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Oncologia COMPLETO - MedResumos 2016

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MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA
1
 
www.medresumos.com.br
 
BASES DA ONCOLOGIA 
 
 A oncologia é a especialidade médica que estuda e trata do câncer, bem como a forma de comportamento 
patológico que esta entidade desenvolve no organismo, buscando entender a sua fisiopatologia e desenvolver métodos 
terapêuticos adequados para o seu tratamento. 
 Podemos dizer que o câncer é consequência de alterações moleculares que conferem à célula modificações em 
seu comportamento e resultam em alterações na fisiologia celular que, em última instância, são responsáveis pela 
biologia do câncer. 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE A CÉLULA NORMAL E A CÉLULA CANCEROSA 
 Quando as células extraídas de tumores são colocadas em cultura, elas apresentam um padrão de crescimento 
diferente das células extraídas de tecidos normais. Essa característica confere-lhes a condição de células 
transformadas, isto é, são células independentes de mecanismos de ancoragem, de fatores de crescimento e de inibição 
por contato. Ao proliferarem, sofrem mudanças na forma, reúnem-
um mínimo de nutrição. 
 As principais características da célula tumoral são: 
 Resistência à apoptose: a célula normal apresenta a capacidade de entrar em auto-destruição (apoptose) 
quando mecanismos vigilantes percebem erros irreversíveis em seu metabolismo molecular. Contudo, este 
mecanismo não acontece com as células tumorais. 
 Perda da inibição por contato: as células tumorais formam aglomerados celulares com empilhamento sem que 
haja a inibição de crescimento por contato com as demais células, fazendo com que o tecido base deste 
processo neoplásico perca, gradativamente, suas características iniciais. 
 Mudanças na proliferação: in vitro, células sobreviventes da senescência transformam-se; células transformadas 
malignas imortalizam-se (crescem em cultura indefinidamente). In vivo, ocorre o aumento da expressão de 
proteínas oncogênicas e, com isso, acontece a perda de expressão de produtos de genes supressores do tumor. 
 Mudanças citológicas: in vitro e in vivo, ocorre aumento no número e tamanho do núcleo, aumento de basofilia 
citoplasmática, aumento do raio núcleo/citoplasma. 
 Perda do controle do ciclo celular. 
 Alterações na membrana celular: alterações na composição de proteínas de superfície celular. 
 Alterações nos receptores de membrana para agentes que induzem à diferenciação celular. In vivo, ocorre um 
aumento na habilidade em induzir e sustentar a angiogênese. 
 Habilidade de escapar de respostas imunes antitumorais (mecanismo de escape tumoral). 
 
 
ONCOGÊNESE 
 O processo de desenvolvimento neoplásico pode ser dividido em três etapas: iniciação, promoção e progressão 
tumoral. Durante a iniciação, ocorrem modificações no genótipo da célula que a levam à imortalização. Na promoção, 
essa célula gera um clone com vantagens proliferativas que promoverão, enfim, a progressão tumoral. 
 Estágio de iniciação: É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito de um agente 
carcinogênico (agente oncoiniciador) que provoca modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células 
encontram-se geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. 
Exemplos de substâncias químicas carcinógenas: sulfato de dimetila, metilnitrossureia, cloreto de vinila, 
aflatoxinas, dimetilnitrosoamina e benzopireno. 
 Estágio de promoção: As células geneticamente alteradas sofrem o efeito dos agentes cancerígenos 
classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e 
gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente 
cancerígeno promotor. A suspensão do contato muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. 
 Estágio de progressão: É o terceiro e último estágio e caracteriza-se pela multiplicação descontrolada, sendo 
um processo irreversível. O câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações 
clínicas da doença. 
 
 O câncer é, portanto, um distúrbio genético caracterizado pela mutação de genes importantes para a síntese de 
proteínas e enzimas que estão ligadas ao processo de crescimento e maturação celular. De maneira geral, são 
necessárias múltiplas alterações genéticas para dar origem ao câncer. Estes distúrbios genéticos podem ser herdados 
geneticamente ou adquiridos por eventos do meio externo. 
Arlindo Ugulino Netto. 
ONCOLOGIA 2016 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
2 
 
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 Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados de carcinógenos. O fumo, 
por exemplo, é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da 
carcinogênese. 
 Oncogênese (tumorigênese ou carcinogênese) é um processo de múltiplos eventos, e cada evento reflete uma 
progressiva transformação da célula normal para a célula maligna, passando por uma série de estados pré-malignos. 
Para uma abordagem didática da oncogênese, tem-se que um câncer se forma a partir das alterações genéticas 
(mutações) dos genes que controlam a proliferação celular normal. Dentre os genes que podem sofrer alterações, 
destacam-se: 
 Oncogenes (genes promotores do crescimento ou protooncogenes): genes que codificam, por exemplo, 
fatores de crescimento que estimula seu próprio crescimento ou o crescimento de células vizinhas de uma forma 
ordenada. Uma vez alterado, o oncogene pode promover uma maior produção de fatores de crescimento ou um 
aumento na expressão de receptores destes fatores, promovendo uma aceleração do crescimento celular 
desordenado. Este crescimento acelerado predispõe a alterações de outros genes celulares, como o próprio 
gene que regula a síntese de DNA, promovendo, assim, mutações celulares. Além disso, quando mutados, 
esses genes inibem a apoptose celular. 
 Genes supressores de tumor: estão envolvidos na síntese de fatores que inibem o crescimento e a divisão 
celular em casos de falhas durante a replicação. Quando mutados, deixam de funcionar e a célula passa a se 
replicar e formar colônias cada vez mais defeituosas e pouco diferenciadas (isto é, mais diferentes do tecido de 
origem). 
 Genes de reparação: são genes que sintetizam proteínas ou enzimas que reparam os erros metabólicos da 
replicação, como os Genes que regulam a apoptose e os Genes envolvidos no reparo do DNA. 
 
 
CICLO CELULAR E CÂNCER 
 O ciclo celular pode ser definido como o conjunto de processos moleculares que uma célula eucariótica passa 
para crescer, duplicar seu material genético e se dividir. O feito mais importante desse ciclo é fazer com que todo o 
material genético da célula-mãe seja duplicado sem erros e, em seguida, igualmente dividido entre as células filhas. Para 
este feito, o ciclo celular dispõe de mecanismos de vigilância que incluem alguns dos genes relacionados com a 
oncogênese. 
 De um modo geral, o ciclo celular pode ser dividido basicamente em duas partes: a intérfase e a mitose. 
 Intérfase: período em que ocorre toda a preparação da célula para a divisão, incluindo-se a duplicação do DNA. 
Ela pode ser subdividida em três fases: G1, S (em que ocorre, de fato, a duplicação do DNA) e G2 e cada uma 
delas é muito bem regulada por enzimas denominadas quinases. 
 Mitose (fase M): consiste na divisão celular propriamente dita, que por sua vez também é dividida em prófase, 
metáfase, anáfase e telófase. 
 
 Podemos considerar também que as células normalmente permanecem em estado quiescente (também 
chamado de G0) até receberem um estímulo externo, como a ligação de um determinado fator de crescimento ao seu 
respectivo receptor de membrana celular, e assim iniciado o ciclo (fase G1). 
 O ciclo celular é marcado por específicos pontos de verificação cuja função é avaliar se determinados 
requisitos moleculares atendem a demanda necessária, tais como tamanho da célula, bateria enzimática, fatores de 
crescimento, DNA duplicado, etc. Por exemplo, é de crítica importância que a mitose nãoinicie até que a replicação do 
genoma esteja completada. Os principais pontos de verificação estão localizados nas seguintes etapas: 
 G1: mecanismos ativos nesta etapa verifica danos no próprio DNA e seu bloqueio é mediado por um gene 
danificado, estimulado a expressão do gene p21 que passa a inibir o ciclo celular e a replicação do DNA. 
 G2: nesta etapa, ocorre a prevenção da iniciação da mitose antes que o DNA seja completamente replicado. Sua 
operação, portanto, previne o início da fase M antes que a fase S esteja devidamente completa, de modo que a 
célula permaneça em G2 até que o genoma seja replicado totalmente. 
 Mitose: o ponto de verificação na fase M monitora o alinhamento dos cromossomos no fuso mitótico, 
assegurando que um conjunto completo de cromossomos seja distribuído com exatidão para as células filhas. 
 
 De maneira geral, o desenvolvimento e a progressão do câncer envolvem processos que evitam a diferenciação 
e previnem a quiescência celular, bem como aqueles que promovem a proliferação, permitindo assim a imortalização 
celular. Pelo menos uma das vias que restringem a reposta proliferativa em células normais está alterada na maioria dos 
tumores. 
 Um exemplo desse tipo de alteração são as mutações que ativam o gene Ras, que, entre outras funções, atua 
na via de transdução de sinal das MAP quinases. Outro tipo de mutação que desregula o crescimento celular 
compreende as alterações no ponto de controle final da fase G1, a fosforilação da proteína Rb. Defeitos nesta via, que 
podem ocorrer em todos os tipos de câncer, incluem deleções do próprio gene Rb e desregulação das CDKs, que 
fosforilam e funcionalmente inativam a proteína Rb (tanto pela superativação das CDKs quanto pela perda genética de 
seus inibidores). 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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OBS1: Alguns quimioterápicos antitumorais e até mesmo alguns tratamentos radioterápicos são capazes de agir em 
pontos específicos do ciclo celular. Daí a importância de conhecer as fases do ciclo celular bem como as drogas que 
agem nesses pontos específicos. No entanto, há tam -
fase do ciclo celular. 
OBS²: Os patologistas costumam classificar os tumores com relação ao seu grau de diferenciação: quanto menor o grau, 
mas bem diferenciado é o tumor (isto é, apresenta um aspecto morfológico mais próximo do tecido de origem e, 
portanto, apresenta melhor prognóstico); quanto maior o grau, menos diferenciado é o tumor (isto é, apresenta um 
aspecto morfológico que pouco ou nada lembra o tecido de origem, sendo de pior prognóstico). Em resumo, quanto mais 
indiferenciado o tumor, mais agressivo será e, portanto, pior seu prognóstico. 
 
