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- -1 QUÍMICA GERAL CAPÍTULO 2 - OS ELEMENTOS QUÍMICOS APRESENTAM PROPRIEDADES IGUAIS? Maria Lair Sabóia de Oliveira Lima - -2 Introdução Você já imaginou se o ar que você respira fosse líquido? Ou se os fios metálicos não conduzissem correntes elétricas? Estas duas perguntas, inicialmente, não parecem muito correlacionadas, concorda? No entanto, é possível quando pensamos que, como matéria, tanto o ar quanto os fios metálicos condutores são compostos por átomos. Após unidos, eles passam a representar compostos com as mais diversas propriedades que, felizmente, tornam possível a vida no planeta Terra como a conhecemos hoje. E por onde começamos? Bom, é preciso entender como os átomos são organizados a fim de que seja possível brincar com a formação dos mais diversos tipos de compostos. Para tanto, é necessário compreender a organização da tabela periódica, sua formação e, a partir daí, prever e compreender diferentes propriedades que nos levarão a um mar de possibilidades quanto aos diferentes compostos formados. Neste capítulo, vamos estudar a evolução da tabela periódica dentro de um contexto histórico e analisar as diferentes tentativas de sua organização. Faremos uma jornada pelas propriedades periódicas dos elementos que a compõem seguindo do estudo das ligações químicas e das diferentes geometrias moleculares possíveis. Tudo à luz do desenvolvimento de teorias até chegarmos à principal, descrita como Teoria dos Orbitais Moleculares. Acompanhe a leitura e bons estudos! 2.1 Tabela e propriedades periódicas Assim como os modelos atômicos, a Tabela Periódica também teve seu legado histórico que culminou na forma como a conhecemos e a utilizamos na atualidade. Seja em nosso contexto acadêmico, escolar ou até mesmo no âmbito de nossos laboratórios, a Tabela Periódica apresenta uma visão clara e comumente aceita da disposição dos elementos quanto as suas propriedades. Neste tópico, vamos iniciar nosso estudo da Tabela Periódica, base fundamental para o desenvolvimento e aplicação da química contemporânea. Vamos começar? 2.1.1 Histórico A crescente descoberta de novos elementos químicos resultou na necessidade de organizá-los de acordo com suas características em comum. Logo, assim como os modelos atômicos, a Tabela Periódica passou por diversas transformações que culminaram na sua representação como hoje a conhecemos. De acordo com Atkins e Jones (2012), a Tabela Periódica pode ser considerada como uma das realizações mais notáveis da Química, uma vez que, nela, é possível organizar elementos com diferentes propriedades físicas (como a densidade, o estado físico, os pontos de fusão e ebulição e a massa atômica) e químicas (como a reatividade) de maneira lógica, sequencial e concatenada. - -3 No decorrer de mais de 200 anos, a tabela periódica apresentou-se seguindo as mais diferentes ideias e concepções, dentre as quais podemos citar como principais (ATKINS; JONES, 2012; TOLENTINO; ROCHA-FILHO; CHAGAS, 1997): • Tríades de Döbereiner (1829): proposta por Johann Wolfgang Döbereiner (1780-1849) organizava os elementos químicos de acordo com suas propriedades químicas em grupos de exatamente três elementos (por isto, o nome tríades). Döbereiner notou que, ao agrupar certos elementos químicos de acordo com suas semelhantes propriedades, curiosas relações numéricas entre os valores de seus pesos atômicos eram constatadas. Por exemplo, para os elementos cálcio (Ca, de massa atômica igual a 40,08 u), estrôncio (Sr, de massa atômica igual a 87,62 u) e bário (Ba, de massa atômica igual a 137,33 u), a massa atômica do estrôncio é aproximadamente igual a média aritmética das massas do cálcio e de bário, como apresentado a seguir: • Parafuso telúrico de Chancourtois (1862): estabelecido por Alexandre E. B. de Chancourtois (1820- 1886), ele adaptou a tabela periódica aos estudos de mineralogia. Os elementos até então conhecidos eram dispostos em uma espiral inclinada a 45° seguindo uma ordem crescente de “números característicos”, geralmente os pesos atômicos. Com este padrão de organização proposto, Chancourtois notou que os elementos alocados em uma mesma linha vertical apresentavam propriedades químicas muito semelhantes. • Lei das Oitavas de Newlands (1865): proposta por John Alexander Reina Newlands (1837-1898) o qual associou a organização da tabela com a sequência de notas musicais “dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó”. Ao organizar os elementos considerando uma ordem crescente de seus pesos atômicos, ele observou que a cada 8 elementos agrupados, as propriedades se repetiam. Ou seja, as propriedades do primeiro elemento da nova sequência se assemelhavam às propriedades do primeiro elemento da sequência anterior. • Tabela periódica de Mendeleev (1869): organizada por Dmitri Ivanovich Mendeleev (1834-1907), ainda considerava a ordem crescente de pesos atômicos. Inseriu a organização com colunas verticais e horizontais obedecendo às semelhanças e características dos elementos. Além disto, previu a existência de elementos ainda desconhecidos, dando-lhes massa e propriedades prováveis de acordo com a sua possível localização na tabela. Acertou grande parte de suas proposições, mas, apesar disso, alguns elementos ainda pareciam fora de lugar. • Tabela periódica de Moseley (1913): elaborada por Henry Gwyn Jeffreys Moseley (1887-1915) após a descoberta da relação entre número atômico e raios-X: quem define as propriedades é o número atômico e não o peso. Elementos passaram a serem organizados de acordo com o esqueleto da tabela de