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ENSAIO DE SEMÂNTICA

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RELAÇÕES SEMÂNTICAS: UM ESTUDO SOBRE SENTIDOS E EFEITOS DE SENTIDO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 1° ANO DO ENSINO MÉDIO.
Jocivania da Cruz Silva
RESUMO
O presente ensaio, tem por objetivo abordar sobre sentido e efeitos de sentidos, presentes no livro didático “Linguagem e Interação”, do 1° ano do ensino médio de Língua Portuguesa, que faz parte do PNLD e foi publicado no ano de 2016, escrito pelos autores Carlos Emílio Faraco, Francisco Marto de Moura e José Hamilton Maruxo Júnior.
Com base na abordagem suscitada pelos autores do livro sobre o tema compreendemos que o significado que a palavra recebe após ser empregada podemos definir como sentido, desse mesmo modo ao relacionarmos palavras e significados colocamos à luz o contexto, que nos possibilita uma seleção de uso na construção de diferentes sentidos e efeitos de sentido. Sendo assim, o foco principal é propor uma definição dos conceitos mencionados e problematizar alguns exemplos presentes no livro didático.
PALAVRAS-CHAVE: Relações semânticas, livro didático, sentidos, efeitos de sentido.
ABSTRACT:
KEYWORDS: Semantic relations, textbook, senses, sense effects.
1. Considerações iniciais
	
Este ensaio objetiva analisar os “sentidos e efeitos de sentido” no campo das relações semânticas no livro didático “Linguagem e Interação” do 1° ano do ensino médio. O livro pertence ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), publicado no ano de 2016, escrito pelos autores Carlos Emílio Faraco, Francisco Marto de Moura e José Hamilton Maruxo Júnior.
O Programa Nacional do Livro didático (PNLD), é um programa destinado a avaliar, analisar e distribuir livros didáticos como suporte a prática educativa, após o processo finalizado são distribuídos de forma gratuita para as escolas da rede regular de ensino, em que quatro segmentos são atendidos; a educação infantil; primeira fase do ensino fundamental; segunda fase do ensino fundamental e o ensino médio.
O livro didático é um instrumento essencial em sala de aula para professores e alunos, norteia os docentes com os conteúdos que serão abordados e estratégias de ensino em sala de aula. 
	Diante da relevância do livro didático, e após uma análise em outros livros de diferentes anos escolares, e partindo do critério de pouca abordagem sobre o tema mencionado, surgiu a necessidade de evidenciar o livro “Linguagem e Interação”.
	O foco do ensaio será falar sobre o que é a significação, os sentidos conotativos e denotativos dentro do livro didático, mostrar conceitos e autores que discorrem sobre o assunto. O livro utilizado será “Se liga na língua: leitura, produção de texto e linguagem” do 7° ano, os autores são: Wilton Ormundo e Cristiane Siniscalchi. O livro didático foi adquirido na escola ASPA, é um material valioso para essa e para outras disciplinas.
1 A Significação das palavras e argumentação
	
	Em consonância com estudos a semântica é descrita como uma das ramificações da linguística que estuda o significante e o significado e a relação entre ambos, a significação das palavras, os enunciados e expressões. O significante é a forma e o significado é o conteúdo. Palavras e expressões que se organizam em uma formação de enunciado podem estabelecer em sua constituição as relações semânticas. FOSSILE (2013) nos fala um pouco a respeito da semântica e dos sentidos adquiridos por palavras.
	 