 
NECROSE E APOPTOSE 
 Morte celular pode ser resultado de inúmeros danos, como isquemia, infecções, reações imunológicas, força 
mecânica e exposição a temperaturas extremas. Há dois mecanismos principais de morte celular: necrose e apoptose. 
 Necrose é uma resposta passiva a um dano que resulta em aumento do volume celular, das organelas e do 
núcleo, e perda da integridade da membrana, o que provoca ruptura da célula. A liberação do seu conteúdo para o meio 
extracelular gera uma resposta inflamatória local, com dano às células adjacentes. 
 Em contrapartida, a apoptose, ou morte celular programada, envolve ativação de um programa genético durante 
o qual a célula perde a viabilidade antes de perder a integridade da membrana, com ausência de resposta inflamatória. É 
um evento muito bem regulado que ocorre durante a embriogênese e em vários processos fisiológicos e patológicos. A 
carcinogênese está diretamente ligada à inativação da apoptose celular. 
 
 
PROCESSOS DE DISSEMINAÇÃO TUMORAL 
Os tumores, dependendo de suas características celulares e morfológicas, podem disseminar-se por diversas 
vias e alojarem-se em outros tecidos que não o de origem. A este processo, damos o nome de metástase que significa, 
em outras palavras, o desenvolvimento de uma segunda população tumoral a partir da primeira, mas sem uma conexão 
direta entre as duas. Ocorre quando um tumor primário localizado em uma dada região é submetido a uma proliferação 
celular neoplásica e ainda sofreria uma expansão clonal (as células se multiplicariam) e, decorrente disto, iria surgir um 
subclone que teria capacidade de invadir a membrana basal. Ocorrendo o rompimento desta membrana basal, as 
células neoplásicas migram através dos tecidos até alcançar as paredes dos vasos, invadindo-os e caindo na circulação 
onde sofrem ação de células do sistema imunitário. Sobrevivendo a ação das células imunológicas (por meio do 
mecanismo de escape tumoral), as células neoplásicas continuam migrando até chegar a um novo sítio de instalação. 
Para que o processo de metástase se estabeleça é necessária uma série de ações pelas células tumorais e pelo 
sangue. No local onde ocorre o extravasamento a distância, ocorre a liberação de fatores angiogênicos que promovem a 
nutrição do tumor e seu crescimento. Por isto é importante tratar o tumor o quanto antes, prevenindo o surgimento de um 
subclone metastático. 
A disseminação da população tumoral pode ocorrer por meio dos seguintes mecanismos: 
 Disseminação por contiguidade: ocorre quando o tumor localizado em um órgão alcança outra estrutura 
graças às relações anatômicas de proximidade entre os dois órgãos acometidos. Como por exemplo, um câncer 
de estomago pode facilmente disseminar-se por contiguidade para o baço ou intestino. 
 Disseminação linfática: é a principal via de disseminação dos carcinomas. Todos os órgãos apresentam uma 
cadeia ganglionar relacionada para onde a sua linfa será drenada em um primeiro plano. Um tumor invasivo que 
se origina em um determinado órgão, quando chega à via linfática, segue para o primeiro linfonodo da cadeia 
ganglionar. A expressão linfonodo sentinela
a receber a drenagem da linfa de um determinado órgão. Com isso, em casos de metástase, trata-se do primeiro 
linfonodo a receber a linfa do órgão que vai apresentar uma determinada neoplasia. 
 Disseminação hematogênica: é a via preferencial dos sarcomas, sendo o fígado (recebe a veia porta) e 
pulmões (sangue de todo o corpo) os principais órgãos de predileção. 
 Disseminação por esfoliação (por cavidades corporais): a metástase pode ocorrer por implantação pelas 
cavidades corporais (saco pericárdico, espaço pleural, cavidade peritoneal, etc.). A principal via de disseminação 
pelas cavidades corporais ocorre pela cavidade peritoneal (principalmente em tumores de ovário e apêndice). O 
ovário é um órgão que está livre dentro do próprio peritônio, daí que é facilmente disseminado. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO TUMORAL 
 O câncer é classificado de acordo com o tipo de célula normal que o originou, e não de acordo com os tecidos 
para os quais se espalhou. Isso é o que pode se chamar de classificação primária. Pelo que se sabe sobre classificação 
oma 
 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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 Carcinomas: São os tipos mais comuns de câncer, originando-se de células que revestem o corpo, incluindo a 
pele (ectodermais) e uma série de revestimentos internos (endodermais), como os da boca, garganta, brônquios, 
esôfago, estômago, intestino, bexiga, útero e ovários, e os revestimentos dos dutos mamários, próstata e 
pâncreas. Há também os carcinosarcomas, tumores geralmente de alta malignidade, derivados de dois tipos de 
tecidos embrionários e os teratomas, derivados de três tipos de tecidos embrionários. Em outras palavras, são 
tumores de células originadas a partir do ectoderma e do endoderma embrionário. Mestastizam mais comumente 
por via linfática (gânglios e, em segundo lugar, vísceras e ossos). 
 Sarcomas: Originam-se de tecidos de suporte em vez dos de revestimento, tais como ossos, tecido gorduroso, 
músculo e tecido fibroso de reforço, encontrados na maior parte do corpo. Portanto, diferentemente dos 
carcinomas, os sarcomas são tumores de células originadas a partir do mesoderma embrionário. Metastizam 
mais comumentepor via hematológica (direcionando-se para órgãos ricamente vascularizados, como pulmão, 
cérebro, fígado, rins, ossos, etc.). 
 Linfomas: Originam-se de células conhecidas como linfócitos, encontradas em todo o organismo, 
particularmente em glândulas linfáticas e sangue. Os linfomas são divididos em Hodgkin e não-Hodgkin, de 
acordo com o tipo de célula afetada. 
 Leucemia: Este câncer origina-se de células da medula óssea que produzem as células sanguíneas brancas. 
Na leucemia ocorre uma concentração muito elevada de glóbulos brancos (de cerca de 7,5.103/mm3 para 105-
106/mm3) causando problemas nos quais as células anormais não funcionam apropriadamente, além de 
restringirem o espaço da medula óssea para que novas células sejam produzidas. 
 Mielomas: Malignidades nas células plasmáticas da medula óssea que produzem os anticorpos. 
 Tumores das células germinativas: Desenvolvem-se a partir de células dos testículos e/ou dos ovários, 
responsáveis pela produção de esperma e óvulos. 
 Melanomas: Originam-se das células da pele que produzem pigmento, os melanócitos. 
 Gliomas: Originam-se a partir de células do tecido de suporte cerebral ou da medula espinhal. Raramente 
ocorre metástase. 
 Neuroblastomas: Tumor geralmente pediátrico (8 milhões de crianças até 15 anos de idade por ano; 80% dos 
casos com até 4 anos de idade) derivado de células malignas embrionárias advindas de células neuronais 
primordiais, desde gânglios simpáticos até medula adrenal e outros pontos. 
 
 
FATORES CARCINOGÊNICOS 
 A causa básica do câncer é o dano em genes específicos, o qual pode ser herdado ou adquirido. No entanto, é 
curioso observar que alguns indivíduos que vivem no mesmo ambiente desenvolvem câncer e outros não. O risco para 
câncer depende, evidentemente, da interação entre fatores herdados e componentes ambientais. 
 Em relação às causas do meio ambiente, observa-se que a exposição continuada a certos agentes ambientais 
faz com que o risco do indivíduo para desenvolver câncer se altere, por estes possuírem propriedades carcinogênicas. 
Por exemplo, o cigarro, o pó de urânio, asbestos, todos implicados diretamente no câncer de pulmão. 
 Dentre os principais fatores ambientais predisponentes ao câncer, temos: 
 Tabagismo: o fumo é o fator carcinogênico que mais diretamente se mostra implicado no desenvolvimento de 
vários cânceres, como de pulmão, de laringe, de boca, de faringe, de esôfago, de bexiga e de pâncreas. 
Descobertas recentes mostram que componentes do cigarro interferem no supressor tumoral proteína p53, 
considerada a guardiã do genoma -, explicando o envolvimento do fumo em diferentes cânceres. 
 Alcoolismo: o consumo de bebidas alcoólicas pode atuar como um potencializador dos efeitos do tabaco, 
contribuindo para o câncer de boca, faringe, esôfago e laringe. O consumo de álcool também tem sido 
relacionado ao câncer de fígado, mama, cólon e reto. 
 Nutrição e obesidade: dietas ricas em gorduras, com excesso de calorias, consumo de carne vermelha e 
aumento de peso têm sido implicados na carcinogênese do intestino grosso. Dietas contendo fibras solúveis, 
presentes em frutas, verduras e certos grãos (como aveia) são importantes, por exemplo, na redução da 
carcinogênese do cólon. 
 Radiação ultravioleta e ionizante: a radiação ultravioleta de raios solares é apontada como a principal causa de 
câncer de pele, incluindo o melanoma maligno. Os efeitos deletérios dos raios ionizantes ocorrem em pessoas 
expostas a doses altas ou moderadas de radiação, por motivos médicos, ocupacionais ou militares. 
 Poluição: são inúmeras as substâncias poluentes implicadas na etiologia do câncer. Hidrocarbonetos policíclicos, 
arsênicos inorgânicos, gás randônico, substâncias halogenadas encontradas na água e o uso indiscriminado de 
organofosforados e organoclorados utilizados na agricultura são apontados como a causa de 4% de mortes por 
câncer na atualidade. 
 Ocupação: a exposição a carcinógenos ocupacionais é responsável por 5% das mortes por câncer. Os efeitos 
deletérios destas exposições tornam-se mais graves devido ao grande número de indivíduos expostos. 
 Vírus: os vírus mais implicados na carcinogênese são: vírus Epstein-Barr (no linfoma de Burkitt e no câncer 
nasofaríngeo), o papiloma vírus humano (no câncer de colo uterino), o vírus de hepatite B (no câncer de fígado) 
e o vírus de células T tipo I, na leucemia de células T e no linfoma. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) 
está relacionado a uma predisposição ao sarcoma de Kaposi e ao linfoma não-Hodgkin. 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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 Alterações hormonais: há muito, os hormônios são objetos de estudo na carcinogênese humana, apesar de 
serem considerados, de uma forma geral, não mutagênicos. O estrogênio natural 17 beta-estradiol (E2) e o 
estrogênio sintético (DES) aumentam a incidência de tumores mamários, pituitários, uterinos, cervicais, vaginais, 
linfoides e de testículos em camundongos. Os estrogênios promoveriam ainda o crescimento do câncer de 
mama já estabelecido e níveis farmacológicos de progesterona induziriam sua remissão. 
 Envelhecimento 
 
 
GRADUAÇÃO E ESTADIAMENTO DO CÂNCER 
 O estadiamento é uma avaliação clínica capaz de fornecer uma noção da extensão da neoplasia para cada caso, 
auxiliando em condutas e definindo prognósticos. Segundo a UICC (União Internacional Contra o Câncer) os objetivos 
do estadiamento são: 
 Ajudar o médico no planejamento do tratamento do câncer; 
 Dar alguma indicação do prognóstico; 
 Ajudar na avaliação dos resultados de tratamento; 
 Facilitar a troca de informações entre os centros de tratamento; 
 Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano. 
 