Mendeleev, mas considerando a .ordem crescente de número atômico A tabela periódica proposta por Moseley é a base organizacional da tabela periódica atual, não tendo sofrido modificações significativas no decorrer dos anos. Por conseguinte, à medida que novos elementos foram descobertos, foram inseridos nas colunas adequadas, considerando, na medida do possível, que elementos de VOCÊ QUER LER? O artigo “Alguns aspectos históricos da classificação periódica dos elementos químicos” (TOLENTINO; ROCHA-FILHO; CHAGAS, 1997) traz um levantamento histórico da evolução dos modelos da tabela periódica até chegar à representação a qual conhecemos e utilizamos na atualidade. No artigo, há imagens das tabelas antigas e dicas de como elas eram interpretadas à luz do conhecimento de cada época. • • • • • - -4 descobertos, foram inseridos nas colunas adequadas, considerando, na medida do possível, que elementos de uma mesma coluna vertical apresentariam propriedades químicas semelhantes. Por exemplo, elementos como o cálcio (Ca, massa atômica de 40,08 u e número atômico igual a 20) e argônio (massa atômica de 39,95 e número atômico 18), apesar de apresentarem massas e números atômicos semelhantes, apresentam-se com propriedades químicas e físicas completamente distintas: enquanto que o cálcio é um sólido metálico reativo, o argônio é um gás nobre inerte (ATKINS; JONES, 2012). As suas localizações são apresentadas na Figura a seguir, que ilustra a Tabela Periódica atual. Figura 1 - Tabela Periódica atual tem como base o modelo proposto por Moseley que considera a ordem VOCÊ QUER LER? “A Construção histórica da tabela periódica como proposta de aprendizagem” (CONSTANTINO; DIAS; LEÃO, 2001) apresenta uma interessante abordagem no estudo da tabela periódica com alunos de nível fundamental II (9º ano) que exemplifica uma sugestão de como você, futuro licenciado, poderia abordar esta temática em sala de aula. Os autores empregaram uma metodologia participativa e colaborativa na montagem da tabela periódica, tornando o seu ensino mais atrativo e relevante para os alunos. Para ler o trabalho na íntegra, acesse o link: < l>.http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/iiienpec/Atas%20em%20html/o4.htm - -5 Figura 1 - Tabela Periódica atual tem como base o modelo proposto por Moseley que considera a ordem crescentede número atômico. Fonte: dalmingo, Shutterstock, 2018. Vale ressaltar que uma das atualizações realizadas na Tabela Periódica proposta por Moseley foi a inserção dos elementos de números atômicos de 110 a 118. Mais recentemente, houve também a descoberta e inserção de elementos de números atômicos 113, 115, 117 e 118 (TOLENTINO; ROCHA-FILHO; CHAGAS, 1997), como pode ser observado na Tabela Periódica. Agora que vimos como se chegou a atual representação da Tabela Periódica, vamos para um próximo item de estudo: a organização de seus elementos. 2.1.2 Organização da Tabela Periódica A Tabela Periódica atual é organizada em períodos, que correspondem a linhas horizontais e grupos ou famílias, correspondentes às colunas verticais. Assim, podemos dizer que os elementos berílio (Be), magnésio (Mg), cálcio (Ca) e estrôncio (Sr) pertencem a um mesmo grupo, mas não a um mesmo período; ao mesmo tempo que os elementos lítio (Li), berílio (Be), boro (B) e carbono (C) pertencem a um mesmo período, mas não a um mesmo grupo ou família (ATKINS; JONES, 2012; CHRISTOFF, 2015; KOTZ et al., 2015). Mas como de fato podemos organizar a Tabela Periódica? Bem, se os elementos são dispostos de acordo com a ordem crescente de número atômico e, em uma espécie neutra, o número atômico corresponde ao número total de elétrons, podemos utilizar a distribuição eletrônica como uma ferramenta auxiliar bastante útil na organização da Tabela. Assim, a Tabela Periódica encontra-se organizada em 18 grupos e em 7 períodos, com suas especificações detalhadas a seguir (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al., 2015; KHAN ACADEMY, 2018a). Os elementos com distribuição eletrônica terminada nos subníveis e constituem os principais grupos das p tabela periódica sendo denominados de . Ocupam as extremidades da tabela,elementos representativos constituindo os grupos dos metais alcalinos (grupo 1), metais alcalinos terrosos (grupo 2), família do Boro (grupo 13), família do Carbono (grupo14), família do Nitrogênio (grupo 15), Calcogênios (grupo 16), Halogênios (grupo 17) e Gases nobres (grupo 18). Assim, as configurações eletrônicas semelhantes dos elementos de um mesmo grupo é que, de fato, contribui para que eles tenham propriedades parecidas e se organizem nos mesmos grupos ou famílias (BROWN et al., 2015). Por exemplo, o elemento químico representativo berílio (Be) tem 4 elétrons e, portanto, apresenta sua distribuição eletrônica terminada em 2 . Já o elemento magnésio (Mg), apresenta 12 elétrons e sua distribuiçãos2 eletrônica finda em 3 , de acordo com o diagrama de energia de Linus Pauling. Note que os elementoss2 apresentam 2 elétrons em sua camada de valência, o que faz com que ambos pertençam ao grupo 2 (dos metais alcalinos terrosos) na Tabela Periódica. Quanto as localizações nos períodos, a representação é dada pelos das camadas em que terminam cada distribuição. Assim, enquanto números quânticos principais o Be VOCÊ SABIA? Alguns elementos da Tabela Periódica apresentam símbolos que aparentemente não correspondem com a sua nomenclatura, tais como: ouro (Au), prata (Ag) e potássio (K). Por exemplo, o elemento Fósforo é representado pela letra “P” e não pela letra “F”. Esta, por sua vez, representa o Flúor. Isto