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Lingua portuguesa semantica

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Prévia do material em texto

Montes Claros/MG - 2011
Helena Maria Gramiscelli Magalhães
Língua Portuguesa
Semântica
2011
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
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CONSELHO EDITORIAL
Maria Cleonice Souto de Freitas
Rosivaldo Antônio Gonçalves
Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho
Wanderlino Arruda
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
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Arlete Ribeiro Nepomuceno
Aurinete Barbosa Tiago
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Luci Kikuchi Veloso
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Ubiratan da Silva Meireles
REVISÃO TÉCNICA
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Cláudia de Jesus Maia
Josiane Santos Brant
Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Káthia Silva Gomes
Marcos Henrique de Oliveira
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
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Camilla Maria Silva Rodrigues
Clésio Robert Almeida Caldeira
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Francielly Sousa e Silva
Hugo Daniel Duarte Silva
Marcos Aurélio de Almeida e Maia
Patrícia Fernanda Heliodoro dos Santos
Sanzio Mendonça Henriques
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Vinícius Antônio Alencar Batista
Wendell Brito Mineiro
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Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
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Chefe do Departamento de Ciências Sociais
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Chefe do Departamento de Geociências
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Chefe do Departamento de História
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Chefe do Departamento de Comunicação e Letras
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Chefe do Departamento de Educação
Andréa Lafetá de Melo Franco
Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
Maria Elvira Curty Romero Christoff
Coordenador do Curso a Distância de Ciências Biológicas
Afrânio Farias de Melo Junior
Coordenadora do Curso a Distância de Ciências Sociais
Cláudia Regina Santos de Almeida
Coordenadora do Curso a Distância de Geografia
Janete Aparecida Gomes Zuba
Coordenadora do Curso a Distância de História
Jonice dos Reis Procópio
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Espanhol
Orlanda Miranda Santos
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês
Hejaine de Oliveira Fonseca
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Ana Cristina Santos Peixoto
Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Maria Narduce da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Nárcio Rodrigues
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitora de Ensino
Anete Marília Pereira
Diretor do Centro de Educação a Distância
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Artes
Maristela Cardoso Freitas
Autora
 Helena Maria Gramiscelli Magalhães 
Doutora em Língua Portuguesa e Linguística pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS). Mestre em Língua Inglesa pela 
Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Letras, Português-Inglês-
Alemão pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS). 
Autora dos livros: O Ensino e Aprendizagem de Língua Estrangeira (1987, 
Editora da UFMG), em parceria com a Professora Doutora Reinildes Dias e 
Aprendendo com Humor (Editora Mercado das Letras), publicado em janeiro 
de 2011. Atualmente, é palestrista, revisora de textos acadêmicos, livros e 
artigos em Português e Inglês e de abstracts. 
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1
Semântica Construída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1. 2. Semântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
1. 3 Posição da Semântica no âmbito dos estudos linguísticos, 
pragmáticos e histórico-filosóficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Unidade 2
Semântica descrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
2.2 Fenômenos semânticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2. 2 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Unidade 3
Semântica discursiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
3.1 Teoria da enunciação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
3.2 Vozes no discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.3 Intencionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
3.4 Teoria dos atos de fala revisitada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52
3.5 Ironia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
3.6 Lítotes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.7 Análise de uma capa da Revista Veja. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
3.8 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Referências Básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67
Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
9
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
Apresentação“Toda filosofia esconde também uma filosofia. Toda opinião é também um es-
conderijo, toda palavra também uma máscara” (Nietzsche).
Alô, prezado acadêmico! Vamos trabalhar com a cena enunciativa abaixo e descobrir se 
Nietzche, o filósofo alemão, estava certo em suas afirmativas na citação acima, quando afirma 
que toda filosofia esconde uma filosofia, toda opinião é um esconderijo e toda palavra é tam-
bém uma máscara?
A vida resume-se a... 4 garrafas.1
É isto mesmo! A mamadeira (1), a Coca-Cola (2), a Brahma (3) e o soro fisiológico (4) são sinô-
nimos dos ciclos da vida, além de, discursivamente e filosóficamente, por assim dizer, resumirem 
o sentido da vida na opinião do autor do texto na cena enunciativa. Além disso, a mamadeira é 
sinônimo de infância, a Coca-Cola de adolescência, a cerveja de adultícia e o soro, de terceira 
idade. Sinônimos são processos2 semânticos de equivalência entre palavras e frases; cena enun-
ciativa, como você já estudou na disciplina Introdução à Linguística, é expressão originada da 
Teoria da Enunciação. Reveja: 
[...] a enunciação, ou seja, o evento único e jamais repetido de produção do 
enunciado. Isso porque condições de produção (tempo, lugar, papéis desem-
penhados pelos interlocutores) são constitutivas do enunciado: a enunciação 
vai determinar a que título aquilo que se diz é dito (NEPOMUCENO, BARBOSA. 
Caderno Didático: Introdução à Linguística, Teoria da enunciação, subseção 
3.5.3.2, p.66).
 Por hora, basta lembramos que a cena enunciativa é a instância do evento de enunciação 
e que sinônimos substituem palavras, mantendo o mesmo sentido. Agora, responda: em que di-
cionário você encontraria as palavras indicando os ciclos da vida, ou seja, infância, adolescência, 
adultícia e terceira idade, com esses sinônimos? Nenhum! Portanto, fique atento! Estamos cons-
truindo o conteúdo de nossa disciplina. 
DICAS
1 Texto enviado por 
MORTIMER por email, 
em 16 de janeiro de 
2011.
◄ Figura 1: A vida em 
quatro recipientes
Fonte: MORTIMER, grupo 
da Internet. Email enviado 
em Dez. 2010.
DICAS
2 Neste texto, usare-
mos, indiscrimina-
damente, palavras, 
processos, proprieda-
des, mecanismos e 
fenômenos para nos 
referirmos aos elemen-
tos da semântica.
10
UAB/Unimontes - 6º Período
Prossigamos construindo a disciplina deste curso.
Faça Sucesso! Faça Fama!
Caro acadêmico, diga lá: esses enuncia-
dos provocam estranheza? Não, é lógico que 
não! Eles apenas incentivam os leitores a pros-
seguirem, firmemente, em direção ao sucesso 
e à fama, não é? Sim, se interpretarmos seu 
sentido de acordo com os significados que 
as palavras têm no dicionário. Mas, será que 
é só isto mesmo? Pode ser que não, ouviram? 
Essas sentenças podem ir mais além. Que tal, 
se eu lhe dissesse que as frases aparecem em 
um cartaz/faixa na entrada do prédio da Facul-
dade Fama, na cidade de Imperatriz, no Mara-
nhão, o sentido mudaria? Veja o cartaz/faixa 
abaixo e diga: qual seria o significado agora? 
ATIVIDADES
Na mesma linha de 
pensamento das tiri-
nhas anteriores sobre 
o ciclo da vida, analise 
esta sequência de seis 
(06) quadros a seguir. 
Depois, escolha pala-
vras equivalentes para 
cada um dos copos dos 
06 quadros e comente 
suas escolhas. 
Figura 2
Fonte: MORTIMER, Email 
enviado em dez. 2010
►
Figura 3
Fonte: Figura de Clipart, 
Windows 2007.
►
Figura 4
Fonte: FACULDADE MA-
RANHENSE de Imperatriz, 
MA- FAMA.
Faixa na entrada da Facul-
dade Fama em Imperatriz, 
M.A. (Dez, 2010)
►
11
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
Explicamos o texto - A palavra “FAMA”, 
grafada, propositalmente, em letras maiúscu-
las, é usada com um sentido duplo: sucesso e 
nome próprio de Faculdade. Assim, na faixa, 
ninguém está sendo estimulado apenas a fa-
zer fama/sucesso, mas também, conclamado 
a se matricular e cursar a Faculdade Fama. A 
função comunicativa – simplificadamente, in-
tenção real – dessas sentenças é fazer propa-
ganda; o texto é de propaganda! Este tipo de 
interpretação é possível graças à Semântica. O 
uso da palavra FAMA/fama se refere a um ele-
mento da Semântica que se caracteriza pelo 
fato de essa palavra poder ser lida com dois 
sentidos. Esse fenômeno se chama polisse-
mia (propriedade de a palavra ter mais de um 
sentido), que gera outro fenômeno, denomi-
nado ambiguidade (ambi-dois) - entender em 
dois sentidos, sendo um deles, aqui neste tex-
to, desviante. 
Agora, acadêmico, retorne à citação ini-
cial e verá que Nietzche estava certo: a palavra 
é máscara sim, ela esconde o real sentido; o 
texto da FAMA desnuda a intenção do cartaz 
na Faculdade: atrair a clintela e, talvez, por que 
não, também formar para o sucesso, só que 
não como sua função primária/primeira; e a 
nossa opinião saiu de seu esconderijo, nossa 
mente, e revelou-se na nossa análise sobre os 
textos. Percebeu?
Notou, também, que a contextualização 
dos enunciados ajudou na compreensão do 
texto e dos fenômenos linguísticos? Então, 
vamos aprender um pouco mais sobre esses 
processos/fenômenos ao longo desta discipli-
na, pois, é com esse conteúdo, caro acadêmi-
co, que neste semestre você terá um encontro. 
Trataremos de um aspecto/nível bastante atra-
ente de uma língua, a Semântica, encarregada 
de estabelecer as relações entre as palavras/
lexical e as frases/frásica e a que vai para além 
do texto e aterriza no discurso, a transfrásica. 
