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PSIQUIATRIA APOSTILA Thaís H. Ambrósio Medicina Thaís H. Ambrósio T XIV 1 ........................................................................................................................................................................... 2 .............................................................................................................................. 4 ............................................................................................................................................ 9 ........................................................................................................................................ 13 .................................................................................................................................................. 16 ....................................................................................................................................................... 21 ................................................................................................................... 28 .......................................................................................................................... 34 ......................................................................................................................................................... 41 ...................................................................................................................................................... 48 ...................................................................................................................................................... 53 Thaís H. Ambrósio T XIV 2 A psiquiatria surgiu na França, sob o ideal de liberdade da revolução francesa. Surgiu com base unicamente biológica. Philippe Pinel passou a escrever até mesmo sobre influências genéticas nos transtornos. Já a ideia de saúde mental é um termo mais amplo, que surge pós 2ª guerra. Transcende as dimensões exclusivas da saúde biológica, seguindo os novos conceitos propostos pela recém-criada OMS. Saúde é a ausência de doença, completo bem-estar biopsicossocial. A saúde mental tem um viés mais integral do indivíduo. Atualmente são usados como sinônimos, mas é importante ter em mente a essas diferenças. No Brasil, Dom Pedro II, em 1852, cria o hospital psiquiátrico brasileiro, um hospício para alienados, no RJ. Surge instituições asilares (pessoas ficavam reclusas, mornado no local). Com o fim da 2ª guerra, também chega ao BR a reforma de assistência psiquiátrica, como no Reino Unido, EUA, França e Itália. Na década de 1970, inicia-se a organização dos movimentos que garantiam os direitos da população e compromisso do Estado, resultando na construção do SUS com a lei orgânica 8080 de setembro de 1990. Princípios: universalidade, equidade e integralidade. Nos anos de 1980, seguindo as tendências mundicais surge o movimento chamado de Reforma Psiquiátrica que vai culminar na Lei 10.216 de Julho de 2001. Essa mudança pôs fim ao modelo asilar. REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) A atual política de saúde mental brasileira é resultado da mobilização de usuários, familiares e trabalhadores da saúde iniciada na década de 1980 com o objetivo de mudar a realidade dos manicômios onde viviam mais de 100 mil pessoas com transtornos mentais. Portaria 3088 de julho de 2011 instituiu a RAPS. A atenção aos portadores de transtornos mentais passa a ter como objetivo o pleno exercício de sua cidadania, não somente o controle de sua sintomatologia. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) propõe um novo modelo de atenção à saúde mental, a partir do acesso e a promoção de direitos das pessoas, baseado na convivência dentro da sociedade. Além de mais acessível, a rede ainda tem como objetivo articular ações e serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade. TIPOS DE SERVIÇOS DAS RAPS UBS Visam o atendimento de usuários com transtornos mentais leves e transtornos mentais moderados a graves estabilizados e reabilitados. Consultório de rua É uma estratégia instituída pela Política Nacional de Atenção Básica, em 2011, e visa ampliar o acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde para esse grupo populacional, o qual se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. Chamamos de consultório na rua equipes multiprofissionais que desenvolvem ações integrais de saúde frente às necessidades dessa população. Eles devem realizar suas atividades de forma itinerante e, quando necessário, desenvolver ações em parceria com as equipes das UBS dos territórios. Núcleo de apoio à saúde da família (NASFS) Foram criados com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, bem como sua resolutividade. Os Nasfs são constituídos por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das equipes de Saúde da Família e das equipes de Atenção Básica, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob a responsabilidade destas equipes, atuando diretamente no apoio matricial às esquipes das unidades nas quais o Nasf está vinculado. Thaís H. Ambrósio T XIV 3 CAPS Os CAPS possuem caráter aberto e comunitário, dotados de equipes multiprofissionais e transdisciplinares, realizando atendimento a usuários com transtornos mentais graves e persistentes, a pessoas com sofrimento e/ou transtornos mentais em geral sem excluir aqueles decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Ele tem um caráter de reabilitação, mesmo com multiprofissionais. A portaria n° 3088, de 23 de dezembro de 2011, republicada em 21/05 de 2013 sobre os centros de Atenção Psicossocial e os organiza nas modalidades de: - CAPS I: indicado para municípios ou regiões de saúde com população acima de 15 mil habitantes. - CAPS II: indicado para munícipios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil habitantes. - CAPS III: proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento 24h, incluindo feriados, fins de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS AD. Indicado para municípios ou regiões de saúde com a população acima de 150 mil habitantes. - CAPS i: atende crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitam estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para municípios ou regiões com população acima de 70 mil habitantes. - CAPS AD: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Indicado para municípios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil habitantes. - CAPS AD II: Indicado para municípios ou regiões de saúde com população acima de 150 mil habitantes. Portaria N°3588, de 21/12/2017: - CAPS AD IV: com pronto atendimento 24h todos os dias da semana.Unidades ambulatoriais especializadas Presta-se a “ampliar” o acesso à assistência em saúde mental para as pessoas de todas as faixas etárias com transtornos mentais mais prevalentes, mas de gravidade moderada, como transtornos de humor, dependência química e transtornos de ansiedade”, atendendo necessidades de complexidade intermediária entre Atenção Básica e os CAPS. Unidades de referência especializada em Hospital Geral No hospital geral, o processo de integração e interação mútua entre a psiquiatria e outras especialidades foi gradual e realizado de 3 maneiras: - Deslocamento de pacientes psiquiátricos para enfermarias de psiquiatria - Realização de interconsultas - Maior participação dos psiquiatras em comissões hospitalares. Assistência Hospitalar especializada em Psiquiatria Hospitais psiquiátricos que atendem ao modelo não asilar de internação respeitando os princípios da lei 10.216 de abril de 2011. ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO Serviços de residências terapêuticas (SRTs) criadas para acolher preferencialmente egressos de internações prolongadas, mas se abrem para pessoas com necessidades deste tipo de acolhimento, como por exemplo, pacientes com transtornos mentais graves, moradores em situação de rua, egressos de unidades prisionais comuns. Os pacientes moradores dos SRTs devem ser tratados e acompanhados por profissionais dos Serviços comunitários da RAPS (Ambulatórios, CAPs). Thaís H. Ambrósio T XIV 4 O TDAH uma condição que assim como diversos outros transtornos psiquiátricos, teve seu entendimento refinado e desenvolvido ao longo dos anos. Antes era visto como uma condição hipercinética da infância. Já hoje vemos que é uma condição do neurodesenvolvimento que pode persistir ao longa da vida e que tem critérios diagnóstico bem estabelecidos. Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO - Deficiência intelectuais - Transtornos da comunicação - Transtorno do Espectro Autista - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade -Transtorno Específico da Aprendizagem - Transtornos motores Considerações Gerais - É um transtorno do neurodesenvolvimento - Desatenção, hiperatividade e impulsividade - Afeta aproximadamente 5% das crianças menores de 18 anos. - Funcionamento neuropsicossocial alterado e correlação neurobiológica. O Que Precisamos Saber Sobre TDAH? - É comum - Pode ser grave - Pode persistir - É estigmatizando – principalmente quando tem muita impulsividade - É tratável EPIDEMIOLOGIA Prevalência - Média no mundo: 5,29% para crianças e adolescentes, e 2,5% para adultos (19-45 anos) - 15% das crianças persistem com critérios completos na vida adulta - 40-60% das crianças entram em remissão parcial na vida adulta - Sexo masculino > sexo feminino→ é mais comum os meninos mais agitados e as meninas mais desatentas. Etiologia e fatores de risco - Forte componente genético: herdabilidade de 70- 80% - Fatores ambientais perinatais: prematuridade + exposição intrauterina ao tabaco + baixo peso ao nascer - Déficits neurobiológicos Uma série de agentes causais, tanto genéticos como ambientais, podem contribuir para o desenvolvimento do TDAH. Entretanto, cada fator de risco individual explica apenas uma pequena proporção do risco de desenvolvimento do transtorno. Nenhum dos fatores identificados é necessário para o desenvolvimento do TDAH, eles não são específicos e estão relacionados com outros transtornos mentais e anormalidades de neurodesenvolvimento. Neurobiologia - Disfunção frontal-estriatal . Mediado por GABA e catecolaminas - Desregulação catecolaminérgica (dopamina e noradrenalina) - Atraso na maturação cortical (córtex pré-frontal) Thaís H. Ambrósio T XIV 5 Alteração Pré-Frontal Essas regiões não estão ativadas efetivamente por noradrenalina e dopamina, de modo que cause uma agitação. Através de noradrenalina e dopamina temos uma ativação correta de comportamento. Com ativação pré-frontal reduzida, temos TDAH. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Hiperatividade A hiperatividade é caracterizada por: - Atividade física excessiva - Sentimentos de impaciência, tornando os pacientes incapazes de se manterem quietos, mesmo em situações em que se espera tal comportamento. - Atividade motora sem propósito, isto é, a atividade não tem um objetivo e afeta o ambiente de forma negativa (frequentemente permanece em pé e caminhando sem propósito quando se deveria estar sentado, ou movimentando as mãos e manipulando pequenos objetos quando se deveria estar imóvel). - Inquietação frequente ou o ato de se contorcer em seu assento. - Incapacidade de brincar calmamente. - Falar demais, correr em voltas ou escalar algo, quando isto é inapropriado. Desatenção A desatenção se refere a um padrão comportamental em que o indivíduo tem dificuldade em iniciar, continuar exercendo e completar uma tarefa. Os pais podem hesitar em aceitar um diagnóstico de TDAH baseando-se na percepção de que a criança é capaz de focar quando desempenham atividade específicas como jogar videogame, assistir televisão ou em determinadas situações. Vale ressaltar que a motivação, a relevância e a atratividade de uma tarefa para a criança, além do ambiente, influenciam amplamente à manifestação dos sintomas. É um sintoma que as vezes os professores percebem ou os pais na hora de fazer o dever. Muitas vezes a criança relata que ela não consegue prestar atenção. Impulsividade A impulsividade se refere à dificuldade em retardar uma ação ou resposta, mesmo quando é sabido que tal ação trará consequências negativas. A impulsividade é associada a necessidade de gratificação imediata, mesmo quando o adiamento levaria a melhores resultados. Comportamentos impulsivos manifestam-se em dificuldades em aguardar “sua vez de falar”, em jogos e brincadeiras ou ao atravessar a rua. Também podem manifestar-se como uma tendência em agir sem pensar. Por exemplo, dando respostas imediatas, independentemente de sua precisão, ou em respostas a não relacionadas à questão, ou deixar respostas escapar antes da questão ser finalizada. - A hiperatividade é muito mais comum na infância. - Tendo agitação na infância é comum com ou não TDAH. - Essa hiperatividade ao longo da vida vai diminuindo e exacerbando a impulsividade e déficit de atenção. Thaís H. Ambrósio T XIV 6 Diagnóstico DSM-5 A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2): 1. Desatenção: Seis (oumais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: OBS: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários. a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligência ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso). b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas). c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia). d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo). e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos). f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos). g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular). h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados). i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados). 2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: OBS: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários. a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. b. Frequentemente se levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar). c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (OBS: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.) d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente. e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar). f. Frequentemente fala demais. g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar). h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma fila). i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo). B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade / impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos de idade. Thaís H. Ambrósio T XIV 7 C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade / impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades). D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade. E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da personalidade, intoxicação ou abstinência de substância). Determinar o subtipo: 314.01 (F90.2) Apresentação Combinada Se tanto o Critério A1 (desatenção) quanto o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) são preenchidos nos últimos 6 meses. (F90.0) Apresentação Predominantemente Desatenta Se o Critério A1 (desatenção) é preenchido, mas o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) não