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ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO EM ETAPAS DE COMPÓSITOS ZIRCÔNIA- ALUMINA Fábulo Ribeiro Monteiro (PIBIC/CNPq/UEPG), Raphael Euclides Prestes Salem; Adriana Scoton Antonio Chinelatto (Orientadora), e-mail: adriana@uepg.br ; fabulo.rm@hotmail.com Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Ciências Agrárias e de Tecnologia. Engenharia de Materiais e Metalúrgica, Cerâmicos. Palavras-chave: Zircônia; compósitos; sinterização. Resumo: A zircônia parcialmente estabilizada é muito utilizada como biomaterial, no entanto quando em contato com temperatura e umidade sofre uma transformação de fase involuntária da fase tetragonal para a monoclínica conhecida como envelhecimento (degradação hidrotérmica). Recentemente estudos mostraram que inclusões de alumina na zircônia tem diminuído esse envelhecimento. O trabalho realizado teve como objetivo estudar a sinterização em duas etapas de compósitos de zircônia com inclusões de alumina (de 0 a 15% em volume). A mistura dos pós de zircônia e alumina foi feita a partir de suspensões via rota coloidal combinado com ultrassonificação. As suspensões foram congeladas e secas via liofilização e após secos os pós foram desaglomerados e prensados isostaticamente com uma pressão de 200MPa em forma de pastilhas cilíndricas. As pastilhas então foram sinterizadas utilizando duas curvas de queima, sendo elas: 1350/5min-1300°C/2 horas e 1400/5min-1450°C/2 horas. Os corpos-de- prova sinterizados foram caracterizados por medidas de densidade aparente, microscopia eletrônica de varredura, medidas de microdureza e tenacidade à fratura. Os resultados de densidade obtidos foram bastante satisfatórios, a dispersão da alumina foi razoável, pois ocorreu a presença de alguns aglomerados. Introdução Visando combinar a elevada dureza e resistência à abrasão da alumina com a elevada resistência à flexão e tenacidade à fratura da zircônia, o desenvolvimento de pesquisas envolvendo compósitos alumina-zircônia (ZTA – zirconia-toughened alumina) já conta algumas décadas1, trazendo um forte desenvolvimento à ciência de compósitos cerâmicos e ao entendimento dos mecanismos de tenacificação. Mais recentemente, alguns autores2,3 têm reportado estudos de compósitos zircônia-alumina (ATZ – alumina-toughened zirconia), em que a matriz predominante de zircônia recebe adições minoritárias de alumina. Esses materiais têm mostrado significativa melhora na resistência à degradação térmica em relação à zircônia monolítica. Além disso, nesses compósitos, o mecanismo de reforço em relação à zircônia e à alumina monolíticas consiste na retenção metaestável dos grãos tetragonais da zircônia por meio da estabilização resultante da dissolução limitada de alumina na zircônia, assim como acontece com a retenção elástica imposta pela matriz de alumina nos grãos de zircônia, gerando os efeitos de tenacificação por transformação de fase e por microtrincamento.3 O objetivo desse trabalho foi estudar a sinterização em duas etapas de compósitos de zircônia com inclusões de alumina (de 0 a 15% em volume). Materiais e métodos Para o preparo das suspensões foram utilizados pós comerciais de zircônia estabilizada com ítria (3YTZP,Tosoh, Japão) e α-alumina (AKP-53, Sumitomo Chemical, Japão). Utilizou-se 20% em massa de sólidos para preparo das suspensões com 0; 5; 10 e 15% em volume de alumina, também utilizou-se ácido para-aminobenzoico (PABA, Vetec, Brasil) como defloculante em uma fração de 0,2% da massa total de sólidos. O PABA foi dissolvido em água e em seguida misturado aos pós em um agitador magnético durante 15 minutos, em seguida a suspensão foi submetida a um ultrassom de ponta (marca Sonics & Materials, modelo VC 505) com incidência de 2 minutos em pulsos de 3 segundos alternados com pausas de 2 segundos, na potência de 350 W. Após a ultrassonificação a suspensão foi novamente agitada em agitador magnético por mais 15 minutos e após a agitação foi congelada em um ultrafreezer a -75°C e liofilizadas em um liofilizador tipo estante (marca Terroni, modelo LD1500). Após o processo de liofilização os pós foram desaglomerados em um almofariz de ágata e peneirados. Em seguida, foram confeccionados corpos de prova prensados isostaticamente a 200 MPa na forma de pastilhas cilíndricas de 8 mm de diâmetro. A sinterização foi feita utilizando duas curvas de queima distintas, sendo elas: nas temperaturas de 1350°C por 5 minutos/1300°C por 2 horas