Com esta disciplina, mergulharemos com 
você na riqueza da língua, nas máscaras, uni-
verso dos significados, para descobrir mais 
sobre a capacidade que o ser humano tem de 
manipular a língua para conferir, não só às pa-
lavras e aos enunciados/frases, sentidos e sig-
nificados que desejarem. É isso mesmo! O ser 
humano é quem constrói a língua e todos os 
significados de que dispomos e dos quais te-
mos notícia. E muitos ainda estão para serem 
construídos, sem dúvida. Descobriremos opi-
niões escondidas, rostos por trás das máscaras, 
filosofias embutidas em filosofias e opiniões 
enrustidas... Vamos lá.
Você já riu de piadas e charges? Certa-
mente que sim. Quem não fez isso? Mas, com 
certeza, você não parou para pensar naquilo 
que, nesses textos de humor, faz você rir, que 
mecanismos linguísticos promovem o riso do 
ser humano, visto que os animais irracionais 
não riem. Eles não falam (nem os papagaios; 
eles repetem o dia inteiro; são behavioristas/
comportamentalistas). Eles, também, não 
riem. Rir é caracteristica própria do ser huma-
no e somente dele, apesar de algumas pessoas 
acharem que a hiena ri. A hiena, coitada, faz 
sexo apenas uma vez por ano e só come fezes. 
Ela riria de quê, caro acadêmico?
Então, nossa intenção nesta disciplina é 
mostrar-lhe como isso ocorre: de que recursos 
o ser humano se utiliza para conseguir tantos 
sentidos e significados que enfeitam a vida, 
fazem rir, chorar, rezar, lamentar, alegrar, viver. 
É, através da Semântica, que você se orienta-
rá para trilhar o caminho que as palavras per-
correm e, assim, constatar que elas podem ter 
sentidos figurados, ser substituídas por outras 
e, talvez, ainda assim, manter (quase) o mesmo 
significado, ser colocadas em contraposição 
ou complementaridade, assumir sentidos du-
plos e plurais, alguns, por vezes, jamais imagi-
nados. 
Nessa trajetória, você perceberá que a Se-
mântica é o suporte para você compreender 
que a língua tem uma autonomia dependente, 
por mais que isso pareça contraditório, porque 
ela necessita do ser humano, já que ele a cons-
trói, mas é, também, por ela construído. Parece 
complicado, mas não é: o homem depende da 
linguagem, que depende dele. São parceiros. 
Elimine o homem e você extinguirá a lingua-
gem; elimine a linguagem e você matará o ho-
mem.
Trataremos de alguns conceitos de Se-
mântica, revisitando as noções de significante 
e significadoda teoria dos signos. Mostrare-
mos a você, através de um breve histórico, 
como a Semântica surge nos estudos linguísti-
cos, quem a nomeou como tal e quem e o que 
a locomoveram do nível de descaso histórico 
para um nível de relevância nos estudos da lín-
gua. Nessa parte, será fundamental que você 
revisite o Caderno Didático da disciplina Intro-
dução à Linguística da UAB/Unimontes, escrito 
por Arlete Ribeiro Nepomuceno e Liliane Pe-
reira Barbosa.
Abordaremos alguns dos fenômenos 
semânticos que compõem os textos orais e 
escritos que utilizamos no dia-a-dia e os atos 
que praticamos, aquilo que fazemos quando 
falamos, quais são nossas intenções quando 
fazemos escolhas gramaticais e lexicais (de 
vocabulário) para afetarmos as pessoas com 
as quais dialogamos. Aqui, não valeria a pena 
descobrir quantas vozes estão compartilhan-
do, interferindo, falando conosco e entre elas 
12
UAB/Unimontes - 6º Período
mesmas no mesmo texto e no discurso profe-
rido? 
Enfim, com esta disciplina, esperamos 
que você veja que a Semântica, considerada 
“bicho de sete cabeças” por muitos, nada mais 
é que um recurso a mais, que lhe possibilita 
saber mais sobre sua língua, e que este conhe-
cimento pode ser adquirido de modo alegre, 
divertido e descontraído. 
Embora pareça nome feio, palavrão mes-
mo, a Semântica – nome que alguns leigos 
acham que é nome de macarrão - não é aque-
le bicho de sete cabeças, não morde ninguém, 
nem solta fogo pelas ventas. E não é que nós 
usamos uma boa série de mecanismos linguís-
tico-semântico-discursivos para dizer isso aí 
atrás? Quais seriam esses mecanismos? Que 
nomes teriam? Que tal desvendá-los durante 
o desenvolvimento desta disciplina? E, afinal, 
o que seria nome feio? Existem nomes feios? 
Palavrão é palavra muito comprida? Não? Sim? 
Vamos descobrir? Fica aqui nosso desafio. 
Este caderno oferece seções através das 
quais você pode testar seus conhecimentos, 
refletir a respeito deles, verificar o significado 
de termos que o caderno contém e analisar 
textos sérios e textos humorísticos (então, tex-
tos de humor não são sérios? O que acha, caro 
acadêmico?), buscando identificar os meca-
nismos linguísticos que os constituem. Desejo 
a você uma boa viagem, através das palavras, 
que, durante seu percurso, você mergulhe na 
riqueza e beleza da língua portuguesa brasilei-
ra e que, ao final dessa viagem, você desfaça 
as malas repletas de conteúdo aprendido, não 
decorado, e o leve para a vida afora. Viu? Usa-
mos nesse trecho a linguagem figurada, e não 
a literal, a que chamamos de metáfora, aqui, 
especificamente chamada de metáfora de via-
gem, e a qual já nos referimos neste texto; 
uma metáfora, sim, porque, afinal, você não 
viajará, literalmente (sentido dicionarial), 
não é, nem na maionaise (que seria outra 
metáfora...). Vamos entender esta viagem?
Isso exposto, e conscientes de que o en-
sino de quaisquer conteúdos deve sempre 
partir do conhecimento anterior e objetivar a 
educação holística do ser humano, com vistas 
à formação de um cidadão responsável, parti-
cipativo, crítico e transformador da sociedade 
na qual vive, definimos para a disciplina Se-
mântica os seguintes objetivos: 
Objetivo Geral: Identificar o lugar da Se-
mântica na língua portuguesa do Brasil e seu 
papel enquanto esclarecedora de nuances de 
significado e da construção/produção da pró-
pria língua.
Específicos:
•	 revisitar e reconhecer estruturas linguísti-
cas em textos diversos;
•	 discutir conceitos de Semântica;
•	 situar a Semântica historicamente;
•	 discorrer a teoria dos signos;
•	 listar e analisar fenômenos linguístico-
-semânticos;
•	 avaliar o papel dos fenômenos semânti-
cos em textos diversos;
•	 rever e discutir a teoria da enunciação;
•	 situar o papel da instância de enunciação 
no processo de construção do sentido;
•	 operar com conceitos básicos da teoria 
dos atos de fala;
•	 detectar e apontar vozes no discurso, dis-
cutindo a intencionalidade no discurso de 
vários textos;
•	 proceder à análise semântico-pragmática 
de diferentes tipos de textos.
Após termos atingido esses objetivos e 
você ter se apoderado do conteúdo selecio-
nado para esta disciplina, prezado acadêmico, 
você compreenderá o papel crucial que a Se-
mântica desempenha para os estudos sobre 
a língua, como esta funciona e como ela (a 
Semântica) pode subsidiar quaisquer tipos de 
análises (linguística, discursiva, pragmática) 
que você tenha, queira, ou venha a fazer. 
O caderno da disciplina Semântica está dividido em três (03) Unidades subdivididas, a saber:
Unidade 1: Semântica Construída
1. 1 Fenômenos linguísticos revisitados
 1.1.1 classes de palavras, pontuação, fonologia, acentuação
 1.1.2 sintaxe
 1.1.3 sinonímia, incongruência, ambigüidade (fonológica, lexical e sintática)
1. 2 Semântica
 1.2.1 níveis da língua
 1.2.2 etimologia, conceitos de Semântica, significado
 1.2.3 concepção de sentido 
DICAS
Bicho de sete cabeças 
pode ser um dragão, 
e quando se diz que a 
Semântica é esse bicho, 
usamos uma metáfora, 
um dos fenômenos da 
Semântica. Exatama-
mente o mesmo fenô-
meno ocorre quando 
alguém afirma: “minha 
sogra é uma cascavel, 
uma vaca, uma anta, 
uma santa...”
GLOSSáRIO
Holística: integral, 
total) 
13
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
 1.2.3.1 significado e sentido
 1.2.4 formações sociais, ideológicas (Fis) e discursivas (FDs)
 1.2.5 teoria dos signos revisitada
1.3 Posição da Semântica no âmbito dos estudos linguísticos pragmáticos e histórico-filosóficos
Unidade 2: Semântica descrita
2. 1 Fenômenos linguístico-semânticos
 2.1.1 monossemia, polissemia, paráfrase, homonímia 
 2.1.2 relações de equivalência de sentidos(sinonímia) 
 2.1.3 relações de oposição de sentidos
 2.1.3.1 opostos complementares
 2.1.3.2 oposição contrária ou graduável
 2.1.3.3 oposição conversa ou recíproca
 2.1.3.4 incompatibilidade múltipla
 2.1.4 ambiguidade
 2.1.4.1 fonológica
 2.1.4.2 gramatical (sintática/sentencial/estrutural)
 2.1.4.3 lexical
 2.1.5 hiperonímia e hiponímia
 2.1.6 metáfora
 2.1.7 pressuposição
 2.1.8 oxímoro
2.2 Referência
Unidade 3: Semântica e Discurso
3.1 Teoria da enunciação revisitada.
 3.1.1 discurso
 3.1.2 noção de linguagem
 3.1.3 instância de enunciação, enunciado, referência
 3.1.4 as pessoas na enunciação
3.2 Vozes no discurso
 3.2.1 heterogeneidade, polifonia, intertextualidade, interdiscursividade
3.3 Intencionalidade
3.4 Teoria dos Atos de fala revisitada
 3.4.1 os atos de fala
 3.4.1.1 ponto de realização
 3.4.1.2 modalização 
3.5 Ironia
3.6 Lítotes
3.7 Análise uma capa de revista
Os pilares do conteúdo desta disciplina estão alicerçados nestas unidades e subunidades. 