é preenchido nos últimos 6 meses. (F90.1) Apresentação Predominantemente Hiperativa/Impulsiva Se o Critério A2 (hiperatividadeimpulsividade) é preenchido, e o Critério A1 (desatenção) não é preenchido nos últimos 6 meses. Especificar se: Em Remissão Parcial Quando todos os critérios foram preenchidos no passado, nem todos os critérios foram preenchidos nos últimos 6 meses, e os sintomas ainda resultam em prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou profissional. Especificar a gravidade atual: Leve Poucos sintomas, se algum, estão presentes além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, e os sintomas resultam em não mais do que pequenos prejuízos no funcionamento social ou profissional. Moderada Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes. Grave Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas particularmente graves estão presentes, ou os sintomas podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional. Resumindo os critérios - Presença de 6 critérios de desatenção e/ou - Presença de Hiperatividade e Impulsividade - Vários sintomas estavam presentes antes dos 12 anos de idade. - Vários sintomas presentes em 2 ou mais ambientes. Avaliação Clínica - Informação de pelo menos 2 contextos (como cuidador e professores que são muito importantes, fornecendo o relatório escolar→ maior contato com o paciente). - Avaliação médica/psiquiátrica - Avaliar comorbidades→ tem muita chance de cursar com comorbidade psiquiátricas - Testes adicionais não são necessários, mas podem ajudar (escalas e avaliação neuropsicológica). Essa SNAP-IV é a mais usada, com critérios do DSM. Diagnóstico Diferencial - Hiperatividade situacional (mudança comportamental devido a estressores) - Transtornos disruptivos e de conduta (TOD/TC) - Transtorno de humor - Tique, coreia, discinesias - Abuso de substâncias (abstinência) - TEA - Deficiência intelectual Possíveis Consequências Quando Não Tratado - Menor desempenho acadêmico (abaixo do esperadoe abaixo do potencial da própria pessoa) → problema na ATENÇÃO e não na CAPACIDADE COGNITIVA - Problemas matrimoniais e divórcio - Dificuldades em lidar com a prole (organizar a vida de seus filhos além da sua) - Menor performance no trabalho - Desemprego Thaís H. Ambrósio T XIV 8 - Acidentes de trânsito - Outros transtornos psiquiátricos (ansiedade, depressão e uso de substâncias pela sensação de incapacidade e frustração) Indivíduos afetados pelo TDAH e suas famílias comumente interpretam erroneamente os sintomas como “parte de sua personalidade” ou seu “jeito de ser”. Nestas circunstâncias, os pais tendem a não buscar atendimento médico a menos que o comportamento esteja associado a prejuízo funcional notado por outros, como insucesso escolar; neste caso, os professores são os que sugerem aos pais para que procurem tratamento. Comorbidades O TDAH pode andar sozinho, mas pode andar com muitas outras afecções. O principal é o transtorno opositor desafiante, ansiedade, transtorno de conduta, depressão, enurese, transtorno bipolar etc Tratamento Objetivos - Reduzir sintomas - Melhorar desempenho escolar - Reduzir problemas na escola e na família O Que Funciona? O tratamento baseado em evidências para TDAH - Melhor evidência para medicações estimulantes - Tratamento comportamentais também são efetivos em casos leves e moderados - Psicoeducação para pais e escola Treinamento Para Pais Os pais podem ser treinados construtivamente a lidar com o comportamento de seus filhos ao ensinálos como reforçar comportamentos desejáveis e extinguir o mau comportamento. Por exemplo, como estabelecer e transmitir regras sensatas, apropriadas e viáveis e o que fazer quando a criança adere às regras ou as quebra. A força de evidência para o treinamento comportamental dos pais como uma intervenção de primeira linha para um melhor comportamento entre os pré-escolares com risco para o TDAH é alto, enquanto a força de evidência para o metilfenidato é baixa. Psicoestimulantes Medicações derivadas do Metilfenidato (Ritalina) e Anfetaminas (Lisdexanfetamina). Elas ajudam a disponibilizar maior quantidade de dopamina e noradrenalina em regiões de pré-frontal. Eficácia e segurança bem estabelecidas. - Resposta clínica em 70% - Efeitos colaterais comuns: náusea, perda de peso, insônia. - Efeitos colaterais mais graves: tique, sintomas psicóticos, aumento de PA, retardo de crescimento. Ficar atento, pois pode potencializar e causar sintomas psicóticos! Observar o histórico do paciente O alvo principal são os receptores de D2. Outras Medicações (Não-Estimulantes) - Atomoxetina - Clonidina - Imipramina Os não-estimulantes são menos efetivos e tem mais efeitos colaterais – tentar apenas quando os estimulantes não estiverem disponíveis, não forem tolerados ou não apropriados. Thaís H. Ambrósio T XIV 9 CID-10 - Amnésia dissociativa - Fuga dissociativa - Estupor dissociativo - Transtornos de transe e possessão - Transtornos motores dissociativos - Convulsões dissociativas - Anestesia e perda sensorial dissociativas - Transtornos dissociativos (ou conversivos) mistos - Outros transtornos dissociativos Desenvolvimento do conceito O termo histeria deriva do grego Hystera e significa matriz, útero. Já era utilizado por Hipócrates na Grécia Antiga para designar algumas alterações do comportamento. Na Idade Média estas alterações eram entendidas como manifestações de possessão demoníaca. No século XVIII os estudos da histeria são retomados. Breuer e Freud em os “Estudos sobre a Histeria” (1893-1985) se dedicam aos casos de histeria de conversão como mecanismos de defesa do Ego. Janet (1920) faz a primeira descrição de dissociação, que sugere a separação de conteúdos mentais, uma patologia da síntese pessoal e considerando os traumas psicológicos como causa principal de dissociação. Após a segunda guerra mundial as neuroses de Guerra trazem de volta o valor dos traumas na síntese dos sintomas dissociativos. O termo histeria foi muito associado a psicanálise e caiu em desuso na medicina pela conotação negativa que adquiriu. Ao longo do tempo, os transtornos conversivos e dissociativos receberam diferentes terminologias bem como entendimentos pelos sistemas de classificação diversos o que resultou em muita confusão, tanto na pesquisa como na prática clínica. Tipos - Transtorno de despersonalização/desrealização - Amnésia dissociativa - Transtorno dissociativo de identidade - Outro transtorno dissociativo especificado: . Perturbação da identidade devido a persuasão coercitiva prolongada e intensa. . Síndromes crônicas e recorrentes de sintomas dissociativos mistos. . Reações dissociativas agudas e eventos estressantes . Transe dissociativo. Os transtornos dissociativos compreendem perda parcial ou completa da integração normal entre memórias, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor e comportamento. Sintomas - Intrusões espontâneas na consciência e no comportamento acompanhadas por perdas de continuidade da experiência subjetiva; ou - Incapacidade de acessas informações e de controlar funções mentais que normalmente são de fácil acesso. Dissociação como módulos mentais semindependentes Seria a coexistência de sistemas mentais separados que deveriam estar integrados na consciência, na memória ou identidade. Transtornos de personalidades múltiplas, estados de transe, flashbacks de memórias traumáticas. Dissociação como perda de conexão entre o indivíduo e o ambiente Desrealização como mecanismo de defesa inconsciente e despersonalização Dissociação como mecanismo de defesa inconsciente Amnésia dissociativa, la belle indiference, fuga dissociativa Thaís H. Ambrósio T XIV 10 DISSOCIAÇÃO E TRAUMA Há uma importante associação entre dissociação e trauma. Havendo cada vez mais evidencias de que a dissociação pode ocorrer como uma defesa durante o trauma. Crianças expostas a traumas múltiplos tem risco aumentado para apresentar mecanismos de defesa. Os pacientes com transtornos dissociativos com RDI tem forte associação a história de abuso na infância. TRANSTORNO DE DESPERSONALIZAÇÃO/ DESREALIZAÇÃO Frequentemente transitória, tem resolução espontânea. Os casos recorrentes ou persistentes podem ser utilizados tratamentos não farmacológicos como Terapia Cognitivo comportamental, terapia comportamental, auto hipnose, psicoeduação. Todos os agentes farmacológicos foram utilizados com resultados moderados. Critérios A. Presença de experiências persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou ambas: 1. Despersonalização: Experiências de irrealidade, distanciamento ou de ser um observador externo dos próprios pensamentos, sentimentos, sensações, corpo ou ações (p. ex., alterações da percepção, senso distorcido do tempo, sensação de irrealidade ou senso de si mesmo irreal ou ausente, anestesia emocional e/ou física). 