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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens - Módulo-6

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Prévia do material em texto

Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia 
Sílvia Helena Mendonça de Moraes 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Autoras
Érica Gonçalves Nunes
Isadora Simões de Souza
Márcia Gabriele Nunes
ESPAÇOS DE CUIDADO: 
CONSTRUINDO 
POSSIBILIDADES DE VIDA 
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia 
Sílvia Helena Mendonça de Moraes 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
DE ADOLESCENTES E JOVENS
Autoras
Érica Gonçalves Nunes
Isadora Simões de Souza
Márcia Gabriele Nunes
ESPAÇOS DE CUIDADO: 
CONSTRUINDO 
POSSIBILIDADES DE VIDA 
23-144560 CDD-362.21
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Nunes, Érica Gonçalves
 Espaços de cuidado [livro eletrônico] :
construindo possibilidades de vida / Érica Gonçalves
Nunes, Isadora Simões de Souza, Márcia Gabriele 
Nunes ; organização Rita Maria Lino Tarcia, Sílvia
Helena Mendonça de Moraes, Débora Dupas Gonçalves do
Nascimento. -- Campo Grande, MS : Fiocruz Pantanal,
2023.
 PDF 
 Bibliografia.
 ISBN 978-85-66909-45-6
 1. Adolescentes 2. Bem-estar social 3. Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) 4. Saúde mental 
I. Souza, Isadora Simões de. II. Nunes, Márcia
Gabriele. III. Tarcia, Rita Maria Lino. IV. Moraes,
Sílvia Helena Mendonça de. V. Nascimento, Débora
Dupas Gonçalves do. VI. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Adolescentes : Política de saúde mental : 
 Bem-estar social 362.21
Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
© 2022. Fundo das Nações Unidas para a Infância – 
UNICEF. Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul.
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, 
disseminação e utilização dessa obra, em parte ou em 
sua totalidade, nos Termos de uso do ARES. Deve ser 
citada a fonte e é vedada sua utilização comercial. 
UNICEF
Representante Interina
Paola Babos
Coordenação do Programa de Desenvolvimento e 
Participação de Adolescentes
Mário Volpi
Coordenador
Programa de Desenvolvimento e Participação de 
Adolescentes
Gabriela Mora
Joana Fontoura
Luiza Leitão
Rayanne França
Oficiais do Programa
Daniela Costa
Higor Cunha
Marina Oliveira
Thaís Santos
Consultores do Programa
Fundação Oswaldo Cruz � Fiocruz
Mario Santos Moreira
Presidente em exercício
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul – 
Fiocruz MS
Jislaine de Fátima Guilhermino
Coordenadora
Coordenação de Educação da Fiocruz MS
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Vice- coordenadora de Educação
Secretaria-Executiva da Universidade Aberta do 
SUS – UNA-SUS 
Maria Fabiana Damásio Passos
Secretária-executiva
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul 
(Fiocruz MS)
Rua Gabriel Abrão, 92 – Jardim das Nações, Campo 
Grande/MS
CEP 79081-746
Telefone: (67) 3346-7220
E-mail: educacao.ms@fiocruz.br
Site: www.matogrossodosul.fiocruz.br
CRÉDITOS
Coordenação Geral 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Coordenadora Acadêmica Geral
Léia Conche da Cunha 
Coordenadora Pedagógica Geral
Rita Maria Lino Tarcia
Coordenadora Acadêmica do Módulo
Luana Lima Santos Cardoso
Coordenadora Pedagógica do Módulo
Maisse Fernandes de Oliveira Rotta
Autoras 
Isadora Simões de Souza
Erica Gonçalves Nunes
Márcia Gabriele Nunes
Revisora Técnico-científica
Alessandra Silva Xavier
Apoio técnico-administrativo 
Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto
Adriana Carvalho dos Santos
Coordenador de Produção 
Marcos Paulo dos Santos de Souza
Designer Instrucional
Felipe Vieira Pacheco
Webdesigner
Stephanie Oliveira Moraes Silva
Designers Gráficos
Hélder Rafael Regina Nunes Dias
Renato Silva Garcia
Desenvolvedor
David Carlos Pereira da Cunha
Desenvolvedores AVA MOODLE
Luiz Gustavo de Costa
Vinicius Vicente Soares
Editor de Audiovisual
Adilson Santério da Silva
llustrador
Kelvin Rodrigues de Oliveira
Revisor 
Davi Bagnatori Tavares
Apresentação do módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
NÚCLEOS E ESPAÇOS DE CUIDADO: CONSTRUINDO PROPOSTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CONHECIMENTOS E HABILIDADES ESSENCIAIS PARA A ESCUTA DE ADOLESCENTES E JOVENS: COMUNICAÇÃO 
PRECISA; ABORDAGEM INICIAL; CONTINUIDADE DO ATENDIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
FUNÇÕES, ATRIBUIÇÕES E LIMITES DO AGENTE DE CUIDADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ÉTICA E SIGILO DAS INFORMAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Encerramento do módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Minicurrículo das autoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6
7
 
12
16
20
23
24
25
SUMÁRIO
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 6
apresentação do módulo
Olá! Seja muito bem-vindo ao módulo 6! Este é o trecho 
final desse percurso formativo. Neste módulo, pensamos em tra-
zer para o centro do debate a importância de fomentar outros 
espaços de cuidado, assim como de pensar no fortalecimento 
de diversos agentes de cuidado que estão no território, mas que, 
não necessariamente, estejam compondo a rede de serviços 
já instituída . A intenção é garantirmos o princípio de prioridade 
absoluta estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA) . É dever de toda a sociedade garantir direitos e cuidado 
para essa população .
Pensamos em problematizar pontos que nos autorizem a 
escutar adolescentes e jovens, entendendo que isso não é uma 
tarefa exclusiva dos especialistas da área, uma vez que a saúde 
mental de adolescentes e jovens está presente e demanda aco-
lhimento em muitos espaços .
