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BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA GRASIELA DIAS DE CAMPOS SEVERI-AGUIAR 1 UNIDADE 9 CICLO CELULAR, MITOSE E MEIOSE VOCÊ SABIA? Que cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram de tuberculose em 2020 (incluindo 214 mil entre pessoas que vivem com HIV)? De acordo com o relatório global da Organi- zação Mundial da Saúde (OMS) de 2021, a pandemia de covid-19 reverteu anos de progresso global no combate à tuberculose e, pela primeira vez, em mais de uma dé- cada, as mortes pela doença aumentaram. Esse relatório mostrou que a interrupção dos serviços essenciais de saúde devido à pandemia é uma das causas para a volta da doença. Fonte: www.paho.org/pt/noticias/14-10-2021-mortes-por-tuberculose-aumentam-pela-primeira-vez-em-mais-uma-decada- devido. Acesso em: 16 maio 2022. No Brasil, em 2020, foram notificados aproximadamente 69 mil casos novos e 4,5 mil mortes em decorrência da doença. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa cau- sada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. A forma pulmonar da doença é a mais frequente e de maior relevância para a Saúde Pública, responsável pela manutenção da sua transmissão. No entanto, a tuberculose pode ocorrer em outras partes do corpo (tuberculose extrapulmonar). A transmissão da tuberculose pulmonar ou laríngea ocorre de pessoa a pessoa pela via respiratória, quando um indivíduo com tuberculose elimina bactérias pela tosse, espirro ou fala, e essas são inaladas por um indivíduo saudável. As bactérias que adentram as vias respiratórias proliferam no pulmão (Figura 1) cau- sando sintomas como tosse, que pode vir acompanhada de febre ao final da tarde, suor noturno e emagrecimento. Fonte: www.saude.mg.gov.br/tuberculose. Acesso em: 16 maio 2022. Figura 01. Desenvolvimento da tuberculose causada pela Mycobacterium tuberculosis Pulmões saudáveis Pulmões infectados por tuberculose Mycobacterium tuberculosis Fonte: 123RF https://www.paho.org/pt/noticias/14-10-2021-mortes-por-tuberculose-aumentam-pela-primeira-vez-em-mais-uma-decada-devido https://www.paho.org/pt/noticias/14-10-2021-mortes-por-tuberculose-aumentam-pela-primeira-vez-em-mais-uma-decada-devido https://www.saude.mg.gov.br/tuberculose 2 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose SA IB A M A IS SA IB A M A IS O desenvolvimento da TB ocorre devido à proliferação das bactérias. Elas se dividem rapidamente alcançando áreas do pulmão e comprometendo seu funcionamento. Isso acontece porque essas células sofrem fissão binária, um tipo de divisão celular que permite o aumento exponencial dessas células. Múltiplas bactérias podem também sair dos pulmões e alcançar outros órgãos. Nesta unidade entenderemos como a divisão celular ocorre em células eucarióticas e como ela é importante para os organismos. A tuberculose tem cura e seu tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para o êxito do tratamento, é importante que o paciente tome os medicamentos de forma regular e pelo tempo previsto, evitando também a transmissão da bactéria do indivíduo doente para outras pessoas. SOBRE A TUBERCULOSE... Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=q9GDRozsIBM. 1. CICLO CELULAR, MITOSE E MEIOSE As células apresentam o que é conhecido como ciclo celular. Ele compreende o pe- ríodo desde o surgimento da célula, até aquele em que ela se divide, dando origem a novas células. O tempo do ciclo celular varia para cada tipo celular e, em bactérias, demora em torno de 30 minutos. Por isso, em poucas horas após o contágio de uma bactéria é possível ter uma população enorme desses seres vivos. Já o clico celular em células eucarióticas é mais elaborado e tem duração de tempo maior. SOBRE A RAPIDEZ DO CICLO CELULAR DAS BACTÉRIAS... Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=LifTbGEcfEg. É consenso que uma célula tem origem de outra pré-existente. Esta se divide e forma células-filhas. É dessa forma que os organismos unicelulares se reproduzem, pois as novas células constituem dois novos organismos. Para a formação de organismos pluricelulares, são necessárias sequências múltiplas de divisão, seguidas de diferenciação celular, para originar os diferentes tecidos e órgãos. Quando a célula se divide, ela está na fase de divisão do ciclo celular. Quando não está se dividindo, encontra-se em interfase. Sendo assim, a célula pode estar na fase da interfase ou em divisão celular (Mitose ou Meiose), que constituem as duas grandes fases do seu ciclo de vida: Interfase (I) ou Mitose/Meiose (M). A interfase é o período mais longo, sendo subdividido em três etapas: G1, S e G2 (Figura 02). https://www.youtube.com/watch?v=q9GDRozsIBM https://www.youtube.com/watch?v=LifTbGEcfEg U9 3Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose Legenda: (Fase G1, Fase S e Fase G2 da Interfase; Fase M – Mitose; G0 → G1 muito prolongada). A interfase (I) é a fase preparatória para a célula entrar em divisão (M). É uma fase de intensa síntese dos constituintes celulares. Nela ocorrem processos importantes que vão garantir que a divisão celular ocorra de maneira eficiente. Além disso, na interfase o DNA se encontra descondensado, o nucléolo é evidente, existe um par de centríolos localizado próximo ao núcleo e o núcleo se encontra delimitado pelo envoltório nuclear. Vamos conhecer os principais eventos que ocorrem em cada etapa da interfase. Fase G1: essa etapa tem duração variável de acordo com o tipo celular, pode variar de horas a anos. As células que permanecem em interfase por muito tempo, sem se dividir, como os neurônios, os hepatócitos e as células caliciformes das mucosas respiratórias e intestinais, são mantidas em G0, como então passa a ser chamada a fase em que essas células estagiam. Em G0 elas realizarão suas funções, como secreção de neuro- transmissores e de muco, mas não se dividirão, exceto se receberem algum estímulo para isso e se forem capazes de responder a esse estímulo, caso dos hepatócitos. Para aquelas que vão se dividir, é nessa fase que chega o estímulo para que a divisão aconteça, como a presença do hormônio do crescimento. Então, a célula duplica tudo que se encontra em seu interior, menos o DNA e o centrossomo que são replicados na fase seguinte, fase S. A letra G tem origem na palavra Gap, que significa intervalo, represen- tando, no caso de G1, o espaço que antecede a síntese de DNA da fase seguinte (S). Fase S: essa etapa, cuja letra S deriva da palavra Synthesis ou síntese, é caracteri- zada pela síntese ou replicação do DNA conforme já estudamos. A molécula de DNA contendo o genoma do organismo será replicada formando duas moléculas novas, cada uma delas contendo uma fita parental e uma recém-sintetizada. Numa célula somática humana em interfase existem 23 pares de cromossomos, ou seja, 46 cromossomos. Terminada a fase S, na fase G2, a célula continua com 46 cromossomos, mas com o dobro do seu conteúdo de DNA (4C), uma vez que todo o DNA foi replicado. Figura 02. Fases do ciclo celular Fo nt e: 1 23 R F 4 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose Fase G2: essa etapa é caracterizada pela checagem dos processos. É o espaço que antecede a divisão celular, por isso chamado G2. É verificado se a replicação do DNA ocorreu corretamente e se houve o aumento adequado do volume nuclear. Terminada a fase G2 e estando tudo correto, a célula entra na fase M do ciclo celular. Se a célula é uma célula somática, ela sofrerá mitose. A mitose é um processo de divisão celular em que uma célula origina duas novas células, chamadas células-filhas, com o mesmo número de cromossomos da célula-mãe. Se, por sua vez, a célula é do tipo germinativa, que dará origem aos gametas, ela sofrerá a meiose, em que uma célula ao se dividir origina quatro células-filhas, com a metade do número de cromossomos da célula-mãe. No ciclo celular existem pontos de checagem dos processos, os check-points. Nesses estágios do ciclo é verificado se as etapas que foram realizadas foram feitas com su- cesso, para queo processo tenha continuidade com êxito (Figura 3). Ocorre, assim, um controle do ciclo celular com paradas ao final de G1, no final de G2 e, durante a divisão, no término da metáfase e no início da anáfase. Proteínas específicas, como as ciclinas e as cinases-dependentes de ciclinas, assim como o complexo APC (complexo promotor da Anáfase) trabalham nesses pontos de checagem verificando e reparando alguns erros. Figura 03. Esquema ilustrativo do controle do ciclo celular Fonte: Alberts et al. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2017. p. 968. Nesta unidade conheceremos as diferentes etapas por que passam as células durante a divisão celular, tanto na mitose quanto na meiose, e a importância desses processos para a manutenção e a perpetuação da vida. Todos os cromossomos estão lugados ao fuso?Todo DNA está replicado? INÍCIO DA MITOSE CONTROLADOR M G2 G1 S O ambiente é favorável? INICIAR ANÁFASE E PROSSEGUIR PARA CITOCINESE ENTRADA NO CICLO CELULAR E PROSSEGUIR PARA FASE S INÍCIO DA TRANSIÇÃO Ambiente favorável? TRANSIÇÃO METÁFASE - ANÁFASE TRANSIÇÃO G2/M U9 5Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose INTERFASE PRÓFASE METÁFASE ANÁFASE TELÓFASE MITOSE COMPLETADA SA IB A M A IS SA IB A M A IS 1.1. MITOSE E SUAS ETAPAS A mitose é o processo de divisão celular que garante a reprodução dos organismos unicelulares e o crescimento, o desenvolvimento e a regeneração dos pluricelulares. A célula se divide formando duas, com a mesma constituição genética da original. Um protozoário, por exemplo, que é um organismo unicelular, como no caso do Parame- cium, visualizado no vídeo a seguir, quando se divide forma duas novas células, que são dois novos seres vivos, idênticos ao que lhes deu origem. Esse processo de mitose é chamado de divisão binária. SOBRE O CICLO CELULAR... Acesse o link: https://open.spotify.com/episode/4bY8WC1vGjKkI7P4czETbZ. SOBRE A DIVISÃO BINÁRIA NO Paramecium... Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=bXEc2UYBD9o. Já nos organismos pluricelulares, são necessárias inúmeras mitoses que permitem o cres- cimento e o desenvolvimento durante o período embrionário e fetal e mesmo depois do nascimento. Além disso, a mitose é importante para a manutenção dos órgãos e dos teci- dos, para a regeneração de áreas lesionadas e, em muitos casos, na formação de tumores. Na mitose, ocorre primeiro a divisão do núcleo para depois ocorrer a divisão do cito- plasma ou citocinese. A divisão do núcleo em dois ocorre em cinco etapas: prófase, prometáfase, metáfase, anáfase e telófase (Figura 04). Figura 04. Diagrama mostrando a divisão do núcleo seguida da citocinese e as fases da mitose. A etapa de prometáfase não é mostrada Conheceremos os principais eventos que ocorrem em cada uma dessas etapas. Prófase Teremos como modelo uma célula com dois cromossomos: um maior e um menor. Lembrando que para cada cromossomo existe um par com um representante que recebemos do pai (azul) e outro que recebemos da mãe (vermelho). Fo nt e: 1 23 R F https://open.spotify.com/episode/4bY8WC1vGjKkI7P4czETbZ https://www.youtube.com/watch?v=bXEc2UYBD9o 6 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose Na prófase, observamos no núcleo os cromossomos já replicados, cada um deles com- posto de duas cromátides-irmãs e iniciando a condensação. O nucléolo ainda está visí- vel e o envoltório nuclear preservado. Fora do núcleo, os centríolos já estão duplicados formando os centrossomos (centro organizadores de microtúbulos) e é possível obser- var a formação do fuso mitótico entre os dois centrossomos, que estão se separando (Figura 05). Figura 05. Prófase da mitose em uma célula com dois cromossomos Prometáfase Essa etapa caracteriza-se pelo aumento da condensação do material genético, fazen- do com que o nucléolo não seja mais observado. Além disso, ocorre fragmentação do envoltório nuclear e surge na região centromérica dos cromossomos, uma estrutura proteica, denominada cinetócoro que permitirá a ligação dos microtúbulos do fuso a essa região cromossômica. Metáfase Na metáfase, os cromossomos atingem o grau máximo de condensação e são alinha- dos na placa equatorial do fuso, no centro da célula, entre os polos do fuso (Figura 6). Os microtúbulos que partem dos centrossomos de polos opostos da célula ligam-se às cromátides-irmãs na região do centrômero dos cromossomos pelo cinetócoro (Figura 7). A cromatina que constituía o nucléolo integra, agora, as Regiões Organizadoras Nu- cleolares (NORs) dos cromossomos. PRÓFASE Centrômero Nucléolo Citosol Fibras do fuso mitótico Cromossomo Fo nt e: 1 23 R F U9 7Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose Em A, um cromossomo metafásico submetido à microscopia de fluorescência após marcação com anticorpos que reconhecem as proteínas do cinetócoro (marcação em vermelho), B um esquema ilustrativo da ligação de microtúbulos aos cinetócoros e C, uma imagem de microscopia eletrônica de transmissão do cinetócoro ligada à uma cromátide e a microtúbulos. Fonte: Alberts et al. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2017. p. 988. Anáfase Na anáfase, as cromátides-irmãs separam-se de forma sincronizada para formar “dois cromossomos-filhos ou cromátides”, e cada uma é puxada lentamente em direção ao polo do fuso. Essa separação ocorre porque os microtúbulos ligados ao cinetócoro ficam Fo nt e: 1 23 R F Figura 06. Metáfase da mitose mostrando os cromos- somos na região equatorial da célula, ligados às fibras do fuso mitótico METÁFASE CentríolosPlaca metafásica Fibras do fusoCentrômero Membrana plasmática Figura 07. Cinetócoros na região do centrômero, onde se ligam as fibras do fuso durante a divisão celular (A) (B) Região centromérica do cromossomo Cinetocoro Microtúbulos do cinetocoro Cromátide Cromossomo replicado Cromátide anáfase Cinetocoro Movimento da direção da cromátide 1 µm Microtúbulos embebidos no cinetocoro (C) 8 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose menores e os polos do fuso também se afastam, ocorrendo, assim, a segregação das cromátides-irmãs (Figura 08). Nessa fase inicia-se a formação de um sulco de clivagem, onde se formará o anel contrátil para a divisão do citoplasma. Figura 08. Anáfase da mitose mostrando as cromátides irmãs migrando para os polos opostos da célula Fo nt e: 1 23 R