A Semântica tem como foco o estudo de aspectos dos significados das palavras e suas sentenças, ou seja, o significado real ou figurado em relação com os elementos que proporciona a reflexão linguística no teor semântico. Assim, semântica, é voltada justamente para os sentidos adquiridos pelas palavras ou lexias e ainda pelos seus agrupamentos, como no processo de sinonímia, antonímia, hiperonímia e hiponímia e outros. (FOSSILE, 2013)
A significação das palavras é a parte abordada na semântica na qual fala sobre sentido conotativo, denotativo, sinonímia, metonímia, entre outros. De acordo com Anscombre e Ducrot (1994) a significação da palavra é puramente argumentativa. 
Nunca há valores informativos no nível da frase. Não apenas não há frases puramente informativas, mas sequer há, na significação das frases, componente informativo, o que não significa que não há usos informativos das frases. [...] Tais usos (pseudo) informativos são derivados de um componente mais ‘profundo’ puramente argumentativo. (ANSCOMBRE; DUCROT, 1994, p. 214).
 Significa dizer que quando há diálogo entre duas ou mais pessoas há um enlace e entrelace de palavras, há a construção de textos, o conjunto de palavras que juntas formam uma resposta dentro do diálogo que fará sentido. Não apenas algo que seja para informar. De acordo com o que é dito vamos construindo nosso discurso de modo que a outra pessoa vai entender porque seguirá uma estrutura argumentativa da língua. 	
Desse modo as relações semânticas constituídas nas formações de enunciados estabelecem as relações de sentido e significado entre si, sendo dessa forma em categorias de semelhança, de oposição, de hierarquia e de parte-todo.
2 Sentido denotativo e conotativo e suas diferenciações
A linguagem é o maior objeto de interação da sociedade, ela nos possibilita troca de opiniões, ideias, saberes, enunciados, expressões, entendimento e assim, aprendendo mais palavras seja por meio dos estudos, lendo livros, vendo videoaulas na internet, assistindo a notícias nos jornais, vendo filmes, há sempre uma forma de conhecimento.
Dentro dessa linguagem que é falada no cotidiano têm sempre aquelas palavras ou expressões que falamos em sentido figurado ou não, a exemplo de: “Estou morrendo de fome” ou quando dizemos “Mãe, estou com muita fome!”. Essas duas frases citadas acima são referentes ao sentido conotativo e denotativo das palavras. (Lopes e Pietro Forte, 2003) explicam a respeito de conotação e denotação:
Se é da linguagem que emana o sentido, é a partir de mecanismos de linguagem que se constrói efeitos de sentido tanto de denotação quanto de conotação. Assim, a linguagem produz efeitos de sentido e não é reflexo das coisas. Tanto a denotação quanto a conotação são construções discursivas. (Lopes e Pietroforte, 2003, p. 125).
Independentemente de uma frase ser dita em sentido denotativo ou conotativo, ambas terão sentido, esse tipo de manifestação de linguagem é geralmente utilizado na literatura, para uma maior expressividade entre as palavras. Algumas gírias criadas recentemente como “arrasou”, “lacrou”, “fechamento” são palavras de cunho conotativo e quando pesquisadas no dicionário tem um significado completamente diferente. Na linguagem denotativa as palavras são utilizadas o sentido dicionarizado das palavras, é claro e objetivo, como “antes de assar o bolo, é necessário pré-aquecer o forno a 120°”.
3 A análise dos recortes do livro didático
Recorte 1.1
O primeiro recorte de imagem retirado do livro “se liga na língua: leitura, produção de texto e linguagem, (pg.40) é sobre um anúncio publicitário, no qual a pessoa recebeu uma doação e tatuou no corpo a seguinte frase: “Paulo, você me fez enxergar o mundo” e a imagem de um olho com flores na lateral. Como podemos ver no recorte abaixo. 
A tatuagem não é difícil de compreender a mensagem que ela quer passar para nós. A significação das palavras, o conjunto de palavras que tem um sentido e que é fácil de entender apenas vendo a imagem, essa pessoa é grata ao Paulo por poder enxergar devido a doação de órgãos. 
Recorte 1.2
O segundo recorte de imagem do livro “se liga na língua: leitura, produção de texto e linguagem, (pg.41) traz a imagem de uma mulher que aparenta estar estressada e a seguinte frase “minha cabeça está fervendo”, a imagem traz o sentido conotativo da frase, quando diz a cabeça está fervendo não quer dizer que está dentro de uma panela e sim que ela está com a cabeça doendo ou estressada com algo que aconteceu.
Recorte 1.3
O terceiro recorte de imagem do livro “se liga na língua: leitura, produção de texto e linguagem, (pg.43) traz uma charge com o seguinte diálogo“quando eu sugeri queima de estoque, não era no sentido literal...” o que podemos compreender da charge é que “a queima de estoque” era relacionado as vendas e não a queimar o que tinha na loja. A imagem traz um sentido denotativo porque foi queimado, porém, conotativo por conta do termo “queima de estoque”.

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