2. Desrealização: Experiências de irrealidade ou distanciamento em relação ao ambiente ao redor (p. ex., indivíduos ou objetos são vivenciados como irreais, oníricos,nebulosos, inertes ou visualmente distorcidos). B. Durante as experiências de despersonalização ou desrealização, o teste de realidade permanece intacto. C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., convulsões). E. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como esquizofrenia, transtorno de pânico, transtorno depressivo maior, transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático ou outro transtorno dissociativo. AMNÉSIA DISSOCIATIVA A. Incapacidade de recordar informações autobiográficas importantes, geralmente de natureza traumática ou estressante, incompatível com o esquecimento normal. OBS: A amnésia dissociativa consiste mais frequentemente em amnésia localizada ou seletiva de um evento ou eventos específicos ou amnésia generalizada da identidade e da história de vida. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes do funcionamento. C. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., álcool ou outra droga de abuso, um medicamento) ou a uma condição neurológica ou médica (p. ex., convulsões complexas parciais, amnésia global transitória, sequelas de traumatismo craniano/lesão cerebral traumática, outra condição neurológica). D. A perturbação não é mais bem explicada por transtorno dissociativo de identidade, transtorno de estresse póstraumático, transtorno de estresse agudo, transtorno de sintomas somáticos ou transtorno neurocognitivo maior ou menor. Nota para codificação: O código para amnésia dissociativa sem fuga dissociativa é 300.12 (F44.0). O código para amnésia com fuga dissociativa é 300.13 (F44.1). Especificar se: 300.13 (F44.1) Com fuga dissociativa: Viagem aparentemente proposital ou perambulação sem rumo associada a amnésia de identidade ou de outras informações autobiográficas importantes. Na amnésia temos a incapacidade de recordar alguma informação importante, levando algum prejuízo. *Fuga dissociativa: paciente viaja, sai sem rumo e nem sabe explicar como chegou lá. Tratamento Tratamento com psicoterapia, terapia cognitivo comportamental, hipnose, terapia em grupo. Não há farmacoterapia conhecida além das entrevistas facilitadas por fármacos, como Diazepam, Amobarbital. Thaís H. Ambrósio T XIV 11 TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE A. Ruptura da identidade caracterizada pela presença de dois ou mais estados de personalidade distintos, descrita em algumas culturas como uma experiência de possessão. A ruptura na identidade envolve descontinuidade acentuada no senso de si mesmo e de domínio das próprias ações, acompanhada por alterações relacionadas no afeto, no comportamento, na consciência, na memória, na percepção, na cognição e/ou no funcionamento sensóriomotor. Esses sinais e sintomas podem ser observados por outros ou relatados pelo indivíduo. B. Lacunas recorrentes na recordação de eventos cotidianos, informações pessoais importantes e/ou eventos traumáticos que são incompatíveis com o esquecimento comum. C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. A perturbação não é parte normal de uma prática religiosa ou cultural amplamente aceita. OBS: Em crianças, os sintomas não são mais bem explicados por amigos imaginários ou outros jogos de fantasia. E. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., apagões ou comportamento caótico durante intoxicação alcóolica) ou a outra condição médica (p. ex., convulsões parciais complexas). Como no caso do filme “Fragmentado”. - A pessoa pode ter ou não ciência de que tem mais de uma personalidade. Ela pode ter ciência só porque as pessoas dizem que tem hora que ela está de um jeito e hora de outro → Exemplo: hora diz ser a Patrícia, hora diz ser a Júlia. Tratamento Tratamento com psicoterapia, terapia cognitivo comportamental, hipnose, terapia familiar. Tratamento farmacológico não tem muita evidência. - ISRS, Antidepressivos Tricíclicos, benzodiazepínicos, clonidina. Outros TRANSTORNO Dissociativo Especificado Esta categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicos de um transtorno dissociativo que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem todos os critérios para qualquer transtorno na classe diagnóstica dos transtornos dissociativos. A categoria outro transtorno dissociativo especificado é usada nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão específica pela qual a apresentação não satisfaz os critérios para qualquer transtorno dissociativo específico. Isso é feito por meio do registro de “outro transtorno dissociativo especificado”, seguido pela razão específica (p. ex., “transe dissociativo”). Exemplos de apresentações que podem ser especificadas usando a designação “outro transtorno dissociativo especificado” incluem os seguintes: 1. Síndromes crônicas e recorrentes de sintomas dissociativos mistos: Esta categoria inclui perturbação da identidade associada a alterações brandas no senso de si mesmo e no senso de domínio das próprias ações ou alterações da identidade ou episódios de possessão em um indivíduo que relata não ter amnésia dissociativa. 2. Perturbação da identidade devido a persuasão coercitiva prolongada e intensa: Indivíduos sujeitos a persuasão coercitiva intensa (p. ex., lavagem cerebral, reforma de pensamentos, doutrinação em cativeiro, tortura, prisão política prolongada, recrutamento por seitas/cultos ou organizações terroristas) podem apresentar mudanças prolongadas na, ou questionamento consciente da, própria identidade. 3. Reações dissociativas agudas a eventos estressantes: Esta categoria inclui condições transitórias agudas que geralmente duram menos de um mês e às vezes apenas poucas horas ou dias. Essas condições são caracterizadas por estreitamento da consciência; despersonalização; desrealização; perturbações da percepção (p. ex., lentificação do tempo, macropsia); microamnésias; estupor transitório; e/ou alterações no funcionamento sensório-motor (p. ex., analgesia, paralisia). 