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Prévia do material em texto

Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia 
Sílvia Helena Mendonça de Moraes 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Autoras
Aline Henriques Reis
Andréa Chicri Torga Matiassi
Silvia Segovia Araujo Freire
CUIDADOS 
PSICOSSOCIAIS NAS
ADOLESCÊNCIAS 
E JUVENTUDES
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia 
Sílvia Helena Mendonça de Moraes 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
DE ADOLESCENTES E JOVENS
Autoras
Aline Henriques Reis
Andréa Chicri Torga Matiassi
Silvia Segovia Araujo Freire
CUIDADOS 
PSICOSSOCIAIS NAS
ADOLESCÊNCIAS 
E JUVENTUDES
23-144539 CDD-362.21
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Reis, Aline Henriques
 Cuidados psicossociais nas adolescências e
juventudes [livro eletrônico] / Aline Henriques Reis,
Andréa Chicri Torga Matiassi, Silvia Segovia Araujo
Freire ; organização Rita Maria Lino Tarcia, Sílvia
Helena Mendonça de Moraes, Débora Dupas Gonçalves do
Nascimento. -- Campo Grande, MS : Fiocruz Pantanal,
2023.
 PDF 
 Bibliografia.
 ISBN 978-85-66909-42-5
 1. Adolescência 2. Adolescente - Cuidados e
tratamento 3. Dor 4. Saúde mental 5. Sofrimento
(Aspectos psicológicos) I. Matiassi, Andréa Chicri
Torga. II. Freire, Silvia Segovia Araujo. 
III. Tarcia, Rita Maria Lino. IV. Moraes, Sílvia
Helena Mendonça de. V. Nascimento, Débora Dupas
Gonçalves do. VI. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Adolescentes : Política de saúde mental : 
 Bem-estar social 362.21
Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
© 2022. Fundo das Nações Unidas para a Infância – 
UNICEF. Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul.
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, 
disseminação e utilização dessa obra, em parte ou em 
sua totalidade, nos Termos de uso do ARES. Deve ser 
citada a fonte e é vedada sua utilização comercial. 
UNICEF
Representante Interina
Paola Babos
Coordenação do Programa de Desenvolvimento e 
Participação de Adolescentes
Mário Volpi
Coordenador
Programa de Desenvolvimento e Participação de 
Adolescentes
Gabriela Mora
Joana Fontoura
Luiza Leitão
Rayanne França
Oficiais do Programa
Daniela Costa
Higor Cunha
Marina Oliveira
Thaís Santos
Consultores do Programa
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
Mario Santos Moreira
Presidente em exercício
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul – 
Fiocruz MS
Jislaine de Fátima Guilhermino
Coordenadora
Coordenação de Educação da Fiocruz MS
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Vice- coordenadora de Educação
Secretaria-Executiva da Universidade Aberta do SUS 
– UNA-SUS 
Maria Fabiana Damásio Passos
Secretária-executiva
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul 
(Fiocruz MS)
Rua Gabriel Abrão, 92 – Jardim das Nações, Campo 
Grande/MS
CEP 79081-746
Telefone: (67) 3346-7220
E-mail: educacao.ms@fiocruz.br
Site: www.matogrossodosul.fiocruz.br
CRÉDITOS
Coordenação Geral 
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Coordenadora Acadêmica Geral
Léia Conche da Cunha 
Coordenadora Pedagógica Geral
Rita Maria Lino Tarcia
Coordenador Acadêmico do Módulo
Alberto Mesaque Martins
Coordenadora Pedagógica do Módulo
Eliane Maria da Silva Anunciação
Autoras 
Silvia Segovia Araujo Freire
Aline Henriques Reis
Andréa Chicri Torga Matiassi
Revisora Técnico-científica
Alessandra Silva Xavier
Apoio técnico-administrativo 
Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto
Adriana Carvalho dos Santos
Coordenador de Produção 
Marcos Paulo dos Santos de Souza
Designer Instrucional
Felipe Vieira Pacheco
Webdesigner
Stephanie Oliveira Moraes Silva
Designers Gráficos
Hélder Rafael Regina Nunes Dias
Renato Silva Garcia
Desenvolvedor
David Carlos Pereira da Cunha
Desenvolvedores AVA MOODLE
Luiz Gustavo de Costa
Vinicius Vicente Soares
Editor de Audiovisual
Adilson Santério da Silva
llustrador
Kelvin Rodrigues de Oliveira
Revisor 
Davi Bagnatori Tavares
Apresentação do módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
QUANDO O SOFRIMENTO BATE À PORTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O QUE FAZER? PRIMEIROS ESBOÇOS! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O ACOLHIMENTO E A ESCUTA: ALIADOS DO VÍNCULO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
COMPARTILHANDO E AMPLIANDO O CUIDADO: A CLÍNICA AMPLIADA, O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR E 
O APOIO MATRICIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS: CRIANÇAS, ADOLESCENTES, FAMILIARES E COMUNIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . .
PROJETOS DE VIDA E OUTRAS ESTRATÉGIAS POSITIVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Encerramento do módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Minicurrículo das autoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Material de apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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SUMÁRIO
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 6
apresentação do módulo
 Olá! Seja bem-vindo a mais uma etapa dessa jornada! 
Nessa nova parada, nosso objetivo é ajudar você a identificar 
as necessidades psicossociais de crianças e adolescentes que 
estão em situação de sofrimento e realizar os primeiros socorros 
psicológicos . Talvez, no seu dia a dia, você se depare com mui-
tas Anas e com certeza já se perguntou o que pode fazer para 
ajudá-las, tanto de forma presencial quanto remota . Assim como 
no caso apresentado, nesse momento, aí próximo a você, exis-
tem muitas crianças e jovens vivenciando sofrimentos psíquicos 
que se manifestam em comportamentos que colocam a vida 
deles em risco, como: uso abusivo de drogas, bulimia, anorexia, 
automutilaçãoe tentativas de suicídio . Neste módulo, enfatizare-
mos os dois últimos . Talvez, você tenha muitas dúvidas e até se 
sinta incapaz e paralisado, sem saber o que fazer diante de tantos 
casos . E agora? O que fazer?
 É possível que você acredite que apenas profissionais 
de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, possam ajudar 
um jovem nessa situação . É provável também que você sinta que 
tenha que encaminhar esse “problema” o mais rápido possível, 
transferindo a responsabilidade para os serviços de saúde . Mas 
calma! Neste módulo, veremos que identificar as necessidades 
dos jovens e oferecer os primeiros socorros psicológicos são pa-
péis que podem ser exercidos por qualquer pessoa, desde que 
ela esteja disposta a acolher e a escutar a criança e o adolescen-
te . Como vimos no caso, Ana teve comportamentos que coloca-
ram sua vida em risco, os quais só foram expostos para pessoas 
da sua escola . Entretanto, na história de Ana, uma coordenadora 
pedagógica da escola soube como acolhê-la, ou seja, teve uma 
escuta sensível e comprometida para o que se passava naque-
le momento, fornecendo os primeiros cuidados, indispensáveis 
para circunstâncias como essa . Venha conosco e vamos apren-
der um pouco sobre como você também pode ajudar os jovens 
da sua comunidade!
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 7
Quando o sofrimento bate à porta
 O campo da saúde mental, amparado nos fundamentos 
do Sistema Único de Saúde (SUS), produz uma nova forma de 
lidar com o sofrimento psíquico: os cuidados voltados para as 
pessoas com sintomas psicológicos não se restringem às equi-
pes de saúde mental, mas se ampliam para outros profissionais, 
além dos familiares e comunidade . 
 
Proposição 1
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Você sabia que o Sistema Único de Saúde (SUS) brasilei-
ro é referência mundial em Saúde Coletiva?
O SUS é mais do que um conjunto de leis e normativas que 
orienta e regulamenta o funcionamento dos serviços de 
saúde . Ele é também uma proposta política que entende a 
saúde como um direito de todas as pessoas . Além disso, o 
SUS parte da ideia de que a saúde vai muito além da ausên-
cia de doenças e inclui todos os fenômenos que fazem parte 
da nossa vida . Por isso, no SUS, há uma valorização de um 
trabalho coletivo, envolvendo muitos atores, como profissio-
nais de saúde, gestores, usuários, familiares e demais atores 
dos territórios .
O SUS é uma conquista social brasileira, referência em Saú-
de Pública em todo o mundo . Desde sua regulamentação, 
em 1990, o SUS vem se transformando e sendo aprimorado, 
inovando as formas de pensar e executar as ações em saú-
de . Uma das grandes inovações do SUS é a constatação da 
complexidade dos fenômenos da saúde e do adoecimento, 
exigindo a construção de saídas, que requer o envolvimento 
de vários setores da sociedade e vários atores que atuam no 
território . No que se refere à saúde mental, o SUS valoriza 
que o cuidado aconteça de forma integrada ao território, en-
globando os diferentes saberes de todos os envolvidos . Por 
isso, não é preciso ter uma formação específica, como psi-
cologia ou psiquiatria, para trabalhar na promoção da saúde 
mental dos jovens . Você pode colaborar com essa constru-
ção procurando outras pessoas interessadas, de diferentes 
setores e serviços, e organizar espaços para conversas e 
discussões, como reuniões, fóruns, entre outros . Nesses en-
contros é importante que você busque informações sobre 
os princípios que orientam o SUS e inicie o planejamento de 
ações e projetos que, certamente, contribuirão para a me-
lhoria da qualidade de vida de todos os integrantes do terri-
tório em que você vive e atua . Outra dica importante: como 
dissemos anteriormente, saúde não é apenas ausência de 
doenças . Por isso, é importante que as ações enfatizem os 
modos de vida, o cotidiano, os aspectos culturais e políticos, 
ou seja, que também incluam aspectos relacionados à vida 
e ao contexto dos jovens .
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 8
 Serviços que acolham o público infantil e jovem seguem 
premissas semelhantes e devem levar em consideração as parti-
cularidades dessas etapas da vida, que não são poucas . 
 
 Essa visão mais ampliada deve alcançar, por exemplo, a 
bagagem histórica trazida pelas crianças e pelos adolescentes, e 
essa não é uma tarefa exclusiva dos profissionais de saúde, po-
dendo ser exercitada por todas as pessoas que lidam e convivem 
com esse público, sendo atores fundamentais para a garantia de 
acolhimento, cuidado e encaminhamento para os tratamentos 
especializados. Com essa escuta, profissionais e demais pes-
soas que atuam com os jovens podem promover o autoconhe-
cimento e ajudá-los na construção de saídas saudáveis para os 
impasses e riscos que porventura se apresentem . 
 Portanto, inicialmente, é preciso compreender que a saú-
de engloba o bem-estar físico, psíquico e emocional, não sendo 
apenas a ausência de doenças . Para isso, faremos algumas con-
ceituações importantes e, em seguida, refletiremos sobre vários 
aspectos da saúde: desde os primeiros cuidados na urgência 
dessas crianças e adolescentes até as possibilidades de constru-
ções de saídas coletivas para esses casos que serão abordados 
nas circunstâncias de crise e urgência .
Veremos a seguir que não existe uma abordagem 
única para tratar dos impasses das crianças e dos jo-
vens, assim como não há uma boa abordagem sem 
um cuidado integral de saúde, ou seja, sem um olhar 
mais ampliado que inclua os aspectos sociais, culturais, 
políticos, entre outros.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 9
Crise, automutilação e suicídio: 
definição e entrelaçamento desses conceitos
 Conviver com os amigos, o primeiro beijo, a primeira ex-
periência sexual, entre outras experiências são momentos muito 
importantes na vida de um adolescente . Geralmente, essas expe-
riências costumam acontecer na escola ou no grupo de amigos 
que estudam juntos ou moram próximos . Você se lembra das 
suas experiências nesse período?
 Proposição 2
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
A adolescência é uma fase desafiadora tanto para quem 
está nela quanto para quem convive com o adolescente. 
Você conhece as mudanças psicológicas que os adoles-
centes experienciam nessa fase e como elas afetam as 
relações com as famílias? 
A adolescência é uma fase de busca de autonomia e cons-
trução da própria identidade . Nessa fase, há uma busca por 
gratificação imediata, isto é, quando se quer alguma coisa, 
tem que ser naquele momento . Há maior impulsividade, ou 
seja, agir sem pensar nas consequências . Os amigos pas-
sam a ter muita influência, às vezes até maior que a famí-
lia, gerando algum tipo de distanciamento dos jovens dos 
seus pais . E, com o mundo virtual, que se ampliou durante 
a pandemia, é importante que a família procure estar mais 
próxima dos jovens e conhecer os seus amigos, já que são 
pessoas que podem ter (e geralmente têm) uma influência 
muito grande sobre o comportamento dele . 
Apesar de ser desafiadora devido às mudanças corporais, 
hormonais e cerebrais que provoca, a adolescência não 
precisa ser desesperadora! A fase anterior à adolescência, 
chamada terceira infância, costuma ser mais tranquila, visto 
que a criança já tem mais autonomia, isto é, consegue fazer 
muitas coisas sozinha e não depende tanto dos pais como 
dependia antes . Isso pode trazer um afastamento gradativo, 
já que, na infância, muitas interações aconteciam em virtude 
da necessidade dos cuidados diários . Para chegar à adoles-
cênciacom uma relação saudável e de confiança com o fi-
lho, é necessário estar presente na vida dele, ter momentos 
para conversar sobre o dia, sobre os acontecimentos, ouvir 
abertamente, sem julgamentos e sem oferecer uma solução 
imediata para os problemas . Assim, a criança vai aprenden-
do que pode confiar nos pais. À medida que a criança vai en-
trando no mundo digital, os pais precisam estar atentos ao 
que acontece, ao que os filhos acessam. Um aplicativo cha-
mado Family link pode ser instalado no celular de um dos 
pais. Ele possibilita aos pais: definir quanto tempo a criança 
poderá usar o celular; quais aplicativos ela baixa; bloquear 
atividades, entre outras intervenções . 
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 10
 Para as crianças e adolescentes, além de ser um local de 
aprendizagem de conteúdos e conceitos, a escola também é um 
espaço que contribui para a socialização e promoção da cidada-
nia . Quando a família é ausente ou disfuncional, a escola serve 
como local de refúgio e apoio, longe das dificuldades familiares. 
Além dela, outros lugares, como centros de convivência, praças 
e espaços de lazer, instituições religiosas, entre outros, são espa-
ços ocupados pelos jovens, onde aprendem a ser e a conviver .
 Nos últimos anos, esse cenário foi inesperadamente al-
terado . Como uma espécie de pesadelo ou história de terror, a 
pandemia de Covid-19 gerou insegurança, medo, angústias e 
muitas mortes . As medidas de distanciamento social tiraram dos 
jovens as experiências de convivência com amigos e sociedade 
em geral e aumentaram o tempo de convivência com a família, 
suscitando as dificuldades inerentes a essa convivência (DA 
MATA et al ., 2021) . O distanciamento social também gerou ou-
tros desafios, como: a incerteza quanto ao futuro, à doença e à 
morte; dificuldades acadêmicas e de adaptação ao estudo on-li-
ne; problemas financeiros; e insegurança alimentar. Além disso, 
a mudança repentina do ensino presencial para o ensino remoto, 
sem o preparo e as condições adequadas, somada à longa du-
ração da pandemia, fez com que as crianças e os adolescentes 
entrassem em grande sofrimento . 
Fonte: Wikimedia Commons
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 11
 Observe, a seguir, algumas falas de crianças e adolescen-
tes de alguns países da América Latina sobre esse período (UNI-
CEF, 2021):
Fonte: Unicef (2021) . Disponível em: https://www.unicef.org/media/108126/file/SOW-
C-2021-Latin-America-and-the-Caribbean-regional-brief .pdf . Acesso em: 10 nov . 2022 .
 Antes mesmo da pandemia de Covid-19, a saúde mental 
dos jovens já vinha chamando a atenção e gerando preocupa-
ções . De acordo com o relatório Situação Mundial da Infância 
2021 (UNICEF, 2021), quase um em cada seis meninas e meni-
nos entre 10 e 19 anos de idade, no Brasil, tem algum transtorno 
mental . Nessa idade, esse grupo está mais exposto ao risco de 
automutilações, depressão e suicídio . Conforme Botega (2023), 
em cada 100 habitantes, 17 têm ideação suicida, com pensa-
mentos de acabar com a própria vida, 5 chegam a elaborar um 
plano suicida, 3 tentam o suicídio e apenas 1 entre esses três é 
atendido em um pronto-socorro . Esses dados são preocupantes, 
pois revelam que o número de pessoas que precisam da nossa 
ajuda é muito maior do que aqueles que chegam até os serviços 
de saúde . Ou seja, a coisa está feia! E, por isso, precisamos de 
todos envolvidos no enfrentamento desse desafio.
 Identificar sinais precoces de sofrimento psíquico, no 
contexto de vida da criança e do adolescente, pode impedir a 
escalada da crise, bem como possibilitar o início do cuidado 
necessário o mais precocemente possível, protegendo a saúde 
do jovem e potencializando os cuidados o mais rápido possível . 
Como vimos no caso de Ana, é muito importante refletirmos so-
bre como podemos fornecer os primeiros cuidados psicológicos 
em momentos de crise, quando as crianças e os adolescentes 
estão colocando suas vidas em risco, principalmente com com-
portamentos de automutilação e tentativas de suicídio . 
 Uma primeira forma é a observação durante a convivên-
cia. Nesse contexto, você pode identificar alguns sinais e mu-
danças no comportamento da criança ou adolescente, como 
“Não poder ver seus amigos causa depressão porque 
falar em uma tela não é a mesma coisa – você não tem a 
mesma conexão que vê-los pessoalmente.” (Menina mais 
nova, Jamaica). 
“Fico muito triste e depois começo a tremer, começo a fi-
car sem ar e depois começo a chorar, tipo sem conseguir 
segurar... pareço um zumbi e não tenho mais nada para 
fazer ou tento levantar meu ânimo, mas até que eu durma 
isso não vai acontecer.” (Menina mais nova, Chile). 
“[Pais invalidando nossas experiências] acontece muito. 
Por exemplo... uma pessoa conta [aos] pais [sobre] seus 
problemas, e os pais podem dizer: ‘...Você não tem dívida 
ou nada para ficar triste’, e coisas assim.” (Menino mais 
novo, Chile). 
“Quando eu era mais jovem, expressava muito mais meus 
sentimentos, mas eles não eram validados quando eu ti-
nha 13, 14 anos. Eu poderia dizer: ‘Tenho depressão ou 
me sinto triste’, e eles diriam: ‘Não, você não sabe o que 
sente porque tem 12 anos’.” (Menina mais velha, Chile). 
https://www.unicef.org/media/108126/file/SOWC-2021-Latin-America-and-the-Caribbean-regional-brief.pdf
https://www.unicef.org/media/108126/file/SOWC-2021-Latin-America-and-the-Caribbean-regional-brief.pdf
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 12
retraimento, tristeza e irritabilidade . Outra importante estratégia 
para identificar pistas é acompanhar as redes sociais dos jovens, 
um canal de comunicação muito utilizado por eles . Uma matéria 
do site BBC (2019) revela a história de uma jovem norueguesa 
que, ao perder a melhor amiga por suicídio, passou a observar 
posts que poderiam ser indicativos de sofrimento mental e idea-
ção suicida . Segundo ela: 
“Vejo muitas pessoas que querem morrer. Não vou apenas ficar 
vendo uma pessoa dizer que vai se matar, ignorar isso e esperar 
pelo melhor”. 
