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FIJ – FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ CURSO DE POS GRADUAÇÃO EM ATENÇÃO À SAUDE DA PESSOA IDOSA O ACOMPANHANTE DA PESSOA IDOSA DIANTE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM – HUMANIZAR E PREPARAR PARA A ALTA HOSPITALAR VANESSA GOMES PADILHA RIO DE JANEIRO 2011 FIJ – FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ CURSO DE POS GRADUAÇÃO EM ATENÇÃO À SAUDE DA PESSOA IDOSA O ACOMPANHANTE DA PESSOA IDOSA DIANTE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM – HUMANIZAR E PREPARAR PARA A ALTA HOSPITALAR Trabalho de Conclusão de curso apresentado por Vanessa Gomes Padilha em cumprimento às exigências de conclusão da Especialização em Atenção idosa à Saúde da pessoa idosa, sob a orientação da Professora Orientadora: Ilkes Rites Salgado. RIO DE JANEIRO 2011 Dedico aos meus pais, pelo exemplo de vida e todo o incentivo que me deram durante esta etapa, também a todos os profissionais da área de saúde. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a DEUS por ter me dado à força necessária, pois sei que sem a sua divina presença nada seria possível e tão pouco se concretizado. Agradeço a Faculdades Integradas de Jacarepaguá pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas. À orientadora Ilkes Rites Salgado, pelo estímulo e sua dedicação nas orientações deste trabalho e também todos os demais professores do Curso de Pós Graduação em Atenção à Saúde da pessoa Idosa da Faculdades Integradas de Jacarepaguá. Por fim agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização e conclusão de mais uma etapa de minha vida, que de forma honrosa venci. A TIJELA DE MADEIRA Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça. - "Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho. - "Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão." Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação. Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão. O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio. Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança: "O que você está fazendo?" O menino respondeu docemente: "Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer" O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava. RESUMO A assistência oferecida nos hospitais cria dependências que dificultam o retorno do idoso ao lar. Assim, se por enfermidade o idoso precisar ser hospitalizado, o hospital, especificamente a equipe de enfermagem deve prepará-lo o mais eficientemente possível para que ele possa retornar ao lar em condições físicas, psíquicas e sociais de independência. Assim este estudo sobre “O acompanhante da pessoa idosa diante da assistência de enfermagem – Humanizar e preparar para a alta hospitalar tem como objetivo: conscientizar o cuidador da importância dos procedimentos para o pronto restabelecimento da pessoa idosa; de forma que este possa preparar o acompanhante/ cuidador e o próprio paciente para a alta hospitalar; uma necessidade que vem ao encontro dos anseios dos profissionais de enfermagem, e que se faz necessária para reverter o quadro atualmente vivenciado à prática de enfermagem, tal como a revisão de padrões de atuação com preocupação de apenas ao cumprimento do ato mecânico da técnica, isto porque a humanização influencia na qualidade de vida e morte do ser que é cuidado. Para um maior entendimento o estudo segue abordando temas pertinentes ao assunto tais como: a Importância da Educação a Distância na área da Saúde, Políticas Públicas e Epidemiologia aplicada à saúde da pessoa idosa, Humanização, Principais transtornos à saúde da pessoa idosa, bem como as principais síndromes geriátricas que acometem os idosos. Palavras Chave: Acompanhante. Pessoa Idosa. Assistência Enfermagem. Humanizar. Alta Hospitalar. ABASTRACT The care provided in hospitals creates dependencies that hinder the return of the old home. Thus, if due to illness the elderly need to be hospitalized, the hospital, specifically the nursing team should prepare it as efficiently as possible so he can return home in the physical, psychological and social independence. So this study on "The companion of the elderly on nursing care - to humanize and prepare for the hospital aims to: raise awareness of the importance of the caretaker procedures for the prompt restoration of the elderly, so that it can prepare the accompanying/ caregiver and the patient to the hospital, which is a necessity to meet the aspirations of nursing professionals, and that is needed to reverse the current practice of experienced nurses, such as reviewing performance standards with concern merely to the mechanical act of the technique, because a humanizing influence on the quality of life and death of the care that is. For a greater understanding of the study follows covering topics relevant to the subject such as: the Importance of Distance Education in Health, Public Policy and Epidemiology applied to health of the elderly, Humanization, Key health disorders of the elderly, as well as main geriatric syndromes that affect the elderly. Key-Words: Escort. Elderly. Nursing Care. Humanizing.Discharge. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9 OBJETIVOS ......................................................................................................... 14 Objetivo Geral ...................................................................................................... 14 Objetivos Específicos ........................................................................................... 14 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 15 METODOLOGIA ................................................................................................... 17 1. A IMPORTANCIA DA EDUCAÇÃO À DISTANCIA NA ÁREA DA SAÚDE....... 18 1.1 Conceito e características de Educação a Distância ...................................... 18 1.2 Exigências do Ensino a Distância .................................................................. 20 1.3 EAD - Tendências, Viabilidadea sua Importância na Área da Saúde ............ 21 2. POLÍTICAS PÚBLICAS E EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DA PESSOA IDOSA .................................................................................................. 28 2.1 A pessoa idosa ............................................................................................... 28 2.2 Serviços de Saúde e o Estatuto do Idoso....................................................... 30 2.3 Política Pública ............................................................................................... 32 3. HUMANIZAÇÃO ............................................................................................... 38 3.1 Conceito ......................................................................................................... 38 3.2 Humanizar para a alta hospitalar .................................................................... 38 4. PRINCIPAIS TRANSTORNOS A SAÚDE DA PESSOA IDOSA ...................... 40 4.1 Fatores Causadores dos Transtornos ............................................................ 40 4.2 Demência e Transtornos Depressivos .......................................................... 40 4.4 Transtornos do Humor e Ansiedade ............................................................... 41 4.5 Transtornos somatoformes, uso de álcool e outras substâncias .................... 41 5. PRINCIPAIS SÍNDROMES GERIÁTRICAS ..................................................... 42 5.1 Conceitos e Características ............................................................................ 42 5.2 Imobilidade ..................................................................................................... 42 5.3 Instabilidade ................................................................................................... 43 5.4 Incontinência .................................................................................................. 43 5.5 Insuficiência Cerebral ..................................................................................... 44 5.6 Iatrogenia ....................................................................................................... 