Para iniciar essa conversa, trouxemos o caso complexo 
“A comunidade de Monte Verde: construindo espaços de cuida-
do e vida”, que retrata a história de jovens ribeirinhos, com vidas 
atravessadas por um cenário de exploração e pobreza, mas que 
encontram, em alguns agentes e parceiros, a possibilidade de 
construir um outro espaço de escuta e acolhimento .
Chamaremos aqui tais construções de “espaços de cui-
dado”, por entendermos que estes podem ser múltiplos e di-
versos, não necessariamente aqueles instituídos pelas políticas 
públicas, que são serviços formais. Pretendemos mostrar que 
os espaços de cuidado podem surgir em qualquer lugar como 
resultado das relações entre as pessoas, inspirando, portanto, 
múltiplas e novas formas de cuidado, de acordo comas possibi-
lidades da sua atuação e/ou trabalho . 
Ao longo deste módulo, sugeriremos algumas atribui-
ções para o exercício da escuta, passando por algumas habili-
dades essenciais para o acolhimento de adolescentes e jovens, 
como a escuta empática e o afastamento de julgamentos morais, 
e, por fim, pensaremos em algumas considerações éticas para 
realizar modos potencializadores e coletivos de cuidado . 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 7
NÚCLEOS E ESPAÇOS DE CUIDADO: 
CONSTRUINDO PROPOSTAS
Expliquei à professora que na sala de aula tudo 
era perto e que nada se distanciava de nada 
como nos montes da paisagem . Mas a profes-
sora negou . Disse-me que o rosto de cada um 
também era imenso como a paisagem e, visto 
com atenção, tinha distâncias até infinitas que 
importava tentar percorrer . [ . . .] Percebi que para 
dentro de nós há um longo caminho e mui-
ta distância. Não somos nada feitos do mais 
imediato que se vê à superfície . Somos feitos 
daquilo que chega à alma e a alma tem um ta-
manho muito diferente do corpo . Percebi que 
para ver verdadeiramente uma pessoa obriga a 
um esforço como o de estarmos sentados nos 
nossos bancos a tomar conta do que passa pe-
los montes . Percebi que ver verdadeiramente 
uma pessoa também é como prevenir os fogos, 
como fazia o meu pai que, afinal, era guarda flo-
restal. [...] Toda a vida precisamos estar atentos, 
se assim não fizermos vamos perder muito do 
mais importante que acontece em nosso redor . 
Como se houvesse um incêndio mesmo diante 
de nós e nem sequer o percebêssemos antes 
que restem todas as coisas completamente 
queimadas (Mãe, 2015).
Chegamos ao último módulo e pensamos que esse seja 
um espaço precioso por trazer ao cerne do debate os adolescen-
tes e jovens como prioridade absoluta, ou seja, toda a sociedade 
tem responsabilidade ética de acolher e cuidar dessa população .
Pensamos em problematizar pontos que nos autorizem a 
escutar esse público, entendendo que isso não é uma tarefa única 
dos especialistas e que a questão da saúde mental de adolescen-
tes e jovens pode ter lugar e acolhimento em muitos espaços, que, 
aqui, serão denominados de “espaços de cuidado”, justamente por 
entender que esses lugares podem ser múltiplos e diversos, não 
necessariamente precisam ser aqueles instituídos pelas políticas 
públicas. 
Estamos querendo mostrar que os espaços de cuidado 
podem surgir em qualquer lugar, através das relações entre as 
pessoas .
Profissionais dos campos da saúde, assistência social e 
educação costumam pensar em como intervir em situações de 
sofrimento. Isso também ocorre com familiares, amigos, vizinhos, 
entre outros. Situações de sofrimento podem mobilizar cuidado e, 
em outros casos, podem afastar, em virtude de se temer uma inter-
venção equivocada. Aqui, imaginamos que um lugar de escuta e de 
acolhimento é precioso e que esse acolhimento pode ser feito por 
diferentes atores, tanto na rede formal de serviços, quanto em redes 
informais, nos territórios em que a vida acontece.
Para ampliarmos essa conversa, decidimos compartilhar 
um pouco da história de cuidado de crianças, adolescentes e jo-
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 8
vens, na intenção de pensarmos juntos formas de fazer e tecer 
esse cuidado .
Você sabia que o cuidado de crianças e adolescentes 
tem uma longa história no Brasil? Indicamos e situamos alguns 
dos marcos legais no campo da infância e da adolescência que 
antecederam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
como legislações que traziam uma marca de criminalização da 
infância pobre e de suas famílias. Mostramos a seguir, na linha do 
tempo, algumas questões centrais dessa história:
LINHA DO TEMPO – LEGISLAÇÃO E PRINCIPAIS PONTOS DE 
CADA TEMPO
1) Código Mello Mattos (BRASIL, 1927) 
- Afirma-se enquanto instrumento legal destinado e regu-
lado à “disciplinarização dos filhos da pobreza”;
- Finalidade: Saneamento Social;
- Fim do Império e início da República, modelo de família 
moral cristã;
- À infância “pobre” foi atribuído o sentido de 
periculosidade;
- Aliança entre médicos (educadores das famílias) e juristas 
– composição que resultava em intervenções na vida das 
pessoas;
- Processo centralizador da ditadura .
2) Código de Menores (BRASIL, 1979) 
- Forte tendência à institucionalização de crianças e ado-
lescentes e criminalização da infância . Tal característica 
teve como consequência a desassistência e segregação 
da população infantojuvenil;
- Abertura “galopante” de estabelecimentos para abrigar, 
em condições desumanas, “os filhos da pobreza” – afas-
tamento compulsório das famílias;
- Movimentos sociais e intelectuais começam a rediscutir 
o modelo de atenção às crianças e adolescentes em res-
posta às arbitrariedades do regime ditatorial .
3) Constituição Federal – artigo 227 (BRASIL, 1988)
- É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar 
à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de 
toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão;
- O Estado no lugar de garantir direitos, ou seja, essa fun-
ção deixa de ser exclusiva da família;
- Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 
1990);
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 9
- O debate de crianças, adolescentes e jovens como sujei-
tos de direitos se fortalecia;
- Substituição do termo “menor” por “crianças e adoles-
centes”;
- Doutrina da Proteção Integral, pautado na criação de po-
líticas públicas voltadas à cidadania plena.
