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Cópia de Ansiedade na infância e na adolescência

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A ANSIEDADE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 1
 
 
Marco Antônio Grison² 
 
RESUMO 
Este artigo aborda questões relevantes acerca da ansiedade na infância e na 
adolescência. Utilizando de informações advindas da psicologia ele aborda as perspectivas 
comportamental, psicológica e perceptiva do transtorno que afeta muitas crianças e 
adolescentes. Através da abordagem psicológica e comportamental, o artigo expõe os quadros 
clínicos da ansiedade, as manifestações que ocorrem e como é feito o diagnóstico. Já pelo 
ponto de vista perceptivo, ele traz questões como a autoimagem negativa, a percepção 
distorcida de realidade e as críticas externas e como esses conceitos afetam no agravamento 
ou melhora da ansiedade. 
Palavras-chave: Ansiedade. Infância. Adolescência. Subjetividade. 
1 INTRODUÇÃO 
Este estudo, por meio de uma revisão de literatura, demonstra a ansiedade na infância 
e na adolescência, abrangendo seus diversos transtornos, sintomas e diagnósticos. Também se 
aplica nesse estudo a investigação de como a autoimagem e as críticas externas interferem no 
processo de melhora ou intensificação do transtorno. Para que assim, por meio do 
entendimento geral da ansiedade nessa faixa etária, se possa fazer maiores esclarecimentos 
acerca do tema. 
A ansiedade e suas causas e efeitos no ser humano são muito estudados, no entanto, na 
área da psicologia da criança e do adolescente esse assunto é emergente. Desta forma, o 
presente estudo é elaborado com foco nessa faixa etária pois pouco se salienta, principalmente 
em relação à criança, que essa também é uma fase suscetível a distúrbios mentais. A 
ansiedade é um dos principais males da sociedade moderna, e que vem se intensificando com 
1 ​Trabalho realizado na disciplina Leitura e Produção de Textos, ministrada pela Profa. Suzana Damiani, 
semestre 2018-2, na Universidade de Caxias do Sul. 
 
o aumento de informações que estamos expostos, inclusive na infância, com o acesso cada 
vez mais precoce às tecnologias e que necessita ser salientado. 
Além do exposto, como demonstram Clark e Beck (2012), Stallard (2015) e Leahy 
(2011) é de grande importância identificar não apenas os sintomas, mas também as 
percepções do sujeito, como sua autoimagem, a sua percepção da realidade e também as 
críticas externas que recebe. Pois desta forma, é possível moldar e usar a favor do tratamento 
fatores tão subjetivos e muitas vezes ignorados. 
Desta forma, este artigo tem como objetivos diferenciar os principais transtornos 
decorrentes de ansiedade, assim como identificar os respectivos sintomas e diagnósticos. 
Também se busca, por meio deste trabalho, compreender qual é a autoimagem e a percepção 
de realidade da criança ansiosa, como também como ela é vista pelos demais e de que forma 
isso pode interferir no seu transtorno, para assim esclarecer pontos tão importantes de um 
distúrbio mental que vêm aumentando sua frequência na faixa etária apresentada. 
 
2 QUADROS CLÍNICOS DE ANSIEDADE 
A ansiedade é um estado emocional vivenciado com qualidade subjetiva do medo. É 
uma resposta a situações de perigo ou ameaças reais, como aos estresses e desafios do 
cotidiano. 
Os principais quadros de ansiedade identificados pelo Manual de diagnóstico e 
estatística das perturbações mentais (DSM-IV-TR), através de critérios diagnósticos, 
são: transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia específica (FE), transtorno 
de estresse pós traumático (TEPT), transtorno de ansiedade de separação (TAS), 
transtorno de pânico (TP),fobia social (FS), transtorno obsessivo, compulsivo 
(TOC), mutismo seletivo (MS). TAG, TAS e FE são os mais prevalentes na 
adolescência. Apesar de estarem descritos diferentes diagnósticos nosológicos para 
as síndromes ansiosas, muitos pacientes apresentam comorbidades ansiosas, de 
forma que muitas dessas características podem se sobrepor. (Vianna, Campos & 
Fernandes, 2009) 
A ansiedade passa a ser patológica quando se torna uma emoção desagradável e 
incômoda, que surge sem estímulo externo apropriado ou proporcional para explicá-la, ou 
seja, quando a intensidade, duração e frequência estão aumentadas e associadas ao prejuízo no 
desempenho social ou profissional 
 
2.1 Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS) - 
O Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS), caracteriza-se por um 
comportamento de ansiedade excessiva, causada quando a criança por algum motivo fica 
 
afastada das figuras principais de apego (pais ou seus substitutos), principalmente em lugares 
de pouco convívio. (Leahy, R. L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004) 
 
