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Unidade I e II - Tendências em Tecnologia da Informação

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1 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO E GOVERNANÇA DE TI 
 
 
 
 
 
Tendências em Tecnologia da Informação e 
Comunicação 
 
 
Prof. Msc. Apostolos Antonopoulos 
 
Unidade I e II 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Minicurrículo - Mestre em Administração na linha de pesquisa de Inovação e 
Conhecimento, Especialista em Gestão de E-Commerce e Business Intelligence, 
Graduado em Tecnologia de Banco de Dados Oracle. 
Atua desde 1993 como empreendedor e consultor na área de Tecnologia da 
Informação para o segmento de PMEs (Pequenas e Médias Empresas) em soluções 
inovadoras de tecnologia. Atuando na parte de treinamento e integração tecnológica, 
desde do desenvolvimento de software até implementação de infraestrutura de TI. 
É professor dos cursos da escola de engenharia e tecnologia da Universidade Paulista 
UNIP tendo passando por outras instituições de ensino superior e técnico da cidade 
de São Paulo e Guarulhos. 
Como palestrante, já participou de uma série de temos ligados a Transformação 
Digital, Sustentabilidade e Inovação Educacional incluindo participação em eventos 
nacionais como o IT Fórum X promovido pela IT Mídia. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 5 
UNIDADE I .......................................................................................................................................... 7 
1. EVOLUÇÃO INDUSTRIAL E TECNOLOGIA ...................................................................................... 7 
1.1 A Inovação e seus tipos ......................................................................................................... 9 
1.2 A classificação das inovações ............................................................................................. 12 
2. INTRODUÇÃO A INDÚSTRIA 4.0..................................................................................................16 
2.1 Contexto Histórico .............................................................................................................. 16 
2.1 Revolução Digital ................................................................................................................ 18 
2.2 Componentes da Indústria 4.0 ............................................................................................ 22 
2.3 Princípios de Design da Indústria 4.0 .................................................................................. 25 
3. DESAFIOS DA INDÚSTRIA 4.0 .....................................................................................................28 
3.1 Possíveis Soluções ............................................................................................................... 32 
4. PANORAMA INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA 4.0.......................................................................35 
4.1 Indústria 4.0 na Alemanha ................................................................................................. 35 
4.2 Indústria 4.0 na China ......................................................................................................... 36 
4.3 Indústria 4.0 no Japão ........................................................................................................ 36 
4.4 Indústria 4.0 na Coreia do Sul ............................................................................................. 37 
4.5 Indústria 4.0 nos Estados Unidos ........................................................................................ 38 
4.6 Indústria 4.0 no Reino Unido .............................................................................................. 40 
4.7 Indústria 4.0 em outros países ............................................................................................ 41 
5. PANORAMA NACIONAL DA INDÚSTRIA 4.0 ................................................................................42 
5.1 Iniciativas no Brasil para Indústria 4.0 ............................................................................... 43 
UNIDADE II ........................................................................................................................................46 
6. TECNOLOGIAS HABILITADORAS .................................................................................................46 
7. COMPUTAÇÃO EM NUVEM ........................................................................................................47 
7.1 Infraestrutura como Serviço (IaaS) ..................................................................................... 47 
7.2 Plataforma como Serviço (PaaS) ........................................................................................ 48 
7.3 Software como Serviço (SaaS) ............................................................................................ 49 
7.4 Os modelos de Computação em Nuvem ............................................................................. 50 
7.5 Computação em Nuvem para Indústria 4.0 ........................................................................ 51 
8. INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS ........................................................................................................56 
 
 
8.1 Comunicação em Tempo Real ............................................................................................ 56 
9. IOT (INTERNET DAS COISAS) .......................................................................................................61 
9.1 IIoT (Internet Industrial das Coisas) .................................................................................... 62 
10. SISTEMAS CIBERFÍSICOS (CPS) ................................................................................................63 
11. BIG DATA E A INDÚSTRIA 4.0 .................................................................................................65 
11.1 Aplicações do Big Data na Indústria 4.0. ............................................................................ 65 
11.2 Impactos do Big Data na Indústria 4.0 ............................................................................... 69 
11.3 Arquitetura Big Data e Analytics ........................................................................................ 72 
11.4 Ciência de Dados e Aprendizado de Máquina .................................................................... 74 
11.5 Tecnologia de banco de dados de em memória ................................................................. 75 
11.6 Lagos de dados e banco de dados NoSQL ........................................................................... 76 
11.7 Blockchain ........................................................................................................................... 76 
12. ROBÔS NA INDÚSTRIA 4.0 .....................................................................................................77 
12.1 Robótica em Nuvem (Cloud Robotics) ................................................................................ 77 
12.2 O uso de IA em Robôs ......................................................................................................... 78 
12.3 Robôs Colaborativos (Cobots) ............................................................................................. 80 
13. REALIDADE AUMENTADA E VIRTUAL .....................................................................................82 
13.1 Dispositivos para Realidade Aumentada ............................................................................ 85 
13.1 Realidade Virtual ................................................................................................................ 85 
13.2 Realidade Mista .................................................................................................................. 86 
14. CIBER SEGURANÇA .................................................................................................................8714.1 Princípios da Ciber Segurança ............................................................................................ 87 
14.2 Medidas de Ciber Segurança .............................................................................................. 88 
15. MANUFATURA ADITIVA .........................................................................................................90 
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................93 
ANEXO A – INICIATIVAS EUROPEIAS INDÚSTRIA 4.O .........................................................................95 
 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
 
As 3 primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, 
as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando 
a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do 
desenvolvimento econômico. A quarta revolução industrial, que terá um 
impacto mais profundo e exponencial, se caracteriza, por um conjunto de 
tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico como 
tendência para o século XXI. 
A Quarta Revolução Industrial, como também é conhecida, se utiliza de 
diversos tipos de tecnologias habilitadoras que formam um conjunto combinado 
de tecnologias de forma colaborativa para atender seus objetivos e eficiência e 
eficácia. São exemplos de tecnologias habilitadoras: Big Data; Inteligência 
Artificial; Computação em Nuvem; Robôs; Simulação e Realidade Virtual ou 
Aumentada; Internet das Coisas, Blockchain e Cibersegurança. 
Juntamente com os avanços tecnológicos surgem também grandes 
desafios e no caso da Indústria 4.0 esses desafios são maiores e impactam 
diretamente o modo de vida que conhecemos, principalmente no que diz 
respeito a força de trabalhos e as ofertas de emprego. Tais impactos 
socioeconômicos devem ser levados em consideração para criação de 
estratégias e ações sustentáveis, tanto para o negócio, como para o ambiente 
em que está inserido. 
Já aqui no Brasil a falta de conhecimento sobre o assunto e o baixo 
avanço tecnológico tem levado o país a cair no ranking de eficiência da 
inovação, no índice global de inovação dos países mais inovadores o Brasil 
ocupava em 2017 a 69ª posição, segundo dados do estudo promovido pela 
Universidade Cornell, INSEAD e OMPI, divulgado pelo Ministério da Indústria, 
Comércio e Serviços e pela Associação Brasileira de Desenvolvimento 
Industrial (ABDI). 
Portanto, se faz necessário a divulgação e a disseminação do 
conhecimento na Indústria 4.0 e das suas tecnologias habilitadoras como meio 
de responder aos desafios futuros e elevar o crescimento e a eficiência 
tecnológica brasileira, sem deixar os possíveis impactos gerados de lado. 
 
6 
Na Unidade I se apresentam os conceitos de inovação e os elementos 
que formam os pilares da Indústria 4.0 são apresentados para que se 
compreenda como esse novo paradigma foi sendo concebido a partir das 
inovações. Na Unidade II pode-se estudar as principais tecnologias inovadoras 
e que serão tendências para os próximos anos. 
Na concepção desse livro-texto buscou-se alinhar a teoria das pesquisas 
científicas e acadêmicas combina com os principais fornecedores de tecnologia 
do mercado. O item SAIBA MAIS... presente neste livro-texto, se faz referência 
a conteúdos complementares de muita valia, como vídeos, artigos, publicações 
técnicas de extrema relevância. 
Por fim, convido você aluno da UNIP a embarcar nessa viagem rumo ao 
futuro, vamos em frente e bons estudos! 
 
7 
UNIDADE I 
 
1. EVOLUÇÃO INDUSTRIAL E TECNOLOGIA 
 
Ao longo de toda nossa história é possível verificar que todo avanço industrial 
esteve ligado a algum tipo de inovação. Essas inovações impulsionaram o surgimento 
de novas empresas que entraram em cena tornando a competitividade mais acirrada. 
Com a maturidade industrial, os produtos tornam-se mais padronizados e o cenário 
competitivo é caracterizado pela concorrência baseada na eficiência (CUCCULELLI; 
PERUZZI, 2020). 
Cucculelli e Peruzzi (2020) destacam que, existe um forte vínculo entre 
inovação tecnológica e desempenho de sucesso das empresas. A inovação cria novos 
conhecimentos e permite às empresas desenvolver novos produtos, aumentar a 
produtividade, permanecer competitivas e garantir a sobrevivência a longo prazo. 
A relação entre as inovações tecnológicas e as revoluções industriais já foram 
percebidas por pesquisadores como Nikolai Kondratiev (1892-1938) e por Joseph 
Schumpeter (1883-1950), ambos economistas e pensadores brilhantes. Schumpeter 
continuou o trabalho de Kondratiev denominando-o como Ciclo de Kondratiev (ou 
Ciclo Longo, originalmente). 
O Ciclo de Kondratiev, demonstra a prosperidade econômica, sempre advinda 
de uma grande crise (depressão) que só pode ser superada com a chegada de novas 
tecnologias (inovações) que impulsionam a retomada do crescimento. 
Para isso adotou-se as quatro estações para indicar os diferentes momentos e 
subida e descida da onda: Primavera (S de Spring), para retomada do crescimento; 
Verão (Sm de Summer), para o ápice do crescimento; Outono (F de Fall) para início 
da recessão e Inverno (W de Winter) para representar a depressão profunda até o 
surgimento de uma nova primavera (Figura 1 – Ciclo de Kondratiev). 
 