F Fo nt e: 1 23 R F ANÁFASE Cromátide Sulco de clivagem TELÓFASE Sulco de clivagem – citocinese Telófase Durante a telófase, os dois conjuntos de cromossomos-filhos ou cromátides chegam aos polos do fuso e descondensam. Um novo envoltório nuclear se forma ao redor de cada um desses conjuntos, completando a formação de dois núcleos e marcando o fim da mitose. O nucléolo reaparece, as fibras do fuso regridem e cada um dos polos tem um par de centríolos, no centrossomo. Na região do sulco de clivagem é formado um anel contrátil, cuja contração produzirá a divisão do citoplasma (Figura 09). Figura 09. Telófase da mitose mostrando de dois núcleos em formação U9 9Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose Terminada a telófase ocorre a citocinese, que é a divisão do citoplasma. É formado um anel contrátil no centro, entre as duas novas células em formação, composto de actina e miosina II, um elemento do citoesqueleto e sua proteína motora associada, que provo- cam a contração da membrana plasmática para dentro, por isso costuma-se dizer que nas células animais a citocinese é centrípeta, ou seja, em direção ao centro das células (Figura 10). Ao contrário, nas células vegetais, ela acontece do centro para a periferia, sendo centrífuga, acontecendo a partir de uma placa formada no centro da região onde a citocinese deve ocorrer. Fonte: 123RF Figura 10. Formação do anel contrátil para a citocinese (A) (B) Filamentos de actina e miosina do anel contrátil 200 µm Legenda: Em A, um esquema ilustrativo do processode citocinese e em B, uma imagem de microscopia de varredura mostrando o início da divisão citoplasmática em uma célula animal. Fonte: Alberts et al. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2017. p. 996. (com modificação) Nas práticas de laboratório, é comum utilizar o esmagamento da região apical das raízes de cebola. Aí existe um tecido com intensa atividade mitótica, o meristema apical, com muitas células em divisão. Depois de corado com orceína, é possível observar o citoplas- ma em rosa claro e o núcleo das células com rosa mais intenso. Dentre os diversos nú- cleos em interfase, pode-se diferenciar as fases da mitose, como mostrado na Figura 11. Figura 11. Micrografias das fases de interfase e da mitose observadas em raiz de cebola (A) (B) (C) Legenda: (Em A, vários núcleos em interfase – os menores; alguns núcleos em prófase – os maiores; uma célula em metáfase é apontada pela seta; em B e C as setas apontam, respectivamente, para células em anáfase e telófase). 10 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose SA IB A M A IS 1.2. MEIOSE E SUAS ETAPAS A meiose é um processo de divisão celular que ocorre em células da linhagem germinati- va, que formarão os gametas, pois tem por objetivo originar células com a metade do nú- mero de cromossomos da espécie. A partir de uma célula 2n são formadas quatro células n e, por isso, a meiose é um processo reducional, havendo a redução pela metade do nú- mero de cromossomos da célula. Isso é necessário porque nos organismos com reprodu- ção sexuada ocorre a união dos gametas, feminino e masculino, para formar o embrião. Sendo os gametas n, ao se unirem pela fecundação, darão origem a um embrião 2n, com o número de cromossomos da espécie. Na espécie humana, cada gameta, espermato- zoide e óvulo, possuem 23 cromossomos e formarão um zigoto com 46 cromossomos. A formação dos gametas, a gametogênese, é o processo em que uma célula 2n sofre meiose e forma o gameta n. Entenderemos esse processo mais adiante nesta unidade. A meiose tem duas fases: a Meiose I e a Meiose II. Cada uma dessas fases apresenta as mesmas etapas básicas da mitose, em que eventos semelhantes ocorrem, porém, existem diferenças na forma como eles acontecem e no resultado obtido. As células derivadas da meiose são diferentes da células-mãe, não só na quantidade de cromos- somos, mas também na variabilidade genética que elas apresentam. Veremos a seguir as características principais da Meiose I e da Meiose II. Meiose I Assim como na mitose, antes de a célula iniciar a divisão celular, durante a interfase, ocorre a duplicação de tudo o que existe no interior da célula, inclusive do DNA. A cé- lula 2n, que tem dois conteúdos de DNA (2C), vai replicar esse conteúdo na fase S da interfase, passando a ter 4C de DNA e, ao final de meiose, serão formadas quatro cé- lulas com apenas um conteúdo de DNA (C) cada. A meiose I é um processo reducional, pois ocorre a segregação dos cromossomos homólogos. Porém, ao final da Meiose I, estarão formadas duas células que são n, mas com 2C de conteúdo de DNA. Essas duas células entrarão na Meiose II e, então, serão formadas no final do processo quatro células n, com C de conteúdo de DNA (Figura 12). SOBRE A MITOSE... Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=L61Gp_d7evo. https://www.youtube.com/watch?v=L61Gp_d7evo U9 11Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose Figura 12. Diagrama mostrando o resultado dos processos que ocorrem nas fases da meiose Legenda: (Meiose → uma célula [2n = 4] contendo dois pares de cromossomo e 2C de DNA, se prepara para a divisão; na interfase ocorre a replicação do DNA apresentando agora cada cromossomo duas cromátides [4C]; após a Meiose I são formadas duas células com um representante de cada par de cromossomos [n], com 2C de DNA; após a Meiose II são formadas quatro células com dois cromossomos cada [n], metade do que tinha a célula-mãe, e com conteúdo C de DNA). A meiose I é mais longa porque na prófase I acontecem vários eventos importantes. O principal deles, a recombinação ou crossing-over, que acontece entre dois cromossomos homólogos, ou seja, cromossomos pertencentes ao mesmo par cromossômico. Para que esse evento aconteça é necessário que alguns passos aconteçam previamente. Os cromossomos homólogos ficam lado a lado, pareados, formando o que se chama de sinapse. Ao microscópio é possível observar os bivalentes ou tétrades, que são as quatro cromátides dos dois pares de cromossomos homólogos pareados. Então, as cromátides não irmãs dos cromossomos homólogos, que ficam em contato na tétrade, sofrem quebras e troca de fragmentos. Esses Meiose Replicação do DNA Crossing-over Meiose I Meiose II Gametas Fo nt e: 1 23 R F 12 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose fragmentos se fundem às cromátides gerando cromátides diferentes, recombinadas, conferindo variabilidade genética às células gaméticas que receberão essas cromátides (Figura 13). Os pontos em que houve a trocas entre cromátides homólogas são vistos ao microscópio como quiasmas (do grego, em forma de cruz), logo, os quiasmas são as evidências morfológicas do acontecimento de um evento molecular. As etapas de diacinese e metáfase I configuram com a destruição do envoltório nuclear, condensação máxima dos cromossomos e posicionamento na região equatorial da célula, de modo que cada cromossomo homólogo do par fique voltado para polos opostos da célula. Na anáfase I, os cromossomos homólogos são separados e na anáfase II ocorre a separação das cromátides-irmãs. Dessa forma, os gametas formados são diferentes entre si e, se considerarmos que isso acontece em cada ciclo meiótico, pode-se inferir que são infinitas as possibilidades de recombinação entre os cromossomos e, consequentemente, dos tipos de gametas que podem ser formados. O crossing-over é, portanto, uma das fontes de variabilidade genética. A outra fonte de variabilidade genética é a segregação independente dos cromossomos homólogos na meiose I. Figura 13. Crossing-over que ocorre durante a prófase I da meiose Legenda: (cromossomos homólogos → estão pareados à esquerda cromossomo paterno duplicado com duas cromátides-irmãs [azul]; cromossomo materno duplicado com duas cromátides-irmãs [amarelo]; cromossomos homólogos trocam material genético ao centro, crossing-over entre cromátides homólogas; cromossomos ho- mólogos pareados à direita cada um contendo uma cromátide recombinante e outra não recombinante). Com o estudo da meiose ao microscópio, alguns desses eventos puderam ser visuali- zados e foram dados nomes às fases em que ocorrem. Por isso, na meiose I existe, na prófase, cinco subfases: Leptóteno, Zigóteno, Paquíteno, Diplóteno e Diacinese. O quadro a seguir apresenta os eventos mais importantes de cada uma delas. FASE EVENTOS MARCANTES Leptóteno Os cromossomos iniciam a condensação e, apesar de já estarem duplicados e conterem duas cromátides, os cromossomos parecem únicos. Fo nt e: 1 23 R F Cromossomo paterno duplicado com duas cromátides-irmãs Cromossomo materno duplicado com duas cromátides-irmãs Cromossomos homólogos trocam material genético Cromátide recombinante Cromátide não recombinante CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS U9 13Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose FASE EVENTOS MARCANTES Zigóteno Ocorre a sinapse, por surgimento de uma estrutura proteica denominada complexo sinaptônemico, que envolve o alinhamento e estabiliza o pareamento dos cromos- somos homólogos. Paquíteno O processo de pareamento se completa e os cromossomos se apresentam mais curtos e espessos. Apresentam-se como bivalente ou tétrade, pois são dois cromossomos homólogos e/ou quatro cromátides, sendo as cromátides de cada homólogo chamadas de cromátides-irmãs. Acontece o crossing-over, troca de segmentos entre cromátides homólogas. Diplóteno O complexo sinaptonêmico entre os cromossomos é desfeito, mas os cromosso- mospermanecem unidos nos pontos de intercâmbio chamados quiasmas. As quatro cromátides da tétrade