2.2 Transtorno de Pânico (TP) 
Transtorno de Pânico (TP), em crianças e adolescentes, é definido, assim como em 
adultos, pela ocorrência repetida de ataques de pânico e o medo de ter novos ataques. As 
crianças e adolescentes podem enfatizar mais os sintomas somáticos ou expressar o pânico 
como ansiedade de separação aguda. (Leahy, R. L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 
2004) 
2.3 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) 
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), esse transtorno apresenta-se como 
presença de medo ou preocupações excessivas e de difícil controle com sua competência e 
com a qualidade de seu desempenho em eventos da rotina, mesmo quando não estão sendo 
avaliados, além de preocupação excessiva com eventos catastróficos e inclui pelo menos um 
sintoma somático (inquietação, fadiga, tensão muscular, irritabilidade, dificuldades de 
atenção, insônia) por pelo menos seis meses.(Leahy, R. L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 
80, Nº2, 2004) 
 
 
2.4 Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social (TAS ou FS) 
Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social (TAS ou FS), medo acentuado e 
persistente de situações sociais ou de desempenho, nas quais a criança ou adolescente pode 
sentir inibição e timidez exageradas. O medo e a ansiedade são entendidos como parte normal 
do desenvolvimento da criança, no entanto, o termo fobia não se refere aos medos normais, 
mas a um medo irracional, invariavelmente patológico e exagerado. É mais prevalente em 
rapazes e seu início, em geral, ocorre após a Puberdade. (Leahy, R. L., 2011; Jornal de 
Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004) 
 
2.5 A Fobia Específica (FE) 
A Fobia Específica (FE​)​, é mais comum do que a fobia social e tem maior incidência 
em meninas. Caracteriza-se por um medo excessivo e persistente a um objeto ou situação 
claramente discernível e circunscrito. Os medos são dirigidos a animais (ou insetos), ao 
 
ambiente natural (tempestades, altura, água). Normalmente, tem início na infância. (Leahy, R. 
L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004) 
 
2.6 Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) 
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), ocorre quando uma pessoa reage a 
uma experiência, na qual foi direta ou indiretamente envolvida, com medo e impotência, 
revivendo-a persistentemente, embora evite ativamente suas lembranças (incluindo 
pensamentos, sentimentos ou atividades). Assim, pode-se observar atuação sexual, abuso de 
drogas e delinquência. (Leahy, R. L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004) 
 
2.7 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo(TOC), ocorrência primária de obsessões e/ou 
compulsões que causem desconforto ou interfiram na vida da pessoa. As compulsões são 
comportamentos ou atividades mentais repetitivos que têm como objetivo prevenir ou reduzir 
a ansiedade ou o sofrimento que muitas vezes acompanha as obsessões ou para evitar algum 
evento ou situação temida. (Leahy, R. L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004) 
 
Algumas observações: 
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtorno de tiques são as 
comorbidades mais associadas ao TOC na infância e adolescência; 
Transtornos depressivos e ansiosos são comuns e conferem um padrão mais observado 
no adolescente mais velho e adulto. (Leahy, R. L., 2011; Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 
2004) 
 
 
3 MANIFESTAÇÃO DA ANSIEDADE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 
A ansiedade pode ser provocada por qualquer motivo, pois depende da importância 
que o indivíduo dá a uma determinada situação . Um dos componentes cognitivos mais 
importantes da ansiedade é a preocupação (Stallard, 2015). 
“Existem relatos segundo os quais 70% das crianças entre 8 e 13 anos se preocupavam 
de 2 a 4 vezes por semana. Já 87% dos jovens entre 14 e 21 anos se preocupavam entre 5 e 7 
vezes por semana.” (Muris e colaboradores, 1998) 
 
