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LÍNGUA PORTUGUESA II – A CONSTRUÇÃO DA FRASE PROFª EV’ÂNGELA B. R. DE BARROS 1 NA CONSTRUÇÃO DA SENTENÇA, A MODALIZAÇÃO EXERCE IMPORTANTE FUNÇÃO GRAMÁTICA DO TEXTO: DETECTAR PISTAS ABORDAGEM COGNITIVO-FUNCIONAL: TODOS OS ELEMENTOS DA SENTENÇA SÃO SELECIONADOS A PARTIR DA INTENCIONALIDADE DO FALANTE / AUTOR: O QUE ACHA QUE SEU OUVINTE / LEITOR JÁ CONHECE? O QUE PRECISA CONHECER? COMPREENDER TEXTOS INTERPRETAR AS PISTAS DEIXADAS PELO AUTOR; COOPERAR; ENTENDER A GRAMÁTICA DO TEXTO CENTRALIDADE DO VERBO: TEMPO E MODO VERBO INDICA: TRAÇOS MORFOSSINTÁTICOS (SINGULAR, PLURAL; 1ª, 2ª OU 3ª PESSOA) E SEMÂNTICO-PRAGMÁTICOS DO SUJEITO ( AGENTE, PACIENTE, TEMA, ETC.) ; TEMPO (PRESENTE, PRETÉRITO, FUTURO – COM SUAS NUANCES; ASSERTIVO: INDICATIVO; HIPOTÉTICO - SUBJUNTIVO; INJUNÇÃO – IMPERATIVO); MODALIDADE: POSICIONAMENTO DO AUTOR / FALANTE. NA CONSTRUÇÃO DA SENTENÇA, EM QUALQUER GÊNERO ESCOLHIDO, TODOS OS ELEMENTOS SÃO IMPORTANTES: SOLIDÁRIOS PARA A CONSECUÇÃO DO OBJETIVO (INTENÇÃO) DO FALANTE TEXTO: UNIDADE FUNDAMENTAL “todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua” (Bakhtin, 1997, p. 279), que sempre ocorre por meio de textos com que interagimos na comunicação. É por meio de textos que a língua funciona. ESTRUTURAR: sentenças enunciados textos MODALIZAÇÃO EM ARTIGOS CIENTÍFICOS (cf. ANDRADE; TRAVAGLIA, 2017) MODALIDADE “[...] indicação de atitude do falante em relação ao que diz; a explicitação de sua atitude face à situação que exprime numa proposição; a expressão do julgamento do locutor sobre o que diz.” (TRAVAGLIA, 1991, p. 78) constitutiva do falar ou do escrever; revela a atitude do enunciador com relação ao seu enunciado modalidades remetem ao grau de engajamento do falante / escrevente em relação ao que ele fala ou escreve. “[...] o artigo científico, como qualquer outro texto científico, torna-se extremamente persuasivo e manipulador para o leitor ‘ingênuo’ que não possui conhecimento sobre o funcionamento de recursos linguísticos disponibilizados pela língua, dentre eles, os modalizadores, objeto deste estudo. Assim, [...] as modalidades (e os modalizadores que as expressam) têm um uso argumentativo na construção dos artigos científicos, contribuindo para o convencimento e persuasão do receptor do texto quanto às ideias propostas. (...) o produtor do discurso científico busca convencer o leitor da ‘veracidade’ do enunciado e, ao mobilizar os modalizadores linguísticos, ele os utiliza como estratégia persuasiva e manipuladora na produção de seu texto. A modalidade é um importante recurso para a argumentação.” (ANDRADE; TRAVAGLIA, 2017, p. 824) TEXTUALIZAÇÃO: ATIVIDADE VERBAL CONSCIENTE “...a produção textual é uma atividade verbal consciente, isto é, trata-se de uma atividade intencional, por meio da qual o falante dará a entender seus propósitos, sempre levando em conta as condições em que a atividade é produzida; (...) o sujeito falante possui um papel ativo na mobilização de certos tipos de conhecimentos, de elementos linguísticos, de fatores pragmáticos e interacionais, ao produzir um texto.” (BENTES, 2001, p. 254). MODALIZAÇÃO É a utilização de “todos os elementos linguísticos que funcionam como indicadores de intenções, dos sentimentos e das atitudes do enunciador em relação a seu discurso” (GUIMARÃES, 2005). Ex. Felizmente, esse assunto é fácil. x Talvez esse assunto seja fácil... DISCURSO CIENTÍFICO (DC) DC é argumentativo: a finalidade do produtor textual é persuadir /convencer o leitor. Persuadir é mais que convencer, assim não adianta convencer sem desencadear a ação, ou seja, a persuasão. (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2002). O produtor, para ser eficiente, necessita ser convincente e persuasivo, selecionando recursos linguísticos para buscar a adesão do leitor em relação ao que é dito. [ saber + fazer] ANÁLISE INTERNA: VOLTADA PARA O EXTERNO DO TEXTO a análise interna do texto deve ser feita, levando-se em conta o contexto social em que ele foi produzido (situacionalidade): considerar a estrutura social na qual o texto acontece. as marcas linguísticas possuem um aspecto social e histórico. MANCHETES DO DIA: SELEÇÃO LEXICAL IMPORTA! Economia16 de setembro de 2020 Sem Auxílio Emergencial e Renda Brasil, PIB ‘perderá’ até 2,4 pontos percentuais em 2021, diz consultoria “Sem auxílio”, “perder” “até” Mundo16 de setembro de 2020 Inglaterra endurece isolamento em meio ao avanço nos casos da covid-19 Em meio ao aumento nos casos da covid-19, aglomerações de mais de seis pessoas estão proibidas na Inglaterra a partir desta segunda-feira,... “endurecer” [metonímia] Indústria Mesmo com reajustes