Foi somente após a promulgação da Constituição Fe-
deral de 1988 – marco de restabelecimento de um Estado De-
mocrático de Direito no Brasil – que entrou em vigor o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990), que passa 
a considerar crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, 
abolindo definitivamente o termo “menor” e as “práticas meno-
ristas”, marca central dos códigos anteriores. Calcado na pers-
pectiva da doutrina da proteção integral, o ECA abandonou o 
foco no assistencialismo para a população de 0 a 18 anos e re-
direcionou as ações do Estado para a proteção integral de crian-
ças e adolescentes. O ECA afirma que a proteção somente será 
efetiva através da implantação de políticas públicas voltadas à 
cidadania plena . 
Apesar do reconhecimento dos avanços no Sistema de 
Garantia de Direitos da Infância e da Adolescência, ainda perce-
bemos que estão vigentes crenças e valores morais semelhantes 
aos antigos códigos . Esse fator determina a necessidade de am-
pliar a discussão sobre ações de proteção, garantindo atuações 
éticas para uma efetiva proteção de crianças e adolescentes .
Quando pensamos na questão do cuidado em saúde 
mental, remetemo-nos logo à questão da escuta, existindo, em 
muitos casos, a prática de uma “pretensa proteção”, justifican-
do a aplicabilidade do “melhor interesse” da criança (princípio 
central do ECA). Contudo, é importante percebermos que muitas 
pessoas, inclusive trabalhadores de diferentes campos das po-
líticas públicas da saúde, assistência e educação, baseando-se 
em uma lógica adultocêntrica, julgam saber o que é melhor para 
as crianças, como podemos perceber no caso complexo deste 
módulo, quando o seu Cleiton aponta caminhos na intenção de 
ajudá-los, mas sem verdadeiramente escutar as demandas que 
Maurício e seus amigos tinham .Pensando nessa perspectiva, a autora Maria Cristina Vi-
centin (2016) produziu um importante debate para apresentar o 
conceito de descriançável, que envolve um entendimento da-
quelas práticas que não acolhem as crianças e adolescentes . Diz 
a autora: 
[...] identificamos o ‘descriançável’ no pano-
rama das relações contemporâneas quando 
estas produzem um empobrecimento ou 
mesmo um sufocamento dos processos de 
abertura, acolhimento e invenção de territó-
rios com as crianças e adolescentes (VICEN-
TIN, 2016, p. 31).
 Como resposta a estas “práticas de sufocamento”, a au-
tora (VICENTIN, 2016, p. 31) nos dá pistas para pensarmos em 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 10
práticas “criançáveis”, mostrando caminhos para visualizarmos 
“onde estão os manicômios infantis e juvenis nos dias de hoje” 
e onde estão “as situações de perigo” e, por fim, como pensar 
em “descolonizar a infância”, com base na afirmação de práticas 
criançáveis1. A seguir, detemo-nos em duas “situações de peri-
go” que a autora nos apoia nessa discussão:
- na delimitação de fluxos dos serviços de 
saúde por critérios exclusivamente diagnós-
ticos e não pelas expressividades e neces-
sidades das situações ou pelo reconheci-
mento dos vínculos e dos territórios forjados 
pelos usuários;
- na adoção acrítica às noções de proteção 
e desenvolvimento e, de forma geral, às co-
lonizações que fazemos da infância (VICEN-
TIN, 2016, p. 34). 
Seguem sugestões de materiais que podem ser utiliza-
dos para aprofundar seus estudos: 
1) Caderneta de Saúde da 
Criança Menina; 
1 Para a autora Maria Cristina Gonçalves Vicentin, práticas “criançaveis” são aquelas que ocorrem quando efetivamente valorizamos a 
infância .
2) Caderneta de Saúde da 
Criança Menino; 
3) Cadernos de Atenção Básica 
– Saúde da Criança: crescimento e de-
senvolvimento; 
4) Cadernos de Atenção Básica 
– Saúde Mental; 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 11
5) Linha de Cuidado para a Aten-
ção às Pessoas com Transtornos do Es-
pectro do Autismo e suas Famílias na 
Rede de Atenção Psicossocial do Siste-
ma Único de Saúde; 
6) Atenção Psicossocial a Crian-
ças e Adolescentes no SUS; 
 
7) Fórum Nacional de Saúde 
Mental .
 
Para refletir: 
É muito importante reconhecermos e sabermos quais es-
paços de cuidado para adolescentes e jovens existem no 
território . Sabemos que o Brasil é um país com diferenças 
e especificidades locorregionais, porém, em toda cidade 
da federação, existem pontos de atenção à saúde, à as-
sistência social e à educação. Nesse sentido, é muito im-
portante que a rede de profissionais, assim como a socie-
dade civil, esteja atenta para garantir espaços de escuta, 
cuidado e vida para a juventude, promovendo protago-
nismo e autonomia para essa população . 
 Para além dos espaços instituídos nas políticas públicas 
que acabamos de citar, é importante valorizarmos as redes de 
apoio que vão sendo construídas ao longo da vida, como a famí-
lia, amigos e comunidade. Você consegue pensar em espaços de 
cuidado e escuta a que você tinha acesso na sua adolescência?
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 12
CONHECIMENTOS E HABILIDADES 
ESSENCIAIS PARA A ESCUTA 
DE ADOLESCENTES E JOVENS: 
COMUNICAÇÃO PRECISA; ABORDAGEM 
INICIAL; CONTINUIDADE DO 
ATENDIMENTO
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nun-
ca vi anunciado curso de escutatória . Todo mundo 
quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a 
ouvir . Pensei em oferecer um curso de escutatória . 
Mas acho que ninguém vai se matricular . Escutar é 
complicado e sutil…
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ou-
vidos para ouvir o que é dito; é preciso também que 
haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a 
gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo 
dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz 
com aquilo que a gente tem a dizer... Nossa incapa-
cidade de ouvir é a manifestação mais constante e 
sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, so-
mos os mais bonitos . . .
