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Transtornos de Conduta, Ansiedades e Fobias

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Unidade 4
Livro Didático 
Digital
Mariana Ribeiro Maniglia
Transtornos 
psiquiátricos 
na infância e 
adolescência
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
MARIANA RIBEIRO MANIGLIA
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Mariana Ribeiro Maniglia
Olá. Meu nome é Mariana Ribeiro Maniglia. Sou formada em 
Serviço Social pela UNESP e Psicologia pela UNIFRAN, possuo mestrado 
e doutorado (em andamento) em Psicobiologia pela USP. Minha 
experiência profissional envolve a prática na área de neuropsicologia e 
psicologia clínica. Além disso possuo experiência em atendimentos no 
Sistema Único de Saúde em Unidades Básicas de Saúde e Ambulatórios. 
Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência e 
conhecimento àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de 
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova com-
petência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Transtornos da ansiedade ....................................................................... 11
 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) ............................................................11
Desenvolvimento ..........................................................................................................11
Características ................................................................................................................ 12
Critérios diagnósticos ................................................................................................ 14
Diagnóstico diferencial e comorbidades .................................................... 15
 Transtorno de Ansiedade de Separação ........................................................................16
Desenvolvimento .........................................................................................................16
Características ................................................................................................................ 17
Critérios diagnósticos ................................................................................................ 19
Diagnóstico diferencial e comorbidades ................................................... 20
Fobias ...............................................................................................................23
Fobia Específica ...............................................................................................................................23
Desenvolvimento .........................................................................................................23
Características ................................................................................................................25
Critérios diagnósticos ............................................................................................... 26
Diagnóstico diferencial e comorbidades ....................................................27
 Transtorno de ansiedade social ou Fobia Social ..................................................... 29
Desenvolvimento ........................................................................................................ 29
Características ............................................................................................................... 30
Critérios diagnósticos ................................................................................................ 31
Diagnóstico diferencial e comorbidades ....................................................32
Transtorno depressivo...............................................................................35
 Desenvolvimento.............................................................................................................................35
 Características .................................................................................................................................. 36
 Critérios diagnósticos .................................................................................................................. 40
Diagnóstico diferencial e comorbidades ....................................................................... 41
Transtornos disruptivos ............................................................................43
 Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) ...................................................................43
Desenvolvimento .........................................................................................................43
Características ................................................................................................................44
Critérios diagnósticos ............................................................................................... 45
Diagnóstico diferencial e comorbidades ....................................................47
 Transtorno de Conduta .............................................................................................................. 48
Desenvolvimento ........................................................................................................ 48
Características ............................................................................................................... 49
Critérios diagnósticos ................................................................................................ 51
Diagnóstico diferencial e comorbidades ................................................... 56
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência8
UNIDADE
04
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 9
Nesta unidade nós iremos aprofundar o conhecimento sobre alguns 
transtornos mentais. Nesta unidade os transtornos não fazem parte dos 
transtornos do neurodesenvolvimento. Isso significa que o início dos 
transtornos pode se dar em qualquer período da vida. Iremos ver como 
esses transtornos são classificados em cada capítulo! Nesta unidade 
você verá os seguintes transtornos: transtornos de ansiedade, fobias, 
transtornos depressivos e transtornos do comportamento disruptivo. 
Vamos comigo mergulhar neste universo?!
INTRODUÇÃO
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência10
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Compreender os aspectos diagnósticos e as características dos 
transtornos de ansiedade na infância.
2. Compreender os aspectos diagnósticos e as características das 
fobias.
3. Compreenderos aspectos diagnósticos e as características dos 
transtornos depressivos na infância.
4. Compreender os aspectos diagnósticos e as características dos 
transtornos do comportamento disruptivo.
Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao 
trabalho! 
OBJETIVOS
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 11
Transtornos da ansiedade
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características 
dos transtornos da ansiedade. Essa competência é 
fundamental para a realização de diagnósticos diferenciais 
e comorbidades. E então? Vamos começar?!
Os transtornos de ansiedade são reconhecidos como um dos 
mais prevalentes na população. A prevalência no Brasil é de 4,6% em 
crianças e 5,8% em adolescentes. Suas manifestações clínicas podem 
causar inúmeros prejuízos sociais, escolares e profissionais no indivíduo. 
Neste capítulo iremos aprofundar o conhecimento sobre o transtorno de 
ansiedade generalizada e o transtorno de ansiedade de separação, que 
são comuns e recorrentes em crianças e adolescentes. 
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Desenvolvimento 
Inúmeras pessoas relatam o sentimento de ansiedade e de 
nervosismo durante sua vida toda, entretanto, o início dos sintomas é 
usualmente confirmado na idade adulta. A principal característica do 
TAG é a preocupação excessiva acompanhada de sintomas físicos. O 
conteúdo da preocupação do indivíduo difere de acordo com a faixa 
etária. Crianças e adolescentes tendem a se preocupar mais com a escola 
e o desempenho esportivo, enquanto adultos mais velhos relatam maior 
preocupação com o bem-estar da família ou da sua própria saúde física. 
Em crianças e adolescentes com TAG, as ansiedades e as 
preocupações, frequentemente, envolvem a qualidade de seu 
desempenho, de sua competência na escola ou em eventos esportivos, 
mesmo quando seu desempenho não está sendo avaliado por 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência12
outros. Algumas crianças apresentam preocupação excessiva com a 
pontualidade. E também com eventos catastróficos, como terremotos 
ou guerra nuclear. As crianças com TAG podem ser excessivamente 
conformistas, perfeccionistas e inseguras. Tendem a refazer tarefas em 
razão de excessiva insatisfação com um desempenho menos que perfeito. 
Elas demonstram excessiva busca de aprovação.
A incidência de TAG em crianças de até 12 anos é significativamente 
menor do que em crianças a partir desta idade. Além disso, o número de 
sintomas apresentados aumenta com a idade. Quanto mais cedo na vida 
os indivíduos têm sintomas que satisfazem os critérios para transtorno 
de ansiedade generalizada, mais tendem a ter comorbidade e mais 
provavelmente serão prejudicados. 
VOCÊ SABIA?
A ansiedade é uma das patologias psiquiátricas mais 
comuns nas crianças, atrás apenas dos transtornos de 
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)!
Características 
Os sintomas principais da ansiedade generalizada são preocupação 
excessiva e de difícil controle acompanhado de sintomas físicos. As 
caracteristicas de TAG em crianças e em adolescentes se diferem 
do diagnóstico de adulto. Os adultos com TAG, frequentemente, se 
preocupam com circunstâncias diárias da rotina de vida, como possíveis 
responsabilidades no trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros 
da família. As crianças com o transtorno tendem a se preocupar 
excessivamente com sua competência ou com a qualidade de seu 
desempenho. Durante o curso do transtorno, o foco da preocupação 
pode mudar de uma preocupação para outra. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 13
IMPORTANTE
Cerca de 10% das crianças sofrem de algum transtorno 
ansioso, e cinco em cada dez passarão por algum episódio 
depressivo por causa da ansiedade. 
De acordo com Vianna, Campos e Landeira-Fernandez (2009) as 
crianças e adolescentes com TAG são como “mini adultos” em função 
da preocupação em excesso com compromissos, da rígida aderência 
às regras, ou por suas perguntas referentes aos perigos inerentes às 
situações. As autoras afirmam, ainda, que o diagnóstico é realizado 
tardiamente pois as preocupações apresentadas pelas crianças são vistas 
como senso de responsabilidade. 
As crianças com TAG apresentam sintomas como perfeccionismo, 
catastrofizam pequenas situações, possuem autocrítica exagerada e 
tornam um pequeno erro como um grande fracasso. Podem apresentar 
rigidez com regras, evitação de situações nas quais poderá ser julgada e 
superestimam o perigo. 
Geralmente, a intensidade, a duração ou a frequência da ansiedade 
e da preocupação é desproporcional à probabilidade real ou ao impacto 
do evento antecipado. A distinção entre as características patólogicas 
e da ansiedade não patológica é de extrema importância para evitar o 
diagnóstico errôneo. No TAG as preocupações interferem de forma 
significativa no funcionamento psicossocial do indivíduo, enquanto que na 
ansiedade não patológica as preocupações não são excessivas e fáceis 
de manejar. No TAG as preocupações são mais dissiminadas, intensas e 
angustiantes e ocorre sem precipitantes. Os sintomas de preocupação 
no TAG são acompanhados de sintomas físicos como inquietação, 
fatigabilidade, dificuldade de concentração, sensação de “brancos” na 
mente, irritabilidade, tensão muscular e insônia. É importante ressaltar 
que para o diagnóstico em crianças e adolescentes é exigido apenas a 
presença de um sintoma físico. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência14
IMPORTANTE
Usar técnicas de relaxamento e de respiração com 
as crianças, expor devagar os filhos às circunstâncias 
diferentes e, principalmente, não se zangar, mas trabalhar 
em conjunto com as crianças para superar as dificuldades 
são dicas importantes para os pais.
