. Ele quis sempre ser mais e melhor do que ele mesmo. Procurou sempre aprender com os melhores. Procurou sempre saber mais e mais e mais.) (Bónus) Reconhecimento. (O menino ainda não tinha acabado o estágio e já tinha lugar garantido na organização.) Não é de onde vens. É para onde vais. Força, foco e fé. És tu. Da cabeça aos pés. Por favor, menino, continua a inspirar as pessoas. Não com o que dizes, mas com o que fazes. É disso que são feitos os heróis, herói! NÃO É FRAQUEZA. É CORAGEM. Porque é que sentimentos são sinónimo de fraqueza? Ou porque é que as pessoas acham que o são? Porque é que, se eu demonstrar, estou a oferecer a minha vulnerabilidade, e ser vulnerável nos dias de hoje é sinónimo de ser fraco? Porquê? O que tememos? A reprovação! Temos medo de demonstrar, porque em tempos já fomos magoados ao sentir, ao demonstrar que sentíamos. Então, criámos bloqueios em torno de nós mesmos como proteção. Se demonstrei, e aconteceu -me X, se voltar a demonstrar, acontecerá X. Não! Maturidade não se trata de congelar o coração. Trata -se de o preservar, de saber quem deixar entrar nele. Bem diferente, não? É claro que não vou demonstrar a alguém que ache que não mereça, a alguém que não tenha atitudes que eu admire. Mas a quem se doa a ti, a quem demonstra estar lá para ti, estar ali, estar ali para ti, a quem te demonstra por ações que te quer na sua vida. Tu não vais demonstrar porque meia dúzia de gatos -pingados te partiram o coração? A sério? A sério? Se calhar partiram porque não faziam nada disto acima. Então não foi o que sentiste e o que demonstraste, foi a quem deixaste entrar. Não foi? Então, por favor, dá sempre uma oportunidade ao amor. A ti. Aos outros. À vida. Quem gosta realmente de ti não quer que demores a responder, não quer que sejas difícil, não quer que sejas frio. Quer aquilo que tu és! Gostou da tua energia. Quer a tua essência. Não os teus bloqueios. Aliás, não merece os teus bloqueios. Merece o melhor de ti. E quando merece... Oh, descongela! Quando merece, descongela! Porque aí, demonstrar, doar -se, sentir e dizer que sente não é fraqueza, é CORAGEM! GUARDA O MEDO NO BOLSO Se toda a tua vida fosse o teu hoje repetido. Serias feliz? Serias feliz se todos os dias fossem como estás agora? Exatamente como estás agora. Sente -te. Sim? Ótimo. Continua. A fazer mais e melhor. Sempre mais e melhor. Não? Muda. O que falta? O que falta para seres feliz? Sonhos? Ou o caminho até eles? Muda! Não, não, não dês desculpas: Não tenho tempo. Não tenho dinheiro. Não tenho X. Não tenho Y. Se não tens tempo, arranja. O que é prioridade? Não estarás a gastar tempo em algo inútil? Quantos minutos, quantas horas do teu tempo gastas inutilmente? Se não tens dinheiro, arranja. Se não chega um trabalho, arranja um segundo. Uma alternativa. Puxa pela tua criatividade. Não, não, não abraces as desculpas. Abraça as soluções. Coragem não é a ausência do medo. É ter medo, mas guardá -lo no bolso. Muda! Faz! Faz -te feliz! E tudo à tua volta mudará de cor. É A ESSÊNCIA O essencial é como a raiz da palavra diz: a essência — a intensidade com que a energia daquela coisa ou pessoa vibra em ti e a forma como a sentes. Nada tem que ver com a inteligência nem com a aparência. DISPOSTOS ATRAEM -SE E os opostos se distraem. Porquê? Porque estão concentrados nos problemas e distraídos das soluções. Porque estão concentrados nos pontos que estão contra e distraídos dos pontos a favor. Os opostos que se distraem não são aqueles que têm personalidades diferentes, são aqueles que não olham na mesma direção. São aqueles que, dentro de um barco, cada um rema para uma direção diferente. O que faz com que o barco ou não saia do mesmo lugar ou ande completamente desnorteado. As relações, sejam elas quais forem, só funcionam de forma fluida e saudável quando ambas as pessoas estão dispostas a querer que essa relação flua. Normalmente vemos relações a ser puxadas por apenas uma parte. Se a outra pessoa puxa noventa por cento, então, eu só preciso e tenho necessidade de puxar dez por cento. Não!!! Cuidado para quem anda a puxar os dez por cento, porque quem puxa os noventa por cento vai cansar -se. E cuidado para quem puxa os noventa por cento, porque quem puxa os dez por cento não está disposto e está a atrasar quem está. Vale a pena? O peso? O esforço? Por quem não está disposto e é arrastado a dar o mínimo? Os dispostos atraem -se. Porque ambos estão dispostos a dar de si. Cada um à sua maneira. E atenção aqui! Com este cada à sua maneira. Nunca podemos exigir o que a pessoa não é só porque ela não demonstra como nós demonstramos. Não dispares. Dialoga. Tenta perceber quem é aquela pessoa, como funciona. O que está por trás do comportamento. Qual a intenção! Nós julgamos os outros pelas suas ações sem sequer pensarmos que a priori existe uma intenção, um motivo. Dialoga. Vai ao fundo da questão. Há sempre uma razão. Os dispostos estão dispostos a conhecer o outro, a perceber o outro, a compreender o outro. Os dispostos estão dispostos a dar o melhor de si ao outro. A dar a volta por cima. A persistir. A saltar barreiras. Aquela coisa do «quando é para ser, todos os ventos sopram a favor». Faz sentido? Que coisa tão fácil de acontecer. Não te parece? As relações devem ser constantemente postas à prova. Onde não há desafio, não há evolução. Estaríamos a falar de uma zona de conforto, não? Quando é para ser, será. Mas será depois de ambos estarem dispostos. E para saber se estão dispostos surgem desafios. É quando são ultrapassados constantemente que vai dando certo. Sim, o certo não acontece de forma mágica e milagrosa assim que os olhos batem uns nos outros pela primeira vez. Isso é coisa dos filmes. Há um potencial, mas são as pessoas que fazem dar certo. E, sim, chama -se mesmo Disposição. Disposição a dar certo. Sim, é aos poucos que tudo vai dando certo. Sim, é aos poucos que a vida vai dando certo. Os dispostos estão dispostos a enfrentar os desafios. Os dispostos não vão abaixo com os desafios, fortalecem -se com eles. Os dispostos estão dispostos a regar todos os dias. (Esta repetia três vezes: Regar, regar, regar. Todos os dias. Todos os dias. Todos os dias.) Os dispostos estão dispostos a ser mais e melhores para que tudo esteja disposto a funcionar. E é essa disposição que faz com que todos os planetas se alinhem. E quando há potencial... Oh, quando há potencial, os planetas dão saltos de alegria
Compartilhar