 
 
8 
Figura 1- Ciclo de Kondratiev 
 
Fonte: Global Research – Center for Research of Globalisation1 
 
Portanto, ao analisarmos o pico de cada onda apresentado no gráfico, podemos 
ver a tecnologia que impulsionou a retomada do crescimento econômico. Nesse 
sentido, Schumpeter (1946), observa que no Outono (F) e no Inverno (W), muitas 
empresas são destruídas, pois não conseguem se adaptar a nova tecnologia 
emergente. 
Porém, novas empresas que conseguem incorporam essas tecnologias, geram 
inovações em seus produtos e serviços criando novos mercados. Esse fenômeno é 
chamado por Schumpeter de “Destruição Criadora” ou “Destruição Criativa”. 
A Figura 2 – Ondas de Destruição Criadora, ilustra como a sociedade passou 
por fases de significativa intensidade de inovação. Essas são ondas de destruição 
criadora que Joseph Schumpeter introduziu na economia para dar conta dos aspectos 
do crescimento econômico impulsionados pela inovação. 
 
 
 
1 Disponível em https://www.globalresearch.ca/nikolai-kondratiev-s-long-wave-the-mirror-of-the-
global-economic-crisis/11161. Acesso em: 01 mai. 2020. 
https://www.globalresearch.ca/nikolai-kondratiev-s-long-wave-the-mirror-of-the-global-economic-crisis/11161
https://www.globalresearch.ca/nikolai-kondratiev-s-long-wave-the-mirror-of-the-global-economic-crisis/11161
 
9 
Figura 2 - Ondas de Destruição Criadora 
 
Fonte: Site Understanding Innovation2 
 
Nesse novo olhar sobre o estudo de Kondratiev, Schumpeter demonstra que o 
ciclo de inovações vem encurtando ao longo dos anos o que demandaria, maior 
capacidade das empresas em se adaptar ao novo paradigma de inovação tecnológica. 
 
1.1 A Inovação e seus tipos 
 
Muito se fala em termos de inovação, que as empresas precisam inovar, que 
estudantes e profissionais devem estar atentos as inovações tecnológicas e devem 
propor inovações, que as inovações impulsionam os mercados regionais e os países, 
mas efetivamente – O que é inovação? Quais os tipos de inovação? 
Para Schumpeter (1997) invenção é diferente de inovação, para ele, uma 
invenção surge a partir de uma ideia, esboço ou modelo para um novo ou melhorado 
produto, processo ou sistema, porém, uma inovação, no sentido econômico é 
completa quando há uma transação comercial envolvendo a invenção e assim 
gerando valor. 
Em suma, podemos afirmar que nem toda invenção é uma inovação, mas a 
inovação pode ser originária de uma invenção. Na visão Schupeteriana, a inovação 
tecnológica cria uma rupturano sistema econômico, alterando os padrões de 
produção e criando diferenciação para as empresas (SCHUMPETER, 1997). 
Tal diferenciação é o que motiva as organizações a inovarem, nesse sentido o 
Manual de Oslo complementa. 
 
2 Disponível em https://understandinginnovation.blog/2016/09/13/cities-companies-and-innovation-
accelerate/. Acesso em: 01 mai. 2020. 
https://understandinginnovation.blog/2016/09/13/cities-companies-and-innovation-accelerate/
https://understandinginnovation.blog/2016/09/13/cities-companies-and-innovation-accelerate/
 
10 
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) 
novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo 
método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas 
de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações 
externas (OCDE, 2005, p.55). 
 
A 4ª edição do Manual de Oslo (OECD, 2018), agrupa os quatro tipos de 
inovação (Produto, Processo, Marketing e Método Organizacional) em apenas dois a 
saber: 
 Inovação de Produto - Uma inovação de produto é um bem ou serviço 
novo ou aprimorado que difere significativamente dos bens ou serviços 
anteriores da empresa e que foi introduzido no mercado; 
 Inovação de Processo de Negócio - Uma inovação de processo de 
negócio é um processo de negócios novo ou aprimorado para uma ou 
mais funções de negócios que diferem significativamente dos processos 
de negócios anteriores da empresa e que foram usados na empresa. 
 
O que faz sentido, já que um processo de negócio é utilizado em toda a 
organização para melhoria da eficiência e eficácia das diversas áreas da empresa. A 
inovação tecnológica de um produto ou serviço obedece a um determinado padrão. 
 
Saiba Mais: No link a seguir e possível ter acesso a todas as versões do Manual de 
Oslo sobre inovações, tanto versões em português como em outros idiomas: 
https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/indicadores/detalhe/Manuais/Manuais.html 
 
Na ótica de Schumpeter (1997) a inovação tecnológica, incorporada a um 
produto ou serviço, cria uma ruptura no sistema econômico, tirando-a do estado de 
equilíbrio, alterando, desta forma, padrões de produção e criando diferenciação para 
as empresas. 
Nesse processo de inovação, Schumpeter (1997) nos mostra três fases 
distintas do processo de inovação a saber: 
 Invenção – que é a ideia que pode ser explorada comercialmente 
(criação de um novo produto ou serviço); 
 Inovação – que se trata da própria exploração comercial da invenção 
(produto ou serviço inovador sendo comercializado); 
https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/indicadores/detalhe/Manuais/Manuais.html
 
11 
 Difusão – propagação de novos produtos e processos pelo mercado 
(momento em que a concorrência imita os produtos e serviços 
inovadores). 
 
Sobre difusão da inovação Kaminski (2011) fazendo uma análise sobre a teoria 
da difusão da inovação tecnológica do Prof. Everett M. Rogers , apresenta seu modelo 
intitulado Curva de Sino de Difusão da Inovação Tecnológica em relação a adoção 
das inovações tecnológicas (Figura 3). 
 
Figura 3 - Curva de Sino da Difusão da Inovação Tecnológica 
 
Fonte: Extraída e adaptada de Kaminski (2011). 
 
As cinco categorias dos grupos apresentados trazem consigo algumas 
características a saber (KAMINSKI, 2011): 
1º – Inovadores (Entusiastas em tecnologia) – São aventureiros; assumem 
riscos; compreendem e aplicam conhecimento técnico complexo para compensar o 
alto grau de incerteza inerente as inovações; motivados por uma ideia ou em serem 
agentes de mudança; 
2º – Adontantes (Visionários) – Ditam tendências, funcionando como líderes 
de opinião; servem de modelo de referência e são respeitados pelos seus pares; tem 
o desejo de revolucionar a competição na indústria, sendo pioneiros em suas ações; 
3º – Maioria inicial (Pragmáticos) – Confortáveis com mudanças evolutivas 
práticas, visando ganho de produtividade; desejam aplicações comprovadas e 
serviços confiáveis; não apreciam a complexidade; escolhem a mesma solução 
tecnológica já comprovada por outros (aversão a risco); por prudência, desejam 
manter-se dentro do orçamento; seus progressos são lentos, porém estáveis. 
 
12 
4º – Maioria tardia (Conservadores) – Motivados pela necessidade de 
estarem no mesmo patamar de seus concorrentes ou tendências certificadas em uma 
indústria; agem em função de uma necessidade econômica; geralmente pouco 
empolgados com a tecnologia; confiam em um único conselheiro; requerem soluções 
à prova de falhas; muito sensíveis a custo e muito cautelosos. 
5º – Retardatários (Céticos) – Isolados dos líderes de opinião; tem o passado 
como referência (as formas como as coisas sempre foram feitas); desconfiam de 
inovações; processo decisório para adotar inovações é longo, tradicional e com limite 
de recursos; desejam manter o status quo; encaram a tecnologia como um obstáculo 
para as operações e costumam investir em tecnologia somente quando todas as 
outras alternativas são piores. 
 
Saiba Mais: Assista ao vídeo no link abaixo para maior compreensão da Teoria da 
Difusão da Inovação. https://www.youtube.com/watch?v=l6KwMVsZPy8 
 
 
1.2 A classificação das inovações 
 
Schumpeter (1997), faz uma distinção entre duas classificações sobre 
inovações: as inovações incrementais e as de natureza disruptiva ou de ruptura, 
chamada de inovações radicais. Outros autores contemporâneos ao Schumpeter, 
acrescentam outras variantes a essa classificação das inovações. 
O trabalho de Hendersen e Clarke (1990), com um olhar sobre a indústria e 
percorrendo os autores considerados Neo Schumpeterianos, consegue apresentar 
quatro divisões da natureza dessas inovações que são complementares a visão 
schumpeteriana sobre as inovações incrementais e radicais, são elas: 
1 – Inovação Incremental - Introduz mudanças relativamente pequenas no 
produto existente (melhorias); explora o potencial do projeto estabelecido 
(necessidades dos clientes são conhecidas); reforça a dominância das empresas 
estabelecidas tendo baixa relação com descobertas (invenções) com o objetivo a uma 
estabilidade duradoura. Por exemplo, aumentar a capacidade de armazenamento do 
disco rígido de um computador. 
2 – Inovação Radical – Baseada em princípios científicos e de engenharia 
(ciência básica e revolucionária); permite o surgimento de novos mercados e 
https://www.youtube.com/watch?v=l6KwMVsZPy8
 
13 
aplicações potenciais; cria grandes dificuldades para as empresas estabelecidas; 
sendo a base para a entrada bem-sucedida de novas empresas ou até mesmo da 
redefinição de uma indústria (destruição criadora). Por exemplo, o surgimento da 
Internet que propiciou o surgimento de novos mercados e empresas bem-sucedidas 
como Google, Amazon, Facebook e outras. 
3 – Inovação Arquitetural – Nessa classificação, a criação de um produto, 
visto como um sistema, o conhecimento sobre os componentes do sistema ou 
subsistemas permanece inalterado, porém a forma de combiná-los, interliga-los se 
modifica gerando uma nova arquitetura, consequentemente gerando um produto 
novo. Por exemplo a criação do notebook, utiliza basicamente os mesmos 
componentes de um desktop, porém a arquitetura é outra. 
4 – Inovação Modular – Se é possível manter o conhecimento dos 
componentes e alterar a arquitetura o contrário também é verdadeiro, pode-se manter 
uma arquitetura e apenas evoluir um módulo (conjunto de componentes) da 
arquitetura conhecida. Por exemplo, a adoção do módulo de injeção eletrônica em 
veículos automotivos. A arquitetura do veículo é a mesma, porém o módulo (conjunto 
de componentes) da injeção eletrônica é totalmente novo. 
Na mesma linha, Bessant e Tidd (2019), destacam essa ideia de produto de 
inovação sobre a ótica de componente e de sistemas, sem descartar as inovações 
incrementais e radicais, como mostra a Figura 4.Figura 4 - Classificação das Inovações 
 
Fonte: Extraída de Bessant e Tidd (2019). 
 