Critérios diagnósticos
O transtorno da ansiedade generalizada é diagnosticado a partir 
dos sintomas presentes abaixo por no mínimo 6 meses.
 • Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na 
maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos 
eventos ou atividades;
 • O indivíduo considera difícil controlar a preocupação;
 • A ansiedade e a preocupação estão associadas com três 
(ou mais) dos seguintes seis sintomas:
NOTA
Nota: Apenas um item é exigido para crianças. 
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 
2. Fatigabilidade. 
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 
4. Irritabilidade. 
5. Tensão muscular. 
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, 
ou sono insatisfatório e inquieto). 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 15
 • A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos 
causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo 
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. 
Os sintomas acima não podem ocorrer devido aos efeitos fisiológicos 
de uma substância ou a outra condição médica, e a condição não é mais 
bem explicada por outro transtorno mental.
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no 
transtorno de ansiedade generalizada são: transtorno de ansiedade 
devido a outras condições médicas, transtorno de ansiedade induzido 
por substância/medicamento, transtorno de ansiedade social, transtorno 
obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático. 
No transtorno de ansiedade devido a outra condição médica, os 
achados através da história clínica do paciente, os exames labotratoriais 
e físicos são levados em consideração e o diagnóstico é realizado com 
base na presença de uma outra condição médica, como por exemplo 
hipertireoidismo. 
IMPORTANTE
A formação atual das famílias faz com que os filhos, sem 
irmãos, não tenham que esperar a sua vez para nada, e isso 
aumenta a presença de sintomas ansiosos na criança.
No transtorno deansiedade induzido por substância/medicamento, 
a ansiedade e as preocupações são geradas a partir do uso de uma 
substância ou de um medicamento. 
Já no transtorno de ansiedade social, os indivíduos apresentam 
frequentemente uma ansiedade antecipatória focada nas próximas 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência16
situações sociais em que devem se apresentar ou ser avaliados por outros. 
Na condição do TAG os indivíduos se preocupam independentemente de 
estarem ou não sendo avaliados.
No transtorno obsessivo-compulsivo as obsessões são ideias 
inadequadas que assumem a forma de pensamentos, os impulsos ou 
as imagens intrusivos e indesejados. E no TAG o foco da preocupação 
são os problemas que estão por vir, e a anormalidade é o excesso de 
preocupação acerca dos eventos futuros. 
No transtorno de estresse pós-traumático a ansiedade está 
invariavelmente presente. Mas o TAG não é diagnosticado se a ansiedade 
e a preocupação são mais bem explicadas por sintomas de TEPT. De 
acordo com Vianna, Campos e Landeira-Fernandez (2009) o TAG na 
infância ou na adolescência pode ser um precursor de outros transtornos 
psiquiátricos na vida adulta, como fobia social, transtorno de pânico e 
transtorno depressivo maior, e a falta de tratamento adequado pode levar 
a sérios prejuízos no funcionamento do indivíduo.
IMPORTANTE
Ensinar paciência exige envolver a criança nas situações: 
explicar a necessidade da espera e ensinar brincadeiras 
que não incluam tecnologia para que se distraiam. É 
preciso falar sobre o que está acontecendo quando estão 
no supermercado, por exemplo, em vez de excluí-las 
dessas atividades.
Transtorno de Ansiedade de Separação
Desenvolvimento 
Períodos de ansiedade excessiva pela separação de figuras de apego 
fazem parte da fase inicial do desenvolvimento normal e podem indicar o 
estabelecimento de relações de apego seguras. Por exemplo, em torno de 1 
ano de idade, os bebês podem sofrer de ansiedade reativa a pessoas estranhas 
e se apegam especialmente à figura materna/paterna ou do cuidador. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 17
O comportamento de ansiedade de separação pode ser observado 
também em crianças pré-escolares que estão em período de adaptação 
escolar. O início do transtorno de ansiedade de separação pode ocorrer 
em idade pré-escolar ou em qualquer momento durante a infância e mais 
raramente na adolescência. As manifestações do transtorno de ansiedade 
de separação variam com a idade. As crianças menores podem não 
expressar preocupações ou medos específicos de ameaças definidas 
aos pais, à casa ou a si mesmas, e a ansiedade é manifestada somente 
quando a separação é vivenciada. À medida que as crianças crescem, 
emergem as preocupações; com frequência são preocupações acerca de 
perigos específicos como acidentes, sequestros ou assaltos, bem como 
preocupações vagas acerca de não se reencontrarem com as figuras 
paternas/maternas ou de cuidado.
Em adultos, o transtorno de ansiedade de separação pode limitar 
a capacidade de enfrentar mudanças necessárias, como mudança de 
casa, de cidade ou casar-se. Os adultos com transtorno de ansiedade de 
separação são, em geral, excessivamente preocupados em relação aos 
seus filhos, cônjuges ou pais.
Características
O transtorno de ansiedade de separação caracteriza-se pela 
experimentação de ansiedade excessiva em função do afastamento de 
casa ou de figuras de vinculação. 
IMPORTANTE
Apostar em brincadeiras de “esconde-esconde” como, 
por exemplo, aquelas em que alguém cobre o rosto e 
reaparece, ajuda o bebê a lidar, por meio de um jogo, com 
suas ansiedades de separação.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência18
A ansiedade excede o esperado com relação ao estágio de 
desenvolvimento do indivíduo, ou seja, não se enquadra às características 
esperadas em algumas fases do desenvolvimento. As crianças vivenciam 
sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou a previsão de 
afastamento de casa ou de figuras importantes de apego; se preocupam 
com o bem-estar ou com a morte de figuras de apego, quando separados 
precisam saber o paradeiro das suas figuras de apego; também se 
preocupam com eventos indesejados consigo mesmos, como perder-se. 
As crianças ou os adolescentes com transtorno de ansiedade de 
separação são relutantes ou se recusam a sair sozinhos ou acompanhados 
de pessoas com pouco vínculo devido ao medo de separação. Eles 
têm medo ou relutância persistente e excessiva em ficar sozinhos ou 
sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros ambientes, 
frequentemente, essas crianças ou adolescentes sentem a necessidade 
de saber onde eles estão ou de permanecer em contato, sendo muito 
comum o uso do telefone para este fim. As crianças com transtorno de 
ansiedade de separação podem não conseguir permanecer ou ir até 
um quarto sozinhas e podem exibir comportamento de agarrar-se. As 
crianças apresentam relutância ou recusa persistente em dormir à noite 
sem estarem perto de uma figura importante de apego ou em dormir fora 
de casa. Durante a noite, as crianças podem ir para a cama dos pais ou 
irmãos, e são relutantes ou se recusam a participar de acampamentos ou 
dormir na casa de amigos.
Alguns sintomas físicos, como cefaleias, dores abdominais, náuseas 
e vômitos são comuns em crianças quando ocorre ou é prevista a separação 
das figuras importantes de apego. Já em adultos e em adolescentes se 
faz presente os sintomas cardiovasculares como palpitações, tonturas e 
sensação de desmaio. Quando adultos podem se sentir desconfortáveis 
ao viajarem sozinhos, podem desenvolver pesadelos repetidos nos quais 
o conteúdo expressa a ansiedade de separação do indivíduo. 
Os sintomas podem durar por um período de pelo menos 
quatro semanas em crianças e adolescentes com menos de 18 anos 
e geralmente dura seis meses ou mais em adultos. A presença dos 
sintomas causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo nas áreas 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 19
de funcionamento social, acadêmico, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo.
Critérios diagnósticos
O transtorno da ansiedade de separação é diagnosticado a partir 
dos sintomas presentes abaixo:
 • Medo ou ansiedade impróprios e excessivos em 
relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a 
separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, 
evidenciados por três ou mais dos aspectos abaixo: 
1. Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou a 
previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes 
de apego;
2. Preocupação persistente e excessiva acerca da possível 
perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de 
apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte; 
3. Preocupação persistente e excessiva de que um evento 
indesejado leve à separação de uma figura importante de 
apego (por exemplo, perder-se); 
4. Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de 
casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, 
em virtude do medo da separação; 
5. Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar 
sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa 
ou em outros contextos;
6. Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou 
dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego;
7. Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação;
8. Repetidas queixas de sintomas somáticos quando a separação 
de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista;
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência20
IMPORTANTE
Segurança é essencial para a diminuição do sentimento de 
ansiedade e se desenvolve pautado na confiança no outro e 
no mundo, não na superproteção que evita os sofrimentos 
normais da vida.