No Brasil, um funkeiro levantou suspeitas de sofrimento ao colocar 
uma foto pessoal que mostrava uma corda e a legenda: “Aprecie 
a vida, cada momento!”, deixando internautas e fãs preocupados. 
Uma influencer digital, que enfrentava um quadro grave de de-
pressão e ansiedade e efetivou o suicídio, chegou a postar nas re-
des sociais: “Entendam, ter depressão é ter que sair da cama sem 
vontade, e ter que lutar por coisas que não fazem mais sentido 
para você. Porque expor aqui? Simples. Pra que todos entendam 
que a vida do insta só mostra uma camada, e tenho certeza que 
tem muitaaaaaa gente aqui passando por isso”. 
Proposição 3
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Os influenciadores digitais têm conquistado cada vez 
mais a atenção do público infantil e adolescente. Você 
sabe o que é um influenciador digital? 
Influenciador digital é uma pessoa que tem muitos segui-
dores (pessoas que estão cadastradas no perfil do influen-
ciador). Eles geralmente falam sobre um tema específico 
(humor, moda, jogos etc.), mas também podem usar o perfil 
para falar de si . Nos tempos das redes sociais e da internet, 
é quase impossível que os jovens não estejam em contato 
com influenciadores. As redes sociais também têm sido uti-
lizadas como espaços importantes para comunicação dos 
jovens, que podem encontrar influenciadores positivos que 
podem servir de inspiração para o aprendizado de diversos 
temas e assuntos . 
Apesar de as crianças e adolescentes muitas vezes criarem 
perfis falsos sem que os pais saibam, é importanteque os 
cuidadores tenham acesso às redes sociais dos filhos e veri-
fiquem com alguma frequência o que eles postam, quem se-
guem e que tipo de conteúdo estão consumindo . Também 
é importante conversar com os jovens a fim de conhecer 
quem são as pessoas que os influenciam (artistas, bloguei-
ras, personalidades da mídia etc .) . Mais uma vez, o diálogo e 
a escuta acolhedora são apoios importantes que permitem 
o fortalecimento de vínculo com os jovens e favorecem a re-
flexão sobre o conteúdo que acessam na internet. 
?
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 13
 Como você viu anteriormente, o suicídio é um problema 
social que existe há muitos séculos, inclusive atingindo crian-
ças e adolescentes, mas habitualmente era abordado de uma 
forma silenciosa, tímida e delicada, tanto pelo tabu que envolve 
o assunto, quanto pelo constrangimento causado em familiares 
que perderam alguém por suicídio . Hoje, por ser um indicador 
em constante crescimento, tornou-se um grande problema de 
saúde pública, sendo necessário conversar sobre o assunto em 
todos os espaços possíveis e com a ajuda de todas as áreas do 
conhecimento .
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021), morrem, anualmente, 
no mundo, 700 mil pessoas por suicídio . Essa é a quarta maior 
causa de morte de adolescentes de 15 a 29 anos e tem crescido 
exponencialmente em menores de 14 anos, indicador em que 
Ana está enquadrada . Cabe destacar que o suicídio é um fenô-
meno complexo e multifatorial que pode afetar indivíduos de 
diferentes origens, faixas etárias, condições socioeconômicas, 
orientações sexuais e identidades de gênero . Assim, ele atinge 
todos os grupos, tornando-se um desafio ainda mais complexo. 
Contudo, como podemos definir o suicídio? Ele tem relação com 
a automutilação? Vamos tentar entender, até para podermos 
chegar às possibilidades de intervenção quando nos deparamos 
com essas situações . 
 O suicídio pode ser definido “como um ato deliberado 
executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção é a morte, de 
forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usan-
do um meio que ele acredite ser letal” (LOPES, 2022, p . 296-297) . 
Geralmente, o suicídio é visto como uma maneira de acabar com 
a dor . Ocorre uma espécie de restrição mental em que a pessoa 
enxerga o suicídio como a única forma de resolver a situação, 
de acabar com o sofrimento que ela está vivenciando (BOTEGA, 
2023) . Há níveis relacionados ao suicídio, que vão desde a exis-
tência de ideias sobre o ato, como pensamentos de morrer, até 
planos muito elaborados de tirar a própria vida . No Quadro 1, há 
uma descrição de cada nível (BOTEGA, 2023) e a definição de 
automutilação (ARATANGY, 2017) .
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QUADRO 1 – NÍVEIS DE IDEAÇÃO E COMPORTAMENTO DE AUTOEXTERMÍNIO
Nível Definição Exemplos
Autolesão não suicida 
ou automutilação
Machucar-se intencionalmente na superfície do cor-
po, gerando sangramento, contusão ou dor (por 
exemplo, cortar, queimar, bater, esfregar excessiva-
mente), com a expectativa de que a lesão não leve 
à morte (isto é, não há intenção suicida) (AMERICAN 
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) . A intenção da 
automutilação é aliviar algum sofrimento emocional, 
sentimento de raiva, tristeza, angústia ou vazio inter-
no (ARATANGY, 2017) .
Objetos para se machucar: lâminas de barbear, cli-
pes, grampos de cabelo, facas, tampas de caneta, 
entre outros .
Queimar-se com isqueiro, cigarro ou ferro de pas-
sar roupa também são ações possíveis . Os locais 
podem ser: braços, pernas e barriga (ARATANGY, 
2017) .
Ideação suicida Ter pensamentos que se relacionam ao desamparo 
(sensação de estar sozinho, não poder contar com 
ninguém) e à desesperança (a ideia de que as coisas 
não vão melhorar ou que podem piorar) .
Pensamentos como: “se eu morresse, ninguém 
sentiria a minha falta”; “eu queria dormir e não 
acordar mais”; “não posso contar com ninguém”; 
“as coisas nunca vão melhorar pra mim”; “nunca 
vou ser feliz”; “eu preferia estar morto” .
Intenção suicida Ter o desejo de se matar e alguma intenção de agir 
conforme esse desejo .
Pensamentos como: “Eu não aguento mais . Tô sur-
tando. Preciso pôr um fim nessa minha dor”. 
Plano suicida A maneira como pretende executar o suicídio: dia, 
local, horário, método etc . Quanto maior a letalidade 
do método, ou seja, a chance de morrer, e o conheci-
mento sobre isso, mais preocupante é .
Pensamentos como: “Não vejo solução . É melhor 
acabar com isso logo”; “Vou colocar um fim na mi-
nha dor” .
Pesquisa sobre formas de fazer, conversa com pes-
soas sobre o tema, planeja como fazer .
Tentativa de suicídio Comportamento não fatal dirigido a si mesmo, poten-
cialmente nocivo, com qualquer intenção de morrer . 
Uma tentativa de suicídio pode ou não provocar feri-
mento .
A tentativa pode ter sido feita por ingestão de me-
dicamentos, um nó em corda que se desfez, al-
guém que salvou a pessoa antes da morte .
Suicídio Quando a pessoa tem êxito e consegue se matar . Os meios mais letais envolvem arma de fogo e en-
forcamento .
Fonte: Botega (2023) e Aratangy (2017) .
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 Já os comportamentos autolesivos, também conhecidos 
como automutilação, envolvem machucar partes do corpo de 
forma intencional, mas não têm o intuito de causar dano letal . 
Podem ser: leves, quando as lesões são realizadas com pouca 
frequência e têm baixa gravidade; moderadas, quando as le-
sões são graves a ponto de a pessoa precisar de ajuda médica; e 
graves, quando as lesões são feitas com frequência e têm maior 
gravidade, causando prejuízos às pessoas, como os machuca-
dos no corpo e o isolamento dos grupos de pertença . As auto-
lesões geralmente têm impacto negativo na saúde mental do 
próprio indivíduo e envolvem: punir-se por algo que acredita ter 
feito de errado e regular as emoções intensas e geralmente desa-
gradáveis . A pessoa faz isso tanto porque, após se cortar, sente 
um alívio, uma sensação de anestesia, como porque a dor desvia 
o foco das emoções desagradáveis . As autolesões também têm 
um impacto nas relações interpessoais, ou seja, as outras pesso-
as se preocupam e dão mais atenção, portanto pode trazer um 
senso de pertencimento . Existem grupos e comunidades que se 
relacionam justamente por compartilharem esses temas, como 
as adolescentes que Ana encontrou na internet (QUESADA et al ., 
2020) .
 As situações descritas configuram o auge do sofrimento. 
No entanto, como perceber que a criança ou o adolescente pre-
cisa de ajuda? Como diferenciar comportamentos típicos dessa 
fase de situações de crise? Como a palavra crise é muito utilizada 
no contexto da adolescência, é necessário esclarecer que ques-
tões pontuais e certos comportamentos típicos desse momen-
to de vida não devem ser confundidos com situações de crise, 
tampouco com doenças . De acordo com alguns estudos sobre 
a adolescência, alguns comportamentos e características dessa 
etapa da vida são: insegurança, busca de sensações, impulsivi-
dade e agressividade, que seriam consequências das mudanças 
biológicas e hormonais que acontecem nesse momento da vida 
(GOMES, 2017) . Em outras palavras, a adolescência é uma fase 
em que ocorrem muitas mudanças, o que nem sempre é vivido 
sem conflitos.
 Contudo, a palavra crise é muito utilizada na área da 
saúde, especialmente para designar situações de intenso sofri-
mento e de gravidade significativa (ALKMIM, 2010). As mudan-
ças abruptas de comportamento decorrentes de sofrimento ou 
prejuízo ajudam a entender melhor essacomparação, como: 
um adolescente que sempre ficou irritado em determinadas si-
tuações passa a ter comportamentos de raiva e agressividade 
mais intensamente, ameaçando machucar os colegas, animais e 
a si próprio . Essa mudança pode ser um sinal de que esse ado-
lescente está em crise . Assim, o próprio jovem é usado como 
parâmetro de comparação, ou seja, é preciso conhecer a história 
dele para identificar quando as mudanças ocorreram e em qual 
intensidade .
 Podemos sugerir como indicadores “normais” as mudan-
ças de comportamento, o aparecimento da tristeza, a queda no 
rendimento escolar, entre outros . No que se refere ao suicídio, 
um risco baixo envolve ausência de tentativa anteriores e, caso 
ocorram ideias desse tipo, elas são passageiras e geram ansieda-
de, perturbação . Além disso, se há um transtorno mental prévio, 
os sintomas são leves e o jovem tem vida e apoio social (BOTE-
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GA, 2023) . A música Eu sou um fracasso, de Bia Marques (https://
www .youtube .com/watch?v=Z3qzsaim-AA, disponível em 11 out . 
2022) mostra o início de uma crise, a sensação de estar só e de ser 
um fracasso, assim como a desesperança de ser compreendida . 
Por outro lado, cita lembranças de bons momentos, bem como 
alguma rede de apoio: “Mas pelo menos sei que com você posso 
contar” .
 Com relação aos indicadores médios, “complicados”, 
é preciso observar se os pensamentos negativos são persis-
tentes, mesmo que não envolvam a intenção de tirar a própria 
vida ou machucar alguém, se as autoagressões estão presen-
tes e com qual frequência e gravidade, se tem algum histórico 
de tentativa de tirar a própria vida, se há isolamento, piora no 
rendimento escolar e falas de desesperança . Quanto ao risco 
de suicídio, é moderado se há diagnóstico de depressão ou 
transtorno bipolar, se os pensamentos de suicídio são fre-
quentes, se o suicídio parece ser a solução e se a pessoa conta 
ou não com apoio social . Em um risco moderado de suicídio, a 
pessoa não é impulsiva, não faz uso ou abuso de drogas e não 
tem um plano para se matar (BOTEGA, 2023) . A música RAP - 
me sinto perdido, nossos sentimentos (https://www .youtube .
com/watch?v=7yIlon_oGnI, disponível em 11 out . 2022) retrata 
um nível um pouco mais intenso de sofrimento: “não faz sen-
tido a vida que eu carrego”; “não sei mais se eu vivo por mim 
mesmo”; “parece que estou perdido nesse mundo sem saída, 
onde a única opção é uma escolha suicida” . Nela, encontramos 
alguns indícios de já ter havido uma tentativa anterior de sui-
cídio: “me olhando no espelho meu passado me atormenta . O 
porquê eu fiz aquilo? Talvez ninguém entenda”. Apesar da su-
posta tentativa de suicídio anterior e de a pessoa considerar o 
suicídio como uma opção real e como a solução, identifica-se 
uma rede de apoio: “Agradeço aos amigos por estarem ao meu 
lado”, e a ambivalência, indicando, além do desejo de morrer, 
uma esperança para viver .
 Músicas, como a citada acima, falam de desesperança, 
ideação suicida, sentimentos de vazio e temas afins. Apesar de 
serem impactantes, elas também podem ajudar a nos aproximar 
da dor de nossas crianças e adolescentes para que possamos 
compreender como eles se sentem . Além disso, as músicas po-
dem ser usadas para suscitar discussões sobre suicídio com os 
adolescentes, especialmente os que representam nível baixo e 
moderado de ideação .
https://www.youtube.com/watch?v=Z3qzsaim-AA
https://www.youtube.com/watch?v=Z3qzsaim-AA
https://www.youtube.com/watch?v=7yIlon_oGnI
https://www.youtube.com/watch?v=7yIlon_oGnI
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Proposição 4
De que maneira podemos usar músicas para abordar o 
sofrimento emocional dos jovens?
?
Feedback positivo: 
Os jovens gostam muito de música . Passam boa parte do dia 
com seus fones de ouvido . As músicas citadas no texto fo-
ram escritas por jovens e retratam elementos associados ao 
sofrimento de que tratamos neste módulo .
Feedback orientador: 
Para iniciar a discussão, pode-se passar o clipe da música 
ou apenas o áudio, entregando ou projetando a letra dela 
enquanto o áudio/vídeo é passado . Questões norteadoras 
como as seguintes podem suscitar a discussão: 
Música: “Eu sou um fracasso” 
- O que fez com que a pessoa se sentisse dessa maneira? 
- Como é a relação da protagonista da música com a pessoa 
a quem ela fala? 
- Na sua opinião, o que a protagonista quer receber? Do que 
ela precisa? 
- Você já se sentiu de forma parecida? Como? 
Música: “Rap - Me Sinto Perdido | Nossos Sentimentos” 
No início da música, o protagonista diz se sentir perdido e 
acredita que a única opção é o suicídio . O que você pensa 
sobre isso? Mesmo em situações de muita dificuldade ou de 
extremo sofrimento, que alternativas uma pessoa pode ter? 
(pedir ajuda na escola, na unidade básica de saúde, na as-
sistência social, no conselho tutelar etc .) 
O protagonista revela ter perdido pessoas que amava e se 
questiona se vale a pena viver . Que motivos fazem a vida 
valer a pena? (família, amigos, animais de estimação, coisas 
que eu quero fazer, lugares que eu quero conhecer etc .) . 
A música fala de momentos bons já vividos . Liste três mo-
mentos muito bons da sua vida . Tente relembrá-los, como se 
pudesse revivê-los como um filme em sua mente. 
Considerando o trecho “É difícil ver pessoas sorrindo ale-
gremente; Sem ao menos entender a batalha na sua mente”, 
você acredita que isso acontece na vida real? Ou seja, pes-
soas postam nas redes sociais momentos felizes, mas muitas 
vezes estão passando por alguma dificuldade ou sofrimento? 
O trecho “Tenho errado demais pra tu viver junto a mim” traz 
a ideia de que o protagonista não se sente digno ou à altura 
de uma pessoa de que ele gosta . Você já se sentiu dessa 
maneira? Que motivos você tem para orgulhar-se de si mes-
mo? Lembre-se de que todos nós temos defeitos e come-
temos erros . Todas as pessoas têm coisas sobre si que não 
gostariam que os outros soubessem . 
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 Como indicadores altos, ou “casos graves”, devem ser 
verificadas a existência de tentativas anteriores de suicídio e a 
dependência de álcool ou de outras drogas . Nesse cenário, o jo-
vem em crise não vê saídas. Há um plano definido de se matar e 
ele já pensou em formas de fazer isso, além de já ter providencia-
do o que precisa para o ato (BOTEGA, 2023) . 
FRASES QUE PODEM SINALIZAR PENSAMENTOS SUICIDAS
 De acordo com Franzin, Reis e Neufeld (2017), o que 
costuma desencadear uma crise na infância e na adolescência são 
problemas na família, na escola ou piora de uma psicopatologia 
já existente, como depressão . A seguir serão listados alguns sinais 
que podem indicar que o adolescente está em crise, sempre 
levando em consideração como ele era habitualmente, como 
está agora e a frequência e intensidade dos comportamentos:
- Comportamento agressivo e violento, como quebrar ou jogar 
coisas, gritar, xingar ou desafiar adultos;
- Tentativa de suicídio, tomando remédios, jogando-se de luga-
res altos, enforcando-se, usando arma de fogo ou de outras ma-
neiras;
- Machucar a si mesmo se beliscando, cortando-se, batendo em 
si mesmo;
- Desenvolver depressão e transtornos de ansiedade;
- Começar a usar álcool, cigarro ou outras drogas em excesso;
- Desregulação emocional, ou seja, choro difícil de controlar ou 
ficar irritado com facilidade e com frequência, assim como falta 
de paciência .
 No caso de Ana, o sentimento de culpa pela morte do 
pai, a falta que sentia dele, a baixa autoestima, o desconfortoque 
sentia em casa pela presença do padrasto, a falta de opções de 
lazer, o afastamento da amiga Karen e as críticas da mãe foram 
fazendo com que ela ficasse cada vez mais distante, sentindo-se 
ainda mais sozinha. Ana começou a ficar muito irritada, sem pa-
ciência (a irritabilidade frequente e intensa é um sintoma impor-
“Quero acabar com o sofrimento”.
“Vou deixar de ser um problema para minha família ou 
meus amigos”. 
“Eu ando pensando besteira”. 
“Acho que minha família ficaria melhor se eu não estivesse 
aqui”. 
“Eu sou um peso para os outros”. 
“Estou com pensamentos ruins”. 
“Eu não aguento mais”. 
“As coisas não vão dar certo. Não vejo saída”. 
“Eu preferia estar morto”. 
“Vou desaparecer”. 
“As pessoas acham que depressão é frescura. Depois que a 
pessoa se mata vão ver o que é frescura”. 
“Vou sumir”. 
 “Em breve isso tudo vai acabar!”
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 19
tante de depressão em crianças e adolescentes), passou a não 
dormir bem, perdeu a vontade de comer e deixou de fazer coisas 
de que gostava antes, como fazer vídeos e postar no TikTok .
 Como destacado anteriormente, a mãe de Ana percebeu 
as mudanças do comportamento da adolescente e pensou que 
fosse coisa da adolescência ou “aborrescência”, termo muito uti-
lizado, no senso comum, para se referir a essa fase da vida . Essa 
nomeação é carregada de estereótipos, pois considera que os 
adolescentes sempre aborrecem ou têm comportamentos equi-
vocados . Esses estereótipos colaboram para calar as crianças e os 
adolescentes, principalmente nas horas em que eles mais preci-
sam, sendo, portanto, negligenciados, silenciados ou esquecidos .
Proposição 5
Você sabe por que é tão comum o conflito entre pais e 
filhos na adolescência? 
?