Os aspectos sugeridos para questionamentos, debates e posicionamentos complementam esse 
conteúdo e são acrescidos de informações e consultas indicadas para pesquisa nos sítios(sites) da 
rede(web) e nas bibliotecas virtuais(online), que objetivam dar suporte ao seu aprendizado. Todos 
esses recursos estão localizados ao longo do texto e identificados sob as rubricas 
DICAS
PARA REFLETIR
ATIVIDADES
GLOSSáRIO
14
UAB/Unimontes - 6º Período
Para a garantia de sua aprendizagem, 
é fundamental que você, acadêmico, com-
preenda o valor do conteúdo analisado, das 
atividades propostas, dos textos sugeridos 
para leituras, alguns neste mesmo caderno 
e outros de autores diversos, não apenas 
como elementos-base para o desenvolvi-
mento de seu conhecimento e eventuais dis-
cussões, mas, principalmente, para embasar 
sua análise dos fenômenos linguístico-se-
mântico-discursivos de textos variados. 
Reitero que Semântica não é bicho pa-
pão, mas a percepção e identificação de seus 
fenômenos dependerá não apenas de um con-
sistente e criterioso estudo sobre a teoria,mas, 
também, do trabalho com as atividades e tarefas 
propostas. Da nossa parte, além da teoria perti-
nente aos temas selecionados, ofereceremos a 
prática mediante análises semânticas ilustrativas 
de textos e requisitaremos que você faça exercí-
cios com esses tipos de análises de textos diver-
sos; o alvo desses procedimentos é a garantia de 
um aprendizado eficaz e consistente. 
Queremos lembrar que, na aprendiza-
gem de quaisquer línguas, o lema é: fluência 
primeiro, competência gramatical depois, já 
que o que conta é a comunicação, pelo me-
nos, em tese. Nesta disciplina, nosso lema 
é: prática primeiro e teoria também, lado a 
lado, corpo a corpo. 
No mais, interaja com seus colegas, in-
vestigue as teorias, questione-as, sugira, 
transgrida e mergulhe na prática, discuta, 
tente, invente, reinvente, faça algo diferente 
e emerja confiante, com um conhecimento 
mais amplo sobre sua língua.
Retomamos a metáfora da viagem. De 
onde você sai, que percurso escolheu e aon-
de o levará esta disciplina Semântica? O trem 
já vai partir. O quê? Um trem, em pleno ter-
ceiro milênio? Que pobreza! Sim, meu caro, o 
trem! E por quê? Aviões são mais modernos e, 
por demais, rápidos – às vezes, andam a 900 
quilômetros por hora! Além disso, lá de cima, 
nas nuvens, quase nada se vê aqui embaixo e 
quando se vê algo, (a)parece-nos tão minús-
culo. Não podemos ter visão tão pequena ou 
estreita... Entendeu como a Semântica pode 
ajudar-nos a dizer as coisas?
ATIVIDADES
Detecte e liste alguns 
mecanismos semân-
ticos utilizados nesse 
último parágrafo, 
mesmo que você ainda 
desconheça seus no-
mes, e discuta-os.
15
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
UNIDADE 1
Semântica Construída
Levando em conta seu conhecimento anterior sobre língua, revisitaremos alguns mecanis-
mos linguísticos para, a partir deles, prosseguirmos nossa viagem para o entendimento sobre o 
que é Semântica e como ela opera (sem ser médica!). Por essas razões, nesta primeira unidade, 
definimos como objetivo central, caro acadêmico, a nossa construção do sentido de Semântica. 
Isso mesmo! Pela prática você chegará a algumas conclusões teóricas.
Para alcançarmos o objetivo proposto para esta unidade, nós a dividimos nas seguintes su-
bunidades: 
1.1 Fenômenos linguísticos revisitados
 1.1.1 classes de palavras, pontuação, fonologia, acentuação...
 1.1.2 sintaxe
 1.1.3 sinonímia, incongruência, ambiguidade: fonológica, sintática e lexical
1. 2. Semântica 
 1.2.1 níveis da língua.
 1.2.2 etimologia, conceitos de Semântica, significado
 1.2.3 concepção de sentido
 1.2.3.1 significado e sentido 
 1.2.4 formações sociais, ideológicas (FIs) e dicursivas (FDs)
 1.2.5 teoria dos signos revisitada
1.3 Posição da Semântica no âmbito dos estudos linguísticos, pragmáticos e discursivo-filosóficos
 1.3.1 percurso da Semântica: breve histórico e considerações gerais 
Atenção: como a construção de seu conhecimento sobre Semântica será, em sua maior 
parte, prática, ou seja, feita através de textos humorísticos e de textos sérios, é fundamental que 
você faça todas as atividades sugeridas. Combinado?
Agora, vamos elaborar mais sobre o sentido de Semântica, não ainda pela leitura da teoria, 
mas pela revisão de alguns fenômenos linguísticos em textos variados.
Instruções: leia a redação a seguir, e depois, com base em seus conhecimentos prévios so-
bre sua língua e o mundo, desenvolva as atividades propostas, contemplando, ora conjuntamen-
te, ora isoladamente, os itens seguintes:
1.1 Fenômenos linguísticos revisitados
1.1.1 classes de palavras, pontuação, fonologia, acentuação...
1.1.2 sintaxe
Redação3
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um 
substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições 
da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravi-
lhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujei-
to oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos. 
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ou-
vir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo 
feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador 
pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar 
alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a 
se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele 
usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram 
alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam 
DICAS
A palavra opera pode 
ser lida em dois planos/
sentidos: como verbo 
operar e verbo funcio-
nar. Esse jogo de pala-
vras se chama ambigui-
dade lexical semântica, 
e ela é lexical, já que 
feita com a palavra.
3Redação supostamen-
te escrita por um aluno 
de mestrado de algum 
estado do país, como 
trabalho final de uma 
disciplina. Recebida 
por E-mail enviado por 
Heliane Gramiscelli 
Feereira de Mello, em 
abril de 2010.
16
UAB/Unimontes - 6º Período
uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num 
vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu for-
te adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que 
iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e 
ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um 
período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo 
e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas 
palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. 
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi 
avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo 
do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela 
era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande tra-
vessão forçando aquele hífen ainda singular. 
Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido 
tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, 
cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentua-
ção tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu parti-
cípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo 
o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, 
minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando 
dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus ob-
jetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, 
propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao ge-
rúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substan-
tivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu in-
finitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, 
jogou-opela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo 
feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva. 
1.1.3 Sinonímia, Incongruência, Ambiguidade: Fonológica, Sintática e 
Lexical
Agora, leia a redação a seguir e acompanhe, atentamente, sua análise e explicações.
Redação 
O Mano4
Quando eu tiver um mano, vai se chamar Herrar,
porque Herrar é o mano. 
Fui.
ATIVIDADES
Desprezando o signifi-
cado que as palavras 
têm no texto e manten-
do em mente uma rápi-
da revisão de aspectos 
da língua, responda: 
1) a que classes de 
palavras e fenômenos 
linguísticos (gramati-
cais, sintáticos, fono-
lógicos, fonéticos, de 
pontuação, acentuação 
etc.) se referem os 
termos sublinhados 
nos parágrafos um (01), 
dois (02) e três (03) da 
redação?
2) Agora, levando em 
conta os sentidos que 
assumem no texto, 
substitua cada um dos 
termos em negrito no 
texto por uma palavra 
que se encaixe nos 
sentidos pretendidos 
pelo autor.
3) Você encontrou 
algum deslize da língua 
padrão na redação do 
mestrando? Se sim, 
liste-o(s) e discuta-o(s).
PARA REFLETIR
Os fenômenos linguís-
ticos utilizados pelo 
autor apontam para o 
fato de que o usuário 
da língua é capaz de 
detectar e adequar 
quaisquer sentidos que 
ele desejar. Para fazer 
isso, foi necesssário um 
trabalho com a gramá-
tica, com a polissemia e 
com a sinonímia. 
GLOSSáRIO
Sinonímia - fenômeno 
linguístico-semântico 
que trata da equiva-
lência de significa-
dos. Polissemia: poli 
(múltiplos) e semia 
(sentidos), a proprie-
dade de as palavras 
terem vários sentidos. 
A rigor, grande parte 
das palavras de uma 
língua possuem essa 
propriedade.
DICAS
4 Redação suposta-
mente escrita por uma 
aluno do ENEM/2002. 
Texto enviado por E-
-mail em nov. 2010
Figura 5: Arte de 
Escrever
Fonte: figura de clipart, 
Windows, 2007
►
17
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
É... Parece que a caneta “pesou” mesmo 
na hora do aluno redigir a redação. Seria isso 
mesmo? Vejamos.