 • O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, 
durando pelo menos quatro semanas em crianças e em 
adolescentes e geralmente seis meses ou maisem adultos. 
 • A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo 
ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
NOTA
É esperado que ao longo do tempo, com o crescimento e o 
amadurecimento, a ansiedade de separação diminua, pois, 
a criança já é capaz de entender o que ela significa. Se os 
sintomas não diminuírem, é importante buscar o auxílio de 
um profissional!
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no 
transtorno de ansiedade de separação são: transtorno de ansiedade 
generalizada, transtorno de pânico, agorafobia, transtorno da conduta, 
transtorno de ansiedade social, transtorno de estresse pós-traumático, 
luto, transtornos depressivo e bipolar, transtorno de oposição desafiante, 
transtornos da personalidade. 
VOCÊ SABIA?
Uma situação de estresse, como a morte de um parente, 
amigo ou animal de estimação, uma mudança geográfica 
ou de escola pode desencadear o transtorno de ansiedade 
de separação. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 21
No transtorno de ansiedade generalizada, o quadro ansioso envolve 
diversas preocupações, já no quadro de ansiedade de separação envolve, 
predominantemente, a separação das figuras de apego. As ameaças de 
separação podem levar a extrema ansiedade e mesmo a um ataque 
de pânico, no entanto, a ansiedade envolvendo a possibilidade de se 
afastar das figuras de apego e a preocupação com eventos indesejados 
ocorrendo com elas, usualmente não levam a um ataque de pânico 
inesperado. 
As crianças e adolescentes com transtorno de ansiedade de 
separação não são ansiosos quanto a ficarem presos ou incapacitados 
em situações em que a fuga é percebida como difícil, como acontece em 
crianças e em adolescentes com agorafobia.
No transtorno da conduta é comum a esquiva da escola (evasão), 
no entanto, a criança ou o adolescente habitualmente ficam longe de casa 
em vez de voltar para ela, como aconteceria na ansiedade pela separação. 
IMPORTANTE
A terapia comportamental é utilizada para tratar o transtorno 
de ansiedade de separação. Ela envolve ensinar os pais 
e cuidadores a manterem as cenas de despedida tão 
curtas quanto possível e treiná-los no sentido de reagir à 
lamentação de maneira sensata.
No Transtorno de ansiedade social a recusa de ir à escola pode 
ser devida ao medo de ser julgado negativamente pelos outros, e não 
relativa à separação das figuras de apego. Após eventos traumáticos 
como desastres, sequestros ou assaltos, é comum o medo de separação 
das pessoas amadas. No transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), 
os sintomas centrais são relativos a intrusões e esquiva de lembranças 
associadas ao evento traumático, enquanto no transtorno de ansiedade 
de separação as preocupações e a esquiva estão relacionadas ao bem-
estar das figuras de apego e à separação delas.
Sintomas como anseio intenso ou saudades da pessoa falecida, 
tristeza intensa, dor emocional e preocupação com a pessoa falecida ou 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência22
com as circunstâncias da morte são respostas esperadas no quadro de 
luto. No transtorno de ansiedade de separação o medo de separação 
envolve figuras de apego.
IMPORTANTE
Capacitar as crianças a retornar à escola é um objetivo 
imediato. Isso exige que os médicos, os pais e os 
funcionários da escola trabalhem como uma equipe. Ajudar 
as crianças a formar um laço com um dos adultos da pré-
escola ou da escola pode ajudar.
Em Transtornos depressivos e bipolar ocorrem a relutância em sair 
de casa, mas a perturbação principal não é a preocupação ou o medo de 
eventos indesejados afetarem as figuras de apego, mas a baixa motivação 
para se envolver com o mundo externo. O oposto pode ocorrer, como 
indivíduos com transtorno de ansiedade de separação ficarem deprimidos 
quando são separados ou quando é prevista uma separação.
O transtorno de oposição desafiante deve ser considerado apenas 
quando existe comportamento de oposição persistente não está 
relacionado à previsão ou à ocorrência de separação de figuras de apego. 
Alguns transtornos da personalidade podem apresentar sintomas 
parecidos ao de ansiedade de separação. No transtorno da personalidade 
dependente há uma tendência indiscriminada a depender de outra pessoa, 
enquanto o transtorno de ansiedade de separação envolve preocupação 
quanto à proximidade e à segurança das principais figuras de apego. Já 
no transtorno da personalidade borderline o medo envolve o abandono 
pelas pessoas amadas, mas sintomas de problemas na identidade, no 
autodirecionamento, no funcionamento interpessoal e na impulsividade 
são adicionalmente centrais a esse transtorno, enquanto não são centrais 
para o transtorno de ansiedade de separação.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 23
Fobias
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características 
das principais fobias. Essa competência é fundamental para 
a realização de diagnósticos diferenciais e comorbidades. E 
então? Vamos começar?!
As crianças que sofrem umas ou várias fobias apresentam sintomas 
de ansiedade constantes. As fobias as mais comuns compreendem um 
medo das alturas, da interacção pública, do sangue, dos insectos, ou dos 
animais.
Fobia Específica
Desenvolvimento
A fobia específica se desenvolve após um evento traumático, por 
exemplo, um ataque de um animal, ou ficar preso no elevador; ou pela 
observação de outras pessoas que passam por um evento traumático, por 
exemplo, ver alguém se afogar. Também se desenvolve após um ataque 
de pânico inesperado na situação a ser temida, por exemplo um ataque 
de pânico inesperado no metrô, ou por transmissão de informações, por 
exemplo, ampla cobertura da mídia de um acidente aéreo. 
Embora a fobia específica seja situacional, muitas pessoas com 
fobia específica não conseguem se lembrar da razão para o início de suas 
fobias. A fobia específica geralmente se desenvolve na infância, entre 7 e 
11 anos de idade. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência24
NOTA
As crianças são influenciadas pela cultura em torno delas; 
se uma pessoa é forçada ou ansioso, a criança tende a 
desenvolver os mesmos sentimentos. Por exemplo, se 
um pai da criança tem medo das baratas, a seguir há uma 
possibilidade alta de que a criança desenvolva o mesmo. 
Quando a fobia específica está sendo diagnosticada em crianças, 
algumas questões devem ser consideradas. As crianças pequenas podem 
expressar medo e ansiedade chorando, tendo ataques de raiva, imobilidade 
ou comportamento de agarrar-se. As crianças pequenas geralmente 
não são capazes de compreender o conceito de esquiva ou de fuga. Os 
medos excessivos são bastante comuns em crianças pequenas, mas são 
considerados apropriados ao estágio de desenvolvimento e são transitórios. 
Nesses casos, um diagnóstico de fobia específica não deve ser feito. 
Para o diagnóstico de fobia específica em uma criança é importante 
avaliar o grau de prejuízo e a duração do medo, da ansiedade ou da 
esquiva, e se ele é esperado para o estágio do desenvolvimento da 
criança. Embora as fobias específicas se desenvolvam na infância e na 
adolescência, é possível que elas se estabeleçam em qualquer idade, 
usualmente como consequência de experiências traumáticas. Por 
exemplo, fobia a asfixia quase sempre aparece após um evento de quase 
asfixia em qualquer idade.
A prevalência de fobia específica diminui no decorrer da vida, mas 
permanece como um dos transtornos mais comumente experimentados 
na velhice. Isso porque os idosos podem ter mais probabilidade de aceitar 
fobias específicas do ambiente natural, assim como fobias de queda. A 
fobia específica pode ocorrer em comorbidade com condições médicas 
em idosos, além dos idosos apresentarem maior probabilidadede atribuir 
os sintomas de ansiedade às condições médicas. Além disso, a presença 
de fobia específica em pessoas mais velhas está associada a redução 
na qualidade de vida e pode servir como fator de risco para transtornos 
demenciais. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 25
VOCÊ SABIA?
Crianças de 4 a 6 anos costumam apresentar medo da 
escuridão, enquanto que crianças de 7 a 8 anos possuem 
medo de rejeição social, principalmente na escola. Esses 
medos são esperados no decorrer do desenvolvimento.
Características
A característica essencial da fobia específica é que o medo ou a 
ansiedade está relacionado à presença de uma situação ou de um objeto 
particular, que pode ser denominado estímulo fóbico. Os estímulos 
fóbicos podem ser categorizados como especificadores. 