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou 
para os Estados Unidos estimulado pela revolução 
de 64. Contou-me de sua experiência com os ín-
dios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há 
um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de ini-
ciar o concerto, diante do piano, ficam assentados 
em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando 
todas as ideias estranhas). Todos em silêncio, à es-
pera do pensamento essencial .
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio den-
tro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o 
silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que 
não ouvia . Eu comecei a ouvir .
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se refe-
ria a algo que se ouve nos interstícios das palavras, 
no lugar onde não há palavras. A música acontece 
no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No 
fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca 
fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, li-
vres dos ruídos do falatório e dos saberes da filo-
sofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão 
linda nos faz chorar .
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no si-
lêncio . Daí a importância de saber ouvir os outros: 
a beleza mora lá também . Comunhão é quando a 
beleza do outro e a beleza da gente se juntam num 
contraponto . Ouçamos os clamores dos famintos e 
dos despossuídos de humanidade que teimamos a 
não ver nem ouvir. É tempo de renovar, se mais não 
fosse, a nós mesmos e assim nos tornarmos seres 
humanos melhores, para o bem de cada um de nós.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 13
É chegado o momento, não temos mais o que 
esperar . Ouçamos o humano que habita em cada 
um de nós e clama pela nossa humanidade, pela 
nossa solidariedade, que teima em nos falar e 
nos fazer ver o outro que dá sentido e é a razão 
do nosso existir, sem o qual não somos e jamais 
seremos humanos na expressão da palavra . 
 
Alves, 1999
É comum vermos pessoas exaltando a importância de 
falar, principalmente de falar bem, ter boa oratória, uma fala 
eloquente, mas será que as pessoas também compreendem 
e valorizam a importância de escutar, de saber escutar? 
Rubem Alves chama a atenção para isso no início do seu 
texto . Ele diz da existência de muitos cursos de oratória e da au-
sência de cursos de escutatória . Percebemos isso como uma 
realidade, a escassez de pessoas disponíveis para escutar, e, 
quando nos referimos a escutar adolescentes e jovens, essa in-
disponibilidade se evidencia ainda mais . 
 Primeiramente, vamos fazer uma distinção entre escutar 
e ouvir. “Do ponto de vista conceitual, escutar é diferente de ou-
vir. Escutar remete a aderir ao que se ouve, e ouvir não implica 
adesão . Aderir é se permitir ouvir quem nos fala – ainda que não 
acordemos com aquilo que é dito por quem nos fala” (FERREIRA, 
2022, p. 128). Nessa perspectiva, ouvir limita-se à função orgâni-
ca. Já escutar remete a ser afetado, a sentir o que é trazido pela 
fala do outro .
 É importante ressaltar que, quando falamos de escuta, 
estamos nos referindo a um modo de cuidado não exclusivo de 
determinada área do saber. Não se trata de uma escuta exclusi-
va de profissionais especialistas da saúde mental. Esses locais 
Proposição 1
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Você já parou para pensar sobre isso? Sobre o quanto, 
muitas vezes, a sociedade, a família e até mesmo a esco-
la não dão espaço para o que os adolescentes e jovens 
têm a dizer? 
A escutaé um recurso essencial para a promoção da saúde 
mental de adolescentes e jovens. Por meio deste, podemos 
oferecer atenção, cuidado e ferramentas de transformação 
às situações de conflito ou sofrimento vivenciadas pelos 
mesmos .
A sociedade, a família e a escola, quando ofertam espaços 
genuínos de escuta e troca, ao mesmo tempo em que garan-
tem o acolhimento e acesso às reais necessidades do sujei-
to, permitem que o jovem seja protagonista da sua própria 
história . 
?
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 14
de escuta especializada instituídos formalmente são legítimos, 
importantes e indispensáveis em casos específicos. Contudo, 
precisamos estar atentos para o fato de que eles não são os úni-
cos lugares e modos de escuta possíveis. Como já vimos, esses 
podem e precisam ser ampliados . 
Então, de qual escuta estamos falando? A escuta a que 
nos referimos aqui é uma ferramenta e uma habilidade que toda 
pessoa humana é capaz de desenvolver . É um instrumento vital 
para a relação humana . Pensando nessa relação numa perspec-
tiva dialógica, em que uma pessoa se coloca diante da outra em 
uma atitude de respeito, presença, horizontalidade, igualdade e 
inteireza. Martin Buber (1977) aponta que o ser humano tem a 
capacidade de inter-relacionamento com seu semelhante . Essa 
relação eu-tu acontece no encontro verdadeiro de duas pessoas 
e se expressa pela habilidade da escuta .
Para a prática dessa escuta, à qual podemos nos referir 
como uma escuta ativa, afetiva, amorosa, empática e acolhedora, 
não existe uma receita pronta ou uma regra rígida a ser seguida . 
Estamos falando de algo que se estabelece na complexidade e 
na individualidade de cada relação, sem modelos preestabeleci-
dos. No entanto, existem “habilidades” potencializadoras dessa 
escuta .
Vamos pensar sobre algumas dessas habilidades? Inicial-
mente, o estabelecimento de vínculo entre a pessoa que escuta 
e a pessoa que fala é imprescindível. Nesse sentido, quem escu-
ta precisa estar disponível para a relação mais próxima, simétrica 
e igualitária possível . A pessoa que escuta precisa ter cuidado 
para não se colocar no lugar de distanciamento e de superiorida-
de em relação àquele que fala, evitando uma postura adultocên-
trica, como já mencionado anteriormente.
Proposição 2
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
A fala de pessoas adultas ou mais velhas para os adoles-
centes e jovens, na maioria das vezes, vem carregada de 
opiniões e conselhos, mesmo quando baseados nas me-
lhores intenções. Você já parou para pensar se isso favo-
rece ou atrapalha a comunicação?
Para a fala do outro acontecer, faz-se valioso que a pessoa 
que escuta abra espaço dentro de si para acolher o que é 
dito pelo outro, desprendendo-se de julgamentos e vivên-
cias pessoais, evitando conselhos precipitados, excessos 
de teorizações e/ou veredictos . 