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 45 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 47 9 INTRODUÇÃO O interesse pelo tema foi despertado pela vivência na área da Enfermagem em nível superior na Clínica Médica de um Hospital Estadual de grande porte na Cidade de São Paulo, onde há um grande número de pessoas idosas internadas. Observou-se que a equipe de enfermagem se relaciona de forma superficial e quase “mecânica” com o acompanhante dos idosos hospitalizados. Como consequência, esta relação torna-se desagradável, difícil e até mesmo insustentável. Assim a escolha do tema foi visando humanizar a assistência de enfermagem durante a internação, não só para o paciente, mas também para o seu acompanhante; para que o ato de cuidar deixe de ser algo robotizado ou automatizado, visto que não estamos lidando com máquinas, mas sim com seres humanos. A prática do cuidado do ser humano segundo Paganini (2004) é: uma necessidade que vem ao encontro dos anseios dos profissionais de enfermagem e que se faz necessária a reversão do quadro atualmente vivenciado à prática de enfermagem, a revisão de padrões de atuação com preocupação de apenas ao cumprimento do ato mecânico da técnica. E a humanização significa tudo quanto seja necessário para tornar a instituição adequada à pessoa humana e a salvaguarda de seus direitos fundamentais. (MEZONO, 1995). O conceito de humanização dentro de uma unidade hospitalar é aquele visualizado com uma estrutura humana, a física, a tecnológica e administrativa que valoriza e respeita os indivíduos, prestando um atendimento diferenciado dentro do contexto da qualidade. Este que segundo a Organização Mundial de Saúde é definido como: um conjunto de atributos que inclui: um alto nível de excelência profissional, o uso eficiente de recursos, oferece um mínimo de riscos ao paciente e um alto grau de satisfação dos 10 usuários, onde a qualidade também é definida como um arranjo ideal de um vasto conjunto de elementos presentes na estrutura, no processo e no resultado. De acordo com a mesma para isso é necessário que a instituição tenha algumas características tais como: uma razão de ser e legitimidade social no atendimento, uma estrutura tecnológica efetiva e que garanta mínimos riscos aos pacientes, uma estrutura física contemplando todas as possibilidades de limitações e necessidades dos pacientes em sua estada, como locomoção, repouso e conforto. Soma-se a isso a preservação dos direitos do paciente e o direito de ser tratado como ser humano. Desta forma a humanização em ambientes hospitalares transcende práticas isoladas e esporádicas de caráter promocional, mas, sim, uma política institucional focada no paciente, independentemente da área em que a assistência está sendo prestada. A equipe de enfermagem deve procurar constantemente buscar soluções para as demandas crescentes do cuidado ao paciente e seus familiares através de ações e implementação de novos programas e atividades, sempre numa dimensão holística do cuidado. E levando em consideração as dificuldades que estes profissionais de saúde que atuam em diversas áreas do saber; com relação ao acesso à formação continuada, a Educação à Distância é uma estratégia para a educação permanente frente às novas tecnologias e como uma inovação pedagógica na educação, é a ferramenta estratégica de sobrevivência desses profissionais. (OLIVEIRA, 2007) Ela permite melhorar sua competência, para que esta seja compatível com o desenvolvimento de suas responsabilidades. São práticas educativas contínuas, destinadas ao desenvolvimento de potencialidades, para uma mudança de atitudes e comportamentos nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora do ser humano, na perspectiva de transformação de sua prática. (PASCHOAL et al, 2007) 11 O processo de educação continuada vai propiciar conhecimentos, que vão capacitar à execução adequada do trabalho, conduz à melhoria da assistência à saúde, busca sempre um objetivo comum, através da identificação de problemas, insatisfações, necessidades e a utilização de meios e métodos para saná-los. SILVA et. al. (1986). E as políticas de saúde tem a função de contribuir para que mais pessoas alcancem as idades avançadas com o melhor estado de saúde possível. Considerando a saúde de uma forma ampliada torna-se necessário a mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para população idosa. (BRASIL, 2006) No Brasil, as normas legais inclusive as constitucionais asseguram a importância da humanização no cuidado à saúde. Nesse sentido, a humanização do cliente pode ser percebida na Constituição Federal, que garante a todos o acesso à assistência à saúde de forma resolutiva, igualitária e integral. Matsuda (2003), faz menção ao Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), proposto pelo Ministério da Saúde, em 2002, ressaltando a necessidade de uma política de humanização nas instituições de saúde, envolvendo as relações entre os profissionais e os pacientes. No entanto, apesar de a literatura enfatizar a importância da humanização dos usuários dos serviços de saúde, pouco se sabe a respeito da implementação e dos resultados de medidas que visem a minimizar a impessoalidade do paciente. Por outro ângulo, Santana e Silva (2000) pontuam que: decididamente não há regras nem fórmulas que tornem viável o processo de humanização do cliente pela enfermagem, porque tal processo depende fundamentalmente da conscientização da sua importânciapor todos os agentes envolvidos, por meio de investimentos na formação de recursos humanos e na compreensão do paciente como ser único e indivisível. 12 Confirmando essa idéia, Matsuda(2003) entende que a concepção da valorização do usuário dos serviços de saúde é um desafio que necessita de compromisso e habilidade por parte dos seus provedores, considerando que o intuito da humanização e da manutenção da dignidade humana no processo deve ser vistas como direito inalienável. Com isso, esses autores colocam que: a prática mecanizada e as decisões unilaterais têm prevalecido nas instituições de saúde e, a conduta impessoal dos profissionais pode ser decorrência da grande demanda por serviços, cujos clientes não raras vezes se encontram em situação iminente de morte; o que pode gerar estresse na equipe de saúde e reduzir as interações profissional-acompanhantes. Como parte do processo de humanização do paciente, a busca da melhoria contínua do processo de cuidar, como um direito fundamental dos usuários dos serviços e ações de saúde, deve ser meta das instituições de saúde e compromisso dos profissionais que atuam nessa área. Nessa perspectiva, as situações que expõem o paciente/cliente a riscos devem ser minimizadas por meio de ações educativas preventivas, envolvendo os profissionais de saúde. Nesse contexto, a política de qualidade no atendimento desliza, igualmente, a questão da humanização do atendimento. Assim, segundo Moss e Barach (2002) o cuidado não pode ser considerado de alta qualidade a menos que seja seguro. Onde ainda pode-se dizer que a segurança na assistência a saúde significa evitar, prevenir e aprimorar resultados adversos e danos gerados pelo processo de assistência. De acordo com Trevisan (2005)é imprescindível que não se perca de vista que a ação gerencial do enfermeiro deverá ser fundamentada nos valores da profissão, no seu Código de Ética e nos direitos dos pacientes hospitalizados, bem como de seus acompanhantes. 