14 
Uma outra forma de inovação, que não necessariamente está ligada a 
produção de um produto com base em componentes, módulos ou arquitetura é tratada 
pelo professor Clayton Christensen, que cunhou o termo inovação disruptiva. 
Christensen e Raynor (2003) propuseram a utilização do termo inovação 
disruptiva no lugar de tecnologias disruptivas, pelo fato que as tecnologias em si não 
causam o impacto de perturbação no mercado, mas sim a forma como essa tecnologia 
é explorada pelas empresas. 
Isso significa que a capacidade que a empresa adquiri em utilizar uma 
tecnologia inovadora em um novo modelo de negócio, causaria uma disrupção 
(ruptura) do mercado, levando a empresa obter vantagem competitiva em relação a 
concorrência. 
Christensen (2012) afirma que as inovações disruptivas são essenciais para a 
redução de custos, para ampliar o acesso a determinadas tecnologias e melhorar 
a qualidade (em diversos aspectos) em todos os setores e acrescenta, que as 
principais razões para o fracasso das grandes organizações normalmente estão 
relacionadas com a ocorrência de inovação disruptiva no mercado em que atuam. 
Com base no que foi exposto é possível analisar o caso Netflix® vs. Blockbuster 
(Figura 5 – Netflix vs Blockbuster). 
 
Figura 5 - Netflix vs Blockbuster 
 
Fonte: Cloud Technology Partner3 
 
3 Disponível em https://www.cloudtp.com/doppler/disrupted-or-disrupter-which-one-will-you-be/. 
Acesso em: 02 mai. 2020. 
https://www.cloudtp.com/doppler/disrupted-or-disrupter-which-one-will-you-be/
 
15 
Nota-se que a NETFLIX®, não foi a pioneira em utilizar a tecnologia distribuição 
digital de conteúdo (transmissão audiovisual por streaming ou download). A primeira 
empresa a popularizar o streaming online foi a Progressive Networks, criadora do Real 
Audio, na primeira metade da década de 1990 junto com a Real Networks, segundo a 
Zoeweb (2018). 
Porém, o modelo de negócio da NETFLIX® permitiu oferecer, em 2007, a sua 
plataforma de streaming o mesmo resultado, assistir filmes, a um custo menor e com 
o diferencial de comodidade, já que o cliente não precisaria se deslocar para alugar o 
filme em uma mídia física (Fita VHS, CD, DVD, Blu-ray) como no modelo oferecido 
pela Blockbuster. 
Tecnologias de ruptura normalmente possibilitam o surgimento de 
novos mercados. Existe forte evidência de que empresas que entram 
mais cedo nesses mercados emergentes têm as vantagens 
significativas do primeiro proponente sobre os últimos estreantes 
(CHRISTENSEN, 2012, p. 30). 
Mas não foi só a tecnologia de streaming que levou a NETFLIX® ser a empresa 
que se tornou, como visto na Figura 5. Na verdade, a empresa se aproveita de 
diversas tecnologias para se desmaterializar, tendência conhecida hoje, como 
transformação digital e que se apresenta como forte característica na Indústria 4.0. 
 
 
 
Saiba Mais: Leia um pouco mais sobre como a tecnologia streaming revolucionou 
Hollywood e os canais de TVs, clicando no link abaixo. 
https://exame.abril.com.br/revista-exame/como-a-revolucao-do-streaming-mudou-os-
negocios-das-tvs/ 
 
 
 
https://exame.abril.com.br/revista-exame/como-a-revolucao-do-streaming-mudou-os-negocios-das-tvs/
https://exame.abril.com.br/revista-exame/como-a-revolucao-do-streaming-mudou-os-negocios-das-tvs/
 
16 
2. INTRODUÇÃO A INDÚSTRIA 4.0 
 
A Quarta Revolução Industrial como também é conhecida a Industria 4.0, 
assim, como visto anteriormente faz parte de uma nova onda inovadora capaz de 
reconfigurar todo o mercado, países e suas economias. 
Schwab (2016) nos apresenta que o fenômeno da Indústria 4.0 foi mencionado 
pela primeira vez em 2011 na Alemanha como uma proposta para o desenvolvimento 
de um novo conceito de política econômica alemã, baseado em estratégias de alta 
tecnologia. 
Marcada pelos processos completos de automação e digitalização com o uso 
de eletrônicos e tecnologias da informação (TI) na fabricação de produtos e na criação 
de serviços em um ambiente privado. (ROBLEK et al., 2016). 
Para Matt et. al (2020) o foco da Indústria 4.0 é combinar produção, tecnologia 
da informação e internet. Assim, as mais recentes tecnologias de informação e 
comunicação são utilizadas na Indústria 4.0 em conjunto com processos industriais 
tradicionais. 
A quarta revolução industrial, no entanto, não diz respeito apenas a 
sistemas e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito 
mais amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente 
em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a 
nanotecnologia, das energias renováveis à computação quântica. O 
que torna a quarta revolução industrial fundamentalmente diferente 
das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os 
domínios físicos, digitais e biológicos (SCHWAB, 2016 p.16). 
 
2.1 Contexto Histórico 
 
Para Schwab (2016) o termo revolução, é sempre uma palavra que denota uma 
mudança drástica, radical, uma ruptura dos paradigmas conhecidos. Nesse contexto, 
o autor traça uma linha do tempo, apresentando as revoluções industriais atreladas 
às tecnologias inovadoras (ou inovações radicais), a saber: 
 A primeira revolução industrial que ocorre entre 1760 é 1840 é apoiada 
nas tecnologias, como ferrovias e a invenção da máquina a vapor, que 
dá início a produção mecânica. 
 
17 
 A segunda revolução industrial que se inicia no final do século 19 entrou 
no século 21 marcada pela utilização da eletricidade, que possibilitou a 
produção em massa por linha de produção. 
 Na terceira revolução industrial que começa na década de 60 também 
apelidada de revolução digital ou computacional, impulsionada pelo 
desenvolvimento de semicondutores presentes nos Mainframes, nos 
computadores pessoais entre as décadas de 70 e 90 e com o surgimento 
da internet na década de 90. 
 Na quarta revolução industrial, Schwab (2016) é fundamentada na 
revolução digital, caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, 
com a utilização de sensores menores e mais poderosos que se 
tornaram mais baratos e pela inteligência artificia, como mostra a Figura 
6 – Revoluções Industriais. 
 
Figura 6 - Revoluções Industriais 
 
Fonte: ANADI Consultoria – O que é a Industria 4.04 
 
Para Schwab (2016), são três as razões que o fazem crer que estamos diante 
de uma quarta revolução industrial, são elas: 
 
4 Disponível em http://anadi.com.br/o-que-e-industria-4-0-saiba-mais/ . Acesso em: 05 abr. 2020. 
http://anadi.com.br/o-que-e-industria-4-0-saiba-mais/
 
18 
1. Velocidade: que ao contrário das revoluções industriais anteriores, esta 
evolui em um ritmo exponencial e não linear. 
2. Amplitude e profundidade: ela tem a revolução digital (transformação 
digital) como base e combina várias tecnologias, levando a mudanças 
de paradigma sem precedentes da economia, dos negócios, da 
sociedade e dos indivíduos. 
3. Impacto sistêmico: ela envolve a transformação de sistemas inteiros 
entre países e dentro deles, em empresas, indústrias e em toda 
sociedade. 
 
2.1 Revolução Digital 
 
 Retomando o item sobre a quarta revolução industrial foram apresentados 
alguns conceitos importantes que não são novos, mas hoje são úteis, como apontado 
por Schwab, são os conceitos de computação móvel e ubíqua, que terá muita 
importância para compreensão do tema Indústria 4.0, em específico sobre a 
tecnologia habilitadora conhecida como IoT – Internet of Things (Internet das Coisas), 
por exemplo. 
 
2.1.1 Computação Móvel, Pervasiva e Ubíqua 
 
Para Cirillo (2008) a computação móvel consiste na capacidade de diferentes 
dispositivos em sistemas computacionais distribuídos se comunicarem entre si através 
de uma rede de comunicação sem fio, permitindo a sua mobilidade. Esseaumento na 
capacidade de mover fisicamente os recursos computacionais juntamente com o 
usuário, transformam a computação numa atividade que pode ser carregada para 
qualquer lugar (móvel). 
O conceito de computação pervasiva (embora essa palavra não exista no 
idioma português brasileiro, ela vem sendo adotada em trabalhos acadêmicos-
científicos) implica que o computador está encapsulado (embarcado) ao ambiente de 
forma invisível para o usuário. Na interação do o usuário nesse ambiente, o sistema 
computacional agirá de forma “inteligente” se adaptando a movimentação deste, o que 
requer a utilização massiva de sensores e serviços computacionais (CIRILO, 2008). 
 