Recorrer a respostas prontas, universais e/ou motivado-
ras pode ser um recurso acalentador ou apaziguador para 
quem diz, sem qualquer possibilidade de impacto profícuo 
para quem escuta . É preciso estar atento aos efeitos adver-
sos do acolhimento .
?
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 15
A arte de escutar demanda da pessoa que se propõe a 
fazê-la a atitude de se esvaziar de si. Esse esvaziar-se, como men-
ciona Rubem Alves em seu texto, requer, muitas vezes, o silêncio. 
A receptividade é uma estratégia importante no contexto 
da escuta de adolescentes e jovens . É a atitude de acolher sem 
julgamento o que o outro diz. Isso não significa concordar com 
tudo que o adolescente ou o jovem fala nem aceitar comporta-
mentos negativos. No entanto, quer dizer aceitar as suas emo-
ções, legitimar seus sentimentos e dar espaço para que ele pos-
sa expressar o que sente e vive . 
Só é possível conhecer alguém se a pessoa que ouve se 
dispuser a escutar o outro que fala como ele é e não como queria 
que ele fosse. Por meio de uma atitude receptiva, pode ser pos-
sível compreender o que é trazido pelo outro, o que está aconte-
cendo com ele e, a partir daí, pensar os cuidados que ele precisa.
Quando nos referimos ao que é trazido ou dito pelo ado-
lescente ou jovem é importante destacar que esses modos de 
dizer nem sempre são verbais . A comunicação ocorre de modos 
variados, inclusive de modo não verbal. Por isso é preciso estar 
atento para as atitudes, expressões, gestos, atos corporais e até 
mesmo o silêncio, que em alguns casos também está a serviço 
da comunicação .
Voltando às habilidades que favorecem a escuta acolhe-
dora, vamos pensar na postura empática, que é tentar se colocar 
no lugar do outro . A empatia seria a capacidade de estar junto do 
outro para sentir o que ele sente, legitimando as emoções senti-
das pelo outro. Brené Brown (2016) estuda a empatia e diz que 
ela consiste em quatro atitudes: assumir a perspectiva da outra 
pessoa; não julgar; reconhecer a emoção do outro; e comunicar 
essa emoção . 
 (Animação: O poder da empatia . Site: | em casa gobblynne | Ani-
mação, Ilustração) 
Quando se está diante do relato de uma situação difícil 
vivida pelo outro, é comum se ter o impulso de tentar amenizar a 
situação . O uso de argumentos de conforto precisa ser pondera-
do, pois pode gerar o efeito negativo de fazer o outro não se sen-
tir compreendido. Por outro lado, a postura empática, a de tentar 
compreender a perspectiva vivida pelo outro naquele contexto, 
sem julgamentos e buscando reconhecer e comunicar as emo-
ções que ele vive, favorece a conexão e pode trazer benefícios.
Compreendemos que a escuta é uma alternativa para li-
dar com a dor e com o adoecimento. Ela, por si só, é uma estraté-
gia potente, que pode repercutir de modo positivo em muitos ca-
sos. No entanto, é importante que a pessoa que escuta conheça 
seus limites e reconheça que determinadas questões identifica-
das podem demandar apoio de algum serviço e/ou atendimento 
especializado . Por isso é de suma importância conhecer a rede 
de serviços existente em seu território .
Como já foi mencionado, a escuta à qual nos referimos 
aqui não se refere a uma escuta exclusiva de determinada área 
do saber, muito menos a uma escuta clínica terapêutica. Diversas 
pessoas que tenham interesse no cuidado de adolescentes e jo-
vens podem ser agentes e promotores de cuidado . 
http://www.gobblynne.com/
http://www.gobblynne.com/
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 16
FUNÇÕES, ATRIBUIÇÕES E LIMITES DO 
AGENTE DE CUIDADO
Há algo nos seres humanos que não se encontra 
surgido há milhões de anos no processo evolutivo 
quando emergiram os mamíferos, dentro de cuja 
espécie nos inscrevemos: o sentimento, a capaci-
dade de emocionar-se, de envolver-se, de afetar 
e de sentir-se afetado . Um computador e um robô 
não têm condições de cuidar do ambiente, de cho-
rar sobre as desgraças dos outros e de rejubilar-se 
com a alegria do amigo . Um computador não tem 
coração . Só nós humanos podemos sentar-nos 
à mesa com o amigo frustrado, colocar-lhe a mão 
no ombro [ . . .] e trazer-lhe consolação e esperança . 
Construir o mundo a partir de laços afetivos . Esses 
laços tornam as pessoas e as situações preciosas, 
portadoras de valor . Preocupamo-nos com elas . 
Tomamos tempo para dedicar-nos a elas . Sentimos 
responsabilidade pelo laço que cresceu entre nós 
e os outros . A categoria cuidado recolhe todo esse 
modo de ser . Mostra como funcionamos enquanto 
seres humanos . 
(Boff, 2015).
 Leonardo Boff nos mostra a nossa capacidade humana 
de sentir, de chegar perto de outra pessoa, de afetar e ser afe-
tado pelo outro, de formarlaços, fazer vínculos e cuidar. E ao 
cuidarmos uns dos outros nos aproximamos do que há de mais 
humano em nós . É esse o lugar do agente de cuidado .
Você já presenciou algum jovem contando uma história 
que aconteceu com ele para um amigo? Percebeu como eles 
dão ênfase às palavras, ficam empolgados e carregam a fala de 
emoções? É dessa forma que muitos jovens chegarão até você . 
Outros falarão baixo, com pouca expressividade. Há também um 
grupo que, simplesmente, não fala, apenas acena com a cabe-
ça e responde monossilabicamente às nossas perguntas . Esses 
serão alguns dos jovens que irão aparecer em nossas salas de 
aula, cozinhas, corredores de hospitais, centros comunitários, as-
sociações, vizinhança e, até mesmo, dentro das nossas próprias 
casas .