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
As interações entre pais/mães e filhos se transformam du-
rante a adolescência devido a algumas características dessa 
fase do desenvolvimento, como: busca pela independência 
e pela identidade, maior maturidade e capacidade de crítica 
sobre o mundo e ampliação da rede de contato do adoles-
cente, possibilitando o acesso a valores e informações que 
fogem à esfera familiar . Trata-se de um momento de maior 
autonomia dos jovens e que pode contribuir para o desen-
volvimento de importantes diálogos sobre temas comple-
xos, como valores, política e a própria vida . 
Os pais precisam aprender habilidades de negociação e ser 
menos impositivos e punitivistas . A próxima etapa de vida 
será a adulta, portanto a adolescência é uma etapa de tran-
sição na qual a pessoa precisa aprender a negociar, tomar 
decisões e lidar com as consequências dessas decisões . 
Como ainda está em fase de aprendizagem, precisa de mo-
nitoramento . Dessa forma, os adolescentes não podem ser 
completamente livres para fazer o que quiserem . No entan-
to, a imposição, além de não ensinar o filho a refletir, pois a 
ordem vem de cima para baixo, costuma gerar raiva e a sen-
sação de não ser ouvido . Assim, é preciso que os pais com-
preendam o comportamento do filho como uma luta pela 
autonomia e não como um desafio deliberado. Uma dica é 
estabelecer regras negociáveis e outras que não entram em 
negociação . As regras, de preferência dialogadas e nego-
ciadas, devem estar claras aos adolescentes, bem como as 
consequências do não cumprimento . É preciso que ocorra 
um monitoramento apropriado dos filhos, que os pais sai-
bam onde os filhos estão e o que fazem durante o dia. Para 
tanto, precisam definir claramente como terão acesso a es-
sas informações e de que maneira isso será feito . 
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Fique de olho: sinais de alerta e fatores de risco para automu-
tilação e ideação/tentativa de suicídio
 A depressão é um importante fator de risco tanto para a 
automutilação quanto para o suicídio . Reconhecer que a criança 
ou o adolescente está em um quadro depressivo é importante 
para fornecer suporte e fazer os encaminhamentos necessários . 
O vídeo Um cachorro preto chamado depressão (https://www .
youtube .com/watch?v=6RIu4a7hdAA, disponível em 11 out . 
2022) ilustra os sintomas do transtorno . Entre os jovens, em vez 
de tristeza, pode aparecer com maior frequência a irritabilidade, 
como no caso de Ana . Entre crianças de 6 a 8 anos, é comum 
queixas somáticas, como dor de cabeça e dor de barriga . Em 
adolescentes, as notas na escola podem cair e haver mais fome 
e sono (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) . 
 Aratangy (2017) explica que transtornos mentais (como 
depressão e presença de um trauma), vivências difíceis na in-
fância, características pessoais e aspectos sociais são fatores de 
risco para automutilação e ideação suicida . Com relação aos as-
pectos sociais, é preciso prestar atenção: se a criança ou o ado-
lescente está se isolando em demasia, tanto da família como de 
amigos; se está sofrendo bullying (ver módulo 3); se tem em seu 
histórico de navegação na internet busca de informações sobre 
automutilação e/ou suicídio; e se tem pessoas conhecidas e/
ou próximas que se mutilam e/ou também apresentam ideação 
suicida . Quanto às características pessoais, destacam-se a im-
pulsividade e a instabilidade emocional, distorções na imagem 
corporal, pessimismo, insegurança e baixa autoestima e dificul-
dades de se relacionar e de regular as emoções . As vivências na 
infância que são sinais de alerta envolvem: traumas psicológicos, 
como negligência e violência sexual, física ou emocional; rela-
ções familiares disfuncionais; depressão ou dependência de ál-
cool e de outras drogas em um ou ambos os pais .
 Analisando esses fatores de risco, pode-se verificar que 
Ana tinha vários deles: pode-se pensar em relações familiares 
disfuncionais (pai era alcoolista e faleceu e Ana se sentia culpa-
da pela morte dele; a mãe era crítica e distante emocionalmente; 
Ana tinha sensação de desconforto na presença do padrasto); 
Ana mantinha contato pela internet com outras meninas que se 
cortavam; após o namoro da amiga Karen, Ana isolou-se em casa 
e na escola, não tinha amigos e ainda lidava com uma queda no 
rendimento escolar . Ana não gostava de sua aparência nem de 
seu corpo, portanto desenvolveu baixa autoestima, e suas baixas 
notas pareciam confirmar suas dúvidas sobre seu próprio valor. 
Ana apresentava muitos sintomas de depressão que poderiam 
ter sido reconhecidos, caso os pais e educadores soubessem 
identificá-los.
 Conforme Botega (2023), o suicídio pode acontecer tam-
bém de forma impulsiva, não planejada, em uma situação de so-
frimento intenso (por exemplo, descobrir que a pessoa amada 
está com outra pessoa ou estar diante de um evento inespera-
do, como a prisão dos pais, a morte repentina de uma pessoa 
querida ou a descoberta de uma doença grave) com um meio 
letal disponível (arma, veneno, medicamentos, entre outros) . O 
impulso de cometer suicídio pode ser transitório e durar alguns 
minutos ou horas . Acalmando-se a crise e ganhando-se tempo, 
é possível diminuir o risco . Por isso, é muito importante que, nes-
https://www.youtube.com/watch?v=6RIu4a7hdAA
https://www.youtube.com/watch?v=6RIu4a7hdAA
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sas situações, os jovens recebam os primeiros socorros psicoló-
gicos pelas pessoas que os acompanham, mesmo que não se-
jam profissionais de saúde mental. Essa ação rápida é essencial 
para preservar a saúde e a vida do jovem em sofrimento .
 Dessa forma, com o objetivo de prevenir o suicídio de 
adolescentes, Botega (2023) sugere orientar os pais a tirar de 
casa ou esconder elementosque possam ser usados no ato sui-
cida, como armas, facas, cordas e medicamentos, que devem 
ficar em local que a pessoa não consiga acessar, de preferência 
trancado, e com alguém responsável por administrá-los) . O autor 
também recomenda prestar atenção ao adolescente que geral-
mente demonstra alguns sinais de alerta relacionados ao risco 
de suicídio . Alguns desses sinais são:
• Mudanças importantes no jeito de ser ou na rotina;
• Comportamento ansioso, agitado ou deprimido;
• Piora no desempenho na escola, no trabalho e em outras ati-
vidades em que costumava ter bons resultados;
• Afastamento de família e de amigos;
• Não querer mais fazer atividades de que gostava;
• Descuido com a aparência;
• Perda ou ganho de peso;
• Mudança no padrão de sono, ou seja, dormir mais do que es-
tava habituado ou ter dificuldade para dormir ou ainda acor-
dar de madrugada e não conseguir dormir mais;
• Comentários autodepreciativos persistentes (por exemplo, 
“sou uma pessoa ruim”; “ninguém vai querer namorar uma 
pessoa como eu”; “eu sou um peso para os outros”; “só faço 
as pessoas sofrerem”);
• Comentários negativos sobre o futuro, desesperança;
• Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e 
acessos de raiva);
• Comentários sobre morte, sobre pessoas que morreram e in-
teresse por essa temática;
• Doação de pertences que valorizava;
• Expressão clara ou velada de querer morrer ou pôr fim à vida.
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 22
Na história que vimos anteriormente, Ana passou a demons-
trar bastante irritabilidade, isolou-se e tinha pensamentos mui-
to depreciativos sobre si: “Eu sou tão magra . Com 14 anos não 
tenho peito, não tenho bunda . Quem vai gostar de mim? Meu 
cabelo parece uma vassoura . Nada que eu faço dá jeito nele” . 
Ela também deixou de fazer coisas de que gostava, como ir à 
praça (nesse caso, foi um dos fatores que desencadeou o início 
da depressão) e gravar vídeos e postar no TikTok (consequên-
cia da depressão) . Em sua fala, ela expressa muitos sinais de seu 
sofrimento psíquico, os quais resultam em comportamentos que 
talvez possam ser vistos pelos adultos como rebeldia ou agressi-
vidade . Toda essa mudança revelava seu grito por socorro, que 
só foi ouvido tardiamente .
 Os fatores de risco de comportamento podem estar re-
lacionados a eventos de vida que contribuíram em longo prazo 
para o risco de suicídio, por exemplo: abuso físico na infância, 
violência sexual, abuso de substâncias psicoativas (álcool, ma-
conha, entre outras); transtorno de estresse pós-traumático (de-
corrente de assalto, estupro, de assistir violência doméstica etc .); 
ter alguém na família que se suicidou; comportamento agressi-
vo e/ou impulsivo (agir com frequência sem pensar, às vezes até 
com consequências ruins); perfeccionismo; transtorno depres-
sivo; automutilação; ter tentado suicídio antes; ter sido interna-
do em uma clínica psiquiátrica recentemente; sentir-se enclau-
surado, sem conexão ou um peso; desesperança; transtorno de 
identidade de gênero (ter um desconforto com o próprio gênero, 
sentindo-se inadequado quando assume esse papel social, e 
se identificar com o gênero oposto); identificar-se como lésbi-
ca, gay, bissexual ou transexual; e sofrer discriminação devido 
à orientação sexual e à identidade de gênero (BOTEGA, 2023) . 
Nesse último caso, o sofrimento e a ideação suicida também es-
tão relacionados à vivência de preconceito e da falta de aceita-
ção da família .
 Existem ainda os fatores que aconteceram perto da ten-
tativa ou da ideia de suicídio, que chamamos de fatores preci-
pitantes, por exemplo: exposição a casos de suicídio ou tenta-
tivas de suicídio, conflitos familiares, separação dos pais, morte 
de um genitor, rompimento de namoro, bullying e cyberbullying, 
dificuldades escolares, ações disciplinares e problemas legais, 
sentir-se desonrado ou ter muita vergonha de algo sobre si (por 
exemplo, ter uma foto de si nu circulando em WhatsApp) e ter 
fácil acesso a um meio letal (BOTEGA, 2023) .
 A automutilação é um fator de risco para o suicídio, pois 
é como se uma primeira barreira tivesse sido transposta, isto é, a 
de machucar o próprio corpo, tornando mais fácil uma nova ten-
tativa . Destaca-se que os fatores listados, isoladamente, não são 
exclusivamente as causas de suicídios, mas as consequências 
que possam ter causado na vida da pessoa podem impulsio-
ná-la a ter comportamentos de risco . Além disso, é importante 
saber que, em geral, a pessoa com ideação suicida tem tanto o 
desejo de morrer, para acabar com a dor, como o desejo de viver, 
mostrando uma ambivalência . O apoio social e emocional tem 
como objetivo aumentar o desejo de viver .
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 23
O que fazer? Primeiros esboços!
 Muitas pessoas acreditam que conversar com o ado-
lescente sobre suicídio vai fazer com que ele pense sobre isso 
ou que desperte nele a vontade de acabar com a própria vida . 
Esse é um mito, pois, quando a ideia lhe ocorre, ele tem a inter-
net para buscar informações . Poder falar sobre a dor que o leva 
a querer se matar pode, na verdade, ajudá-lo a pensar em ou-
tras maneiras de diminuir o sofrimento . Sabemos que, para mui-
tas pessoas, essa é uma conversa difícil, fazendo com que pais, 
educadores e profissionais que atuam com jovens evitem falar 
sobre o assunto ou simplesmente encaminhem os jovens, sem 
o devido acolhimento, para um outro profissional, deixando-os 
ainda mais vulneráveis . Contudo, diversos estudos vêm demons-
trando a importância de conversar abertamente e o mais empati-
camente possível com os jovens que lidam com a automutilação 
e a ideação suicida . Muitas vezes, é mais fácil que eles se abram 
com uma pessoa com a qual já tenham vínculo construído, como 
professores, oficineiros, líderes comunitários, entre outros, do 
que com um profissional que, embora especialista, é desconhe-
cido para ele . Por isso, é importante que você mantenha uma 
postura de disponibilidade e escuta acolhedora, mantendo aber-
to um canal de comunicação em que a criança e o adolescente 
possam se expressar e narrar o seu sofrimento . 
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Proposição 6
Por que conversar sobre automutilação e ideação suici-
da é importante? Como podemos fazer isso?
?
Feedback positivo: 
Poder falar sobre a dor e o sofrimento que está sentindo, ao 
mesmo tempo que quem escuta dá espaço para que o jo-
vem possa falar e se mostra disponível para acolher, ajuda 
muito na prevenção desses comportamentos e na possibi-
lidade de as pessoas que sofrem buscarem ajuda . Uma das 
primeiras coisas que podemos fazer para ajudar quem está 
sofrendo – e, por isso, automutilando-se – e está com pensa-
mentos suicidas é nos informar, buscar informações confiá-
veis sobre o suicídio, sobre automutilação e sobre crianças e 
adolescentes em sofrimento . Querer se informar de maneira 
correta, ou seja, sem informações equivocadas e estigmati-
zadas, é o primeiro passo . Quando lançamos mão dessas in-
formações, ficamos mais atentos aos comportamentos das 
pessoas ao nosso redor, passamos a considerar importante 
qualquer comportamento diferente do habitual, não consi-
deramos mais esses comportamentos como algo que “vai 
passar” nem ficamos mais deduzindo o que pode ser. Tendo 
essas informações, vamos querer aprofundar no que pode 
estar acontecendo, porque sabemos que pode ser algo gra-
ve e que essa pessoa pode estar precisando de ajuda . Outro 
passo é abordar, perguntar, querer saber o que está acon-
tecendo de maneira acolhedora,empática, dizendo para o 
adolescente que tem percebido algumas coisas e que está 
preocupado com ele, que está ali para ajudar e que podem 
pensar juntos em saídas para esse sofrimento . Validar o so-
frimento e querer saber do que se trata para tentar ajudar 
são instrumentos muito valiosos e que qualquer um pode 
utilizar!!
Feedback orientador: 
É mito achar que conversar sobre suicídio pode desenca-
dear intenções de tirar a própria vida . Diversos estudos vêm 
demonstrando a importância de conversar abertamente e o 
mais empaticamente possível com os jovens que lidam com 
a automutilação e a ideação suicida . A Organização Mundial 
da Saúde (OMS), com o objetivo de prevenir e reduzir os ín-
dices de suicídio, criou a campanha Setembro Amarelo . Essa 
campanha visa dar informações e criar ações para a preven-
ção ao suicídio . Existe um material complexo e bem elabora-
do para ajudar na conscientização e formação das pessoas 
sobre a temática . O dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é 
o dia 10 de setembro, mas as ações ocorrem durante todo 
o ano . Para mais informações sobre as ações do Setembro 
Amarelo, acesse o site: https://www .setembroamarelo .com/ . 
https://www.setembroamarelo.com/
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 25
 A seguir, algumas perguntas que podem ajudar a abor-
dar o assunto . Sempre que uma resposta for positiva, faz-se uma 
nova pergunta (BOTEGA, 2023):
 
- Alguma vez você já pensou que seria melhor morrer? Já 
pensou em tirar a própria vida?
- Como são esses pensamentos?
- Esses pensamentos te assustam? Você consegue afastá-
-los?
- Quando esses pensamentos começaram?
- Você pensou em como se matar? Chegou a procurar infor-
mações sobre como fazer isso?
 - O que motivou a escolha desse método para se matar?
- Você tem acesso a esse método?
- Você chegou a pensar em um local e em uma data para se 
matar?
- Você consegue pensar em razões para continuar vivo?
 Na história de Ana, a coordenadora Letícia abordou tanto 
a automutilação como os pensamentos suicidas . Primeiramente, 
ela pediu calma à diretora Marli e solicitou que a deixassem sozi-
nha com a adolescente . Em seguida, Marli acompanhou a mãe 
de Ana, dona Arlete, até a sala ao lado, onde permaneceram du-
rante toda a conversa entre Letícia e Ana . Quando estavam so-
zinhas, com privacidade e em um ambiente favorável, Letícia e 
Ana se sentaram uma do lado da outra e conseguiram iniciar um 
diálogo respeitoso . A abordagem da coordenadora foi comple-
tamente diferente da de Marli, que havia tratado Ana como uma 
adolescente inconsequente e que precisava de um puxão de 
orelha! Ao contrário, Letícia se mostrou disponível e interessa-
da em ouvir da própria adolescente o que estava acontecendo 
com ela, não demonstrando nenhum tipo de julgamento moral 
e preconceito diante dos comportamentos da adolescente nem 
a forçando a mostrar as cicatrizes que tinha, o que possibilitou 
que Ana falasse sobre si e sobre o que estava acontecendo em 
sua vida .
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 26
 
Proposição 7
Qual a diferença entre uma abordagem agressiva e uma 
abordagem acolhedora? Tem diferença? 
?
Feedback positivo: 
Ao utilizar o acolhimento e a escuta qualificada, você ajuda-
rá a proporcionar um início de intervenção sensível e que 
possibilita outras entradas de ajuda . Com isso, será possível 
a entrada de outros profissionais e de equipes multidiscipli-
nares, assim como ações com as famílias e comunidade . 
Feedback orientador: 
Há muita diferença . Estamos chamando de abordagem 
agressiva a abordagem feita de forma ríspida, que muitas 
vezes envolve toque no corpo do adolescente que está 
passando pela situação, gritos, conclusões precipitadas e 
preconceituosas (“adolescente só faz isso para chamar a 
atenção”, “suicídio é um ato de fraqueza”) e resposta sem o 
conhecimento do que está acontecendo . Geralmente, essas 
posturas acontecem na frente de outras pessoas . Quem está 
na situação de sofrimento é exposta, ficando mais vulnerá-
vel ainda . Outra forma equivocada de abordagem é a que 
tenta naturalizar e/ou minimizar o sofrimento . A pessoa que 
faz essa abordagem acha que o adolescente “é assim mes-
mo, cheio de crise e frescura”, “não quer saber de nada”, “so-
fre por qualquer motivo”, “brigou com a namoradinha e 
agora está aí sofrendo” . Isso faz com que o adolescente se 
torne mais arredio, acuado, recusando qualquer possibili-
dade de fala e ajuda . Estamos chamando de abordagem 
sensível e acolhedora aquela que quer de verdade saber 
o que está acontecendo . A pessoa interrompe o que ela 
estiver fazendo para escutar, saber do que se trata do pró-
prio adolescente, sem responder pelo outro e sem trazer 
frases prontas e preconceituosas sobre a adolescência, 
automutilação e pensamentos suicidas . Só conseguimos 
abordar de maneira acolhedora quando queremos saber 
do adolescente o que ele tem para dizer . Só assim é pos-
sível que ele se abra, sinta-se seguro para dizer o que está 
acontecendo, o que tem feito e o que tem pensado . 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 27
 Esse diálogo nos leva a refletir sobre algumas caracte-
rísticas que sugerem intenção suicida já em estágio avançado 
presentes em situações em que os jovens vivenciam sofrimento 
psíquico (BOTEGA, 2023):
- Comunicação prévia de que irá se matar;
- Mensagem ou carta de adeus;
- Providências finais antes do ato, isto é, organizar algumas 
coisas da vida, como doar pertences;
- Planejamento detalhado, ou seja, já pensou em como fazer 
e em quando e tomou precauções para que o ato não seja 
descoberto;
- Não ter pessoas por perto que possam socorrer;
- Não procurar ajuda logo após a tentativa de suicídio;
- Método violento ou uso de substâncias psicoativas;
- Acreditar que a forma como planejou se matar seja irreversí-
vel e letal, ou seja, que vai levar à morte;
- Afirmação clara de que quer morrer;
- Desapontamento por ter sobrevivido .