A Fobia específica deve apresentar o medo ou a ansiedade intensa 
ou acentuada em um ou mais objetos ou situações fóbicas, por exemplo, 
animais, altura, doenças. Os sintomas são evocados quase todas as vezes 
que o indivíduo entra em contato com o estímulo fóbico. O grau do medo 
experimentado pode variar com a proximidade do objeto ou a situação 
temida e pode ocorrer com a antecipação da presença ou na presença 
real do objeto ou situação. A fobia pode assumir a forma de um ataque de 
pânico com sintomas completos ou limitados.
Os comportamentos de esquiva podem ser óbvios como o medo 
de sangue e a recusa a ir ao médico, mas às vezes são menos óbvios 
como medo de cobras e evitar olhar para figuras que possuem contorno 
semelhante à forma de cobra. Muitas pessoas com fobias específicas 
sofrem e evitam durante muitos anos o objeto ou situação fóbica. Dessa 
forma, elas criam uma estratégia de não mais experimentar o medo ou a 
ansiedade em sua vida diária. Nessas circunstâncias, os comportamentos 
de esquiva ou a recusa persistente de se engajar em atividades que 
envolveriam exposição ao objeto ou à situação fóbica podem ser úteis 
para a confirmação do diagnóstico na ausência de ansiedade ou de 
pânico explícito. 
Os indivíduos com fobia específica reconhecem que suas reações 
ao estímulo fóbico são desproporcionais, e mesmo assim tendem a 
superestimar o perigo nas situações temidas. O medo ou a ansiedade é 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência26
desproporcional em relação ao perigo real apresentado pelo objeto ou 
pela situação ou mais intenso do que é considerado necessário. 
O contexto sociocultural do indivíduo também deve ser levado 
em conta. Por exemplo, em um contexto com violência constante o 
medo do escuro pode ser razoável. O medo, a ansiedade ou a esquiva 
é persistente, geralmente durando mais de seis meses, além de causar 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
NOTA
O tratamento farmacológico das fobias Específicas 
raramente é utilizado na prática clínica, e são poucos os 
estudos sobre o uso de medicações nesses transtornos.
Critérios diagnósticos
O diagnóstico de fobia específica é realizado a partir da presença 
dos sintomas abaixo:
 • Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto 
ou de uma situação (por exemplo, voar, alturas, animais, 
tomar uma injeção, ver sangue); 
NOTA
Em crianças, o medo ou a ansiedade pode ser expresso por 
choro, ataques de raiva, imobilidade ou comportamento de 
agarrar-se. 
 • O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca 
uma resposta imediata de medo ou de ansiedade; 
 • O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou 
suportado com intensa ansiedade ou sofrimento;
 • O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 27
perigo real imposto pelo objeto ou pela situação específica 
e ao contexto sociocultural; 
 • O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, 
geralmente com duração mínima de seis meses;
 • O medo, a ansiedade ou a esquiva causa sofrimento 
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida 
do indivíduo.
É necessário identificar o estímulo fóbio no diagnóstico, por 
exemplo: 
 • Animal (por exemplo, aranhas, insetos, cães);
 • Ambiente natural (por exemplo, alturas, tempestades, água);
 • Sangue-injeção-ferimentos (por exemplo, agulhas, 
procedimentos médicos invasivos);
 • Situacional (por exemplo, aviões, elevadores, locais 
fechados);
 • Outro (por exemplo, situações que podem levar a asfixia 
ou a vômitos; em crianças, por exemplo, sons altos ou 
personagens vestidos com trajes de fantasia). 
O diagnóstico pode ser realizado a partir de vários estímulos fóbicos 
comcomitantes. 
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no 
transtorno de ansiedade de separação são: agorafobia, transtorno de 
ansiedade social, transtorno de pânico, TOC, transtornos relacionados a 
traumas e estressores, transtornos alimentares. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência28
NOTA
O maior fator de risco de uma criança ou adolescente é ter 
um pai ou mãe ansioso. 
A fobia específica situacional pode se parecer com a agorafobia 
na sua apresentação clínica, mas se um indivíduo teme apenas uma das 
situações da agorafobia, então deve-se diagnosticar fobia específica. 
Caso o individuo tema duas ou mais situações agorafóbicas, então um 
diagnóstico de agorafobia é justificado. Por exemplo, se um indivíduo 
tem medo de aviões e de elevadores (carcterística também agorafóbica 
– transportes públicos), mas não tem medo de outras situações, como 
medo de multidão, então o diagnostico de fobia específica é mais cabível.
Se as situações são temidas e evitadas devido a possível avaliação 
negativa, então é melhor diagnosticado de transtorno de ansiedade social 
em vez de fobia específica. 
Os indivíduos com fobia específica podem experimentar ataques 
de pânico quando confrontados com a situação ou o objeto temido. 
Se os ataques ocorrerem apenas em resposta ao objeto ou à situação 
específica, então é melhor diagnosticado como fobia específica.
No transtorno obsessivo compulsivo o indivíduo apresenta 
pensamentos causadores de medo ou de ansiedade de um objeto ou 
situação como resultado de obsessões (por exemplo, medo de sangue 
devido aos pensamentos obsessivos acerca de contaminação), neste caso, 
se os outros critérios diagnósticos para transtorno obsessivo-compulsivo 
são satisfeitos, então este último transtorno deve ser diagnosticado. 
A fobia pode se desenvolver após um evento traumático, neste 
caso deve ser considerado transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) 
como diagnóstico. Se um comportamento de esquiva está limitado 
exclusivamente à esquiva de alimentos e estímulos relacionados a 
alimentos, então o diagnóstico de Fobia específica não é dado. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 29
SAIBA MAIS
Para um maior aprofundamento sobre o tema, 
recomendamos a leitura do artigo A Criança com Transtorno 
de Ansiedade: Seus Ajustamentos Criativos Defensivos, 
disponível em: https://bit.ly/2pky1Sq.
Transtorno de ansiedade social ou fobia 
social
Desenvolvimento
O transtorno de ansiedade social tem a idade de início entre 8 a 15 
anos (dados dos Estados Unidos). Geralmente emerge de uma história infantil 
de inibição social ou de timidez e pode ocorrer no princípio da infância.
O início também pode ocorrer no princípio da infância e pode 
seguir decorrente de uma experiência estressante ou humilhante, como 
o bullying, ou pode ser insidioso, desenvolvendo-se lentamente. As 
crianças com até 2,5 anos tendem a não se sentir confortáveis perto de 
pessoas não familiares, evitando estabelecer uma comunicação assertiva. 
Este comportamento é esperado para a idade e deve ser entendido como 
parte do desenvolvimento infantil normal. Entretanto, após este período, 
se o estranhamentopersistir e interferir na construção de uma vida social, 
é possível que este desconforto tenha se tornado patológico.
VOCÊ SABIA?
A inibição comportamental está associada ao medo de 
novidades, e inclui características como introversão, 
esquiva e medo de pessoas estranhas. Protegidos em 
demasia pelos pais, meninos e meninas com esse perfil 
tornam-se ainda mais retraídos, formando um ciclo vicioso 
e ganhando cinco vezes mais chances de desenvolver 
fobia social. 
https://bit.ly/2pky1Sq
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência30
Os adolescentes apresentam um padrão mais amplo de medo e de 
esquiva, incluindo os encontros. O início na idade adulta é relativamente 
raro e é mais provável de ocorrer após um evento estressante ou 
humilhante, ou após mudanças na vida que exigem novos papéis sociais. 
Os idosos podem expressar ansiedade social em níveis mais baixos, mas 
dentro de uma variedade mais ampla de situações, enquanto os adultos 
mais jovens expressam níveis mais altos de ansiedade social para situações 
específicas. Em idosos, a ansiedade social pode referir-se à incapacidade 
devido ao declínio do funcionamento sensorial, como prejuízo na audição 
ou visão, ou à vergonha em relação à própria aparência ou ao próprio 
funcionamento devido à condições médicas, como incontinência ou 
prejuízo cognitivo.
Características
A principal característica do transtorno de ansiedade social é um 
medo ou uma ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas 
quais o indivíduo pode ser avaliado pelos outros. Em crianças, o medo 
ou ansiedade deve ocorrer em contextos com os pares, e não apenas 
durante interações com adultos. 
NOTA
A ansiedade passa a ser um problema quando se torna 
disfuncional e impede a criança de realizar tarefas simples, 
como dormir, brincar com outra criança ou ir à escola. 