ocorre porque muitos dos nomes que originaram os símbolos são originados do latim ou grego. Assim, o fósforo tem seu símbolo originado da palavra grega (escrita com “P”) , que significa portador de luz (EMSLEY, 2000).phosphorus - -6 alcalinos terrosos) na Tabela Periódica. Quanto as localizações nos períodos, a representação é dada pelos das camadas em que terminam cada distribuição. Assim, enquanto números quânticos principais o Be , (ATKINS; JONES, 2012; KHAN ACADEMY, 2018a).encontra-se no período 2 o Mg encontra-se no período 3 A partir do 4º período da tabela periódica, elétrons são acrescentados em subníveis (formando a região centrald da tabela periódica) e (formando as duas linhas que se destacam afora). Aqueles cuja distribuição eletrônicaf termina em são chamados de (KHAN ACADEMY, 2018b) e caso termine em d elementos de transição interna f (série dos lantanídeos e actinídeos) são chamados (BROWN; HOLME, 2014;elementos de transição externa KHAN ACADEMY, 2018c). Além de sua configuração eletrônica, outra forma de organização também inclusa na tabela periódica é a que corresponde à representação de metais, ametais (não metais) e hidrogênio (ATKINS; JONES, 2012). Enquanto os metais são representados pelos elementos dos grupos 1, 2, por alguns elementos de transição (tais como cobre, prata, zinco), e alguns elementos que terminam sua distribuição eletrônica em subnível , como o alumínio e op bismuto; os ametais ocupam principalmente os grupos que vão de 13 (apenas o boro) a 18. Já o hidrogênio, apesar de estar no topo do grupo 1 na tabela periódica, não apresenta características de um metal, estando ali localizado apenas por ter um único elétron em sua última camada (KOTZ et al., 2015). As organizações destes elementos podem também ser vistas na Tabela Periódica apresentada anteriormente. O fato de organizar os elementos químicos com base em suas distribuições eletrônicas resulta no que denominamos de ou , nosso próximo tema de estudo.tendências propriedades periódicas 2.2 Propriedades periódicas A tabela periódica pode e deve ser empregada quando necessitamos compreender as propriedades de certos materiais ou, ainda, quando o entendimento dos diferentes tipos de ligações químicas se faz necessários (ATKINS; JONES, 2012; CHRISTOFF, 2015). Um aspecto importante que deve ser considerado é o que chamamos de (comumente abreviada por ). Esta é carga nuclear efetiva Zef a medida força atrativa entre o núcleo e o . Assim, quanto maior essa força atrativa, menor o tamanho do átomo, porelétron da camada mais externa exemplo. Para fins de cálculo simplificado, a pode ser obtida pela diferença entre a carga nuclear ( , total deZef Z* prótons existente no núcleo) e a blindagem (elétrons das camadas mais internas), como segue (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al., 2016): Zef = Z – blindagem* Mas como podemos aplicar este conceito? Para a resposta, é preciso conhecer as propriedades periódicas dos elementos. VOCÊ QUER LER? Para uma leitura detalhada sobre as propriedades dos diferentes elementos que compõem os grupos da Tabela Periódica, você pode consultar o livro “Química geral e reações químicas” (KOTZ et al, 2015) da página 68 a 72, disponível em sua biblioteca virtual. Você encontrará além de descrições detalhadas referentes a cada grupo, imagens muito interessantes de materiais bastante raros. - -7 Vamos estudar a nossa primeira propriedade periódica: . O raio consiste no tamanho do átomo eo raio atômico é dado pela metade da distância internuclear entre dois átomos iguais. Por exemplo, se uma molécula de Cl tem 2 uma distância internuclear de aproximadamente 2,04 x 10 m, o raio atômico do Cl é de 1,02 x 10 m-10 -10 (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al., 2016). Com base nisto, podemos fazer algumas considerações: • quanto mais camadas um elemento tiver, maior ele será; • se o número de camadas aumenta à medida que se caminha de cima para baixo na tabela periódica, o .raio atômico também deve aumentar neste sentido, ou seja, de cima para baixo Tais considerações são bastante visuais quando analisamos a variação do raio atômico em elementos do mesmo grupo. Mas e para elementos do mesmo período? Como podemos analisá-los se eles possuem exatamente o mesmo número de camadas? Neste caso, vamos considerar a forma simplificada de cálculo da carga nuclear efetiva. Vamos comparar dois elementos de mesmo período: Li e Be. O Li apresenta uma distribuição eletrônica igual a 1 2 e o Be, uma distribuição igual a 1 2 Caso venhamos a calcular os valores de para ambos,s2 s1 s2 s2 . Zef temos: Zef = 3 – 2 = 1Li * e Zef =4 – 2 = 2Be * Ou seja, se a carga nuclear queo núcleo do Be exerce sobre o elétron da última camada é maior que a carga nuclear que o núcleo do Li exerce sobre o elétron na sua última camada, isto irá contribuir significativamente para que o Be seja menor que o Li. Assim, em um mesmo período, o raio atômico cresce da direita para a (BROWN; HOLME, 2014; DUARTE, 2003; KOTZ et al., 2015), como mostrado na Figura a seguir.esquerda VOCÊ QUER LER? “Carga nuclear efetiva e sua consequência para a compreensão da estrutura eletrônica dos átomos”(DUARTE, 2003) traz uma interessante abordagem sobre cálculos de carga nuclear efetiva, fazendo comparações entre elementos de mesmo período e de mesma família. Para tanto, o autor considera o que conhecemos por para o cálculo da blindagemRegras de Slater de maneira mais precisa e exata. No cálculo, Slater considera que cada orbital interno blinda de uma forma diferente, o que deve ser considerado nos cálculos mais precisos