19 
A computação ubíqua, por sua vez, integra mobilidade em larga escala com a 
funcionalidade da computação pervasiva (Figura 6) isto é, qualquer dispositivo 
computacional poderá interagir com um agente humano. Assim, será possível 
construir, dinamicamente, modelos computacionais do ambiente em que o usuário 
está inserido e adaptar os serviços oferecidos dependendo da necessidade do 
usuário. 
 
Figura 6 - Relação entre computação pervasiva, ubíqua e móvel 
 
Fonte: Extraída de Cirilo (2008). 
 
O autor ainda nos convida a visão de Marc Weiser, idealizador da computação 
ubíqua. 
[...] no futuro, computadores estariam presentes nos mais comuns 
objetos do dia-a-dia: etiquetas de roupas, xícaras de café, 
interruptores de luz, canetas, etc, de forma invisível para o usuário. 
Neste mundo de Weiser, é necessário aprender a conviver com 
computadores, e não somente interagir com eles (CIRILO, 2008, p. 2). 
 
Saiba Mais: Assista ao vídeo no link abaixo para maior compreensão dos temas de 
computação móvel, pervasiva e ubíqua. 
https://www.youtube.com/watch?v=a6cNdhOKwi0&feature=youtu.be 
 
2.1.1 Transformação Digital 
 
O desenvolvimento econômico tem sido historicamente impulsionado pela 
dinamização dos fatores de produção e, nos últimos séculos, também pela 
intensificação das tecnologias. O impacto tecnológico que a economia digital está 
desenvolvendo são os novos recursos da infraestrutura da Internet e o potencial de 
tecnologias emergentes: computação em nuvem, big data, Internet das Coisas (IoT), 
cidades inteligentes ou indústria 4.0. 
https://www.youtube.com/watch?v=a6cNdhOKwi0&feature=youtu.be
 
20 
Essas tecnologias têm a capacidade de realizar a transformação digital nos 
setores industriais e de serviços tradicionais, levando ao surgimento de novos serviços 
digitais e produtos híbridos físico-virtuais, como visto anteriormente no item de 
Inovação Disruptiva (p.15 desse material). Para Roca (2014), a transformação digital 
é um processo que ainda não terminou. Todos os dias surgem inovações tecnológicas 
e mais e mais pessoas e dispositivos se juntam ao imenso fluxo de dados e interações 
que compõem a Internet atual. 
Nesse sentido, as principais decisões dos comitês de direção nos próximos 
anos estarão relacionadas à transformação digital de produtos e serviços, arquiteturas 
tecnológicas, implementação de organizações de redes virtuais ou desenvolvimento 
de novas formas de trabalhar combinando recursos internos e externos globalmente 
distribuído e virtualizado. Mas o que isso significa? O que uma empresa ganharia com 
isso? 
Para Roca (2014), a transformação digital não é apenas a conversão de um 
produto físico transformado em um serviço digital (Figura 7), por exemplo na indústria 
fonográfica produtos como os discos de vinil, CD/DVD das canções (produtos físicos), 
foram convertidos como um serviço digital de música, como fez a empresa Spotfy®. 
 
Figura 7 - Transformação Digital 
 
Fonte: Extraída e adaptada de Roca (2014) 
 
Para ou autor, os processos internos e o modelo de negócio também devem 
ser digitalizados, por exemplo, ao se utilizar a computação em nuvem a empresa 
obterá algumas vantagens como: 
A computação em nuvem elimina o gasto de capital com a compra de 
hardware e software, configuração e execução de datacenters locais, 
incluindo racks de servidores, disponibilidade constante de 
eletricidade para energia e refrigeração, além de especialistas de TI 
para o gerenciamento da infraestrutura (MICROSOFT, 2020). 
 
21 
Outros benefícios, segundo a Microsoft (2020), incluiriam: capacidade de 
dimensionamento elástico, que significa fornecer a quantidade adequada de recursos 
de TI conforme a necessidade; mais segurança da informação, ajudando a proteger 
os dados, os aplicativos e a infraestrutura contra possíveis ameaças e maior 
velocidade na alocação de recursos de TI, podendo ser implementado em minutos. 
Para Sacomano et al. (2018) empresas de base tecnológica, como Uber e 
Airbnb, conseguem criam modelos de negócio radicalmente inovadores que ameaçam 
os modelos tradicionais estabelecidos. No caso da Indústria, ao se somar a base 
existente de automação informatizada a uma modelo de negócios voltado à 
transformação digital temos o nascimento do conceito da Indústria 4.0, acrescenta. 
Então, a Indústria 4.0 é soma de diversas tecnologias? Não é a soma, mas a 
combinação de diversas tecnologias inovadoras para permitir uma mudança interna e 
externa na organização. Interna, para promover maior eficiência e eficácia dos 
processos, além de reduzir custos. Externa, para oferecer produtos e serviços 
inovadores para uma sociedade digital. A Figura 8, apresenta esse panorama de 
elementos que compõe a Indústria 4.0. 
 
Figura 8 – Relação de elementos da Indústria 4.0 
 
Fonte: Extraída de Nayyar e Kumar (2020). 
 
22 
 
Roca (2014) reforça que a Transformação Digital, inicialmente, pode ser 
entendida como uma vantagem de quem a adota, porém, num futuro próximo ela será 
necessária para garantir a sobrevivência do negócio. Para Hermann et. al. (2015) 
reforça. 
No futuro, as empresas estabelecerão redes globais que incorporam 
suas máquinas, sistemas de armazenamento e instalações de 
produção na forma de sistemas ciber-físicos (CPS). No ambiente de 
fabricação, esses sistemas ciber-físicos compreendem máquinas 
inteligentes, sistemas de armazenamento e instalações de produção 
capazes de trocar informações autonomamente, desencadeando 
ações e controlando-se independentemente. Isso facilita melhorias 
fundamentais nos processos industriais envolvidos na fabricação, 
engenharia, uso de materiais e gerenciamento da cadeia de 
suprimentos e do ciclo de vida de produtos (HERMANN et. al., 2015, 
p. 5) 
 
2.2 Componentes da Indústria 4.0 
 
Em sua revisão da literatura sobre a Indústria 4.0, Hermann et al. (2015) 
apontam quatro componentes fundamentais para composição desse novo paradigma, 
são eles: 
 
2.2.1 Sistemas Ciber-Físicos (Cyber-Physical Systems – CPS) 
 
São sistemas que permitem a fusão dos mundos físico e virtual (cibernético), 
através da conexão entre infraestruturas físicas com os elementos computacionais e 
comunicação de forma automatizada (Figura 9). Por exemplo, computadores e redes 
embarcados monitoram e controlam os processos físicos, de produção. O 
desenvolvimento do CPS é caracterizado por três fases. 
1- A primeira geração do CPS inclui tecnologias de identificação, como 
etiquetas RFID (tecnologia de rádio frequência), que permitem uma 
identificação exclusiva dos produtos. 
2- A segunda geração do CPS está equipada com sensores e atuadores com 
uma gama limitada de funções de controle. 
3- Os CPS da terceira geração podem armazenar e analisar dados, estão 
equipados com múltiplos sensores e atuadores para maior controle dos 
processos de produção. 
 
23 
Figura 9 - Sistemas Ciber-Físicos (CPS) 
 
Fonte: Extraída de Sacomano (2018). 
 
2.2.2 Internet das Coisas (Internet of Things - IoT) 
 
A IoT permite “'coisas' e 'objetos', como RFID, sensores, atuadores, telefones 
celulares e máquinas, interajam e cooperem entre si e com seus dispositivos vizinhos 
“inteligentes”, por meio de esquemas de endereçamento exclusivos,para atingir 
objetivos comuns. Com base na definição de CPS dada acima, "coisas" e "objetos" 
podem ser entendidos como elementos do CPS. Portanto, a IoT pode ser definida 
como uma rede em que o CPS coopera entre si. Exemplos de aplicação da IoT são 
as fábricas inteligentes (IIoT), casas e redes inteligentes. 
 
2.2.3 Internet dos Serviços (Internet of Services - IoS) 
 
A Internet dos Serviços (IoS) permite que fornecedores e parceiros ofereçam 
seus serviços via Internet de modo a combinar uma infraestrutura de serviços, 
modelos de negócios e os próprios serviços de forma colaborativa. Dessa forma, os 
serviços são oferecidos e combinados entre as partes interessadas, gerando serviços 
de valor agregado (co-criação de valor). 
Por fim, novos serviços são gerados e comunicados aos usuários e 
consumidores que poderão ser acessados e consumidos por diferentes meios digitais. 
Esse desenvolvimento permite uma nova maneira de distribuição das atividades 
individuais da cadeia de valor (desde o início do fornecimento até a entrega final ao 
cliente). 
 
24 
2.2.4 Fábrica Inteligente (Smart Factory) 
 
Com base nas definições fornecidas para o CPS e a IoT, a Fábrica Inteligente 
pode ser definida como uma fábrica na qual a combinação de todos os elementos 
acima apresentados são utilizados com o objetivo de auxiliar pessoas e máquinas na 
execução de suas tarefas. 
 Máquinas e equipamentos terão a capacidade de melhorar seus próprios 
processos através da auto otimização e da tomada de decisão autônoma, levando a 
redução de custos de produção e uma otimização dos processos envolvidos (ROBLEK 
et al., 2016). 
Além dos quatro componentes apresentados por Hermanm et al. (2015), 
Roblek et al. (2016) destaca outros elementos complementares, que são: os produtos 
inteligentes (smart products), cidades inteligentes (smart cities) e sustentabilidade 
digital (digital sustainability) – Quadro 1. 
 