13 Ressalta-se ainda que: nos valores de profissão estão embutidos, o conhecimento atualizado e a autonomia do profissional, para que: com competência, atinja através da ação gerencial uma assistência qualificada ao ser humano, em termos filosóficos práticos, este profissional, deve procurar alcançar por meio da ação, o bem do homem, e nesse sentido, integrar questões éticas em seu dia a dia e em sua atuação. A atenção à pessoa idosa deve ser baseada na melhoria da qualidade da assistência e no aumento de sua resolutividade com envolvimento de todos os profissionais. Deve estar baseada na realidade assistencial, hoje caracterizada por carência de médicos geriatras e então exercidas pelo médico clínico e equipe. (MINAS GERAIS, 2006) A humanização para a alta hospitalar é planejar programas e ações para o bem estar do idoso, sua capacidade funcional, sua inserção familiar e social de forma a mantê-lo o mais independente possível, contribuindo para a manutenção da sua dignidade. (SILVA E BORGES, 2008). O seu cuidador precisa estar preparado para assumir a complexa assistência exigida, principalmente quando esse é dependente para as atividades de vida diária. (MARIN e ANGERAMI, 2002) A humanização pode estar no coração da relação terapêutica entre paciente e cuidadores o cuidado das necessidades de relação e sentido, na comunicação honesta e verdadeira. (PESSINI, 2002) 14 OBJETIVOS Objetivo Geral Conscientizar o cuidador da importância dos procedimentos para o pronto restabelecimento da pessoa idosa, de forma que este possa preparar o acompanhante/ cuidador e o próprio paciente para a alta hospitalar Objetivos Específicos Trazer informações sobre as políticas públicas e epidemiologia aplicada à saúde da pessoa idosa; Salientar os principais transtornos à saúde do idoso, bem como as principais síndromes geriátricas; Salientar a importância da educação à distância na área de saúde, bem como a humanização. 15 JUSTIFICATIVA O estudo se justifica pelo fato de que o acompanhante é a pessoa que se reveza ou permanece com o paciente durante a hospitalização. Na maioria das vezes é o cônjuge, mas pode ser substituídos pelos filhos, irmãos, cuidadores ou pessoas muito próximas. É sujeito do cuidado de enfermagem, embora na maioria das vezes a equipe não o veja como tal. E um acompanhante que sofre diante da situação da pessoa idosa pode contribuir para a piora do estado de saúde deste paciente e até mesmo dos familiares que por ventura estejam em casa. A internação hospitalar pode desencadear uma série de rupturas para o paciente e sua família. Fatores físicos, sociais e psicológicos são envolvidos e podem levar o paciente a sérios traumas referentes à hospitalização que podem ser irreversíveis. A presença dos cuidadores e familiares acompanhando a pessoa idosa durante a internação no hospital minimiza as dificuldades de adaptação e a auxilia a manter o vínculo com os familiares. Segundo o Estatuto do Idoso a finalidade primordial é manter e promover a autonomia e a independência das pessoas idosas, direcionar medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, tendo como base a integralidade da assistência e a avaliação global e interdisciplinar, com o objetivo de aumentar o número de anos de vida saudável, diminuindo assim as diferenças entre diversos grupos populacionais, assegurando o acesso a serviços preventivos de saúde, incentivando e equilibrando a responsabilidade . O Estatuto estabelece que: o idoso internado ou em observação tem direito a um acompanhante em tempo integral e o hospital deve disponibilizar instalações adequadas para a permanência deste acompanhante. Permitir a permanência do acompanhante minimiza sua angústia, reforça ou estimula os vínculos afetivos e promove educação para a 16 saúde. Para que a permanência conjunta familiar/paciente possa ser administrada com parceria da equipe de saúde no cotidiano do cuidado, são necessários que sejam possibilitados e mantidos os recursos facilitadores necessários a esse processo de convivência, desde a admissão do idoso/família até o momento da alta hospitalar. Louvison (2009) afirma que no ano de 1999 a Portaria GM/MS n. 280/1999 determinou em seu Artigo 1º que: “Torna obrigatório nos hospitais públicos, contratados ou conveniados com o Sistema Único de Saúde - SUS, a viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes maiores de 60 (sessenta) anos de idade, quando internados. E segundo o IBGE (2008) a perspectiva de crescimento da população acima de 60 anos colocará o Brasil, dentro de 25 anos, como a 6ª- maior população de idosos no mundo em números absolutos. Em 2006 - 16 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, que passará a ser 32 milhões em 2025, que representará 15% de nossa população total. E o idoso requer e como todo cidadão tem direito ao acesso a serviços adequados às necessidades de saúde individuais e coletivas, assim como a atenção dos profissionais no enfoque englobando a prevenção e a detecção precoce dos agravos à saúde. (MINAS GERAIS, 2006) Torna-se necessário dirigir o olhar para a família como objeto do cuidado, num processo de produção de relações e intervenções, para além do atendimento clínico. 17 METODOLOGIA Estudo bibliográfico, com coleta de dados em livros, artigos científicos, sites do Ministério da Saúde, entre outros trazendo informações sobre as políticas públicas e epidemiologia aplicada à saúde da pessoa idosa, os principais transtornos à saúde do idoso, bem como as principais síndromes geriátricas; a importância da educação à distância na área de saúde, bem como a humanização. 18 1. A IMPORTANCIA DA EDUCAÇÃO À DISTANCIA NA ÁREA DA SAÚDE1.1 Conceito e características de Educação a Distância A Educação a Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que substitui a interação pessoal na sala de aula entre professor e aluno, como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível (ARETIO, 1995) Segundo Moram (2009) a educação à distância (virtual) pode ter ou não momentos presenciais, mas fundamentalmente acontece com professores / alunos separados fisicamente espaço / tempo, porém podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação, pode ser realizada nos mesmos níveis que o ensino regular. Os modelos variam de auto-instrucionais a modelos colaborativos; modelos focados no professor (teleaula), no conteúdo, a outros centrados em atividades e projetos, modelos para poucos alunos e modelos de massa para dezenas de milhares de alunos, cursos com grande interação com o professor e outros com baixa interação. Segundo o autor está presente no ensino fundamental, médio, superior e na pós- graduação, porém mais adequado para a educação de adultos, principalmente à aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, tais como na graduação e pós-graduação. A EAD se encontra hoje bem complexa: crescendo em todos os campos, com modelos diferentes, com rápida evolução das redes, mobilidade tecnológica, com cursos 19 por satélite, com teleaulas ao vivo e um tutor ou monitor presencial por sala, em pólos, mais apoio da internet e de tutoria online, tudo isso graças aos sistemas de comunicações digitais. Com significados diversos a EAD respondem a diversas concepções, tais como: treinamento em serviço, à formação supletiva, profissional, à qualificação docente, à especialização acadêmica, à complementação dos cursos presenciais. Ainda Moran (2009), afirma que esses tipos de instituições estão crescendo a cada dia e chegando a milhares de alunos e de uma forma que matem a figura do professor e a flexibilidade da auto-aprendizagem, combinando material impresso a CD/DVD e internet. É também vista por muitos como uma solução pontual para situações específicas: tais como: distâncias e horários que facilitam a vida de uma sociedade complexa; preconceito de muitos e considerada como um meio fundamental para modificar os processos insuficientes e onerosos de ensinar; uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades; onde é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. Para os autores Nascimento e Carnielli (2007) é importante que a EAD tenha qualidade como tem a educação presencial, ou seja, o aluno deverá aprender igual ao que se aprende no ensino presencial deve haver seriedade e coerência do projeto pedagógico, qualidade dos gestores /educadores / mediadores, tutores; deve haver envolvimento do aluno onde este deverá estar querendo aprender. E ainda com os mesmos investimentos, muito mais pessoas podem alcançar um ensino, uma vez que a EAD apresentam uma maior flexibilidade de horários e diversos recursos tecnológicos. (CHAVES, 1999) 20 A Nova escola (2009) relata que o tempo de duração de um curso EAD é o mesmo que o presencial e ainda assim o MEC afirma que os diplomas de graduação e pós- graduação, tanto presenciais como a distância são equivalentes. Isto porque quando alunos e professores estão conectados, esta interação também faz surgir novas oportunidades, a internet proporciona inúmeras opções para implementação de cursos à distância e de flexibilização dos presenciais. Computadores em rede tornam possíveis disponibilizar, pesquisar e organizar conteúdos, interligados sons e imagens e utilizar de ferramentas de colaboração como correio eletrônico, fóruns de discussão entre outras que favorecem a construção de comunidades virtuais de aprendizagem. (MORAN, 2009) 1.2 Exigências do Ensino a Distância Segundo a Nova Escola (2009) o programa de ensino à distância requer uma rotina diária de leituras obrigatórias e complementares, participação e discuções on line, com os colegas, em horários fixos ou previamente marcados pelos tutores. O tutor deve acompanhar individualmente a cada aluno, com feedback das atividades realizadas. O MEC exige que sejam organizados momentos de convivência e interação entre os colegas nos pólos presenciais, o que ocorre nas atividades complementares obrigatórias por lei (sessões de filmes, debates, encontros e avaliações finais) e também podem ser utilizados chats e videoconferências. A interação também é favorecida, uma vez que a organização é feita em turmas, ou seja, os mesmos alunos seguem juntos durante todo o curso. 