de .Zef • • - -8 Figura 2 - Variações dos tamanhos dos raios atômicos para elementos de um mesmo período e para elementos de um mesmo grupo ou família. Fonte: magnetix, Shutterstock, 2018. Aqui, vale ressaltar que a mesma analogia empregada para os átomos pode ser empregada para seus íons correspondentes, sejam eles positivos (cátions) ou negativos (ânions) (BROWN; HOLME, 2014; DUARTE, 2003; KOTZ et al., 2015),. Por exemplo, se a distribuição eletrônica para o Be é 1 2 , a distribuição eletrônica para os2 s2 cátion Be (Be que perdeu 2 elétrons) é representada como 1 . Assim, o valor de para o Be é dado por:2+ s2 Zef 2+ Zef = 4 – 0 = 4Be 2+ * Uma vez que a carga nuclear permanece a mesma, pois houve apenas perda de elétrons e que os elétrons da última camada passaram a ser os da camada 1, não havendo mais, portanto, blindagem. Como a carga nuclear efetiva aumentou, espera-se que o raio do cátion seja menor quando comparado ao raio do átomo correspondente, como mostrado na Figura dos raios atômicos. O inverso será notado quando, ao invés de remover elétrons, adiciona-se, formando os ânions. Seguindo esta lógica, teremos sempre: raio do cátion < raio (BROWN; HOLME, 2014; DUARTE, 2003; KOTZ et al., 2015).do átomo < raio do ânion Prosseguindo com nosso raciocínio de estudo, outra propriedade periódica importante é a energia de ionização, que você irá conhecer no próximo item. 2.2.1 Energia de ionização (EI) De acordo com Atkins e Jones (2012) e Kotz et al. (2015), a energia de ionização pode ser definida como a energia necessária para remover um elétron da última camada de um átomo “A” em seu estado gasoso, conforme apresentado na equação a seguir: A + EI (g) à A + elétron + (g) Para elementos de um mesmo grupo ou família, quanto mais camadas o átomo tiver, mais distante o elétron a ser removido estará do núcleo e menos energia será necessária para removê-lo. Nos grupos, a energia de ionização . Veja que, na Figura das energias de ionização, as energias alidiminui de cima para baixo na Tabela Periódica expressas em elétron-Volts (eV) obedecem a seguinte ordem para o grupo dos metais alcalinos terrosos: EI >Li EI - -9 expressas em elétron-Volts (eV) obedecem a seguinte ordem para o grupo dos metais alcalinos terrosos: EI >Li EI , conforme previsto em nossos estudos. > EI > EI > EI > EINa K Rb Cs Fr Figura 3 - Energias de ionização para elementos de um mesmo grupo e para elementos de um mesmo período. Fonte: magnetix, Shutterstock, 2018. E quanto aos períodos? Bem, aqui vamos falar novamente na . Por definição, quanto maiorcarga nuclear efetiva a carga nuclear efetiva, maior será a atração do núcleo pelo elétron mais externo e, consequentemente, maior será a energia gasta (EI) para removê-lo. Assim, nos períodos, . Istoa EI aumenta da esquerda para a direita pode ser observado quando, na Figura das energias de ionização, que mostra a variação de EI, comparamos a energia de ionização do Li e do Ne, elementos de mesmo período. Note que a energia de ionização do Ne é maior que a do Li, o que corrobora com nossas conclusões. Outro aspecto interessante é que, de maneira geral, metais e, portanto, maior tendência a perder elétronstêm energias de ionização menores do que os ametais (BROWN et al , 2016).. - -10 Além da energia de ionização, outra propriedade periódica é a , que corresponde à energiaafinidade eletrônica liberada quando um elétron é adicionado a um átomo em seu estado gasoso e pode ser representada como (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al , 2016; KOTZ et al., 2015):. A + elétron (g) à A + energia – (g) Nos grupos, quanto menor o número de camadas, mais próximo o elétron se encontrará do núcleo e maior será a força atrativa que contribuirá para sua inserção. Assim, quanto mais energia um átomo liberar após a inserção de um elétron em sua camada mais externa, mais energeticamente estável ele se tornará. Neste caso, podemos considerar que valores mais elevados de afinidade eletrônica estão diretamente relacionados a átomos de . Logo, nos grupos ou famílias, quanto menor o raio, maior será a energia liberadatamanhos (raios) menores durante a adição do elétron. Assim, (ATKINS;nos grupos, a afinidade eletrônica diminui de cima para baixo JONES, 2012; BROWN et al., 2016; KOTZ et al., 2015). Para os períodos, novamente vamos considerar a . Para elementos de um mesmo período,carga nuclear efetiva a carga nuclear efetiva aumenta da esquerda para a direita. Assim, quanto mais o elétron adicionado sentir a carga do núcleo, maior será a energia liberada, ou seja, maior será a energia de ativação. Portanto, podemos concluir que . Ainda, vale ressaltara afinidade eletrônica aumenta da esquerda para a direita nos períodos que, de maneira geral, , tendoos ametais apresentam afinidades eletrônicas maiores do que os metais maior tendência a receber elétrons e sua camada mais externa (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al., 2016; KOTZ et al., 2015). A Figura a seguir mostra uma representação resumida das variações das propriedades periódicas. CASO Os elementos Li e K encontram-se no mesmo grupo da tabela periódica (metais alcalinos). A distribuição eletrônica do K é 1 2 2 3 3 4 , apresentando 4 camadas. Ou seja, o K tems2 s2 p6 s2 p6 s1 mais camadas que o Li, que apresenta apenas duas, conforme sua distribuição eletrônica 1 2s2 s1 . Como o elétron da última camada do K encontra-se mais distante de seu núcleo, este irá sentir menos a sua força atrativa. Assim, como a energia de ionização é a energia necessária para remover esse elétron, quanto menos ele sentir essa força