De uma forma mais específica, o estadiamento pode ser clínico, por imagem e por avaliação patológica. Sendo 
assim, o estadiamento clínico é essencial para selecionar e avaliar o tratamento adequado para aquele câncer pré-
avaliado, enquanto que o estadiamento histopatológico fornece dados mais precisos para avaliar o prognóstico do 
câncer. 
Portanto, quando um câncer é detectado, os exames de estadiamento ajudam o médico a planejar o tratamento 
adequado e a determinar o prognóstico da doença. Como já foi mencionado, são exames que são realizados para 
determinar a localização do tumor, o seu tamanho, sua disseminação para estruturas próximas e para outras partes do 
corpo. O estadiamento é fundamental para se determinar a possibilidade de cura. O estadiamento pode utilizar outros 
exames como: cintilografias, estudos contrastados, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) 
para determinar se houve disseminação do câncer. Para avaliação histopatológica, a core biopsy é o procedimento mais 
utilizado. 
O estágio geralmente leva em conta o tamanho do tumor, o quão profundo ele está penetrado, se já invadiu 
órgãos adjacentes, e quantos linfonodos entraram em metástase e se ele está espalhado em órgãos distantes. Portanto, 
o estadiamento do câncer é importante porque o estágio no diagnóstico é um importante indicativo de sobrevivência, 
sendo os tratamentos geralmente mudados de acordo com o estágio. 
Para isso, temos três parâmetros a serem avaliados: 
T tamanho do tumor (T0 T4) 
N nível de comprometimento dos linfonodos (N0 N3) 
M metástases (M0 M1) 
 
 Existem vários sistemas para estadiamento de câncer, sendo o mais simples deles o que classifica as neoplasias 
malignas em: 
 Estágio Local ou Inicial: determina o local em que a doença se encontra localizada. Geralmente, restrita ao 
órgão de origem, sem metástases (filiais). É em grande parte curável com medidas locais, como cirurgia ou 
irradiação. 
 Estágio Regional: o câncer estende-se para fora do 
órgão de origem, mas mantém proximidade, como em 
linfonodos (gânglios), por exemplo. Muitas vezes 
curável com medidas locais (cirurgia e irradiação) e, 
às vezes, necessitando de tratamento conjunto com a 
quimioterapia, em geral, após a cirurgia 
(quimioterapia adjuvante).Estágio Regional Extenso: estende-se para fora do 
órgão de origem, atravessando vários tecidos. É 
geralmente impossível de ser removido 
cirurgicamente, devido ao comprometimento de 
estruturas anatômicas nobres como artérias, nervos e 
órgãos. O tratamento local ou sistêmico depende das 
características do tumor. Em geral, não tem bom 
prognóstico, todavia o uso de quimioterapia pré-
operatória (neoadjuvante) pode reduzir o tamanho 
destes tumores permitindo que eles sejam retirados 
por meio de cirurgia, melhorando o prognóstico e 
aumentando as chances de cura. 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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 Estágio Avançado: disseminado pelo corpo através de metástases. Pode envolver múltiplos órgãos. Raramente 
curável, salvo alguns tipos de neoplasias que respondem muito bem à quimioterapia convencional ou mesmo a 
quimioterapias de alta dosagem. 
 
 
EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER 
 A epidemiologia tem fundamental importância para oncologia. Toda a propedêutica no tratamento, prognóstico e 
cura de um paciente portador de uma determinada neoplasia é baseada nas evidências. A tabela abaixo indica a 
incidência e principais causas de morte por câncer nos homens, nas mulheres e, por fim, nestes dois grupos 
concomitantemente, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), excluindo-se os tumores de pele não-melanoma 
(que são, de longe, o tipo de câncer mais comum na raça humana). 
 
Tumores mais incidentes 
Mundo 
Geral: 
1) Pulmão 
2) Mama 
3) Colorretal 
Homens 
1) Pulmão 
2) Próstata 
3) Colorretal 
Mulheres 
1) Mama 
2) Colorretal 
3) Pulmão 
Brasil 
Geral 
1) Próstata 
2) Mama 
3) Colorretal 
Homens 
1) Próstata 
2) Pulmão 
3) Colorretal 
4) Estômago 
Mulheres 
1) Mama 
2) Colorretal 
3) Colo uterino 
4) Tireoide/Pulmão 
 
Note que, para os homens, o câncer de pulmão é a principal causa de morte, sendo seguido do câncer de 
estomago e câncer de próstata. Nas mulheres, o câncer de mama é a principal causa de morte, sendo seguida pelo 
câncer de estomago e cólon. Nos últimos anos, a estatística mudou um pouco para as mulheres: as neoplasias de 
estomago constituem na quinta mais comum (mama, colo uterino, cólon e pulmão) e a quarta causa de óbitos por 
neoplasias. 
Note a importância do câncer de estômago para ambos os sexos, de modo que, quando avaliadas as principais 
causas de mortes nos dois sexos, concomitantemente, observamos o câncer de estomago, seguido de pulmão e cólon. 
Na infância, o padrão epidemiológico dos tumores muda completamente. De um modo geral, da neoplasia mais 
prevalente para a menos prevalente, temos: (1) leucemias; (2) tumor cerebral (consiste no tumor sólido mais frequente); 
(3) linfoma; (4) neuroblastoma (que acomete, principalmente, a glândula suprarrenal); tumor de Wilms (tumor renal); (6) 
tumor ósseo. 
 
 
 De um modo geral, em torno de um ano de idade, podemos encontrar, muito facilmente, os seguintes tumores: 
retinoblastoma, neuroblastoma, hepatoblastoma, tumor de células germinativas; crianças acima de 1 ano de idade 
tendem a apresentar leucemia, tumor de sistema nervoso central, neuroblastoma, tumor de células germinativas; em 
torno dos 12 anos, encontramos: osteossarcoma, tumor muscular (rabdomiossarcoma), tumor de células germinativas, 
tumor cerebral, leucemias, etc. 
 
 
MEIOS DE DIAGNÓSTICO DO CÂNCER 
 A avaliação de um câncer começa com a história e o exame físico. Em conjunto, esses procedimentos ajudam o 
médico a avaliar o risco de câncer apresentado por um indivíduo e a decidir quais são os exames necessários. 
Geralmente, como parte de um exame físico de rotina, deve ser realizada uma investigação dos cânceres de tireoide, de 
testículos, de boca, de ovários, de pele e de linfonodos. 
Tumores que mais matam 
Mundo 
Geral: 
1) Pulmão 
2) Estômago 
3) Fígado 
4) Colorretal 
Homens 
1) Pulmão 
2) Fígado 
3) Estômago 
Mulheres 
1) Mama 
2) Pulmão 
3) Colorretal 
Brasil 
Geral 
1) Pulmão 
2) Estômago 
3) Mama 
Homens 
1) Pulmão 
2) Próstata (1º no NE) 
3) Estômago 
Mulheres 
1) Mama 
2) Pulmão 
3) Colorretal 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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Os exames de detecção precoce tentam identificar o câncer antes de ele produzir sintomas. Quando um exame 
de detecção precoce é positivo, serão necessários outros exames para a confirmação do diagnóstico. O diagnóstico de 
câncer deve sempre ser estabelecido com absoluta certeza e, para isto, é geralmente necessária a realização de uma 
biópsia. Também é essencial se determinar o tipo específico de câncer. Quando um câncer é detectado, os exames para 
determinar o seu estágio ajudam a determinar a sua localização exata e se ele disseminou (produziu metástases). O 
estadiamento também ajuda os médicos a planejarem o tratamento adequado e a determinar o prognóstico. 
Em até 7% dos pacientes com câncer, os exames identificam metástases antes mesmo da identificação do 
câncer original. Algumas vezes, o câncer original pode não ser descoberto. Entretanto, os médicos geralmente 
conseguem identificar o tipo do tumor primário realizando uma biopsia da metástase e examinando o tecido ao 
microscópio. Apesar disso, nem sempre a identificação é fácil ou segura. 
 Em suma, o diagnóstico do câncer pode ser feito pelos seguintes meios: 
 Diagnóstico clínico: por meio da anamnese e exame físico. 
 Histopatológico: por meio de uma biópsia. 
 Cirúrgico: como é feito o diagnóstico de tumores de ovário. 
 Por imagem: a associação de métodos de exames complementares tais como radiologia geral, ultrassonografia, 
tomografia computadorizada e a ressonância magnética, apesar dos altos custos apresentados, quando bem 
indicados, tem melhorado consideravelmente o diagnóstico, o estadiamento e, consequentemente, o prognóstico 
de determinadas lesões. 
 Laboratorial: é feito, principalmente, por meio de marcadores tumorais que apresentem sensibilidade e 
especificidade suficientes para, sozinho, atuar nas seguintes fases: triagem, diagnóstico, prognóstico, 
monitoramento do tratamento. 
 