 
 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 28
 Ao identificar algum desses sinais, é necessário entrar em 
contato com a família e reforçar o apoio . É importante avisar ao 
adolescente que esse contato será feito . Além disso, é importan-
te ajudar o adolescente a refletir sobre quando ocorre o desejo 
de se matar ou de se autoagredir, isto é, em que momentos ge-
ralmente esse desejo acontece, porque, ao identificar situações 
que desencadeiam esse desejo, o adolescente pode buscar 
ações para se colocar em segurança . Para tanto, sugere-se a ela-
boração de um plano de segurança . Você pode encontrar um 
modelo desse plano no material desenvolvido por Franzin, Reis 
e Neufeld (2017) .
Proposição 8
Você já tinha ouvido falar em plano de segurança? En-
tende como ele funciona? 
?
Feedback positivo: 
O plano de segurança é uma estratégia que a pessoa pode 
usar em um momento de crise, quando não consegue pen-
sar com clareza . Como dito anteriormente, a ideação suicida 
pode ocorrer de maneira planejada ou de maneira impulsi-
va, exigindo nosso cuidado antes mesmo de ela acontecer . 
Por isso, a identificação dos sinais de mudança de compor-
tamento dos jovens e as intervenções preventivas são es-
senciais para minimizar o sofrimento psíquico e diminuir as 
possibilidades de automutilação e suicídio . 
Feedback orientador: 
É preciso descobrir atividades que acalmem o adolescen-
te, pois o que funciona para um pode não funcionar para o 
outro. Por exemplo, uma pessoa pode se distrair e ficarmais 
calma ao brincar com o cachorro da família e outra pode se 
estabilizar fazendo uma atividade física, diminuindo a ativa-
ção corporal por meio de respiração calmante ou resfriando 
o rosto com o uso de gelo ou água gelada . Assim, é impor-
tante testar essas possibilidades em momentos de crises 
mais leves de forma a ver o que realmente funciona . Além 
disso, o adolescente pode recorrer ao Pode Falar ou ao CVV 
em um momento fora da crise para já saber como funcionam 
e se sentir mais tranquilo e à vontade para recorrer a eles no 
momento de crise . Uma pessoa que atende ao adolescente 
sozinha no momento da crise pode se sentir sobrecarrega-
da . Assim, é bom que o adolescente tenha mais de uma pes-
soa a quem recorrer . Isso aumenta a chance de que ele seja 
acolhido de maneira adequada . 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 29
 No caso de Ana, a motivação principal que levou ao di-
álogo da adolescente com a coordenadora Letícia foi a auto-
mutilação . A fala sobre os pensamentos de morte e as ideações 
suicidas vieram depois . Cabe destacar, como já falamos anterior-
mente, que a pessoa que se automutila não quer acabar com a 
própria vida, mas usar essa ação para aliviar alguma dor emo-
cional ou desconforto ou para impactar, de alguma maneira, o 
ambiente ao seu redor, seja para obter atenção e apoio nas re-
des sociais, seja para sentir-se pertencente a um grupo que tem 
a mesma prática . Contudo, no caso de Ana, há um agravamento 
contínuo dos comportamentos de risco, já que, além das auto-
mutilações, ela apresenta também pensamentos de morte e von-
tade de morrer .
 Assim, Aratangy (2017) pontua que, de forma semelhante 
ao que acontece nos casos de ideação e tentativa de suicídio, 
na automutilação, em geral, há um transtorno mental, bem como 
outros fatores de risco. Ao identificar que o adolescente está se 
cortando, o autor sugere que a pessoa comece a conversa so-
bre automutilação de forma respeitosa e sem julgamentos . Você 
pode iniciar com falas como: “Estou preocupado/a com você e 
gostaria de ajudá-lo/a”; “Estou preocupado/a com você”; “Tenho 
visto cicatrizes em seus braços e pensei se você não estaria pro-
vocando esses ferimentos”; “Se eu estiver certo/a, gostaria que 
você soubesse que pode falar sobre isso comigo”; “Se você não 
quiser falar para mim, eu espero que encontre alguém em quem 
confie para conversar” (ARATANGY, 2017, p. 39).
 As seguintes perguntas podem ser feitas:
• Machucar-se faz com que você se sinta melhor?
• Que tipo de situação ou coisas fazem você pensar em se ma-
chucar?
• Quando você começou esse comportamento? Sabe dizer 
por quê?
• Quais motivos, nessa época, fizeram você considerar a possi-
bilidade de fazer a automutilação?
• Qual a função da automutilação em sua vida atualmente?
• Em quais regiões do seu corpo você costuma se machucar?
• Que objetos você geralmente usa para fazer essas lesões?
• O que você faz para cuidar de seus ferimentos?
• Alguma vez você se machucou mais gravemente do que pla-
nejava?
• Seus ferimentos já infeccionaram?
• Você já procurou ajuda médica por causa de seus ferimen-
tos?
 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 30
 A automutilação pode ser vista como uma dificuldade em 
regular emoções intensas, isto é, é a forma que o adolescente 
encontrou para lidar com a dor . Aratangy (2017) nos dá algumas 
dicas sobre como auxiliar o adolescente em um desses momen-
tos, especialmente quando ele sente o desejo de se automutilar . 
Essas dicas têm o objetivo de aplacar a crise temporariamente, 
até que os cuidados de longo prazo possam ser acionados, por-
que é preciso intervir naquilo que está na base da automutilação, 
conforme visto anteriormente nos fatores de risco para a automu-
tilação . Portanto, as ações a seguir visam tão somente amenizar 
o desejo e o impulso de se machucar enquanto uma intervenção 
mais global e especializada não é iniciada (ARATANGY, 2017, p . 
44-45):
• “Escrever na própria pele com caneta (estímulo tátil sem cau-
sar danos à pele);
• Esfregar borracha nos locais em que costuma se machucar 
(estímulo tátil sem causar danos à pele);
• Segurar uma pedra de gelo ou esfregá-la nas áreas em que 
costuma se machucar (estímulo físico e desconforto, sem 
causar danos à pele);
• Escrever, desenhar ou pintar, quando o adolescente gosta 
dessas atividades;
• Procurar alguém para conversar;
• Andar descalço sobre cascalho ou provocar outros estímulos 
que não lesem a pele;
• Cuidar de animal de estimação, cozinhar, ler, ouvir música, 
tocar instrumento;
• Praticar atividade física;
• Escrever pensamentos e sentimentos em um diário .”
 Ao serem identificados, na escola, muitos casos de ado-
lescentes que se cortam ou que têm ideação suicida, é possível 
se inspirar no projeto do Centro Educacional Gesner Teixeira, es-
cola pública na Cidade Nova DVO, no Gama, a 42 km do centro 
de Brasília, conforme noticiado na mídia . Mediante pedido de 
ajuda de uma estudante, a escola se propôs a fazer uma ação . 
A adolescente convidou para ação amigas e outras pessoas co-
nhecidas da escola que ela sabia que se cortavam ou que tinham 
ideação suicida . Foram desenvolvidas: rodas de conversas, ini-
cialmente direcionadas para os estudantes com depressão, que 
se autolesionavam e que tinham ideação suicida, e posterior-
mente ampliadas para outros temas em saúde mental, como os 
casos de bulimia, anorexia, timidez . Também envolveu os familia-
res que se dispuseram a participar . 
Saiba mais
Para saber um pouco mais sobre o projeto no 
Gama, acesse este link ou clique no ícone ao lado .
clique e
acesse
https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/
https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/ 
https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/
https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 31
 Em associação com a secretaria de saúde, a escola tam-
bém ofereceu reiki, meditação e automassagem . Além da parce-
ria com a secretaria de saúde, é possível também buscar apoio 
em diferentes instituições do seu território, como escolas, univer-
sidades, organizações não governamentais (ONGs), empresas, 
movimentos sociais, entre outras . Dessa forma, é possível que 
você identifique, no território, pessoas que podem acompanhar 
as rodas de conversas e desenvolver oficinas de teatro, dança, 
expressão corporal, entre outras .
Automutilação, ideação e tentativa de suicídio podem fazer com 
que a família leve o jovem nessa situação para serviços de saúde 
mental, embora a crise possa também acontecer na escola ou 
em outros lugares . No caso de Ana, a crise começou em casa, 
mas a mãe não percebeu . Foi na escola que a crise de Ana teve o 
ápice . Na experiência mencionada anteriormente, também foi na 
escola que a adolescente recebeu ajuda . Dessa forma, a seguir, 
serão dadas algumas dicas de o que fazer diante de um adoles-
cente em crise .
Proposição 9
Como podemos propor ações preventivas e interventivas 
em espaços ocupados pelas crianças e adolescentes?
?
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
É fundamental que os espaços de convívio das crianças e 
dos adolescentes estejam atentos ao comportamento deles . 
Além disso, promover ações que abordem temas como a au-
tomutilação e o suicídio pode ajudar o jovem a dizer o que 
está sentindo ou a contarque está percebendo comporta-
mento atípico em um colega . Os jovens vão perceber que 
podem falar sobre o assunto sem tabu e sem medo .
As escolas, as comunidades e os locais que lidam com as 
crianças e os jovens podem oferecer palestras e rodas de 
conversas, chamar pessoas que sabem sobre o assunto 
para abrir uma roda de perguntas e dúvidas e chamar a co-
munidade para conversar e falar sobre o tema .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 32
“Pode falar!” – vamos falar sobre isso? 
 Muitos elementos do plano de segurança foram trabalha-
dos com Ana pela coordenadora Letícia: ela falou sobre o CVV, le-
vantou possibilidades de ações que a adolescente poderia fazer 
para regular as emoções decorrentes da crise e analisou com Ana 
os motivos para viver . Letícia percebeu que Ana precisava falar e 
ouviu com toda a atenção e carinho possível. Às vezes, as pesso-
as só precisam falar, só precisam ser ouvidas . Percebendo isso, a 
coordenadora pedagógica indicou para Ana o canal Pode Falar . 
Esse canal é uma iniciativa que surgiu com a proposta de oferecer 
escuta acolhedora a adolescentes e jovens que precisam falar so-
bre seus sentimentos, mas não confiam em outras pessoas para 
isso, têm medo do que vão ouvir e não querem se expor .
 Muitas vezes, o jovem não consegue reconhecer uma 
pessoa do seu círculo social em que possa confiar para com-
partilhar seu sofrimento . Em outras situações, as pessoas não 
expressam seus sentimentos por terem medo de julgamentos . 
A fala permite ao ser humano expressar suas percepções sobre 
si mesmo e/ou sobre o que está a sua volta . Os sentimentos tra-
duzem as percepções do que acontece com o corpo enquanto 
uma emoção ocorre . A palavra sentir, etimologicamente, traduz 
essa ideia de dar sentido a algo que ocorreu ou ocorre no corpo 
(SOUZA et al ., 2020) . 
 O curta animado da ALIKE: https://www .youtube .com/
watch?v=K4Foovfdb-E&t=3s, que permite várias reflexões sobre 
a educação e o trabalho, também nos possibilita refletir sobre a 
importância das emoções, as diferentes formas de se expressar 
e sobre quanto é importante estarmos atentos aos sinais que o 
corpo e a mente podem expressar quando não estamos bem . 
O canal Pode Falar, então, surge com a proposta de ouvir o que 
os adolescentes e jovens estão sentindo em razão das suas per-
cepções e permite que todos os usuários desse serviço se ex-
pressem sem medo e se sintam seguros e confiantes para desa-
bafar . Isso é possível porque o adolescente pode escolher não 
se identificar, ou seja, muitas vezes, a pessoa que realiza a escu-
ta não sabe sequer a cidade ou o estado de onde o jovem fala . 
Além disso, não há a garantia de que a mesma pessoa atenda o 
jovem caso ele ligue mais de uma vez .
 O atendimento do canal conta com um grupo de volun-
tários e está disponível 24 horas por dia por meio de chat . Caso 
o adolescente sinta a necessidade de falar mais especificamente 
sobre o seu sofrimento, ele pode ser encaminhado para um pro-
fissional especializado em saúde mental. O Pode Falar tornou-se 
um programa durante a pandemia, em 2020 . O atendimento in-
dividual funciona em regime de plantão e conta com muitos e 
importantes parceiros . As mesmas instituições realizam a super-
visão técnica de suas respectivas equipes . Existe um cronogra-
ma com todos os horários, e essa iniciativa está sendo abraçada 
por diferentes universidades públicas . É importante ressaltar que 
não é um atendimento psicológico, mas todos os atendentes 
estão preparados, pois recebem treinamentos sobre diferentes 
temas em saúde mental . Você pode saber mais sobre o projeto 
clicando no link: https://www .podefalar .org .br/ .
https://www.youtube.com/watch?v=K4Foovfdb-E&t=3s
https://www.youtube.com/watch?v=K4Foovfdb-E&t=3s
https://www.podefalar.org.br/
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 33
O acolhimento e a escuta: 
aliados do vínculo
 Para intervir, é fundamental adotar uma postura aberta, 
empática e de interesse genuíno por aquilo que o jovem fala . No 
entanto, é comum ouvirmos as pessoas dizendo coisas do tipo: 
“No meu tempo não era assim!” ou “Na minha época não tinha 
essas frescuras não” . Esse tipo de abordagem mostra que, aos 
olhos da sociedade, a juventude é uma “geração perdida”, ro-
tulando, muitas vezes, os adolescentes de hoje como “sem ju-
ízo”, “manipuladores” e “inconsequentes” . Além disso, quando 
um adolescente aparece com uma queixa ou mostra algo grave 
que tem acontecido com ele, como Ana, que estava se cortan-
do e tendo pensamentos de morte, é muito comum as pessoas 
dizerem: “o que fazer com isso?”, “isso é manipulação”, “vamos 
internar”, “não tenho técnica ou conhecimento para saber o que 
fazer”, “isso é muito grave . . . Se essa pessoa se matar, como que 
eu fico?”
 Bom, quando estamos pensando na perspectiva dos 
profissionais que lidam com adolescentes, logo pensamos que 
eles estão capacitados para lidar com essas situações, o que in-
clui conhecer tanto os aspectos éticos e legais dos atendimentos 
como métodos para lidar com uma urgência, com uma crise . No 
entanto, muitas vezes, não é isso que acontece, por isso muitos 
profissionais, inclusive da área da saúde, encaminham crianças 
e adolescentes que estão em crise para os espaços específicos 
de atendimento em serviços especializados, considerando que 
apenas esses espaços são responsáveis por esse acolhimento e 
intervenção . Além disso, essas questões não vão surgir apenas 
em locais “especializados” ou da saúde, mas em locais e na pre-
sença de pessoas que lidam com os adolescentes em sua rotina, 
como familiares, colegas, amigos, no ambiente escolar, nas redes 
sociais, entre outros, e isso pode acontecer de formas variadas . O 
vínculo ou a relação de proximidade com a criança e com o ado-
lescente – falaremos sobre isso mais adiante – possibilitam o sur-
gimento de demandas veladas, sobre as quais eles só conversam 
se houver vínculo com o outro que escuta (GUIMARÃES, 2022) .
O atendimento de crianças, adolescentes e jovens, então, não 
deve ser visto como prioridade do médico ou psicólogo . Não 
mesmo! Todos podemos contribuir com a melhora de alguém 
que sofre, e muitas vezes temos ferramentas potentes que nem 
imaginamos . Apesar de a grande maioria dos atendimentos às 
crianças e adolescentes ser feita por psicólogos, psiquiatras e/
ou pediatras, alguns atendimentos considerados menos graves 
são realizados, por exemplo, pelas escolas, centros comunitá-
rios, ONGs e, ainda, pelos serviços da Atenção Primária, como as 
Unidades Básicas de Saúde (UBS) (ESSWEIN et al ., 2021) . 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 34
Proposição 10
Você sabia que a forma de acolher e de escutar quem 
está em sofrimento psíquico pode ajudar muito mais do 
que se imagina? 
?
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
A forma como acolhemos o sofrimento do outro e como es-
cutamos (sem julgamento) pode ajudar muito as pessoas 
com sofrimento psíquico . O fato de você se propor a ouvir 
e compreender a dor alheia pode fazer toda a diferença, e 
essa sensibilidade não se restringe apenas aos profissionais 
de saúde . Lembre-se de que alguns atendimentos consi-
derados menos graves podem ser realizados nas escolas, 
centros comunitários e ONGs ou, ainda, pelos serviços da 
Atenção Primária, como as Unidades Básicas de Saúde .
O Ministério da Saúde lançou, em 2009, a cartilha Humaniza 
SUS com o objetivo de orientar as pessoas sobre maneiras 
de cuidar utilizando tecnologias simples e acessíveis a to-
dos . Operando com o princípio da transversalidade, o Hu-
manizaSUS lança mão de ferramentas e dispositivos para 
consolidar redes, vínculos e a corresponsabilização entre 
usuários, trabalhadores e gestores . Ao direcionar estratégias 
e métodos de articulação de ações, saberes e sujeitos, po-
de-se efetivamente potencializar a garantia da atenção inte-
gral, resolutiva e humanizada (BRASIL, 2009) . 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 35
 Além disso, Silva et al . (2019) pontuam que o sofrimento 
psíquico pode ser causado por diferentes fatores, como a rela-
ção consigo mesmo, com a família, com a escola ou com outras 
instituições sociais, e, nesse sentido, é necessário buscar a pro-
moção, prevenção e atenção em saúde mental . Precisamos es-
tar preparados para ajudar quem precisa, para acolher e cuidar 
desses jovens que estão em risco devido a ideações suicidas, 
tentativas de suicídio e automutilações, que ficam evidentes nas 
marcas expostas pelo corpo, sugerindo um pedido de socorro . 
Quando nos damos conta desse sofrimento, o que é possível fa-
zer? Quando estamos com um adolescente em crise, podemos 
(FRANZIN et al ., 2017):
- Tranquilizar o adolescente, dizendo que ele está seguro e que 
estamos ali para ouvi-lo . É possível dizer: “Eu imagino que aconte-
ceu algo muito ruim que te deixou assim . Estou aqui para te ajudar . 
Você pode me dizer o que está acontecendo para que eu possa te 
ajudar? Você pode confiar em mim”;
- Levá-lo para um lugar confortável, calmo e seguro, porém que 
não seja isolado; sem objetos que o adolescente possa usar para 
se machucar ou para machucar outras pessoas (tanto objetos que 
podem perfurar, como que podem ser jogados) . Pode-se pergun-
tar ao adolescente se ele se sente confortável no local;
- Conversar com ele com tom de voz suave, mantendo certa distân-
cia para que ele não se sinta intimidado;
- Ficar sempre de frente para ele, deixar as mãos visíveis e manter 
movimentos tranquilos;
 
- Perguntar sobre pensamentos e emoções . Por exemplo: “Como 
você está se sentindo diante disso que está acontecendo?”; “Você 
sente mais alguma coisa?”; “E o que você pensa disso tudo?”; “O 
que você gostaria que acontecesse?”; “Como você gostaria que as 
coisas ficassem?”. Diante do problema, se possível, pensar com ele 
em possíveis soluções, se ele estiver mais calmo;
- Demonstrar empatia com o sofrimento . Por exemplo: “É natural se 
sentir assim . Parece que está sendo muito difícil passar por tudo 
isso”; “Vejo que você está sofrendo/triste/com medo” .
 No caso de Ana, quando Letícia, a coordenadora peda-
gógica da escola, ouviu o relato de Mara, mãe de Mônica (colega 
de sala de Ana), que falou sobre os comportamentos de se cortar 
de Ana, ela se preocupou e foi conversar com a mãe de Ana e 
com a própria Ana . Ela usou, nesse momento, dois recursos mui-
to valiosos: o acolhimento e a escuta .