A redação é um texto de humor que pro-
voca o (sor)riso, em que pesem as implicações 
nas entrelinhas envolvendo a precária situação 
da educação no país. O riso é causado pelo 
uso atrapalhado, pela confusão entre os fo-
nemas (sons) nos agrupamentos o mano/hu-
mano e Herrar/errar que acabam provocando 
uma leitura do texto em dois planos (sentidos), 
a saber: 
- o do provérbio ( “Errar é humano”.);
- e o do incongruente (Herrar é o mano.).
Sendo o incongruente causado pela am-
biguidade fonológica, ou seja, a possibilidade 
de se ler dois sentidos causados pelo som dos 
fonemas. A incongruência e a ambiguidade 
são propriedades da Semântica, como, tam-
bém, o são a polissemia e a sinonímia já aqui 
abordadas em textos anteriores. 
O autor faz criteriosa escolha lexical (de 
palavras) para movimentar o jogo linguístico-
-semântico e surtir o efeito que almeja. O texto 
fecha brilhantemente com o enunciado “Fui”, 
aqui com o sentido bem distanciado do literal/ 
denotativo, pois, aqui, esse verbo assume o 
sentido de: “terminei a redação”, ou melhor, na 
linguagem coloquial/oral dos jovens: “é isso aí; 
Era isso que eu tinha a dizer”. Entendeu tudo? 
Prossigamos, analisando o texto a seguir. 
Observe as imagens e leia o texto. 
Na cena enunciativa, os interlocutores, 
os inspetores de trânsito, perseguem um car-
ro. Ao verificar a escuridão reinante dentro do 
carro perseguido, um deles deduz que o mo-
torista do carro estivesse usando insul-film so-
bre os vidros das janelas do carro. Ato seguin-
te, ele ordena que o motorista pare o carro e 
desça do veículo. Só aí, percebe que o carro 
estava super lotado de afro-descendentes 
que, por sua cor negra, deixavam o carro escu-
ro no interior. 
Por que eu afirmei que os interlocutores 
são dois inspetores de trânsito se você só vê 
um na imagem? Dica: o ser humano é dialógi-
co, ou seja, ele dialoga, sempre, com alguém. 
Ele vive do dialogismo, do diálogo, da interlo-
cução com o outro, mesmo na ausência des-
te. Segundo Eco (1979), todo autor dirige seu 
texto/discurso a um leitor modelo.5 Falaremos 
mais sobre isso, à frente, quando tratarmos da 
enunciação, enunciados e polifonia.
É quando o leitor percebe que a palavra 
insul-film pode ser substituída por negros. 
Sim, isto mesmo, insul-film aqui é sinônimo de 
negros! E em qual dicionário você encontraria 
a palavra insul-film como tendo o mesmo sen-
tido que negros? Nenhum! É isso que a Semânti-
ca permite: este dançar de sentidos construidos 
pela escolha lexical (de palavras) primorosa do 
autor da charge e, por seu conhecimento prévio, 
caro acadêmico, o de mundo, o linguístico e o 
enciclopédico/epistemológico. 
Assim, seu riso, ou desgosto, caro acadêmico, emerge devido a esse jogo de sinônimos ines-
GLOSSáRIO
Incongruente, de in-
congruência - o mesmo 
que inapropriado, não 
aplicável; ambiguidade 
fonológica - sintagma 
(expressão) na qual 
ambi= dois e fonológi-
ca se refere aos sons.
Pragmático: em 
linguística, a relação 
do usuário com a 
linguagem que usa; a 
linguagem que per-
meia a ação linguageira 
do dia-a-dia do usuário, 
aquilo que ele, efetiva-
mente, faz com a língua 
quando ele a utiliza em 
sua realidade.
Denotativo: significa-
do literal das palavras, 
como encontrado no 
dicionário 
Fui: saí, fui embora.
◄ Figura 6: A multa
Fonte: www.SítioHumorn-
negro, 1992
PARA REFLETIR
Você riu desse texto? 
Sim? Muito, pouco, e 
por quê? Não responda 
que é porque o texto 
é engraçado; isto não 
basta, pois você é o 
analista deste texto. O 
que faz o texto engra-
çado é você mesmo, 
caro acadêmico, ao 
usar seu conhecimento 
de mundo e linguísti-
co. Você teve ainda o 
auxílio indispensável 
da linguagem não-ver-
bal (as imagens). Que 
fenômenos linguístico-
-semânticos associados 
a essa linguagem não-
-verbal o teriam ajuda-
do a construir o sentido 
dessa charge? Vamos 
analisá-la juntos?
18
UAB/Unimontes - 6º Período
perado que você constrói e a um recurso linguístico chamado incongruência, já tratado ante-
riormente. Esse recurso é muito comum em textos de humor. São, então, utilizados nesse texto/
tirinhas dois fenômenos linguístico-semânticos para construir o humor almejado pelo chargista: 
a incongruência e a sinonímia (a última com insul-film = negros). Observe que a incongruência é 
detectada nas fendas do texto, nas entrelinhas dele, mas a sinonímia fica visível pela inclusão do 
termo insul-film. E ainda assim, chegar à conclusão de que negros é sinônimo de insul-film é tra-
balho com o discurso, a pragmática e, obviamente, com seu conhecimento prévio.
Até este ponto, estudamos a sinonímia, incongruência, polissemia, ambiguidade (lexical e 
fonológica). Revisite-os, sempre que tiver esquecido o que eles são. 
Agora, prossigamos com a construção do sentido da palavra Semântica. Vamos discutir a 
piada a seguir.
Uma loira arruma emprego de manobrista num restaurante.
Logo, chega o primeiro cliente para retirar o carro e diz:
- O Celta preto.
A Loira responde:
- Tá sim... e acho que vai chover.
Você riu, amigo acadêmico? Então, diga lá, onde se encontra o humor desse texto-piada? 
Isso mesmo, nos enunciados finais (- O Celta preto. A Loira responde: - Tá sim... e acho que vai 
chover.), enunciado/sentença que porta o que Raskin (1985) denomina “gatilho verbal” da piada, 
aquilo que causa o riso, e ao qual Veatch (1995) chama de “violação”, e no qual encontramos a 
trangressão linguístico-semântica que provoca o riso. Assim, ao dizer “Tá sim...”, a loira assume 
que “O Celta (está) preto”, referindo-se ao tempo atmosférico. Temos, novamente, uma ambigui-
dade fonológica. Na escrita, esse tipo de ambiguidade é desfeita imediatamente. 
Tendo tratado da sinonímia,polissemia, incongruência e ambiguidade (lexical, fonológica e 
sintática), todos fenômenos linguístico-semânticos que ajudaram a construção dos significados 
dos textos anteriores, então, achamos que, a esta altura, você já entendeu o papel crucial da se-
mântica para a construção dos sentidos e da interpretação de textos. 
Mas, afinal, o que é Semântica e como poderíamos definí-la, a partir das atividades feitas e 
dos textos lidos? Revisemos, brevemente, o que você aprendeu no caderno didático Introdução 
à Linguística UAB/Unimontes, no segundo período de seu curso.
1. 2. Semântica
1.2.1 Níveis da língua 
Para situar a Semântica na língua, precisamos rever os níveis dessa língua. A língua opera 
em três níveis, o: 
a. fonológico/fonético:
•	 fonológico – resumidamente, lida com o desempenho dos fonemas nas palavras; 
•	 fonético – sinteticamente, descreve os sons das letras e os faz representar por meio de sím-
bolos transcritos.
b. gramatical – lida com as normas e regras da língua; inclui, entre outros aspectos, classes 
de palavras, pontuação, acentuação, morfologia etc.; é, também, o nível da língua no qual 
se insere a sintaxe;
c. semântico – lida com os significados e sentidos das palavras. Esse é o nível da língua ob-
jeto de estudo da disciplina deste caderno.
 
GLOSSáRIO
Cena enunciativa, 
grosso modo, é o ce-
nário onde se desen-
rola a enunciação, ou 
seja, onde acontece o 
evento.
Insul-film = pelícu-
la que, aplicada aos 
vidros de um carro, 
dificulta a visão de fora 
para dentro.
Incongruência, reite-
ramos: algo incompatí-
vel, impróprio.
PARA REFLETIR
Até aqui, nós diríamos 
que a análise, caro 
acadêmico, foi, mera-
mente, interpretativa, 
talvez até nos moldes 
das interpretações 
tradicionais de textos, 
no que tange ao óbvio. 
Nada de errado com 
esses tipos de análises, 
mas nossa meta aqui é 
a análise semântica não 
só das palavras, das 
frases, mas do texto e 
do discurso. Qual seria 
a diferença entre essas 
análises? 
DICAS
5Leitor-modelo - sin-
tagma cunhado por 
Umberto Eco em Lector 
in Fabula: narratologia, 
1979. Segundo Eco, 
o autor prevê o leitor 
e dele espera movi-
mentos cooperativos 
para a construção do 
''não-dito'', que o leitor 
preencha os interstícios 
do texto para a atuali-
zação de seu conteúdo.
Não se assuste com a 
nomenclatura (enciclo-
pédico/epistemológi-
co), com esses pala-
vrões, jargões da língua! 
Trata-se, tão somente, 
do conhecimento ad-
quirido nos livros.
19
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
1.2.2 Etimologia, conceitos de Semântica, significado
Do grego (semantiké), a arte da significa-
ção. Semântica, grosso modo, é o estudo do 
significado, do sentido das palavras. Assim 
sendo, o objeto de estudo da semântica seria 
o significado e de sua relação de significação 
com os signos linguísticos. Segundo alguns 
autores, a semântica estuda o significado lin-
guístico e noções correlatas, interessando-se, 
especificamente, por aquilo que é expresso 
nas sentenças e em outras expressões, e não 
pela gramática. A semântica estuda a rela-
ção entre a língua e os sistemas de represen-
tação da realidade.