 
TRATAMENTO DO CÂNCER 
 O tratamento eficaz do câncer deve visar não somente o tumor primário, mas também os tumores que podem ter 
se disseminado para outras partes do corpo (metástases). Por essa razão, a cirurgia ou a radioterapia (que são 
considerados tratamentos locais) de áreas específicas do corpo é frequentemente combinada com a quimioterapia, que 
afeta todo o organismo. Mesmo quando a cura é impossível, os sintomas frequentemente podem ser aliviados com a 
terapia paliativa, melhorando a qualidade e a sobrevida do indivíduo. 
 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
Antes do advento da radioterapia e da quimioterapia, a cirurgia era a única possibilidade de terapia do câncer. 
Eram realizadas amplas ressecções, pois se imaginava que a neoplasia maligna representava exclusivamente um 
problema local. As primeiras alusões à cirurgia para tratamento de câncer datam de 1600 a.C. e são encontradas nos 
manuscritos de Edwin Smith. A era moderna da cirurgia abdominal começou nos Estados Unidos quando Ephrain 
McDowell ressecou um tumor de ovário, em 1809. Com o surgimento da anestesia e antissepsia, houve um grande 
desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos agressivos para o tratamento de câncer. 
De um milhão de americanos que apresentaram câncer em 1988, 64% foram submetidos à cirurgia e 62% desse 
grupo foram curados. O tratamento e o prognóstico são em grande parte determinados pelo estudo da gravidade e da 
disseminação do câncer, através de um processo denominado estadiamento. 
Podemos dividir a cirurgia oncológica em vários grupos: 
 Cirurgia preventiva (ou profilática): tem a finalidade de impedir que uma célula com potencial de malignidade 
consiga transformar-se, extirpando-a ou evitando-a que ela continue entrando em contato com agentes 
cancerígenos. 
 Cirurgia diagnóstica: é fundamental para o planejamento terapêutico dos tumores malignos, o que torna a 
biópsia um dos procedimentos mais importantes da cirurgia oncológica. Na maioria das vezes, o diagnostico é 
feitoantes do procedimento cirúrgico terapêutico; em outras ocasiões, a biópsia, o diagnóstico histopatológico e 
a cirurgia são realizados no mesmo procedimento. 
 Cirurgia com finalidade curativa ou paliativa: a cirurgia com finalidade curativa trata da doença localizada e deve 
ser associada a outros procedimentos terapêuticos (radioterapia, quimioterapia, endocrinoterapia e 
bioterapeutica). A cirurgia paliativa é o procedimento realizado sem a finalidade curativa, mas apenas para 
melhorar a qualidade de vida e a sobrevida do paciente, pois a doença já estaria disseminada. Considera-se que 
a cirurgia é a modalidade terapêutica mais eficaz dos tumores considerados sólidos . 
 Ressecção de metástases e recidivas: procedimentos realizados com finalidade curativa. 
 Cirurgia reconstrutora: é um procedimento realizado, geralmente, por um cirurgião plástico, podendo ocorrer 
sincronicamente à cirurgia oncológica ou metacronicamente. É um tipo de cirurgia necessária e de fundamental 
importante, tendo em vista o grau de extensão de muitas cirurgias oncológicas. 
 
RADIOTERAPIA 
 A radioterapia tem a finalidade curativa (que visa ao controle do tumor com doses radicais), paliativa (que visa à 
redução do tumor sem pretensão de controle) e remissiva (que visa o alívio de compressão de estruturas neurológicas, 
vias aéreas, vísceras ocas, controle de sangramento, prevenção de fraturas, etc). A radioterapia pode ser realizada por 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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meio da teleterapia (em que a fonte radioativa é aplicada relativamente distante do paciente) e a braquiterapia (em que a 
fonte radioativa é, literalmente, introduzida no paciente). 
 Em resumo, a radiação destrói preferencialmente as células que se dividem rapidamente. Geralmente, isto 
significa câncer, mas a radiação também pode lesar tecidos normais, especialmente os tecidos nos quais as células 
normalmente se reproduzem rapidamente, como a pele, os folículos capilares, o revestimento dos intestinos, os ovários 
ou os testículos e a medula óssea. A definição e direcionamento precisos da radioterapia protegem tanto quanto seja 
possível as células normais. As células que possuem um suprimento adequado de oxigênio são mais suscetíveis aos 
efeitos lesivos da radiação. As células mais próximas do centro de um tumor grande, frequentemente possuem um mau 
suprimento sanguíneo e níveis baixos de oxigênio. 
À medida que o tumor diminui, as células sobreviventes parecem obter um melhor suprimento sanguíneo, que 
pode torná-las mais vulneráveis à próxima dose de radiação. A divisão da radiação em um a série de doses aplicadas 
durante um período prolongado aumenta os efeitos letais sobre as células tumorais e diminui os efeitos tóxicos sobre as 
células normais. As células têm a capacidade de autorreparação após serem expostas à radiação. O plano terapêutico 
visa a reparação máxima das células e tecidos normais. 
Geralmente, a radioterapia é realizada com um equipamento denominado acelerador linear. Os raios são 
direcionados com bastante precisão sobre o tumor. O modo como os raios irão afetar de modo adverso os tecidos 
normais depende do tamanho da área que está sendo irradiada e de sua proximidade com esses tecidos. Por exemplo, 
a irradiação de tumores da cabeça e do pescoço frequentemente causa inflamação das membranas mucosas do nariz e 
boca, resultando em feridas e ulcerações. A radiação sobre o estômago ou o abdômen frequentemente causa 
inflamação do estômago (gastrite) e da parte inferior do intestino (enterite), resultando em diarreia. 
 
MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS 
Um medicamento antineoplásico ideal deveria destruir as células cancerosas sem lesar as células normais. No 
entanto, este tipo de medicamento não existe. Entretanto, apesar da margem estreita entre o benefício e a lesão, muitos 
indivíduos com câncer podem ser tratados com medicamentos antineoplásicos (quimioterapia) e alguns são curados. 
Atualmente, os efeitos colaterais da quimioterapia podem ser minimizados. Os medicamentos antineoplásicos são 
agrupados em várias categorias: 
 Quimioterápicos antineoplásicos: os principais agentes agrupam-se em: antimetabólicos (atuam inibindo a fase S 
ou interfase; Ex: citarabina, fluoropirimidinas), alcaloides de plantas (Ex: vincristina, vimblastina e navelbine), 
agentes alquilantes (operam através da ligação com átomos de carbono; Ex: mostarda nitrogenada ou gás 
hilariante); agentes antibióticos (provém de fungos; Ex: bleomicina e derivados da antraciclina). A quimioterapia 
para o tratamento do câncer pode ser curativa, paliativa, adjuvante, neoadjuvante ou sinergista, 
 Imunoterápicos (Ex: a própria vacina da BCG pode tratar carcinomas na bexiga in situ): a imunoterapia 
necessariamente deve ser vinculada a conceitos tais como oncogênese, mecanismos de defesa do sistema 
imunológico para combate ao câncer, imunodiagnóstico e possibilidade atual e futura de imunomudolação. O 
sistema imune é estimulado principalmente pelos antígenos celulares. A imunoterapia utiliza técnicas como os 
modificadores de respostas biológicas, a terapia com linfócitos assassinos e a terapia humoral (com anticorpos) 
para estimular o sistema imune do corpo contra o câncer. Essas técnicas têm sido utilizadas no tratamento de 
uma série de diferentes cânceres como, por exemplo, o melanoma, o câncer de rim, o sarcoma de Kaposi e a 
leucemia. 
 Hormonioterápicos (Ex: prednisona, anastrosol): a hormonioterapia é realizada em tipos de câncer com 
hormoniodependência (no câncer de mama e na célula mamária normal, por exemplo, o estrógeno e a prolactina 
são agentes responsáveis pela mitose celular, servindo como cofator na gênese do câncer de mama; com isso, o 
uso do anti-hormonal Tamoxifen, na dose de 20 mg/dia, gera uma resposta terapêutica considerável no 
tratamento deste tipo de câncer). 
 Anticorpos monoclonais (Ex: transtuzumab). 
 
TERAPIA COMBINADA 
Para alguns cânceres, a melhor terapia é uma combinação de cirurgia, radiação e quimioterapia. A cirurgia e a 
radioterapia tratam o câncer que se encontra confinado localmente, enquanto a quimioterapia destrói as células 
cancerosas que escaparam para além da região local. Às vezes, a radioterapia ou a quimioterapia são administradas 
antes da cirurgia (para diminuir a massa tumoral) ou depois dela (para destruir as células cancerosas remanescentes).A 
quimioterapia combinada com a cirurgia melhora as chances de sobrevida dos indivíduos com câncer de cólon, câncer 
de mama ou câncer de bexiga que se disseminou para os linfonodos regionais. Algumas vezes, a cirurgia e a 
quimioterapia conseguem curar o câncer de ovário avançado. 
O câncer de reto tem sido tratado com êxito com a quimioterapia e a radioterapia. No câncer de cólon avançado, 
a quimioterapia realizada após a cirurgia pode prolongar a sobrevida livre de doença. Aproximadamente 20 a 40% dos 
cânceres de cabeça e de pescoço são curados com a quimioterapia seguida por radioterapia ou cirurgia. Para aqueles 
que não são curados, esses tratamentos podem aliviar os sintomas (terapia paliativa). 
A cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia têm papeis importantes no tratamento do tumor de Wilms e dos 
rabdomiossarcomas embrionários. No tumor de Wilms, um câncer de rim infantil, a cirurgia visa remover o câncer 
primário, mesmo se tiver havido disseminação de células tumorais para locais distantes do rim. A quimioterapia é 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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iniciada no momento da cirurgia e a radioterapia é realizada posteriormente, para tratar áreas localizadas de doença 
residual. 
Infelizmente alguns tumores (p.ex., de estômago, de pâncreas ou de rim) respondem apenas parcialmente à 
radioterapia, à quimioterapia ou a uma combinação das duas. Não obstante, essas terapias podem aliviar a dor causada 
pela compressão ou os sintomas decorrentes da infiltração do tumor nos tecidos circunjacentes. 
 
PRINCIPAIS EFEITOS COLATERAIS DO TRATAMENTO 
Quase todos os indivíduos submetidosà quimioterapia ou à radioterapia apresentam certos efeitos colaterais, 
sendo os mais comuns a náusea, o vômito e a contagem baixa de células sanguíneas. Os indivíduos submetidos à 
quimioterapia frequentemente apresentam perda de cabelo. A redução dos efeitos colaterais é um aspecto importante da 
terapia. 
 