4. Transe dissociativo: Esta condição é caracterizada por estreitamento ou perda completa da consciência do ambiente que se manifesta como ausência profunda de responsividade ou insensibilidade a estímulos ambientais. A ausência de responsividade pode estar acompanhada por comportamentos estereotipados menores (p. ex., movimentos dos dedos) que o indivíduo não percebe e/ou não consegue controlar, bem como paralisia transitória ou perda da consciência. O transe dissociativo não é parte habitual de práticas culturais ou religiosas coletivas amplamente aceitas. Thaís H. Ambrósio T XIV 12 Os aspectos fundamentais do transtorno são os sintomas ou déficits produzidos NÃO intencionalmente que afetam a função motora ou sensorial. Os transtornos conversivossão inerentemente dissociativos, já que envolvem a exclusão de conteúdos mentais do controle e da consciência do indivíduo. Por isso em alguns locais são tratados como um módulo único. Alguns sintomas conversivos, que não preenchem critérios para o diagnóstico, podem ocorrer em até 1/3 da população ao longo da vida. Corresponde a 5-15% das consultas em emergências psiquiátricas. Homem X Mulher: 1 x 2-10 Etiologia - Teoria psicanalista (repressão de um conflito intrapsíquico inconsciente, convertido em um sintoma físico) - Modelo de aprendizado O início e o término dos estados conversivos costumam ser súbitos e tendem a remitir em horas, dias ou semanas, particularmente se o início estiver associado à situação estressora. O fato de o diagnóstico dos quadros conversivos basear-se primariamente na exclusão de afecção orgânica torna bastante complexa a tarefa do médico. No entanto, alguns dados da história do paciente, bem como particularidades dos exames físico e neurológico, podem auxiliar o avaliador nessa tarefa. A anamnese do paciente deve explorar se o sintoma exibido tem origem psicogênica, apresentando estreita relação temporal com eventos traumáticos, problemas insolúveis ou intoleráveis ou relações pessoais deterioradas de forma grave. Diagnóstico Diferencial Epilepsia, afecções que cursam com lesões neurológicas (como Esclerose Múltipla, Coreia de Huntington em estágio inicial, tumores em SNC), ataques de pânico e até mesmo simulação. Transtorno Conversivo (Transtorno De Sintomas Neurológicos Funcionais) A. Um ou mais sintomas de função motora ou sensorial alterada. B. Achados físicos evidenciam incompatibilidade entre o sintoma e as condições médicas ou neurológicas encontradas. C. O sintoma ou déficit não é mais bem explicado por outro transtorno mental ou médico. D. O sintoma ou déficit causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo ou requer avaliação médica. Nota para codificação: O código da CID-9- MC para transtorno conversivo é 300.11, o qual é atribuído independentemente do tipo de sintoma. O código da CID-10-MC depende do tipo de sintoma (ver a seguir). Especificar o tipo de sintoma: - (F44.4) Com fraqueza ou paralisia - (F44.4) Com movimento anormal (p. ex., tremor, movimento distônico, mioclonia, distúrbio da marcha) - (F44.4) Com sintomas de deglutição - (F.44.4) Com sintoma de fala (p. ex., disfonia, fala arrastada) - (F.44.5) Com ataques ou convulsões - (F.44.6) Com anestesia ou perda sensorial - (F.44.6) Com sintoma sensorial especial (p. ex., perturbação visual, olfatória ou auditiva) - (F44.7) Com sintomas mistos Especificar se: - Episódio agudo: Sintomas presentes há menos de seis meses. - Persistente: Sintomas ocorrendo há seis meses ou mais. Especificar se: - Com estressor psicológico (especificar estressor) - Sem estressor psicológico Paciente tem alterações que não são bem explicadas pela anatomia, como paciente tem um déficit motor, mas no exame físico está tudo normal. Esses quadros agudos são muito compatíveis pós quadro traumáticos. Deve-se analisar isso. Com uma anamnese muito bem-feita. Anamnese (Histórias médica e psiquiátrica detalhadas) - Quadros agudos apresentam relação com eventos traumáticos. - Presença de sintomas depressivos e ansiosos. Thaís H. Ambrósio T XIV 13 Depois... Exame Físico E Exame Neurológico Inconsistência com os exames físicos e neurológicos. Os sintomas refletem o conceito que o paciente tem da doença, divergem de princípios anatômicos e fisiológicos. Depois... Exame Psíquico - Alterações da memória, psicomotricidade, volição. - Dissociação ideoafetiva. - Pode ocorrer piora dos sintomas em presença de outras pessoas. Depois... Exames Complementares Solicitados na investigação e na exclusão de afecção orgânica. Depois... Condutas - Comunicar diagnóstico em termos positivos (evitar dizer que o paciente “não tem nada”). - Oferecer apoio e informação (psicoeducação) para o paciente e familiares. - Avaliar o uso de psicofármacos (alívio de sintomas associados de ansiedade/depressão ou para comorbidades psiquiátricas). - Na emergência, podem ser utilizados benzodiazepínicos ou baixa dose de antipsicótico. - Encaminhamento a psicoterapia. Tratamento Agudamente o objetivo principal é a remoção do sintoma, a abordagem deve ser de tranquilização e relaxamento, confrontações diretas NÃO são recomendadas. A longo prazo tratamentos psicoterápicos são indicados. O que é personalidade? O termo personalidade tem sido utilizado como um rótulo descritivo do comportamento observável do indivíduo e de sua experiência interior subjetiva relatada. A totalidade do indivíduo descrita dessa forma representa tanto aspectos públicos como privados de sua vida. Podemos considerar que a personalidade possui um temperamento como pano de fundo e é composta do conjunto de representações – de si e dos outros – ligadas a estados afetivos e que se manifestam nos relacionamentos interpessoais. Não é possível determinar aquela que seria a personalidade normal; dentro de uma enorme gama de possibilidades, todos possuem algumas características que são mais ou menos adaptativas, que trazem dificuldades ou auxiliam a lidar com as diferentes situações. Certos indivíduos apresentam um conjunto de determinadas características, particularmente disruptivas e pouco funcionais, e essa mesma combinação pode ser observada em um certo número de pessoas com alguma frequência; esse padrão é então chamado de transtorno de personalidade. O transtorno de personalidade tende a aparecer no final da infância ou na adolescência e continua a se manifestar pela idade adulta. É, entretanto, improvável que o diagnóstico de transtorno de personalidade seja apropriado antes da idade de 16 ou 17 anos. História Tipos e transtornos de personalidade têm sido relatados há milhares de anos, conforme evidenciado pela descrição de Hipócrates dos quatro temperamentos: o melancólico pessimista, o sanguíneo excessivamente otimista, o colérico irritável e o fleumático apático. No início dos anos 1800, psiquiatras como Pinel, Esquirol, Rush e Pritchard escreveram sobre os tipos de personalidade socialmente maladaptativas observadas em contextos clínicos. Os tipos de personalidade mais específicos foram descritos na virada do século XX, quando Janet e Freud delinearam os traços psicológicos associados a histeria, o precursor do transtorno da personalidade histriônica. - De uma perspectiva bastante diferente, na década de 1920, Kraepelin e Kretschmer Thaís H. Ambrósio T XIV 14 descreveram tipos de personalidade fundamentadas no conceito de espectro. Scheneider não aderiu ao conceito de espectro, entendia que os transtornos de personalidade seriam variações desviantes e extremas no âmbito social de traços de personalidade de ocorrência frequente. O elemento central é a desarmonia que se reflete tanto no plano intrapsíquico como nas relações interpessoais. “...sofre e faz sofrer..”