O que nós precisamos vivenciar com esses jovens é uma 
comunicação, um dialogar. O diálogo é uma ponte que leva o ser 
humano a se aproximar de outro ser humano . E para que esse 
diálogo possa fluir é essencial ser capaz de ouvir quem me fala, 
mesmo que eu discorde, ainda que seja diferente do que penso, 
do que sinto, mas eu respeito, eu escuto (FERREIRA, 2022).
Algumas vezes, esses meninos e meninas farão pedidos 
diretos de ajuda a você; outras vezes esses pedidos não serão 
muito claros; e haverá pedidos quase imperceptíveis. Em qual-
quer circunstância, é primordial estar atento e disponível para 
oferecer a escuta, o apoio, a ajuda.
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 17
Um jovem pode procurar você com demandas variadas . 
Ele pode, por exemplo, estar vivenciando uma angústia enorme, 
e encontrar você em um corredor da escola pode trazer a ele a 
ideia de não estar sozinho e de não ser necessário tomar uma 
decisão precipitada (VERAS, 2020, p. 298)
Assim, para escutar um jovem, precisamos estar interes-
sados na sua fala e na sua história, assim como nos aproximar 
dele. Quem pode oferecer a escuta? Eu, você e qualquer pes-
soa interessada em tentar ajudar pode! A escuta deve ser livre de 
preconceitos e julgamentos, não seguir uma fórmula pronta nem 
produzir frases feitas; deve ser uma escuta de respeito ao outro e 
de liberdade. Devemos ouvir sempre mais, a ponto de promover 
a desconstrução de certezas consolidadas . Esse caminho nos 
leva à reconstrução de nós mesmos, com novas ideias, novos 
saberes, novos olhares.
Proposição 3
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Qual seria a sua função como agente de cuidado? Será 
que você está preparado para esse desafio? 
Vamos voltar um pouco ao caso complexo deste módulo . 
Na sua opinião, o seu Cleiton estava disponível para ofere-
cer uma escuta acolhedora, sem julgamentos aos jovens? 
Podemos imaginar que ele ainda não estivesse preparado 
para ouvir o outro . Será que realmente você escuta o outro 
quando está pensando nos seus objetivos e sentimentos? 
A resposta é “Não”. Ele queria impor a sua crença religiosa 
para os meninos da comunidade de Monte Verde dizendo: 
“Seria muito bom para esses meninos saírem do pecado e 
conhecerem a palavra de Deus” .
A tentativa de resolução do problema sem escutar as neces-
sidades do sujeito em sofrimento pode levar ao silenciamen-
to, distanciamento e desencorajamento de novos pedidos 
de ajuda .
?
Você percebe a importância do seu pa-
pel nessas situações? A sua escuta pode 
trazer alívio ao jovem que conversa com 
você. E poder proporcionar isso ao outro 
é algo extremamente gratificante . 
Ouça a música “Laços”, de autoria de Nando Reis
clique e
acesse
https://youtu.be/PQ5cNYyRsxg
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 18
Atribuições e competências dos agentes de cuidado:
1) Conhecer a si mesmo (autoconhecimento), conhecer 
seus limites, suas características, habilidades, valores e 
crenças . O autoconhecer-se é um dos fatores de prote-
ção à nossa saúde mental. 
Acolher os jovens, oferecendo uma escuta acolhedora 
que possibilite a expressão dos sentimentos e a com-
preensão, sem avaliação e sem julgamento, estabelecen-
do uma relação saudável, de respeito e de empatia com 
os jovens .
2) Promover a saúde mental escutando as demandas dos 
adolescentes, realizando orientações e até mesmo enca-
minhamentos para serviços de saúde mental, como os 
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e buscando um 
estado de bem-estar usando habilidades para lidar com 
aquilo que vive e atuar em sua comunidade . 
3) Promover a criação de espaços para que os jovens pos-
sam se cuidar, como associações de moradores, escolas 
e até mesmo na garagem de Dona Lourdes, como acon-
teceu no caso complexo . 
4) Procurar informações sobre temas de interesse dos jo-
vens, que poderão variar tanto inter, quanto intra-territo-
rialmente . Lembrar-se de que tudo precisa ser pensado 
para os jovens e com os jovens . O protagonismo juvenil é 
importante nos espaços de cuidado . 
5) Realizar os primeiros socorros emocionais (PSE) (UNICEF, 
2021). São eles: oferecer apoio e ajuda; perguntar o que a 
pessoa precisa ou como você pode ajudar; ver se a pes-
soa está com fome, sede ou precisa saber de alguma coi-
sa; ouvir com atenção sem forçar a pessoa a falar nada 
nem julgar o que diz; falar coisas que possam ajudá-la a 
se sentir melhor ou ficar mais calma; proteger a pessoa.
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 19
Ao pensar em todas essas atribuições, você se per-
gunta: será que tudo isso será muito pesado para mim? Será 
que eu vou dar conta?
Nesses casos, precisamos pedir ajuda. Quem cuida do 
cuidador? Como estou me sentindo com tudo isso que está 
acontecendo com esse jovem? Buscar ser verdadeiro com você 
mesmo, pedir ajuda a um colega e procurar serviços estratégicos 
voltados à saúde mental são possibilidades para melhorar a sua 
escuta e o seu acolhimento das situações difíceis vivenciadas 
pelos jovens. Você também pode participar de capacitações, for-
mações e cursos para compreender e utilizar técnicas que facili-
tam o processo de comunicação e reconhecimento dos limites e 
potencialidades da atuação . 
Proposição 4
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Ao ler todas estas atribuições, você pode pensar: será 
que vou conseguir?
A resposta mais justa é: algumas vezes sim e outras não . São 
os seus limites; cada um tem os seus, é preciso apurá-los. Se 
você tem dificuldade em ouvir alguns temas ou lidar com 
algumas situações, por exemplo, isso pode ocorrer devido 
a dificuldades que você tenha vivido no passado e que ain-
da provocam sentimentos ruins, comprometendo ou impe-
dindo o acolhimento ao jovem . Pensemos em uma situação 
concreta: uma jovem está falando sobre o comportamento 
suicida, cuja vivência e expressão são semelhantes ao que 
você está vivenciando em casa com a sua filha. Como agen-
te de cuidado, ouvir essa jovem pode trazer identificação fa-
miliar, angústia, lembranças de sofrimento, tirando do foco a 
possibilidade de escuta ativa da jovem .