atrativa, mais fácil será removê-lo, o que resulta em uma menor energia de ionização. Esta observação pode ser constatada quando comparamos quantitativamente os valores numéricos: a energia de ionização: a do K é de 418 kJ/mol enquanto a do Li é de 519 kJ/mol. Outro ponto interessante é se, após removermos um primeiro elétron, tentarmos arrancar um segundo elétron de cada um desses átomos, o que caracterizaria uma segunda energia de . Com elétrons a menos, o tamanho do átomo tende a diminuir (carga nuclear seionização intensifica) e a energia de ionização para remover ese segundo elétron é ainda maior. A segunda energia de ionização sempre tenderá a ser maior que a primeira (ATKINS; JONES, 2012). - -11 Figura 4 - Variações do raio atômico, da energia de ionização e da afinidade eletrônica de acordo com a variação da carga nuclear efetiva ao logo da Tabela Periódica. Fonte: Elaborada pela autora, 2018. Note que apesar de apresentarem definições diferentes, uma propriedade periódica pode ser relacionada com outra sem maiores problemas. Lembre-se que, neste assunto, a associação se faz necessária para o seu real entendimento. Agora que já conhecemos as propriedades periódicas dos elementos, podemos seguir nossos estudos abordando, a partir de agora, os conceitos e definições das ligações químicas. 2.3 Ligações químicas Nestetópico, vamos utilizar os conceitos de distribuição eletrônica e de propriedades dos elementos a fim de propor diferentes formas de ligações químicas que possam existir. Aqui, vamos enfatizar as ligações iônicas, covalentes e metálicas e suas influências nas propriedades físicas de seus compostos. Além disso, vamos propor uma organização dos elétrons ao redor de cada átomo e observar a sua influência na geometria molecular. 2.3.1 Formação das ligações Podemos definir uma ligação química como a união de dois ou mais átomos a fim de formar compostos com propriedades diferentes dos átomos que lhes deram origem. Então, uma ligação química está intimamente relacionada ao rearranjo da estrutura eletrônica (elétrons) dos átomos que a compõem (DUARTE, 2001), o que lhe confere um arranjo de menor energia quando comparado aos átomos em separado. De fato, é interessante ressaltar que, em termos didáticos, explanamos a formação das ligações químicas apenas considerando os elétrons de valência, mas que, no entanto, o que temos é uma reorganização de todos os elétrons que antes participavam da composição individual de cada átomo e que, agora, participam do composto como um todo (ATKINS; JONES, 2012). - -12 Dependendo da natureza dos átomos, podemos ter três tipos fundamentais de ligações (DUARTE, 2001; KOTZ et al , 2015):. • ligação iônica: ocorre quando temos a união de um metal com um não metal ou de um metal com hidrogênio; • ligação covalente: ocorre quando há a união de dois ametais ou de um ametal com hidrogênio ou de hidrogênio com hidrogênio; • ligação metálica: ocorre apenas entre metais. Antes de iniciar nossos estudos sobre ligações químicas, é necessário compreender a . Nestaregra do octeto regra, os átomos tendem a ganhar, perder ou compartilhar elétrons a fim de adquirirem uma configuração eletrônica estável. A teoria foi inspirada nos gases nobres (família 18 da tabela periódica), uma vez que estes compostos são estáveis em sua forma atômica (com 8 elétrons de valência, excluindo-se apenas o hélio – He – com 2 elétrons) e, portanto, dificilmente realizarão reações químicas com outras espécies (BROWN; HOLME, 2014). Para compreender uma , devemos, inicialmente, saber que ela se dá pela perda e ganho deligação iônica elétrons pelas espécies que participam da ligação. Assim, quando um átomo tem uma baixa energia de ionização, ele pode perder elétrons com facilidade formando os (espécies de cargas positivas). Já elementos comcátions alta afinidade eletrônica apresentam maior tendência a ganhar elétrons, tornando-se (espéciesânions negativamente carregadas). Portanto, uma ligação iônica é formada quando temos a junção de um cátion com um ânion, unida através de uma interação Coulombiana (atração de diferentes cargas) (ATKINS; JONES, 2012). VOCÊ QUER LER? Intitulado como “Ligações químicas: ligação iônica, covalente e metálica” (DUARTE, 2001), o artigo traz uma comparação dos três tipos de ligações. O autor apresenta interessantes considerações matemáticas que lhe permitirá compreender com mais clareza e profundidade as definições de cada ligação química e de como cada ligação pode influenciar diretamente nas propriedades dos compostos formados. • • • VOCÊ O CONHECE? Gilbert N. Lewis (1875-1946) foi um cientista que desvendou a natureza das ligações covalentes e implementou o que conhecemos como teoria do octeto. Ele apresentou a organização dos elétrons ao redor do átomo (ATOMIC HERITAGE FOUNDATION, 2018). Para consultar a distribuição dos elétrons proposta por Lewis (KHAN ACADEMY, 2018d), acesse: < https://pt.khanacademy.org/science/biology/chemistry--of-life/chemical-bonds-and- >.reactions/v/ionic-covalent-and-metallic-bonds - -13 Um fato curioso é o arranjo organizacional dos compostos iônicos em cristais perfeitos. Na Figura a seguir, temos uma representação para o composto NaCl (o nosso conhecido sal de cozinha). Figura 5 - Cristal de cloreto de sódio em uma estrutura perfeitamente organizada. Observe que as espécies positivas estão rodeadas de espécies negativas e vice-versa. Fonte: magnetix, Shutterstock, 2018. Veja que, como o Na (metal) apresenta distribuição eletrônica igual a 1 2 2 3 e baixa energia de ionizaçãos2 s2 p6 s1 (quando comparado com o Cl), ele tende