Nas situações em que o o indivíduo é exposto a essas situações 
sociais, ocorre o medo de ser avaliado negativamente. A preocupação 
envolve o julgamento de inúmeras manerias, por exemplo, em ser ansioso, 
débil, maluco, estúpido, enfadonho, amedrontado, sujo ou desagradável. 
O indivíduo com transtorno de ansiedade social teme agir, aparecer 
ou demonstrar sintomas de ansiedade (tais como ruborizar, tremer ou 
transpirar), que poderão ser avaliados negativamente pelos demais. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 31
NOTA
Crianças tímidas, que sentem muito medo, fazem muita 
birra, regridem a fases anteriores – começam a fazer xixi na 
roupa, por exemplo – ou roem as unhas possivelmente são 
crianças ansiosas.
Vivenciar situações sociais quase sempre provoca medo ou ansiedade 
intensa. Dessa forma, uma ansiedade apenas ocasional em situações 
sociais não seria diagnosticada como transtorno de ansiedade social. 
O grau e o tipo de medo e a ansiedade podem variar de acordo 
com diferentes ocasiões. Em crianças, o medo ou a ansiedade pode ser 
expresso por choro, ataques de raiva, imobilização, comportamento de 
agarrar-se ou encolher-se em situações sociais. 
As situações sociais frequentemente serão evitadas pelos 
indivíduos com transtorno de ansiedade social. A esquiva pode ser 
abrangente, como não ir a festas ou recusar ir à escola ou sutil, como 
preparar excessivamente o texto de um discurso. O medo ou a ansiedade 
é julgado desproporcional ao risco real de ser avaliado negativamente ou 
às consequências dessa avaliação negativa. Por vezes, a ansiedade está 
relacionada a um perigo real (como ser alvo de bullying). Mas em geral, 
os indivíduos com transtorno superestimam as consequências negativas 
das situações sociais. Nesses casos, o contexto sociocultural do indivíduo 
precisa ser levado em conta.
A presença dos sintomas interfere significativamente na rotina 
normal do indivíduo, no funcionamento profissional ou acadêmico ou em 
atividades sociais ou de relacionamentos, e causa sofrimento clinicamente 
significativo. 
Critérios diagnósticos
O diagnóstico de transtorno de ansiedade social é realizado a partir 
da presença dos sintomas abaixo: 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência32
 • Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais 
situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível 
avaliação por outras pessoas. Por exemplo, em interações 
sociais, ser observado e situações de desempenho diante 
de outros;
 • O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de 
ansiedade que serão avaliados negativamente; 
 • As situações sociais quase sempre provocam medo ou 
ansiedade; 
 • As situações sociais são evitadas ou suportadas com 
intenso medo ou ansiedade;
 • O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real 
apresentada pela situação social e o contexto sociocultural;
 • O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente 
durando mais de seis meses; 
 • O medo, a ansiedade ou a esquiva causa sofrimento 
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida 
do indivíduo.
Os sintomas não são consequência dos efeitos fisiológicos de uma 
substância ou de outra condição médica, e não são mais bem explicados 
pelos sintomas de outro transtorno mental. Se alguma outra condição 
médica estiver presente, o medo, a ansiedade ou a esquiva não deve estar 
relacionado ou é excessivo. O diagnóstico deve especificar se os sintomas 
do individuo estão restritos à fala ou ao desempenhar em público. 
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no 
transtorno de ansiedade social são: a timidez normal, agorafobia, 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 33
transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade de 
separação, transtorno depressivo maior, transtorno dismórfico corporal 
etranstornos da personalidade.
A timidez é um traço de personalidade comum e não é por si 
só patológica. Nos Estados Unidos a prevalência de transtorno de 
ansiedade social em pessoas tímidas é de 12%. Pessoas com diagnóstico 
de agorafobia podem ter medo ou evitar situações sociais, não porque 
temem ser expostos ou avaliados, mas porque escapar pode ser difícil ou 
o auxílio pode não estar disponível no caso de incapacitação. 
IMPORTANTE
Uma criança com transtorno de ansiedade social 
experimenta muita preocupação e temor ao interagir com 
outras pessoas e fica ansiosa quando é (ou pensa que é) o 
centro das atenções.
É preciso deixar claro que os indivíduos com transtorno de 
ansiedade social podem ter ataques de pânico, mas a preocupação está 
relacionada ao medo de avaliação negativa, enquanto no transtorno de 
pânico a preocupação se relaciona aos próprios ataques de pânico.
No transtorno de ansiedade generalizada, as preocupações sociais 
são comuns, mas o foco é na natureza das relações existentes e não no 
medo de avaliação negativa. As crianças com transtorno de ansiedade 
generalizada podem ter preocupações excessivas acerca da qualidade 
do seu desempenho, mas essas preocupações também são pertinentes 
ao desempenho e não a quanto o indivíduo está sendo avaliado pelos 
outros. No transtorno de ansiedade social, as preocupações focam no 
desempenho social e na avaliação dos demais.
IMPORTANTE
O fóbico social apresenta um grande desejo de causar 
uma impressão favorável nos outros e uma insegurança 
significativa na sua habilidade de atingir esse objetivo. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência34
As crianças com transtorno de ansiedade de separação podem evitar 
contextos sociais (incluindo recusa à escola) devido às preocupações de 
serem separados das figuras de apego. Geralmente ficam confortáveis em 
contextos sociais quando sua figura de apego está presente ou quando 
estão em casa, enquanto aquelas crianças com transtorno de ansiedade 
social podem ficar desconfortáveis quando ocorrem situações sociais em 
casa ou na presença das figuras de apego. 
Os indivíduosdiagnosticados com transtorno depressivo maior 
podem se preocupar em serem avaliados negativamente pelos outros 
porque acham que são maus ou não merecedores de que gostem deles. 
Em contraste, aqueles com transtorno de ansiedade social preocupam-
se em serem avaliados negativamente devido a certos comportamentos 
sociais ou sintomas físicos.
No transtorno dismórfico corporal, os indivíduos preocupam-se 
com a percepção de um ou mais defeitos ou falhas em sua aparência 
física que não são observáveis ou parecem leves para os outros. Essa 
preocupação, frequentemente, causa ansiedade social e esquiva. 
Por seu frequente início na infância e sua persistência durante 
a idade adulta, o transtorno de ansiedade social pode se parecer com 
um transtorno da personalidade. A sobreposição mais comum é com o 
transtorno da personalidade evitativa. Os indivíduos com esse transtorno 
têm um padrão mais amplo de esquiva do que aqueles com transtorno 
de ansiedade social.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 35
Transtorno depressivo
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características 
do transtorno depressivo. Essa competência é fundamental 
para a realização de diagnósticos diferenciais e 
comorbidades. E então? Vamos começar?!
Desenvolvimento
O transtorno depressivo maior pode surgir pela primeira vez em 
qualquer idade, mas a probabilidade de início aumenta sensivelmente com 
a puberdade. O curso do transtorno depressivo maior é bastante variável. 
Alguns indivíduos raramente experimentam remissão (um período de dois 
meses ou mais sem sintomas ou apenas 1 ou 2 sintomas não mais do 
que em um grau leve), enquanto outros experimentam muitos anos com 
poucos ou nenhum sintoma entre episódios discretos. 
VOCÊ SABIA?
O transtorno depressivo encontra-se cada vez mais 
frequente em crianças e em adolescentes. A ocorrência 
dos sintomas em crianças têm se mostrado maior na faixa 
etária entre seis e onze anos de idade. 
A cronicidade dos sintomas depressivos aumenta significativamente 
a probabilidade de transtornos da personalidade, ansiedade e abuso de 
substância subjacentes e diminui a probabilidade de que o tratamento 
seja seguido pela resolução completa dos sintomas. 
A recuperação em geral começa dentro de três meses após o início 
(para 2 em cada 5 indivíduos com depressão) ou em um ano para 4 em 
cada 5 indivíduos. Muitos indivíduos que estiveram depressivos por apenas 
alguns meses se recuperam espontaneamente. A duração do episóido 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência36
atual prediz muito da taxa de recuperação, além disso, características 
psicóticas, ansiedade proeminente, transtornos da personalidade e a 
gravidade dos sintomas auxiliam no entendimento do prognóstico. 
Durante muito tempo acreditava-se que as crianças não sofriam 
de depressão, entretanto, existem muitas evidências de que o transtorno 
depressivo também ocorre na infância, e não somente na adolescência 
ou na vida adulta. 
IMPORTANTE
A depressão infantil é um distúrbio de humor que vai além 
da tristeza normal e temporária, ela é uma perturbação 
orgânica, que envolve variáveis sociais, psicológicas e 
biológicas.