 Acolher tem vários significados: aceitar, dar ouvidos, dar 
crédito, admitir, receber, agasalhar, entre outros, e pode ser visto 
como ato ou efeito de aproximação, de “estar com” ou “estar per-
to de” (CUNHA, 2014) . Pensar no acolhimento dessa forma per-
mite-nos pensá-lo como uma ação que difere de apenas cumprir 
um protocolo ou técnica quando alguém chega a um serviço 
solicitando alguma ajuda, sendo o conceito de triagem o mais 
apropriado nesse contexto, e às vezes as pessoas o confundem 
com o de acolhimento . Enquanto a triagem segue um formulário 
e um protocolo, cumprindo objetivos específicos e criando uma 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 36
barreira entre quem busca o serviço e quem o atende, o acolhi-
mento possibilita uma escuta acolhedora, cuidadosa e atenta ao 
que a pessoa que chega está dizendo (RODRIGUES; MARTINS; 
AMARAL, 2022) . 
 Um exemplo de acolhimento que difere de triagem, ou 
primeiro atendimento burocratizado e protocolar, acontece em 
um ambulatório chamado Janela da Escuta (http://janeladaes-
cuta.org/, disponível em 11 out. 2022), que funciona no Hospital 
das Clínicas em Belo Horizonte – Minas Gerais . O acolhimento 
no projeto tem como pergunta orientadora “o que o outro tem a 
dizer?” . A metodologia de trabalho é construída de acordo com a 
demanda do adolescente que chega: “a ausência de protocolos 
requer prontidão, interlocução e reflexão da equipe, em tempo 
hábil, o que levou a denominar este tipo de acolhimento de ‘aco-
lhimento vivo’” (RODRIGUES; MARTINS; AMARAL, 2022, p . 114) .
 A partir do acolhimento vivo, acontece a construção e a 
articulação do caso com a rede de suporte disponível no território 
de origem do adolescente, envolvendo profissionais da educa-
ção, assistência social e saúde que trabalham ou já trabalharam 
com o jovem e/ou sua família, bem como outros atores . O con-
ceito de articulação traz para a cena todas as pessoas que po-
dem se envolver no caso, diferentemente de pensar em apenas 
encaminhar a criança e o adolescente para outra área ou setor, 
como as especialidades médicas, passando a responsabilidade 
do atendimento para outro serviço sem ao menos saber do que 
se trata, ou sem fazer uma interlocução com outros profissionais.
http://janeladaescuta.org/
http://janeladaescuta.org/
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 37
Proposição 11
Sabia que o conceito de articulação e de cuidado em 
rede considera todas as pessoas e serviços que podem 
contribuir com o cuidado? Você sabe como realizar o 
cuidado em rede?
? Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Muitas vezes, vemo-nos diante de casos de sofrimento psí-
quico intenso em crianças e adolescentes que geram gran-
de preocupação . Compartilhar nossas angústias com outros 
atores e profissionais que atuam com os jovens é essencial 
para uma melhor compreensão do caso e para planejamen-
to das nossas intervenções . O cuidado em rede nos lembra 
de que não estamos sozinhos e que podemos partilhar nos-
sas preocupações e anseios com outros profissionais e po-
tencializar o alcance de nossas ações . 
O trabalho em rede transcende nomear serviços e pessoas . 
Significa juntar-se a todas as outras pessoas e serviços exis-
tentes no território que poderão complementar o cuidado 
e ajudar na melhora do sofrimento psíquico das crianças e 
adolescentes, cada qual com o seu conhecimento, tecno-
logia e, principalmente, interesse e disponibilidade . Em ou-
tras palavras, fazer um trabalho em rede não é encaminhar 
a criança e/ou adolescente para outros serviços ou espe-
cialidades nem simplesmente se propor a escutar e ajudar . 
Significa unir forças e conhecimentos que possam colabo-
rar para a melhora na qualidade de vida dessas crianças e 
adolescentes .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 38
 A escuta qualificada é, então, uma ferramenta que toda 
pessoa pode desenvolver e não é uma exclusividade do médi-
co, nem do psicólogo, nem de qualquer outro profissional. Toda 
pessoa pode ouvir atentamente e com interesse alguém que 
muitas vezes está precisando falar . Maynart et al . (2014) esclare-
cem que a escuta qualificada é uma ferramenta leve que envolve 
o diálogo, o vínculo e o acolhimento, favorece a compreensão 
do sofrimento psíquico considerando a própria pessoa, valori-
za as experiências e atenta para suas necessidades e diferentes 
aspectos que compõem seu cotidiano . Nesse caminho, Santos 
(2019) assinala que a escuta qualificada se constitui em uma fer-
ramenta capaz de revolucionar a lógica tradicional do cuidado 
em saúde mental no âmbito da Atenção Primária . 
 Em um primeiro momento, podemos achar queisso é 
fácil ou que todos fazem isso de alguma forma, mas não! Até 
pouco tempo, quando alguém falava que não estava bem, que 
estava triste, que não queria mais viver ou tivesse algum com-
portamento diferente do que a sociedade impõe como sendo o 
certo, esse alguém era colocado nos lugares que tratavam essas 
pessoas como “loucas” . Nesses lugares, conhecidos como ma-
nicômios, as pessoas não eram ouvidas, não podiam falar, nem 
mesmo com os profissionais. Hoje, temos os espaços de trata-
mento, que têm uma lógica completamente diferente da época 
dos manicômios . São espaços mais humanizados, que acolhem 
e escutam as pessoas que sofrem . 
 Após vários movimentos que buscaram por direitos da po-
pulação, como a Constituição de 1988, a reforma sanitária, a refor-
ma psiquiátrica e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o 
cuidado das crianças e adolescentes também foi se expandindo . 
A escola, por exemplo, é um lugar de protagonismo na vida de 
crianças e adolescentes e pode realizar importantes projetos no 
cuidado à saúde mental dessa população . Cid et al . (2019) refor-
çam que a escola é um dos principais contextos da vida de crian-
ças e adolescentes na atualidade, tendo, assim, um caráter psicos-
social relevante que deve ser assumido e explorado .
 As crianças e adolescentes percebem a escola como um 
ambiente de convivência, de manifestação de vínculos afetivos, 
comunitários e de relações sociais (SOUZA; PANÚNCIO-PINTO; 
FIORATI, 2019) . O ambiente escolar propicia condições de ob-
servação e acompanhamento do desenvolvimento das crianças, 
bem como o acompanhamento da sua saúde física e mental (FI-
GUEREDO; ABREU; SOUZA, 2021) . A escola é uma das institui-
ções que podem despertar a curiosidade por coisas novas e por 
projetos de vida . Assim como as UBS, a escola pode contar com 
todos os profissionais que fazem parte da equipe de cuidadores, 
desde o porteiro até o diretor .
 Nesse sentido, a escola pode inserir no Projeto Pedagó-
gico ações que promovam e previnam o sofrimento psíquico . 
Também pode criar parcerias e projetos com outros setores e dis-
ponibilizar atividades que agradem as crianças e os adolescen-
tes, assim como espaços que ofereçam às crianças, adolescen-
tes e jovens a oportunidade de expressar seus sentimentos sem 
terem medo . Aliás, é importante que os educadores incluam os 
estudantes no planejamento e desenvolvimento dessas ações, 
sendo essa uma potente parceria. Enfim... todos nós podemos 
ajudar! Todos podemos desenvolver atitudes, como o acolhi-
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 39
mento e a escuta qualificada, que podem salvar vidas. Ampliar 
o cuidado é uma forma de cuidar . Expusemos alguns serviços 
que estão próximos à população e com grande potencial de rea-
lizar o cuidado, a escuta qualificada e a clínica ampliada. Quando 
acolhemos alguém que busca o cuidado para o seu sofrimento, 
estamos garantindo que todos os serviços pratiquem o acesso 
aos direitos das pessoas . Quando assumimos a função de 
acolher, escutar, ampliar as possibilidades de cuidado, estamos 
promovendo saúde, prevenindo sofrimentos e cuidando de 
quem precisa . 
Proposição 12
A escuta é muito mais potente do que se possa imaginar! 
Quanto uma simples escuta pode ajudar? 
?
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
O fato de você demonstrar interesse em ouvir pode contri-
buir para a criação do vínculo, da confiança e do respeito. 
Não se trata de uma simples escuta, mas dar oportunidade 
a quem precisa de ajuda de se sentir à vontade para expor 
seus sentimentos, conflitos, medos, dores e outras emoções 
que lhe provocam dor . 
A escuta qualificada tem potencial terapêutico quando rea-
lizada e contribui para a melhoria da atenção centrada na 
pessoa com transtorno mental . Podemos permitir que a pes-
soa se expresse e consiga verbalizar seu sofrimento, que se 
sinta segura e confiante durante sua fala. Podemos fazê-la 
perceber que seus problemas podem ser solucionados ou, 
ao menos, pormenorizados . O falar é terapêutico e contribui 
para a melhora da dor emocional .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 40
 A escuta qualificada, quando compreensiva, paciente 
e acolhedora, tem um grande potencial para ajudar a prevenir, 
tratar ou diminuir sofrimentos que apresentam indicadores que 
podem ser considerados “normais”, “complicados” ou como 
“casos graves” . A partir do momento que você passa a ouvir a 
pessoa com atenção, carinho, respeito e sem julgamento, você 
tem grande chance de criar um vínculo na relação, que faz toda 
a diferença. Por meio da escuta qualificada é possível construir 
um vínculo na relação de quem está falando com quem está 
ouvindo . Por meio da escuta é possível ouvir o ser humano para 
além de suas palavras . A pessoa passa a ser ouvida também por 
seus gestos, emoções etc . 
 
 Maynart et al . (2014) comentam que, a partir do momento 
que se realiza uma escuta qualificada, é possível perceber a sen-
sibilidade do ser humano e os resultados diretos no seu tratamen-
to . O acolhimento e a escuta ao adolescente têm suas particulari-
dades e peculiaridades . Ao acolher e escutar os jovens, a pessoa 
deve percebê-los como um todo e, mesmo quando procurada 
pelo adoecimento – no caso de Ana, por algo grave e com risco 
–, deve saber que, para além dos comportamentos que causam 
uma estranheza e aflição que podem fazer a pessoa se perguntar 
“o que vou fazer com isso?”, existe uma pessoa com história e ex-
periências e todas as questões que a vida pode provocar .
 Como você já pode deduzir, posturas preconceituosas e 
autoritárias, como as de Marli, provocam um distanciamento dos 
jovens, como aconteceu com Ana . Ela tenta se afastar para que 
Marli nem mesmo consiga tocar nela. Outro fator que pode difi-
cultar a criação do vínculo com o adolescente é a falta de privaci-
dade . Não haver no local um espaço privado para falar de si, de 
suas questões, pode levar o jovem a se esquivar completamente . 
A reação da diretora Marli não é diferente da de outras muitas 
pessoas. Geralmente, os profissionais que atendem as pessoas 
que tentam cometer suicídio carregam consigo alguns precon-
ceitos ou não são preparados para o acolhimento, fatores que 
atrapalham o atendimento das pessoas com sofrimento psíquico . 
Vidal e Gontijo (2013) descrevem que nem sempre as equipes 
aproveitam a oportunidade para acolher as pessoas que tentam 
o suicídio, seja pelas características do serviço de emergência, 
seja por despreparo e dificuldade para lidar com pacientes com 
ideação suicida, e, como consequência, os jovens percebem 
esse comportamento dos profissionais de forma negativa, levan-
do a respostas negativas quanto ao cuidado oferecido . 
 Letícia, a coordenadora pedagógica da escola, desem-
penhou muito bem sua escuta: ela conseguiu criar condições 
Fonte: Pixabay
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 41
para que Ana pudesse desabafar, conversar e abrir seu coração 
contando sobre os seus sentimentos e aquilo que estava lhe cau-
sando dor . Em nenhum momento a coordenadora julgou, brigou 
ou diminuiu o sofrimento de Ana . Pelo contrário, durante a escuta, 
nem mesmo quis apresentar uma saída rápida e imediata do tipo 
“não fique assim”, “deixa disso”. Ao contrário, Letícia conseguiu 
perceber quais eram os indicadores que poderiam levar Ana a 
pensar em desistir de viver . Além disso, pediu que Arlete, mãe de 
Ana, e Marli, a diretora, as deixassem a sós, dando privacidade 
para que Ana pudesse dizer o que a afligia. “Quando a escuta é 
permeada de liberdade de expressão,torna-se decisiva para o 
tratamento” (MAYNART et al ., 2014, p . 303) . 
 A escuta acolhedora fortalece os laços vinculares . A pes-
soa em sofrimento consegue expressar seu sofrimento, suas an-
gústias, suas necessidades, seus medos, suas dúvidas e seus 
afetos . Com relação à saúde mental, proporciona a sensação de 
alívio e contribui para a elaboração de estratégias para resolução 
dos conflitos (MAYNART et al., 2014; SANTOS, 2019). Uma escuta 
aberta e sincera pode ajudar a identificar os indicadores de sofri-
mento que podem levar a pessoa a atentar contra a própria vida 
por estar sofrendo . É preciso estar disponível para ouvir o ado-
lescente e o jovem por estarem em uma fase peculiar do desen-
volvimento, como apontado no módulo 1, e ações que ajudem 
a se sentirem seguros e acolhidos podem prevenir ou diminuir o 
sofrimento .
 Além da escuta qualificada, a coordenadora Letícia de-
monstra uma comunicação não violenta (CNV), isto é, um jeito de 
conversar com as pessoas buscando compreendê-las e desen-
volver colaboração . A CNV envolve expressar “como eu estou”, 
sem culpar ou criticar . Ela também engloba receber, de forma 
empática, “como você está”, sem recriminar ou criticar . Ela se 
constitui de quatro componentes: 
1 . Observações: o que eu vejo e ouço que contribui ou não para 
o meu bem-estar . Em vez de interpretações, busco descrever o 
que vi ou ouvi; 
2 . Sentimentos: como me sinto em relação ao que observo; 
3 . Necessidades: o que eu preciso ou o que é importante pra 
mim; 
4 . Ações concretas que eu gostaria que ocorressem, isto é, 
como eu gostaria que você agisse (ROSENBERG, 2006) . 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 42
O vídeo Comunicação não violenta: o que é, benefícios e 
como praticar ilustra os principais elementos da CNV . Está 
disponível em: https://www .youtube .com/watch?v=uofE9C-
nWDYU . A seguir, apresentamos alguns exemplos de como 
se comunicar usando a CNV:
“Filha, tenho percebido que você anda mais quieta, tem 
conversado menos e passado mais tempo no quarto” – 
OBSERVAÇÃO .
“Eu fico com medo de estar acontecendo algo ruim com 
você que esteja te afastando” – SENTIMENTOS .
“Eu gostaria de saber o que está acontecendo com 
você, como eu posso participar mais da sua vida e te 
ajudar, se for o caso” – NECESSIDADES .
“Eu gostaria que você conversasse mais comigo, falas-
se sobre o seu dia e ficasse mais perto de mim quando 
estou em casa” – AÇÕES ESPERADAS .
 
“Mãe, eu tenho reparado que, quando começo a falar 
coisas do meu dia ou sobre como estou me sentindo, 
você me ouve um pouco e logo começa a fazer algu-
ma coisa, como olhar no celular ou arrumar a louça” 
– OBSERVAÇÃO .
“Eu me sinto triste e que não sou importante para 
você” – SENTIMENTOS .
“Eu gostaria que você me ouvisse com atenção e se 
importasse com o que acontece comigo” – NECESSI-
DADES .
“Seria muito bom ter um momento só nosso em que 
eu teria a certeza de que você está ali para me ouvir” – 
AÇÕES ESPERADAS .
https://www.youtube.com/watch?v=uofE9CnWDYU
https://www.youtube.com/watch?v=uofE9CnWDYU
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 43
 Outro elemento que favorece a comunicação e diminui 
conflitos é a empatia. Ela pode ser dividida em duas formas: em-
patia cognitiva e empatia afetiva . 
 A empatia cognitiva envolve distanciar-se do calor da dis-
cussão e considerar a perspectiva do outro, isto é, pensar sobre 
os motivos que podem levar a outra pessoa a se sentir de uma 
determinada maneira, por exemplo: um pai proíbe o filho de ir a 
uma festa a que a maioria dos amigos da escola vai . Empatia cog-
nitiva seria o adolescente refletir sobre os motivos pelos quais o 
pai disse não: medo de que o filho use drogas, dificuldade para 
buscá-lo no final da festa, véspera de um dia de prova etc. Por 
outro lado, o pai poderia buscar compreender por que aquela 
festa é importante para o filho: a maioria dos amigos estará lá, 
sentir que o pai confia nele, encontrar a pessoa que está queren-
do namorar etc . A empatia cognitiva pode reduzir o comporta-
mento negativo, promover a escuta e ajudar as pessoas a alcan-
çarem resultados benéficos para ambos os lados. Também inibe 
a escalada agressiva (falar mais alto, gritar, jogar coisas etc .) em 
resposta à provocação e aumenta a sensibilidade interpessoal . 
 Por sua vez, a empatia afetiva envolve uma orientação 
para a resposta emocional da outra pessoa, ou seja, identificar o 
que a outra pessoa está sentindo e conectar-se com essa emo-
ção . Por exemplo, uma pessoa que gosta muito de cachorros 
pode se sentir muito triste se o cachorro da família morrer . Uma 
pessoa que nunca teve um animal de estimação pode não com-
preender o tamanho da tristeza, porque pode pensar que é só 
adotar ou comprar outro . Empatia emocional é, independente-
mente de eu entender ou não o porquê de a outra pessoa estar 
sentindo alguma emoção, estar ao lado dela, dando apoio, sem 
julgá-la, apenas acolhendo e mostrando que estou disponível 
caso ela precise (VAN LISSA; HAWK; MEEUS, 2017) .
 Esses exemplos nos fazem compreender que a empatia 
pode ser desenvolvida e que, além de trabalhar essa habilida-
de com os adolescentes, podemos envolver os pais, visto que, 
muitas vezes, eles demonstram dificuldade em ouvir o ponto de 
vista dos filhos. Dessa maneira, diminuir-se-iam as sensações de 
desamparo e solidão vivenciadas pelos jovens, que tendem a se 
relacionar a comportamentos autolesivos e ideação suicida . Se 
o diálogo, por meio da escuta empática e CNV, acalmou o ado-
lescente, sugere-se pedir autorização a ele para chamar os pais 
para explicar o que está acontecendo ou, ao menos, dizer que o 
adolescente precisa de ajuda . Em seguida, é importante realizar 
o encaminhamento para o local apropriado, conforme a dificul-
dade (Unidade de Pronto Atendimento – UPA, Unidade Básica de 
Saúde – UBS, hospitais, Centro de Atenção Psicossocial Infanto-
juvenil – CAPSi, avaliação com psiquiatra, indicação para psico-
terapia, entre outros) .