Quadro 1 - Outros componentes da Indústria 4.0 
Produtos 
inteligentes 
Os produtos são inseridos com sensores e microchips que permitem a 
comunicação via IoT entre si e com os seres humanos. Carros, camisetas, 
relógios, sabão em pó etc. devem se tornar "inteligentes", pois seus fabricantes 
anexam sensores às embalagens que detectam quando o produto está sendo 
usado e podem se comunicar com os smartphones quando digitalizados. Os 
produtos inteligentes estão suscitando a questão da invasão da privacidade e, 
consequentemente, da segurança pessoal. 
 
Cidades 
inteligentes 
Cidade inteligente é definida como uma cidade que compreende seis fatores em 
sua política de desenvolvimento: economia inteligente, mobilidade inteligente, 
ambiente inteligente, pessoas inteligentes, vida inteligente e governança 
inteligente. É o produto do desenvolvimento acelerado da nova geração de TI e 
economia baseada no conhecimento, com base na combinação das redes: 
Internet, telecomunicações, de transmissão elétrica, banda larga sem fio e 
outras redes de sensores tendo como elemento centralizador a utilização da 
IoT. 
 
Sustentabilidade 
digital 
A sustentabilidade e a eficiência dos recursos estão cada vez mais no foco do 
projeto de cidades e fábricas inteligentes. É necessário respeitar as regras 
éticas ao usar informações privadas, por exemplo. Esses fatores são condições 
fundamentais como a base para desenvolve produtos e serviços de sucesso. 
 
Fonte: Adaptado de Roblek et al. (2016). 
 
Saiba Mais: Assista ao vídeo no link abaixo para maior compreensão do tema de 
componentes da Indústria 4.0. https://www.youtube.com/watch?v=_D5woJxfjXc 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=_D5woJxfjXc
 
25 
2.3 Princípios de Design da Indústria 4.0 
 
Para Hermann et al. (2015) existem seis princípios de design que auxiliam as 
empresas na combinação dos quatro componentes das Indústria 4.0, vistos 
anteriormente (Quadro 2 – Princípios de Design e Componentes da Indústria 4.0). 
Esses princípios de design apoiam as empresas na identificação de possíveis projetos 
pilotos, que podem ser implementados na ótica da Industria 4.0, são eles: 
1- Interoperabilidade – que permite que os Sistemas Ciber-Físicos de uma 
fábrica ou ambiente industrial (várias fábricas), possam se comunicar 
através da rede (Internet), mesmo envolvendo diversos fornecedores e 
parceiros. 
2- Virtualização – possibilita que os dados obtidos pelos Sistemas Ciber-
Físicos nos produtos e equipamentos sejam utilizados em modelos virtuais 
e em simulações, simulando comportamentos reais no ambiente virtual para 
possíveis detecção de falhas; 
3- Descentralização – a crescente demanda por produtos personalizados 
torna cada vez mais difícil controlar sistemas centralmente. A 
descentralização dos controles dos processos produtivos permite que os 
que o sistema CPS tome suas próprias decisões, portanto, o planejamento 
e controle central não são mais necessários. 
4- Capacidade em tempo real – Para tarefas de produção, é necessário que 
os dados sejam coletados e analisados em tempo real. Assim, o status da 
planta industrial é rastreado e analisado permanentemente. Caso exista a 
falha de uma máquina o sistema poderá redirecionar os produtos para outra 
máquina. 
5- Orientação a serviço – Todos os CPS oferecem suas funcionalidades 
como um serviço da Web, então os serviços da empresa, CPS e humanos 
estão a disposição na IoS (Internet dos Serviços) e podem ser utilizados por 
outros participantes internos ou externos, ou seja, além das fronteiras da 
empresa. 
6- Modularidade – Os sistemas modulares são capazes de se adaptar de 
maneira flexível às mudanças dos requisitos, substituindo ou expandindo 
módulos individuais. Portanto, os sistemas modulares podem ser facilmente 
 
26 
ajustados em caso de flutuações sazonais ou alterações nas características 
do produto. 
 
Quadro 2 - Princípios de Design e Componentes da Indústria 4.0 
 
CPS IoT IoS 
Smart 
Factory 
Interoperabilidade X X X X 
Virtualização X - - X 
Descentralização X - - X 
Capacidade em tempo real - - - X 
Orientação a serviço - - X - 
Modularidade - - X - 
Fonte: Adaptado de Hermann (2015, p.11) 
 
Sacomano et al. (2018) apresenta alguns exemplos de produtos inteligentes e 
serviços digitais associando-os com as tecnologias habilitadoras, como se segue: 
Os produtos fabricados também poderão ter sensores e atuadores, 
para que possam, em adição, enviar e receber informações, e serem 
comandados remotamente, como é o caso de uma televisão ou uma 
câmera de segurança, que poderia ser acionada de qualquer lugar do 
mundo em que houvesse sinal de internet. Assim, antes de chegar em 
casa, seria possível ligar as luzes da garagem e ligar a cafeteira pelo 
seu celular. Chamamos a isso de internet das coisas ou, em inglês, 
Internet of Things (IoT). Coisas tem o sentido de objetos, para mostrar 
que os objetos passarão a interagir com os humanos usando como 
meio de comunicação a internet (SACOMANO et al., 2018, p.31). 
Novos serviços também poderão ser oferecidos aos clientes, ao que se chama 
de internet de serviços ou Internet of Services (IoS). Por exemplo, o seu despertador 
inteligente poderia tocar antes do horário, pois recebeu a informação de que o 
caminho, que você usualmente segue para o trabalho está congestionado por um 
acidente e o caminho alternativo, que ele já traçou, requer que você acorde 
antecipadamente. 
Com relação a Inteligência Artificial (IA), a tomada de decisão será apoiada 
nessa tecnologia, o que exigirá maior preparo dos executivos que deverão ou não 
acatar as sugestões oferecidas pela IA, conforme o contexto, levando em 
consideração elementos emocionais e sentimentais (SACOMANO et al, 2018). 
 
27 
Roblek et al. (2016) acrescentam que a quarta revolução industrial será 
marcada pelos processos completos de automação e digitalização e pelo uso de 
eletrônicos e tecnologias da informação (TI) na criação de produtos e serviços em um 
ambienteprivado e que tecnologias como, a impressão 3D, serviços de vendas on-
line, serviços de controle de automóveis, exames médicos em casa, pedidos de 
alimentos enviados diretamente da loja para a geladeira, terão um impacto 
significativo nas mudanças de comportamento dos consumidores e de pequenas e 
médias empresas. 
Sacomano et al. (2018, p. 32) alerta, “Apesar de toda automação, de toda 
interconectividade, quem está na direção é o ser humano” e conclui - “esse mundo 
não está muito distante de nós. Traz muita novidade, mas também uma série de 
dúvidas e desafios”. 
 
Saíba Mais: Leia o capítulo 2 da obra: Indústria 4.0: Conceitos e Fundamentos, 
presente em Minha Biblioteca, para um aprofundamento nesse tema. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521213710/pageid/27 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521213710/pageid/27
 
28 
3. DESAFIOS DA INDÚSTRIA 4.0 
 
O trabalho embrionário de Frey e Osborne (2013), inspirado pela obra do 
economista americano John Maynard Keynes’s, que faz predição de que o avanço 
tecnológico promove o desemprego em massa, motivou os autores a investigar os 
impactos da automação excessiva. 
Para os autores, o fraco desempenho dos mercados de trabalho nas economias 
avançadas intensificou o debate sobre o desemprego tecnológico entre os 
economistas. Eles afirmam que, embora exista um desacordo sobre as forças 
motrizes por trás das taxas de desemprego persistentemente altas, vários estudiosos 
apontaram que os equipamentos controlados por computador, como uma possível 
explicação para o recente crescimento do desemprego (FREY; OSBORNE, 2013). 
Frey e Osborne (2013), constataram que o ritmo da inovação tecnológica ainda 
está aumentando, com tecnologias de software mais sofisticadas prejudicando os 
mercados de trabalho, tornando os trabalhadores rotineiros. 
Nesse sentido, o que chama a atenção, é que a informatização não está mais 
confinada às tarefas rotineiras de fabricação. Os carros autônomos sem motorista, 
desenvolvidos pelo Google, fornecem um exemplo de como as tarefas manuais em 
transporte e logística podem ser automatizadas em breve. 
Frey e Osborne (2013) apresentam alguns exemplos de como as tecnologias 
inovadoras adotadas pela Indústria 4.0, podem impactar o mercado de trabalho, como 
se segue: 
a) Com sensores aprimorados, os robôs são capazes de produzir mercadorias 
com maior qualidade e confiabilidade do que o trabalho humano. Por 
exemplo, a empresa El Dulze, uma processadora de alimentos espanhol, 
utiliza a robótica para coletar e rejeitar pés de alface de uma esteira, que 
não cumprem os padrões de qualidade definidos pela empresa. Isso se 
deve a utilização de sensores avançados que permitem aos robôs 
reconhecerem os padrões definidos. 
b) O Baxter, um robô de uso geral de US $ 22.000, fornece um exemplo bem 
conhecido. O robô possui uma tela de LCD exibindo um par de olhos que 
assumem expressões diferentes, dependendo da situação. Quando o robô 
é instalado pela primeira vez ou precisa aprender um novo padrão, 
nenhuma programação é necessária. Um trabalhador humano 
 
29 
simplesmente guia os braços do robô pelos movimentos que serão 
necessários para a tarefa. O Baxter então memoriza esses padrões e pode 
comunicar que entendeu suas novas instruções. Embora a flexibilidade 
física do Baxter se limite a executar operações simples, como pegar objetos 
e movê-los, diferentes mecanismos podem ser instalados em seus braços, 
permitindo que o Baxter execute um conjunto relativamente amplo de 
tarefas manuais a baixo custo. 
Os avanços tecnológicos e a sua popularização estão contribuindo para a 
redução de custos em robótica. Nas últimas décadas, os preços dos robôs caíram 
cerca de 10% ao ano e espera-se que caiam a um ritmo ainda mais rápido no futuro 
próximo (FREY; OSBORNE, 2013). Isso pode ser comprovado com o gráfico 
apresentado abaixo (Figura 10), que o mostra a queda acentuada do preço em dólar 
dos robôs para uso industrial. 
 