Em adolescentes, indivíduos psicóticos ou com histórico de 
transtorno bipolar, muitos diagnósticos de transtornos bipolares iniciam 
com um ou mais episódios depressivos. O diagnóstico de depressão mista 
também aumenta o risco de diagnóstico maníaco ou hipomaníaco futuro. 
O curso do transtorno depressivo maior, de modo geral, não se altera 
com o envelhecimento. Os tempos médios de recuperação parecem ser 
estáveis por longos períodos, e a probabilidade de estar em um episódio 
não aumenta ou diminui com o tempo.
VOCÊ SABIA?
Na perspectiva neurobiológica, a depressão é vista como 
uma provável disfunção dos neurotransmissores devido 
à herança genética e também ao fato de áreas cerebrais 
específicas terem anomalias e/ou falhas. 
Características
Sintomas como sentimentos de tristeza, de irritabilidade e de 
agressividade, dependendo da intensidade e da frequência, podem ser 
indícios de quadros depressivos em crianças. As súbitas mudanças de 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 37
comportamentos nas crianças, não justificadas por fatores estressantes, 
são de extrema importância para identificar o diagnóstico de transtornos 
depressivos.
Os sintomas dos critérios para transtorno depressivo maior devem 
estar presentes quase todos os dias para serem considerados presentes, 
com exceção de alteração do peso e da ideação suicida. O humor 
deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar 
presente quase todos os dias. Insônia ou fadiga usualmente são a queixa 
principal. A tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada 
por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. 
Fadiga e perturbação do sono estão presentes em alta proporção de 
casos; perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são 
indicativas de maior gravidade, assim como a presença de culpa delirante 
ou quase delirante.
A principal característica de um episódio depressivo maior é o 
período de pelo menos duas semanas durante as quais há um humor 
depressivo ou perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades. 
Os sintomas devem persistir na maior parte do dia, quase todos os dias, 
por pelo menos duas semanas consecutivas. Em crianças e adolescentes, 
o humor pode ser irritável em vez de triste. 
Além disso, deve estar presente ao menos quatro sintomas 
adicionais, como mudanças no apetite ou peso, no sono e na atividade 
psicomotora, na diminuição de energia, nos sentimentos de desvalia 
ou culpa; na dificuldade para pensar, para concentrar-se ou para tomar 
decisões; ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida, 
planos ou tentativas de suicídio.
IMPORTANTE
A quantidade e a variedade de experiências ruins 
vivenciadas formam um conjunto de fatores de risco 
potenciais para o desenvolvimento da depressão.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência38
Os sintomas depressivos podem interferir na vida da criança 
de maneira intensa, prejudicando seu rendimento escolar e seu 
relacionamento familiar e social. Para alguns indivíduos com episódios 
mais leves, o funcionamento pode parecer normal, mas exige um esforço 
acentuadamente aumentado.
O humor em um episódio depressivo maior frequentemente 
é descrito pela pessoa como deprimido, triste, desesperançado ou 
desencorajado. Alguns indivíduos queixam de sentirem "um vazio", 
sem sentimentos ou com sentimentos ansiosos. Os indivíduos podem 
apresentar queixas somáticas (como dores corporais) ao invés de relatar 
sentimentos de tristeza. Muitos referem ou demonstram irritabilidade 
aumentada. Em crianças e adolescentes, pode desenvolver-se um 
humor irritável ou rabugento, em vez de um humor triste ou abatido. Essa 
apresentação deve ser diferenciada de um padrão de irritabilidade em 
caso de frustração.
A perda de interesse ou de prazer quase sempre está presente. 
Os indivíduos podem relatar menor interesse por passatempos, "não se 
importar mais" ou falta de prazer com qualquer atividade anteriormente 
considerada prazerosa. A presença de sintomas como retraimento social 
ou negligência de atividades prazerosas é comum. Em alguns indivíduos, 
há redução significativa nos níveis anteriores de interesse ou de desejo 
sexual. 
As alterações no apetite podem envolver redução ou aumento. As 
perturbações do sono podem assumir a forma de dificuldades para dormir 
ou dormir excessivamente. É frequente os sintomas de diminuição da 
energia, cansaço e fadiga. O indivíduo pode relatar fadiga persistente sem 
esforço físico, mesmo as tarefas mais leves parecem exigir um esforço 
substancial.
As alterações psicomotoras incluem agitação ou retardo psicomotor. 
A agitação ou o retardopsicomotor devem ser suficientemente graves 
a ponto de serem observáveis por outros, não representando meros 
sentimentos subjetivos.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 39
NOTA
São sintomas frequentes do transtorno depressivo infantil 
a autocrítica elevada, os sentimentos de inferioridade e o 
comportamento agressivo. A agressividade e a irritabilidade 
são vistas mais nos meninos.
O sentimento de desvalia ou culpa associados com um episódio 
depressivo maior pode incluir avaliações negativas e irrealistas do 
próprio valor, preocupações cheias de culpa ou de ruminações acerca 
de pequenos fracassos do passado. Num geral, os indivíduos interpretam 
mal eventos triviais ou neutros do cotidiano como evidências de defeitos 
pessoais. A autorrecriminação por estar doente e por não conseguir 
cumprir com as responsabilidades profissionais ou interpessoais é comum.
Muitos indivíduos relatam prejuízo na capacidade de pensar, de 
concentrar-se ou de tomar decisões. Em crianças, uma queda abrupta no 
rendimento escolar pode refletir uma concentração pobre. Os indivíduos 
queixam-se de distraimento ou dificuldades de memória. Em indivíduos 
idosos, as dificuldades de memória podem ser a queixa principal e ser 
confundidas com os sinais iniciais de uma demência. Quando o episódio 
depressivo maior é tratado com sucesso, os problemas de memória 
apresentam recuperação completa.
Em indivíduos com transtorno depressivo os pensamentos sobre 
morte, ideação suicida ou tentativas de suicídio são comuns. Esses 
pensamentos podem variar desde um desejo passivo de não acordar pela 
manhã, até pensamentos transitórios, porém, recorrentes, sobre cometer 
suicídio ou planos específicos para se matar. As pessoas com ideações 
suicidas graves podem ter colocado seus negócios em ordem, podem ter 
adquirido materiais necessários para o ato suicida e podem estabelecer 
um local e momento para consumarem o suicídio.
A medida mais significativa para redução de risco do suicídio é a 
resolução de pensamentos que motivam a ideação, e não a negação do 
plano suicida. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência40
Critérios diagnósticos
O diagnóstico de Transtorno Depressivo é realizado a partir da 
presença dos sintomas abaixo:
 • Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram 
presentes durante o mesmo período de duas semanas e 
representam uma mudança em relação ao funcionamento 
anterior; pelo menos um dos sintomas é de humor 
deprimido ou perda de interesse ou de prazer. São eles:
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos 
os dias, conforme indicado por relato subjetivo (sentir-se 
triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por 
outras pessoas (parece choroso). 
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em 
todas ou quase todas as atividades na maior parte do 
dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou 
observação feita por outras pessoas). 
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar 
fazendo dieta, ou redução ou aumento do apetite quase 
todos os dias. 
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias 
(observáveis por outras pessoas, não meramente sensações 
subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 
7. Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou 
inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os 
dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por 
estar doente). 
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, 
ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou 
observação feita por outras pessoas). 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 41
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente 
medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um 
plano específico, uma tentativa de suicídio ou de plano 
específico para cometer suicídio. 
 • Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo 
ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em 
outras áreas importantes da vida do indivíduo;
 • O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma 
substância ou a outra condição médica. 
 • A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais 
bem explicado por outros transtornos mentais como 
transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno 
esquizofreniforme, transtorno delirante. 
 • Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio 
hipomaníaco. 
NOTA
Essa exclusão não se aplica se todos os episódios do 
tipo maníaco ou do tipo hipomaníaco são induzidos por 
substância ou são atribuíveis aos efeitos psicológicos de 
outra condição médica.
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no 
transtorno depressivo são: episódios maníacos com humor irritável, 
transtorno do humor devido a outra condição médica, transtorno de déficit 
de atenção/hiperatividade e tristeza.
Em suspeitas de episódios maníacos com humor irritável ou 
episódios mistos deve-se realizar uma criteriosa avaliação clínica da 
presença de sintomas maníacos.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência42
No transtorno do humor devido a outra condição médica deve-
se investigar outras causas orgânicas, como hipotireoidismo, através de 
exames laboratoriais e físicos. 