Saiba mais
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melhorar as habilidades de mães e pais, das auto-
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 44
 No caso de Ana, Mônica (colega que havia se aproxi-
mado de Ana mais recentemente) foi fundamental para que a 
adolescente recebesse assistência . A amiga foi sensível diante 
da crise de Ana, acolhendo a dor dela, esperando que se acal-
masse, mantendo-se ali ouvindo o choro e demonstrando apoio 
afetivo . Depois que Ana se acalmou um pouco, Mônica se mos-
trou disponível para ouvi-la . No entanto, Mônica não sabia muito 
o que fazer e contou para a mãe, que entrou em contato com 
a escola . Ter acionado a escola tornou possível que a coorde-
nadora pudesse não só ajudar Ana, mas pensar em ações que 
abrangessem mais adolescentes em sofrimento . O cuidado na 
fala, o respeito, o afeto e a disposição em ajudar tanto de Mônica 
como de Letícia foram fundamentais para que Ana recebesse o 
cuidado de que precisava . Veja que até mesmo as crianças e os 
adolescentes podem ser parceiros importantes no cuidado da 
saúde mental dos colegas e amigos que frequentamos mesmos 
espaços sociais, como a escola .
 Também é importante estar atento aos riscos existentes 
no discurso do adolescente e/ou jovem . Se eles perceberem que 
não estão sendo julgados e que a pessoa que está ouvindo de-
monstra interesse, sentir-se-ão mais seguros para compartilhar 
informações importantíssimas sobre suas intenções . No contex-
to da escuta acolhedora, quem está falando se sente à vontade 
para dizer o que realmente está pensando e o que está sentindo, 
mesmo que seja algo que lhe cause receio, vergonha ou culpa . 
Do mesmo modo que escutar quem sofre pode ajudar no trata-
mento, uma escuta, quando atenciosa, pode também prevenir 
consequências de um sofrimento intenso . 
 
 A confiança foi tão bem estabelecida com Ana, que, 
quando Letícia a comunicou que precisaria fazer a notificação 
compulsória, a adolescente entendeu . A coordenadora explicou 
que não era apenas um preenchimento de formulário, mas que 
se tratava de um recurso muito importante. A notificação compul-
sória, além de ajudar a entender como estão ocorrendo as lesões 
durante o preenchimento, contribui também para a elaboração 
de estratégias de cuidado, pois quem ouve o relato durante o 
preenchimento da ficha tem acesso a muitas e importantes infor-
mações . 
Quanta informação! A coordenadora pedagógica 
só conseguiu identificar os indicadores e ganhar a 
confiança de Ana porque a escutou com paciência, 
interesse, calma e respeito. A escuta que Letícia ofe-
receu a Ana a ajudou a perceber seus sentimentos e suas 
emoções e a ajudou a identificar os riscos que estavam 
envolvidos naquele relato. Além de perceber os riscos, a 
escuta qualificada ajuda na criação do vínculo, da con-
fiança na relação. 
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 45
Proposição 13
Por que é tão importante conhecer e preencher a ficha 
de notificação compulsória de violência e/ou de auto-
lesão?
?
Feedback positivo: 
Feedback orientador: 
Conhecer e preencher a ficha de notificação compulsória e/
ou de autolesão possibilita que os órgãos competentes co-
nheçam a realidade de cada local e colabora para o monito-
ramento, controle e criação de políticas públicas . Preencher 
as fichas de notificação fará com que você contribua para a 
identificação de fenômenos que ocorrem em cada região. 
Identificar as características e a prevalência das ocorrências 
ajuda os órgãos responsáveis a identificar causas, idades, 
gênero, motivos e tantos outros fatores importantes ao re-
conhecimento das principais violências existentes, além de 
contribuir para o planejamento e execução de políticas públi-
cas que podem prevenir, promover e tratar esse sofrimento .
O Ministério da Saúde exige o preenchimento das fichas de 
notificação em caso de suspeita e/ou da constatação de vio-
lências . Esse procedimento contribui para o desenvolvimen-
to de ações que possam promover e cuidar das pessoas que 
estão em situação de risco e/ou sofreram algum tipo de vio-
lência . O Ministério da Saúde disponibiliza alguns telefones 
em caso de dúvidas . 
TELEFONES ÚTEIS: 
Disque-Saúde 0800 61 1997 
Central de Atendimento à Mulher 180 
Disque-Denúncia - Exploração sexual de crianças e adoles-
centes 100 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 46
 Em 2011, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria MS/
GM no 104, de 25 de janeiro (BRASIL, 2011) (https://bvsms .sau-
de .gov .br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011 .html, 
disponível em 11 out. 2022), estabeleceu a definição e relação 
de doenças, agravos e eventos em saúde pública que deveriam 
ser notificados obrigatoriamente e estabeleceu fluxo, critérios, 
responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de 
saúde. Letícia explicou para Ana que a notificação compulsória é 
a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, que é realiza-
da por profissionais ou responsáveis pelos estabelecimentos de 
saúde, públicos ou privados, sempre que há suspeita ou certeza 
de doença, agravo ou evento de saúde pública, e ressaltou que, 
no caso de crianças e adolescentes, a notificação é obrigatória. 
Esse documento pode ainda ajudar com informações e indicar 
riscos aos quais as pessoas estão expostas . 
 Durante a explicação, Letícia, de forma paciente e mi-
nuciosa, foi explicando para Ana sobre a atenção e o cuidado 
que temos que ter quando sabemos de pessoas que estão se 
automutilando ou pensando em suicídio . Por ser tão importante 
esse cuidado, outra Lei foi promulgada no ano de 2019, a Lei no 
13.819, de 26 de abril de 2019, que se refere especificamente à 
Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicí-
dio (BRASIL, 2019) . Você pode acessar o texto da lei logo a se-
guir (https://www .in .gov .br/web/dou/-/lei-n%C2%BA-13 .819-de-
-26-de-abril-de-2019-85673796, disponível em 11 out . 2022) . De 
modo geral, essa lei exige a notificação compulsória (obrigatória) 
dos casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovoca-
da (automutilação, tentativa de suicídio e suicídio consumado) 
pelos estabelecimentos públicos e privados de saúde e ensino . 
A lei determina ainda que, “nos casos que envolverem criança 
ou adolescente, o conselho tutelar deverá receber a notificação” 
(BRASIL, 2019) .
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html
https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n%C2%BA-13.819-de-26-de-abril-de-2019-85673796
https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n%C2%BA-13.819-de-26-de-abril-de-2019-85673796
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Compartilhando e ampliando 
o cuidado: a Clínica Ampliada, 
o Projeto Terapêutico Singular 
e o Apoio Matricial
 A clínica ampliada é uma das diretrizes da Política Nacio-
nal de Humanização (PNH) . Entre os principais objetivos da clíni-
ca ampliada está o de evitar formas de cuidado que restringem 
excessivamente algum conhecimento ou dimensão, como os 
aspectos biológicos . Ela busca promover a articulação dos sabe-
res envolvidos, considerando todos os aspectos que envolvem 
o ser humano: os biológicos, os individuais, a integralidade e a 
determinação social dos fenômenos da saúde e doença, ou seja, 
engloba o todo . Nesse caminho, propõe um cuidado alinhado 
entre a comunidade, os cuidadores e o ser humano que está sen-
do cuidado, garantindo seu papel ativo na construção e direcio-
namento do seu próprio tratamento (BRASIL, 2009) .
 Curvo et al . (2018) referem que a ampliação da clínica 
permite que os sujeitos que estabelecem a relação de cuidado, 
tanto os profissionais quanto os usuários dos serviços de saúde, 
sejam considerados como seres em processo, singulares, que se 
transformam nos encontros que estabelecem . Além do mais, aju-
da a integrar outros profissionais, serviços e pessoas que estão 
dispostos a acolher quem está em sofrimento, tornando-se, as-
sim, uma clínica ampliada e compartilhada . Dessa forma, todos 
os serviços e as pessoas do território da criança e do adolescen-
te podem compor essa nova proposta de cuidado . Para isso, é 
preciso estar aberto a acolher o sofrimento, a ouvir com interesse 
e a construir saídas coletivas . O cuidado passa a ser ampliado e 
compartilhado com todos os atores, como as famílias, os jovens, 
os educadores, as instituições, entre outros atores, que se cor-
responsabilizam pelo cuidado . O objetivo é buscar a ajuda em 
outros setores, assumindo os limites do conhecimento dos pro-
fissionais e das tecnologias por eles utilizadas (BRASIL, 2007).
 Vários serviços, profissionais e pessoas que compõem 
o território podemajudar, e muitas estão bem próximas a nós, 
como os serviços e as pessoas que compõem a Rede de Aten-
ção Psicossocial (RAPS) (descrita no módulo 4), de Educação, de 
Segurança Pública, de Assistência Social, além das lideranças 
comunitárias e até mesmo os jovens . Nessa direção, Sundfeld 
(2010) explica que a noção de território é fundamental para as 
ações de promoção de saúde, pois não se restringe a um espaço 
geográfico ou a uma área física delimitada. Em outras palavras, 
trata-se de um espaço habitado, marcado pela subjetividade hu-
mana, pelas relações afetivas, relações de pertencimento (SUN-
DFELD, 2010) . 
 A clínica ampliada promove, portanto, tanto a articulação 
e o diálogo entre diferentes saberes para a compreensão dos 
processos de saúde e adoecimento como a inclusão dos usuá-
rios como cidadãos participantes das condutas em saúde, inclu-
sive da elaboração de seu projeto terapêutico, e não desvaloriza 
nenhuma abordagem disciplinar . Ao contrário, busca integrar 
várias abordagens para possibilitar um manejo eficaz da comple-
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 48
xidade do trabalho em saúde, que é necessariamente transdisci-
plinar e, portanto, multiprofissional (BRASIL, 2009). Nesse viés, a 
clínica ampliada permite compartilhar e ampliar o cuidado e as 
possibilidades e integra serviços e pessoas visando à melhora 
na qualidade de vida de quem é cuidado . Propõe um cuidado 
focado na corresponsabilização de todos e engloba os diferen-
tes aspectos da pessoa que está sendo cuidada: “Clínica do su-
jeito: essa é a principal ampliação sugerida” (CAMPOS; AMARAL, 
2007, p . 852) . 
 Outra tecnologia importante no cuidado é o Projeto Tera-
pêutico Singular (PTS) (https://www .scielo .br/j/reben/a/BCtyHw-
C4h9TFqfNKVtfTKLw/?format=pdf&lang=pt, disponível em 11 
out . 2022), que pode ser entendido como uma estratégia de cui-
dado que articula e integra um conjunto de ações que resulta da 
construção em grupo de uma equipe multidisciplinar que obser-
va as necessidades e expectativas da pessoa ou da comunidade 
para a qual está sendo proposto (BRASIL, 2007) . O PTS envolve 
um conjunto de propostas e condutas terapêuticas articuladas 
para atender quem precisa de cuidado, família ou coletividade . 
Tem como objetivo elaborar estratégias de cuidado, contando 
com os recursos da equipe, do território, da família e do próprio 
sujeito, e envolve uma pactuação entre esses mesmos atores 
(HORI; NASCIMENTO, 2014) .
 Essa tecnologia coloca a pessoa que precisa de cuidado 
como protagonista das decisões dos encaminhamentos . Letícia 
conseguiu iniciar a elaboração do PTS junto com Ana quando 
perguntou do que gostava . Propôs adotar o cachorrinho, retor-
nar a fazer os vídeos no TikTok e retomar as amizades . Esse pro-
cesso é importante para que a pessoa que está recebendo o cui-
dado perceba que pode ter sua identidade de volta, que pode 
escolher fazer as coisas de que gosta e aos poucos ir incluindo 
outras atividades que ajudem no cuidado .
 O PTS é um conjunto de propostas de condutas terapêu-
ticas articuladas para um sujeito individual ou coletivo, resultado 
da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio 
matricial, se necessário (SILVA et al ., 2013) . Nessa direção, o 
Apoio Matricial é pensado como uma possibilidade de ampliar o 
cuidado, pois propõe um cuidado supervisionado sem anular ou 
excluir nenhum participante do contexto . Assim, o “apoio” passa 
a ser compreendido como uma tecnologia de gestão denomina-
da “apoio matricial”, que une o processo de trabalho em equipes 
de referência (BRASIL, 2009) .
 O apoio matricial (https://bvsms .saude .gov .br/bvs/publi-
cacoes/guia_pratico_matriciamento_saudemental .pdf, dispo-
nível em 11 out . 2022) amplia a rede de serviços substitutivos, 
colabora com as pessoas e diferentes lugares que disponibilizam 
o cuidado, ajuda a melhorar o andamento das ações que foram 
pensadas como propostas de atenção e contribui com o apren-
dizado de quem cuida, com o objetivo de ampliar o acesso e os 
cuidados em saúde mental (CONSELHO FEDERAL DE PSICO-
LOGIA, 2022) . Assim como as outras tecnologias disponíveis, o 
apoio matricial é o envolvimento de outros serviços do território 
no cuidado . Esse apoio técnico pode ser encontrado nos servi-
ços que realizam o atendimento e acompanhamento das pesso-
as em sofrimento mental. Os profissionais podem capacitar ou-
tros agentes e ampliar o acesso e os cuidados em saúde mental . 
https://www.scielo.br/j/reben/a/BCtyHwC4h9TFqfNKVtfTKLw/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/reben/a/BCtyHwC4h9TFqfNKVtfTKLw/?format=pdf&lang=pt
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_matriciamento_saudemental.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_matriciamento_saudemental.pdf
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 49
Além de capacitar, essa técnica também inova a forma de cuidar . 
Você pode solicitar apoio de profissionais dos serviços que reali-
zam o cuidado em saúde mental e incluir no projeto terapêutico 
singular atendimentos compartilhados . Além de facilitar o apren-
dizado, contribui para o cuidado do adolescente/jovem quando 
você perceber situações que vão gerar insegurança, quando 
não souber o que fazer . Algumas ações conjuntas podem incluir 
discussão do caso, leituras, análises de discursos, ações interse-
toriais, entre outras. Você pode pedir ajuda a outros profissionais 
para poder ajudar a pessoa que você está atendendo . Uma boa 
forma de começar é organizando um encontro, uma reunião para 
se conhecerem e conversarem sobre as situações vivenciadas 
no território (RIGOTTO; SACARDO, 2020) . Você pode saber um 
pouco mais sobre o assunto lendo a cartilha da PNH, disponível 
no link a seguir: https://bvsms .saude .gov .br/bvs/publicacoes/cli-
nica_ampliada_2ed .pdf
 É importante ressaltar que todas as tecnologias leves 
apresentadas até aqui compõem as diretrizes da Política de Hu-
manização do SUS, contudo precisamos alertar que muitas ve-
zes não são utilizadas e, quando isso ocorre, podem gerar certas 
dificuldades de acesso ao cuidado em saúde mental. Não esta-
mos querendo dizer com isso que não adianta tentar . NÃO! NÃO 
MESMO! Não se trata disso . O que estamos querendo é esclare-
cer ou mesmo subsidiar as suas ações no cuidado da criança e 
do adolescente caso você se depare com algumas dificuldades 
existentes no fluxo de funcionamento dos atendimentos em saú-
de mental . Geralmente, deparamo-nos com encaminhamentos 
permanentes. Às vezes, pode acontecer de a pessoa ser encami-
nhada de um lugar para o outro sem ter sua demanda atendida, o 
que realmente acontece . No entanto, o mais importante é apren-
der, é ter o conhecimento para que você possa saber o que fazer, 
e isso faz toda a diferença . 
 Lembre-se de que você tem em suas mãos fortes tecno-
logias que podem ajudar quem precisa . Não tenha medo! Ao 
utilizar o acolhimento, a escuta qualificada, a clínica ampliada, o 
projeto terapêutico singular e o apoio matricial, você se empode-
rará, ou seja, desenvolverá e aprimorará habilidades importantes 
para o cuidado de quem precisa . 
 Nesse sentido, o curta animado A Lua (disponível em: 
https://youtu .be/MJC9mYJfUPk) nos permite refletir sobre a pos-
sibilidade de realizar um trabalho em equipe em que cada um 
pode colaborar com a tecnologia que tem, de que se apropria, 
e, assim, todos são importantes no processo de cuidado; e nos 
ensina a perceber a importância da escuta quando a criança ou 
o adolescente têm algo a nos dizer, até mesmo nos ensinar . Por 
vezes, não escutamos o que as crianças e os adolescentes têm a 
nos dizer e acabamos ignorando o seu conhecimento, suasper-
cepções .
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf
https://youtu.be/MJC9mYJfUPk
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 50
O fortalecimento de vínculos: 
crianças, adolescentes, 
familiares e comunidade
 O momento da infância e da adolescência não afeta ape-
nas os indivíduos que estão passando por ele, mas também todo 
o entorno deles, pois afeta as pessoas que convivem diretamente 
com as crianças e os adolescentes, principalmente a família, e os 
locais que eles frequentam cotidianamente, em especial o pró-
prio território e as escolas. A infância e a adolescência dos filhos 
influenciam diretamente o funcionamento familiar, constituindo-
-se, portanto, processos que demandam um conhecimento do 
que pode estar acontecendo com aquela criança e adolescente 
naquele momento de vida para que a convivência não se torne 
o tempo todo difícil, conflituosa e dolorosa tanto para as crian-
ças e adolescentes quanto para seus familiares, já que “a família 
não é constituída pela simples soma de seus membros, mas um 
sistema formado pelo conjunto de relações interdependentes no 
qual a modificação de um elemento induz a do restante, transfor-
mando todo o sistema” (PRATA; SANTOS, 2007, p . 253) . 
 Assim, uma ferramenta importante, tanto no contexto fa-
miliar quanto em outros, é o diálogo . A escuta acolhedora pode 
contribuir para a diminuição de conflitos entre os jovens e os fa-
miliares e ajudar a esclarecer o que está acontecendo com al-
guns dos membros da família, em especial com a criança e com 
o adolescente que estão tendo comportamentos de risco . Entre-
tanto, é muito recorrente que, diante do sofrimento, os jovens, 
especialmente os adolescentes, recuem, silenciem-se e se fe-
chem em seu próprio mundo. A tendência a ficar mais fechados 
e reclusos e a busca de refúgio nos próprios pensamentos e nas 
redes sociais se fazem muito presentes, fazendo com que o di-
álogo com os familiares seja desafiador, mas ainda assim muito 
importante, “pois é justamente nesse período que eles mais ne-
cessitam da orientação e da compreensão dos pais, sendo que 
todo o legado que a família transmitiu aos mesmos desde a infân-
cia continua sendo relevante” (PRATA; SANTOS, 2007, p . 254) . 
 Além da família, conviver com pessoas da comunidade, 
ocupar os espaços de lazer e ter amizades é considerado saudá-
vel para todos nós . E claro que o diálogo também pode ocorrer 
nesses espaços de convívio, como a escola, que tem uma im-
portância significativa na vida de crianças e jovens. Assim, temos 
sempre que pensar, quando estamos acolhendo uma criança ou 
um adolescente, que ele não está sozinho, porque existem ou-
tras pessoas que se relacionam com ele .
 Dessa forma, cabe destacar que o acolhimento exclusi-
vo a crianças e a adolescentes se mostra insuficiente quando 
existem demandas que envolvem várias esferas, como a saúde 
mental, abuso sexual, violências, entre outros . No caso de Ana, 
foram fundamentais o acolhimento e a escuta de Arlete, sua mãe, 
uma mulher que também já havia sofrido e ainda sofria diversas 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 51
violências e não sabia lidar com a situação com a qual havia se 
deparado: os cortes e a vontade de morrer da filha. Como não se 
sentir culpada? Como saber lidar com tudo isso?