 Figura 10 - Redução do Custo de Robôs Industriais 
 
Fonte: Extraída do site Ark Invest (2019)5. 
 
De acordo com a Federação Internacional de Robótica (FIR), as vendas de 
robôs na China cresceram mais de 50% em 2011 e devem aumentar ainda mais. 
Globalmente, as vendas de robôs industriais atingiram um recorde de 166.000 
 
5 Disponível em https://ark-invest.com/analyst-research/industrial-robot-cost-declines/. Acesso em: 10 
mai. 2020. 
https://ark-invest.com/analyst-research/industrial-robot-cost-declines/
 
30 
unidades em 2011, um aumento de 40% em relação ao ano anterior. Se comparado 
aos dados de 2018, segundo a FIR, só a China, instalou 154.000 unidades (Figura 11 
– Número de Robôs Industriais Instalados). 
 
Figura 11 - Número de Robôs Industriais Instalados - 2018 
 
Fonte: Site Federação Internacional de Robôs (2019) 6. 
 
No estudo de Frei e Osborne (2013) analisando 702 ocupações de trabalho nos 
Estados Unidos, concluiu-se que cerca de 47% dessas ocupações sofreriam alto risco 
de automação nas próximas duas décadas. Schwab (2016) cita o trabalho dos autores 
e apresenta um quadro com alguns exemplos das profissões com o maior ou menor 
probabilidade de automatização, Quadro 3 e 4 a seguir. 
 
Quadro 3 - Profissões com alta probabilidade de automação 
 
Fonte: Adapatado de Schwab (2016). 
 
 
6 Disponível em https://ifr.org/ifr-press-releases/news/indias-robot-wonder . Acesso em: 11 mai. 2020. 
https://ifr.org/ifr-press-releases/news/indias-robot-wonder
 
31 
Quadro 4 - Profissões com baixa probabilidade de automação 
 
Fonte: Adapatado de Schwab (2016). 
 
Schwab (2016) concorda que um dos principais impactos sociais ocorrerá na 
força de trabalho, na empregabilidade e na necessidade de os trabalhadores 
desenvolverem a suas habilidades e competências para lidar com a nova realidade 
tecnológica. Ele também aponta que com o envelhecimento da população pode 
aumentar esse desafio a ser superado. 
As razões por que a nova revolução tecnológica provocará mais 
agitações do que as revoluções industriais anteriores são aquelas 
mencionadas na introdução: velocidade (tudo está acontecendo em 
um ritmo muito mais rápido do que antes), amplitude e profundidade 
(há muitas mudanças radicais ocorrendo simultaneamente), e a 
transformação completa de sistemas inteiros. Tendo em conta esses 
fatores impulsionadores, há uma certeza: as novas tecnologias 
mudarão drasticamente a natureza do trabalho em todos os 
setores e ocupações. A incerteza fundamental tem a ver com a 
quantidade de postos de trabalho que serão substituídos pela 
automação (SCHWAB, 2016, p.42). 
O autor aponta dois efeitos a serem conhecidos para compreender o impacto 
nos postos de trabalho: primeiro, há um efeito destrutivo que ocorre quando as 
inovações disruptivas e a automação substituem o trabalho por capital, forçando os 
trabalhadores a ficar desempregados ou realocar suas habilidades em outros lugares. 
Em segundo lugar, o efeito destrutivo vem acompanhado por um efeito “capitalizador” 
(no sentido de captar), em que a demanda por novos produtos e serviços aumenta, 
levando à criação de novas profissões (como a do cientista de dados), empresas 
(como a Amazon®) e até mesmo novos mercados (como vídeo sobre demanda em 
streaming). 
Estendendo o raciocínio, deve-se lembrar que os postos de trabalhos são 
abertos por organizações (empresas), porém se empresa não estiver preparada para 
 
32 
se transformar e se adaptar a essa nova realidade a chance de ela deixar de existir é 
muito grande, pois, assim como ocorreu com a Blockbuster, pode ocorrer com ela 
(relembrando o que foi apresentado no item 1.1 Inovação e seus tipos). Em termos 
de sociedade, o grande desafio será saber como absorver e acomodar a nova 
modernidade combinandocom os sistemas tradicionais de valores. 
A quarta revolução industrial, que põe em causa tantos pressupostos 
fundamentais, pode agravar as tensões existentes entre sociedades 
profundamente religiosas que defendem seus valores fundamentais e 
aqueles cujas crenças são moldadas por uma visão de mundo mais 
secular. O maior perigo para a estabilidade e cooperação global pode 
vir de grupos radicais que lutarão contra o progresso com violência 
extrema e ideologicamente motivada (SCHWAB, 2016, p.93). 
Os mercados de trabalho, entretanto, estão ficando enviesados para um 
conjunto limitado de competências técnicas, e as plataformas digitais e mercados 
mundialmente conectados têm concedido recompensas descomunais para um 
pequeno número de “estrelas”. Na esteira dessas tendências, os vencedores serão 
aqueles capazes de participar plenamente de ecossistemas orientados para a 
inovação (SCHWAB, 2016). 
 
Saíba Mais: Leia o artigo intitulado “Qual o lugar do homem na indústria robotizada, 
para um aprofundamento nesse tema. 
https://www.dw.com/pt-br/qual-o-lugar-do-homem-na-ind%C3%BAstria-robotizada/a-18993545 
 
3.1 Possíveis Soluções 
 
Veil et al. (2019) em seu estudo sobre as lições aprendidas na Alemanha com 
a utilização da Indústria 4.0, expõe que a Indústria 4.0 exige habilidades e 
competências adicionais dos funcionários, como conhecimento avançado em TIC 
(Tecnologia da Informação e Comunicação), além de competências interdisciplinares 
e traços de personalidade específicos. Dada a sua base digital, o conhecimento e as 
habilidades em TIC são obrigatórios. 
Nesse contexto, aspectos técnicos e econômicos, processos e métodos 
também parecem relevantes. Com relação aos traços de personalidade, os resultados 
indicam que os funcionários devem estar abertos a mudanças. Além disso, a 
tolerância a falhas e a vontade de aprender com os erros (learn by failure) e a 
criatividade são essenciais (VEILE et al., 2019). 
https://www.dw.com/pt-br/qual-o-lugar-do-homem-na-ind%C3%BAstria-robotizada/a-18993545
 
33 
Por fim, de acordo com as experiências dos especialistas, as competências 
sociais e de comunicação facilitam a colaboração interdisciplinar, o trabalho em 
equipe e a troca de informações. Para desenvolver essas competências, a educação 
e os treinamentos provaram ser úteis (VEILE et al., 2019). 
Sobre as competências necessárias na Indústria 4.0 o trabalho de Tessarini e 
Saltorato (2018), apresenta uma síntese das competências separadas em três 
categorias (Quadro 5 – Competências para Indústria 4.0) a saber. 
 
Quadro 5 - Competências para Indústria 4.0 
 
Fonte: Extraído de Tessarini e Saltorato (2018) 
 
As Competências funcionais, podem ser entendidas como aquelas necessárias 
para o desempenho técnico e profissional das tarefas; as Competências 
comportamentais – mais intrínsecas e relacionadas às atitudes do indivíduo; e as 
Competências sociais – relacionadas com a capacidade de interagir e trabalhar com 
outras pessoas (TESSARINI; SALTORATO, 2018). 
Veil et al. (2019), apresenta entre outras medidas adequadas, a utilização de 
treinamentos de todos os tipos, por exemplo, oficinas, aprendizado baseado em 
cenários, aprender fazendo (learn by doing) por projetos e e-learning. Além disso, uma 
estreita colaboração com universidades e escolas garante que os futuros funcionários 
adquiram habilidades e competências relevantes. 
No que tange as empresas, experiências positivas com locais de trabalho 
flexíveis que apoiam a troca de conhecimentos e habilidades dos funcionários, podem 
 
34 
atuar em equipes virtuais em locais e divisões geográficas distribuídas prometem um 
efeito semelhante. 
Com base nas oportunidades tecnológicas de acesso remoto e dispositivos de 
realidade aumentada ou virtual, os funcionários não precisam necessariamente 
controlar constantemente as máquinas, o que permite modelos flexíveis de horário de 
trabalho (VEILE et al., 2019). 
Os resultados do trabalho de Veile et al (2010), também mostram que as 
empresas devem revisar sua estrutura organizacional para estabelecer uma base 
adequada para a Indústria 4.0. Hierarquias achatadas (poucos níveis), menor 
estruturas, processos flexíveis e configurações descentralizadas podem formar uma 
organização ágil que permite tomadas de decisão mais rápidas e promove um espírito 
empreendedor, facilitando a comunicação entre os colaboradores e gestores. O que 
se alinha com a afirmação de Schwab. 
Tudo o que vejo indica que a caminhada se tornará mais veloz, 
as alterações serão fundamentais, e a caminhada, portanto, 
precisará de uma visão dura e honesta quanto à capacidade das 
organizações para operar de forma veloz e ágil (SCHWAB, 2016 
p.57). 
Outra visão sobre a solução de problemas inerentes a Indústria 4.0 foi 
apresenta no estuo promovido por Kagermann et al. (2016), demonstrando que a 
cooperação em toda a cadeia de valor adquirirá nova importância na Indústria 4.0, 
pois, novas formas de cooperação e colaboração podem surgir se prestadores de 
serviços, operadores de máquinas, fabricantes de máquinas e os gestores das 
fábricas se unirem para formar ecossistemas digitais, como uma rede dinâmica para 
criação de valor, não só na produção, mas também em outras áreas das atividades 
das empresas, como pesquisa e desenvolvimento (P&D) e funções administrativas. 
Em sua pesquisa, o autor aponta que a maioria das instituições e associações 
ligadas à Indústria 4.0 consideraram a cooperação como um requisito essencial para 
implementação bem-sucedida da Indústria 4.0, sendo desejada para aprimorar o 
conhecimento (know-how) a respeito da segurança de dados, modelo de negócios, 
redução do tempo de desenvolvimento e evitar soluções redundantes (KAGERMANN 
et al., 2016). 
Nessa mesma linha de raciocínio, Schwab (2016, p.107), afirma “[...] só será 
possível enfrentar esses desafios de forma significativa se mobilizarmos a sabedoria 
coletiva de nossas mentes, corações e almas”. 
 