A distratibilidade e a baixa tolerância à frustração podem ocorrer 
tanto em um transtorno de déficit de atenção/hiperatividade quanto em 
um episódio depressivo maior, caso sejam satisfeitos os critérios para 
ambos, o TDAH pode ser diagnosticado em conjunto com transtorno de 
humor. 
Períodos de tristeza são inerentes à experiência humana. Esses 
períodos não devem ser diagnosticados como um episódio depressivo 
maior, a menos que sejam satisfeitos os critérios de gravidade (presença 
de cinco dos nove sintomas), a duração (na maior parte do dia, quase 
todos os dias, por pelo menos duas semanas) e o sofrimento ou o prejuízo 
clinicamente significativos.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 43
Transtornos disruptivos
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características 
dos transtornos disruptivos. Essa competência é 
fundamental para a realização de diagnósticos diferenciais 
e comorbidades. E então? Vamos começar?!
Transtorno de Oposição Desafiante (TOD)
Desenvolvimento
Os primeiros sintomas do transtorno de oposição desafiante podem 
surgir durante os anos de pré-escola e, raramente, mais tarde, como após 
o início da adolescência. O transtorno de oposição desafiante precede 
o desenvolvimento do transtorno da conduta, sobretudo, em indivíduos 
com transtorno da conduta com início na infância. Mas muitas crianças e 
adolescentes com transtorno de oposição desafiante não desenvolvem o 
transtorno da conduta. 
O transtorno de oposição desafiante também apresenta risco para 
o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e transtorno depressivo 
maior. Os sintomas desafiantes, questionadores e vingativos respondem 
pela maior parte do risco para transtorno da conduta, enquanto os 
sintomas de humor raivoso/irritável respondem pela maior parte do risco 
para transtornos emocionais.
VOCÊ SABIA?
Desvios de conduta como crises de raiva, mentir ou matar 
aulas fazem parte do desenvolvimento da criança e do 
adolescente, desde que não sejam constantes. Quando 
ocorrem de maneira isolada ou de maneira esporádica são 
vistos como normais e não sinalizam transtornos.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência44
As crianças e adolescentes com transtorno de oposição desafiante 
estão sob risco aumentado para uma série de problemas de adaptação 
na idade adulta, incluindo comportamento antissocial, problemas de 
controle de impulsos, abuso de substâncias, ansiedade e depressão. A 
frequência dos comportamentos associados ao transtorno de oposição 
desafianteaumenta no período pré-escolar e na adolescência.
Características
O transtorno de oposição desafiante (TOD) caracteriza-se por 
um padrão global de desobediência, do desafio e do comportamento 
hostil. As crianças discutem excessivamente com adultos, não aceitam 
responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente os 
demais, possuem dificuldade em aceitar regras e perdem facilmente o 
controle se as coisas não seguem a forma que eles desejam.
A principal característica do transtorno é um padrão frequente e 
persistente de humor raivoso/irritável, de comportamento questionador/
desafiante ou de índole vingativa. Os sintomas do transtorno de oposição 
desafiante podem se limitar a apenas um ambiente, mais frequentemente 
em casa. Os indivíduos que apresentam sintomas suficientes para atingir 
o limiar diagnóstico, mesmo que isso ocorra somente em casa, podem 
ter prejuízos significativos em seu funcionamento social. Entretanto, 
nos casos mais graves, os sintomas do transtorno estão presentes em 
múltiplos ambientes. Como os sintomas do transtorno são mais evidentes 
nas interações com adultos ou com pares que o indivíduo conhece bem, 
eles podem não ficar tão evidentes no exame clínico.
NOTA
O TOD é caracterizado por um padrão persistente de 
conduta negativa, desafiadora ou até mesmo hostil.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 45
Para diagnosticar o TOD é necessária a presença de quatro sintomas 
ou mais durante os seis meses precedentes. Além disso, persistência e a 
frequência dos sintomas deverão exceder os níveis considerados normais 
para a idade, o gênero e a cultura do indivíduo. Por exemplo, explosões 
de raiva para uma criança pré-escolar seriam consideradas sintomas 
do transtorno de oposição desafiante somente se tivessem ocorrido 
na maioria dos dias nos seis meses precedentes, se tivessem ocorrido 
com pelo menos três outros sintomas do transtorno e se as explosões 
de raiva tivessem contribuído para o prejuízo significativo. Geralmente, os 
indivíduos com esse transtorno não se consideram raivosos, opositores 
ou desafiadores, e costumam justificar seu comportamento como uma 
resposta a exigências ou circunstâncias despropositadas.
A avaliação diagnóstica deve levar em consideração o quadro e o 
contexto de desenvolvimento do indivíduo, se a criança vivencia interações 
problemáticas, então a probabilidade de se comportar dessa forma é 
grande. Nas situações em que a criança estiver vivendo em condições 
particularmente precárias, em que poderão ocorrer negligência ou maus-
tratos, a atenção clínica para diminuir a influência do ambiente pode ser útil.
Critérios diagnósticos
O diagnóstico de transtorno de oposição desafiante é realizado a 
partir da presença dos sintomas abaixo:
 • Um padrão de (a) humor raivoso/irritável, (b) de 
comportamento questionador/desafiante ou (c) índole 
vingativa com duração de pelo menos seis meses, 
como evidenciado por pelo menos quatro sintomas de 
qualquer das categorias seguintes e exibido na interação 
com pelo menos um indivíduo que não seja um irmão. 
Humor Raivoso/Irritável 
1. Com frequência perde a calma;
2. Com frequência é sensível ou facilmente incomodado; 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência46
3. Com frequência é raivoso e ressentido;
Comportamento Questionador/Desafiante 
4. Frequentemente questiona figuras de autoridade ou, no 
caso de crianças e adolescentes, adultos;
5. Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a 
obedecer a regras ou a pedidos de figuras de autoridade;
6. Frequentemente incomoda deliberadamente outras 
pessoas;
7. Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau 
comportamento;
Índole Vingativa 
8. Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos 
últimos seis meses. 
NOTA
A persistência e a frequência desses comportamentos 
devem ser utilizadas para fazer a distinção entre um 
comportamento dentro dos limites normais e um 
comportamento sintomático. No caso de crianças com 
idade abaixo de 5 anos, o comportamento deve ocorrer 
na maioria dos dias durante um período mínimo de seis 
meses, exceto se explicitado de outro modo (Critério 8). No 
caso de crianças com 5 anos ou mais, o comportamento 
deve ocorrer pelo menos uma vez por semana durante no 
mínimo seis meses, exceto se explicitado de outro modo 
(Critério 8). Embora tais critérios de frequência sirvam de 
orientação quanto a um nível mínimo de frequência para 
definir os sintomas, outros fatores também devem ser 
considerados, tais como se a frequência e a intensidade 
dos comportamentos estão fora de uma faixa normativa 
para o nível de desenvolvimento, para o gênero e para a 
cultura do indivíduo.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 47
 • A perturbação no comportamento está associada a 
sofrimento para o indivíduo ou para os outros em seu 
contexto social imediato ou causa impactos negativos no 
funcionamento social, educacional, profissional ou outras 
áreas importantes da vida do invidíduo. 
 • Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante 
o curso de um transtorno psicótico, por uso de substância, 
de depressivo ou bipolar. Além disso, os critérios para 
transtorno disruptivo da desregulação do humor não são 
preenchidos. 
O diagnóstico deve especificar a gravidade atual dos sintomas 
conforme especificado abaixo:
 • Leve: Os sintomas limitam-se a apenas um ambiente (em 
casa, na escola, no trabalho, com os colegas);
 • Moderada: Alguns sintomas estão presentes em, pelo 
menos, dois ambientes;
 • Grave: Alguns sintomas estão presentes em três ou mais 
ambientes.
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no 
transtorno de oposição desafiante (TOD) são: transtorno da conduta, 
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtornos depressivo 
e bipolar, transtorno explosivo intermitente, transtorno da linguagem e 
transtorno de ansiedade social. 
O transtorno da conduta e o transtorno de oposição desafiante 
estão relacionados a problemas de conduta que colocam o indivíduo em 
conflito com adultos e com outras figuras de autoridade. Geralmente, os 
comportamentos do transtorno de oposição desafiante são de natureza 
menos grave do que aqueles relacionados ao transtorno da conduta e 
não incluem agressão a pessoas ou a animais, destruição de propriedade 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência48
ou um padrão de roubo ou de falsidade. Além disso, o transtorno de 
oposição desafiante inclui problemas de desregulação emocional que 
não estão inclusos na definição de transtorno da conduta.
O TDAH é frequentemente comórbido com o transtorno de oposição 
desafiante. Para fazer um diagnóstico adicional de transtorno de oposição 
desafiante é importante verificar se a falha em obedecer às solicitações 
de outros não decorre somente em situações que demandam esforço e 
atenção sustentados ou que exigem que o indivíduo permaneça quieto.