21 A Nova Escola (2009) afirma que a educação à distância requer leitura e interpretação de textos concentração para as tarefas, comprometimento e presença nos pólos determinados, pois a graduação e a pós-graduação são cursos que precisam ser semipresencial para que sejam reconhecidos pelo MEC. Porém a cobrança não ocorre frequentemente, uma vez que avaliações, trabalhos em grupos, aulas em laboratório, pesquisas de matérias de apoio entre outras acabam por tirar o aluno do computador. Segundo o MEC, a opção por Pedagogia e Licenciatura em diversas disciplinas deve cumprir a mesma carga horária e atividades dos ensinos da modalidade presencial; as provas de uma maneira geral têm o mesmo nível de exigência das provas dos cursos presenciais, são discursivas e elas devem ocorrer nos polos presenciais, sob a presença dos tutores. 1.3 EAD - Tendências, Viabilidade a sua Importância na Área da Saúde A educação é considerada uma das possibilidades para a formação de cidadãos críticos e profissionais competentes que um país precisa no contexto mundial, logo então inúmeros cursos de modalidade de educação à distância sendo oferecidos em toda a parte, surge a preocupação com a formação, uma vez que as pessoas procuram nesses cursos meios para realização profissional. (LEVY, 1993). A preocupação em formar e educar, sempre houve, em toda a história humana, mas percebemos atualmente a necessidade de transformação da realidade mediante a razão, a ciência e a técnica. (LOBO NETO, 2001) 22 A educação ao longo de toda vida não é um ideal longínquo, mas uma realidade que tende, cada vez mais, a inscrever-se nos fatos, no seio de uma paisagem educativa complexa, marcada por um conjunto de alterações que a tornem cada vez mais necessária. Para conseguir organizá-la é preciso deixar de considerar as diferentes formas de ensino e aprendizagem como independentes umas das outras e, de alguma maneira, sobrepostas ou concorrentes entre si, procurar, pelo contrário, valorizar a complementaridade dos espaços e tempos da educação moderna. (DELORS, 2001, p. 104). A educação à distância não pode ser vista como uma educação que substitua a educação convencional, presencial e sim como duas modalidades do mesmo processo e não concorrendo com a educação convencional. (NUNES, 1994). Segundo o autor a educação à distância tem como característica básica a separação física e temporal entre os processos de ensino e aprendizagem o que significa não somente uma qualidade específica dessa modalidade, mas também como um desafio a ser vencido. Promover de forma combinada, o avanço na utilização de processos industrializados e cooperativos na produção de materiais com a conquista de novos espaços de socialização do processo educativo. Como atualmente tem crescido cada vez mais a quantidade de jovens egressos do nível médio, para ser atendido por uma universidade que antes só atendia a uma pequena parcela da população (elite); se faz necessário aumentar a capacidade do sistema de ensino superior para atender a esta demanda,porém ao mesmo tempo isso deve ser feito sem sacrificar à qualidade de ensino a formação profissional. Nunes (1994) coloca que o ensino à distância não é o “remédio” para os males da educação brasileira; existe ainda um grande esforço de educadores e pesquisadores da educação em mostrar que os problemas não estão somente no interior do sistema educacional, mas antes de mais nada ela reflete a situação de desigualdade e polaridade social, que já se faz presente em nosso sistema econômico e político desequilibrado. 23 Mais especificamente, a educação à distância é colocada como uma solução para o desafio da quantidade, pois permitiriam incluir no sistema educacional superior mais alunos, sem que se tenha que construir ou mesmo ampliar campus de universidades. Também pode contribuir significativamente para o desenvolvimento do país, Nunes (1994) afirma que ela pode ser utilizada como: Democratização do saber - garantir as mínimas condições de acesso à cultura a inúmeras pessoas, porém ainda não é o suficiente dado às inúmeras transformações que acontecem continuamente. Pode ter uma função múltipla na educação não formal e informal, como: atualizações de conhecimentos específicos e até a sua formação profissional. Contribui para o acúmulo de informações assistemáticas que são postas à mídia, fortalecendo assim a mentalidade crítica e criativa; rompendo a passividade de muitos manipuladores de opiniões públicas, pode ser utilizada para complementar e atualizar conceitos e conhecimentos, de forma a manter os profissionais avante dos avanços promovidos em sua área, gerando processos continuados; Formação e capacitação profissional – é um caminho de desenvolvimento, tanto em nível da formação profissional básica quanto em níveis universitários, uma modalidade com grandes potencialidades, principalmente por se tratar de um meio de educação de massa. Com o apoio da tecnologia gera grandes avanços nos procedimentos de treinamento à distância e treinamento independente. Capacita e atualiza funcionários envolvendo grande número de pessoas ao mesmo tempo em diversas localidades e ainda com custos reduzido. Pode auxiliar na introdução de novos instrumentos tecnológicos para o acompanhamento dos alunos em sua ação prática, em serviço e seus materiais instrucionais podem ser de grande utilidade na educação presencial. Educação para a cidadania - transformam processos cívicos obrigatórios por lei em processos realmente participativos e conscientes. Temas fundamentais da existência 24 contemporânea de nossa sociedade podem ser tratados de forma sistemática através de cursos e meios educativos sistemáticos, elevando o nível de participação responsável da sociedade no processo de construção da nacionalidade. Segundo Belloni (2001), no Brasil, as ações voltadas à educação à distância, sejam elas instituições públicas, associadas ou não às organizações não governamentais, têm caráter de suprir a demanda gerada pelas deficiências do sistema formal, elas buscam compensar, de forma rápida, a defasagem na formação do trabalhador. Assim de acordo com Oliveira (2007) na área da saúde levando em consideração as dificuldades que os profissionais de saúde que atuam em diversas áreas do saber; com relação ao acesso à formação continuada, vêem a Educação à Distância, como uma estratégia para a educação permanente frente às novas tecnologias e como uma inovação pedagógica na educação. Segundo o autor na área da saúde a EAD é a ferramenta estratégica de sobrevivência dos profissionais, com ela torna possível a educação continuada. A educação continuada é como um conjunto de práticas educacionais planejadas no sentido de promover oportunidades de desenvolvimento ao funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais efetiva e eficazmente na sua vida institucional. Ela deve ser uma constante troca de experiências, envolvendo toda a equipe e a organização em que está inserida. (SILVA et. al, 1986, p. 74) Esta educação continuada é que permite ao trabalhador da área de saúde manter, aumentar ou melhorar sua competência, para que esta seja compatível com o desenvolvimento de suas responsabilidades. Ela é um conjunto de práticas educativas contínuas, destinadas ao desenvolvimento de potencialidades, para uma mudança de atitudes e comportamentos nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora do ser