35 
4. PANORAMA INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA 4.0 
 
Ao se analisar a adoção da Indústria 4.0 em relação a sua aplicação global, 
alguns países do continente Europeu, Ásia e Estados Unidos estão em franca adoção, 
porém, quando visto no cenário mundial, pode-se afirmar que ainda a Indústria 4.0 
está em fase de crescimento, tanto na indústria como no meio acadêmico 
(TESSARINI; SALTORATO, 2018). 
Nesse sentido, diversas iniciativas, tanto governamentais, como de 
associações, promovem a adoção e a implementação da Indústria 4.0 nos países. O 
estudo promovido por Kargermann et al. (2016), aponta seis países como os principais 
adotantes da Indústria 4.0, são eles: Alemanha, China, Japão, Coreia do Sul, Estados 
Unidos e Reino Unido. 
 
4.1 Indústria 4.0 na Alemanha 
 
Na Alemanha, a Industrie 4.0 como é conhecida, se baseia em uma forte visão 
de futuro com um plano geral complexo. O foco é otimizar os processos de produção 
em termos de qualidade, preço e flexibilidade e oferecer melhores retornos financeiros 
em geral. Os objetivos concretos e as atividades relacionadas a Industrie 4.0 incluem 
a criação de uma arquitetura de referência para as indústrias, interoperabilidade, e 
produção personalizada (KAGERMANN et al., 2016). 
Graças aos desenvolvimentos e iniciativas já empreendidos no campo da 
Indústria 4.0 (veja a Quadro 4), a Alemanha adquiriu uma excelente reputação 
internacional. Isso significa que está muito bem posicionada para cooperar com outros 
países ao redor do mundo, por exemplo, com relação à padronização. 
 
Quadro 6 - Iniciativas da Alemanha para Indústria 4.0 
Inciativa Campo / Objetivo Promovido por 
Plataform Industrie 4.0 Recomendações gerais coordenadas 
pelo governo 
Governo 
BDEW Setor de energia Associação de Indústrias 
BDI Manufatura intersetorial Associação de Indústrias 
Bitkom Empresas de TIC Associação de Indústrias 
VDA Indústria automotiva Associação de Indústrias 
VDMAEngenharia de Máquinas e Instalações Associação de Indústrias 
ZVEI Indústria elétrica e engenharia elétrica Associação de Indústrias 
Fonte: Adaptado de Kagermann et al. (2016) 
 
36 
4.2 Indústria 4.0 na China 
 
A China vê a Industrie 4.0 como uma excelente oportunidade para impulsionar 
uma total transformação em seu sistema industrial. Nesse sentido, uma ampla gama 
de atividades foi realizada nesse campo, por exemplo, o estabelecimento de cidades 
inteligentes, a iniciativa Smart Factory 1.0 e o Internet of Things Center em Xangai. 
Em 2014 o governo chinês anunciou sua estratégia Made in China 2025, (veja 
o Quadro 5) um plano de ação nacional que define as prioridades de longo prazo do 
país. Seu objetivo é transformar a economia de produção em massa de hoje em uma 
economia de alta tecnologia. 
Além disso, avanços devem ser buscados ativamente nas seguintes áreas: 
tecnologia da informação, máquinas e robótica, aviação e aeroespacial, equipamentos 
e embarcações marítimas, veículos ferroviários, mobilidade elétrica, equipamentos de 
energia, máquinas agrícolas, novos materiais, equipamentos médicos de alto padrão. 
equipamentos e biofarmacêuticos (KAGERMANN et al., 2016). 
 
Quadro 7 - Iniciativas da China para Indústria 4.0 
Inciativa Campo / Objetivo Promovido por 
Internet of Things Center 
of Shangai 
Tecnologia da Informação e Comunicação Governo 
Internet Plus Tecnologia da Informação e Comunicação Governo 
Made in China 2025 Manufatura Governo 
Smart Factory 1.0 Manufatura Negócios 
Fonte: Adaptado de Kagermann et al. (2016) 
 
4.3 Indústria 4.0 no Japão 
 
A Indústria 4.0 já está muito avançada na economia japonesa em comparação 
com outros países asiáticos. Como a Alemanha, o Japão tem uma forte base industrial 
com uma longa tradição. A digitalização apresenta grandes desafios para a indústria 
manufatureira japonesa. O Japão está promovendo uma série de temas que, no 
mínimo, se sobrepõem significativamente ao Industrie 4.0 (alemão). Isso também 
pode ser visto no campo da padronização. 
No entanto, ainda não existe um entendimento consistente do termo Indústria 
4.0 no Japão. A automação de fabricação é considerada um elemento-chave, 
juntamente com automação, tecnologias de rede e produção inteligente. Porém, 
 
37 
inúmeros desafios técnicos foram identificados em relação à sua implementação. Os 
mais citados foram segurança, interfaces (API – Application Programing Interface – 
Interface para Programação de Aplicações), análise de dados, sistemas autônomos, 
visualização e comunicação máquina a máquina (M2M – Machine to Machine). 
Como na Alemanha, existem várias iniciativas no Japão que por muitos anos 
foram apenas parcialmente coordenadas. Isso inclui a Iniciativa da Cadeia de Valor 
da Indústria (IVI), a Iniciativa Revolução do Robô (RRI) e o consórcio Internet of Things 
Acceleration, fundado pela Hitachi e pela Universidade Keio, que inclui a Fabricação 
Inteligente (Smart Factory) e a Internet Industrial entre suas prioridades (Quadro 6). 
Existem também várias soluções proprietárias pertencentes a empresas individuais, 
como o e-eF@ctory da Mitsubishi Electric. 
 
Quadro 8- Inciativas no Japão para Indústria 4.0 
Inciativa Campo / Objetivo Promovido por 
e-F@tory Initiative Automação da fábrica Negócios (foco na Mitsubishi) 
Industrial Value Chain 
Initiative (IVI) 
Baixa padronização Instituições Acadêmicas e 
Negócios 
Industry 4.1J Processamento seguro de dados 
baseados em nuvem 
Negócios (foco na NTT) 
IoT Acceleration 
Consortium (IOTAC) 
Vinculando a IoT a big data e 
inteligência artificial 
Governo e Negócios 
Robot Revolution 
Initiative (RRI) 
Indústria e robótica aplicada Governo e Negócios 
Fonte: Adaptado de Kagermann et al. (2016) 
 
4.4 Indústria 4.0 na Coreia do Sul 
 
Um relatório preliminar do Ministério da Ciência da Coreia do Sul, TIC e 
Planejamento Futuro (MSIP) descreve a rede em tempo real de objetos via Internet 
das Coisas (IoT) como a quarta revolução industrial e fornece uma ampla avaliação 
de seu impacto sobre economia e sociedade da Coréia do Sul. 
Existe um amplo reconhecimento dos benefícios da Industria 4.0 na Coréia do 
Sul, devido à alta proporção do PIB (Produto Interno Bruto) representada pela 
indústria manufatureira, à forte pressão competitiva da vizinha China e Japão e a 
resultante necessidade de aumentar a produtividade entre as PMEs (Pequenas e 
Médias Empresas) do setor manufatureiro. 
 
38 
Como resultado, o projeto nacional Manufacturing 3.0 do governo sul-coreano 
- a versão sul-coreana do Plattform Industrie 3.0 - se concentra em ajudar as PMEs a 
aumentar sua capacidade de produção por meio do uso de tecnologias inteligentes 
nas fábricas. Com o objetivo de elevar os padrões de fabricação, a iniciativa Fábrica 
Inteligente do MSIP também faz parte dessa unidade. 
O foco é estabelecer uma meta de até 10.000 fábricas mais produtivas em 2020 
por meio da cooperação entre empresas e indústrias, grandes, pequenas e médias 
empresas, organizações relevantes e governo. Este projeto é complementado por 
várias outras iniciativas sul-coreanas relevantes para a Industria 4.0 (Quadro 7). 
 