a perder 1 elétrons de sua camada mais externa assumindo a forma do cátion Na , que por sua vez passa a ter configuração eletrônica 1 2 2 , agora com 8 elétrons na camada de+ s2 s2 p6 valência. Já o Cl tem uma configuração eletrônica apresentada como 1 2 2 3 3 e uma afinidade eletrônicas2 s2 p6 s2 p5 maior que o Na. Assim, o Cl tende a ganhar mais 1 elétron, formando o ânion Cl de configuração eletrônica 1 2– s2 s 2 3 3 , também com 8 elétrons em sua camada de valência. Uma vez formados os íons, estes tendem a2 p6 s2 p6 adquirir um arranjo cristalino organizado, como você pode ver na Figura do cristal de NaCl apresentada. Este arranjo cristalino resultante de interações entre íons de cargas opostas confere aos compostos iônicos elevados pontos de fusão e ebulição, além de só serem bons condutores quando estes íons se apresentam livres, ou seja, quando fundidos ou em solução (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al., 2016; KOTZ et al, 2015). Segundo Atkins e Jones (2012), a se dá quando ocorre o compartilhamento de elétrons entre ligação covalente os átomos que compõem a ligação. Neste caso, os elementos apresentam afinidades eletrônicas e energias de ionização consideravelmente próximas, o que impossibilitaria a perda e ganho de elétrons pelos átomos e, consequentemente, a formação de espécies eletricamente carregadas, como ocorre nas ligações iônicas. No VOCÊ O CONHECE? Charles Augustin de Coulomb (1736-1808) foi um físico francês que publicou 7 tratados sobre atrito, eletricidade, fenômenos de torção, dentre outros. Realizou um experimento em uma balança de torção com objetivo de comprovar a força entre duas cargas elétricas, conhecida atualmente como Lei de Coulomb. Em sua homenagem, a unidade que representa a carga é chamada de Coulomb (C) (GALERIA PONTOCIÊNCIA, 2018). - -14 consequentemente, a formação de espécies eletricamente carregadas, como ocorre nas ligações iônicas. No entanto, assim como na ligação iônica, o compartilhamento de elétrons também resulta na obediência da regra do octeto. Na Figura a seguir, temos uma representação bastante clara da formação de ligações covalentes. Veja que o hidrogênio se liga a outro hidrogênio a fim de adquirir a configuração eletrônica do gás nobre hélio (He), ao mesmo tempo pode se ligar ao Cl e obter a mesma configuração eletrônica. Já o Cl pode se ligar a outro Cl e, ao compartilharem elétrons, passam a ter seu octeto completo. Um fato interessante sobre os compostos covalentes é que suas propriedades físicas dependerão diretamente da natureza dos átomos envolvidos. Figura 6 - Representações de diferentes possibilidades de ligações covalentes entre átomos de hidrogênio e cloro. Fonte: magnetix, Shutterstock, 2018. Quando se tratam das , estas irão ocorrer quando há a união de dois metais. Uma formaligações metálicas didática e bastante simplificada de explicar esta ligação é o modelo do mar de elétrons. Nesta representação, os metais, que como já sabemos, apresentam baixas energias de ionização, perdem seus elétrons, formando cátions. VOCÊ SABIA? Nem todas as ligações químicas obedecem à regra do octeto. Este fato é perceptível principalmente em compostos covalentes quando há moléculas estáveis com um octeto incompleto (BH , por exemplo, com o boro apresentando 6 elétrons de valência) e com seus 3 octetos expandidos, como o SF (hexafluoreto de enxofre) em que o enxofre apresenta 10 6 elétrons de valência e, ainda assim, apresenta estabilidade (ATKINS ; JONES, 2012). - -15 metais, que como já sabemos, apresentam baixas energias de ionização, perdem seus elétrons, formando cátions.Estes elétrons transitam entre os íons, compensando-lhes, assim, a carga positiva formada (BROWN et al., 2016; ).KHAN ACADEMY, 2018e Essa representação explica o porquê de os metais serem bons condutores elétricos e, além disso, apresentarem propriedades como a ductilidade (capacidade de se transformarem em fios) e maleabilidade (capacidade de se transformarem em lâminas) (BROWN et al., 2016; KHAN ACADEMY, 2018e). A partir do que apresentamos até agora, podemos dar o próximo passo do nosso conhecimento e compreender como de fato os compostos se organizam no espaço. Para tanto, iremos estudar a geometria molecular. 2.3.2 Geometria molecular Embora a estrutura de Lewis apresente a distribuição dos elétrons ao redor de cada átomo, ela não explica a influência destes elétrons na organização espacial da molécula. Ainda, vale ressaltar que a forma com que a molécula se apresenta é também responsável pelas propriedades físicas que esta poderá assumir. Assim, entra em ação o modelo da epulsão dos ares de létrons da amada de alência, conhecido por RPECV.R P E C V Este modelo possibilita prever o arranjo espacial da molécula considerando os átomos envolvidos e os elétrons ligantes e não ligantes (ATKINS; JONES, 2012; BROWN et al., 2016). No Quadro a seguir, temos uma associação da geometria com as ligações químicas envolvidas. VOCÊ QUER VER? No vídeo (KHAN ACADEMY, 2018d) são explicadas deLigações iônicas, covalentes e metálicas maneira didática, utilizando, para tanto as estruturas de Lewis. Para visualizar o vídeo, acesse o link e divirta-se: <https://pt.khanacademy.org/science/biology/chemistry--of-life/chemical- >.bonds-and-reactions/v/ionic-covalent-and-metallic-bonds VOCÊ SABIA? A geometria da molécula pode influenciar, por exemplo, em uma importante propriedade denominada de polaridade. Neste caso, a propriedade tem como base os átomos que compõem a ligação, podendo definir, se uma substância poderá ou não ser solúvel em outra (KOTZ et al., 2015). - -16 