são visíveis. Diacinese Os cromossomos homólogos continuam se condensando e tendem a se separar, mas ficam unidos pelos quiasmas que, devido ao grau de condensação, se deslo- cam para as extremidades dos cromossomos. O envoltório nuclear se desfaz. Terminada a prófase I, sucedem as fases seguintes da divisão celular (metáfase I, aná- fase I e telófase I), cujos processos são similares aos que ocorrem na mitose. Na metá- fase I os cromossomos homólogos estão no grau máximo de compactação e ocupam a placa equatorial da célula; na anáfase I eles são puxados para os polos opostos devido ao encurtamento das fibras do fuso; e na telófase I, estando os cromossomos homólo- gos já separados e localizados nos polos da célula, ocorre a sua descondensação, a reorganização do envoltório nuclear e a citocinese, ou seja, a separação do citoplasma, formando, ao final da meiose I, duas células n, com conteúdo 2C de DNA (Figura 14). Figura 14. As fases da meiose Meiose I Meiose II Centríolos movem-se para pólos opostos Cromossomos movem-se para pólos opostos O citoplasma se divide Envelope nuclear formado Disposição dos cromossomos no plano equatorial Quiasma PRÓFASE I PRÓFASE II METAFASE I METAFASE II ANAFASE I ANAFASE II TELÓFASE I TELÓFASE II Fonte: 123RF 14 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose SA IB A M A IS Terminada a meiose I, ocorre um período rápido chamado de intercinese, em que a célula se prepara para entrar na segunda fase da divisão, a meiose II. Meiose II A meiose II é muito semelhante à mitose, exceto que na meiose II ocorre o alinhamento e a separação das cromátides-irmãs dos cromossomos homólogos, ou seja, uma divisão equacional (veja Figura 14). Na prófase II os cromossomos se condensam e o envoltório nuclear se desorganiza. Na metáfase II, os cromossomos com suas duas cromátides-ir- mãs, ligadas às fibras do fuso, ocupam a região equatorial da célula. Na anáfase II, as cromátides-irmãs são puxadas para os polos opostos e, na telófase II, essas cromátides se descondensam. O envoltório nuclear se reorganiza e o nucléolo reaparece. Ocorre então a citocinese, e estão formadas quatro células n, com conteúdo C de DNA. Da mesma forma que na mitose, erros podem acontecer durante a divisão na meiose, origi- nando mutações cromossômicas. Porém, nesse caso, o comprometimento pode ser maior, não ficando restrito ao organismo em cuja célula o erro ocorreu. Isso porque as células formadas na meiose, os gametas, poderão ser responsáveis pela formação de um novo organismo, caso participem da fecundação. Caso o gameta portador de erro que aconteceu durante a meiose participe do processo de fecundação, ele transmitirá ao embrião o erro cromossômico de que é portador e, consequentemente, essa mutação será herdada por to- das as células que derivarem do zigoto. Muitas são as síndromes e doenças genéticas cuja origem provém de erros na meiose, como é o caso daqueles decorrentes de não disjunção cromossômica, que será abordada mais adiante nessa unidade. SOBRE A MEIOSE... Acesse os links: www.youtube.com/watch?v=MNq015d03MU; www.youtube.com/watch?v=84jlwjvrJwY. 1.3. GAMETOGÊNESE HUMANA Gametogênese é o processo de formação dos gametas que ocorre nas gônadas (tes- tículo e ovário). Na espermatogênese ocorre a formação do gameta masculino, o espermatozoide e, na ovogênese, ocorre a formação do gameta feminino, o óvulo. Células diploides (2n) localizadas nas gônadas (testículo e ovário), espermatogônias e ovogônias, passarão pelo processo de meiose e originarão, respectivamente, os espermatozoides e os óvulos que são haploides (n). Tanto as espermatogônias como as ovogônias são chamadas de células germinativas ou gaméticas, pertencendo à li- nhagem germinativa e não somática, pois darão origem aos gametas. Nos humanos, essas células germinativas surgem durante o período embrionário, ou seja, quando ainda estamos nos desenvolvendo no útero materno. Espermatogênese Por volta da quinta semana do desenvolvimento embrionário, células germinativas pri- mitivas já estão presentes nas gônadas primitivas. Ao nascimento já estão formados os https://www.youtube.com/watch?v=MNq015d03MU http://www.youtube.com/watch?v=84jlwjvrJwY U9 15Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose túbulos seminíferos, que ocupam quase todo o testículo. Os túbulos seminíferos são re- vestidos pelo epitélio germinativo. Nesse epitélio estão as espermatogônias que sofrem mitoses constantemente e aumentam em número. Na puberdade, devido à ação dos hormônios, as espermatogônias (2n) que aumentam de tamanho, se preparando para a divisão celular, formam os espermatócitos I ou primários (2n), que sofrem a primei- ra divisão da meiose e originam os espermatócitos II ou secundários (n), que sofrem a segunda divisão da meiose