humano, na perspectiva de transformação de sua prática. (PASCHOAL et al, 2007) 25 Segundo os autores para que esta educação seja efetiva é preciso direcioná-la ao desenvolvimento global de seus integrantes e da profissão, tendo como meta a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem. Além de ensinar, a educação continuada proporcionada pela EAD engloba desenvolver no profissional de enfermagem uma consciência crítica e a percepção de que ele é capaz de aprender sempre, por meio da educação permanente, e motivá-lo a buscar, na sua vida profissional, situações de ensino- aprendizagem. Uma aquisição progressiva de competências que devem ser visíveis na qualidade do exercício da assistência de enfermagem. Na área de saúde a necessidade de educar os profissionais é muito grande, devido à evolução tecnológica e científica. Àqueles profissionais da área de emergência esta educação contínua faz com eles ofereçam uma melhor assistência ao paciente com risco de vida. A educação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humanos como práticas que se formam constantemente. A realidade muda e o saber que construímos sobre ela precisam ser visto e ampliado sempre. Dessa forma um programa de Educação continuada se faz necessário para atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente para analisarmos as mudanças que ocorrem em nossa prática, bem como para atribuirmos direções esperadas a estas mudanças (SILVA et. al. 1986 p.9) O processo de educação continuada vai propiciar conhecimentos, que vão capacitar à execução adequada do trabalho além das oportunidades de crescimento profissional, conduz à melhoria da assistência à saúde, promove satisfação no serviço e melhora as condições de trabalho; busca sempre um objetivo comum, através da identificação de problemas, insatisfações, necessidades e a utilização de meios e métodos para saná-los. SILVA et. al. (1986). A educação continuada concilia necessidades sentidas pelos profissionais de saúde com as normas institucionais, mantém formas de avaliação com o objetivo de promover o 26 desenvolvimento favorecendo condições materiais e de tempo para o cumprimento da mesma, ou seja, o direito do profissional de saúde e ao mesmo tempo uma responsabilidade dele. (KOIZUMI et. al. 1998) O saber da enfermagem é compreendido como a capacidade de desempenhar tarefas e procedimentos, e estes são entendidos como a arte de enfermagem. Pode se concluir então que o objeto da enfermagem não está centrado no cuidado do paciente, ma a maneira de ser executada a tarefa. (...) os trabalhadores de enfermagem, principalmente os sem instrução, precisam conhecer as razões dos procedimentos executados, o importante seria executar nas tarefas com economia de tempo e de movimentos (ALMEIDA; ROCHA, 1989, p 13). A educação continuada na enfermagem veio para solucionar problemas para aperfeiçoar e melhorar a prática da assistência Um processo educativo formal ou informal, dinâmico dialógico e contínuo, de revitalização e superação pessoal e profissional, de modo individual e coletivo, buscando qualificação, postura ética, exercício da cidadania conscientização, reafirmação, ou reformulação de valores, construindo relações integradoras entre os sujeitos envolvidos para uma práxis crítica e criadora. (BACKES, 2003, p. 83) Segundo o mesmo autor os desenvolvimentos de programas educacionais contribuem para a melhoria da qualidade dos cuidadosde enfermagem, preparando, dessa forma, profissionais capacitados para darem suas contribuições à sociedade. Muitos profissionais hoje no mercado de trabalho estão encontrando dificuldades para desenvolver as práticas necessárias para a resolução dos problemas, então a educação continuada que é possível, graças a EAD, vem para resolver problemas imediatistas do trabalho diário. Para Kuenzer (1988), a qualificação não se acaba na obtenção de conhecimentos nos cursos específicos de formação profissional, mas ocorre nos conjunto das relações sociais, por meio da prática produtiva, desempenhada em todas as instâncias que compõe a 27 vida social. Trata-se de formar para a inovação pessoas capazes de se evoluir, ajustar-se no mundo de rápidas mudanças e com capacidade de dominar essas transformações. É imprescindível que o enfermeiro assuma a responsabilidade pela educação contínua para que se possa melhorar o padrão de assistência prestada em um hospital e comunidade, promovendo a valorização dos recursos humanos em saúde. (...) a educação permanente em saúde tem como objeto de transformação o processo de trabalho, orientado para a melhoria da qualidade dos serviços e para a equidade no cuidado e no acesso aos serviços de saúde. Parte, portanto, da reflexão sobre o que está acontecendo no serviço e o que precisa ser transformado (RIBEIRO; MOTA, 1996, p. 5) De acordo com Oliveira (2007) há necessidade das pessoas procurarem atualizar-se continuamente. A educação permanente é uma necessidade dos profissionais de saúde, no desenvolvimento de sua postura crítica, autoavaliação, autoformação, autogestão, promovendo, assim, os ajustes necessários para trabalhar com interdisciplinaridade, na transmissão de saberes e do saber-fazer in locus, continuamente, traduzindo-se na sua prática os seu saberes esta aprendizagem é motivada pela EAD. Atualmente a EAD é mais bem aceita e possui no Brasil mais de 200 instituições de ensino superior atuando, o que indica ser uma modalidade de ensino sólida e especial para situações específicas, em referência para uma mudança profunda do ensino superior como um todo. (MORAN, 2009). 28 2. POLÍTICAS PÚBLICAS E EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DA PESSOA IDOSA 2.1 A pessoa idosa De acordo com o Ministério da Saúde (2006) no Brasil, bem como em toda a parte do mundo, ocorre um fenômeno, jamais ocorrido antes, a expectativa de que no ano de 2050 existirão mais idosos do que crianças abaixo de 15 anos de idade. No Brasil em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos existiam 24,7 idosos de 65 anos ou mais. Em 2050, o quadro muda, para cada 100 crianças de 0 a 14 anos existirão 172, 7 idosos. Trata-se de uma mudança do perfil epidemiológico que vem ocorrendo no Brasil e que não estamos preparados para enfrentar. (IBGE, 2008) Segundo o IBGE (2008) a perspectiva de crescimento da população acima de 60 anos colocará o Brasil, dentro de 25 anos, como a 6ª- maior população de idosos no mundo em números absolutos. Em 2006 - 16 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, que passará a ser 32 milhões em 2025, que representará 15% de nossa população total. Este envelhecimento segundo a OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde, apud Ministério da Saúde (2006, p. 8) é: Um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte. 29 O envelhecimento acontece logo após as fases de desenvolvimento e de estabilização, por um período da vida ele é pouco perceptível até que as alterações estruturais e funcionais se tornem evidentes. O envelhecimento no ser humano alcança sua plenitude no final da segunda década, seguida por um período de certa estabilidade, as primeiras alterações do envelhecimento são detectadas no final da terceira década de vida. (MINAS GERAIS, 2006) De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, não existe um indicador único para o envelhecimento; trata-se de um conjunto das alterações estruturais e funcionais do organismo que se acumulam progressiva e especificamente com a idade, a composição corporal vai sofrendo modificações importantes com o envelhecimento, tal como: Aumento da gordura corporal; No tecido subcutâneo, ocorre a diminuição do tecido adiposo dos membros e aumento no tronco, o que caracteriza a gordura central; Diminui de 15% a 20% a água corporal, consequentemente reduz também os componentes intra e extracelulares, (íons sódio e potássio), provocando maior susceptibilidade a graves complicações consequentes das perdas líquidas e maior dificuldade à reposição do volume perdido; Retração do componente hídrico, associado ao aumento da gordura corporal (20% – 40%) pode contribuir para a alteração da absorção, metabolização e excreção das drogas no idoso; Redução da albumina altera o transporte de diversas drogas no sangue; Diminui de 10 a 20% o metabolismo basal com o progredir da idade, fator este que