 Náusea e Vômito: Geralmente, a náusea e o vômito podem ser evitados ou minimizados com medicamentos 
(antieméticos). A náusea pode ser reduzida sem o uso de medicamentos, através da ingestão de pequenas 
refeições frequentes e evitando-se alimentos ricos em fibra, que produzem gases ou que estejam muito quentes 
ou muito frios. 
 Pancitopenia: A citopenia, uma deficiência de um ou mais tipos de células sanguíneas, pode ocorrer durante a 
terapia antineoplásica. Por exemplo, um indivíduo pode apresentar quantidades anormalmente baixas de 
eritrócitos (anemia), de leucócitos (neutropenia ou leucopenia) ou de plaquetas (trombocitopenia). Geralmente, a 
citopenia não precisa ser tratada. No entanto, quando a anemia é grave, pode ser realizada a administração de 
uma transfusão de concentrado de eritrócitos (hemácias, glóbulos vermelhos). De modo similar, quando a 
trombocitopenia é grave, pode ser realizada a transfusão de plaquetas para minimizar o risco de sangramento. 
Um indivíduo com neutropenia (quantidades anormalmente baixas de neutrófilos, um tipo de leucócito) apresenta 
um maior risco de infecção. É por essa razão que uma febre superior a 38oC em um indivíduo com neutropenia é 
tratada como emergência. É investigada a presença de uma infecção, podendo ser necessária a instituição de 
uma antibioticoterapia e inclusive de hospitalização. Os leucócitos são raramente transfundidos porque eles 
sobrevivem apenas algumas horas e produzem muitos efeitos colaterais. Em seu lugar, determinadas 
substâncias (Ex: fator estimulador dos granulócitos) podem ser administradas para estimular a produção de 
leucócitos. 
 Outros Efeitos Colaterais Comuns: A radioterapia ou a quimioterapia podem causar inflamação ou mesmo 
úlceras nas membranas mucosas (p.ex., revestimento da boca). As úlceras bucais são dolorosas e podem tornar 
a alimentação difícil. Uma variedade de soluções orais (geralmente contendo um antiácido, um anti-histamínico e 
um anestésico local) pode reduzir o desconforto. Em raras ocasiões, deve ser instituído um suporte nutricional 
através de uma sonda que é colocada diretamente no estômago ou no intestino delgado ou através de uma veia. 
Vários medicamentos podem reduzir a diarreia causada pela radioterapia sobre o abdome. 
 
 
 
 
 
 
 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA
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PRINCÍPIOS DE RADIOTERAPIA 
 
 Radioterapia é o método de tratamento das neoplasias malignas que utiliza os efeitos das irradiações 
eletromagnéticas no controle da evolução dos tumores. É, portanto, uma das modalidades de tratamento do câncer, em 
que se faz uso de radiações ionizantes, tais como: raios-X, raios gama, elétrons, prótons, nêutrons; com a finalidade de 
erradicar completamente o tumor, sem ocasionar sequelas quer de ordem anatômica ou funcional para os órgãos ou 
tecidos normais da vizinhança. É um tipo de tratamento para patologias oncológicas que dura, na maioria das vezes, 
cerca de 2 meses (35 a 40 dias úteis), com retornos a cada 10 dias para a avaliação médica do resultado do tratamento. 
A radioterapia tem a finalidade curativa (que visa ao controle do tumor com doses radicais), paliativa (que visa à 
redução do tumor sem pretensão de controle) e remissiva (que visa o alívio de compressão de estruturas neurológicas, 
vias aéreas, vísceras ocas, controle de sangramento, prevenção de fraturas, etc.). 
 Os efeitos biológicos da radiação se fazem por deposição de energia. Estes efeitos ocorrem, de início, 
principalmente na molécula de água, produzindo fenômenos de quebra de molécula com liberação de íons (H2O H+ 
OH-). Estes radicais reagem com componentes nobres da célula (as moléculas de RNA e DNA) produzindo alterações de 
menor e maior importância que podem ser letais à célula, impedindo a sua capacidade de divisão. O efeito da radiação 
guarda relação íntima com as diversas fases do ciclo celular, sendo a fase de mitose e o final da fase G2 de sensibilidade 
maior. 
 Os efeitos indesejáveis que acontecem com o decorrer ou após os tratamentos radioterápicos são dependentes 
da dose, do volume e o tecido irradiado. Os tecidos de proliferação rápida (que é uma característica das células 
tumorais) como o hematopoiético e o epitelial são os principais acometidos pela radiação (e pela quimioterapia), 
causando as seguintes complicações: leucopenia, mucosite, dermatite actínica e alopecia. Deve-se atentar para tumores 
de cabeça e pescoço, onde é muito comum e bastante relatado quadros de xerostomia em pacientes submetidos à 
radioterapia devido ao acometimento da glândula parótida. Outra consequência da radiação focada na cabeça e pescoço 
é a irradiação das papilas gustativas e, com isso, a alteração do paladar (todo alimento passa a ter um gosto salgado), 
que, somada à anorexia da própria patologia, aumentam os transtornos ao paciente. Os tecidos orgânicos normais 
(íntegros) apresentam uma limitação quanto à radiação que for fornecida: observa-se que, no caso de lesões cancerosas 
abdominais, os rins apresentam limite de radiação de 3000 cGy (centiGray), o fígado apresente limite de 2400 cGy e 
medula com limite de 4000 cGy. O intestino delgado, por sua vez, é uma estrutura bastante sensível e de difícil 
isolamento quando se diz respeito à radioterapia. Em casos de radiação da cavidade abdominal, é comum que aconteça 
o aumento do peristaltismo, com consequente diarreia e sangramento retal. Os doentes, nestes casos, passam a 
apresentar desidratação e desnutrição severa. É necessário, portanto, a confecção de blocos de chumbo que protejam 
as áreas sensíveis e desviem o feixe radioativo apenas para a lesão. 
 
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA RADIOTERAPIA 
 A radioterapia não difere das demais modalidades médicas quanto a sua origem. Teve inicio na base do 
empirismo, pois não se dispunha de conhecimentos de Física Médica e Radiobiologia. Os erros físicos e biológicos 
oriundos da falta de tais conhecimentos muitas vezes causaram danos aos pacientes. Os principais parâmetros de 
avaliação do tratamento eram as manifestações cutâneas que alguns pacientes apresentavam como resposta ao 
tratamento (hiperemia, eritema, descamação seca ou úmida, ulceração, etc.). Com isso, na época em que se iniciou o 
uso da radiação para fins terapêuticos, o aparelho disponível não tinha um poder penetrante, afetando apenas a pele e, 
por causa disso, concluiu-se que a dose máxima tolerável era aquela que gerava eritemas acentuados na pele do 
paciente. Contudo, na maioria das vezes, esse eritema não correspondia à dose de radiação tumoricida e, em 
consequencia disto, ocorriam as recidivas por subdosagem ou a necrose da pele por super dosagem. 
 Contudo, a radioterapia vem evoluindo muito desde a descoberta dos raios X por Roentgen, da radioatividade 
por Becquerel e o primeiro elemento radioativo o rádio pelo casal Curie. As principais fontes de radiação são os 
aparelhos de R-X para terapia superficial e semiprofunda e os isótopos radioativos, emissores de irradiação gama 
(Cobalto60, Césio137, Irídio192, Rádio226 e Iodo125). A partir da década de 50, foram desenvolvidos equipamentos 
to 
ajudaram na evolução da radioterapia. 
 A evolução progressiva da física médica e da eletrônica permitiu o desenvolvimento de equipamentos para 
obtenção de irradiações (fótons e elétrons) de alto poder de penetração nos tecidos; são os aceleradores lineares de 
partículas, dotadas de sistemas comandados para o posicionamento dos pacientes e direcionamento do feixe de 
irradiação por mais pontos de entrada. A irradiação com elétrons (irradiação corpuscular) pode ser obtida com emissores 
de elétrons (partícula beta) e também pelos aceleradores lineares com produção de elétrons. 
 A evoluçãoda física médica e da radiobiologia nos permite, atualmente, uma forma mais orientada e direcionada 
de radioterapia por meio dos mais variados tipos de tratamento. Além disso, permite conhecer três fenômenos distintos 
que acontecem quando há interação entre a radiação e a matéria. Dentre eles, temos: 
Arlindo Ugulino Netto. 
ONCOLOGIA 2016 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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 O fenômeno físico, em que duas fases são observadas: (1) a fase de excitação, em que o elétron é excitado e 
passa de uma camada de energia mais interna para uma mais externa; e (2) uma fase de ionização, em que é 
o elétron é ejetado da eletrosfera e passa a funcionar como um radical livre, que interage e altera a forma 
molecular do tumor. 
 No fenômeno químico, observamos a quebra da molécula da água em íons de hidrogênio e radicais de 
hidroxidrila (ou o inverso). Pode haver a recombinação dessas moléculas para formar H2O novamente ou pode 
acontecer do aparecimento do composto H2O2 (peróxido de hidrogênio ou água oxigenada), substancia 
altamente oxidante que, ao se combinar com substancias do tumor, modificaria sua constituição molecular e, 
consequentemente, alteraria as etapas da divisão celular. Os radicais gerados, os íons e o agente oxidante 
poderão ainda se combinar com substâncias importantes das células tumorais como o RNA, DNA e enzimas, 
fazendo com que ocorram modificações na estrutura nuclear e enzimática das células que compõe o tumor. 
 No fenômeno biológico, podemos observar as seguintes fases: (1) morte imediata da célula, devido à 
absorção de grande quantidade de partículas radioativas nas células, ocasionando a destruição de todos os 
constituintes celulares (esta fase não ocorre em finalidade terapêutica, mas apenas em acidentes nucleares); (2) 
atraso do crescimento celular, devido aos danos maciços no citoplasma; (3) alterações da motilidade 
celular, devido ao impacto que ocorre nos centros motores; (4) supressão da reprodução celular, devido à 
destruição do centríolo celular (responsável pela formação do fuso celular, importante componente durante a 
divisão celular); (5) anomalias abortivas da divisão celular, devido à destruição de grande quantidade de 
cromatina nuclear; (6) má formação hereditária, devido à lesão própria que ocorre no segmento do DNA. Trata-
se de um evento importante, principalmente, para pessoas que trabalham com material radioativo e pode passar 
para gerações subsequentes. 
 