e originam as espermátides (n) (Figura 15). Essas, por sua vez, passam por um processo de diferenciação celular, chamado espermiogênese (Figura 16), em que sofrem várias modificações e formam os espermatozoides. Figura 15. Espermatogênese humana Legenda: (Espermatogênese. Á esquerda → diagrama do epitélio germinativo do túbulo seminífero mostran- do as células da linhagem germinativa [espermatogônia, espermatócitos I e II, espermátides e espermato- zoides] presos à célula de Sertoli. Á direita → o processo de meiose em que a espermatogônia se diferencia em espermatócito I, que sofre a meiose I e origina dois espermatócitos II, que sofrem a meiose II e originam quatro espermátides, que formam os espermatozoides por espermiogênese). Fo nt e: 1 23 R FCélula de Sertoli Espermatogônia Meiose I Meiose II Espermatócito primário Espermatócito secundário Espermátides Célula de esperma Fo nt e: 1 23 R F 16 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose SA IB A M A IS Legenda: (O desenvolvimento do espermatozoide → 1. o complexo de Golgi se posiciona próximo ao núcleo da espermátide e forma a vesícula acrossômica; 2. o centríolo se coloca em posição oposta ao complexo de Golgi; 3. o centríolo forma microtúbulos que começam a orientar a formação do flagelo; 4. as mitocôndrias se posicionam na base do flagelo; 5. parte do citoplasma é perdida e reabsorvida pelo túbulo seminífero e o flagelo aumenta de tamanho; 6. a vesícula acrossômica aumenta e envolve o núcleo; 7. o espermatozoide completo apresenta cabeça, peça intermediária e cauda ou flagelo). Os espermatozoides recém-formados apresentam na região da cabeça o acrossomo, que é uma vesícula secretora do Complexo de Golgi contendo enzimas digestivas que se- rão lançadas na superfície do ovócito durante a fecundação. Eles serão liberados na luz do túbulo seminífero e seguirão até o epidídimo, onde serão amadurecidos e armazena- dos até o momento da ejaculação. Os espermatozoides liberados do epidídimo possuem motilidade, porém, terão de sofrer o processo de capacitação no trato genital feminino, ou seja, depois de serem introduzidos no canal vaginal durante a cópula, sofrerão modifica- ções nas enzimas acrossomais e, então, estarão competentes para a fertilização. Figura 16. Espermiogênese Fo nt e: 1 23 R F O desenvolvimento do espermatozoide Ap ar el ho d e G ol gi Ac ro ss om al Ve sí cu la Centríolos Flagelo Mitocôndria Microtúbulos Excesso de citoplasma C au da Pe ça in te rm ed iá ria C ab eç a Acrossomo Núcleo Núcleo de espermátides SOBRE A ESPERMATOGÊNESE... Acesse o link: https://open.spotify.com/episode/51xeIt4r8BHDwns8n67FHU. Ovogênese ou Ovulogênese Ovogênese é o nome dado ao processo de formação dos gametas femininos, os óvulos. Ainda durante o desenvolvimento embrionário, algumas células germinativas primitivas se multiplicam por mitose e originam as ovogônias (2n). Essas aumentam de tamanho https://open.spotify.com/episode/51xeIt4r8BHDwns8n67FHU U9 17BiologiaCelular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose por volta do terceiro mês de gestação e formam os ovócitos I ou primários (2n). Esses últimos entrarão na meiose I, que não se completa, estacionando na fase de diplóteno, por vários anos. Os ovócitos são envoltos por células foliculares em estruturas denomi- nadas folículos ovarianos. O ovócito I fica dentro de um folículo primordial, em que as células que o envolvem são achatadas e formam uma única camada. Na fase da puberdade, devido à ação dos hormônios, esses folículos vão sofrendo altera- ções e, todo mês, vários ovócitos dão prosseguimento ao seu desenvolvimento. Nesses ovócitos, a meiose I chega ao fim, originando duas células (n): um ovócito II e um corpús- culo polar primário, que se degenera. Esse ovócito II entra na meiose II, depois de uma rápida intercinese, que é novamente interrompida. Então, esse ovócito que está dentro de um folículo maduro, devido à ação do hormônio FSH (folículo estimulante), é ovulado quan- do ocorre o pico de liberação do hormônio LH (luteinizante) pela glândula hipófise. Em caso de o ovócito II não ser fecundado, ele será eliminado com o fluxo menstrual. Todavia, se ele for fertilizado por um espermatozoide, haverá a progressão da meiose II originando um óvulo (n) e um corpúsculo polar secundário, que sofre degeneração (Figura 17). Uma mulher nasce com aproximadamente 40.000 a 300.000 ovócitos I no interior de folículos ovarianos e, considerando o período entre a menarca (primeira mens- truação) aos 12 anos e o início da menopausa (término do período reprodutivo e dos ci- clos ovarianos) aos 50 anos, calcula-se que apenas serão formados 400 ovócitos II, mas nem todos chegarão a completar a meiose e formar óvulos. Dessa forma, a mulher sofre atresia folicular durante a sua vida, ou