de agosto, gasolina e diesel têm queda no ano, diz Petrobras “mesmo” Economia União pode quebrar se forem criados novos fundos, diz Guedes “poder” , “se” MODALIDADES “[…] consideram-se as modalidades como parte da atividade ilocucionária, já que revelam a atitude do falante perante o enunciado que produz”. (KOCH, 1996, p. 75). Para Koch, as modalidades mais reconhecidas são: as aléticas, as ontológicas ou aristotélicas [epistêmicas ou deônticas], pois se referem ao eixo da existência, ou seja, determinam o valor de verdade de proposições. MODALIDADE IMPERATIVA IMPERATIVAS - marcam o que o falante vê ou diz como algo cuja realização (ou não) é algo que ele pode determinar ou controlar, sobre a qual tem poder. Poder ou controle sob a ótica do enunciador . “Está proibido falar em Renda Brasil. O nome a ser usado é Bolsa Família mesmo.” “Jamais diga tal palavra.” MODALIDADE DEÔNTICA 2) DEÔNTICAS – relacionam-se à moral, ao tratado dos deveres, das normas de conduta; relacionada à interação, é um regulador da enunciação. Em termos lógicos, o que é deôntico é essencialmente um axioma, uma verdade considerável e possível (na perspectiva lógica humana). Ex: não aceitação do incesto, uma prática que funciona como um elemento regulador (deôntico) e que, também, funda o possível (alético): acontecendo uma situação de incesto, essa prática rompe (é anormal) à estrutura de normatização das relações sociais. MODALIDADE VOLITIVA 3) VOLITIVA, a “determinação” de realização da situação é interior ao locutor, originada em sua vontade, desejo, portanto em sua emotividade ou elementos profundos da psiqué (em contraste à imperativa, diz-se daquilo que pode não estar evidenciado na enunciação); mostra o envolvimento intersubjetivo do sujeito com a enunciação realizada, suas perspectivas e elementos mais profundos). Ex. “Neste trabalho, pretende-se...” [3ª pessoa/impessoalidade] MODALIDADE ALÉTICA 4) ALÉTICAS referem-se ao fato de o locutor ver a realização da situação como algo possível, viável (possibilidade) ou necessário, ou seja, como algo essencial, indispensável, inevitável (necessidade). Esse modo está interligado ao campo e interesse dos filósofos, vinculado à noção de verdadeiro e não verdadeiro. (Ex: necessidade: “comer alimentos saudáveis é bom para saúde” - proposição de bons hábitos para a saúde = valor de verdade). É comum a predominância de verbos: precisar, necessitar, ser, etc. MODALIDADE EPISTÊMICA 5) EPISTÊMICAS têm a ver com o grau de engajamento ou de “comprometimento da fonte a respeito de status factual do que ele está dizendo” (LYONS, 1969, p. 307 apud KALMÁR, 1982, p. 46); revelam “a crença do locutor na verdade do que diz, no momento da enunciação” (GUIMARÃES, 1979, p. 67); Trata-se do conhecimento puramente intelectual ou cognitivo da enunciação (o modo de expressão do que seria o simulacro de uma realidade compartilhada). Ex. “Sabe-se que...” “É fato pacífico que ..” “Estudos mostram..” RESUMINDO... a) Imperativas - [ Obrigação [Permissão [Ordem [ Positiva OU Negativa [Proibição [Prescriçãob) Deônticas - [Obrigatoriedade [Permissibilidade c) Volitivas - [Volição d) Aléticas - [Necessidade [Possibilidade e) Epistêmicas - [Certeza [Probabilidade => Ausência de modalidade EXEMPLOS RETIRADOS DE ANDRADE E TRAVAGLIA (2017, p. 835-846) (A) Assim, o presente não herda o passado, mas o constrói à sua maneira. Na história da Linguística, a obra de Saussure não escapou dessas vicissitudes; antes, ela ressurge por várias razões. Cabe-nos começar a refletir sobre esse seu ressurgimento. (PIOVEZANI, 2008, p. 11). Imperativa (B) Para finalizar, cumpre dizer que a apresentação do trabalho não obedecerá à linearidade do texto. Salientaremos os vários enunciados que consistem em um fator de polifonia, tecendo os devidos comentários. (FARAH, 2008, p. 212) Imperativa / Volitiva (C) É possível identificar como um macro-campo-lexical, que abarca a todos os outros campos estudados, o campo lexical do agrado, fundamentado na vida afetiva. (MIRANDA, 2006, p. 79) Alética REFERÊNCIAS ANDRADE, Valdete A. B; TRAVAGLIA Luiz C. Modalização em artigos científicos da área da Linguística. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia: UFU, v. 11, n. 3, p. 822-850, jul./set. 2017. BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BENTES, Anna Christina; MUSSALIM, Fernanda. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2003. TRAVAGLIA, Luiz. C. Um estudo textual-discursivo do verbo no Português do Brasil. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1991. VOLÓCHINOV, Valentin N. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.
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