OBS1: Na época em que não se tinha conhecimento desses fenômenos, os profissionais de saúde trabalhavam com o 
rádio-226 protegido por uma caixa de platina, que barrava a disseminação da radiação secundária deste elemento. 
Algumas vezes, contudo, ocorria um vazamento dessas cápsulas e o Rádio se transformava em radon, um gás 
altamente tóxico, o que causou a morte de um grande número de técnicos. O Rádio foi então substituído pelo Césio, 
principalmente devido à meia vida longa do rádio (que é de 1622 anos, isto é, um tubo com 10mg de rádio demoraria 
1622 anos para chegar a 5mg). Para a maior segurança desses técnicos, o Césio foi substituído pelo Cobalto (com meia 
vida de 5 anos). Atualmente, utilizam-se alguns equipamentos com os quais o médico nem entra em contato por ser 
guiado por controles remotos. 
 
ESQUEMA DE TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA 
Diante destes conhecimentos preliminares, a instituição de um esquema de tratamento por radiação, está na 
dependência da associação de vários fatores relacionados diretamente com o paciente, com o tumor, com o tipo de 
material radioativo ou equipamento a ser utilizado. 
No que diz respeito ao doente, temos que considerar o seu estado geral e a idade, principalmente. Em relação 
ao tumor, sua localização, tipo histológico e o estadiamento da doença. Na dependência do tipo histológico, a resposta à 
radiação se fará satisfatória ou não. 
Existem tumores sensíveis e tumores resistentes ao efeito da radiação. Daí o conceito de radiosensibilidade e 
radiocurabilidade. Nem sempre os tumores sensíveis são os tumores curáveis, da mesma forma, nem sempre os 
tumores resistentes são os tumores incuráveis. Em 1912, dois pesquisadores Franceses chamados Bergonié e 
Tribondeau, estudando cobaias de laboratório, observam que as células germinativas eram altamente sensíveis à 
radiação. Com isso, estudaram a fundo os resultados de suas pesquisas e formularam um postulado sobre a 
Quanto mais primitiva for a célula, mais sensível ela é ao efeito da 
radiação e quanto mais diferenciada mais resistente ela é ao efeito da radiação
classificações quanto ao grau de sensibilidade dos tumores foram propostas e a mais aceita é a classificação de 
Desjardin que, em ordem decrescente de sensibilidade, temos: 
1. Linfócitos maduros (ver OBS²).
2. Polimorfonucleares 
3. Células epiteliais (ver OBS³) 
4. Células endoteliais dos vasos, pleura e peritônio. 
5. Célula muscular. 
6. Ossos 
7. Célula nervosa (ver OBS4) 
 
OBS²: Há dois tipos de linfomas clássicos (Hodgkin e não-Hodgkin). Apesar de serem da mesma linhagem histológica, o 
comportamento é diferente, pois biologicamente são distintos. O linfoma de Hodgkin é radiocurável, ao passo em que o 
não-Hodgkin é não-curável, apesar de serem da mesma linhagem histológica (tecido linfoide). 
OBS³: O tumor basocelular de pele é curável por tratamento cirúrgico com radioterapia adjuvante. As lesões iniciais de 
carcinoma epidermoide de prega vocal e de colo do útero são curáveis, tanto pela radiação quanto pela ressecção 
cirúrgica. No entanto, apesar de serem da mesma origem histológica (tecido epitelial), o carcinoma epidermoide do 
esôfago e do pulmão não é curável. Conclui-se que, além da característica histológica tumoral, o tratamento depende da 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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biologia e do comportamento tumoral em cada órgão. Em geral, os tumores de células epiteliais são de média 
sensibilidade. 
OBS4: A maioria dos tumores do sistema nervoso central são radiorresistentes. Contudo, o medulobastoma, que não 
tem cura, apresenta sensibilidade ao efeito da radiação. 
OBS5: Nem sempre os tumores radiossensíveis são curáveis, do mesmo modo que, os tumores radiorresistentes nem 
sempre são incuráveis. Algumas vezes, o médico depara com o mesmo caso clínico de dois pacientes, inclusive com o 
mesmo estadiamento, mas com respostas diferentes. A resposta ao tratamento depende, quase sempre, da resposta 
imunológica do paciente. 
 
FONTES DE RADIAÇÃO 
 Elementos radioativos naturais: Radio-226, em forma de tubos e agulhas. Não é mais utilizado atualmente, 
mas foi amplamente utilizado na época de ouro da radioterapia. 
 Elementos radioativos artificiais: há uma gama de aparelhos radioativos artificiais, que não somente são 
utilizados na radioterapia, mas também na medicina de uma maneira geral. 
o Cobalto-60 (Co60): em forma de tubos, agulhas ou fontes para unidades de cobalto. 
o Césio-137 (Cs137): em forma de tubos, agulhas ou fontes para unidades de césio. Tem meia vida de 30 
anos. 
o Estrôncio-90 (Sr90): em forma de placas oftalmológicas e dermatológicas, para os tratamentos com 
radiação beta (betaterapia) e em forma de coloide. Tem meia vida de 29 dias. 
o Estrôncio-89 (Sr89): em forma de solução que serve para tratar metástase óssea disseminada. 
o Ouro-198 (Au198): em forma de sementes ou coloide. 
o Iodo-131 (I131): em forma de coloide. Foi utilizado por muito tempo pra realização de cintilografia, 
principalmente, para tireoide. Atualmente, é utilizado para o tratamento de câncer de tireoide. Tem meia 
vida de 8 dias. 
o Iodo-125 (I125): em forma de sementes. Existe, para o tratamento de câncer de próstata, a implantação 
permanente de semente de iodo. 
o Irídium-192 (Ir192): em forma de fios, fontes e sementes. 
 Aparelhos produtores de radiação 
o Aparelhos de radioterapia superficial e semi-profunda, cuja energia oscila entre 50KV e 400KV, 
chamados também de radioterapia convencional ou Ortovoltagem. 
o Aceleradores de partículas (megavoltagem), cuja energia oscila entre 1MEV e 50MEV (milhões de 
eletronvolts). Dentre estes aparelhos de alta energia temos: 
 Aparelho de Van-der-Graaf: foi o primeiro tipo de 
acelerador a ser desenvolvido. 
 Betatron: aparelho que não teve uma boa aceitação 
comercial. 
 Ciclotron: existe ainda na forma experimental que usa 
radiação através de nêutrons rápidos. A blindagem 
utilizada para a construção de uma sala para suportar este 
tipo de acelerador deveria apresentar cerca de 5m de 
concreto, não sendo viável o seu custo operacional (que é 
cerca de U$ 200.000.000,00). Não há perda de energia em 
calor: toda a energia que entra é transformada em 
radiação. 
 Acelerador linear: são braços robóticos que se 
movimentam sob controle de um profissional médico. A sua 
tecnologia é bastante avançada e de alto custo. 
 
MODALIDADES DE RADIOTERAPIA 
 Existem duas formas básicas de aplicação de radioterapia: a teleterapia e a braquiterapia. Contudo, o 
tratamento do câncer deve ser encarado de forma multidisciplinar: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, fisioterapia, 
imunoterapia, etc. 
 Na teleterapia, a fonte de irradiação produz um feixe de raios que é emitido pelo equipamento à distancia 
variável de 1 a 100 cm do paciente e é dirigida ao tumor. Os principais aparelhos são os de R-X convencional, os 
aceleradores lineares e as bombas de cobalto. 
Na teleterapia, isto é, radioterapia a distancia, o doente fica na mesa do equipamento, com uma certa distância 
da fonte utilizada, como as unidades de cobalto ou acelerador linear. A teleterapia pode ser convencional ou 
Radioterapia de Alta Precisão, onde tratamentos sofisticados como Radioterapia Conformacional ou por 
estereotaxia, são utilizados em algumas patologias, como tumores cerebrais de pequeno tamanho (até 4cm), 
alterações vasculares cerebrais, em tumores da próstata, reto etc., usando meios auxiliares de imagem, como 
CT, Ressonância Magnética, PET-CT e sistemas de planejamento tridimensional, computadorizado. No Hospital 
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Sírio Libanês de São Paulo, já é de uso terapêutico a radioterapia em quarta dimensão que, em tempo real, se 
obtém a imagem do tumor e a evolução de seu tratamento. 
A teleterapia, em resumo, pode se apresentar das seguintes formas: (1) radioterapia convencional, através dos 
aceleradores lineares ou do cobalto; (2) a radioterapia de alta precisão, conhecida como conformacional-3D 
(tridimensional); (3) radiocirurgia por estereotaxia; (4) readioterapia guiada por imagem em tempo real 
(radioterapia em 4D); (5) radioterapia robótica. 
 
 Na braquiterapia (do grego, braqui = curto), o isótopo radioativo emissor gama é colocado em contato direto com 
o tumor (intracavitário ou intersticial). É usada no tratamento dos tumores mais acessíveis ao radioterapeuta, 
como as neoplasias malignas do colo de útero, boca e pele. Atualmente, os isótopos mais usados neste tipo de 
tratamento são o Césio-137 e o Irídio-192. A braquiterapia tem a vantagem de irradiar o tumor com doses 
tumoricidas, dando proteção aos órgãos e estruturas que o envolvem, pela absorção progressiva da irradiação 
emitida com o aumento da distancia da fonte. Com a sofisticação das técnicas, consegue-se o acesso da 
braquiterapia a tumores situados profundamente, como próstata, bexiga, pulmão e rinofaringe. 
A braquiterapia pode ser de baixa taxa de dose (LDR) ou de alta taxa de dose (HDR). Até 1996, o Hospital 
Napoleão Laureano fez uso da braquiterapia com baixa taxa de dose, em que se utiliza Radio-226, Césio-137 e 
Cobalto-60. Na alta taxa de dose, se utiliza Iridium-192. A braquiterapia é basicamente uma monoterapia para 
câncer de próstata e de colo uterino. 
 