Reconhecer os próprios limites é um ato de cuidado con-
sigo e com o outro. Humanizar-se, acolher-se, adaptar-se à 
situação e/ou demandas específicas, buscar ajuda e/ou en-
caminhamento para o jovem em sofrimento também é uma 
função do agente de cuidado . Esta não é uma função pron-
ta, se constrói continuamente.
?
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 20
ÉTICA E SIGILO DAS INFORMAÇÕES
Ética é tradicionalmente entendida como um estudo ou 
uma reflexão sobre as ações humanas (VALLS, 2017). A ética, na 
prática, convida a pensar e a responder questões sobre como 
se deve agir em sociedade. Esse convite está sendo feito a você . 
Discutimos até aqui questões voltadas para o cuidado da saúde 
mental de adolescentes e jovens . Discorremos sobre diferentes 
espaços e ambiências em que esse cuidado pode e deve acon-
tecer; sobre a prática da escuta acolhedora; sobre habilidades 
que favorecem a escuta; e sobre a atuação daqueles que atuam 
nessa frente, a quem chamamos de agentes de cuidado. Abri-
mos agora um espaço para pensarmos sobre a atuação ética dos 
agentes de cuidado . 
A atuação do agente de cuidado é tecida à disponibi-
lidade e à necessidade de se deixar desconstruir pelo outro. 
Não há fórmula, receita, respostas prontas ou universais. 
Porém, esse fazer sempre deverá estar atrelado a:
- Atitudes éticas respaldadas no respeito, liberdade, digni-
dade, igualdade e integridade da pessoa humana;
- Atitudes que busquem promover a saúde e a qualidade 
de vida desses adolescentes e jovens;
- Atitudes que estejam comprometidas com a garantia de 
direitos;
- Atitudes que sejam contrárias a situações de negligên-
cia, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão .
Sabe-se que profissões regulamentadas têm seus códi-
gos de ética para subsidiar as reflexões de cada profissional acer-
ca de sua prática . O objetivo de um código de ética não deve ser 
engessar e normatizar o trabalho, mas assegurar, de acordo com 
os padrões estabelecidos socialmente, direcionamentos para as 
profissões. Nesse sentido, destacamos o valor desses códigos 
de ética, sendo relevante que profissionais que os tenham ba-
seiem suas práticas nesses documentos .
A perspectiva ampliada proposta neste módulo, em con-
sonância com as discussões da política de saúde mental, convo-
ca ao lugar de agente de cuidado pessoas variadas (profissionais 
de saúde, da assistência social, da educação, enfim, pessoas da 
sociedade em geral). Ainda que alguns desses profissionais não 
tenham código de ética específico, a conduta ética deve sempre 
nortear as intervenções. Algumas legislações, como a Declara-
ção Universal dos Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (BRASIL, 1990) e o Estatuto da Juventude (BRASIL, 
2013), também trazem contribuições para a atuação diante da es-
cuta e do trabalho com este público. 
Em consonância com a ética, o sigilo das informações 
deve ser prioridade, com vistas a proteger a confidencialidade 
e a intimidade das pessoas . A quebra do sigilo só deve ocorrer 
diante de situações que ponham em risco a vida do adolescente 
ou jovem; devendo ser eventual, limitada a informações estrita-
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 21
mente necessárias e baseada sempre na busca pelo menor pre-
juízo . É relevante que qualquer decisão relacionada à quebra de 
sigilo deva priorizar o diálogo com esse adolescente ou jovem .
Ressaltamos que a quebra do sigilo de fato deve ser utili-
zada apenas se estritamente necessária, tendo em vista os riscos 
que essa pode acarretar. Pode gerar, a depender do caso: a) a 
ruptura da confiança e do vínculo, levando esse adolescente ou 
jovem a não mais confiar em se abrir e pedir ajuda a outras pes-
soas; b) a potencialização do risco ou revitimização da pessoa.
Em outras palavras esse procedimento só pode ser feito 
após alguns critérios terem sido analisados: existe algum outro 
caminho que não seja a quebra de sigilo? Existe de fato um risco 
iminente à vida desse adolescente ou jovem que justifique esta 
escolha? Com a quebra do sigilo, haverá mais efeitos positivos 
ou negativos? 
 Vamos pensar aqui em uma situação proposta por Ana 
Marta Lobosque (2019) para subsidiar a nossa reflexão. A autora 
levanta uma discussão que aborda situações de automutilação 
em meninas, mas podemos utilizá-la de modo mais ampliado. 
Lobosque aponta que, diante de casos de automutilação de me-
ninas, a pessoa que escuta e/ou percebe a situação corre dois 
riscos: o primeiro risco é “o da recusa, uma interpretação que pri-
vilegia a minimização da dor do outro, a simulação, problemas 
falsos, indignos de atenção; o segundo risco é o de alarme, cujo 
apelo captura-nos em demasia, especialmente pelo temor do 
risco de suicídio, acionando estratégias, por vezes exageradas, 
que podem levar à patologização e medicalização excessiva, e 
até institucionalização . 
 Diante de casos de autolesão, com ideação suicida ou 
mesmo situação de violência vivenciada pela adolescente, o 
agente de cuidado precisa avaliar a situação com cautela: nem 
pode ser “duro demais” e nem ser movido pela excessiva sensi-
bilização e tomar atitudes precipitadas; ser cuidadoso para não 
romper o sigilo como um modo de autoproteção ou com a finali-
dade de tentar “resolver o problema” de forma imediatista. Nes-
ses casos mais complexos, é muito importante pensarmos em 
acionar a rede de serviços de saúde, como os Centros de Aten-
ção Psicossocial (CAPS). Na ausência de um CAPS infantojuvenil, 
você pode buscar o CAPS adulto ou até mesmo a sua Unidade 
Básica de Saúde (UBS).