 Estamos falando dos cuidados relacionados às necessi-
dades psicossociais dos jovens . Assim, estamos compreenden-
do a adolescência como fenômeno sociocultural, cujas mani-
festações não são deslocadas das experiências dos jovens no 
território . Como já falamos, a escuta e o cuidado não se fazem 
deslocados dessa realidade . No caso de Ana e em tantos outros, 
é necessário um esforço para construir uma rede de cuidados 
com auxílio dos profissionais que atuam em seu território (na saú-
de, assistência, educação etc .), atendem em territórios próximos 
e podem contribuir para os cuidados da adolescente e de sua 
família . Essa rede de cuidados também é chamada de retaguar-
da, já que cria uma possibilidade de proteção da criança, do 
adolescente, assim como de sua família, dando apoio diante do 
sofrimento . E, cá entre nós: também nos sentimos mais seguros 
quando atuamos com outros profissionais, o que aumenta nosso 
potencial de ajuda .
 Sabe-se que crianças e adolescentes que convivem com 
mais proximidade e relação afetiva de cumplicidade e segurança 
com seus familiares e amigos têm menos chance de automutila-
ção e tentativas de suicídio . Muitos adolescentes que se cortam 
e têm pensamentos de querer morrer não concretizam o suicídio 
pelo medo de magoar pais, avós, irmãos, outros familiares e ami-
gos . Vínculos familiares e sociais fortes são fatores de proteção 
importantes para os jovens . 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 52
Proposição 14
Como a família e os vínculos sociais podem ajudar os 
jovens que se automutilam, que já tentaram tirar a pró-
pria vida ou que pensam em suicídio?
?
Feedback positivo: 
Feedback positivo: 
A família e os amigos próximos exercem um papel fundamen-
tal de suporte emocional quando um adolescente está pas-
sando por algum sofrimento, estresse ou tristeza profunda . 
Quando um adolescente tem vínculos fortes com sua famí-
lia e amigos e sabe que pode buscar conforto e apoio neles 
nos momentos difíceis, é mais fácil buscar (e receber) ajuda 
na busca de uma saída para o sofrimento . A esperança e a 
expectativa de possibilidades melhores, tendo alguém que 
aposta e confia em você ao seu lado, auxiliam na busca de 
soluções e na aderência de tratamentos . A simples expectati-
va ou a crença de que as coisas podem melhorar, muitas ve-
zes, pode auxiliar na busca de soluções para os problemas, 
impactando positivamente a vontade de viver .
Enquanto família, é importante ter interesse no que as crian-
ças e jovens estão fazendo nas escolas e com os amigos e 
saber quais são os tipos de interesse e os projetos de vida . 
Manter o vínculo exige interesse e envolvimento dos familia-
res com as crianças e os jovens. Isso não significa controle ou 
vigilância. É muito diferente. Significa compartilhar, demons-
trar interesse, ter curiosidade pelo novo, pelo que as crian-
ças e adolescentes sempre trazem de novo e que podemos 
aprender . É importante que os pais conheçam os amigos, 
saibam o que está acontecendo nas redes sociais e tenham 
confiança no que os jovens falam e contam sobre o que está 
acontecendo . Incentivar as potencialidades e não focar ou 
destacar os erros é fundamental para o desenvolvimento das 
crianças e jovens .
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 53
 Para esse fortalecimento de vínculos, existe o Serviço de 
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que está vin-
culado ao CRAS e é um serviço ofertado de forma complementar 
ao trabalho social que o território oferece para as famílias . É reali-
zado no Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias 
(PAIF) e no Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às 
Famílias e Indivíduos (PAEFI) . Entende-se que é fundamental for-
talecer a função protetiva da família, que é entendida como um 
lugar de cuidado, proteção, afetos, construção de identidades e 
vínculos relacionais e de pertencimento, mas sem perder de vis-
ta que ela pode também ser espaço de reprodução de desigual-
dades e de violência (CADERNO DE ORIENTAÇÕES, 2016) .
 Os termos “fortalecer”, “prevenir” e “promover”estão 
presentes nos objetivos e na própria descrição desses serviços, 
destacando o caráter preventivo e antecipatório a situações de 
riscos e vulnerabilidades desses serviços e tentando oferecer 
às famílias uma forma de atendimento que engloba todos os 
seus membros . Além da proteção, é importante reconhecer as 
potencialidades de cada família, com o intuito de “fortalecer os 
recursos disponíveis das famílias, suas formas de organização, 
participação social, sociabilidade e redes sociais de apoio, en-
tre outros, bem como dos territórios onde vivem” (CADERNO DE 
ORIENTAÇÕES, 2016, p . 12) .
 Visando concretizar seus objetivos, esses serviços pro-
põem atividades coletivas de cunho artístico, cultural, esportivo 
e de lazer, de forma a criar situações que estimulem os familiares 
e integrantes do território a construírem e reconstruírem suas his-
tórias e vivências individuais e coletivas, como:
Oficinas com Famílias: as oficinas com famílias têm por intuito 
suscitar reflexão sobre um tema de interesse das famílias, como 
vulnerabilidades e riscos ou potencialidades identificados no 
território, contribuindo para o alcance de aquisições, em espe-
cial o fortalecimento dos laços comunitários, o acesso a direitos, 
o protagonismo, a participação social e a prevenção de riscos . 
Ações Comunitárias: são ações de caráter coletivo voltadas 
para a dinamização das relações no território . Têm escopo maior 
que as oficinas com famílias por mobilizarem um número maior 
de participantes e terem a necessidade de agregar diferentes 
grupos do território a partir do estabelecimento de um objetivo 
comum (CADERNO DE ORIENTAÇÕES, 2016) .
 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 54
 Alguns fatores podem contribuir para tornar a família um 
espaço de proteção: 
- Ambiente de respeito mútuo e cultura de paz: respeitar as for-
mas de pensamento e opiniões diversas relacionadas a ideolo-
gias políticas, partidárias e religiosas;
- Vínculos fortalecidos: o empenho da família em ajudar a criança 
e o adolescente favorece o fortalecimento dos vínculos, mostran-
do para o sujeito em sofrimento que a família é um lugar de segu-
rança que lhe serve de apoio e amparo;
- Comunicação não violenta (CNV): precisamos dizer não para a 
violência, tanto física quanto verbal, com palavras agressivas;
- Ambiente participativo: é importante que todos os membros da 
família participem das decisões, inclusive as crianças e os ado-
lescentes . Isso possibilita o processo de “sentir-se pertencente 
àquele grupo”; 
- Momentos de partilha e escuta: o tempo dedicado à família é 
fundamental. Desligar a TV, o celular e outros meios que dificul-
tam esses momentos pode ajudar;
- Uso moderado das tecnologias: o uso excessivo de tecnologias 
pode indicar que algo está errado, principalmente se a pessoa 
fica muito inquieta caso não tenha acesso a ela ou se substitui as 
relações presenciais por interações virtuais .
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 55
Projetos de vida e outras 
estratégias positivas
 Projeto de vida e identidade caminham juntos e constro-
em-se mutuamente . O ideal é que esses projetos possam ser cons-
truídos desde a infância e se tornem mais robustos a partir da ado-
lescência em virtude de novas demandas do sujeito . Ao longo da 
vida, esses projetos são redimensionados e modificados para se 
adequarem à história individual e coletiva de cada um e às novas 
relações em grupo que surgem pela vida . Como pode ser pensa-
do um projeto de vida? Ele se organiza em torno de objetivos que 
são significativos, tanto para as pessoas quanto para o que elas 
percebem como necessário para o mundo em que vivem . Com 
isso, planejam e motivam ações, levando aquele que está desen-
volvendo o projeto de vida a tomar decisões, formular objetivos 
de curto prazo e se engajar nas atividades necessárias para sua 
concretização (ARAÚJO; ARANTES; PINHEIRO, 2020) .
 Os projetos de vida já estão sendo aplicados na área da 
educação, fazendo parte do projeto curricular das escolas em 
toda a educação básica, especialmente a partir das reformas 
recentes nas diretrizes curriculares. O desafio é trabalhar para 
construir o processo de autonomia e de desenvolvimento de 
identidade e motivações na vida das crianças e adolescentes .
 Um dos grandes desafios enfrentados nos últimos anos 
da adolescência envolve a descoberta e perspectiva da profis-
são, o que o adolescente almeja de futuro em termos profissio-
nais . Alguns jovens nem pensam em fazer faculdade, seja por-
que moram em uma cidade pequena que não tem universidade, 
seja porque acreditam que não vão passar no vestibular em uma 
instituição pública, seja ainda porque precisam trabalhar para 
ajudar a família financeiramente. A opção de um curso técnico 
também pode não ser viável, e a entrada no mercado de trabalho 
pode ocorrer muito cedo . Em termos de escola e comunidade, é 
importante que os jovens conheçam as oportunidades de que 
dispõem, por exemplo: muitas universidades públicas usam sis-
tema de cotas para ingresso e oferecem subsídio para inscrição 
no vestibular e bolsas que auxiliam na permanência do estudan-
te na universidade; e financiamentos estudantis para faculdades 
particulares . Há ainda a possibilidade de estudar em outros pa-
íses . Oferecer ao jovem possibilidades para além daquelas ime-
diatas que ele conhece é importante. Outros desafios atravessam 
a vida financeira, moradia, a forma de viver e com quem viver, e 
todas essas discussões podem acontecer durante o desenvolvi-
mento dos projetos de vida . 
 Outro importante desafio dessa fase do desenvolvimento 
é consolidar um senso de pertencimento, isto é, sentir que é acei-
to, que é parte de um grupo . Nem sempre isso ocorre na família, 
especialmente se as escolhas pessoais ou a identidade de gê-
nero destoam das expectativas dos pais. Também é um desafio 
encontrar um par romântico, constituindo-se como uma preocu-
pação muito importante nessa fase do desenvolvimento. Dificul-
dades nesses aspectos podem desencadear instabilidades nos 
adolescentes, como visto no caso de Ana, que se sentia só em 
casa e na escola e não se sentia atraente . 
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Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 56
 Além disso, é importante que aqueles que atuam com 
crianças e adolescentes os auxiliem na identificação de suas for-
ças e habilidades e os estimulem a usá-las nas tarefas do dia a dia . 
Você pode conhecer um pouco mais esse assunto no podcast/ví-
deo disponível a seguir (https://www .youtube .com/watch?v=j7u-
AbkZUzzE, disponível em 11 out . 2022) . Perguntas como as que 
estão a seguir nos ajudam a identificar as forças de assinatura e 
podem ajudar você no diálogo com os jovens (RASHID; SELIG-
MAN, 2019, p . 48):
“Do que você mais gosta? Descreva suas experiências mais pra-
zerosas”;
“Em que você é bom? Descreva as experiências que desperta-
ram o melhor em você”;
“Quais são suas aspirações para o futuro?”;
“O que faz com que um dia seja satisfatório para você?”;
“Que experiências lhe dão um sentimento de autenticidade?”;
“Descreva uma situação em que você se sentiu verdadeiramente 
você” .
 Note que essa é uma abordagem bastante diferente da-
quela que estamos habituados a vivenciar no nosso cotidiano, 
que enfatiza as fraquezas e as limitações dos jovens . Ao contrá-
rio, convidamos você a experimentar um novo fazer: limpar as 
suas lentes e estimular as qualidades e as virtudes dos jovens, 
disparando um processo que alguns autores chamam de flores-
cimento, isto é, o desenvolvimento máximo do nosso potencial . 
Segundo Rashid e Seligman (2019),esse processo está susten-
tado nos seguintes pilares, representados pela sigla PERMA:
P - (POSITIVE EMOTIONS) EMOÇÕES POSITIVAS
E - (ENGAGEMENT) ENGAJAMENTO
R - (RELATIONSHIP) RELACIONAMENTOS
M- (MEANING) SIGNIFICADO E PROPÓSITO
A - (ACCOMPLISHMENT) REALIZAÇÕES
https://www.youtube.com/watch?v=j7uAbkZUzzE
https://www.youtube.com/watch?v=j7uAbkZUzzE
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 Emoções positivas relacionadas ao passado envolvem 
serenidade, orgulho, contentamento, satisfação; relacionadas 
ao presente envolvem saborear, isto é, prestar atenção àquilo de 
positivo que está acontecendo e sentir-se grato; relacionadas ao 
futuro envolvem segurança, fé, confiança, esperança e otimismo. 
Emoções positivas estão relacionadas à satisfação nas relações, 
longevidade, resiliência, além de trazerem benefícios para a saú-
de física e mental . Podemos pensar em ações, atividades e pes-
soas que nos despertam emoções positivas e buscar que acon-
teçam com maior frequência (RASHID; SELIGMAN, 2019) .
 Engajamento está relacionado a se envolver, profun-
damente, com o trabalho, lazer ou relações íntimas . Geralmente 
nos engajamos em situações que podemos usar nossas forças 
de assinatura . Por exemplo, se a força de assinatura da pessoa 
envolve espiritualidade, uma situação de engajamento pode ser 
participar de um retiro . Se a força de assinatura é amor ou ge-
nerosidade, ações de voluntariado podem ativar o engajamento . 
Se a força de assinatura é amor ao conhecimento, fazer um cur-
so, uma palestra ou ler um livro pode trazer essa oportunidade 
(RASHID; SELIGMAN, 2019) .
 Relacionamentos positivos, seguros e confiáveis tra-
zem um senso de pertencimento, aumentam o bem-estar, prote-
gem-nos de psicopatologias e estão associados à longevidade 
(RASHID; SELIGMAN, 2019) . Em todas as fases da vida, desen-
volver relacionamentos positivos é importante, no entanto, na in-
fância e adolescência, quando começamos a nos relacionar com 
pessoas fora do contexto familiar, isso é ainda mais relevante . No 
caso de Ana, o afastamento de Karen e a perda do lazer associa-
do a essa amizade foram fatores cruciais para o desenvolvimento 
e manutenção do quadro depressivo da jovem . Por outro lado, 
a aproximação de Mônica foi fundamental para que Ana rece-
besse ajuda. Muitas vezes, os jovens têm dificuldades em fazer 
novos amigos, às vezes porque são tímidos, às vezes porque se 
sentem inadequados, sem as qualidades necessárias para que 
alguém goste deles . Pensar em lugares e atividades para que 
eles possam descobrir interesses em comum e estreitar laços au-
xilia nesse aspecto .
 Significado e propósito nos ajudam a nos recuperar de 
problemas difíceis, falta de esperança e de controle . Relacionam-
-se a pertencer e servir a algo que é maior que nós mesmos . A 
depressão está na contramão, isto é, geralmente quando uma 
pessoa está deprimida e com ideação suicida, é porque não tem 
esperança de que a vida poderá ser melhor . Victor Frankl foi um 
autor que discutiu bastante sobre senso de propósito . Em seu 
livro Em busca de sentido, comenta que percebia claramente 
quando os companheiros dos campos de concentração per-
diam o propósito de vida e se entregavam à morte . Poucos dias 
depois eles vinham a óbito (FRANKL, 2021).
Saiba mais
A importância do desenvolvimento de relações 
saudáveis é discutida no vídeo TED: estudo de 
Harvard sobre felicidade. O que faz uma boa 
vida?, disponível clicando no ícone ao lado . clique e
acesse
https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw
https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw.
https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw.
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 Além do modelo PERMA, Seligman também desenvol-
veu um modelo que avalia aspectos positivos da personalida-
de das pessoas (https://www .viacharacter .org/survey/account/
register?registerPageType=popup) . Pesquisando diversas cul-
turas, ele chegou a 24 forças de assinatura, distribuídas entre 6 
virtudes . No vídeo Quais são as 24 forças de caráter, é possível 
conhecer todas elas . No link a seguir (https://www .youtube .com/
watch?v=lCUa9hG7Qo0, disponível em 11 out . 2022), é possível 
que o adolescente faça um teste que foi validado empiricamente 
para conhecer as principais forças de caráter pessoais .
 Rashid e Seligman (2019) sugerem alguns exemplos que 
podem promover propósito e significado: identificar formas ino-
vadoras de aumentar a doação para pessoas que precisam; in-
vestir em pessoas, em talentos que podem promover mudanças 
positivas no mundo; envolver-se politicamente para defender 
uma causa social importante; tornar-se mentor de pessoas des-
favorecidas; contribuir para uma causa que possa trazer confor-
to aos necessitados . Algumas pessoas, inclusive jovens, podem 
nos inspirar com os seus sensos de propósito . Você pode conhe-
cer alguns exemplos nos vídeos disponíveis a seguir:
Malala Yousafzai – Mulheres Fantásticas 
#1 | Malala Yousafzai (https://www .youtu-
be .com/watch?v=aIUvH5b0A_8, disponí-
vel em 11 out . 2022)
Greta Thunberg – Discurso na íntegra de 
Greta Thunberg nas Nações Unidas (ht-
tps://www .youtube .com/watch?v=mbnR-
v81s_9Q, disponível em 11 out . 2022)
Uma atividade para compreender o senso de propósito de cada 
um é proposta por Rashid e Seligman (2019):
Pense antecipadamente na sua vida como gostaria que 
ela fosse e como você gostaria de ser lembrado pelas 
pessoas que lhe são mais próximas . Que realizações e/
ou forças pessoais elas mencionariam sobre você? O que 
você gostaria que fosse o seu legado? Quando terminar, 
leia o que escreveu e pergunte a si mesmo se você tem 
um plano para criar um legado que seja não só realista, 
mas também dentro de suas condições de realizar . Quan-
do terminar de escrever, deixe de lado essa folha e guar-
de-a em um lugar seguro . Leia novamente daqui a um ou 
cinco anos . Pergunte a si mesmo se você fez progresso 
em direção aos seus objetivos e revise-os (RASHID; SE-
LIGMAN, 2019, p . 257) .
 Realização envolve crescimento pessoal e interpesso-
al . Na medida em que usamos nossas forças de assinatura nas 
ações que desempenhamos, que descobrimos nosso senso de 
propósito e vamos em busca deles, temos a oportunidade de 
ampliar nosso senso de realização .
 Ana precisa aprender a gostar de si mesma . Para isso, 
precisa fazer as pazes com o corpo e o cabelo . O padrão branco 
de beleza faz com que aquelas pessoas que não se encaixam 
nele se sintam insatisfeitas com seus corpos e, em muitos casos, 
feias e inadequadas . É preciso mostrar outras formas de beleza, e 
a escola pode iniciar um projeto para empoderar as alunas, traba-
lhando a diversidade de diferentes maneiras, desde a diversida-
de estética, como os diferentes tipos de corpos e belezas, até a 
diversidade sexual, incluindo as identidades de gênero, a orien-
tação sexual, além da diversidade religiosa, entre outras . Assim, 
Greta Thunberg . Fonte: Wiki-
media Commons
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial deAdolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 59
fomenta-se o respeito e se minimiza a sensação de ser inferior ou 
defeituoso .
 Outra estratégia positiva é dar a oportunidade aos pais 
de conhecer as características da adolescência de maneira que 
possam diferenciá-las de características que indicam um pro-
blema real . Sentir-se aceito, amado e ouvido pela família é um 
importante fator de proteção . Em outras palavras, o acolhimento 
dos jovens e a escuta acolhedora são as principais ferramentas 
que todos nós podemos utilizar para promover o cuidado em 
saúde mental, antes, durante e após situações de crise, como as 
que vimos neste módulo .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 60
encerramento do módulo 
 Complexo, não é mesmo? Mas não se assuste! Ao contrá-
rio, a constatação da complexidade do cuidado da saúde mental 
das crianças e adolescentes deve nos convidar a pensar ações 
que envolvam o maior número de pessoas e saberes possível, 
considerando uma diversidade de práticas . Como vimos, embo-
ra não existam receitas prontas ou simples, a reflexão, o diálogo, 
o acolhimento e o planejamento de ações interdisciplinares são 
estratégias muito potentes e que podem ser colocadas em práti-
ca aí mesmo onde você atua .