OBS6: Doses de radiação. O conceito de dose é a quantidade de radiação a ser administrada ao paciente com a 
finalidade de destruir o tumor. A unidade física para isto é o cGy (centiGray), que significa a dose de radiação a ser 
absorvida no tecido. Quando medida no ar, a unidade é o roetgen e quando medida em outro material (água, por 
exemplo), a unidade é o próprio Gray. É medida em quantidade de energia depositada no meio pelo feixe de irradiação: 
1 gray corresponde à joule/Kg do material. Os isótopos radioativos são medidos quanto à sua atividade: número de 
átomos desintegrado por segundo. 
OBS7: Algumas patologias apresentam um determinado tempo ideal de tratamento radioterápico, isto é, tempo 
necessário para destruir o tumor. No caso de câncer de colo uterino, o tempo ideal é de 52 dias. Epidemiologicamente, a 
cada dia que se passe após esses 52 dias, há uma perda de 1% de chances de sobrevida. Uma das principais causas 
de afastamento de data limite de tratamento por radioterapia são as alterações hemodinâmicas, principalmente, 
contagem de hemoglobina e leucócitos. Quando o nível de Hb é menos que 10g/dL, é necessário realizar uma 
recuperação das condições hemodinâmicas do indivíduo. 
OBS8: No tratamento radioterápico, é comum o termo área de sombra para designar aquela periferia que margeia a 
lesão (sendo este o foco) que geralmente é irradiada de forma não-terapêutica, uma vez que, estaria sadia, 
teoricamente. Quanto mais direcionado for o foco da irradiação, menor a área de sombra e melhor seria para o paciente, 
uma vez que se estaria evitando a irradiação de áreas normais, evitando, assim, eventuais mutações. 
 
MODALIDADES DE TRATAMENTO RADIOTERÁPICO 
 O tratamento do câncer é estabelecido por planos terapêuticos, com o uso isolado ou com a associação 
multidisciplinar da cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia. As associações terapêuticas são 
baseadas principalmente no tipo, na localização, forma de disseminação, estadiamento clínico e patológico do tumor. 
Conforme o objetivo dos resultados, a radioterapia em especial, tem a finalidade curativa (que visa ao controle 
do tumor com altas doses radicais), paliativa (que visa à redução do tumor sem pretensão de controle) e remissiva (que 
visa ao alívio da compressão de estruturas neurológicas, vias aéreas, vísceras ocas, controle de sangramento, 
prevenção de fraturas, etc.). 
 Radioterapia radical (curativa): é a forma de radiação que tem por finalidade erradicar de vez o tumor, gerando 
a cura. O câncer tem cura em mais de 70% dos casos quando diagnosticado precocemente. 
 Paliativa: favorece a regressão do tumor e diminuição dos sintomas, o que prolonga a vida do paciente e 
proporciona o seu conforto físico e bem estar. Representa mais de 70% dos tratamentos radioterápicos no 
Brasil, onde o diagnóstico de câncer é, na maioria das vezes, feito tardiamente. Isto porque ainda existe uma 
cultura de esconder a doença. 
 Pré-operatória: tem a finalidade de diminuir o volume tumoral e tornar móveis tumores fixos, facilitando o 
acesso do cirurgião para a abordagem terapêutica. 
 Radioterapia complementar: complementa um tratamento previamente instituído, sendo utilizado, portanto, no 
pós-operatório e pós-quimioterapia. 
 Radioterapia profilática: é feita, por exemplo, na irradiação do SNC de crianças portadoras de leucemia linfoide 
aguda, com finalidade de impedir o aparecimento da chamada meningite leucêmica. O tratamento da leucemia é 
feito por quimioterapia. Contudo, para evitar o acometimento do SNC durante a fase de remissão clínica e 
hematológica, a radioterapia é feita para evitar o surgimento de sintomas. 
 Radioterapia intra-operatória: muito comum nos anos 80 e que está voltando à ativa. É bastante utilizada para 
o tratamento de tumor de estômago. 
 
 
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EFEITOS DE IRRADIAÇÃO 
 As diferenças de respostas entre o tecido normal e o tecido tumoral dependem de fatores como velocidade de 
crescimento, tipo do tumor, grau de indiferenciação, tamanho do tumor, oxigenação do tecido tumoral, entre outros. Esta 
diferença de resposta com menor efeito lesivo da radiação sobre as células tumorais comparada aos efeitos nos 
tecidos normaisconstitui o que chamamos ganho terapêutico. 
 Conforme o grau de resposta das neoplasias à irradiação, podemos classificá-las em neoplasias de alta, média e 
baixa radiossensibilidade. 
 Tumores radiossensíveis: linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin, os tumores da infância (tumor de Wilms), o tumor 
de Ewing, os seminomas, etc. 
 Tumores de média sensibilidade: carcinomas epidermoides e adenocarcinomas. 
 Tumores de baixa radiossensibilidade: sarcomas e melanomas. 
 
PLANEJAMENTO RADIOTERÁPICO 
 Representa as atividades do médico radioterapeuta e do físico em irradiações, juntamente com a avaliação do 
caso clínico em sintonia com o cirurgião e o oncologista clínico. 
 A localização e a extensão confirmadas e presumidas da doença são determinantes. Os recursos da 
propedêutica devem minimizar erros de avaliação. São definidos: área a ser irradiada, dose, o numero de campos de 
entrada do feixe, uso de filtros de compensação, proteções e limites de dose. A simulação é o passo seguinte, antes de 
se iniciar o tratamento do paciente. 
 
EFEITOS BIOLÓGICOS DA IRRADIAÇÃO 
 Os efeitos biológicos da radiação se fazem por deposição de energia. Estes efeitos ocorrem, de início, 
principalmente na molécula de água, produzindo fenômenos de quebra de molécula com liberação de íons (H2O H+ 
OH-). Estes radicais reagem com componentes nobres da célula (as moléculas de RNA e DNA) produzindo alterações de 
menor e maior importância que podem ser letais à célula, impedindo a sua capacidade de divisão. O efeito da radiação 
guarda relação íntima com as diversas fases do ciclo celular, sendo a fase de mitose e o final da fase G2 de sensibilidade 
maior. 
 
EFEITOS COLATERAIS DAS IRRADIAÇÕES 
 Os paraefeitos indesejáveis que acontecem com o decorrer ou após os tratamentos radioterápicos são 
dependentes da dose, do volume e do tecido irradiado. Os tecidos de proliferação rápida como o hematopoiético e o 
epitelial são os responsáveis pelas complicações agudas: leucopenia, mucosite e dermatite actínica que são 
reversíveis com o término do tratamento. 
Os efeitos colaterais tardios dependem da resposta tardia das células aos efeitos da irradiação, do 
comprometimento vascular da microcirculação dos tecidos irradiados e de outros efeitos, como o trauma (contuso, 
cirúrgico e infeccioso). São genericamente chamados de fibrose ou necrose por irradiação, podendo cursar com 
formação de estenoses e fístulas. 
 
PRINCIPAIS INDICAÇÕES CLÍNICAS AO TRATAMENTO RADIOTERÁPICO 
 Câncer de pele. Nos carcinomas basocelular e espinocelular, como opção de tratamento nos tumores iniciais (T1 
e T2), com resultados iguais à cirurgia e bons resultados cosméticos. É contraindicada nos tumores de membros 
inferiores, sobre úlceras e cicatrizes de queimaduras. O tratamento radioterápico é indicado no sarcoma de 
Kaposi e na micose fungoide. 
 Câncer do colo do útero. Associado à cirurgia nos Estádios Clínicos (EC) I e IIa. Tratamento exclusivo nos EC 
IIIa e IIIb, com intenção curativa. No EC IV, como forma de tratamento paliativo. 
 Câncer de mama. Nos EC I e II, no tratamento conservador, associado à cirurgia. Adjuvante à cirurgia, EC III 
operável, combinado à quimioterapia. Indicado como tratamento paliativo nas recidivas, metástases ósseas e 
cerebrais. 
 Câncer de pulmão. Nos tumores inoperáveis e irressecáveis. Adjuvante na cirurgia, nos tumores operáveis. 
 Câncer do trato gastrintestinal. No câncer de esôfago, como tratamento exclusivo ou associado à cirurgia; no 
câncer de reto, associado à cirurgia e no câncer do canal anal, associado à quimioterapia. 
 
Além das lesões cancerígenas mais graves previamente citadas, a radioterapia ainda pode ser utilizada no 
tratamento de várias lesões benignas. 
 Papilomas e queloides por meio de beta-terapia. 
 Pterigio. É um tipo de carnosidade que nasce na cerótica. Apresenta crescimento gradual e avança até a área da 
córnea. Ocorre um quadro irritativo severo na região ocular que piora diante da claridade e poeira. É feito a beta-
terapia. 
 Herpes Zoster. 
 Doença de Peyronie. É a deposição de fibroblastos em cima do corpo cavernoso do pênis. Paciente jovem com 
esta doença não apresentar ereção devido ao quadro doloroso intenso quando estimulado. O tratamento pode 
ser feito por infiltração de corticoide e, em casos mais rebeldes que não são responsivos ao tratamento 
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farmacológico adequado, lança mão de radioterapia, visando proteger os testículos para evitar a infertilidade do 
paciente. 
 Adenoma hipofisário. Depois de ter sido realizada uma curetagem do tumor, a radiação é feita para evitar o 
crescimento do tumor. 
 Exoftlamia do hipertireoidismo. 
 Bursites, principalmente da articulação escapulo-umeral. 
 
OBS9: Cerca de 2/3 dos tumores malignos apresentarão indicação de radioterapia para pelo menos uma das fases da 
doença. 
OBS10: Hemangioma ósseo ocorre quando estruturas tuberculares se formam nos ossos vertebrais. Não apresenta 
tratamento cirúrgico. Sua principal consequência clínica é o caráter de dor localizada. A radioterapia funciona como 
esclerosante. A dose de radiação é a mesma que se faz quando ocorre metástase óssea. Faz-se irradiação do paciente 
em 20 sessões e, geralmente, não há lesão isolada (ocorre comprometimento, em geral, de 3 a 4 vértebras). 
 