deve ser levado em conta para calcular as necessidades calóricas diárias do idoso; 30 Altera-se a tolerância à glicose e muitas vezes isso acaba criando uma dificuldade para se diagnosticar o diabetes, mesmo sendo uma doença de incidência frequente em idosos; Ocorrem alterações do número e da sensibilidade dos sensores, do limiar de excitabilidade dos centros reguladores e da eficiência dos efetores, o que vem a facilitar as quedas, muito frequentes nos idosos. Diante destas alterações o idoso requer e como todo cidadão tem direito ao acesso a serviços adequados às necessidades de saúde individuais e coletivas, assim como a atenção dos profissionais no enfoque englobando a prevenção e a detecção precoce dos agravos à saúde. (MINAS GERAIS, 2006) 2.2 Serviços de Saúde e o Estatuto do Idoso O idoso consome mais serviços de saúde, internações hospitalares frequentes e por um tempo bem maior que em outras faixa etárias. Geralmente as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas e ainda perduram por vários anos, o que exige um acompanhamento médico, bem como de equipes multidisciplinares permanentes. (MINAS GERAIS, 2006) As condições crônicas manifestadas com a idade avançada geralmente estão associadas às comorbidades e podem ainda gerar um processo de incapacidade das funções normais e cotidianas da pessoa idosa, embora não seja fatal a tendência é que elas acabam comprometendo significativamente a qualidade de vida dos idosos. (BRASIL, 2006) Assim, por se tratar de um aspecto relevante, a melhoria da qualidade de vida, promoção e recuperação da saúde da população idosa; o Estatuto do Idoso veio consolidar a 31 legitimidade do direito do cidadão de 60 anos ou mais, à atenção à saúde íntegra e mais amplo, implicando também a garantia de outros direitos sociais, este ainda dependente da adequada articulação de políticas econômicas e sociais. (MINAS GERAIS, 2006) O estatuto do idoso no processo de implementação da políticas de saúde do idoso – Lei nº 10.741/2003 definiu a diretriz norteadora para a promoção, prevenção e recuperação da saúde desta população.Seu objetivo é: Promover um envelhecimento bem sucedido, ativo e saudável; Estruturar a atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa; Fortalecer a participação social; Monitorar o processo de envelhecimento; Identificar os fatores de risco de doenças e agravos; Envolver a família e a comunidade no processo do cuidado; Promover a formação e a educação permanente para os profissionais de saúde que trabalham com idosos; Identificar e promover os fatores de proteção e recuperação da saúde. Melhorar a qualidadede vida da população idosa do país. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais a finalidade primordial do estatuto é manter e promover a autonomia e a independência das pessoas idosas, direcionar medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, tendo como base a integralidade da assistência e a avaliação global e interdisciplinar, com o objetivo de aumentar o número de anos de vida saudável, diminuindo assim as diferenças entre diversos grupos populacionais, assegurando o acesso a serviços preventivos de saúde, incentivando e equilibrando a responsabilidade . A atenção à pessoa idosa deve ser baseada na melhoria da qualidade da assistência e no aumento de sua resolutividade com envolvimento de todos os profissionais. Deve 32 estar baseada na realidade assistencial que hoje é caracterizada por carência de médicos especialistas em idosos e exercida pelo médico clínico e equipe. Estes com a avaliação funcional busca à independência e a autonomia, reservando apenas para casos bem definidos e criteriosamente selecionados o atendimento do geriatra e da equipe especializada .(MINAS GERAIS, 2006) 2.3 Política Pública A política pública de saúde com foco no envelhecimento e na saúde da pessoa idosa estabelece uma dimensão necessária às transformações da sociedade e a construção do Sistema Único de Saúde; porém de acordo com as expectativas que temos à medida que as sociedades envelhecem os problemas de saúde entre os idosos desafiam ainda mais os sistemas de saúde e de seguridade social. (LOUVISON, 2009). A função das políticas de saúde é contribuir para que mais pessoas alcancem as idades avançadas com o melhor estado de saúde possível e; considerando a saúde de uma forma ampliada torna-se necessário a mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para população idosa. (BRASIL, 2006) O Ministério da Saúde, desde 1989, já normatizava o funcionamento das Instituições destinadas ao Atendimento ao Idoso, conforme a (Portaria GM 810/89) que: “Aprova normas e os padrões para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos, a serem observados em todo o território nacional.”, mas somente em 1998 com a (Portaria GM/MS n. 2.413, 2.414 e 2.416/1998) que foram incluídos os procedimentos de atendimento a pacientes sob 33 cuidados prolongados, de internação em regime de hospital dia geriátrico e de Internação Domiciliar com equipe hospitalar. (LOUVISON, 2009) A Organização Mundial de Saúde no final da década de 1990 passou a utilizar o conceito de “envelhecimento ativo” buscando incluir, além dos cuidados com a saúde, fatores que também afetam o envelhecimento, este compreendido como um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Este envolvendo políticas públicas que promovam modos de viver mais saudáveis e seguros em todas as etapas da vida, favorecendo assim a prática de atividades físicas no cotidiano e no lazer, a prevenção às situações de violência familiar e urbana, o acesso à alimentos saudáveis e à redução do consumo de tabaco, entre outros. Medidas estas que contribuirão para um envelhecimento com qualidade de vida e saúde. (BRASIL, 2006) De acordo com o Ministério da Saúde (2006) a implementação deste conceito envolve mudança de paradigma, deixa de ter o enfoque baseado em necessidades coloca as pessoas idosas como alvos passivos, então passa a ter uma abordagem que reconhece o direito dos idosos à igualdade de oportunidades e de tratamento em todos os aspectos da vida à medida que envelhecem.Além disso apóia a responsabilidade dos mais velhos participar nos processos políticos e em outros aspectos da vida em comunidade. Louvison (2009) afirma que no ano de 1999 a Portaria GM/MS n. 280/1999 determinou em seu Artigo 1º que: “Torna obrigatório nos hospitais públicos, contratados ou conveniados com o Sistema Único de Saúde - SUS, a viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes maiores de 60 (sessenta) anos de idade, quando internados.”E quando da publicação da Política Nacional de Saúde do Idoso (Portaria GM/MS n. 1.395/1999, revisada pela Portaria GM/MS n. 2.528/2006), reafirmou 34 os princípios da política nacional do idoso no âmbito do SUS. Sendo as suas principais diretrizes: Promoção do envelhecimento saudável Manutenção da autonomia e da capacidade funcional Assistência às necessidades de saúde do idoso Reabilitação da capacidade funcional comprometida Apoio ao desenvolvimento de cuidados informais. Em 2005 o Ministério da Saúde definiu a Agenda de Compromisso pela Saúde, esta agregando três eixos: o Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. O Pacto em Defesa da Vida constitui um conjunto de compromissos que deverão tornar-se prioridades inequívocas dos três entes federativos, com definição das responsabilidades de cada um. Foram pactuadas seis prioridades, três delas de mais relevância com relação ao planejamento de saúde para a pessoa idosa. São elas: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica.(BRASIL, 2006) Segundo o Ministério da Saúde (2006) em relação à promoção da saúde da população idosa as implementações de ações locais deverão ser norteadas pelas estratégias de implementação, contempladas na Política Nacional de Promoção da Saúde – Portaria 687/GM, de 30 de março de 2006, tendo como prioridades as ações: Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS); Alimentação saudável; Prática corporal/atividade física; Prevenção e controle do tabagismo; Redução da morbi-mortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas; 35 Redução da morbi-mortalidade por acidentes de trânsito; Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz; Promoção do desenvolvimento sustentável. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), Portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, define que a atenção à saúde dessa população terá como porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família, tendo como referência a rede de serviços especializada de média e alta complexidade. (BRASIL, 2006, p.12) Segundo o Ministério da Saúde (2006) a Política Nacional de Atenção Básica, Portaria GM nº 648/2006 desenvolve um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo abrangendo: a promoção e a proteção à saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Estas ações são desenvolvidas por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, trabalho em equipe dirigidos à populações de territórios bem delimitados. Utiliza tecnologias de elevada complexidade de conhecimento e baixa densidade de equipamentos, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância. A estratégia der Saúde da Família reorganiza a Atenção Básica no país, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde e ainda assim tem como princípios gerais: Ter caráter substitutivo em relação à rede de Atenção Básica tradicional nos territórios em que as Equipes Saúde da Família atuar; Atuar no território realizando cadastramento domiciliar, diagnóstico situacional, ações dirigidas aos problemas de saúde de maneira pactuada com a comunidade onde atua, buscando o cuidado dos indivíduos e famílias ao longo do tempo, mantendo sempre postura pró-ativa frente aos problemas de saúde-doença da população; 36 Desenvolver atividades de acordo com o planejamento e a programação realizadas com base no diagnóstico situacional e tendo como foco a famíliae a comunidade; Buscar a integração com instituições e organizações sociais, em especial em sua área de abrangência, para o desenvolvimento de parcerias; Ser um espaço de construção de cidadania. De acordo com Louvison (2009) o Ministério da Saúde antes de promulgar o estatuto de 2002 realizou um debate e, através das Portarias GM/MS n. 702/2002 e SAS/MS n. 249/2002 estabeleceu as Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. Segunda a autora estas redes seriam organizas e comportas por Hospitais Gerais e Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, estes seriam ambientes adequados a oferecer diversas modalidades assistenciais bem como: internação hospitalar, atendimento ambulatorial especializado, hospital dia e assistência domiciliar, constituindo- se em referência para a rede de assistência à Saúde do Idoso. Ficou estabelecido também que a assistência ao portador de doença de Alzheimer, citado na (Portaria GM/MS n. 703/2002, SAS/MS 255/02 e GM/MS 843/02), seria referenciada nesses centros, para a prescrição dos medicamentos de alto custo. A Política Nacional de Saúde da pessoa Idosa foi revista e estabelecida no ano de 2006 pela (Portaria GM/MS n. 2.528/2006) cuja meta é a atenção à saúde adequada e digna para os idosos brasileiros principalmente os considerados frágeis e/ou vulneráveis, estabelecendo importante papel para a equipe de saúde da família. ((LOUVISON, 2009) Também no mesmo ano foi publicado o Pacto pela Saúde do SUS pela (Portaria GM/MS 399/2006), nesta a saúde do idoso é citada como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo no SUS. sendo as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (SAS, 2009) e do Pacto da Saúde: Promoção do envelhecimento ativo e saudável 37 Manutenção e recuperação da capacidade funcional Atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção Implantação de serviços de atenção domiciliar Acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado o critério de risco Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa Estímulo à participação e fortalecimento do controle social. Ainda assim segundo o Ministério da Saúde ( 2006) mesmo com todas estas medidas, o maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, mesmo com as progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Tal possibilidade tende a aumentar na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social e consegue reconhecer as potencialidades e o valor das pessoas idosas. O atendimento a elas já existe, porém de forma desordenada e fracionada com abordagem centrada na doença, é preciso buscar a manutenção da capacidade funcional e a autonomia do indivíduo idoso, preferencialmente junto à família e à comunidade em que vivem. (MINAS GERAIS, 2006) Pensar em saúde e acolhimento o cuidado significa uma relação amorosa para com a realidade, importa um investimento de zelo, desvelo, solicitude, atenção e proteção com aquilo que tem valor e interesse para nós. De tudo que amamos, também cuidamos e vice-versa. Pelo fato de sentirmo-nos envolvidos e comprometidos com o que cuidamos, o cuidado comporta também preocupação e inquietação. O cuidado e a cura devem andar de mãos dadas, pois representam dois momentos simultâneos de um mesmo processo. (BOFF, apud MINAS GERAIS, 2006, p.53) 38 3. HUMANIZAÇÃO 3.1 Conceito A humanização está vinculada aos direitos humanos, é um princípio que deve ser aplicado a qualquer aspecto do cuidado e se tratando de saúde é atender as necessidades do outro com responsabilidade, levando em conta seus desejos e interesses. (SILVA E BORGES, 2008) Humanizar é garantir a sua dignidade ética, para que o sofrimento humano e as percepções de dor no corpo e sofrimento sejam humanizados, estas descobertas só acontecem por meios pessoais de comunicação com o outro, depende da capacidade de saber falar e ouvir, do bom diálogo com nossos semelhantes. ( BUSS, 2000) Humanizar a assistência em saúde implica dar lugar tanto à palavra do usuário quanto à palavra dos profissionais da saúde, de forma que possam fazer parte de uma rede de diálogo que pense e promova as ações, as campanhas, os programas e as políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo e da solidariedade (PINOCHET E GALVÃO, 2010, p. 499) A humanização influencia na qualidade de vida e morte do ser que é cuidado. (SILVA E BORGES, 2008) 3.2 Humanizar para a alta hospitalar 39 A assistência oferecida nos hospitais cria dependências que dificultam o retorno do idoso ao lar. Assim, se por enfermidade o idoso precisar ser hospitalizado, o hospital, especificamente a equipe de enfermagem deve prepará-lo o mais eficientemente possível para que ele possa retornar ao lar em condições físicas, psíquicas e sociais de independência. (MARIN e ANGERAMI, 2002) A humanização para a alta hospitalar consiste no enfermeiro planejar programas e ações para o bem estar do idoso, sua capacidade funcional, sua inserção familiar e social de forma a mantê-lo o mais independente possível, contribuindo para a manutenção da sua dignidade. (SILVA E BORGES, 2008) E caso este idoso tenha uma “cuidador”, este muitas vezes parte da família, precisa estar preparado por profissionais da saúde para assumir a complexa assistência exigida, principalmente quando esse é dependente para as atividades de vida diária. (MARIN e ANGERAMI, 2002) Talvez o remédio mais eficaz em termos de cura seja a qualidade do relacionamento mantido entre o paciente e seus cuidadores, e entre o paciente e sua família. A qualidade curadora da relação terapêutica pode facilmente ser enfraquecida ou ameaçada quando reações emocionais (negação, raiva, culpa e medo) sentidas pelos pacientes, famílias ou cuidadores não são adequadamente trabalhadas. É claro que está no coração da relação terapêutica entre paciente e cuidadores o cuidado das necessidades de relação e sentido, bem como de uma comunicação honesta e verdadeira. (PESSINI, 2002, p. 64) Humanizar é acompanhar pessoas idosas frágeis, conhecer seus hábitos de vida, seus valores culturais, éticos e religiosos, bem como de suas famílias e da comunidade, e então oferecer atenção continuada às necessidades de saúde da pessoa idosa. (SILVA E BORGES, 2008) 40 4. PRINCIPAIS TRANSTORNOS A SAÚDE DA PESSOA IDOSA 4.1 Fatores Causadores dos Transtornos Na velhice ocorrem mudanças físicas, mentais e psicológicas, muitas causadas por fatores psicossociais como: perda de seus papéis sociais, sua autonomia, morte de entes queridos, saúde em declínio, isolamento social, situação financeira ruim e redução de capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica. Os principais transtornos são: os depressivos, cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool, alguns deles risco de suicídio e sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos. (KOCH E ROSA, 2011) 4.2 Demência e Transtornos Depressivos As funções mentais são gradualmente perdidas seus sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. O idoso começa a ter perturbações comportamentais como: agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, torna-se violento, grita, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações. As demências mais comuns são do tipo Alzheimer e demência vascular. Já o transtorno depressivo nos idosos é caracterizado por vários episódios repetidos, incluem sintomas de redução da energia e concentração, problemas com o sono, diminuiçãodo apetite, perda de peso e ênfase em queixas somáticas. .