Perini (2004) postula que à semântica cabe-
ria analisar o significado das estruturas linguísti-
cas apenas. Assim, a interpretação dessas estru-
turas seria feita apenas levando-se em conta a 
estrutura formal da língua, seguindo regras se-
mânticas e negligenciando aspectos importan-
tes que interferem na compreensão dos textos, 
como intencionalidade, conhecimento anterior, 
contexto etc. Em outras palavras, somente o sen-
tido literal seria considerado.
Mas seria isso mesmo? Sim, se estivermos 
falando de estudos e metodologias tradicio-
nais, nos quais a semântica era relegada sem-
pre a um segundo plano quando se estudava 
a língua. Porém, se levarmos em conta o avan-
ço nos estudos linguísticos do século XX, as 
falas seriam outras, porque esses estudos tra-
riam outra visão sobre a semântica, sobre a in-
terpretação dos fenômenos semânticos e sua 
análise. Esses novos estudos sairiam, então, do 
estudo em nível lexical e frasal, indo aterrissar 
no discurso, no nível transfrásico. 
Neste caderno, navegamos, calmamen-
te, pelas àguas dos níveis da língua, para dei-
xar claro o papel da semântica para a análise 
da língua e, também, porque não é muito fácil 
nos atermos apenas a uma análise que abran-
ja somente o plano linguístico, o da línguística 
da frase, o qual, conforme bem explicaram Ne-
pomuceno e Barbosa, (Caderno Didático: In-
trodução à Linguística/UAB/Unimontes, p. 65) 
é uma visão estruturalista e gerativista sobre a 
língua. Para recordar suas visões sobre o tema, 
revisite as páginas 53 a 65 do caderno didático 
Introdução à Linguística UAB/ Unimontes. 
 Para falarmos de análise semântica no 
plano transfrásico, é preciso retomar, breve-
mente, a Semântica Argumentativa - exigência 
da teoria da enunciação -, esta, também, estu-
dada na disciplina Introdução à Linguística des-
te Curso de Português -, visão linguística inserida 
na filosofia pragmática e tema já discutido em 
seu curso, caro acadêmico, também na disciplina 
Introdução à Linguística/UAB/Unimontes
Vale lembrar, finalmente, que a semân-
tica lida com: o semema, isto é, a unidade mí-
nima de sentido, ou seja, o significado como 
é, tradicionalmente, entendido, e que campo 
semântico é um grupo de itens linguísticos 
que pertencem a uma mesma classe de sig-
nificados. Por sua vez, precisamos saber que 
competência e desempenho semânticos são 
exigências para um bom professor e para os 
analistas de textos e discursos; a competência 
se referiria à habilidade intrínseca de perceber 
o significado e o desempenho à de transmitir, 
explicar, esse significado.
1.2.3 Concepção de sentido
 O conceito de significado é tema polêmico, controverso, deslizante, escorregadio e com-
plexo. Apesar de ter sido foco de uma série de estudos diferenciados que trazem pontos de vista 
diversos, como o de Katz (1982), que advoga ser o significado a referência, ainda não há consen-
so sobre o que ele realmente seja.
No ponto de vista de muitos autores como Katz, 1982, definir o significado implicaria res-
ponder a algumas perguntas. 
- O que é diferença e o que é semelhança semântica? 
- O que é igualdade de significado e polissemia os quais, por sua vez, implicariam em res-
ponder a outras questões, como: 
- O que é sinonímia, paráfrase, antonímia, hiperonímia, ambiguidade, anomalia, redundân-
cia, inconsistência e homonímia, entre outros elementos semânticos.
 Um conceito possível de significado poderia ser: ele constitui uma entidade ou coisa que 
alguém pretende transmitir linguisticamente, isto é, o objetivo do locutor, sua intenção, sua intencio-
nalidade. Mas, quantos tipos de significados teríamos? Entre outros, os significados podem ser:
- social – relacionado às formas com as quais se podem demosntrar os graus de formalida-
de, coloquialismo, gíria; 
- o interpretado ou intencional – a intenção construida pelo interlocutor; 
ATIVIDADES
Seu conhecimento de 
mundo o fará levar em 
conta, também, que os 
recursos linguístico-
-semânticos podem 
estar apontando para 
um aspecto social nas 
entrelinhas do texto: 
talvez, o inspetor tenha 
levantado a questão 
do preconceito racial. 
O que acha você, caro 
acadêmico, o chargista 
deslizou no precon-
ceito, sendo por isso, 
politicamente incor-
reto? Justifique suas 
respostas. 
Pesquise sobre o nome 
do elemento semântico 
socialmente inapro-
priado gerado no 
texto “Foi tocar gado 
no mato”, e encontre 
outros exemplos desse 
fenômeno linguístico-
-semântico
DICAS
Lembra-se dos 
enunciados: Onde 
foi o João? Foi tocar 
gado no mato? Possui 
também ambiguidade 
fonológica. Observe 
comodetectamos, 
rapidamente, nesse 
exemplo, a ambiguida-
de, que acaba gerando 
um outro elemento da 
semântica, através do 
qual um sentido social-
mente inapropriado 
emerge, fruto da ambi-
guidade fonológica. 
GLOSSáRIO
Transfrásico: nível 
para além da língua 
que leva em conta 
o pragmatismo na 
linguagem. Glossário: 
pragmatismo: relação 
do usuário da língua 
com a língua).
20
UAB/Unimontes - 6º Período
- o do falante e o linguístico – sendo o primeiro a sua intenção expressa no texto, tanto na 
modalidade oral/fala quanto na escrita, e o linguístico - o significado dicionarial-, como ocorre, 
por exemplo, com alguns termos científicos.
Em resumo, o significado é básico e fundamental, vital mesmo, para a comunicação e é re-
passado por leis específicas da língua, pelas estruturas linguísticas, pela língua. Vale lembrar que 
denotativo é o significado preciso, literal e científico encontrado no dicionário, enquanto o co-
notativo se refere aos múltiplos sentidos que atribuimos às palavras e que podem ser diferentes 
daqueles encontrados no dicionário.
1.2.3.1 Significado e sentido
Alguns autores tentam distinguir significado de sentido. O primeiro seria, segundo eles, a 
transposição de um nível linguístico a outro, de uma língua para outra diferente; seria o processo 
que liga o significante ao significado, ato cujo produto final é o signo. O segundo seria a possibi-
lidade de transcodificar o significado, isto é, de transformar o significado, talvez aquilo que Mari 
denomina “os vários sentidos do significado”.6 Isso significa que o sentido não se reduz àquilo 
que as expressões linguísticas querem dizer; o sentido vai além dos seus significados normais, na 
medida em que os sujeitos lhes acrescentam direcionamento, intencionalidade e objetivo. 
Tratemos agora sobre um pouco mais de teoria. Ela reforçará os conceitos que construimos 
até aqui, a partir das análises dos textos de humor anteriores e do que postulamos sobre semân-
tica, significados e sentidos.
Segundo Mari (2008), a construção do sentido das palavras, ou dos discursos, apresenta três dire-
cionamentos que, por apontarem o sentido e manterem associação direta com a polifonia, são todos 
válidos. O linguista afirma que o sentido das palavras se construirá segundo esses direcionamentos e 
os explica, detalhadamente, e nós, a título de esclarecimento, os delineamos grosso modo e sucin-
tamente. 
O sentido se constrói, advoga Mari, no sistema: a) língua), b) pelo sujeito ( centro do proces-
so) e c) socio-historicamente (na história e na sociedade). Vejamos como esse linguista explica cada 
um desses modos de construção do sentido. Segundo ele, o sentido é construído:
•	 no sistema - toda discussão sobre o sentido não pode relegar a língua a um segundo plano; 
não se pode ignorar o que ela representa, ou seja, refletir sobre qualquer aspecto do signi-
ficado, ou do sentido, passou a ser sinônimo de determinar uma dimensão formal (língua) 
que fosse capaz de justificá-lo (MARI, 2008);
•	 pelo sujeito - O sujeito, enquanto locutor, veicula, em seu discurso, suas intenções comu-
nicativas, objetivando a construção de mensagens legíveis e pertinentes para facilitar uma 
compreensão eficiente ao alocutário. A questão do sentido é vista como uma espécie de elo 
das relações intersubjetivas. O sujeito transforma-se no centro do processo de produção do 
sentido, sendo ele aquele que decide sobre que mecanismos e meios da língua vai utilizar; 
esse sujeito inclui incongruências e ambiguidades, recoloca, transfere e elimina redundân-
cias. 
Nessa linha de pensamento, a linguagem é vista como instrumento, e o sentido da infor-
mação aí veiculada serve aos propósitos de interação verbal. Nessa interação, o locutor induz, a 
partir dos sentidos que propõe, seus interlocutores a se comportarem e agirem. Assim sendo, 
podemos concluir que o sentido de uma ordem, de uma promessa, de uma declaração, da inten-
ção do falante, é posto em circulação, a partir da participação singular de um sujeito.
•	 (sócio) historicamente. A evolução do sentido, para Mari (2008), ocorre a partir de determi-
nantes, nem sempre muito claros, de natureza sócio-histórica (sociais, culturais, políticas, 
econômicas, ao longo da história,). Mari lembra os trabalhos de Trier (1931), que analisou a 
organização e a distribuição de itens lexicais em campos semânticos, com base em valores 
históricos associados ao uso destes itens (século XIII para século XIV), com base nas oscila-
ções sobre a concepção histórica de formas de conhecimento (prático, artístico, teórico etc.), 
e mostrou diversos arranjos diferentes para os termos incluídos no campo semântico em 
análise. 