. Não são facilmente modificáveis por meio das experiências de vida. Tendem a permanecer estáveis ao longo de toda a vida. “...não aprende com a experiência...” Etiologia O que causa os transtornos da personalidadeé a pergunta mais enigmática e desafiadora em relação a esse grupo de psicopatologias complexas. Fatores Genéticos Há evidências de que os transtornos de personalidade apresentam um componente genético importante. (estudos com gêmeos monozigóticos, parentes biológicos com transtornos de eixo I) Fatores Biológicos Altos níveis de Hormônios Sexuais, Baixos Níveis de MAO nas plaquetas, movimentos oculares sacádicos, ondas lentas no EEG. Neurotransmissores (serotonina e dopamina) Fatores Psicodinâmicos Freud sugeriu que traços de personalidade se relacionam com a fixação em um estágio psicossexual do desenvolvimento. Reich criou o termo armadura de caráter para descrever os estilos defensivos característicos das pessoas para se proteger dos impulsos internos e da ansiedade interpessoal em relacionamentos significativos. Outro aspecto central são as relações com objetos internos. Mecanismos de defesa: fantasia, dissociação, isolamento, projeção, cisão, agressão passiva, atuação, identificação projetiva (aspecto do self é projetado > coerção para se identificar > unidade entre o recipiente da projeção e o que projeta). CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS - DSM-5 Critérios diagnósticos de transtorno de personalidade, independentemente do tipo. A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas: 1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos). 2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional). 3. Funcionamento interpessoal. 4. Controle de impulsos. B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta. E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental. F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico). Esse padrão persistente de inflexibilidade ocorre em todas as relações: amizade, trabalho, relacionamento amoroso, família. Além disso, causa sofrimento no paciente. Esse paciente é assim e não é explicado por nenhum outro transtorno mental, como mania ou hipomania. CATEGORIZAÇÃO - DSM-5 Cluster A (bizarro, estranho, excêntrico) - Transtorno de Personalidade Paranoide - Transtorno de Personalidade Esquizoide - Transtorno de Personalidade Esquizotípica Cluster B (dramático, emocional, errático) - Transtorno de Personalidade Antissocial - Transtorno de Personalidade Borderline - Transtorno de Personalidade Histriônica - Transtorno de Personalidade Narcisista Thaís H. Ambrósio T XIV 15 Cluster C (ansioso, medroso) - Transtorno de Personalidade Evitativa - Transtorno de Personalidade Dependente - Transtorno de Personalidade Obsessivocompulsiva DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS Condições não diretamente atribuíveis à lesão ou à doença cerebral flagrante ou a outro transtorno psiquiátrico, satisfazendo os seguintes critérios: a) Atitudes e condutas marcantemente desarmônicas, envolvendo em várias áreas de funcionamento, p. ex: afetividade, excitabilidade, controle de impulsos, modos de percepção e de pensamento e estilo de relacionamento com os outros b) O padrão anormal de comportamento é permanente, de longa duração e não limitado a episódios de doença mental c) O padrão anormal de comportamento é invasivo e claramente mal-adaptativo para uma ampla série de situações pessoais e sociais d) As manifestações acima sempre aparecem durante a infância ou adolescência e continuam pela idade adulta e) O transtorno leva à angústia pessoal considerável, mas isso pode se tornar aparente apenas tardiamente em seu curso f) O transtorno é usual, mas não invariavelmente associado a problemas significativos no desempenho ocupacional e social. TRATAMENTOS Quase sempre combinações de medicações e intervenções psicossociais são a melhor escolha. O tratamento é direcionado para cada domínio psicopatológico, como autoestima, relações interpessoais, impulsividade, desregulação afetiva, dependência, busca excessiva por novidades, depressão, automutilação e suicídio, ansiedade/inibição social. Deve-se obedecer a certa hierarquia na terapêutica: manejo de crise (cujo objetivo é fazer com que o paciente retome seu funcionamento de base), abordagem a sintomas-alvo, alterações cognitivas e identificação de gatilhos para a crise (que ocupariam posição intermediária) e, por fim, abordagem à psicopatologia central, em relação ao self e a interação com os outros. O setting ideal para o tratamento desses pacientes varia conforme o momento o qual eles se encontram. De forma geral, o tratamento para os chamados transtornos leves de personalidade (cluster C) é ambulatorial, com consultas psiquiátricas e psicoterapia. Pacientes dos clusters A e B podem exigir tratamento mais intensivo no CAPS ou hospital-dia. É importante avaliar o risco no início da abordagem. Ideação suicida ou graves tentativas de suicídio, alto risco de hetero e autoagressividade, episódios psicóticos transitórios ou episódios dissociativos graves são as principais indicações de internação desses pacientes, especialmente do cluster B. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE Histriônica Caracteriza-se por emotividade em excesso, necessidade de estar no centro das atenções, atitude sedutora e teatral. Essas pessoas empreendem grandes esforços para agradar e seduzir de maneira indiscriminada e tem afeto superficial e inconstante. São bastante questionáveis e podem desenvolver relacionamentos de grande dependência. Episódios dissociativos e de somatização são comuns, assim como a comorbidade com transtornos do humor. Esses indivíduos costumam fazer ameaças de suicídio, normalmente relacionadas a intolerância a frustrações. Não se sabe quantos efetivamente o comentem, mas o risco existe e não deve ser subestimado. Prevalência A prevalência é em torno de 2-3% da população e de 10-15% em amostras ambulatoriais. Tradicionalmente é mais comum em mulheres, embora dados epidemiológicos mais recentes mostrem prevalência semelhante em ambos os sexos Diagnóstico Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções. 2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo. 3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções. 4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si. 5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes. 6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções. Thaís H. Ambrósio T XIV16 7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias). 8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são. Tratamento Psicoterapia é o principal Farmacoterapia como tratamento adjuvante direcionada a sintomas (antidepressivos para a depressão, antipsicóticos para sintomas de desrealização e ilusões...). “Um dos maiores desafios de ser autista não é o autismo em si, mas como as pessoas reagem a ele. Se você quer mudar vidas, comece mudando suas percepções de autismo.” - Amy Gravino NOTA HISTÓRICA LEO KANNER (1943) Descreveu uma criança que não parecia notar muito quando os pais chegavam, tinham movimentos estereotipados, pareciam ter grande prazer em rotacionar objetos, para essas crianças as palavras pareciam ter sentido muito literal/inflexível. Quando essas crianças eram colocadas num cômodo tinham tendência a buscar mais objetos do que pessoas. Hans Asperger (1944) Descreveu caso de uma pessoa que aprendeu a falar muito cedo e de criança já parecia um adulto falando. Quase nunca conseguia se enquadrar num grupo de criança para brincar. Parecia indiferente a autoridade, não ligava muito para questão do respeito. Conversava sem timidez até mesmo com estranhos. Era impossível ensinar a ele como se portar. Ocorrência de movimentos e hábitos estereotipados. INTRODUÇÃO Transtorno do neurodesenvolvimento. A sociabilidade é nata desde quando somos crianças. A nossa capacidade de socializar vai se desenvolvendo ao longo dos anos, de modo que ela fique cada vez mais refinada. Um bebezinho sem alteração já terá preferência por olhar para a mãe. - Normalmente há preferência por olhar no rosto Contato Visual - Estudos de Eye Tracking: aparelhos mapeiam onde as pessoas mantem seu foco. Estudos com bebês autistas mostram que há um padrão considerado alterado desde os 2 meses de idade. Isso não quer dizer que o diagnóstico será fechado com os 2 meses de idade. Thaís H. Ambrósio T XIV 17 TEORIA DA MENTE É uma habilidade de atribuir estados mentais independentes para si e para outros com o objetivo de prever ou explicar comportamentos. (É como se fosse uma habilidade de olhar no olho, por exemplo). Essa habilidade é essencial para interação social adequada: - É fácil explicar que João vai carregar um guarda- chuva com ele: por acreditar que vai chover e por querer permanecer seco. É conseguir atribuir o estado mental do outro, independente do meu. É entender que o comportamento do outro não vai seguir a regra do meu. O comportamento do outro tem uma justificativa. Consigo separar o que faz sentido para mim e não faz para o outro. A pessoa com autismo, muitas vezes, tem essa habilidade alterada. É como se fosse muito difícil para ele entender que o outro tem vivência diferente. O que faz sentido para eles, eles acreditam que tem que fazer sentido para os outros. É a capacidade de entender os estados mentais ou emoções de outras pessoas. O teste decisivo para ToM tem sido a habilidade de atribuir falsas crenças/conhecimentos, no qual a predição e explicação de uma ação não pode ser baseado em sua própria convicção ou no estado do mundo. Para passar no teste o conhecimento do outro tem quer levado em conta e separado de seu próprio conhecimento. ESPECTRO AUTISTA O DSM-5 passou a adotar o termo de Transtorno do Espectro Autista, sem a definição de subtipos de autismo. O termo espectro: “ajuda a caracterizar não somente os déficits nucleares do transtorno, mas também sublinhar que existe uma variação no grau de severidade, ou seja, tais características estão distribuídas em um continuum na população. Como Assim Espectro? Quadro com principais questões: - Questões sociais - Outros: interesse, foco restritos - Alterações da parte sensorial - Questões de rotina e repetição de comportamentos - Comunicação e suas dificuldades Não é uma régua que vai do mais leve para o mais grave, são pessoas diferentes com características diferentes. Tem algumas coisas em comum porque tem o mesmo transtorno, mas a apresentação é diferente (ex.: uma tem mais movimentos repetitivos – estereotipias – e a outra tem mais dificuldades de comunicação). Podemos ter um paciente em A, com problemas na comunicação, por exemplo, mas o interesse e o foco estão mais alterados/restritos. Podemos ter um paciente com dificuldade de socialização, com bastante alteração da parte sensorial, mas não ter alteração do interesse e foco, como em B. Podemos ter um paciente sem alteração sensorial, mas com muita alteração na comunicação. Ao longo da vida, esse gráfico pode mudar. Ex.: a pessoa fez um tratamento e passou a ter menos estereotipias. EPIDEMIOLOGIA Prevalência 1º estudo epidemiológico no Reino Unido, em 1966: 4.1 em 10.000 pessoas. Prevalência tem aumentado desde então, isso se dá pela mudança de conceito e critérios, maior atenção ao transtorno e diagnósticos mais precoces. - Ao redor do mundo: média 1% de prevalência 2-4x mais homens que mulheres (também existe viés, pois meninas são diagnosticadas mais tardiamente – há um mascaramento devido a quadros mais leves e também a maior pressão social, entre outros). Existem questões genéticas que justificam em partes isso. As meninas muitas vezes têm apresentações mais difíceis de se perceber, porque meninas são mais cobradas por questões sociais e o quadro se apresenta de formas diferentes. FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO Fatores de Risco - Idade materna ou paterna avançada - Exposição ao valproato na gravidez→ anticonvulsivante, também utilizado como estabilizador de humor. - Exposição a outras agentes químicos (agrotóxicos) Thaís H. Ambrósio T XIV 18 - Complicações na gravidez (prematuridade) → Vacinação não é fator de risco!! Fator de Proteção - Uso de ácido fólico antes e no início da gestação. COMORBIDADES Cerca de 70% das pessoas com autismo têm condições médi-cas, do desenvolvimento ou psiquiátricas associadas. A alta frequência de comorbidades pode ser resultado de uma fisiopatologia compartilhada, de efeitos secundários a crescer com TEA, de domínios e sintomas compartilhados. GENÉTICA - Estudos com gêmeos sugerem uma herdabilidade maior que 80% - Risco de recorrência entre irmãos: 1020% (genético + ambiental). - A arquitetura genética complexa e heterogênea (poligênica). - Síndromes genéticas (X-frágil, esclerose tuberosa, Rett...). - Anormalidade cromossômicas raras. NEUROBIOLOGIA Existem algumas alterações anatômicas que vêm sendo descritas alterações em: - Conectividade neural-atípica - Conectividade fronto-posterior reduzida (capacidade de juntar habilidades/social reduzida) e parietooccipital é aumentada (habilidades de memória) - Conectividade a longa distância reduzida e aumentada a curta distância - Alterações neuroanatômicas As conectividades de uma região cerebral para outra parecem ser diminuídas. Há pessoas que tem interesses reduzidos, movimentos repetitivos, podendo estar relacionado a essas conectividades alteradas. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO – DSM-5 A. Déficits persistentes na comunicação social e na interaçãosocial em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto): Para diagnosticar: todos esses 3 1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais. 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal. 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares. Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento restritos e repetitivos. B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto): 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia (repetir a fala), frases idiossincráticas – fala estereotipada). 2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente). 3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos). 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento). Thaís H. Ambrósio T XIV 19 Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento (ver Tabela 2). C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente. E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento. OBS: Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido de transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação devem receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Indivíduos com déficits acentuados na comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de outra forma, critérios de transtorno do espectro autista, devem ser avaliados em relação a transtorno da comunicação social (pragmática). Especificar se: - Com ou sem comprometimento intelectual concomitante - Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante - Associado a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental (Nota para codificação: Usar código adicional para identificar a condição médica ou genética associada) - Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental (Nota para codificação: Usar código[s] adicional[is] para identificar o[s] transtorno[s] do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental associado[s].) Com catatonia (consultar os critérios para definição de catatonia associados a outro transtorno mental, p. 119120) (Nota para codificação: usar o código adicional 293.89 [F06.1] de catatonia associada a transtorno do espectro autista para indicar a presença de catatonia comórbida.) Hoje ao invés de falar de gravidade, fala-se em níveis. Esses níveis podem variar ao longo da vida, dependendo do que acontece. AVALIAÇÃO - É multidisciplinar - História com cuidadores, com alguém que saiba dados mais específicos + avaliação do indivíduo - Investigar comportamentos em diferentes contextos e habilidades adaptativas - Exame físico (possíveis dismorfismos devem ser avaliados). - Relatório escolar - Avaliação neuropsicológica quando necessário. Autism Behavior Checklist (ABC) > 67→ alta probabilidade para TEA O ABC é um questionário constituído por 57 itens, elaborados para avaliação de comportamentos autistas em população com retardo mental, que tem ajudado na elaboração de diagnóstico diferencial de autismo. Esta lista de verificação foi desenvolvida a partir do registro de comportamentos, selecionados de nove instrumentos utilizados para se identificar o autismo. Os itens desta escala, na forma de descrições comportamentais, foram agrupados em 5 áreas de sintomas: sensorial, relacionamentos, uso do corpo e de objetos, linguagem, e habilidades sociais e de autoajuda. A análise da escala propõe 17 itens comportamentais pontuados com nota 4, que são considerados altamente indicadores de autismo, 17 Thaís H. Ambrósio T XIV 20 itens pontuados com nota 3, 16 itens pontuados com nota 2, e 7 itens comportamentais com nota 1, considerados pouco indicadores de autismo. O resultado médio dos estudos de validação do instrumento é 78 pontos para o autismo e 44 pontos para o retardo mental grave. O ABC, aparentemente, é capaz de identificar sujeitos com altos níveis de comportamento autista. TRATAMENTO Sintomas Cardinais - Comunicação social (critérios A) - Comportamentos repetitivos (critérios B) Terapia Análise do Comportamento Aplicada (ABA) Modalidade que hoje em dia tem mais evidência para tratar essas pessoas. Psicólogos especializados nessa área Pode trabalhar o uso de gestos, como se adaptar a contextos sociais diferentes. A ABA não é só para autismo. Sistema de Comunicação por Troca de Imagens (PECS) Temos alguns pacientes, os quais chamamos de não verbais, que demoram muito para desenvolver a linguagem oral/verbal. As vezes conseguimos ensinar coisas a eles por fichas com trocas de imagens. Conseguimos até mesmo montar rotina para esses pacientes através dessas imagens. Integração Sensorial (TO)Terapeuta Ocupacional Ajuda a trabalhar a integração social e sensorial, como tocar em algo que dê muita agonia a essa paciente→ forma de comunicação Sintomas Associados A 1ª linha para eles continuam sendo a terapia. O mais utilizado para cada sintoma é: Agressividade: - Risperidona mais utilizado) - Aripiprazol - Anticonvulsivantes Hiperatividade e Desatenção - Metilfenidato (ritalina) - Clonidina. Distúrbios do Sono - Melatonina, - Anti-histamínicos (estes não têm estudos) - O ideal é ajustar uma higiene do sono. O ideal é usar essa medicação o mínimo de tempo e dose possível. Pode ser que daqui algum tempo com a terapia a criança não precise mais de medicamentos Se tem critérios para TDAH junto, usamos a ritalina→ SÓ USADAS QUANDO TEM TDAH. Thaís H. Ambrósio T XIV 21 - Transtornos de pânico. - Fobias - Transtorno de ansiedade generalizada. Os transtornos de ansiedade são os transtornos psiquiátricos mais prevalentes. São responsáveis por grande sofrimento e perda da funcionalidade social e ocupacional. O termo ansiedade é usado para descrever diversos fenômenos, mas na literatura médica refere-se à antecipação de uma ameaça, o medo é a resposta a uma ameaça eminente real ou percebida. Os transtornos de ansiedade se caracterizam por um medo ou ansiedade por serem desproporcionais ou por persistirem além do período apropriado. Freud foi um dos primeiros a descrever e estudar quadros de ansiedade, dando nome de neurose de ansiedade, atualmente chamado de transtorno de pânico. SINTOMAS SOMÁTICOS Pacientes ansiosas costumam procurar o clínico geral com a queixa de um ou mais sintomas somáticos, podendo ser sinais cardiovasculares ou de doenças graves, confundindo o médico com sintomas numerosos e vagos, que poderiam iniciar o diagnóstico de diversas condições médicas. Em estudo feito na rede básica de saúde, os transtornos ansiosos estavam presentes em 24 a 50% das queixas de sintomas específicos, sendo o número de sintomas um preditor mais forte de síndrome psiquiátrica subjacente do que algum tipo específico de queixa. Exemplos de sintomas somáticos - Tontura, sensação de cabeça vazia, desmaio - Enjoo, problemas gastrointestinais, sufocamento e engasgo - Dor no peito - Batimentos cardíacos fortes e rápidos, palpitações - Sudorese, arrepios, fogachos - Tremores - Insônia, fadiga, incapacidade de relaxar - Dificuldade para dormir A irritabilidade que aparece na ansiedade também é muito comum na depressão. TRANSTORNO DE PÂNICO Esse transtorno tem recebido grande atenção nos últimos anos. Tanto na imprensa quanto nos meios médicos, muito se fala sobre a “Síndrome de Pânico”. Segundo o The National Comorbidity 5% das mulheres e 2% dos homens preenchem critérios para o transtorno do pânico em algum momento durante a vida. Cerca de 80% dos casos têm início antes dos 30 anos. Tem curso variável, tipicamente com períodos de exacerbação e remissões. Apresenta grande comorbidade com transtornos depressivos e uso e abuso de álcool. Os pacientes com transtorno de pânico podem apresentar outros transtornos ansiosos que podem requerer tratamento, como fobia social e TAG. Critérios Diagnósticos - DSM-5 A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: OBS: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 13. Medo de morrer. OBS: Podem ser vistos sintomas específicos da cultura (p. ex., tinido, dor na nuca, cefaleia, gritos ou choro incontrolável). Esses sintomas não devem contar como um dos quatro sintomas exigidos. Thaís H. Ambrósio T XIV 22 B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares). D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., os ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas circunscritas, como na fobia específica; em resposta a obsessões, como no transtorno obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como no transtorno de ansiedade de separação). Os aspectos essenciais são ataques recorrentes de ansiedade grave, os quais não estão restritos a qualquer situação ou conjunto de circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis. Início súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e sentimentos de irrealidade são comuns. Há um medo secundário de morrer, perder o controle ou ficar louco. Um indivíduo em um ataque de pânico frequentemente experimenta um crescendo de medo e sintomas autonômicos. Ataques de pânico constantes e imprevisíveis produzem medo de ficar sozinho ou ir a lugares público. Um ataque com frequência é seguido por medo persistente de ter outro ataque. Tem que ser um ataque recorrente e inesperado para ser transtorno de pânico. Diagnóstico (CID 10) Vários ataques graves de ansiedade autonômica devem ter ocorrido num período de cerca de 1 mês: - Em circunstâncias onde não há perigo objetivo - Sem estarem confinados a situações conhecidas ou previsíveis - Com relativa liberdade de sintomas ansioso entre os ataques (ainda que ansiedade antecipatória seja comum). Fatores de Pior Prognóstico - Ataques de pânico iniciais mais graves - Agorafobia inicial mais grave - Duração mais longa da doença - Depressão comórbida - Alta sensibilidade interpessoal - Estado civil solteiro Diagnósticos Diferenciais - Depressão ansiosa - Somatização com queixas físicas do tipo pânico - Fobia social - TEPT - Hipertireioidismo/Hipotireoidismo - IAM - Taquicardias - Feocromocitoma Tratamento - Frequentemente, antidepressivos, benzodiazepínicos ou ambos -
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