 Trazer temas como suicídio e automutilação praticados 
por crianças e adolescentes demanda cuidado e ética, pois são 
temas delicados e emergenciais e, por isso, precisamos falar so-
bre eles, mas com o cuidado de não banalizar ou falar de maneira 
rasa e superficial. Outro cuidado importante é o de romper tan-
to com os estereótipos que dificultam o vínculo com os jovens 
como com as práticas de culpabilização e moralização, que só 
servem para nos distanciar desse público, aumentando ainda 
mais o sentimento de desamparo e o sofrimento . Então, nossa 
tentativa foi explorar, com base em dados estatísticos, como está 
a situação atual dos indicadores de suicídio no Brasil e trazer refe-
rências teóricas para colaborar na construção dos conhecimen-
tos deste módulo . A ideia não foi fazer uma receita de bolo, pois 
não há protocolos para o que é singular e cada caso irá apontar 
a direção do tratamento necessário, mas foi, pelo menos, traçar 
algumas diretrizes para o manejo de situações de crise . 
 Assim, você conheceu algumas ferramentas que estão 
em suas mãos e que são extremamente importantes para promo-
ver, prevenir e/ou cuidar da saúde mental de crianças, adoles-
centes e jovens . E lembre-se: a construção de ações em saúde 
mental não é exclusiva dos profissionais de saúde mental. Por 
isso, todas as pessoas que trabalham com crianças e jovens, in-
clusive você, desempenham um importante papel, sobretudo na 
identificação das necessidades desse público e, ainda, no aco-
lhimento e construção de vínculos, essenciais nos momentos de 
crise . Você é importante para o cuidado e tem condições de aju-
dar e cuidar de quem precisa . Não tenha dúvida disso!
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 61
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 65
minicurrículo dAs autorAs
Aline Henriques Reis
Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul (UFRGS) . Mestrado e graduação em Psicologia pela Uni-
versidade Federal de Uberlândia (UFU) . Especialização em Psi-
cologia Clínica na abordagem cognitivo-comportamental pela 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) . Formação em Terapia 
do Esquema pela Wainer e Picoloto Centro de Psicoterapia . Pro-
fessora Adjunta da Faculdade de Ciências Humanas da Universi-
dade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 66
minicurrículo dAs autorAs
Andréa Chicri Torga Matiassi
Graduação em Psicologia pela Fumec/BH/MG, Especialização 
em Saúde do Adolescente pela Faculdade de Medicina da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestre em Educa-
ção Tecnológica pelo CEFET/MG e Doutora em Educação pela 
Faculdade de Educação FAE/UFMG . Professora do curso de 
bacharelado em Psicologia na Faculdade Pitágoras . Psicóloga/
psicanalista em consultório particular e membro da equipe de 
coordenação do ambulatório Janela da Escuta – Hospital das 
Clínicas da UFMG .
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental 
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Cuidados psicossociais nas adolescências e juventudes 67
minicurrículo dAs autorAs
Silvia Segovia Araujo Freire
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Mato 
Grosso do Sul (UFMS) (2004) . Especialização em Dependência 
Química pela UNIDERP (2009) . Mestrado em Saúde e Desenvol-
vimento na Região Centro-Oeste pela Universidade Federal de 
Mato Grosso do Sul (2012) . Especialização em Processos Edu-
cacionais na Saúde EPES . Especialização com Ênfase em Tec-
nologias Educacionais Construtivas pelo Instituto Sírio-Libanês 
de Ensino e Pesquisa (2017) . Doutoranda do Programa de Pós-
-Graduação em Educação PPGEdu UFMS – Campo Grande-MS . 
Atualmente Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial Infan-
tojuvenil (CAPSi) de Corumbá-MS .
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material de apoio
Título do material
Escuta qualificada como ferramenta de humanização do cuidado em 
saúde mental na Atenção Básica 
Sinopse, resumo, contexto, referência
Santos, A. B. Escuta qualificada como ferramenta de humanização do 
cuidado em saúde mental na Atenção Básica . APS em Revista . Vol . 1, n . 2, 
p . 170/179| maio/julho-2019ISSN 2596-3317 –DOI 10 .14295/aps . v1i2 .23 . 
Contribuições do material para o estudo do tema
O artigo contribui para compreensão da humanização das práticas de 
promoção e prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação em saúde 
mental, e apresenta a importância da escuta no cuidado da pessoa com 
sofrimento .
Link https://apsemrevista .org/aps/article/view/23/22
Título do material Ficha de notificação compulsória 
Sinopse, resumo, contexto, referência
Contribuições do material para o estudo do tema O material orienta sobre a importância e os objetivos da notificação. 
Link http://portalsinan.saude.gov.br/notificacoes#
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https://apsemrevista.org/aps/article/view/23/22
http://portalsinan.saude.gov.br/notificacoes#
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material de apoio
Título do material Saúde mental de crianças e adolescentes no contexto escolar 
Sinopse, resumo, contexto, referência
FIGUEREDO, Alziane Evelyn dos Santos . ABREU, Regimara Simão de . 
SOUZA, Júlio César Pinto de . Saúde mental de crianças no contexto 
escolar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 
06, Ed . 08, Vol . 05, pp . 86-103 . Agosto de 2021 . ISSN: 2448-0959 . 
SILVA TEIXEIRA, C . M . F . A escola como espaço de prevenção ao suicídio 
de adolescentes – relato de experiência . Revista Inter Ação, Goiânia, v . 27, 
n . 1, p . 99–114, 2007 . DOI: 10 .5216/ia .v27i1 .1509 . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Os artigos apresentam que a escola é o espaço que pode identificar 
prejuízos ou sofrimento psíquico nas crianças e nos adolescentes, e 
o quanto a escola é um espaço potencializador de ações que podem 
prevenir, tratar e cuidar . 
Link
https://www .nucleodoconhecimento .com .br/psicologia/criancas-no-
-contexto
https://revistas .ufg .br/interacao/article/view/1509/1496
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https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/criancas-no-contexto
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/criancas-no-contexto
https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/1509/1496
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material de apoio
Título do material Pode Falar
Sinopse, resumo, contexto, referência
Contribuições do material para o estudo do tema
Esse Canal foi criado pensando em ajudar jovens que precisam ser 
ouvidos e não conseguem ou não querem se expressar facilmente 
com quem conhecem. Por ser gratuito e confidencial, os jovens podem 
acessá-lo e relatar o que estão sentindo e serem ouvidos sem qualquer 
julgamento .
Link https://www .podefalar .org .br/
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Título do material “Eu sou um fracasso”
Sinopse, resumo, contexto, referência
A letra da música revela a sensação de muitas adolescentes, de se sentir 
fracassada, de acreditar que está sempre errada (muitas vezes a família 
pode ser muito crítica, especialmente na adolescência quando a pessoa 
tende a se distanciar um pouco da família e se aproximar mais dos ami-
gos, compartilhando os valores deles) . A letra tambémtraz a ideia de se 
sentir incompreendida e revela alguns sinais de depressão . 
Contribuições do material para o estudo do tema
A música nos aproxima do universo adolescente, fala das angústias, do 
sofrimento . A mãe de Ana a trata de maneira distante, critica sobre ela 
não fazer algumas atividades domésticas, sobre o corpo (que está muito 
magra), sobre o tempo no celular, hora de dormir . “Tudo o que eu faço, 
parece errado”, como diz a música .
Link https://www .youtube .com/watch?v=Z3qzsaim-AA
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https://www.podefalar.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=Z3qzsaim-AA
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material de apoio
Título do material Música: “RAP – me sinto perdido/Nossos sentimentos 
Sinopse, resumo, contexto, referência
A música mostra a ambivalência entre o desejo de morrer: “Parece que 
estou perdido nesse mundo sem saída; onde a única opção é uma esco-
lha suicida” e o desejo de viver: “Fraco, debilitado, mas eu nunca desisti . 
A batalha só começou e nela eu vou insistir” e “E agradeça no final por 
você ainda viver . Você teve outra chance, então procure se erguer” .
Contribuições do material para o estudo do tema
Pode-se ver um paralelo em relação a um continuum de sofrimento . 
Comparada à música anterior, essa revela maior sofrimento e 
desesperança . A música explora as ambivalências vividas pelos 
adolescentes diante das emoções e da intensidade que o sofrimento 
pode atingir . Assim, revela a importância de oferecer intervenções 
adequadas e precoces para restaurar a esperança . É importante 
estarmos cientes de que a vida pode ser potencializada mesmo diante 
dos sofrimentos mais difíceis quando são oferecidas intervenções 
adequadas . 
Link https://www .youtube .com/watch?v=7yIlon_oGnI
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https://www.youtube.com/watch?v=7yIlon_oGnI
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material de apoio
Título do material
Filme: 
As vantagens de ser invisível . 
As melhores coisas do mundo 
Sinopse, resumo, contexto, referência
Sinopse “As vantagens de ser invisível”- Charlie (Logan Lerman) é um 
jovem que tem dificuldades para interagir em sua nova escola. Com os 
nervos à flor da pele, ele se sente deslocado no ambiente. Seu professor 
de literatura, no entanto, acredita nele e o vê como um gênio . Mas Charlie 
continua a pensar pouco de si . . . até o dia em que dois amigos, Patrick 
(Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), passam a andar com ele . 
Sinopse: “As melhores coisas do mundo” - Mano (Francisco Miguez) é 
um adolescente de 15 anos . Ele está aprendendo a tocar guitarra com 
Marcelo (Paulo Vilhena), pois deseja chamar a atenção de uma garota . 
Seus pais, Camila (Denise Fraga) e Horácio (Zé Carlos Machado), estão 
se separando, o que afeta tanto ele quanto seu irmão mais velho, Pedro 
(Fiuk). Sua melhor amiga e confidente é Carol (Gabriela Rocha), que está 
apaixonada pelo professor Artur (Caio Blat) . Em meio a estas situações, 
Mano precisa lidar com os colegas de escola em momentos de diversão 
e também sérios, típicos da adolescência nos dias atuais . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Ambos os filmes apresentam conteúdos sensíveis, mas necessários para 
pensarmos as questões dos adolescentes que precisam de cuidados . É 
importante pensarmos quais estratégias podem ser utilizadas diante da 
situação de dor emocional vivenciadas pelos adolescentes . 
Link
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material de apoio
Título do material “Um cachorro preto chamado depressão” 
Sinopse, resumo, contexto, referência
O vídeo se inspirou no livro de Matthew Johnstone chamado “Black 
Dog of Depression” . Baseada no livro, a Organização Mundial de Saúde 
(OMS), produziu a animação contando a história de um homem e sua 
relação com um cachorro preto, este como uma metáfora para a de-
pressão . No vídeo são ilustrados os sintomas do transtorno e algumas 
estratégias de intervenção . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Ana estava com depressão, que é um fator de risco tanto para 
automutilação como para ideação suicida . Assistir ao vídeo nos ajuda a 
conhecer os sintomas da doença e reconhecê-los quando eles surgem 
na gente ou em pessoas próximas a nós . Pode ser usado com pais para 
mostrar-lhes que não é “frescura”, que o adolescente não está daquela 
maneira “porque quer chamar a atenção”, como muitos pais acreditam . 
Link https://www .youtube .com/watch?v=6RIu4a7hdAA
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https://www.youtube.com/watch?v=6RIu4a7hdAA
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material de apoio
Título do material Reportagem sobre o Centro Educacional Gesner Teixeira (Gama-DF) 
Sinopse, resumo, contexto, referência
A reportagem fala sobre as ações que a escola desenvolveu para lidar 
com diversos casos de automutilação na escola . Inicialmente criaram 
uma terapia de roda, onde os adolescentes poderiam falar e ser ouvidos, 
sem serem julgados . Depois trouxeram outras práticas integrativas em 
saúde . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Assim como na reportagem, Ana se cortava também na escola . A 
primeira situação de cuidado também ocorreu nesse ambiente . Muitas 
vezes os pais, assim como a mãe de Ana, não percebem o sofrimento 
dos filhos. Ações como as da reportagem podem fornecer suporte aos 
jovens, diminuindo o sofrimento, ampliando o cuidado e resgatando os 
motivos para viver . 
Link
https://plenarinho .leg .br/index .php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-
-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/
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https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/
https://plenarinho.leg.br/index.php/2019/09/setembro-amarelo-escuta-e-acolhimento-mudam-rotina-de-uma-escola/
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material de apoio
Título do material Dr . Martin Seligman e a psicologia positiva 
Sinopse, resumo, contexto, referência
No vídeo um dos principais autores da psicologia positiva explica o que 
ela é . Por muito tempo a psicologia se direcionou a explicar o que fazia 
com que as pessoas desenvolvessem transtornos mentais, como depres-
são, por exemplo, e a fazer intervenções para diminuir os sintomas . No 
entanto, não estar deprimido (ou ansioso) não significa ter uma vida com 
significado e bem-estar. Então, esse movimento da psicologia se direcio-
nou a estudar sobre as pessoas felizes, isto é, como levavam a própria 
vida, o que faziam que pudesse dar pistas sobre a felicidade . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Todo o material deste módulo se refere a manejo de crise, isto é, o que 
fazer quando um adolescente está se lesionando ou com ideação ou 
tentativa de suicídio? Como prestar os primeiros socorros? Como abordá-
lo? Passada a crise, é importante fortalecer esse adolescente para que 
ele tenha recursos que o auxiliem a lidar com momentos de dificuldade 
posteriores . Assim, elementos da psicologia positiva podem ser inseridos 
no trabalho com os jovens . 
Link https://www .youtube .com/watch?v=j7uAbkZUzzE
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https://www.youtube.com/watch?v=j7uAbkZUzzE
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material de apoio
Título do material TED: estudo de Harvard sobre felicidade . O que faz uma boa vida?
Sinopse, resumo, contexto, referência
O vídeo revela os resultadosde uma grande e longa pesquisa realizada 
ao longo de décadas com os mesmos participantes . A pesquisa buscou 
saber o que fazia as pessoas terem mais tempo de vida, com saúde e 
bem-estar . Para tanto, tinha dois grupos de participantes: um deles era 
composto por estudantes de Harvard e outro por homens que viviam na 
periferia . Um dos resultados mais marcantes como preditor de saúde e 
bem-estar foi a importância do desenvolvimento de relações interpesso-
ais saudáveis . 
Contribuições do material para o estudo do tema
No caso de Ana, ver-se sozinha, sem a amiga com quem saía aos finais 
de semana, sem ninguém com quem estar no horário do recreio, em 
uma família em que não se sentia vista, ouvida e segura, foram fatores 
primordiais para o desenvolvimento e manutenção da depressão, 
automutilação e ideação suicida . Assim, após contida a crise, seria 
importante auxiliar Ana a desenvolver novas amizades, ampliando a rede 
de apoio, além de fortalecer a relação dela com a mãe . 
Link https://www .youtube .com/watch?v=d52BStMyOMw
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https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw
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material de apoio
Título do material
Malala Yousafzai - Mulheres Fantásticas #1 | Malala Yousafzai 
Greta Thunberg - Discurso na íntegra de Greta Thunberg nas Nações 
Unidas 
Sinopse, resumo, contexto, referência
Ambos os vídeos têm o intuito de demonstrar de que maneira adolescen-
tes podem descobrir e aplicar seu senso de propósito . Ambas as adoles-
centes dos vídeos mostraram bravura, perseverança, integridade, justiça, 
esperança, algumas das forças de assinatura . E mostraram como, desde 
a adolescência, podemos conhecer e aplicar as nossas forças . 
Contribuições do material para o estudo do tema
O vídeo pode ser o ponto de partida para inspirar Ana a descobrir quais 
são as suas forças e como aplicá-las no dia a dia . Passada a crise, é hora 
de iniciar o planejamento de um projeto de vida para Ana, reforçando 
aquilo de que ela já dispõe . 
Link
https://www .youtube .com/watch?v=aIUvH5b0A_8
https://www .youtube .com/watch?v=mbnRv81s_9Q
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https://www.youtube.com/watch?v=aIUvH5b0A_8
https://www.youtube.com/watch?v=mbnRv81s_9Q
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material de apoio
Título do material Quais são as 24 forças de caráter? 
Sinopse, resumo, contexto, referência
O vídeo apresenta as 24 forças de caráter que são ilustradas em algumas 
cenas do cotidiano . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Aprender quais são as 24 forças no cotidiano . Conhecer quais as 
principais forças de cada adolescente . 
Os temas trazidos pela psicologia positiva podem ser inseridos após a 
crise ter cessado, no momento em que está sendo construído o projeto 
de vida. O segundo vídeo traz uma aula que promove reflexões sobre 
como desenvolver as forças de caráter/assinatura .
Link
https://www .youtube .com/watch?v=lCUa9hG7Qo0
https://www.youtube.com/watch?v=6nFqtwFYnsI&t=1622s
Título do material Curta animado da ALIKE/ Escolhas da vida 
Sinopse, resumo, contexto, referência
O curta animado da ALIKE, também encontrado na internet com o título 
de Escolhas da vida, permite uma reflexão sobre a educação e o trabalho. 
Contribuiu para amplas discussões quanto às nossas escolhas e o impacto 
na nossa saúde mental. Além do mais, o vídeo possibilita a reflexão sobre 
a importância das emoções e as diferentes formas que o corpo e a mente 
podem expressar o sofrimento . Ao perder a cor e o encanto pela vida de-
vido à rotina maçante e impetuosa, a criança expressa sua dor emocional 
que foi percebida pelo seu pai ao se descolorir e não mais sorrir .
Contribuições do material para o estudo do tema
Compreender as diferentes formas que uma pessoa pode expressar 
que está em sofrimento psíquico e a importância de uma observação 
atenciosa . 
Link https://www.youtube.com/watch?v=K4Foovfdb-E&t=3s
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https://www.youtube.com/watch?v=lCUa9hG7Qo0
https://www.youtube.com/watch?v=6nFqtwFYnsI&t=1622s
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material de apoio
Título do material Curta animado A Lua da Disney Pixar 
Sinopse, resumo, contexto, referência
O curta animado nos permite fazer duas importantes reflexões: A primeira 
que todos podem colaborar com as tecnologias/ferramentas que pos-
suem, e juntos realizar um lindo trabalho . A segunda, é que muitas vezes 
não damos ouvidos às crianças e adolescentes, desconsideramos o que 
tem para nos dizer, e por vezes eles podem nos dizer ou ensinar, como 
o garoto no filme tentou por várias vezes fazer do jeito dele, mas não foi 
permitido . Por isso a importância de realizar um acolhimento e escuta 
qualificada. 
Contribuições do material para o estudo do tema
Link https://youtu .be/MJC9mYJfUPk
 
Título do material
COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA: O Que é, Benefícios e Como Praticar | 
Marshall Rosenberg 
Sinopse, resumo, contexto, referência
O vídeo apresenta um resumo animado sobre os conceitos básicos e 
princípios da Comunicação Não-violenta . 
Contribuições do material para o estudo do tema
Link https://www .youtube .com/watch?v=uofE9CnWDYU
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https://youtu.be/MJC9mYJfUPk
https://www.youtube.com/watch?v=uofE9CnWDYU
Realização
FIOCRUZ MATO GROSSO DO SUL
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