ATIVIDADES
Releitura do Caderno 
Didático: Introdução 
à LinguísticaUAB/Uni-
montes, p. 65 -68). 
Releia o texto do cader-
no citado anteriormen-
te e resgate Semântica 
Argumentativa (p. 
66-67), leitura rápida e 
proveitosa. 
DICAS
6 Artigo em xerox cedi-
do pelo autor, profes-
sor doutor Hugo Mari, 
e utilizado durante 
suas aulas da disciplina 
Semântica I do curso 
de doutorado da PUC-
-Minas, no primeiro 
semestre de 2008.
21
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
A partir da década de 1970, sobretudo 
nos enfoques desenvolvidos na França, as dis-
cussões sobre questões relativas à produção 
social do sentido se ampliaram, distintivamen-
te, distanciando-se das abordagens prece-
dentes por trazerem novas indagações: qual 
o papel das condições de produção lato sensu 
na produção do sentido? Em outras palavras, 
o sentido está fundamentado na infraestrutu-
ra, ou é apenas uma manifestação da superes-
trutura, ou ainda, até que ponto uma teoria da 
produção do sentido deve estar associada aos 
processos de produção?
Segundo Mari (2008), impulsionados por 
uma revisão da teoria marxista (concentrava-
-se, principalmente, na discussão ampla sobre 
a questão da ideologia), autores como Fou-
cault (formações discursivas (FDs)), Pêcheux 
(análise do discurso (AD)), Véron (produção de 
sentido), e outros como Rossi-Landi (mercado 
linguístico) e Latouche (teoria do valor), con-
tribuíram efetivamente para essa discussão, 
tanto pelo teor de seus vínculos como pela na-
tureza das categorias utilizadas para discuti-la. 
Um dos pressupostos do tema dessa discussão 
apregoa que existe um compromisso entre o 
social e o linguístico, de forma orgânica, cons-
titutiva, o que implica pensá-lo para além de 
mera correlação entre um e outro fator, e re-
pensar como o social avança sobre o linguísti-
co nas práticas discursivas, e como este o aco-
lhe. Essa questão avançou muito nos últimos 
anos, principalmente porque levou em conta, 
na análise da linguagem, sua dimensão prag-
mática da relação do usuário com sua língua 
Sob essa perspectiva, a dimensão social 
da enunciação (da qual trataremos mais a fren-
te) assume a linguagem enquanto princípio 
de (com)partilhamento social entre sujeitos. 
Se, além disso, considerarmos que o sentido é 
produzido a partir de condições, socialmente 
e historicamente, determinadas, é preciso es-
pecificar como essa determinação ocorre na 
totalidade dos discursos sociais que conhece-
mos. Isso, ainda segundo Mari (2008), implica-
ria também assumir que: 
a. nenhum discurso é necessariamente indi-
vidual, já que haverá em qualquer prática 
linguageira marcas provenientes de re-
presentações disseminadas pelo coletivo-
-social; 
b. o discurso não é, também, essencialmen-
te universal, pois haverá nele traços que o 
caracterizam como produto de condições 
específicas e localizadas.
1.2.4 Formações sociais, ideológicas (Fis) e dicursivas (FDs)
Citados por Mari (1999), Haroche, Henry e Pêcheux mostram a presença decisiva do social 
na linguagem por meio de três níveis de determinação:
a. o mais geral, representado pela formação social (caracterizadopelo modo de produção 
que a domina e pela relação entre as classes que a compõem);
b. um nível intermediário, representado pelas formações ideológicas “[...] uma força que se 
confronta com outras forças, na conjuntura ideológica característica de uma formação so-
cial, num dado momento [...]”; 
c. o histórico, ao longo do qual o homem, em sociedade, constrói seus sentidos em intera-
ção com os outros. 
Ao final dessas determinações, surge uma formação social (FS) e uma formação ideológica 
(FI), esta concebida pelos autores citados anteriormente como “as formações ideológicas [que] 
assim definidas comportam necessariamente, como um de seus componentes, uma ou várias 
formações discursivas (FD) [...] interligadas que determinam o que pode e deve ser dito [...], a 
partir de uma dada posição numa dada conjuntura...”. O sentido assim concebido desponta 
como resultado de configurações atreladas a uma formação ideológica (a ideologia) espe-
cífica que está submetida a uma formação social de teor mais amplo, ou seja, se as constru-
ções de sentido decorrem do que pode e dever ser dito, podemos, então, aqui perceber um 
esboço mais preciso daquilo que o sentido representa: ele constitui um produto das deter-
minações histórico-sociais do indivíduo.
 Resumindo, o sentido se constrói na e pela história, em interação social e cooperação com 
o outro, e é determinado pelos valores (morais, sociais, intelectuais, ideológicos, políticos, econô-
micos, culturais, religiosos etc,) que são inculcados no indivíduo e alicerçados no conhecimento 
que o indivíduo adquire, aprende, ouve e vive ao longo de sua vida.
Pensamos ser esse um percurso relevante sobre a questão do sentido que deveria ser trilha-
do na tentativa de construir, ao mesmo tempo, um avanço conceitual exigido pelas categorias 
sentido e significado e uma avaliação empírica das diversas formas de sua emergência nos tex-
DICAS
 Recorda-se do termo 
“pragmático”, caro 
acadêmico? Não? Re-
visite algumas páginas 
anteriores e encontre 
o significado desse 
termo). 
GLOSSáRIO
Formação discursiva= 
expressão acolhida na 
Análise do Discurso por 
Pêcheux (1988) “ [...] 
formação social, carac-
terizável por uma certa 
relação entre as classes 
sociais, implica a exis-
tência de posições po-
líticas e ideológicas [...] 
que se organizam em 
formações que man-
têm entre si relações de 
antagonismo, de alian-
ça ou de dominação, 
segundo Charaudeau 
e Maingueneau (2006), 
que condicionam aqui-
lo que deve ou pode 
ser dito, desvelam, no 
discurso, os posicio-
namentos religiosos, 
políticos, sociais, eco-
nômicos e sociais dos 
indivíduos.
22
UAB/Unimontes - 6º Período
tos/discursos. Para este estudo consideramos, portanto, importante compreender que os senti-
dos são construídos, como tudo mais, sócio, histórica e culturalmente, já que são frutos não só 
da história de uma construção coletiva, que parte das necessidades constatadas, mas, também, 
frutos da interação, porque “linguagem enquanto discurso é interação” (BRANDÃO, Maria H. Na-
gamine, 2007). 
Isso posto, vamos conferir aspectos importantes sobre a semântica.
1.2.5 Teoria dos signos revisitada 
Palavras, sinteticamente, expressam idéias, conceitos, ações e eventos. Podem ser usadas 
em sentido figurado, com múltiplos e diferentes significados, como vimos nos textos já analisa-
dos neste caderno. Mas perguntamos: cada palavra tem um significado? 
Revisitemos, brevemente, esse tema, a seguir, porquanto ele já foi expressivamente aborda-
do na disciplina Introdução à Linguística (NEPOMUCENO; BARBOSA, 2010.) 
O que é um signo?
Em seu Curso de Linguística Geral, o fundador da linguística moderna, Ferdinand de Saus-
sure (1857- 1913), descreve o signo como “uma combinação de um conceito com uma imagem 
sonora”. Uma imagem sonora é evento mental, já que o ser humano é capaz de falar consigo 
mesmo sem movimentar o aparelho fonador. Essas imagens, porém, servem, geralmente, à pro-
dução de uma elocuçãofala//texto/discurso. 
Os signos linguísticos, então, são responsáveis pela representação das ideias, através das 
modalidades de expressão, a fala ou a escrita, e são associados àquelas ideias. Assim sendo, o 
signo linguístico possui dois componentes: um material (o som ou as letras) - o significante-; ou-
tro abstrato (a ideia, o conceito) - o significado. Resumindo, um signo consiste em:
•	 um conceito - ou seja, o significado (do francês signifié),
•	 uma imagem sonora - ou seja, o significante (do francês signifiant), ou forma fonológica em 
termos generativos (Disponível em pt.wikipedia.org/wiki/Signo_linguístico).
Em termos simples, um signo linguístico 
é toda unidade portadora de sentido. É uma 
entidade na qual sons, ou sequências de sons 
- ou as suas correspondências gráficas - estão 
ligados aos significados ou conteúdos. Consti-
tuem, por isso, instrumentos de comunicação 
e representação, pois é com eles que configu-
ramos linguisticamente a realidade e diferen-
ciamos os objetos.
A arbitrariedade do signo linguístico, e 
que conforme alguns linguistas contemporâ-
neos seria a “convencionalidade do signo lin-
guístico”, refere-se ao fato de que o significado 
do signo não depende da livre escolha do fa-
lante. Assim sendo, “o significante é imotiva-
do, isto é, arbitrário em relação ao significado, 
com o qual não tem nenhum laço natural na 
realidade (BRANDÃO, 2010, p. 83). Assim, po-
demos compreender “porque Saussure afirma 
que a ideia (ou conceito ou significado) de mar 
não tem nenhuma relação necessária e “in-
terior” com a sequência de sons, ou imagem 
acústica ou o significante /mar/. Em outras pa-
lavras, o significado mar poderia ser represen-
tado, perfeitamente, por qualquer outro signi-
ficante; daí as diferenças entre as línguas: mar 
em inglês é sea, em francês, mer, em alemão 
See” (BRANDÃO, 2010, p.83). Atualmente, ne-
nhuma linha de pesquisa linguística contesta o 
princípio da arbitrariedade.