Quadro 9 - Iniciativas da Coreia do Sul para Indústria 4.0 
Inciativa Campo / Objetivo Promovido por 
Creative Economy 
Innovation Centers 
Inovação em Indústria 4.0 e TIC Negócios e Governo 
Korean Smart Factory 
Foundation 
Automatização de Fábrica Negócios e Governo 
Smart City Testbed 
Initiative 
Cidades Inteligentes Governo 
Smart Factory Initiative Automatização de Fábrica Negócios e Governo 
Fonte: Adaptado de Kagermann et al. (2016) 
 
4.5 Indústria 4.0 nos Estados Unidos 
 
Nos Estados Unidos, a Industria 4.0, conhecida como Manufatura Avançada, é 
amplamente impulsionada por iniciativas do setor privado. Comparadas à Alemanha 
e Ásia, as agências governamentais desempenham um papel relativamente menor. 
Em 2014 uma iniciativa de larga escala culminou na criação do Industrial Internet 
Consortium (IIC). Fundada pela General Electric (GE) em conjunto com a AT&T, Cisco 
e IBM, em meados de 2016 a IIC já tinha mais de 230 membros (veja o Quadro 8). 
A IIC tem como objetivo evoluir as estruturas arquitetônicas com foco da 
Internet industrial e coordenar iniciativas para estabelecer ecossistemas que 
conectam objetos físicos a pessoas, processos e dados por meio de arquiteturas 
comuns, interoperabilidade e padrões abertos. 
A IIC adota uma abordagem dupla. Por um lado, busca promover a inovação 
por meio do estabelecimento de casos de uso e bases de teste para permitir o teste 
rápido de ideias e tecnologias em aplicações do mundo real. Por outro lado, visa 
impulsionar o desenvolvimento das arquiteturas de referência, frameworks e padrões 
 
39 
abertos exigidos para a interoperabilidade de sistemas industriais. Também atua como 
um fórum para troca de experiências e geração de ideias. 
A Indústria 4.0 e os assuntos relacionados são uma prioridade relativamente 
baixa para o governo dos EUA. Diferentemente do governo alemão, o governo dos 
EUA não considera a Industrie 4.0 a chave para a competitividade futura do país. As 
pessoas certamente lamentam o fato de que a competitividade das empresas de 
manufatura dos EUA declinou constantemente nas últimas décadas e os produtos 
inventados nos Estados Unidos muitas vezes não podem mais ser fabricados lá com 
baixo custo. 
Dos oito centros de inovação estabelecidos até o final de 2015, o Instituto Digital 
de Inovação em Design e Fabricação (DMDII) é o único com um foco claro na Indústria 
4.0. O DMDII trabalha em estreita colaboração com as empresas para apoiá-las na 
implementação das estratégias da Indústria 4.0. Consequentemente, muitas 
empresas americanas estão apenas acordando para a Industrie 4.0 e a necessidade 
de criar interoperabilidade para a nova abordagem de fabricação e a arquitetura de 
fábrica que ela exige.As empresas do Vale do Silício, em particular, esperam que a transição para a 
Industria 4.0 proporcione oportunidades de exportação para sensores e tecnologias 
sem fio. As empresas globais de software e as empresas de Internet das Coisas (IoT) 
também estão se tornando cada vez mais ativas no mercado de soluções da Indústria 
4.0 (KAGERMANN et al., 2016). 
 
Quadro 10 - Iniciativas dos Estados Unidos para Indústria 4.0 
Inciativa Campo / Objetivo Promovido por 
Industrial Internet 
Consortium (IIC) 
Temas abrangentes; entrada na padronização; 
novos modelos de negócios 
Negócios 
Smart Manufacturing 
Leadership Coalition 
(SMLC) 
Pesquisa pré-competitiva conjunta em uma 
plataforma aberta usando, por exemplo, 
plataforma de testes 
Negócios 
AllSeen Alliance Eletrônicos de consumo Negócios 
Open Connectivity 
Foundation (OCF) 
Comunicação entre diferentes sistemas Negócios 
National Network 
for Manufacturing 
Innovation (NNMI) 
Centro de inovação, não focado 
especificamente na Indústria 4.0 (exceto o 
centro DMDII, que faz parte do NNMI) 
Governo 
Fonte: Adaptado de Kagermann et al. (2016) 
 
 
 
40 
4.6 Indústria 4.0 no Reino Unido 
 
No geral, o Reino Unido considera a Alemanha como pioneira e modelo no 
setor da Indústria 4.0. Ao contrário da Alemanha, no entanto, o foco principal das 
empresas do Reino Unido é combinar informações sobre os requisitos do cliente, o 
status operacional das instalações de manufatura e redes de fornecedores, para que 
possam responder de forma mais flexível e adaptável. 
As Catapultas (Catapults) são um componente essencial da estratégia de 
promoção da Industria 4.0 no Reino Unido. Esses centros de pesquisa permitem que 
empresas e pesquisadores trabalhem juntos para transformar tecnologias críticas - 
cujos princípios básicos já foram observados nas universidades - em sistemas 
testados que comprovadamente funcionam na área de aplicação relevante e, em 
alguns casos, podem até ser implantado com sucesso em um ambiente operacional. 
As Catapultas preenchem a lacuna entre universidades e indústria, garantindo 
que as tecnologias de alto potencial não caiam no caminho antes de serem lançadas 
no mercado. Os outros objetivos das Catapultas incluem reduzir o risco de inovação, 
acelerar o ritmo de desenvolvimento de negócios e criar empregos e crescimento 
sustentáveis. 
Particularmente no que diz respeito à Indústria 4.0, eles desempenham um 
papel importante e valioso ao permitir que soluções inovadoras sejam testadas e 
demonstradas visivelmente em um ambiente dedicado. O trabalho dos centros de 
inovação tem um foco fortemente direcionado pelo setor. Além disso, o envolvimento 
de várias universidades líderes do Reino Unido fornece aos formuladores de políticas 
a confiança de que os fundos do governo investidos nas Catapultas serão usados 
para o futuro bem público. 
Quadro 11 - Iniciativas do Reino Unido para Indústria 4.0 
Inciativa Campo / Objetivo Promovido por 
Catapult Centres Impulsionando a inovação; Indústria 4.0 é um 
dos sub-temas 
Governo 
High Value 
Manufacturing 
Centro de catapulta para digitalização da 
manufatura, foco em aspectos físicos 
Governo 
Satellite Applications Centro de catapulta para digitalização da 
manufatura, foco em TIC 
Governo 
Manufacturing 
Technology Centre (MTC) 
Parte da catapulta de fabricação de alto valor Governo 
Advanced Manufacturing 
Research Centre (AMRC) 
Parte da catapulta de fabricação de alto valor Governo 
Fonte: Adaptado de Kagermann et al. (2016) 
 
41 
Kagermann et al. (2016) concluí, que o conceito da Indústria 4.0 teve um 
impacto dinâmico na política de inovação na Alemanha e em outros países ao redor 
do mundo e ajudou a promover a percepção de que a digitalização da indústria é uma 
inovação essencial para o futuro. A estreita cooperação entre empresas, sindicatos, 
associações relevantes, academia e governo tem permitido cada vez mais que a visão 
seja conceitualizada, refinada e implementada. 
As empresas que atuam em ecossistemas da Indústria 4.0 baseados em 
plataforma também devem contemplar uma rápida expansão global, identificando 
rapidamente modelos de negócios sustentáveis e controlados por dados e as opções 
de financiamento necessárias. Nesse sentido, as empresas devem desenvolver novos 
modelos de negócios em conjunto com as novas tecnologias desde o início - 
especialmente porque elas podem atuar como impulsionadoras da padronização na 
adoção da Indústria 4.0 (KAGERMANN et al., 2016). 
E por fim, a digitalização da economia está levando ao surgimento de novos 
atores (protagonístas). As associações devem, portanto, estabelecer mais formas de 
diálogo entre indústrias, startups inovadoras e PMEs estabelecidas, a fim de promover 
uma rede mais estreita entre diferentes setores. Pois, essa variedade é necessária 
para atender aos requisitos da Indústria 4.0 de cooperação em todos os diferentes 
processos de valor agregado. Essa rede pode ajudar as empresas a recrutar pessoal 
qualificado, aprender sobre mercados globais, obter acesso a clientes e parceiros a 
se envolver mais estreitamente nos ecossistemas digitais de maneira colaborativa. 
 
4.7 Indústria 4.0 em outros países 
 
Embora o trabalho de KAGERMANN não mencione outros países da União 
Europeia, deve-se destacar o papel da Itália, Espanha, Portugal, França e outros 
quem tem seus próprios modelos e iniciativas da Indústria 4.0. O ANEXO A – 
Iniciativa União Europeia Para Indústria 4.0, oferece um panorama da Europa como 
um todo com as descrições desses modelos e iniciativas. 
 
Saíba Mais: Leia o artigo intitulado “European countries join forces to digitise industry”, 
para conhecer o programa da União Europeia para Indústria 4.0. 
https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/european-countries-join-forces-digitise-industry 
https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/european-countries-join-forces-digitise-industry
 
42 
5. PANORAMA NACIONAL DA INDÚSTRIA 4.0 
 
Para Tessarini e Saltorato (2018), tanto o debate quanto a aplicação dos 
conceitos de Indústria 4.0 encontra-se em fase muito inicial, com poucas e pontuais 
pesquisas sobre o tema. Nesse sentido algumas iniciativas foram criadas, para 
apresentar os conceitos e objetivos da Indústria 4.0, é o caso da iniciativa criada pelo 
governo brasileiro chamada Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, promovida pela 
ABDI (Agência Brasileira para o Desenvolvimento Industrial), que está ligada ao 
Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MIDC) do Governo Federal. 
Segundo a própria agência, o Brasil vem caindo no Índice Global de Inovação 
que busca avaliar critérios de performance de diferentes países no quesito inovação. 
Índice que avalia quesitos como crescimento da produtividade, investimentos em 
pesquisa e desenvolvimento (P&D), educação, exportações de produtos de alta 
tecnologia, dentre outros tópicos, ocupando em 2017 a 69º posição. 
 
Tabela 1- Índice Global de Inovação - 2017 
 
Fonte: Extraído do site Agenda brasileira para a Indústria 4.0 7. 
 
Outro indicador negativo é apresentado pelo IMD World Competitiveness 
Center - Centro de Competitividade Mundial (2019) , que mostra em seu relatório de 
competitividade digital, que o Brasil ocupa a 57ª posição em 2018 e 2019. Com base 
nesse cenário é que diversas iniciativas foram iniciadas tanto pelo governo como pelas 
associações das indústrias. 
 
7 Disponível em http://www.industria40.gov.br/#. Acesso em: 11 mai. 2020. 
http://www.industria40.gov.br/
 
43 
5.1 Iniciativas no Brasil para Indústria 4.0 
 
Dentro das iniciativas criadas como já citado anteriormente a Agenda Brasileira 
para a Indústria 4.0 tem como objetivo, contribuir para a transformação das empresas 
em direção à Indústria 4.0 e nessa linha propõe uma agenda, estruturada em etapas, 
que deverão ser seguidas segundo o grau

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