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 22
 
É importante compartilhar, com adolescentes e jovens, 
alguns números de contato, como: 
CAPS
CRAS
Disque 100 (Disque Direitos Humanos), para casos de 
Violência
Disque 180, para casos de violência doméstica
CVV 188
Site www .canaldeajuda .org .br, para casos de vítima ou 
testemunha de cyberbullying
Site Pode Falar, canal de escuta 24h para adolescentes e 
jovens
Site Como comunicar uma situação de perigo - Comissão 
Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crian-
ças e Jovens (cnpdpcj.gov.pt)
Nesse sentido, qualquer discussão ética a respeito do si-
gilo e da postura dos agentes de cuidado deve estar vinculada a 
uma escuta atenta, cuidadosa, que busque acolher, compreen-
der, estar junto desse adolescente ou jovem, trilhando novos ca-
minhos e novas possibilidades, sempre em uma perspectiva de 
respeito e cuidado . 
Dessa forma, retomamos o caso complexo, que ocor-
reu na cidade de Monte Verde, em que os próprios moradores 
pensaram em um espaço de cuidado e vida para adolescentes e 
jovens. Em seu território, você identifica espaços que sejam po-
tentes para o cuidado de adolescentes e jovens? Caso eles não 
existam, você consegue pensar na criação deles? Quem seriam 
os parceiros mais próximos para começar esse espaço?
Fica a dica!
http://www.canaldeajuda.org.br
https://www.podefalar.org.br/
https://www.cnpdpcj.gov.pt/como-pedir-ajuda
https://www.cnpdpcj.gov.pt/como-pedir-ajuda
https://www.cnpdpcj.gov.pt/como-pedir-ajuda
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 23
encerramento do módulo
Chegamos ao final de um longo processo de aprendiza-
gem. Não somos mais os mesmos, assim como o mundo tam-
bém já é outro. Enfrentamos a dureza da pandemia de Covid-19, 
a tristeza de um luto coletivo, os efeitos da precarização de certas 
existências, entre outros desafios. Nos diferentes territórios do 
país, percebemos diferentes questões que atravessam a vida de 
adolescentes e jovens, como a violência, a violência do Estado e 
a falta de oportunidades e de espaços de partilha de vida . Depa-
ramo-nos com expressões de sofrimento vividas e sentidas pe-
los jovens, como o uso abusivo de drogas, trabalho no tráfico de 
drogas, violências diversas, como autolesões e comportamento 
suicida, etc.
Pensamos que, diante do desamparo e de tantas cenas 
intoleráveis que nossos adolescentes e jovens estão vivendo, é 
necessárioconstruirmos respostas de cuidado melhores e mais 
ampliadas, que os acolham e que não os julguem, ou seja, que 
não minimizem aquilo que está sendo sentido e vivido. Para isso, 
é importante nos posicionarmos nessa trincheira ao lado deles, 
garantindo espaços de acolhimento, participação e, fundamen-
talmente, protagonismo. 
A tecitura deste módulo teve como motivação reconhe-
cer os avanços da garantia de direitos de adolescentes e jovens, 
assim como questões ainda não superadas, e olhar para muitos 
dos desafios atuais da comunicação, diálogo e conflitos que 
ocorrem com a juventude. Partimos, assim, da história e da legis-
lação sobre direitos da adolescência e juventude para construir e 
inspirar modos plurais de reconhecimento, acolhimento e cuida-
do voltados a essa população, independentemente do espaço 
físico, estrutura e exercício da profissão. 
De modo a centralizar o cuidado na relação e nas ferra-
mentas coletivas, tecemos questionamentos, conhecimentos, 
habilidades, aspectos éticos e técnicos para reafirmar o com-
promisso político com a promoção da saúde mental dos adoles-
centes e jovens. Essa escrita, que pode ser complementada por 
você em sua prática, visa expandir temas, modos e exercício de 
um cuidado solidário, equânime e emancipador. Sigamos!
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 24
referências
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https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/publicacoes/o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/publicacoes/o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 25
minicurrículo das autoras
Erica Gonçalves Nunes
Psicóloga e Advogada . Especialista em Intervenções em Psico-
logia Social e Comunitária pela Faculdade Frassinetti do Recife, 
FAFIRE (2017). Mestranda no Programa de Pós-graduação em 
Educação, Culturas e Identidades da UFRPE/FUNDAJ. Membro 
do Grupo de Estudo Transdisciplinar da Infância e Juventude 
(GETIJ). Atendente voluntária no canal Pode Falar – UNICEF. 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 26
minicurrículo das autoras
Isadora Simões de Souza
Psicóloga, doutora em psicologia social pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Saúde Men-
tal pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova 
de Lisboa, Portugal. Os principais temas em que atua são saúde 
mental, saúde mental infantojuvenil, justiça, gênero, drogas e di-
reitos humanos. Atualmente, é professora do curso de Gradua-
ção em Psicologia da Universidade Mackenzie em São Paulo-SP; 
professora e supervisora da Residência Médica em Psiquiatria 
em Rede (SUS) da 8 Coreme, da Prefeitura de São Paulo; e super-
visora de CAPSij, na cidade de São Paulo.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Espaços de cuidado: Construindo possibilidades de vida 27
minicurrículo das autoras
Marcia Nunes
Psicóloga. Trabalhadora do SUAS. Mestranda em Educação, Cul-
turas e Identidades pela Universidade Federal Rural de Pernam-
buco (UFRPE) . Especialista em Direitos da Criança e do Adoles-
cente pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2021), 
Especialista em Saúde Mental e Intervenções Psicossociais 
pela UNIFAVIP DEVRY (2011). Pesquisadora no Grupo de Estu-
do Transdisciplinar da Infância e Juventude (GETIJ). Membro do 
Núcleo do Cuidado Humano da UFRPE. Atendente voluntária no 
canal Pode Falar – UNICEF.
Realização
FIOCRUZ MATO GROSSO DO SUL

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