seja, perda de muitos folículos ovarianos. Figura 17. Diagrama representativo da ovogênese e do desenvolvimento dos folículos ovarianos OVOGÊNESE DESENVOLVIMENTO DO FOLÍCULO Ovogônia Mitose Meiose I Ovócito primário preso na prófase I Folículo primordial Folículo primordial Folículo primário Desenvolvimento do primário Folículo maduro Antes do nascimento Infância - ovário inativo Da puberdade a menopausa Primeiro corpo polar (morre) Ovócito primário Ovócito secundário 2n 2n 2n n n 18 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose Meiose II (completada somente se fertilizado) n n 2n Segundo corpo polar (morre) Zígoto Ovócito secundário, preso na metáfase II, ovulado Ovulação Corpo lúteo Legenda: (À esquerda → ovogênese → ovogônia [2n] sofre várias mitoses e algumas aumentam de tamanho e formam os ovócitos primários [2n]; isso ocorre antes do nascimento; na infância o ovário é inativo; da puber- dade à menopausa o ovócito primário [2n] sofre meiose I originando o ovócito secundário e o primeiro corpús- culo polar que morre; o ovócito secundário [n] fica parado na meiose II e é ovulado; a meiose II se completa apenas se o ovócito II, em metáfase II for fecundado e formar o zigoto [2n]. À direita → desenvolvimento do folículo → antes do nascimento o folículo é primordial; na infância o ovário é inativo; da puberdade à meno- pausa o folículo primário que tem uma camada de células achatadas em torno do ovócito sofre modificações. Começa a apresentar uma cavidade em seu interior e as células em torno do ovócito são cúbicas e formam a corona radiata, se tornando maduro. Ocorre a ovulação e o ovócito sai do folículo para entrar na tuba uterina. As células foliculares que ficam no ovário passam a produzir progesterona e formam o corpo lúteo). Fo nt e: 1 23 R F SA IB A M A IS SOBRE A OVOGÊNESE... Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=W63s6GFVGvE. Durante a meiose pode ocorrer erros, como foi mencionado anteriormente como, por exemplo, a não disjunção cromossômica, que consiste na segregação errônea dos cromossomos homólogos na anáfase I, ou das cromátides-irmãs na meiose II. Como consequência, uma das células formadas terá um cromossomo a mais e outra, um cro- mossomo a menos. Se uma dessas células for o gameta que participará da fecundação, sendo fecundado ou fecundando um outro com o número correto de cromossomos, será formado um zigoto com três cópias de um cromossomo (trissomia) ou com ausên- cia de um cromossomo (monossomia). Ambas as situações caracterizam uma aberra- ção cromossômica numérica conhecida como aneuploidia, em que ocorre aumento ou diminuição de um determinado cromossomo no genoma do indivíduo. É o que acontece com as síndromes de Patau, com trissomia do cromossomo 13; de Edwards, com trissomia do cromossomo 18 e de Turner, com monossomia do cromossomo X (Figura 18). https://www.youtube.com/watch?v=W63s6GFVGvE U9 19Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose Fo nt e: 1 23 R F Figura 18. Cariótipos de indivíduos portadores das Síndromes de Patau Síndrome de Patau Síndrome de Turner Síndrome de Edward Legenda: (À esquerda → cariótipo de portador da síndrome de Patau mostrando a trissomia do cromossomo 13; à direita → cariótipo de portador da síndrome de Turner mostrando a monossomia do cromossomo X ao centro → cariótipo portador da síndrome de Edward mostrando a trissomia do cromossomo 18; ). Os portadores dessas síndromes nascem e sobrevivem, mas apresentam vários com- prometimentos físicos e mesmo mentais que carregarão por toda a vida. Dessa forma, é muito importante que os processos de divisão celular aconteçam de maneira eficiente para garantir a geração de células e organismos saudáveis. 20 Biologia Celular e Genética U9 Ciclo Celular, Mitose e Meiose 2. ATIVIDADES PROPOSTAS Atividade 1. Atividade 2. Enunciado Construa um infográfico sobre a meiose, relacionando os eventos mais importantes de cada fase e utilizando imagens ou desenhos das fases. Lembre-se de colocar o máximo de infor- mações pertinentes ao processo. Enunciado Imagine uma célula 2n = 2. Elabore um esquema comparando a mitose e a meiose dessa célula, desenhando como ocorrem essas divisões celulares. U9 21Biologia Celular e Genética Ciclo Celular, Mitose e Meiose REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; MORGAN, D.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; WILSON, J.; HUNT, T. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. p. 968, 988, 996. CARVALHO, Hernandes F.; PIMENTEL, Shirlei M.R. A célula. 4. ed. Barueri: Manole, 2019. p. 505-521; 531- 549. POLLARD, Thomas D.; EARNSHAW, William C. Biologia celular. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 715-730; 737-752. EDUCANDO PARA A PAZ
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