A ansiedade aguda ​e o estresse são mais comuns em situações, como a insegurança do 
1º dia na escola, contatos sociais, problemas familiares ou compromissos incomuns. Além 
disso, em algumas situações o uso excessivo de redes sociais também pode ser responsável 
por causar ansiedade, tristeza e mal-estar. 
Geralmente os transtornos de ansiedade tendem a ser mais comuns em meninas do que 
em meninos, por possuírem uma maior probabilidade de relatarem fobias e outros transtornos. 
As mais diversas formas de manifestação da ansiedade no corpo humano dependem 
diretamente do estado emocional, logo existem manifestações psicológicas que podem 
influenciar diretamente em manifestações físicas, ou vice versa. Crianças podem manifestar 
sintomas cardiovasculares, tonturas, desmaios, dor de cabeça, náusea, entre outros; 
prejudicando a autonomia da criança ou mesmo a restrição de atividades em geral; que por 
fim acarretará em um grande estresse emocional. 
A presença de ataques de pânico, por exemplo, pode ocasionar taquicardia, sudorese, 
tontura, falta de ar, dor no peito e tremores, seguidos da preocupação persistente de vir a ter 
novos ataques. Já ao apresentar transtorno de ansiedade generalizada o adolescente pode 
apresentar preocupações e medos exagerados, tensões, sinais de hiperatividade, palidez e 
tensão muscular. Esses indivíduos apresentam constante preocupação com o julgamento de 
terceiros, em relação ao seu desempenho em variadas situações e necessitam exageradamente 
que lhes renovem a confiança, que os tranquilizem ​(Stallard, 2015). 
A fobia social , segundo relatos de crianças com até 14 anos, gera desconforto em 
inúmeras situações: falar em sala de aula, comer próximo a outras crianças, ir a festas, 
escrever ou falar com outros colegas e professores, ou mesmo brincar com outras crianças. 
Fisicamente os sintomas apontam palpitações, tremores, falta de ar, ondas de calor e frio, 
sudorese e náusea. Roer unhas, dor de barriga, agitação nos membros inferiores e superiores, 
dificuldade de concentração, irritabilidade e dificuldade para dormir também são 
considerados sintomas da ansiedade (Vianna, 2009), 
 
4 DIAGNÓSTICOS DA ANSIEDADE 
Um bom histórico médico e exame físico são fundamentais para o início do 
diagnóstico de qualquer transtorno de ansiedade, com a finalidade de eliminar qualquer outra 
circunstância médica considerável e curável que seria capaz de estar ocasionando os sintomas. 
 
Histórico familiar de transtornos de ansiedade, ou outra doença psiquiátrica, aumenta os 
indícios para um caso de desordem de ansiedade. Visto que existe uma grande relação entre 
ansiedade e outras perturbações psiquiátricas, incluindo abuso de drogas e depressão, o exame 
médico deve incluir a verificação de sinais de uso de drogas intravenosas ou episódios 
anteriores de auto-tortura. 
4.1 Critérios para diagnóstico do Transtorno de Ansiedade de Separação 
Segundo o DSM IV, a ansiedade inapropriada e excessiva relacionada à separação do 
lar ou de figuras de vinculação, só pode ser diagnosticada quando são evidentes três ou mais 
dos seguintes aspectos por mais de 4 semanas: 
● A criança sofre tanto com o afastamento de figuras de vinculação quanto com a 
simples hipótese de tal afastamento. 
● Preocupação excessiva com a morte, acidente que se referem a si mesmo ou aos pais e 
ainda a vontade de morrer e sentimento de ser rejeitado. 
● Medo fora do normal de sequestro ou sensação de perseguição. 
● Não querer ir para a escola ou medo de ficar longe dos familiares. 
● Fobia de ficar sozinho em casa ou longe de uma figura confiável. 
● Complicação para dormir em quartos separados de adultos (pais) e dificuldade para 
dormir longe de casa. 
● Relato repetidos de pesadelos que envolvam a separação. 
● Aparecimento de doenças com sintomas somáticos como cefaléias, dores abdominais 
e náusea mediante a separação ou a possibilidade dela. 
 
4.2 DSM IV-TR critérios para transtorno de ansiedade generalizada incluem: 
● Presença de ansiedade excessiva sobre eventos ou atividades que ocorrem na maioria 
dos dias por ao menos 6 meses; 
● Perder o controle sobre a intensidade de preocupação; 
● Pelo menos três dos sintomas incluindo inquieto ou jumpiness, fadiga, falta de 
concentração, irritabilidade, problemas de tensão e repouso do músculo; 
● Interferência significativa dos sintomas com o social e trabalho relacionadas com o 
funcionamento ou levando a aflição significativa 
 
 
4.3 Diagnóstico da Fobia Social 
O diagnóstico da Fobia Social é totalmente clínico, não existem exames capazes de 
detectar o transtorno. Assim como o diagnóstico das demais Fobias, o diagnóstico leva em 
consideração os sintomas, há quanto tempo o paciente vem mostrando ter estes sintomas, a 
quantidade de sofrimento e as limitações vivenciadas pelo paciente. 
 