e 1400°C por 5 minutos/1350° por 2 horas, com taxa de aquecimento de 10°C/min, em um forno com resistência de MoSi2 (marca EDG, modelo EDG1800). Já sinterizadas as pastilhas então foram caracterizadas por medidas de densidade aparente feita pelo método de Arquimedes. A análise microestrutural dos corpos-de-prova foi realizada em microscópio eletrônico de varredura (FEG-MEV, marca TESCAN, modelo MIRA3). A microdureza dos compósitos foi medida em um microdurômetro Vickers (marca Leica, modelo VMHT-MOT), com carga de 9,81 N e tempo de indentação de 12 s. A tenacidade à fratura dos compósitos foi determinada pelo método da indentação, com as medidas das trincas geradas por 10 indentações realizadas sob carga de 19,62 N e tempo de indentação de 60 s. Resultados e Discussão Os resultados de densidade aparente dos corpos de prova sinterizados estão mostrados na figura 1. Figura 1 – Valores de densidade aparente paras os corpos de prova com fração volumétrica de alumina variando de 0 á 15% em suas respectivas temperaturas. Com a analise da figura 1 foi possível observar que as densidades relativas dos compósitos sinterizados na curva de queima de 1350°C/1300°C tiveram uma variação maior comparando com os sinterizados nas curvas de queima de 1400°C/1350°C, assim como seus desvios. De uma maneira geral, as curvas de queima 1350°C/1300°C proporcionaram um menor valor de densidade, exceto para a amostra com 5% volume de alumina. Observa-se também que os maiores valores e densidade foram alcançados nos compósitos com 10% vol de alumina, sinterizados com a curva de queima 1400°C/1350°C e com o compósito com 5%vol alumina sinterizados com a curva de queima1350°C/1300°C. As micrografias das amostras com 5, 10 e 15% de alumina são mostradas na figura 2. Observa-se nessas imagens a dispersão da alumina na matriz de zircônia e seu tamanho de grão. Figura 2 – Micrografias das amostras sinterizadas a 1350°C/1300°C com (a)5%, (b)10% e (c)15% de alumina e das amostras sinterizadas a 1400°C/1350°C com (d)5%, (e)10% e (f)15% de alumina. Pela figura 2 observa-se também que houve uma boa dispersão da alumina na matriz de zircônia para todas as composições estudadas. Observa-se também que o aumento da temperatura das etapas de 93 95 97 99 0 5 10 15 D e n si d ad e r e la ti va ( % D T) Fração de alumina (%vol) 1350°C/1300°C 1400°C/1350°C sinterização de 1350°C/1300°C para 1400°C/1350°C causaram um crescimento de grão. As figuras 3a e 3b apresentam os valores de dureza Vickers e a tenacidade à fratura, respectivamente, para os compósitos sinterizados nas duas curvas de queima. Os valores de dureza alcançados para os compósitos sinterizados na curva de queima 1400°C/1350°C foram menores que os sinterizados na curva de queima 1350°C/1300°C. Essa diminuição da dureza pode estar associada ao maior tamanho de grão dos compósitos sinterizados a 1400°C/1350°C. Os compósitos sinterizados a 1400oC/1350oC também apresentaram maiores valores de tenacidade à fratura e o aumento da quantidade de alumina na matriz de zircônia causou uma diminuição da nesses valores. Figura 3 – (a) Valores de microdureza Vickers dos compósitos em função da composição e temperatura de sinterização. (b) Tenacidade à fratura medida usando o comprimento das trincas pelo método da indentação. Conclusões O método utilizado para a mistura dos pós mostrou-se eficaz para promover uma distribuição homogênea das partìculasde alumina na matriz de zircônia. As duas curvas de sinterização estudadas foram efetivas em promover a densificação dos compósitos, já que todos apresentaram densidades superiores a 96% com exceção da zircônia pura sinterizada a 1350°C/1300°C utilizada para comparação. O aumento das temperaturas nas curvas de queima ocasionou crescimento do grão, reduzindo assim os valores de dureza para as amostras sinterizadas a temperaturas maiores. Referências 1 WANG, J.; STEVENS, R. Zirconia-toughened alumina (ZTA) ceramics. Journal of Materials Science, v. 24, pp. 3421-3440, 1989. 2 SCHNEIDER, J.; BEGAND, S; KRIEGEL, R.; KAPS, C.; GLIEN, W.; OBERBACH, T. Low-temperature aging behavior of alumina-toughened zirconia. Journal of The American Ceramic Society, v. 91, pp. 3613-3618, 2008. 3 SUÁREZ, G.; SAKKA, Y.; SUZUKI, T.S.; UCHIKOSHI, T.; Zhu, X.; AGLIETI, E. F. Effect of starting powders on the sintering of nanostructured ZrO2 ceramics by colloidal processing Sci. Technol. Adv. Mater., v. 10, p. 025004, 2009.
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