Quadro 1 - Representação das geometrias moleculares de acordo com o número de átomos e com os pares de elétrons livres. Fonte: magnetix, Shutterstock, 2018. Segundo Brown et al. (2016), a previsão da geometria molecular pode ser realizada seguindo os passos abaixo: • inicie montando a estrutura de Lewis. Some todos os elétrons de valência e distribua-os na molécula • - -17 • inicie montando a estrutura de Lewis. Some todos os elétrons de valência e distribua-os na molécula tentando manter o octeto de cada átomo. Se a espécie a ser construída for um íon positivo, subtraia a quantidade de elétrons mostrada na carga; se for negativo, adicione a mesma quantidade de elétrons referente à carga; • organize os elétrons no espaço a fim de minimizar as repulsões elétron-elétron; • defina a geometria molecular de acordo com o Quadro apresentado acima. Com o que foi aprendido até aqui, você agora é capaz de organizar os elétrons de uma molécula, mas também de prever e propor sua organização no espaço a partir do modelo RPECV. Nosso estudo continua, agora com o tema Teoria de ligações. 2.4 Teorias de ligações Até aqui, vimos que a estrutura de Lewis explica como os átomos estão conectados e que o modelo da RPECV mostra a organização espacial da molécula. No entanto, outras duas teorias também apresentam suas considerações quanto à explicação da formação e existência das ligações químicas. Vamos conhecê-las. 2.4.1 Teoria da Ligação de Valência (TLV) e Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM) A (TLV) nos mostra que uma ligação química é formada quando há umaTeoria da Ligação de Valência sobreposição de orbitais atômicos com elétrons de spins opostos. Assim, os elétrons da ligação têm no espaço internuclear como local de maior probabilidade de serem encontrados (KOTZ et al., 2015). No entanto, da forma como foi aqui definida, esta teoria não explica, por exemplo, como é possível que as 4 ligações C-H na molécula do metano (CH ) sejam iguais. Para explicar tal fato, vamos utilizar o conceito de , que consiste na 4 hibridização mistura de orbitais atômicos a fim de formar orbitais híbridos semelhantes aos que lhe deram origem. Vale ressaltar que uma determinada quantidade de orbitais atômicos irá gerar igual quantidade de orbitais moleculares (ATKINS; JONES, 2012). Na Figura a seguir temos uma representação de como ocorre a hibridização do carbono do metano. Inicialmente, temos o que chamamos de , que nada mais é do que a distribuição eletrônica dos elétronsestado fundamental seguindo o diagrama de Linus Pauling, tal como conhecemos. Em seguida, um elétron é promovido a um nível energético superior atingindo o que denominamos de . Caso considerássemos apenas até a etapa depromoção promoção, 3 hidrogênios se ligariam a 3 orbitais 2 e 1 hidrogênio se ligaria ao 2 . Como estes orbitais têmp s tamanhos diferentes, as 4 ligações do metano não seriam iguais. Com a , 3 orbitais 2 se mesclam ahibridização p 1 orbital 2 , formando 4 orbitais híbridos .s sp3 Figura 7 - Representação dos estados fundamental, de promoção e de hibridização para os elétrons da camada • • • - -18 Figura 7 - Representação dos estados fundamental, de promoção e de hibridização para os elétrons da camada de valência do carbono do metano. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Na hibridização, os orbitais híbridos formados apresentam uma energia intermediária entre seus orbitais atômicos geradores. Este modelo de hibridização também pode explicar, à luz da TLV, as ligações de outras moléculas, como água e amônia. Além da hibridização sp3, outras também são possíveis, tais como a sp2 (presente na molécula de eteno) e sp (presente no etino) (KHAN ACADEMY, 2018f). A (TOM) se apresenta como uma alternativa válida e bastante atual quando seTeoria dos Orbitais Moleculares quer explicar a ocorrência das ligações químicas. Com base nesta teoria, todos os elétrons da camada de valência contribuem para a ligação. Além disso, embora em menor grau, os orbitais das camadas mais internas também podem participar (ATKINS; JONES, 2012). Outro ponto a ser ressaltado é que quando a ligação química ocorre e a molécula finalmente se forma, os orbitais e os elétrons de valência de cada átomo deixam de existir, dando lugar ao que chamamos de orbitais moleculares com energias correspondentes (BROWN et al., 2016). Além disso, quando se trata de modelos matemáticos, assume-se que o cálculo dos orbitais moleculares é realizado assumindo-se que os orbitais atômicos das espécies envolvidas na ligação irão se combinar a fim de formar os orbitais moleculares correspondentes. Assim, cada orbital atômico de um átomo se combina a um orbital atômico de outro átomo e juntos irão formar dois novos orbitais moleculares. Esta explicação é análoga a que utilizamos na formação dos orbitais hibridizados na TLV (ATKINS; JONES, 2012). VOCÊ QUER VER? No vídeo (KHAN ACADEMY, 2018f), você pode acompanhar a interessantehibridização sp3 abordagem sobre a hibridização de moléculas como água, amônia, eteno e etino, com foco nestas duas primeiras. Para visualizar o vídeo, acesse: <https://pt.khanacademy.org/science >./chemistry/chemical-bonds/copy-of-covalent-bonds/v/sp3-hybrid-orbital-jay-final VOCÊ SABIA? Um dos marcos para a Teoria do Orbital Molecular é a explicação do paramagnetismo do O , 2 fenômeno possível apenas quando há elétrons desemparelhados. De acordo com a Teoria de Lewis e com a TLV, todos os elétrons da molécula de O estariam emparelhados e, portanto, 2 estas teorias não são capazes de explicar tal fenômeno. No entanto, em seu modelo, a TOM consegue apresentar os elétrons do O desemparelhados, explicando a situação (ATKINS; 2 JONES, 2012). - -19 Síntese Tivemos a oportunidade de compreender a evolução e organização da tabela periódica dentro de um contexto histórico que nos leva até a atualidade. Alémdisso, utilizamos o nosso conhecimento sobre distribuição eletrônica e entendemos a organização da tabela de acordo com as propriedades periódicas dos elementos que a compõem. Vale ressaltar que tudo isso nos permitiu ir além; tornando-nos capazes de desvendar as formações das ligações químicas, sua influência nas propriedades das moléculas, bem como estudar seus diferentes possíveis arranjos espaciais por meio da geometria molecular. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: • compreender os diferentes modelos organizacionais da Tabela Periódica; • aplicar o conceito de distribuição eletrônica na organização da Tabela Periódica; • diferenciar os elementos representativos dos elementos de transição; • trabalhar o conceito de carga nuclear efetiva e blindagem; • aplicar a definição de carga nuclear efetiva na elucidação de propriedades periódicas como: o raio atômico, o raio iônico, a energia de ativação e a afinidade eletrônica; • conceituar as propriedades periódicas; • compreender como e porque as propriedades variam nos períodos e grupos da Tabela Periódica; • conhecer os tipos de ligações químicas e suas influências nas propriedades físicas das moléculas; • conhecer a estrutura de Lewis e sua aplicação na geometria molecular; • entender o princípio da hibridização de orbitais; • compreender as Teorias de Ligação de Valência e a dos Orbitais Moleculares. Bibliografia ATKINS, P.; JONES, L. . Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 1048 p. ATOMIC HERITAGE FOUNDATION. . Gilbert N. Lewis 2018. Disponível em: <https://www.atomicheritage.org >. Acesso em: 20/04/2018./profile/gilbert-n-lewis BROWN, L. S.; HOLME, T. A. . 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014.Química geral aplicada à engenharia 624 p. BROWN, T. et al. A Ciência Central. 388 p.Química: 13. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2016. CHRISTOFF, P. . 1. ed. Curitiba: Editora intersaberes, 2015. 384 p.Química geral CONSTANTINO, E. S. C. L.; DIAS, M. C. L.; LEÃO, M. B. C.A construção histórica da tabela periódica como proposta de aprendizagem. , Atibaia, nov 2001. DisponívelIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências em: < >. Acesso em: 16/04/2018.http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/iiienpec/Atas%20em%20html/o4.html DUARTE, H. A. Carga nuclear efetiva e sua consequência para a compreensão da estrutura eletrônica dos átomos. , São Paulo, p. 22-26, mai 2003.Química Nova na Escola _____________________. Ligações químicas: ligação iônica, covalente e metálica. Cadernos Temáticos de Química , São Paulo, p. 14-23, mai 2001.Nova na Escola EMSLEY, J.; The Sordid Tale of Murder, Fire, and Phosphorus. New York: John Wiley & Sons,The 13th Element: 2000, 327p. GALERIA PONTOCIÊNCIA. . 2018. Disponível em: <Charles Augustin de Coulomb http://www.pontociencia.org. >. Acesso em: 20/04/2018.br/galeria/?content%2Fpictures1%2Ffisica%2FCoulomb.jpg KHAN ACADEMY. . 2018a. Disponível em: <A tabela periódica, camadas eletrônicas e orbitais https://pt. • • • • • • • • • • • - -20 KHAN ACADEMY. . 2018a. Disponível em: <A tabela periódica, camadas eletrônicas e orbitais https://pt. khanacademy.org/science/biology/chemistry--of-life/electron-shells-and-orbitals/a/the-periodic-table- >. Acesso em: 16/04/2018.electron-shells-and-orbitals-article ______________. . 2018b. Disponível em: <Configuração eletrônica do elemento do bloco d https://pt. >.khanacademy.org/science/chemistry/electronic-structure-of-atoms/modal/v/electron-configuration-d-block Acesso em: 16/04/2018. ______________. . 2018c. Disponível em: <Configuração eletrônica do elemento do bloco f https://pt. >.khanacademy.org/science/chemistry/electronic-structure-of-atoms/modal/v/electron-configuration-f-block Acesso em: 16/04/2018. ______________. . 2018d. Disponível em: <Ligações e reações químicas https://pt.khanacademy.org/science >. Acesso em: 20/biology/chemistry--of-life/chemical-bonds-and-reactions/v/ionic-covalent-and-metallic-bonds /04/2018. ______________. . 2018e. Disponível em: <Ligações químicas https://pt.khanacademy.org/science/biology >. Acesso em: 20/04/2018./chemistry--of-life/chemical-bonds-and-reactions/a/chemical-bonds-article ______________. . 2018f. Disponível em: <Hibridização sp3 https://pt.khanacademy.org/science/chemistry >. Acesso em: 20/04/2018./chemical-bonds/copy-of-covalent-bonds/v/sp3-hybrid-orbital-jay-final ______________. . 2018g. Disponível em: <Prática de hibridização orgânica https://pt.khanacademy.org/science >. Acesso em: 20/04/chemistry/chemical-bonds/copy-of-covalent-bonds/v/organic-hybridization-practice /2018. KOTZ, J. C. et al. . Vol.: 1 . São Paulo: Cengage, 2015. 1207p.Química geral e reações químicas TOLENTINO, M.; ROCHA-FILHO, R. C.; CHAGAS, A. P. Alguns aspectos históricos da classificação periódica dos elementos químicos. Química Nova, São Paulo, p. 103-117, jan-fev 1997. Introdução 2.1 Tabela e propriedades periódicas 2.1.1 Histórico 2.1.2 Organização da Tabela Periódica 2.2 Propriedades periódicas 2.2.1 Energia de ionização (EI) 2.3 Ligações químicas 2.3.1 Formação das ligações 2.3.2 Geometria molecular 2.4 Teorias de ligações 2.4.1 Teoria da Ligação de Valência (TLV) e Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM) Síntese Bibliografia
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