Os transtornos depressivo e bipolar envolvem características de 
irritabilidade e de afeto negativo. O diagnóstico de transtorno de oposição 
desafiante não deverá ser feito se os sintomas ocorrerem exclusivamente 
durante o curso de um transtorno do humor. Já no transtorno explosivo 
intermitente, as altas taxas de raiva podem ser acompanhadas de agressão 
grave dirigida a outros, o que não faz parte da definição de transtorno de 
oposição desafiante. 
O transtorno de oposição desafiante deve também ser diferenciado 
da incapacidade para seguir orientações decorrente de uma alteração 
na compreensão da linguagem, como perda auditiva ou dificuldade de 
compreensão. 
No Transtorno de ansiedade social há a recusa decorrente do medo 
de uma avaliação negativa, já no transtorno de oposição desafiante não há. 
Transtorno de Conduta
Desenvolvimento
O início do transtorno da conduta pode ocorrer no começo dos anos 
pré-escolares, embora os primeirossintomas significativos costumem 
aparecer durante o período que vai desde a segunda infância até a fase 
intermediária da adolescência. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 49
IMPORTANTE
O Transtorno de conduta engloba uma série de ações 
comportamentais persistentes que desobedecem os 
direitos dos outros e infringem regras e normas sociais.
O transtorno de oposição desafiante pode ser um precursor comum 
do transtorno da conduta com início na infância. O transtorno da conduta 
pode ser diagnosticado em adultos, embora os sintomas geralmente 
tenham início na infância ou na adolescência, sendo raro o início depois 
dos 16 anos. O curso do transtorno é variável. Os transtornos com início na 
adolescência e com sintomas reduzidos e mais leves podem apresentar 
um ajuste social e profissional quando adultas. No entanto, o tipo com início 
precoce é um preditor de pior prognóstico e de risco para comportamento 
criminal, transtorno da conduta e de transtornos relacionados ao uso de 
substâncias na vida adulta.
Os sintomas do transtorno variam de acordo com a idade à 
medida que o indivíduo desenvolve força física, capacidades cognitivas 
e maturidade sexual. Os primeiros sintomas tendem a ser menos graves, 
como mentiras ou furtos em lojas, ao passo que os problemas de conduta 
que surgem posteriormente tendem a ser mais graves, como o estupro e 
a agressão física. As diferenças acentuadas entre os indivíduos e o início 
dos sintomas predizem os comportamentos futuros, sendo que os mais 
danosos ocorrem com início em idades mais precoces.
Na idade adulta, os sintomas de agressão, de destruição de 
propriedades, de falsidade e de violação de regras, incluindo violência 
contra colegas de trabalho, parceiros e crianças, poderão surgir no local 
de trabalho e em casa; e pode ser considerado o diagnóstico de um 
transtorno da personalidade antissocial.
Características
A principal característica do transtorno da conduta consiste em 
um padrão comportamental repetitivo e persistente no qual são violados 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência50
direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes 
e apropriadas para a idade. Esses comportamentos devem se enquadrar 
em quatro grupos principais: 
 • Conduta agressiva que causa ou ameaça causar danos 
físicos a outras pessoas ou animais;
 • Conduta não agressiva que causa perda ou danos a 
propriedade; 
 • Falsidade ou furto;
 • Violações graves de regras. 
Na base do transtorno da conduta está a tendência permanente 
para apresentar comportamentos que incomodam e perturbam, além do 
envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais. Essas crianças 
e jovens não aparentam sofrimento psíquico ou constrangimento com as 
próprias atitudes e não se importam em ferir os sentimentos das pessoas 
ou desrespeitar seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta 
maior impacto nos outros do que em si mesmo.
Frequentemente, o padrão de comportamento está presente em 
vários ambientes, tais como casa, escola ou comunidade e causam 
prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social, acadêmico 
ou profissional. As crianças e adolescentes com o transtorno podem 
fazer provocações, ameaças ou assumir um comportamento intimidador 
(incluindo bullying). Iniciam brigas físicas com frequência. Utilizam armas 
que podem causar danos físicos graves, como bastões e garrafas. Podem 
ser fisicamente cruéis com pessoas ou animais. Cometem roubos com 
confronto à vítima ou forçam alguém à atividade sexual. A violência 
física pode assumir a forma de estupro, de violência ou, em casos raros, 
homicídios.
Também ocorre a destruição deliberada de propriedade de outras 
pessoas, incluindo provocação de incêndios com a intenção de causar 
danos graves. Os atos de falsidade ou de furtos podem incluir invasão 
de casas, de edifícios ou de carros de outras pessoas. Podem mentir 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 51
ou quebrar promessas para obter bens ou favores ou evitar dívidas ou 
obrigações com frequência, ou furtar itens de valor considerável sem 
confrontar a vítima.
Os indivíduos com transtorno da conduta também podem cometer 
violações graves às normas. As crianças com o transtorno costumam 
apresentar um padrão (iniciado antes dos 13 anos de idade) de ficar fora 
até tarde da noite, mesmo com a proibição dos pais. Também podem 
apresentar um padrão de fugir de casa, passando a noite fora. Para ser 
considerado um sintoma de transtorno da conduta, a fuga de casa deve 
ocorrer pelo menos duas vezes ou apenas uma vez se a criança não 
retornar por um longo período de tempo. Episódios de fugas de casa 
que ocorrem como consequência de abuso físico ou de abuso sexual 
não se qualificam para esse critério. Crianças com transtorno da conduta 
frequentemente faltam às aulas. 
O transtorno da conduta está frequentemente associado ao baixo 
rendimento escolar e a problemas de relacionamento com colegas, 
trazendo limitações acadêmicas e sociais ao indivíduo. São frequentes os 
comportamentos de risco envolvendo atividades sexuais, uso de drogas e 
até mesmo tentativas de suicídio. O envolvimento com drogas e gangues 
pode iniciar o jovem na criminalidade.
Critérios diagnósticos
O diagnóstico de transtorno de conduta é realizado a partir da 
presença dos sintomas abaixo:
 • Um padrão de comportamento repetitivo e persistente no 
qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou 
normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para a 
idade, tal como manifestado pela presença de ao menos 
três dos 15 critérios seguintes, nos últimos 12 meses, de 
qualquer uma das categorias adiante, com ao menos um 
critério presente nos últimos seis meses:
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência52
Agressão a Pessoas e Animais 
1. Frequentemente provoca, ameaça ou intimida outros; 
2. Frequentemente inicia brigas físicas;
3. Usou alguma arma que pode causar danos físicos graves 
a outros; 
4. Foi fisicamente cruel com pessoas;
5. Foi fisicamente cruel com animais; 
6. Roubou durante o confronto com uma vítima;
7. Forçou alguém a atividade sexual; 
Destuição de Propriedade 
8. Envolveu-se deliberadamente na provocação de 
incêndios com a intenção de causar danos graves; 
9. Destruiu deliberadamente propriedade de outras pessoas 
(excluindo provocação de incêndios);
Falsidade ou Furto 
10. Invadiu a casa, o edifício ou o carro de outra pessoa;
11. Frequentemente mente para obter bens materiais ou 
favores ou para evitar obrigações;
12. Furtou itens de valores consideráveis sem confrontar a 
vítima;
Violações Graves de Regras 
13. Frequentemente fica fora de casa à noite, apesar da 
proibição dos pais, com início antes dos 13 anos de idade;
14. Fugiu de casa, passando a noite fora, pelo menos duas 
vezes enquanto morando com os pais ou em lar substituto, 
ou uma vez sem retomar por um longo período;
15. Com frequência falta às aulas, com início antes dos 13 
anos de idade;
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 53
 • A perturbação comportamental causa prejuízos 
clinicamente significativos no funcionamento social, 
acadêmico ou profissional;
 • Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, os critérios para 
transtorno da personalidade antissocial não são 
preenchidos. 
O diagnóstico deve determinar o subtipo do Transtorno conforme 
especificado abaixo:
 • Tipo com início na infância: Os indivíduos apresentam 
pelo menos um sintoma característico de transtorno da 
conduta antes dos 10 anos de idade. 
 • Tipo com início na adolescência: Os indivíduos não 
apresentam nenhum sintoma característico de transtorno 
da conduta antes dos 10 anos de idade. 
 • Início não especificado: Os critérios para o diagnóstico de 
transtorno da conduta são preenchidos, porém não há 
informações suficientes disponíveis para determinar se o início 
do primeiro

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