4.4 Diagnóstico de fobia específica de acordo com os critérios do DSM IV TR 
Esse diagnóstico inclui questões como a presença excessiva e persistente de medo, se 
ele é exagerado ou irracional, pela presença ou antecipação de um objeto específico ou 
situação. Deve haver uma reação instantânea de ansiedade, que pode atingir o início da 
gravidade de uma crise de pânico a exposição à situação ou objeto temido. 
Em crianças mais jovens pode haver choro, birras, congelamento ou agarrando-se em 
resposta a uma exposição similar. O paciente nota que a ansiedade é intensa ou irracional. 
Este último pode estar em falta nas crianças. 
As situações ou objetos são evitados ou aturados com tamanha ansiedade ou 
sofrimento. Esta fuga ou resistência com angústia interfere significativamente com a pessoa 
rotina normal, funcionamento acadêmico, atividades sociais ou relacionamentos. 
 
4.5 Diagnóstico de Estresse Pós Traumático 
Só recentemente a Psiquiatria Brasileira começou a perceber a tamanha importância 
do diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Mesmo que os brasileirostenham uma alta preponderância de exposição a eventos traumáticos, como acidentes e 
homicídios, há poucos estudos teóricos e empíricos sobre o TEPT em nosso país. Após 
discutir a definição de evento traumático, focalizando-se nos desafios do exame psíquico 
desses pacientes. Em seguida enfatiza-se a descrição dos sintomas do TEPT, dando exemplos 
clínicos para ilustrar os mais importantes conceitos psicopatológicos. Concluímos, 
salientando a importância do diagnóstico de TEPT para a Psiquiatria, pois ele fornece uma 
estrutura referencial-conceitual para a pesquisa dos efeitos do estresse e do trauma. 
 
4.6 O diagnóstico do TOC 
Para que seja estabelecido o diagnóstico de TOC é necessário que as obsessões ou 
compulsões consumam um tempo razoável (por exemplo, tomam mais de uma hora por dia) 
 
ou causem desconforto clinicamente significativo, ou comprometam a vida social, 
ocupacional, acadêmica ou outras áreas importantes do funcionamento do indivíduo. Os 
sintomas obsessivo-compulsivos não podem ser atribuídos ao efeito fisiológico direto de uma 
substância (p.ex. droga de abuso ou a uma medicação) ou a outra condição médica como 
doenças psiquiátricas, que também podem ter entre seus sintomas - obsessões e ou 
compulsões (por exemplo: dependência a drogas, comer compulsivo, jogo patológico). As 
obsessões e compulsões também não podem ser consequência de doenças neurológicas. 
 
5 A SUBJETIVIDADE NA ANSIEDADE: AUTOPERCEPÇÃO E CRÍTICA 
Os transtornos de ansiedade possuem sintomas específicos e marcantes, que alteram o 
modo de vida da criança no momento em que ela modifica suas atividades cotidianas para 
evitar situações de ansiedade. Esse comportamento é muitas vezes mal compreendido pela 
sociedade, o que gera preconceito em relação aos portadores de ansiedade. Desta forma, 
faz-se necessário dar uma atenção especial às variadas percepções do sujeito, desde como a 
própria criança com ansiedade se percebe, até como é percebida pela sociedade, para assim 
minimizar os efeitos de julgamentos e preconceitos que podem atrapalhar a resolução dos 
conflitos. 
Segundo Clark e Beck (2012), a criança que manifesta ansiedade vivencia diversos 
sentimentos, muitas vezes ambivalentes. Ao mesmo tempo em que deseja não ter ansiedade, 
ela potencializa seu sentimento de medo em enfrentar situações de estresse, esse medo 
aumenta a probabilidade de uma crise ocorrer. Isso se deve ao fato da criança se sentir 
impotente diante das circunstâncias e dos sintomas provocados pela ansiedade. 
“Você pode sentir-se impotente porque acredita que carece das habilidades necessárias 
para lidar com a situação ansiosa. As dúvidas a seu próprio respeito e um profundo senso de 
incerteza intensificarão seu sentimento de vulnerabilidade. ” (Clark e Beck , 2012, não 
paginado) 
Além da criança ansiosa ter uma autoimagem negativa, ela faz uma percepção 
distorcida da realidade. Pois potencializa os perigos das situações que vivenciará e subestima 
as suas capacidades e habilidades para lidar com o contexto. E ainda, considera situações 
normais, como perigosas ou geradoras de conflito. Assim, a percepção cria um círculo 
vicioso, onde a ansiedade gera a percepção de autoimagem negativa, e essa, gera ainda mais 
ansiedade perante situações de risco ou exposição. (Stallard, 2015) 
 