ATIVIDADES
Leitura do artigo O 
arbitrário do signo, o 
sentido e a referência 
de Fábio Della Paschoal 
Rodrigues (Disponível 
em www.unicamp.br/
iel/site/alunos/publica-
coes/.../a00001.htm). 
GLOSSáRIO
Utente – pessoa que 
fala. Palavra, provavel-
mente, criada a partir 
do verbo inglês utter, 
referindo-se àquele 
que profere/emite, uma 
fala, um discurso). 
No nosso entender, 
além dos conceitos ex-
postos, resumidamen-
te, signo é qualquer 
objeto ou símbolo que 
tem um significado em 
si mesmo, como a suás-
tica registrada a seguir, 
utilizada pelos nazistas 
alemães na segunda 
Guerra Mundial; a cruz, 
símbolo do cristianis-
mo; a cor verde dos 
sinais de trânsito que 
indica siga, passagem 
livre, ou uma palavra 
qualquer, como ven-
tilador, por exemplo, 
que nos remete a um 
objeto real. Todos eles 
são signos e a Semân-
tica é o estudo deles e 
de sua relação com os 
outros signos. 
▲
Figura 7: Simbolo 
Suastica Nazista
Fonte: Wikipedia:acesso 
em 30/07/2011
23
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
 “Em comparação com outros signos, o signo linguístico é,praticamente imu-
tável, já que sua eventual modificação resulta dos mecanismos da evolução da 
língua e não da volição de um utente”. ( www.jackbran.pro.br/linguistica/cur-
so_de_linguistica_geral.htm. Acesso: julho de 2008) 
Dissemos que o signo linguístico é uma entidade de face dupla, composta de elementos de-
pendentes entre si e, intimamente, interligados – o conceito e a imagem acústica. O signo une 
não uma coisa a uma palavra, mas um conceito a uma imagem acústica (o som) para a articu-
lação e a imagem material do ato fonológico. Mas esta não é o som material, coisa puramente 
física, mas a impressão psíquica desse som, a representação que dele nos dá o testemunho de 
nossos sentidos O conceito é o significado e aimagem acústica o significante. Assim, o signo lin-
guístico, ou uma palavra, é dual. Vamos entender isso bem.
•	 significante - é a forma, a parte concreta da palavra, suas letras e seus fonemas. Vejamos: - a 
palavra gato tem como significante as letras g-a-t-o e os fonemas 
- significado dicionarial animal do grupo dos felinos. 
•	 significado – é a idéia, o conceito veiculado pela palavra, o conteúdo, a parte abstrata. 
 
 
Agora, vejam esta frase:
Paulo odeia gatos. 
Refere-se ao felino/animal? Provavelmente. No entanto, isso não quer dizer que esse signifi-
cado seja exclusivo dessa palavra e vice-versa, vez que uma mesma palavra também pode as-
sumir diversos significados. Com eles, podemos formar várias expressões.
Por essa razão, pergunto-lhe, caro acadêmico, se, ao dizer: 
Paulo odeia gatos, ou
foi preciso fazer vários gatos para a TV funcionar,
ou, ao afirmar:
odeio vestido sem manga;
detesto manga verde,
estaríamos aqui afirmando literalmente (denotativamente/dicionarialmente) que os felinos 
foram usados como cabos de eletricidade, ou que posso chupar a manga do vestido, ou usar 
uma fruta como manga de um vestido? Claro que não! O que aconteceu aqui? As palavras em ne-
grito têm o mesmo significante, porém dois significados perfeitamente distintos. 
E ainda, uma mesma idéia pode ser expressa por palavras diferentes, como em: 
Sinto falta de você; 
sinto saudade de você,
e em:
Mateus ficou contente por rever o pai;
Mateus ficou alegre por rever o pai.
O que ocorreu agora? As duas palavras em negrito têm o mesmo significado, porém dois 
significantes diferentes. 
1. Ele sempre andou na linha... até que o trem o atropelou.
2. Sílvio Santos comprou a Manchete.
3. Carlos vendeu um livro.
GLOSSáRIO
Fonema: unidade míni-
ma de som) /g/ /a/ /t/ 
/o/ e como
◄ Figuras 8,9,10 e 11: 
Pentagrama7 
Fonte:Wikipedia.org.br
DICAS
7Pentagrama: É um dos 
símbolos pagãos mais 
poderosos e mais po-
pulares entre os bruxos 
e magos cerimoniais. 
O pentagrama (uma 
estrela de cinco pontas 
circunscrita num círcu-
lo) representa os qua-
tro antigos e místicos 
elementos: fogo, água, 
ar e terra, superados 
pelo espírito.
ATIVIDADES
Aponte o significante 
e o significado de cada 
um desses símbolos.
ATIVIDADES
Complete esses dados 
sobre o signo linguísti-
co, relendo as páginas 
54 e 55 do Caderno 
Didático Introdução 
à Linguística II, UAB/
Unimontes escrito por 
Arlete Ribeiro Nepomu-
ceno e Liliane Pereira 
Barbosa.
Agora você fará o mes-
mo que fizemos com 
as sentenças-exemplo. 
Analise os enunciados 
abaixo e defina em 
qual das categorias 
descritas anteriormen-
te eles se enquadram.
DICAS
A sentença 03 se pres-
ta, também, a mostrar 
a você, acadêmico, que 
uma palavra não neces-
sariamente terá de ter 
um outro sentido com-
pletamente diferente 
de seu significado no 
dicionário, porque 
pode ser empregada 
para veicular uma outra 
intenção do falante 
relacionada ao seu 
sentido original.
24
UAB/Unimontes - 6º Período
1. 3 Posição da Semântica no 
âmbito dos estudos linguísticos, 
pragmáticos e histórico-filosóficos.
1.3.1 Percurso da Semântica: breve histórico e considerações gerais 
Prezado acadêmico, agora já se faz hora de você saber como a semântica surgiu e se desen-
volveu dentro do quadro da linguística. 
Antes de ler uma parte da breve história sobre a semântica, que se completará com leituras 
sobre o assunto, vale ponderar que Marques (2003) corrobora o ponto de vista de que a semânti-
ca, pobrezinha, ficou à margem dos estudos linguísticos, relegada a um segundo plano, durante 
muito tempo. Conforme a linguista, ao longo do período “que corresponde às fases estruturalista 
e gerativista da ciência da linguagem, o estudo do significado ficou restrito a algumas tentativas 
incipientes de integração do semântico ao gramatical” (p.7). Marques segue contando-nos que 
em trabalhos dessa época, 
o estudo das questões semânticas desenvolveu-se como domínio de 
conhecimento estralinguístico, relativamente autônomo, visto em pers-
pectivas diversas, sem preocupação específica quanto às suas relações 
com os problemas e os princípios teórico-metodológicos em que se ba-
sevam os estudos considerados propriamente lingüísticos (p. 7).
 E a linguista arremata:
[...] por isso, em plena década de 1960, numerosos especialistas assinalam a 
inexistência de trabalhos abrangentes de semântica e insistem em registrar a 
dificuldade de desenvolvê-los de acordo com diretrizes relativamente concei-
tuais, à semelhança das usadas em sintaxe e fonologia (p. 7).
Marques deixa claro, como já o haviam feito outros autores anteriormente, que “não há con-
senso entre os especialistas quanto a uma definição de semântica e, tampouco quanto à deli-
mitação do que seria objeto da semântica“ (p.15). Em que pesem essas afirmativas, diz Marques 
(2003) que muitos semanticistas alegam que a semântica seria “o estudo do significado em lin-
guagem, a disciplina linguística que estuda o sentido dos elementos formais da língua [...], o es-
tudo da significação das formas da lingua” (p.15). Seria simples, então, aceitar essas definições de 
semântica, que parecem compreensíveis e claras, mas isso não constitui verdade, porque a gran-
de questão sobre a definição de semântica e da delimitação de seu objeto de estudo se posta, 
ainda1 na opinião de Marques, na “inexistência de uma conceituação precisa, consensual e abran-
gente de significado” (p.15) que, conforme a autora, é “termo vazio, porque excessivamente am-
bíguo” (p. 19). Em outras palavras, não há na linguística uma resposta pronta e irrefutável à per-
gunta: o que é significado? E, nessa questão se postaria toda a dificuldade de se criar uma teoria 
semântica, ou de se definir semântica.
Entretanto, Marques admite que, apesar de ser árduo definir 
a natureza, as tarefas e a amplitude da semântica, firmou-se, definitivamente, 
na linguística, a consciência de que linguagem é significação e de que é impos-
sível e insensato estudá-la sem incluir os mecanismos que permitem a troca de 
conteúdos simbólicos entre indivíduos” (p. 11), 
assertiva com a qual corroboramos e na qual nos embasamos para discorrer os processos semân-
ticos, associados à expressividade, neste caderno didático, admitindo que é difícil não resvalar por as-
pectos históricos, sociais, culturais e psicológicos característicos dos estudos ditos tradicionais.
25
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
Vamos, então, ao começo dessa breve história. 
Cunhado pelo filólogo francês Michel Bréal 
(1832 - 1915), o termo semântica se referiria, se-
gundo seu criador, a um novo modo de ver a lin-
guagem, através do qual ele viajaria pelas fendas 
e entrelinhas das palavras, das sentenças/frases e 
mergulharia no subentendido da língua. 