(KOCH E ROSA, 2011) 41 4.4 Transtornos do Humor e Ansiedade Os chamados sintomas da mania em idosos incluem: euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, impulsividade e muito frequente o consumo excessivo de álcool, ainda assim alguns idosos apresentam um comportamento hostil e desconfiado. Na ansiedade é comum: obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento que serve para anular uma obsessão) (KOCH E ROSA, 2011) 4.5 Transtornos somatoformes, uso de álcool e outras substâncias Os transtornos somatoformes incluem dores, náuseas e tonturas e não pode ser encontrada uma explicação médica adequada. Estes sintomas são suficientemente sérios e causam um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do idoso no seu espaço social e ocupacional, tornando se comum a hipocondria e até a dependência do álcool que tenha iniciado na idade adulta. O abuso destas drogas leva a incidência de quadros de demência, inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição. 42 5. PRINCIPAIS SÍNDROMES GERIÁTRICAS 5.1 Conceitos e Características A saúde da pessoa idosa é determinada pelo funcionamento harmonioso de seus domínios funcionais que são o humor, a mobilidade e a comunicação, porém com a idade mais avançada, existe a perda dessas funções resultando em síndromes geriátricas. (MORAES et al, 2010) As síndromes geriátricas, também chamadas de “IS” são: a Imobilidade, a Instabilidade a Incontinência, a Insuficiência Cerebral e a Iatrogenia. Essas possuem complexidade terapêutica, múltipla etiologia, não constitui risco de vida iminente, mas compromete severamente a qualidade de vida dos portadores e, muitas vezes até dos familiares. Elas podem se apresentar de maneira isolada ou associada e causa grande dano funcional ao idoso, impedindo que este desenvolva as suas atividades cotidianas. (MINAS GERAIS, 2006). Como segue: 5.2 Imobilidade A imobilidade é qualquer limitação do movimento de um indivíduo, esta em seu grau máximo é conhecida como síndrome de imobilização ou da imobilidade completa; ou seja, o idoso é completamente dependente, pois apresenta déficit cognitivo avançado, rigidez e contraturas generalizadas e múltiplas, afasia, disfagia, incontinência urinária e 43 fecal e úlceras de pressão. Torna uma pessoa que necessita de um cuidador em tempo integral. (MORAES et al, 2010) 5.3 Instabilidade Instabilidade postural leva o idoso à queda, o que representa um dos maiores temores em geriatria. (MORAES et al, 2010) As quedas e outros traumas causados pela instabilidade Postural, com suas repercussões, leva a grandes limitações para a vida e o bem- estar. Ainda assim, também limitações advindas das repercussões dessas quedas, como: a dificuldade para lidar com a insegurança e o medo de cair novamente, que acaba levando à reclusão e limitação para as atividades habituais.(MINAS GERAIS, 2006) 5.4 Incontinência A incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de urina queixada pelos idosos, uma prevalência que aumenta e varia com a idade. (MORAES et al, 2010) As principais consequências relacionadas à incontinência urinária são: insuficiência renal, Infecção do Trato urinário/ITU, sepse, aumento do risco de quedas e fraturas, maceração da pele e formação de feridas, além do isolamento social, da depressão e vergonha.(MINAS GERAIS, 2006) 44 5.5 Insuficiência Cerebral A Insuficiência Cerebral ou Incapacidade Cognitiva é o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de prejudicar a funcionalidade da pessoa. As principais etiologias da incapacidade cognitiva são: demência, depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia, oligofrenia e parafrenia. (MORAES et al, 2010) 5.6 Iatrogenia A Iatrogênia é qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica e que deve ser evitada. (MORAES et al, 2010). Não se restringe somente à prescrição de medicamentos ou à realização de procedimentos, mas também à omissões na abordagem de problemas, que possam ser suprimidos ou minimizados com o uso de medicamentos ou intervenções. (MINAS GERAIS, 2006) “O uso excessivo de medicamentos para tratar vários sintomas concomitantes no idoso pode desencadear sintomas indesejáveis e muitas vezes graves.”(MINAS GERAIS, 2006, p. 126) 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS De forma a atender os objetivos gerais e específicos propostos inicialmente o estudo salientou sobre a importância da educação à distância na área de saúde; esta que propicia conhecimentos, que vão capacitar à execução adequada do trabalho além das oportunidades de crescimento profissional, conduz à melhoria da assistência à saúde, promove satisfação no serviço e melhora as condições de trabalho, uma educação que concilia necessidades sentidas pelos profissionais de saúde com as normas institucionais. Trouxe também informações sobre as políticas públicas e epidemiologia aplicada à saúde da pessoa idosa, ou seja, a expectativa de que no ano de 2050 existirão mais idosos do que crianças abaixo de 15 anos de idade; idosos estes que passarão por um processo irreversível de deteriorização de seu organismo, próprio a todos os seus e que certamente como todo cidadão tem direito ao acesso a serviços adequados às necessidades de saúde individuais e coletivas, assim como a atenção dos profissionais no enfoque englobando a prevenção e a detecção precoce dos agravos à saúde. Idosos estes que consomem mais serviços de saúde dado as condições manifestadas pela idade, mas que se apóia no estatuto do idoso e uma política pública de saúde com foco no envelhecimento para a promoção, prevenção e recuperação da saúde desta população. O estudo mostrou que na velhice ocorrem mudanças físicas, mentais e psicológicas, muitas causadas por perda de seus papéis sociais, sua autonomia, morte de entes queridos, saúde em declínio, isolamento social, situação financeira ruim e redução de capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica. Com isso ocorre os principais trantornos: depressivos, cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool, risco de suicídio e sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos; ainda assim ocorrem as principais síndromes 46 geriátricas , tais como: a Imobilidade, a Instabilidade a Incontinência, a Insuficiência Cerebral e a Iatrogenia. Síndromes que possuem complexidade terapêutica, múltipla etiologia, não constitui risco de vida iminente, mas compromete severamente a qualidade de vida dos portadores e, muitas vezes até dos familiares. Estes idosos precisam de atenção de humanização, assim o estudo salientou que a humanização está vinculada aos direitos humanos; é o princípio do cuidado, em relação à saúde é atender as necessidades do outro com responsabilidade, levando em conta seus desejos e interesses, é garantir a sua dignidade ética, para que o sofrimento humano e as percepções de dor no corpo e sofrimento sejam humanizados; e o remédio mais eficaz para a e cura é a qualidade do relacionamento mantido entre o paciente e seus cuidadores, e entre o paciente e sua família. Assim consideramos que a humanização para a alta hospitalar, consiste no enfermeiro planejar programas e ações para o bem estar do idoso, sua capacidade funcional, sua inserção familiar e social de forma a mantê-lo o mais independente possível, contribuindo para a manutenção da sua dignidade 47 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. P; ROCHA, J. S. Y. O Saber da enfermagem e sua dimensão prática. SãoPaulo: Cortez, 1986. ARETIO G. 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