Ainda, apesar da criança possuir críticas internas, onde ela mesma se percebe 
negativamente diante do seu transtorno, ela recebe também críticas externas, que agravam sua 
autopercepção negativa. Essas críticas provêm tanto de amigos, colegas, professores, quanto 
dos próprios familiares, que não são instruídos a darem o apoio necessário para o tratamento 
da criança. Essa ação dos pais é nomeada como negatividade parental, que afeta no tratamento 
e diagnóstico da criança com ansiedade, assim como agrava seus sintomas. 
A negatividade parental é conceitualizada como crítica excessiva ou rejeição e 
ausência de acolhimento emocional. Um ambiente negativo e crítico pode resultar, 
para a criança, no desenvolvimento de cognições de que seu mundo é hostil e, 
através destas, aumentar sua sensibilidade a aspectos potencialmente ameaçadores 
da sua vida. (Stallard, 2015, p. 58) 
Assim, a criança, que recebe julgamentos e críticas pelo seu comportamento ansioso, e 
pela manifestação de sintomas, tende a ter sua autopercepção mais negativa e a sua autocrítica 
focada nos defeitos e fracassos já ocorridos. 
Também é de suma importância ressaltar que muitas vezes a criança não possui 
realmente o transtorno de ansiedade, mas sim sintomas naturais frente a algumas situações, 
como a timidez por exemplo, que pode ser confundida com o transtorno de ansiedade social. 
Os pais de indivíduos patologicamente tímidos tendem a ser mais críticos e 
controladores, e apoiam menos seus filhos. Eles tendem a se sentir envergonhados 
pelos problemas sociais de seus filhos. Tendem a atribuir a timidez de um filho a 
uma personalidade anormal, mais do que a uma resposta natural a situações de 
estresse [...] (Leahy, 2011, p. 141) 
No entanto, nessas situações, devido ao preconceito, às críticas e à colocação de 
estereótipos, até mesmo pelos pais, a criança desenvolve ansiedade, perante situações que 
expõe seu comportamento tímido. 
Desta forma, salienta-se que muitas vezes a percepção dos outros em relação do 
sujeito com ansiedade é crucial, não somente durante o tratamento, mas também antes da 
manifestação do transtorno. Pois foi visto que críticas e muita rigidez são fatores 
desencadeantes da ansiedade. Assim, percebe-se a importância de não julgar pessoas com 
transtornos psíquicos, mas sim apoiá-los e incentivá-los. Dessa forma, além de melhorar a 
crítica externa, a autocrítica também tende a ser mais positiva. 
 
6 CONCLUSÃO 
 
A ansiedade é um dos grandes males encontrados nos dia de hoje. É talvez a causa 
mais frequente das doenças e do stress, e vem sendo cada vez mais diagnosticada cada vez 
mais cedo entre crianças e jovens na adolescência, tendo causas variadas. Também apresenta 
vários sintomas que se diferenciam conforme o tipo de transtornos, conforme podemos relatar 
no decorrer do trabalho. 
Por apresentar estas causas e sintomas variados, é difícil ter noção do real impacto que 
os transtornos psicológico da ansiedade causam nas vidas das famílias que passam por essa 
situação. 
Os psicólogos e psicanalistas, hoje dispõem de métodos relativamente rápidos e 
eficientes para diagnosticar e tratar a ansiedade de maneira eficiente. A ansiedade pode ser 
tratada por medicação e por psicoterapia. A desvantagem da medicação que é um auxiliar 
muito bom, é que, uma vez cessada, retornam os sintomas. A psicoterapia para o tratamento 
da ansiedade é eficiente porque trata a causa e permite que o indivíduo retome a vida com 
mais segurança e confiança em si próprio, mas em casos mais graves, o auxílio da medicação 
pode ser extremamente eficiente. 
O que pode se perceber é que qualquer que seja o tipo de ansiedade o mais importante 
é saber que existe um tratamento, para que não se tenha como resultado uma tragédiamaior. 
 
REFERÊNCIAS 
CLARK, A., D., BECK, T., A. (01/2012). Vencendo a Ansiedade e a Preocupação com a Terapia 
Cognitivo-Comportamental, 1st edição. [Minha Biblioteca]. Retirado de 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582711248/ 
 
LEAHY, L., R. (01/2011). Livre de Ansiedade, 1st edição. [Minha Biblioteca]. Retirado de 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536324708/ 
 
MARCELLI D, COHEN D. Infância e psicopatologia. 7a ed. Porto Alegre: Artmed; 2009. 
 
STALLARD, P. (01/2015). Ansiedade, 1st edição​.​ [Minha Biblioteca]. Retirado de 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536323497/ 
 
VIANNA, R. R. A. B; CAMPOS, A. A; FERNANDEZ, J. L. (2009) Transtornos de ansiedade na 
infância e adolescência: uma revisão. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (vol. 5, nº 1)

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