No entanto, na Antiguidade, notada-
mente Aristóteles (pai da ironia, figura re-
tórica da linguagem) já pesquisara sobre 
tema semelhante e produzira trabalhos que 
viriam a influenciar estudos posteriores so-
bre o significado e o sentido, como os de 
Hermann Paul (1880)8, que desenvolveu um 
trabalho contrapondo o concreto ao abstra-
to, o qual foi fundamental para o estudo de 
elementos retóricos da linguagem, como a 
metáfora e o eufemismo, entre outros. Essa 
contraposição entre concreto e abstrato dei-
xava claro que esses estudos se limitavam à 
gramática comparativa, priorizando, princi-
palmente, a etimologia e restringindo-se ao 
trabalho de agrupar os termos, levando em 
conta o plano fonético e/ou o morfológico.
Até o século XIX, o léxico - o vocabulá-
rio - era o foco dos estudos relativos à lingua-
gem, concentrando-se no comportamento 
das palavras, dispersamente, e sem seguir uma 
metodologia; de modo geral, esses estudos, 
também, eram desenvolvidos diacronicamen-
te, isto é, no decorrer decerto tempo. Como 
mencionado, as abordagens sobre a língua 
eram feitas via estudos comparativos e sem-
pre baseadas em observações feitas e a partir 
de estudos desenvolvidos pelos gregos. Esses 
estudos comparativos têm prosseguimento no 
século XIX, quando inicia-se a pesquisa da gra-
mática com base em análises criteriosas de pa-
lavras comuns às diferentes línguas do tronco 
indo-europeu. 
A figura de maior expressão da linguís-
tica e da filosofia da linguagem no início do 
século XX foi, inegavelmente, Ferdinand de 
Saussure, estudioso que mudaria o rumo da 
história da linguística mundial. 
ATIVIDADES
Leitura dos capítulos 1 
e 2, do livro Iniciação 
à Semântica, de Maria 
Helena Duarte Mar-
ques, Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Editor, 
2003. 
DICAS
8Escreveu o livro Prin-
zipien der Sprachges-
chichte, cuja segunda 
edição foi traduzida 
para o inglês sob o 
nome Principles of the 
History of Langua-
ge, por H.A. Strong. 
College Park: McGroth 
Publishing Company, 
ISBN 0843401141.
◄ Figura 12: Michel Jules 
Alfred Bréal (26 March 
1832–1915)
Fonte: en.wikipedia.org/
wiki/Michel_Bréal
26
UAB/Unimontes - 6º Período
Veja como ele era simpático quando jovem, caro acadêmico, apesar do penteado e da in-
dumentária? Alguma semelhança com Tom Cavalcanti? Se houver, configura-se um fenômeno 
semântico chamado símile (semelhança).
Em breves linhas, mas ampliando um 
pouco o escrito de Nepomuceno e Barbosa 
(UAB/Unimontes, 2010, p. 28), relembramos 
que Saussure nasceu em Genebra, Suiça. Suas 
ideias sobre a estrutura da língua influencia-
riam o desenvolvimento de uma teoria linguís-
tica conhecida como estruturalismo, dentro da 
qual a semântica, infelizmente, ainda não me-
receria muito destaque. 
Saussure fez um curso de ciência duran-
te um ano na Universidade de Genebra, antes 
de se tornar estudante de idiomas na Univer-
sidade de Leipzig, em 1876. Publicou, ainda 
enquanto estudante, um único livro (1879), 
Memória sobre o Sistema Vocálico Original nos 
Idiomas indo-europeus, que descrevia a origem 
dos idiomas indo-europeus. 
Palavra usada, no tempo em que Saussure era jovem, para designar roupa, vestuários. 
É sinonímia, sim, caro acadêmico!
Ainda no início dos seus estudos, Saussure 
focalizou sua carreira na filologia, - história das 
línguas -, mas desviaria esse foco para a pesqui-
sa sobre linguística geral. Entre 1881 e 1891, 
foi professor na École Hautes Études, em Paris; 
posteriormente, lecionaria sânscrito e gramá-
tica comparativa na Universidade de Genebra. 
Suas ideias viriam a influenciar tanto seus 
alunos, que dois deles, Charles Bally e Albert 
Sechehaye, compilariam as anotações de suas 
aulas e conferências e as publicariam sob o tí-
tulo Cours de Linguistique Générale, em 1916. O 
Curso de Linguística Geral se tornaria uma das 
obras expoentes do século XX, devido a sua 
abordagem nova sobre os fenômenos linguís-
ticos. Muitas das ideias nele contidas já haviam 
sido abordadas por outros linguistas no século 
XX. O livro aponta que a língua pode ser anali-
sada como sistema formal, sem a preocupação 
de discutir a questão da produção (conheci-
mento prévio, contexto, sujeito, intencionali-
dade etc.) e compreensão. 
Dentre os elementos tratados na obra, 
encontra-se a noção de signo linguístico (sig-
nificante e significado), já discutida neste ca-
derno e, talvez, possua um referente. Saussure 
explica a aproximação estrutural da gramática 
com a língua e estabelece uma série de questões 
Figura 13: Ferdinand De 
Saussure (1857-1913)
Fonte: www.wekipedia.
linguisticageral. 
Acesso em Dez.2007.
►
27
Letras/Português - Língua Portuguesa Semântica
teóricas que viriam a se constituir elementos bá-
sicos para os estudos de linguística. Além da lin-
guística, o trabalho de Saussure afetaria a antro-
pologia, a história e a crítica literária.
Os estudos diacrônicos (ponto de vista 
histórico) teriam seu fim decretado com a obra 
de Saussure, que deu início aos estudos sincrô-
nicos (ponto de vista estrutural), que desem-
bocariam no aparecimento do estruturalismo 
clássico da linguagem. Um texto com o título 
“A história da semântica linguística – Estrutu-
ralismo clássico” daria prosseguimento à his-
tória do surgimento das escolas de pesquisa 
linguística e abordaria os elementos básicos 
que conduziriam à instauração da gramática 
estrutural. Assim, surgem, de 1900 a 1925, os 
estudos da Escola de Genebra, da Escola de 
Moscou e da Escola Fonológica de Praga. 
Em que pese a importância de Saussure 
para os estudos da linguística moderna, não 
podemos deixar de citar Leonard Bloomfield 
(1887–1949), linguista norte-americano que, na 
trilha de Saussure, liderou o desenvolvimento 
da linguística estrutural nos Estados Unidos 
durante as décadas de 1930 e 1940. Escreveu 
um livro didático, Language (1933), no qual 
apresentava uma descrição ampla da linguís-
tica estrutural americana. Bloomfield contri-
buiu, significativamente, para a linguística his-
tórica do indo-europeu e de outras línguas. 
Em linhas gerais e simples, a abordagem 
de Bloomfield em Language se caracterizou 
por dois aspectos: ênfase na base científica da 
linguística nos moldes do behaviorismo, ao 
qual aderira, especialmente, em um de seus úl-
timos trabalhos, e nos procedimentos formais 
para a análise de dados linguísticos. O linguis-
ta americano e seus seguidores queriam fazer 
da linguística uma ciência exata. Eles acredita-
vam que ela deveria ser uma descrição cien-
tífica (psico-mecanicista) e que deveria usar 
apenas termos que derivassem de um conjun-
to de eventos físicos do cotidiano. 
Para saber mais sobre Bloomfield e a li-
nha estruturalista da língua, à qual Chomsky 
se opôs, pesquise na Internet sobre Frederic 
Burrhus Skinner (1904-1990), velho conhecido 
seu, caro acadêmico, pois foi citado na Intro-
dução à Linguística (NEPOMUCENO; BARBOSA, 
2010, UAB/Unimontes) e que de Burrhus não 
tinha nada! Às vezes, as pessoas recebem no-
mes estranhos e contraditórios...
O surgimento da Gramática Gerativo-
-Transformacional, abordagem de grande re-
percussão que revolucionaria os estudos da 
línguística teórica, diminuiria a influência dos 
estudos linguístico-estruturais de Bloomfield 
durante as décadas de 1950 e 1960. Desenvol-
vida por Noam Chomsky, a abordagem gerati-
va, frontalmente oposta ao behaviorismo, co-
meçou a se firmar.
Se você, caro acadêmico, quiser apren-
der mais sobre a gramática gerativo-trans-
formacional e a fundamental contribuição e 
influência de Noam Chomsky para os estudos 
linguísticos, leia algumas de suas obras, como 
Syntactic Structures (1957), considerada uma 
“destilação” apurada de seu livro Logical Struc-
ture of Linguistic Theory (1955). Poderá verificar 
que ele advoga um ponto fundamental para 
se estudar a língua: os enunciados, ou frases 
das línguas naturais, devem ser interpretados 
em dois níveis de representações distintos: as 
surface structures (“como estruturas de super-
fície”), ou seja, as estruturas linguísticas visí-
veis fisicamente e as deep structures (“como 
estruturas profundas”). No meu entender, o 
termo inglês underlying é mais contundente, 
fala mais, já que underlying significa subjacen-
te, e refere-se àquelas estruturas que estão por 
abaixo da superfície, no momento e no ato da 
geração da sentença, e as quais você encontra-
rá, caro acadêmico, ao analisar com atenção. 
Os linguistas usam termos sofisticados para 
dizer isso. Veja: “a estrutura profunda é uma 
representação abstrata das relações lógico-
-semânticas das frases, aquilo que se encontra, 
na verdade, no ato de geração da sentença” 
que se profere ou se escreve. O gerativismo de 
Chomsky e seguidores também pode ser re-
visto no Caderno Didático II/UAB/Unimontes, 
Introdução à Linguística, de Arlete

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