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CÂNCER DE COLO UTERINO 
 
 O câncer de colo uterino é um dos mais frequentes dos tumores malignos ginecológicos, contudo, é facilmente 
acessível ao diagnóstico precoce e, condicionado pela sua histologia e tipo de disseminação linfática, é passível a um 
tratamento curativo. É justamente a prevenção e o diagnóstico precoce as duas únicas maneiras possíveis de diminuir a 
incidência e reduzir as taxas de mortalidade. 
 No Brasil e países subdesenvolvidos, o câncer do colo uterino encontra-se disparado em primeiro lugar, entre 
todos os casos do aparelho genital (cerca de 15% dos cânceres que ocorrem no sexo feminino), e também em primeiro 
lugar entre todos os cânceres da mulher, na maioria das cidades brasileiras. Em certas regiões do Nordeste, a incidência 
é ainda mais elevada: Pernambuco apresenta uma taxa bruta de 8,3 a cada 100.000 habitantes. Contudo, a mortalidade 
pelo câncer do colo uterino tem caído consideravelmente nos países desenvolvidos nos últimos 40 anos graças ao 
aumento significativo de casos em que o mesmo é detectado precocemente, ainda nas fases pré-malignas. O avanço do 
exame citológico preventivo de Papanicolau foi, sem dúvida, o principal responsável por esta redução, não só pela sua 
eficácia, mas também pela facilidade de seu emprego e por seu baixo custo. 
 O colo uterino corresponde a porção do útero que dá acesso ao canal vaginal, tendo em média 4 cm de 
extensão até a altura do istmo. Ele é revestido de forma ordenada por várias camadas de células epiteliais 
pavimentosas, que ao sofrerem transformações intra-epiteliais progressivas, podem evoluir para uma lesão invasiva em 
um período de 10 anos (o que não explica bem o fato de que, nos últimos anos, a incidência em adolescentes ter 
aumentado muito). Na maioria dos casos, a evolução do câncer é lenta, passando por fases pré-clínicas detectáveis e
curáveis. 
 
HISTÓRIA NATURAL E PADRÕES DE DISSEMINAÇÃO DO TUMOR 
Geralmente, o tumor se origina da junção escamo-cilíndrica do cérvice e é precedido por displasia e câncer in 
situ. Caso esta lesão não seja detectada, quando as células malignas rompem a membrana basal para entrar no 
estroma, ocorre o câncer invasivo em um intervalo de 10 anos. 
Com o crescimento contínuo, a lesão torna-se visível e envolve progressivamente mais tecido cervical com 
invasão dos espaços linfovasculares. 
 Os tumores invasivos podem apresentar um caráter vegetante ou infiltrativo. 
Quando os tumores são vegetantes, crescem em direção à vagina, podendo ocupá-la 
totalmente e ser visível mais facilmente. Quando são infiltrativos, destroem o colo e 
penetramna cavidade, podendo ocupar até a região do istmo uterino. Muitas vezes, a 
paciente pode advir ao médico por queixa de sangramento e, ao exame, não se 
consegue observar massa tumoral. Neste caso, se a paciente apresentar lesão do canal 
cervical, impreterivelmente, o médico não conseguirá alcançar tal área. Por esta razão, 
toda paciente em menopausa que apresente quadros de sangramento, até que se prove 
o contrário, deve apresentar câncer do endométrio ou canal cervical, sendo necessário 
realizar curetagem de prova para envio do material ao patologista. 
 
OBS1: Os oncologistas costumam referenciar três lesões neoplásicas de fácil diagnóstico: o câncer de pele, tumores da 
cavidade oral e tumor de colo uterino. 
 
FATORES PREDISPONENTES 
 Exposição ao HPV, em especial os de alto risco (16,18, 33, 35 e 38): 75% dos casos de colo uterino tem relação 
com o HPV, sendo este, então, o principal fator de risco para o câncer de colo uterino. 
 Inicio da atividade sexual precoce, antes dos 16 anos: quanto mais cedo o início da atividade sexual acontecer, 
maior será a chance de desenvolver agressões ao epitélio e um processo inflamatório ginecológico, que podem 
repercutir, em um tempo não muito longo, em lesão maligna. 
 Multiparidade: quanto maior o número de filhos, mais propenso a chance de desenvolver câncer de colo uterino. 
Principalmente, o tumor se desenvolve a partir de partos mal assistidos, como aqueles realizados por parteiras. 
Nestes casos, quando há lesão do colo, dificilmente será feita a colorrafia (sutura da lesão do colo), o que leva a 
uma cicatrização por segunda intenção, gerando uma área desvitalizada e sem irrigação. Com o advento de 
traumas ou partos subsequentes, os processos inflamatórios vão se instalando em locais já previamente 
alterados do ponto de vista histológico, servindo como uma área de propensão ao câncer de colo uterino. 
 Múltiplos parceiros: principalmente, aqueles parceiros não circuncisados. Em alguns países, regidos pela lei de 
suas religiões (como o Judaísmo), os homens são circuncisados ainda crianças. Por esta razão, o câncer de colo 
uterino e de pênis nos países que adotam este tipo de cultura religiosa é pouco frequente. Isso se deve ao fato 
de que o esmegma (substancia lipídica lubrificante produzida por células da glande peniana) apresenta alguns 
compostos (histona e porfirina) que agem como substâncias cancerígenas. 
Arlindo Ugulino Netto. 
ONCOLOGIA 2016 
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 Fatores socioeconômicos, educacionais e culturais: a maioria dos pacientes de baixa renda apresenta receio ao 
exame clínico, principalmente, quando se trata de sangramento intermenstrual, o que dificulta o diagnóstico. 
 Substância cancerigêna do esmegma e sêmen (histona e porfirina) 
 Infecções ginecológicas não tratadas convenientemente 
 Pólipo cervical 
 Fatores genéticos 
 
SINTOMAS 
 O sintoma mais acusado pela paciente é uma perda sanguínea vaginal começando com uma sinusorragia, com 
aumento gradativo do sangramento, que é proporcional ao crescimento da tumoração, podendo chegar a um quadro de 
hemorragia. Quando o tumor já é avançado, aparece um corrimento seroso definido como água de carne, fétido devido à 
necrose e à infecção da tumoração. 
 Contudo, muitas mulheres com diagnóstico de câncer cervical em estágio inicial apresentam-se assintomáticas. 
Muitas vezes, quando sintomática, há uma semelhança com a patologia benigna. Para evitar erros devido essa 
semelhança com neoplasia benigna, deve-se realizar esfregaços de Papanicolau de rotina, para então abordar o 
diagnóstico correto do que se trata. Em resumo, as principais manifestações clínicas de pacientes sintomáticas são: 
 Corrimento de odor fétido; 
 Sangramento intermenstrual; 
 Dispareunia (dor ao ato sexual); 
 Sinusorragia (sangramento durante o ato sexual): pode ser causada por lesões durante o coito ou devido à 
neovascularização tumoral. 
 Dor epigástrica e dor pélvica aparecem quando o tumor está em fase mais avançada. 
 Edema dos membros inferiores também caracteriza fase avançada da doença e é causado por obstrução do 
fluxo linfovascular. 
 
ROTINA DIAGNÓSTICA 
Para um diagnóstico fiel de tumor no colo do útero, devemos avaliar os seguintes parâmetros: 
 História Clinica: uma boa história clínica auxilia o encontro dos sintomas previamente relatados e favorece o 
diagnóstico desse tumor de forma efetiva. No diagnóstico clínico, observamos ao exame especular um colo 
grande na maioria das vezes com uma tumoração abrolhante e, em menor incidência, uma lesão endofítifca ou 
infiltrativa. Ao toque vaginal, além de percepção da tumoração, com sua irregularidade e consistência 
endurecida, faz-se a exploração da vagina para verificação de invasão tumoral. O toque retal é de primordial 
importância para verificação de invasão tumoral em toda a extensão do colo uterino, e principalmente para 
comprovação de invasão aos paramétrios. 
 
 Exame físico-ginecológico: neste momento, deve-se realizar o toque vaginal, toque retal, exame de fundo vaginal 
dos dois lados e o exame especular. É necessário avaliar o aspecto e a extensão da lesão. 
 Exame citológico (Exame de Papanicolau): deve-se realizar análise do material celular em todas as mulheres 
com vida sexual ativa entre 25 e 59 anos. Este teste deve ser repetido anualmente. A citologia deve ser feita 
anualmente e após 3 resultados negativos, realizar a cada 3 anos ou a critério medico. Mulheres submetidas a 
Histerectomia total por doença benigna não necessitam de rastreamento anual. Mulheres acima de 30 anos com 
3 citológicos normais, podem aumentar o intervalo de rastreamento de acordo com orientações do seu medico. 
Isso não se aplica a pacientes com HIV e imunodeficiência. Mulheres com mais de 70 anos e 3 citológicos 
normais e nenhum anormal nos últimos 10 anos, pode descontinuar o rastreamento. 
 Colposcopia e teste de Schiller: é o teste para avaliar o nível da lesão e a extensão das células neoplásicas 
quanto às camadas histológicas do colo uterino. Neste teste, aplica-se lugol com iodo em cortes histológicos do 
colo uterino e, se positivo para as lesões neoplásicas, não se observa coloração (Schiller Positivo). Isto porque o 
iodo apresenta afinidade pelo glicogênio presente nas células do epitélio cervical normal (que, quando coradas, 
apresentam uma coloração tipo café-com-leite, refletindo em Teste de Schiller Negativo). Contudo, como as 
células repletas de glicogênio são gradativamente substituídas pelas células parabasais (devido ao processo de 
MEDRESUMOS 2016 ONCOLOGIA 
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desdiferenciação), o iodo não consegue reagir com o glicogênio. Os locais que não se coram com iodo refletem, 
portanto, a ausência de células do tecido normal (que eram repletas de glicogênio). 
 Biopsia: deve ser utilizada para comprovação do tipo histológico e do grau histológico. Deve-se realizar biópsia 
de modo dirigido para aquelas regiões que refletiram em teste de Schiller Positivo, de modo que os quatro 
quadrantes do colo sejam biopsiados. O local de coleta das células do colo uterino deve ser selecionado pela 
presença de sangramento, o que indica tecido vivo. As áreas que apresentam necrose apresentariam um 
resultado falso negativo. 
 Radiografia de Tórax: este exame é válido para detectar possíveis disseminações para o pulmão. 
 Ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética. 
 Enema Opaco: exame que foi substituído pela colonoscopia. 
 Cistoscopia e Urografia: seriam exames de rotina obrigatória, mas que são substituídos pela ultrassonografia. 
Esses exames são importantes devido à possibilidade de compressão do ureter unilateral ou bilateral, podendo 
causar hidronefrose (o que caracteriza o estádio IIIb da doença). 
 Retossigmoidoscopia e colonoscopia 
 Tomografia, ressonância e ultrassonografia 
 Hemograma: serve como exame para avaliar a taxa de hemoglobina para pacientes que serão submetidas à 
radioterapia. Pacientes com hemoglobina

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